PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: fé
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Nossa peregrinação na história




07 de agosto de 2022

19º Domingo do Tempo Comum

Domingo da Vocação dos Ministros Ordenados



EVANGELHO


Lc 12,32-48

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 32“Não tenhais medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar a vós o Reino. 33Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas que não se estraguem, um tesouro no céu que não se acabe; ali o ladrão não chega nem a traça corrói. 34Porque onde está o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração. 35Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas. 36Sede como homens que estão esperando seu senhor voltar de uma festa de casamento, para lhe abrirem, imediatamente, a porta, logo que ele chegar e bater.
37Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar. Em verdade eu vos digo: Ele mesmo vai cingir-se, fazê-los sentar-se à mesa e, passando, os servirá. 38E caso ele chegue à meia-noite ou às três da madrugada, felizes serão, se assim os encontrar.
39Mas ficai certos: se o dono da casa soubesse a hora em que o ladrão iria chegar, não deixaria que arrombasse a sua casa. 40Vós também, ficai preparados! Porque o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes”.
41Então Pedro disse: “Senhor, tu contas esta parábola para nós ou para todos?” 42E o Senhor respondeu: “Quem é o administrador fiel e prudente, que o senhor vai colocar à frente do pessoal de sua casa para dar comida a todos na hora certa? 43Feliz o empregado que o patrão, ao chegar, encontrar agindo assim! 44Em verdade eu vos digo: o senhor lhe confiará a administração de todos os seus bens. 45Porém, se aquele empregado pensar: ‘Meu patrão está demorando’, e começar a espancar os criados e as criadas, e a comer, a beber e a embriagar-se, 46o senhor daquele empregado chegará num dia inesperado e numa hora imprevista, ele o partirá ao meio e o fará participar do destino dos infiéis. 47Aquele empregado que, conhecendo a vontade do senhor, nada preparou, nem agiu conforme a sua vontade, será chicoteado muitas vezes. 48Porém, o empregado que não conhecia essa vontade e fez coisas que merecem castigo, será chicoteado poucas vezes. A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido!”




MEDITAÇÃO

A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

Neste domingo, o 19º Domingo do Tempo Comum, primeiro domingo de agosto, estamos celebrando a vocação dos ministros ordenados. Ministros ordenados são os irmãos que receberam o sacramento da Ordem: os diáconos, os padres e os bispos. Olhamos para estes irmãos como nossos pais na fé. Somos o povo de Deus e, em nossa caminhada, nos sentimos assistidos e acompanhados por pastores designados pelo próprio Cristo Pastor do rebanho. Diáconos, padres e bispos em nossas comunidades são pessoas marcadas por seu encontro pessoal com Cristo, por sua condição de convocados pelo próprio Senhor para cuidar do rebanho e sustentados por sua graça e seu amor. Somos um povo em peregrinação. À nossa frente, vai Jesus o bom pastor.

Esta percepção de peregrinação na história, com certeza, pode nos ajudar a compreender a palavra de Deus proclamada neste domingo. A nossa história de fé começa com Abraão, passa pelo povo hebreu no Egito e se consolida na comunidade dos discípulos de Jesus. É como se fossem as três gerações que percebemos em nossa família: a dos nossos avós (a de Abraão), a dos nossos pais (o povo hebreu) e a nossa geração (a dos discípulos de Jesus). Somos peregrinos na história, andamos buscando a realização de sonhos e promessas.

Abraão representa a geração dos nossos avós. Ele tinha um sonho, uma promessa de Deus. Deixou a sua segurança e partiu em busca da promessa de uma terra abençoada e de uma descendência numerosa. Deus lhe fez uma promessa: uma TERRA, uma DESCENDÊNCIA. Abraão virou peregrino pelo meio do mundo, em busca da promessa de Deus. A carta aos Hebreus elogiou o patriarca: “Foi pela fé que Abraão obedeceu à ordem de partir para uma terra que devia receber como herança, e partiu, sem saber para onde ia” (Hbr 11). Começamos assim, como peregrinos, como estrangeiros, buscando a terra da promessa. Começamos com Abraão. Qual foi a grande lição da geração de Abraão? A FÉ. A fé o sustentou nas dificuldades, na incerteza do futuro, em todas as provações. A FÉ. Continuamos sendo peregrinos. Sem a fé, nos instalamos, pondo a nossa confiança nas coisas desse mundo. Sem a fé, estacionamos, não caminhamos no rumo de Deus.

O povo hebreu pode representar bem a geração dos nossos pais. Os hebreus foram escravizados no Egito do Faraó. Mas, eles não se conformaram com a escravidão. Clamaram a Deus e o Senhor os escutou. E prometeu-lhes o grande dom: a LIBERDADE. Precisavam sair, emigrar daquela situação, por-se a caminho. Foi marcada a grande noite da intervenção de Deus, a da morte dos primogênitos. As famílias dos hebreus prepararam-se para a partida. É o que lemos no Livro da Sabedoria: “A noite da libertação fora predita a nossos pais, para que, sabendo a que juramento tinham dado crédito, se conservassem intrépidos” (Sb 18). Intrépidos é valentes, corajosos, que não têm medo. Foi assim que eles celebraram a páscoa e partiram do Egito, em busca da liberdade. O Livro da Sabedoria sublinha o compromisso de solidariedade deles: “os santos participariam solidariamente dos mesmos bens e dos mesmos perigos”. Uma marca importante desta geração: a SOLIDARIEDADE. Solidariedade para enfrentarem juntos, caminharemos juntos, apoiando-se mutuamente na busca da LIBERDADE.

A terceira geração de nossa família de fé que hoje contemplamos é a dos discípulos de Jesus. Ela pode representar a nossa geração. Aos discípulos, o Senhor prometeu o REINO. É o que lemos no evangelho de Lucas: “Não tenhas medo, pequenino rebanho, pois foi do agrado do Pai dar-te o Reino” (Lc 12). O Reino é o dom de Deus aos discípulos de Jesus, o pequenino rebanho dos que o acolheram. É a grande meta da jornada: o Reino de Deus, um povo obediente e fiel iluminando o mundo com a luz de Cristo. O Reino será pleno na manifestação definitiva de Jesus, na sua volta. A marcha continua, somos peregrinos neste mundo. Para nos mantermos no caminho certo, explicou Jesus de muitos modos, precisamos da VIGILÂNCIA. Está no evangelho de Lucas: “Que os seus rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas” (Lc 12). É como no tempo do Egito, na noite da páscoa, prontos para a partida. Acordados, despertos, em serviço. Prontos para rechaçar o ladrão que ronda, de noite. Prontos para abrir a porta para o Senhor que volta, em hora não marcada.



Guardando a mensagem

Em nossa peregrinação neste mundo, hoje nos lembramos das gerações passadas que nos deixaram em herança tantos ensinamentos e conquistas. Olhando para a história de nossa família de fé, nos damos conta de três gerações marcantes: a de Abraão em busca da Terra da Promessa, a dos Hebreus buscando a Liberdade, a dos discípulos de Jesus buscando o Reino. Nessa caminhada, precisamos de FÉ, de SOLIDARIEDADE e de VIGILÂNCIA para continuarmos com fidelidade nossa jornada. Aqui, somos estrangeiros, peregrinos em viagem para a Casa do Pai.

A quem muito foi dado, muito será pedido; a quem muito foi confiado, muito mais será exigido! (Lc 12, 48)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Dá-nos a sabedoria de nos percebermos peregrinos, nas gerações que vão se sucedendo. Cada geração completa um trecho da estrada, deixando sua contribuição em herança para quem vem atrás. Mas, todos viajamos na mesma direção, como peregrinos, para a mesma meta, Deus, o seu Reino, o mundo transfigurado no seu amor. Dá-nos, Senhor, caminhar fortalecidos pela FÉ, pela SOLIDARIEDADE e pela VIGILÂNCIA. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Neste domingo, lembre-se de cumprimentar com carinho os ministros ordenados que acompanham sua comunidade (particularmente os diáconos e os padres). Reze por eles. Acolhendo a indicação de Jesus, rezemos para que o Senhor mande mais operários para a sua Messe. 

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB

A NOSSA RESPOSTA À PALAVRA DO SENHOR




11 de maio de 2022

4ª Semana da Páscoa

EVANGELHO


Jo 12,44-50

Naquele tempo, 44Jesus exclamou em alta voz: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. 45Quem me vê, vê aquele que me enviou. 46Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
47Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. 49Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. 50E eu sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que eu digo, eu o digo conforme o Pai me falou”.



MEDITAÇÃO


Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (Jo 12, 46)

Palavras preciosas de Jesus, ditas à multidão: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar”.

Há, de verdade, uma realidade de descrença, de gente que não escuta Jesus e não o segue; não integra o seu rebanho, não faz parte de suas ovelhas. Pela fé, nos aproximamos de Jesus. A fé é um dom de Deus. Mas, um dom, um presente pode não ser recebido, pode ser rejeitado. É que fomos criados na liberdade. Sem liberdade, não há amor. Sem liberdade, não se pode crer, porque crer é uma acolhida incondicional, uma entrega pessoal. Não se pode crer, nem amar por obrigação. Crer é um ato de liberdade.

Há quem realmente não creia. E há muita gente que, mesmo crendo, não permite que sua fé oriente a sua vida. É uma espécie de ateísmo prático. Até crê, mas a fé não é a luz que ilumina os seus passos. Vive como quem não crê, como quem não tem esperança, como quem não conheceu Jesus. Em Jesus, ficamos sabendo que Deus nos ama e o enviou para nos resgatar, nos conduzir para a vida plena. E, sobre isso, não podemos ficar indiferentes. Essa novidade pode mudar a nossa vida, pode ser uma revolução em nossa existência.

Não basta que Jesus seja o bom pastor e nos conheça e dê sua vida por nós. É necessário que nós, em resposta a esse amor do bom pastor escutemos a sua voz e, na fé, o sigamos. Ele disse: “As minhas ovelhas escutam a minha voz”. É preciso ouvir a sua voz. A oração diária do povo de Jesus incluía uma passagem do livro do Deuteronômio: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor”. Ouve, Israel. É preciso escutar. A fé é a nossa resposta ao que ouvimos. O salmo 94 traz uma chamada de atenção: “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”. A palavra nos pede para não fechar o coração como o povo antigo que tanto entristeceu o Senhor por sua desobediência. “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”.



Guardando a mensagem

Escutar a voz do bom pastor é reconhecê-lo como orientação da própria vida, crer nele, assumindo sua palavra como guia de sua existência. Foi exatamente isso que Maria disse aos serventes nas Bodas de Caná: “Façam tudo o que ele lhes disser”. O que Jesus diz, precisamos escutar, acolher, praticar. Crer é a nossa resposta à sua palavra, pela qual nos revela o amor de Deus por nós.

Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (Jo 12, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
infelizmente, hoje, como no teu tempo, há muita gente que não te escuta de verdade. Uns permanecem indiferentes à tua voz, à tua Palavra; não a distinguem no meio de tantas vozes do mundo de hoje. Outros te escutam com ouvido de mercador: não te levam em conta, não te ouvem com seriedade; não se deixam conquistar pelo amor de Deus que tu anuncias. Mas, que bom que muitos te escutam e te seguem. Peço-te, Senhor, que eu e minha casa estejamos sempre no número dos que te ouvem, te conhecem e te seguem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Minha sugestão é que você transcreva e reze a oração que Jesus rezava todo dia: Deuteronômio 6, 4-9. Ela começa convidando o povo de Deus a escutar, a ouvir uma coisa muito importante.

Comunicando

Todos os dias, junto com o áudio, nós enviamos também o texto da Meditação. Lendo, a gente percebe e guarda melhor a mensagem. Muita gente não abre o texto para ler. Quer um conselho? Hoje, abra o link que estamos lhe enviando e leia o Evangelho e a Meditação. 


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb.

A HISTÓRIA DE UM PAI AFLITO



21 de fevereiro de 2022

EVANGELHO


Mc 9,14-29

Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles.
15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém na multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”.
19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca.
21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.
23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”.
26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé.
28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.

MEDITAÇÃO


Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

Quando Jesus desceu o monte com três discípulos, naquele dia da transfiguração, encontrou os outros discípulos no meio de uma grande confusão. Muita gente ao redor deles e uma discussão sem fim com os fariseus. Jesus perguntou: ‘Que confusão é essa?’ E alguém do meio do povo explicou: ‘Mestre, eu trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando dá uma crise, ele cai no chão, começa a espumar, range os dentes’. Aí Jesus entendeu o que estava acontecendo: O pai trouxe o filho para os discípulos expulsarem o espírito e eles não o conseguiram. Jesus mandou trazer o menino e ali mesmo o garoto começou a ter uma crise. O pai informou a Jesus que ele tinha aquilo desde pequeno. Claro, eles sempre pensavam que fosse um espírito. Não se tinha conhecimento da epilepsia. Aí o pai contou que ele já passara de morrer afogado ou queimado várias vezes, coitado. No meio daquela crise, o menino se debatendo, o pai desesperado disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. “Se podes?!... comentou Jesus. Tudo é possível para quem tem fé”. Acho que Jesus ficou meio chateado. “Se podes fazer alguma coisa?!”. O pai pediu desculpas: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”.

Pode reparar que, em todo milagre de Jesus, ele elogia a fé da pessoa. “A tua fé te salvou”, disse àquela mulher que tocou nas suas vestes. Em Nazaré, sua terra, foi dito que ele não fez ali muita coisa, porque eles não tinham fé. Fé é a abertura do coração para a ação de Deus em nossa vida. É a confiança que depositamos no Senhor. E aquele pai, coitado, tinha fé, mas reconhecia que era pouca. Jesus deu ordem ao espírito mudo e o menino foi libertado. Mais tarde, os discípulos quiseram saber porque eles não conseguiram expulsar o espírito. “Esse tipo só se expulsa pela oração”, disse Jesus.

Esse “Se podes” ficou na sua cabeça, não foi? Chato, aquilo. “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajuda”. Talvez esse seja o sentimento de muitas pessoas hoje, o que acha? Há quem faça um pedido a Deus sem confiança suficiente nele, sem fé. Pede, mas não tem convicção que o Senhor tem poder para isso, ou que ele vá se interessar por sua causa. Pede, mas, realmente, não espera que Deus o atenda. Tem gente assim, claro que tem. Há quem apele pra um e pra outro, e bata também na porta de Deus, como mais uma tentativa. Esse tipo também demonstra pouca fé, pouca confiança. Desse jeito, sem fé, dificilmente será atendido.

A resposta de Jesus foi forte: “Se podes?! Tudo é possível para quem tem fé”. A Virgem Maria já tinha ouvido uma palavra semelhante. Foi o anjo Gabriel quem lhe disse: “Para Deus, nada é impossível” citando o exemplo de sua prima Izabel, idosa e estéril. Para Deus, nada é impossível!

A fé, com certeza, não é só confiança em Deus. No evangelho de São João, Jesus fala da união com ele como condição para ser atendido pelo Pai. “Se permaneceres em mim, tudo o que pedires ao Pai, ele te concederá”. Então, a fé tem a ver com a nossa união com Jesus, que está tão bem representada no ramo unido à videira. Permanecer em Jesus é estar em comunhão com ele, comunhão de amor, que nos faz realizar a sua palavra de maneira quase natural. Estou pensando no ramo que, mesmo sendo um ramo enxertado, une-se de tal forma à videira, identificando-se com ela, que realiza naturalmente a vocação da videira: dar fruto, produzir uva. Estando assim unidos a Cristo, o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, ele nos concede.

Se estamos unidos a Cristo, não duvidaremos do que Deus pode fazer, em nome de Jesus, seu filho. Neste sentido, a história da mulher que tocou na roupa de Jesus reforça essa compreensão. Ela não precisou nem falar com Jesus. Estava unida a Jesus pela fé. Jesus elogiou a sua fé.


Guardando a mensagem

O pai aflito que estava pedindo a cura do seu filho disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade e nos socorre”. Sem fé, não se alcança o favor de Deus. A fé nos liga a Jesus no amor, na confiança e na realização da vontade de Deus. Deus vem em nosso socorro porque nos ama como filhos, nós que estamos unidos a Cristo. Não cabe dúvida, desconfiança ou mesmo uma relação comercial com o Senhor. A fé abre as portas de nossa vida para acolher a obra do nosso Deus.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
são tantas as nossas necessidades, os dramas que nos envolvem, que precisamos continuamente da tua proteção, da tua graça, do teu favor. Dá-nos, Senhor, que não nos portemos como requerentes estranhos e desconfiados, mas discípulos unidos a ti pela fé, pelo amor, pela docilidade à vontade do Pai. Assim, no que pedirmos ao Pai, em teu nome, seremos atendidos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva sua oração a Jesus, pedindo-lhe para aumentar a sua fé.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A LUZ QUE ILUMINA A NOSSA VIDA



16 de fevereiro de 2022

EVANGELHO


Mc 8,22-26

Naquele tempo, 22Jesus e seus discípulos chegaram a Betsaida. Algumas pessoas trouxeram-lhe um cego e pediram a Jesus que tocasse nele.
23Jesus pegou o cego pela mão, levou-o para fora do povoado, cuspiu nos olhos dele, pôs as mãos sobre ele, e perguntou: “Estás vendo alguma coisa?”
24O homem levantou os olhos e disse: “Estou vendo os homens. Eles parecem árvores que andam”. 25Então Jesus voltou a por as mãos sobre os olhos dele e ele passou a enxergar claramente. Ficou curado, e enxergava todas as coisas com nitidez. 26Jesus mandou o homem ir para casa, e lhe disse: “Não entres no povoado!”

MEDITAÇÃO


Estás vendo alguma coisa? (Mc 8, 23)

Hoje, temos mais uma história de cego. No evangelho, são várias. Por um lado, essas histórias nos mostram, plasticamente, a missão de Jesus acontecendo. Quando Jesus leu, na Sinagoga de Nazaré, a passagem que falava sobre sua missão, havia uma lista de sofredores: os pobres, os presos, os cegos, os oprimidos. Neles, se veria claramente a realização de sua missão: a evangelização dos pobres, a libertação dos presos e oprimidos e a recuperação da vista dos cegos. Então, em todas as histórias de cura do evangelho, vai se mostrando a obra redentora de Jesus acontecendo.

É claro que você está entendendo que, mesmo essas curas e libertações acontecendo, elas significam muito mais. Elas demonstram a obra de Jesus que não era exatamente curar as pessoas, mas restaurar a humanidade decaída pelo pecado, comunicando-lhe o amor de Deus. Essas histórias também nos dizem como as pessoas estão acolhendo a obra de Jesus em suas vidas.

Então, trouxeram um cego a Jesus. Jesus o tomou pela mão e o levou para fora do povoado. Cuspiu nos seus olhos, pôs as mãos sobre ele. O cego disse que estava vendo os homens como árvores andando. Jesus pôs de novo as mãos sobre os olhos dele. Ele ficou vendo tudo. Jesus o mandou pra casa.

Uma bela imagem da obra de Jesus como restauração da obra prima de Deus desfigurada pelo pecado meditamos, na semana passada, na história do surdo-mudo. A história de hoje tem traços dessa narração. Cuspir nos olhos do cego, por as mãos sobre os seus olhos evocam o artesão do barro consertando a sua obra quebrada. A antiga narração da criação do homem falava do boneco de barro que Deus fez e soprou nas suas narinas para lhe comunicar a vida.

Bem, a figura do cego também nos remete ao tema da fé, da adesão à pessoa de Jesus e ao anúncio do seu evangelho. A narração dos milagres, nos evangelhos, são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que podemos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé. As histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé.

É muito interessante que esse cego não se curou de vez. A gente sempre fica esperando que a evangelização produza uma conversão radical, uma fé iluminada. A lição de hoje é que fé também cresce, passa por etapas, vai amadurecendo. Jesus é sempre o mesmo, ele nos evangeliza, nos restaura em nossa condição de pecadores. Num certo momento, nós começamos a ver, mas ainda meio confusamente. O cego já via, mas lhe parecia que os homens eram árvores andando. O serviço evangelizador de Jesus continuou. Daqui a pouco, sua visão já estava mais limpa e ele começou a ver tudo claramente.


Guardando a mensagem

Pela evangelização, o Senhor vem ao nosso encontro, gente desfigurada pelo pecado. Num primeiro momento, nossos olhos antes cegos começam a enxergar, mais ainda confusamente. É já a luz da fé em nós. É com a fé que acolhemos a obra de Deus em nosso favor, mas ainda de maneira muito imperfeita. A continuidade do serviço da evangelização vai nos conduzindo a ter uma fé cada vez mais forte, que nos leva a amar e a seguir Jesus, salvador da nossa humanidade decaída. Essa mesma fé é uma luz para compreendermos, com o olhar de Deus, a realidade ao nosso redor. Vemos melhor para nos conduzir melhor nesta vida. Vendo claramente o irmão caído na estrada, nos comprometemos com ele, como o bom samaritano.

Estás vendo alguma coisa? (Mc 8, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
muitos de nós ainda estão cegos. Não te vêem, não vêem o mundo com a tua luz. Dá-lhes, Senhor, a luz da fé, para que abracem a verdade e vivam iluminados por teu evangelho. Muitos de nós, ainda não vêem claramente. Enxergam o mundo, os outros, o futuro de maneira vaga e confusa. Têm apenas uma fé inicial. Continua, Senhor, a evangelizá-los, para que te reconheçam claramente e vejam o mundo com a tua luz. Nós te rendemos graças, Senho, pelos que, pela fé, acolhem a verdade que revelas sobre o mundo, sobre o homem, sobre Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, reze muitas vezes durante o dia, com aquelas palavras dos discípulos de Jesus no evangelho: “Senhor, aumenta a minha fé”.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

DOIS CEGOS E TRÊS LIÇÕES SOBRE A FÉ



03 de dezembro de 2021


EVANGELHO


Mt 9,27-31

Naquele tempo, 27partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?”
Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.

MEDITAÇÃO


Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.

O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.

Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.

Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois, precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.

Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.

E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto? Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão. É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados. A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.

A segunda lição: A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.

A terceira lição: A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram. Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.

Guardando a mensagem

Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.

Só para lembrar, amanhã, vamos realizar o Show de lançamento do meu novo álbum musical, em que interpreto canções do Padre Zezinho. Você, desejando, pode participar do show, pois ele vai ser presencial, mas também será acompanhado por transmissão on-line. No link que estou enviando, você tem mais informações.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AUMENTA A NOSSA FÉ!



08 de novembro de 2021

EVANGELHO


Lc 17,1-6

Naquele tempo, 1Jesus disse a seus discípulos: “É inevitável que aconteçam escândalos. Mas ai daquele que produz escândalos! 2Seria melhor para ele que lhe amarrassem uma pedra de moinho no pescoço e o jogassem no mar, do que escandalizar um desses pequeninos.
3Prestai atenção: se o teu irmão pecar, repreende-o. Se ele se converter, perdoa-lhe. 4Se ele pecar contra ti sete vezes num só dia, e sete vezes vier a ti, dizendo: ‘Estou arrependido’, tu deves perdoá-lo”.
5Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” 6O Senhor respondeu: “Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: ‘Arranca-te daqui e planta-te no mar’, e ela vos obedeceria”.

MEDITAÇÃO


Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)

Depois de um domingo, em que acolhemos a palavra do Senhor nos instruindo a viver na esperança da ressurreição, vamos nos debruçar hoje sobre a virtude da fé. Os apóstolos, percebendo as exigências e as dificuldades no seguimento de Jesus, pediram-lhe: “Aumenta a nossa fé”. A fé, a esperança e a caridade são as três virtudes teologais. “As virtudes teologais são infundidas por Deus na alma dos fiéis para os tornar capazes de proceder como filhos seus e assim merecerem a vida eterna”, está escrito no Catecismo da Igreja (CIC-Catecismo da Igreja Católica, nº 1813). “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos o Reino dos céus e a vida eterna como nossa felicidade, pondo toda a nossa confiança nas promessas de Cristo” (CIC 1817).

“A fé é a virtude teologal pela qual cremos em Deus e em tudo o que Ele nos disse e revelou e que a santa Igreja nos propõe para acreditarmos, porque Ele é a própria verdade” (CIC 1814). Seguramente, a força que nos sustenta na vida é a fé, a fé em Deus. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho, uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese. "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.

A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva; nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor, e de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.

A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência estão nos conduzindo. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.

Guardando a mensagem

O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a sua fé. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena já faz maravilhas.

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Hoje vamos rezar como os teus apóstolos: “Aumenta a nossa fé”. Só com uma visão de fé, podemos acolher os teus ensinamentos. Só com uma fé mais forte, podemos enfrentar as dificuldades que também encontramos hoje: as crises, os escândalos, a falta de horizonte... sem a fé, sucumbimos aos problemas e fracassamos. É a fé que nos abre à novidade da ação de Deus, que abre à nossa frente o mar vermelho, descortinando novas possibilidades onde não víamos saída. Pela fé, irrompe em nosso peito a alegria da esperança, que nos faz levantar cedo e erguer a cabeça para enfrentar um novo dia, uma nova semana, com a convicção de que tudo podemos em ti que nos fortaleces. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Durante o dia de hoje, peça ao Senhor muitas vezes: ”Senhor, aumenta a minha fé!”.

No início de dezembro, teremos o show de lançamento do meu novo álbum musical. E eu tenho um convite a lhe fazer. Por favor, acesse o site da AMA: www.amanhecer.org.br. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A SALVAÇÃO VEIO PARA TODOS



04 de agosto de 2021
Dia de São João Maria Vianney

EVANGELHO


Mt 15,21-28

Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

MEDITAÇÃO


É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, se lembraram desse passo tão sério que foi deixar de discriminar os pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que o evangelista contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” A salvação em Cristo veio para todos.

Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. Hoje, padecemos também de uma mentalidade que separa claramente o religioso do profano, as coisas de Deus das coisas do mundo. Jesus veio para salvar o mundo. E nos mandou anunciar a salvação a todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça. Sendo hoje o Dia de São João Maria Vianey, padroeiro dos padres, nós te pedimos, Senhor, que os nossos diáconos e padres, a seu exemplo e por sua proteção, realizem bem o seu ministério de profetas, sacerdotes e pastores no meio do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Mateus 15,21-28.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FÉ DO PAGÃO




26 de junho de 2021

EVANGELHO


Mt 8,5-17

Naquele tempo, 5quando Jesus entrou em Cafarnaum, um oficial romano aproximou-se dele, suplicando: 6“Senhor, o meu empregado está de cama, lá em casa, sofrendo terrivelmente com uma paralisia”. 7Jesus respondeu: “Vou curá-lo”. 8O oficial disse: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa. Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado. 9Pois eu também sou subordinado e tenho soldados sob minhas ordens. E digo a um: ‘Vai!’, e ele vai; e a outro: ‘Vem!’, e ele vem; e digo a meu escravo: ‘Faze isto!’, e ele faz”.
10Quando ouviu isso, Jesus ficou admirado, e disse aos que o seguiam: “Em verdade, vos digo: nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé. 11Eu vos digo: muitos virão do Oriente e do Ocidente, se sentarão à mesa no Reino dos Céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó, 12enquanto os herdeiros do Reino serão jogados para fora, nas trevas, onde haverá choro e ranger de dentes”.
13Então, Jesus disse ao oficial: “Vai! e seja feito como tu creste”. E, naquela mesma hora, o empregado ficou curado. 14Entrando Jesus na casa de Pedro, viu a sogra dele deitada e com febre. 15Tocou-lhe a mão, e a febre a deixou. Ela se levantou, e pôs-se a servi-lo. 16Quando caiu a tarde, levaram a Jesus muitas pessoas possuídas pelo demônio. Ele expulsou os espíritos, com sua palavra, e curou todos os doentes, 17para que se cumprisse o que foi dito pelo profeta Isaías: “Ele tomou as nossas dores e carregou as nossas enfermidades”.

MEDITAÇÃO


Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fiéis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.

No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Passando por cima dessa barreira, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.

Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos ao monte da Casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.

Guardando a mensagem

Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado e foi humilde em reconhecer sua condição de pecador. Além disso, esse pagão demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus apenas desse uma ordem e seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. São tantos exemplos nos evangelhos: a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa. E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em seu momento de oração, peça ao Senhor que aumente a sua fé e fortaleça você em todas as suas ações e no seu compromisso com o bem dos outros. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb.

NÓS CONHECEMOS, OUVIMOS E SEGUIMOS JESUS



28 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 12,44-50

Naquele tempo, 44Jesus exclamou em alta voz: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. 45Quem me vê, vê aquele que me enviou. 46Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.
47Se alguém ouvir as minhas palavras e não as observar, eu não o julgo, porque eu não vim para julgar o mundo, mas para salvá-lo. 48Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. 49Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar. 50E eu sei que o seu mandamento é vida eterna. Portanto, o que eu digo, eu o digo conforme o Pai me falou”.


MEDITAÇÃO


Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (Jo 12, 46)

Palavras preciosas de Jesus, ditas à multidão: “Quem crê em mim não é em mim que crê, mas naquele que me enviou. Quem me rejeita e não aceita as minhas palavras já tem o seu juiz: a palavra que eu falei o julgará no último dia. Porque eu não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele é quem me ordenou o que eu devia dizer e falar”.

Há, de verdade, uma realidade de descrença, de gente que não escuta Jesus e não o segue; não integra o seu rebanho, não faz parte de suas ovelhas. Pela fé, nos aproximamos de Jesus. A fé é um dom de Deus. Mas, um dom, um presente pode não ser recebido, pode ser rejeitado. É que fomos criados na liberdade. Sem liberdade, não há amor. Sem liberdade, não se pode crer, porque crer é uma acolhida incondicional, uma entrega pessoal. Não se pode crer, nem amar por obrigação. Crer é um ato de liberdade.

Há quem realmente não creia. E há muita gente que, mesmo crendo, não permite que sua fé oriente a sua vida. É uma espécie de ateísmo prático. Até crê, mas a fé não é a luz que ilumina os seus passos. Vive como quem não crê, como quem não tem esperança, como quem não conheceu Jesus. Em Jesus, ficamos sabendo que Deus nos ama e o enviou para nos resgatar, nos conduzir para a vida plena. E, sobre isso, não podemos ficar indiferentes. Essa novidade pode mudar a nossa vida, pode ser uma revolução em nossa existência.

Não basta que Jesus seja o bom pastor e nos conheça e dê sua vida por nós. É necessário que nós, em resposta a esse amor do bom pastor escutemos a sua voz e, na fé, o sigamos. Ele disse: “As minhas ovelhas escutam a minha voz”. É preciso ouvir a sua voz. A oração diária do povo de Jesus incluía uma passagem do livro do Deuteronômio: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor”. Ouve, Israel. É preciso escutar. A fé é a nossa resposta ao que ouvimos. O salmo 94 traz uma chamada de atenção: “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”. A palavra nos pede para não fechar o coração como o povo antigo que tanto entristeceu o Senhor por sua desobediência. “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”.

Guardando a mensagem

Escutar a voz do bom pastor é reconhecê-lo como orientação da própria vida, crer nele, assumindo sua palavra como guia de sua existência. Foi exatamente isso que Maria disse aos serventes nas Bodas de Caná: “Façam tudo o que ele lhes disser”. O que Jesus diz, precisamos escutar, acolher, praticar. Crer é a nossa resposta à sua palavra, pela qual nos revela o amor de Deus por nós.

Eu vim ao mundo como luz, para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas (Jo 12, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Infelizmente, hoje, como no teu tempo, há muita gente que não te escuta de verdade. Uns permanecem indiferentes à tua voz, à tua Palavra; não a distinguem no meio de tantas vozes do mundo de hoje. Outros te escutam com ouvido de mercador: não te levam em conta, não te ouvem com seriedade; não se deixam conquistar pelo amor de Deus que tu anuncias. Mas, que bom que muitos te escutam e te seguem. Peço-te, Senhor, que eu e minha casa estejamos sempre no número dos que te ouvem, te conhecem e te seguem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Minha sugestão é que você transcreva e reze a oração que Jesus rezava todo dia: Deuteronômio 6, 4-9. Ela começa convidando o povo de Deus a escutar, a ouvir uma coisa muito importante.

Vá pensando como vai ser o Mês de Maio aí em sua casa. O Mês de Maria pode muito bem ser um tempo precioso de evangelização de sua família.

A gente se reencontra às 21:30, na live da Oração da Noite, nas redes sociais: youtube e facebook.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb.

OS DOIS CEGOS E AS TRÊS LIÇÕES


04 de dezembro de 2020

EVANGELHO


Mt 9,27-31

Naquele tempo, 27partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?” 
Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.

MEDITAÇÃO


Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.

O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.

Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.

Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois, precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.

Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.

E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto? Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão. É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados. A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.

A segunda lição: A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.

A terceira lição: A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram. Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.

Guardando a mensagem

Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.

Hoje, como todas as noites, de segunda a sexta, às 21:30, eu comento a meditação na Live da Oração da Noite, transmitida no Youtube e no Facebook. Será um prazer contar com sua presença. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FÉ DO SOLDADO

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

27 de junho de 2020

Nós fazemos um bom esforço para viver o evangelho de Jesus, para sermos fiéis ao que Deus tem nos ensinado. Ao menos, pensamos assim. O povo de Deus do tempo de Jesus também tinha essa ideia sobre si mesmo. Eles insistiam sempre no conhecimento que tinham do Deus verdadeiro e na exclusividade de serem o povo em aliança com Deus. Jesus, filho de Deus, encarnado naquele mundo religioso e cultural de Israel, também tinha em grande conta a história do povo eleito. Mas, aberto à realidade como ele era, experimentou em várias ocasiões como a fé deles era vivida de maneira egoísta e interesseira. E como, em nome da aliança com Deus, marginalizava-se gente de dentro e todos os de fora.

No evangelho de hoje, Jesus faz uma constatação que deve ter aborrecido muita gente do seu tempo: “Em verdade vos digo, nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé”. O elogio foi feito ao comportamento de um pagão. No encontro que ele teve com o oficial romano, em Cafarnaum, este intercedeu em favor do seu empregado. Este oficial tinha a patente de centurião, tendo sob seu comando uma centena de soldados do império. Claro, era um estrangeiro, um pagão. Ele contou a Jesus que o seu empregado estava de cama, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Jesus, judeu que era, segundo as regras religiosas de então, não podia entrar na casa dele, já que ele era um pagão. Passando por cima dessa barreira, Jesus se prontificou a ir à sua casa para curar o seu empregado. A resposta do pagão foi surpreendente: “Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa”. Foi uma palavra sincera, um reconhecimento de sua condição de pecador, de pagão. E mostrou sua grande fé quando acrescentou: “Dize uma só palavra e o meu empregado ficará curado”. E até comentou com Jesus sobre sua experiência de dar ordens aos seus soldados e aos seus servos, e de ser prontamente obedecido.

Diante da resposta do pagão, Jesus ficou admirado com a sua fé. Foi aí que ele disse aquela palavra tão surpreendente: “Nunca encontrei alguém que tivesse tanta fé em Israel”. E disse mais: “Eu lhes digo, muitos virão do oriente e do ocidente e se sentarão à mesa do reino dos céus, junto com Abraão, Isaac e Jacó”. Nessa palavra, Jesus está em sintonia com os profetas, como Isaías, que anunciaram, muitos séculos antes, que também as nações pagãs se integrariam ao povo santo, chegariam também como peregrinos ao monte da Casa do Senhor. Deus quer integrar no seu reino também os outros povos, toda a humanidade.

Guardando a mensagem

Para nós que estamos começando o tempo do advento, Jesus nos aponta, hoje, um exemplo a ser imitado. Jesus elogiou a fé do oficial pagão, dizendo que não tinha encontrado ainda uma fé tão grande no meio do seu povo. Com esse elogio, o centurião pagão está sendo colocado como exemplo a ser seguido por nós. É bom nos darmos conta que, fora do nosso grupo e de nossa tradição religiosa, há quem demonstre mais fé do que nós. E podemos e devemos aprender com eles. Aprendamos com Jesus, que teve uma atitude missionária, apesar dos limites da prática religiosa do seu tempo: dispôs-se a ir à casa do pagão. Aprendamos com o pagão que Jesus elogiou: ele foi solidário com o seu empregado e foi humilde em reconhecer sua condição de pecador. Além disso, esse pagão demonstrou uma grande fé, sugerindo que Jesus apenas desse uma ordem e seu empregado ficaria curado. Fora do nosso grupo, pode haver gente levando a fé mais a sério do que nós. Aprendamos com eles.

Nunca encontrei em Israel alguém que tivesse tanta fé (Mt 8, 10).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ficamos encantados com teu espírito missionário. Desde o teu nascimento, vemos como os pagãos são acolhidos no caminho da salvação. São tantos exemplos nos evangelhos: a visita dos magos do oriente, aquela história da mulher siro-fenícia, da cananeia, das curas em território estrangeiro, essa história do empregado do centurião em Cafarnaum. E colocaste este pagão como exemplo a ser seguido por todos nós na sua solidariedade, na sua humildade e na sua fé. Ajuda-nos, Senhor, a acolher, sem discriminação, o bom exemplo de pessoas que não são do nosso grupo e da nossa tradição religiosa. E a vivermos a nossa fé com maior seriedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra
Amanhã, vamos celebrar a solenidade de São Pedro e São Paulo, as duas colunas da Igreja. Rezemos pela Igreja, por nossa grande tarefa da evangelização. Rezemos pelo Papa Francisco, pedindo que o Senhor o assista em todas as suas necessidades. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb.

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