PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: pagãos
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A fé de uma mulher pagã que comoveu Jesus

  



   09 de agosto de 2023.   

Quarta-feira da 18ª Semana do Tempo Comum


    Evangelho.    


Mt 15,21-28

Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.


   Meditação.   


É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, lembraram-se desse passo tão sério que foi a superação da discriminação dos pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que o evangelista contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” A salvação em Cristo veio para todos.




Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. O preconceito pode nos manter afastados de muitas pessoas e grupos que vivem outras tradições culturais e religiosas diferentes da nossa. Jesus veio para todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Mateus 15,21-28.

Comunicando


Como todas as quartas-feiras, hoje tem programa no Youtube. A convidada de hoje, a assistente social Ivânia Tibúrcio, vai nos contar como tem sido sua luta como pessoa portadora de fissura labiopalatina e como enfrenta o preconceito contra pessoas com essa malformação congênita. O prograrma começa às 20 horas, no meu canal do Youtube.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



SUPERANDO A DISCRIMINAÇÃO

 

03 de agosto de 2022

Quarta-feira da 18ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mt 15,21-28

Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

MEDITAÇÃO


É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, lembraram-se desse passo tão sério que foi superação da discriminação dos pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que o evangelista contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” A salvação em Cristo veio para todos.


Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. O preconceito pode nos manter afastados de muitas pessoas e grupos que vivem outras tradições culturais e religiosas diferentes da nossa. Jesus veio para todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça.   Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Mateus 15,21-28.

Comunicando

Fazendo as contas, neste ano estou completando 30 anos de atividade musical, com mais de 3.000 shows realizados. Aproveito para convidar vocês para os meus próximos shows:

10 de agosto – São Lourenço da Mata, PE
13 de agosto – Autases, AM
21 de agosto – Glória do Goitá, PE
27 de agosto - Live musical para os associados.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A SALVAÇÃO VEIO PARA TODOS



04 de agosto de 2021
Dia de São João Maria Vianney

EVANGELHO


Mt 15,21-28

Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

MEDITAÇÃO


É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, se lembraram desse passo tão sério que foi deixar de discriminar os pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que o evangelista contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” A salvação em Cristo veio para todos.

Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. Hoje, padecemos também de uma mentalidade que separa claramente o religioso do profano, as coisas de Deus das coisas do mundo. Jesus veio para salvar o mundo. E nos mandou anunciar a salvação a todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça. Sendo hoje o Dia de São João Maria Vianey, padroeiro dos padres, nós te pedimos, Senhor, que os nossos diáconos e padres, a seu exemplo e por sua proteção, realizem bem o seu ministério de profetas, sacerdotes e pastores no meio do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Mateus 15,21-28.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

EXPULSARAM JESUS DO CULTO

Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos (Lc 4, 28).
16 de março de 2020.
Jesus está na sinagoga de Nazaré. Foi em Nazaré que ele se criou. Levanta-se para ler o texto do profeta Isaías. E, quando se senta para explicar aquela passagem, ele proclama que aquilo se referia a ele e que estava se cumprindo em sua vida. O profeta Isaías falava do Messias, ungido pelo Espírito Santo, para evangelizar os pobres e libertar os sofredores e oprimidos. Fica todo mundo atento e admirado com essas palavras de Jesus. 
Aos poucos, o clima começa a mudar. A admiração vai se transformando em rejeição. Suspeitas, críticas, indignação vão se espalhando como faísca no palheiro: “E esse aí não é o filho de José?”, alguém pergunta maldosamente. Essas pessoas julgam que a origem popular de Jesus, que eles conheciam, não o credenciava a se apresentar como um enviado de Deus. Jesus nota o clima hostil e responde a uma murmuração: ‘vocês estão me cobrando que eu faça milagres aqui, como ouviram dizer que eu fiz na sinagoga de Cafarnaum’. Aí o que Jesus diz em seguida, eles tomaram como um grande desaforo. Jesus diz que, no tempo do profeta Elias, um tempo de fome, Deus enviou o profeta a uma viúva pagã. E, no tempo do profeta Eliseu, só um leproso foi curado, um pagão. Essa referência aos pagãos foi a gota d’água. A confusão foi grande. Expulsaram Jesus da sinagoga. E uns mais exaltados queriam até matá-lo.
Pensando nessa cena, podemos concluir que a comunidade de Nazaré rejeitou Jesus por três razões. Podemos até ouvir a conversa deles. Primeira: ‘a gente o conhece, é o filho de José’; Segunda: ‘faz milagres fora, aqui não faz’; Terceira: ‘o Messias vem pra nós, não para os pagãos’. Três defeitos na religiosidade daquele povo que guardava tão fielmente o sábado. Defeitos que o impediram de acolher Jesus, como enviado, como profeta de Deus. Será que esses defeitos não nossos também? Vejamos.
O primeiro defeito – ‘a gente o conhece, é o filho de José’ – é o defeito da religiosidade desencarnada. A gente espera que Jesus seja só do céu. Mas, ele é o Filho que se encarnou. E sua vida humana é o caminho para chegarmos ao Pai. 
O segundo defeito – ‘faz milagres fora, aqui não faz’ – é o defeito da religiosidade de milagres. Muita gente está atrás de bênçãos, de curas, de milagres, não de Jesus e do seu evangelho. Se não for Missa de cura, não pisa na Igreja. A proposta de Jesus é o seguimento. Carregar, com ele, a cruz de cada dia. 
O terceiro defeito – ‘o Messias vem pra nós, não para os pagãos’ – é o defeito da religiosidade egoísta. Gente muito devota, mas só pensa em si mesma. Não lhe dói o sofrimento dos outros. A proposta de Jesus e da Igreja é uma religiosidade missionária. 
Guardando a mensagem
Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu o profeta Isaías e explicou ao povo que ali estava descrita a sua missão. Ele era o ungido de Deus para evangelizar os pobres e libertar os oprimidos. A reação dos ouvintes foi passando da admiração para a indignação. Terminaram expulsando Jesus da Sinagoga. Os defeitos de sua vida religiosa podem também ser os nossos. Podemos praticar os ritos religiosos, mas corremos o risco de expulsar Jesus do nosso culto. Os motivos que levaram o povo de Nazaré a expulsar Jesus podem ser os nossos: religiosidade desencarnada, desinteressada do seguimento de Jesus e sem abertura missionária para os outros. 
Quando ouviram estas palavras de Jesus, todos na sinagoga ficaram furiosos (Lc 4, 28).
Rezando a palavra
Senhor Jesus, 
Meditando o teu evangelho, queremos te dizer três coisas. A primeira: Nós cremos que tu és o filho de Deus, Deus verdadeiro que te encarnaste para nossa salvação. Viveste a nossa vida humana, de verdade. A segunda coisa que queremos te dizer, Jesus: Acolhemos o teu evangelho, como proposta de seguimento. Queremos que nossa vida seja uma resposta de seguimento ao teu chamado, vencendo qualquer tentação de buscar apenas benefícios para nós. E a terceira coisa é que queremos ter um coração como teu, cheio de compaixão pelos sofredores e zeloso pela salvação de todos. Assim, queremos evitar o fechamento em nós mesmos e em nossas necessidades. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 
Vivendo a palavra
A família salesiana preparou para estes dias difíceis de luta contra o novo coronavírus uma Novena Extraordinária a Nossa Senhora Auxiliadora, de 15 a 23 de março, concluindo, no dia 24, comemoração mensal da Virgem Auxiliadora, com uma oração de entrega. A proposta da novena é uma forma de renovação de nossa confiança na Mãe da Igreja, seguindo o exemplo de Dom Bosco, em situações semelhantes. O texto da novena está no link www.padrejoaocarlos.com. Você o encontra também após o áudio da meditação, no seu aplicativo.
16 de março de 2020.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NOVENA EXTRAORDINÁRIA 
A NOSSA SENHORA AUXILIADORA


Motivado pela disseminação do coronavírus, a Congregação Salesiana propõe a NOVENA EXTRAORDINÁRIA A NOSSA SENHORA AUXILIADORA, de 15 a 23 de março. Participe!

Em vista da disseminação do coronavírus em vários países, o Reitor-mor, padre Ángel Fernández Artime, convida os Salesianos, os membros da Família Salesiana e os jovens a renovar sua confiança em Maria Auxiliadora, seguindo o exemplo de Dom Bosco em circunstâncias semelhantes. Por esse motivo, ele propõe viver uma novena extraordinária de 15 a 23 de março e concluí-la no dia 24, comemoração mensal de Maria Auxiliadora, com uma oração de entrega.


NOVENA E ENTREGA A MARIA AUXILIADORA


Recitar durante nove dias consecutivos:

- Três Pai-nossos, Ave-marias e Glórias, ao Santíssimo Sacramento, com a prece:


Graças e louvores se deem a todo o momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento;


- Três Salve-Rainhas a Maria SS. Auxiliadora, com a invocação:


Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós.


Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de Vós me valho, gemendo sob o peso dos meus pecados, e me prostro a vossos pés. Não desprezeis minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia, e de me alcançar o que vos rogo. Amém.


Oração para livrar-nos do ‘coronavírus’

Deus todo-poderoso e eterno, de quem todo o universo recebe força, existência e vida, vimos até vós para invocar a vossa misericórdia, pois que também hoje experimentamos a fragilidade da condição humana na experiência de uma nova pandemia.

Cremos que sois Vós a guiar o curso da história humana e que o vosso Amor pode mudar para melhor o nosso destino, qualquer que seja a nossa condição humana. Por isso vos confiamos os doentes e suas famílias: pelo Mistério Pascal do vosso Filho, dai salvação e alívio a seu corpo e espírito.

Ajudai cada membro da sociedade a cumprir sua tarefa, fortalecendo o espírito de mútua solidariedade. Amparai os médicos e os agentes sanitários, os educadores e os assistentes sociais na prestação do seu serviço.

Vós que na fadiga sois conforto e apoio na fraqueza, por intercessão da Virgem Maria e de todos os santos médicos e patronos da saúde, afastai de nós todo o mal e contaminação.

Livrai-nos desta epidemia que nos aflige, a fim de que possamos voltar serenamente às nossas ocupações habituais e vos louvar agradecidos com sempre renovado coração.

Em Vós confiamos, ó Pai, e a Vós elevamos a nossa súplica, por Jesus Cristo vosso Filho e Nosso Senhor. Amém.



CONSAGRAÇÃO DO MUNDO A MARIA SS. AUXILIADORA 
[24 de março]


Santíssima e Imaculada Virgem Maria, Mãe nossa terníssima e poderoso Auxílio dos Cristãos, nós nos consagramos inteiramente a Vós, para que nos conduzais a Deus. Consagramos-vos a mente com seus pensamentos, o coração com seus afetos, o corpo com seus sentimentos e todas as suas forças; e vos prometemos trabalhar sempre para a maior glória de Deus e a salvação das almas.

E vós, entretanto, ó Virgem incomparável, que sempre fostes a Mãe da Igreja e o Auxílio dos Cristãos, continuai a mostrar-vos tal especialmente nestes dias.

Iluminai e fortalecei os bispos e os sacerdotes, mantendo-os sempre unidos e obedientes ao Papa, Mestre infalível; aumentai as vocações religiosas e sacerdotais para que, também por meio delas, o reino de Jesus Cristo se preserve entre nós e se estenda até aos confins da terra.

Pedimos-vos novamente, ó Mãe querida, que mantenhais o vosso olhar amoroso sobre os jovens, tão expostos sempre a tantos perigos; e sobre os pobres pecadores e moribundos.

Sede para todos, ó Maria, doce Esperança, Mãe de misericórdia e Porta do Céu. Mas também por nós Vos suplicamos, ó grande Mãe de Deus. Ensinai-nos a copiar em nós as vossas virtudes, especialmente a angélica modéstia, a humildade profunda e a ardente caridade.

Fazei, ó Maria Auxiliadora, que todos nos acolhamos sob o vosso manto de Mãe.

Fazei que nas tentações vos invoquemos logo com confiança: que o pensamento de que sois tão boa, amorosa e querida, que a lembrança do amor que dedicais aos vossos devotos nos sejam de tal conforto que sejamos vitoriosos contra os inimigos da nossa alma, na vida e na morte, e possamos um dia ser vossa Coroa de Glória no Céu. 
Amém.

A SALVAÇÃO CHEGOU PARA TODOS

É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair (Mc 7, 28)


13 de fevereiro de 2020.



Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, se lembraram desse passo tão sério que foi deixar de discriminar os pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que Marcos contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Deixa primeiro que os filhos fiquem saciados, porque não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha”. A salvação em Cristo veio para todos.

Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. Hoje, padecemos também de uma mentalidade que separa claramente o religioso do profano, as coisas de Deus das coisas do mundo. Jesus veio para salvar o mundo. E nos mandou anunciar a salvação a todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair (Mc 7, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça. Nós te agradecemos, Senhor, pela Exortação Apostólica Querida Amazônia, que o Papa Francisco acabou de enviar a todo o povo de Deus e a todas as pessoas de boa vontade. Acolhemos, de coração, o compromisso da evangelização do povo daquela região, sobretudo dos mais pobres, e do vigilante cuidado com a casa comum. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Marcos 7,24-30.

13 de fevereiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

QUANDO O BEM ENCONTRA SEUS INIMIGOS

Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, em sua misericórdia (Mc 5, 19)
03 de fevereiro de 2020.
Eu vou tentar lhe explicar essa história dos porcos que se afogaram no mar. Uma manada de porcos se perdeu. A economia daquelas famílias ficou arruinada. Resultado: o povo daquela região mandou Jesus embora. E o que tinha acontecido? Jesus chegou a uma região já fora do seu país, uma região de pagãos. Era do outro lado do mar da Galileia. Jesus e os discípulos chegaram lá de barco. Veio ao encontro deles um homem possuído por um espírito impuro, que vivia no cemitério apavorando o povo do lugar. Ele se incomodou com a presença de Jesus. E Jesus deu ordens para que saísse daquele homem. Na verdade, eram muitos demônios e se chamavam Legião e pediram para entrar nos porcos. Havia muitos porcos por ali. Jesus libertou o homem e os porcos desceram de ladeira abaixo e se jogaram no mar. O povo do lugar não gostou do resultado e expulsou Jesus de suas terras.
Jesus está numa região de pagãos, logo tem porco por ali, na imaginação do povo da Bíblia. Você lembra que os hebreus não comiam porco e não criavam porco de jeito nenhum. Porco, para eles, era um sinal de coisa ruim, de gente que vivia longe da fé no Deus vivo.  Era símbolo dos pagãos, uma fonte de impureza. Lembra a parábola do filho pródigo? O jovem judeu que terminou no fundo do poço, empregou-se como cuidador de porcos. Foi a máxima humilhação.
Mais do que uma história, a narração quer mostrar o significado da ação libertadora de Jesus também fora do povo de Deus. Para isso, os dados da narração podem ter ficado um tanto inflacionados. Quem conta um conto, sempre aumenta um ponto. Nessa narração de São Marcos, a manada de porcos tinha mais ou menos uns dois mil porcos. A quantidade de porcos e o tanto de demônios – Legião – são elementos para sublinhar como o estrangeiro está possuído pelo mal, na mentalidade dos hebreus e seguidores de Jesus.
A primeira coisa que o texto está anunciando é que a ação salvadora de Jesus vai além do povo de Israel, atravessa as suas fronteiras e chega ao estrangeiro, aos pagãos.  A segunda coisa é que a ação de Jesus que liberta o homem de todas as amarras e opressões não é bem recebida por todo mundo. Uma sociedade má reage contra Jesus, expulsa-o.  Por exemplo, libertar pessoas das drogas. Os narcotraficantes ficam furiosos, é uma ameaça à sua economia. Libertar pessoas do analfabetismo político, tem gente que desaprova, porque se beneficia da desinformação das pessoas.  Denunciar a prostituição de meninas e meninos: a rede que se beneficia desse tipo de exploração reage, fica no prejuízo. Apoiar a luta do povo sem teto ou sem terra, motivo de suspeita por parte de quem se faz de surdo à gritante desigualdade social do país.  É o que está dito no texto de hoje. A população pagã daquela região viu-se prejudicada no triste fim da manada de porcos. Preferia que os demônios continuassem oprimindo aquele homem que morava no cemitério, que continuassem mandando naquela terra. ‘Educadamente’, pediram para Jesus se retirar de suas terras.
A terceira lição do texto de hoje é maravilhosa. Aquele homem liberto tornou-se um discípulo, uma testemunha do amor de Deus em sua região. Ele começou a pregar na Decápole, em toda aquela região pagã, sobre o que Jesus tinha feito por ele.
Guardando a mensagem
Jesus foi a uma região pagã e ali encontrou um homem possuído pelo demônio. Ele o libertou. Os espíritos maus se apossaram dos porcos e a manada se jogou no mar e se afogou. A ida de Jesus àquela região estrangeira demonstra o seu compromisso missionário com todos, não somente com o seu povo. Para o povo hebreu, porco era uma marca das regiões pagãs, consideradas impuras. Contando esse fato sobre a ida de Jesus a uma terra estrangeira, era natural que aparecesse porco na história. É claro que essa não é uma narração jornalística. O sentido é o que importa. Os pormenores podem não ser exatos. A reação das pessoas daquele lugar à ação de Jesus é a reação ao bem que se faz. Quem faz o bem, quase sempre encontra resistência. E a atitude do homem liberto é uma grande lição para nós. Ele tornou-se uma testemunha viva da obra redentora de Jesus, na sua própria região.
Vai para casa, para junto dos teus e anuncia-lhes tudo o que o Senhor fez por ti, em sua misericórdia (Mc 5, 19).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós nos entristecemos quando procuramos fazer o bem e encontramos má vontade, resistência, oposição. Foi assim naquela região pagã que visitaste. Fizeste o bem, libertando aquele homem possuído pelo mal e liberando a estrada para o povo passar sem medo. Mas, o povo, invocando prejuízos na economia, acabou te afastando dali. Essa desculpa da economia, do dinheiro, do administrativo é motivo para muita gente resistir à tua Palavra, esquivar-se da conversão e da mudança de vida. Concede-nos, Senhor, acolher a tua santa Palavra com abertura de coração e espírito de obediência. E não desistir, quando trabalhando pelo bem dos outros, encontrarmos incompreensão, oposição, perseguição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Você foi libertado por Jesus de muita coisa, especialmente do pecado que o afastava de Deus e dos seus semelhantes. Hoje, fale do que Jesus tem feito por você, com outras pessoas.
Amanhã, Dia Mundial de Combate ao Câncer, vamos rezar por quem está na luta contra este mal. Desejando, nos mande o seu pedido de oração.
03 de fevereiro de 2020.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



PREPARANDO A EUCARISTIA

Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)
04 de dezembro de 2019.
Uma cena superinteressante, nos reserva o evangelho de hoje. Jesus está em território pagão. Também ali a missão está acontecendo. A missão, em várias partes do evangelho, é descrita como libertação dos sofredores. Assim, cercado de doentes e gente sofrida, Jesus os cura, os liberta. Num certo momento, ele chama os discípulos e lhes diz que sente compaixão daquele povo. Há três dias, eles o estão seguindo e, claro, estão com fome. Os discípulos só têm uma pergunta: como vão conseguir pão pra tanta gente naquele deserto? Informaram logo a Jesus que tinham somente sete pães e alguns peixinhos.
Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimenta todo mundo. Ele pega os pães, dá graças e os dá aos discípulos que os distribuem com a multidão. O mesmo faz com os peixinhos. Todos comem e ficam satisfeitos. As sobras enchem sete cestos.
Uma história tão simples e tão cheia de significados. Sete pães e sete cestos de sobras. No capítulo anterior, capítulo 14, o evangelista tinha contado outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus. Lá também, a missão está acontecendo.
Eu queria que agora a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. O fato de estarem numa região deserta, com fome, já nos lembra a situação que o povo de Deus passou quando peregrinava antes de entrar na terra prometida. No tempo antigo, o povo faminto foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu. O maná é um símbolo da Eucaristia e valeu como uma preparação para a Ceia, a Santa Missa.
Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Esses gestos de Jesus vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia.  
Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; Jesus que despede o povo. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.



Guardando a mensagem
Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães);  a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e   os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento);  toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).
Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo a Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No seu caderno espiritual, responda a esta pergunta: Como anda a minha participação na Santa Missa, na Eucaristia?
Você pode me ouvir também pelo aplicativo Rádio Tempo de Paz. Na loja de aplicativos do seu celular androide, procure e baixe: Rádio Tempo de Paz.  
A gente se encontra às 10 da noite, no facebook. 
Pe. João Carlos Ribeiro – 04 de dezembro de 2019.

LEVANTEM A CABEÇA!

Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima (Lc 21, 28)
28 de novembro de 2019.
Nessa semana, estamos lendo o capítulo 21 do evangelho de São Lucas. A propósito do tema de sua volta gloriosa no fim dos tempos, Jesus nos orienta como devemos nos comportar nas pequenas e grandes crises de nossa vida ou da história: pondo nossa confiança em Deus, testemunhando nossa fé e perseverando nas provações.
O povo de Deus viveu muitas e grandes crises, verdadeiros fins de mundo. Uma dessas crises foi o exílio, quando os exércitos babilônicos destruíram Jerusalém e deportaram muita gente. Jesus mesmo viveu próximo de uma crise que se deu quarenta anos depois de sua morte: a destruição de Jerusalém e do Templo pelos romanos.
No texto de hoje, Jesus, primeiro, refere-se à destruição de Jerusalém. Serão dias de muito sofrimento e humilhação. A leitura que Jesus faz é que o que acontecerá à cidade santa e ao seu povo será uma consequência do seu pecado. Os romanos pagãos seriam instrumentos de Deus para o julgamento de Jerusalém. Dá para compreender bem essa palavra de Jesus: “Jerusalém será pisada pelos infiéis, até que o tempo dos pagãos se complete”.
Na outra parte do texto de hoje, Jesus fala de sua volta, no meio de uma grande teofania. Vou explicar melhor. Sempre que se narra a presença ou a chegada de Deus, o povo do Antigo Testamento descreve uma verdadeira revolução na natureza (terremoto, trovões, raios, sinais no sol, na lua e nas estrelas...). É o que chamamos de teofania, isto é uma forma de passar a grandiosidade, a majestade de Deus que se revela. Então, essa revolução na natureza de que Jesus está falando, com imagens do Antigo Testamento, é uma forma de passar a grandeza desse momento em que ele estará de volta com poder e glória. Será a grande avaliação da humanidade. Mas, para o povo santo de Deus, não há razões para medo e pânico. Pelo contrário, para os discípulos, esse é o dia da completa realização.
Guardando a mensagem
A grande crise da destruição do Templo e de Jerusalém anunciada por Jesus virou uma espécie de molde de toda crise enfrentada pelo povo de Deus na história. A destruição é uma consequência do pecado. É como se fora o julgamento de Deus sobre a cidade, executado pelos pagãos romanos. Você mesmo tem experiência e conhece alguém que contraiu uma doença grave em consequência do vício de fumar, de se embriagar, de consumir drogas, por exemplo. A grande crise de sua enfermidade é uma consequência dos seus atos, não é verdade? É a mesma lógica. O texto também fala da volta de Jesus. A sua  vinda, narrada no meio de uma teofania, não é razão de apreensão e medo para nós. Pelo contrário, na sua volta, aparecerá claramente nossa condição de filhos de Deus. Será o coroamento de sua obra redentora.
Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se ergam a cabeça, porque a libertação de vocês está próxima (Lc 21, 28)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
No meio dos problemas, dificuldades e crises desse mundo, tu nos ensinas a nos portarmos com destemor, com esperança e confiança em Deus. Tu nos lembras, todavia, que a destruição é uma consequência do pecado, dos nossos erros. De fato, Senhor, o projeto família, por exemplo, pode ir à falência pela infidelidade, pela falta de diálogo, pela falta de perdão. Educa-nos, Senhor, a aguardar a tua volta, em vigilante atitude de conversão e vida nova. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Um exame de consciência cairia bem, no dia de hoje. Exame de consciência é parar e se perguntar: o que a graça de Deus precisa consertar em minha vida?
Pe. João Carlos Ribeiro – 28 de novembro de 2019

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