PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Mc 9
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O pai que sacrificou o filho.

 


   25 de fevereiro de 2024.   

2º Domingo da Quaresma

   Evangelho.   


Mc 9,2-10

Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

   Meditação.   


Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” (Mc 9, 7)

Se você for pai ou mãe, vai ter uma sensibilidade especial para entender o evangelho de hoje. Você ama seus filhos. Sacrifica-se por eles. Você os gerou, os alimentou, educa-os cada dia. Você sofre quando algum filho seu está desempregado ou está sendo maltratado por alguém. Você fica muito triste quando seu filho adoece ou está em perigo de vida. Pelos seus filhos, você faz tudo, não é verdade? Deles, você só espera respeito, obediência, amor. 

Deus, o Pai, tem um filho. Um filho gerado antes de todos os tempos. Um filho amado. Tudo que Deus fez, desde a criação do mundo, foi inspirado no seu filho. Homens e mulheres saímos à sua imagem e semelhança. E como nos afastamos dele pelo pecado, Deus enviou o seu filho amado para estar conosco e nos reconduzir à sua amizade. Pela nossa resistência e rejeição, Deus chegou ao ponto de entregar seu filho à morte para nos trazer a vida. Tiramos logo uma conclusão: Deus nos ama demais. E, por nós, não poupou o seu filho amado. Que mistério tão grande!

Na liturgia deste segundo domingo da quaresma, temos duas cenas muito especiais. A primeira é do livro do Gênesis (Gn 22). Abraão vai oferecer o seu filho único, em sacrifício. A sua obediência é fonte de bênçãos para todas as nações. A segunda é do evangelho de Marcos (Mc 9). Deus vai oferecer o seu filho único, em sacrifício. A obediência do filho é fonte de vida e ressurreição para a humanidade. 

No livro do Gênesis, Deus pede a Abraão para sacrificar-lhe o seu filho único, o filho que ele tanto amava, Isaac. Abraão já idoso tinha passado a vida aguardando a promessa de Deus de lhe dar esse filho. Mesmo assim, ele sobe um monte na terra de Moriá, acompanhado do filho e de dois servos para oferecer o sacrifício. A partir de certo ponto, é o seu filho Isaac que carrega a lenha para o sacrifício. E ele até pergunta onde está o carneiro para o holocausto. No monte, Abraão ergue um altar, dispõe a lenha para o fogo, amarra o filho e vai sacrificá-lo com um cutelo. Deus interrompe o sacrifício. Abraão não recusou seu filho único, filho a quem tanto amava. Em seu lugar, foi oferecido um carneiro. O verdadeiro sacrifício foi sua obediência a Deus. Por isso, em sua descendência, todas as nações da terra seriam abençoadas. 

No evangelho, hoje em Marcos, Jesus sobe à montanha, levando consigo três dos seus discípulos. Um dia subirá o monte Calvário. Ele mesmo carregará o madeiro, a cruz. Será desnudo e amarrado para o sacrifício, como Isac. O verdadeiro sacrifício é, antes de tudo, a sua obediência ao Pai. “Cumpra-se antes a tua vontade do que a minha”, rezara no Jardim das Oliveiras, na noite de sua prisão. 

Um pouco antes desse texto, Jesus tinha feito o primeiro anúncio da paixão. Sofreria muito, seria rejeitado e morto, e ressuscitaria ao terceiro dia. No monte da transfiguração, os discípulos têm uma visão da glória de Jesus, quase uma antecipação de sua ressurreição. Eles o veem transfigurado, com vestes muito alvas, conversando com Moisés e Elias. Moisés e Elias são personagens que evocam as Escrituras Sagradas (a Lei e os Profetas). Como na história de Abraão, ali também ouve-se a voz de Deus. O Pai apresenta o filho: “Este é o meu filho amado, escutem o que ele diz”. 

A carta aos Romanos (Rm 8) resume tudo: “Deus não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós”. Então, no monte, lembrando-nos da história de Abraão que não recusou seu único e amado filho, contemplamos o Pai que não poupou seu filho, mas o entregou por todos nós. E esta entrega, a do Pai e do Filho, é que nos trazem a vida nova, a reconciliação, a salvação. A ressurreição será o desfecho dessa história de amor e entrega. Em seu nome, será anunciada a salvação a todos os povos (Cf. Lc 24,47)





Guardando a mensagem

Neste domingo, ao lado da transfiguração do Senhor, podemos acolher uma importante revelação sobre o Pai. Por amor, ele não poupou o seu próprio filho, mas o entregou por todos nós. No monte, nós discípulos nos damos conta do alcance redentor do sacrifício do filho, cordeiro de Deus, que nos traz vida e salvação. Contemplando-o transfigurado, nos preparamos para reconhecê-lo na humilhação de sua paixão e cruz. No servo sofredor, desfigurado pela maldade e pela violência dos homens, reconhecemos o Cristo transfigurado em sua ressurreição, habitado plenamente pela glória de Deus. De maneira especial, hoje, acolhemos a recomendação que o Pai está nos fazendo: reconhecer Jesus, como seu filho amado e escutar o seu evangelho. 

Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” (Mc 9, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
em tua transfiguração no monte, contemplamos, de maneira especial, o imenso amor de Deus, teu pai e nosso pai, teu Deus e nosso Deus. Ele não poupou a ti, seu filho amado, mas te entregou em sacrifício por todos nós. No sacrifício de tua cruz, em tua santa obediência, redimiste o mundo do pecado e venceste tudo o que se opõe ao projeto do reino de Deus. Por isso, como escreveu Paulo, na carta aos Filipenses, “ele te exaltou e te deu um nome que está acima de todo nome”. Ele te ressuscitou e te colocou à sua direita. É o Pai que, hoje, está nos convidando a acolher-te, a amar-te, a escutar o teu evangelho. Hoje, te contemplamos na transfiguração, como que antecipando a visão de tua ressurreição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em nossa caminhada quaresmal, hoje é o 11º. dia. E o passo de hoje pode muito bem ser este: Amar o nosso Deus e Pai. Ele entregou seu filho amado em sacrifício para que vivêssemos reconciliados com ele e entre nós. E, com diz Paulo na carta aos romanos, “se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Comunicando

Peço-lhe uma Ave-Maria, pedindo a proteção da Virgem sobre o evento que vamos realizar hoje à tarde: o Show de lançamento do meu novo álbum musical. Seja tudo para a glória de Deus e o bem espiritual do seu povo. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Tudo é possível para quem tem fé.




20 de fevereiro de 2023

Segunda-feira da 7ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO

Mc 9,14-29

Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles.
15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém na multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”.
19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca.
21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.
23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”.
26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé.
28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.


MEDITAÇÃO

Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

Quando Jesus desceu o monte com três discípulos, naquele dia da transfiguração, encontrou os outros discípulos no meio de uma grande confusão. Muita gente ao redor deles e uma discussão sem fim com os fariseus. Jesus perguntou: ‘Que confusão é essa?’ E alguém do meio do povo explicou: ‘Mestre, eu trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando dá uma crise, ele cai no chão, começa a espumar, range os dentes’. Aí Jesus entendeu o que estava acontecendo: O pai trouxe o filho para os discípulos expulsarem o espírito e eles não o conseguiram. Jesus mandou trazer o menino e ali mesmo o garoto começou a ter uma crise. O pai informou a Jesus que ele tinha aquilo desde pequeno. Claro, eles sempre pensavam que fosse um espírito. Não se tinha conhecimento da epilepsia. Aí o pai contou que ele já passara de morrer afogado ou queimado várias vezes, coitado. No meio daquela crise, o menino se debatendo, o pai desesperado disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. “Se podes?!... comentou Jesus. Tudo é possível para quem tem fé”. Acho que Jesus ficou meio chateado. “Se podes fazer alguma coisa?!”. O pai pediu desculpas: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”.

Pode reparar que, em todo milagre de Jesus, ele elogia a fé da pessoa. “A tua fé te salvou”, disse àquela mulher que tocou nas suas vestes. Em Nazaré, sua terra, foi dito que ele não fez ali muita coisa, porque eles não tinham fé. Fé é a abertura do coração para a ação de Deus em nossa vida. É a confiança que depositamos no Senhor. E aquele pai, coitado, tinha fé, mas reconhecia que era pouca. Jesus deu ordem ao espírito mudo e o menino foi libertado. Mais tarde, os discípulos quiseram saber porque eles não conseguiram expulsar o espírito. “Esse tipo só se expulsa pela oração”, disse Jesus.

Esse “Se podes” ficou na sua cabeça, não foi? Chato, aquilo. “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajuda”. Talvez esse seja o sentimento de muitas pessoas hoje, o que acha? Há quem faça um pedido a Deus sem confiança suficiente nele, sem fé. Pede, mas não tem convicção que o Senhor tem poder para isso, ou que ele vá se interessar por sua causa. Pede, mas, realmente, não espera que Deus o atenda. Tem gente assim, claro que tem. Há quem apele pra um e pra outro, e bata também na porta de Deus, como mais uma tentativa. Esse tipo também demonstra pouca fé, pouca confiança. Desse jeito, sem fé, dificilmente será atendido.

A resposta de Jesus foi forte: “Se podes?! Tudo é possível para quem tem fé”. A Virgem Maria já tinha ouvido uma palavra semelhante. Foi o anjo Gabriel quem lhe disse: “Para Deus, nada é impossível” citando o exemplo de sua prima Izabel, idosa e estéril. Para Deus, nada é impossível!

A fé, com certeza, não é só confiança em Deus. No evangelho de São João, Jesus fala da união com ele como condição para ser atendido pelo Pai. “Se permaneceres em mim, tudo o que pedires ao Pai, ele te concederá”. Então, a fé tem a ver com a nossa união com Jesus, que está tão bem representada no ramo unido à videira. Permanecer em Jesus é estar em comunhão com ele, comunhão de amor, que nos faz realizar a sua palavra de maneira quase natural. Estou pensando no ramo que, mesmo sendo um ramo enxertado, une-se de tal forma à videira, identificando-se com ela, que realiza naturalmente a vocação da videira: dar fruto, produzir uva. Estando assim unidos a Cristo, o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, ele nos concede.

Se estamos unidos a Cristo, não duvidaremos do que Deus pode fazer, em nome de Jesus, seu filho. Neste sentido, a história da mulher que tocou na roupa de Jesus reforça essa compreensão. Ela não precisou nem falar com Jesus. Estava unida a Jesus pela fé. Jesus elogiou a sua fé.

 

Guardando a mensagem

O pai aflito que estava pedindo a cura do seu filho disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade e nos socorre”. Sem fé, não se alcança o favor de Deus. A fé nos liga a Jesus no amor, na confiança e na realização da vontade de Deus. Deus vem em nosso socorro porque nos ama como filhos, nós que estamos unidos a Cristo. Não cabe dúvida, desconfiança ou mesmo uma relação comercial com o Senhor. A fé abre as portas de nossa vida para acolher a obra do nosso Deus.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
são tantas as nossas necessidades, os dramas que nos envolvem, que precisamos continuamente da tua proteção, da tua graça, do teu favor. Dá-nos, Senhor, que não nos portemos como requerentes estranhos e desconfiados, mas discípulos unidos a ti pela fé, pelo amor, pela docilidade à vontade do Pai. Assim, no que pedirmos ao Pai, em teu nome, seremos atendidos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva sua oração a Jesus, pedindo-lhe para aumentar a sua fé.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A HISTÓRIA DE UM PAI AFLITO



21 de fevereiro de 2022

EVANGELHO


Mc 9,14-29

Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles.
15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém na multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”.
19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca.
21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.
23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”.
26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé.
28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.

MEDITAÇÃO


Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

Quando Jesus desceu o monte com três discípulos, naquele dia da transfiguração, encontrou os outros discípulos no meio de uma grande confusão. Muita gente ao redor deles e uma discussão sem fim com os fariseus. Jesus perguntou: ‘Que confusão é essa?’ E alguém do meio do povo explicou: ‘Mestre, eu trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando dá uma crise, ele cai no chão, começa a espumar, range os dentes’. Aí Jesus entendeu o que estava acontecendo: O pai trouxe o filho para os discípulos expulsarem o espírito e eles não o conseguiram. Jesus mandou trazer o menino e ali mesmo o garoto começou a ter uma crise. O pai informou a Jesus que ele tinha aquilo desde pequeno. Claro, eles sempre pensavam que fosse um espírito. Não se tinha conhecimento da epilepsia. Aí o pai contou que ele já passara de morrer afogado ou queimado várias vezes, coitado. No meio daquela crise, o menino se debatendo, o pai desesperado disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. “Se podes?!... comentou Jesus. Tudo é possível para quem tem fé”. Acho que Jesus ficou meio chateado. “Se podes fazer alguma coisa?!”. O pai pediu desculpas: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”.

Pode reparar que, em todo milagre de Jesus, ele elogia a fé da pessoa. “A tua fé te salvou”, disse àquela mulher que tocou nas suas vestes. Em Nazaré, sua terra, foi dito que ele não fez ali muita coisa, porque eles não tinham fé. Fé é a abertura do coração para a ação de Deus em nossa vida. É a confiança que depositamos no Senhor. E aquele pai, coitado, tinha fé, mas reconhecia que era pouca. Jesus deu ordem ao espírito mudo e o menino foi libertado. Mais tarde, os discípulos quiseram saber porque eles não conseguiram expulsar o espírito. “Esse tipo só se expulsa pela oração”, disse Jesus.

Esse “Se podes” ficou na sua cabeça, não foi? Chato, aquilo. “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajuda”. Talvez esse seja o sentimento de muitas pessoas hoje, o que acha? Há quem faça um pedido a Deus sem confiança suficiente nele, sem fé. Pede, mas não tem convicção que o Senhor tem poder para isso, ou que ele vá se interessar por sua causa. Pede, mas, realmente, não espera que Deus o atenda. Tem gente assim, claro que tem. Há quem apele pra um e pra outro, e bata também na porta de Deus, como mais uma tentativa. Esse tipo também demonstra pouca fé, pouca confiança. Desse jeito, sem fé, dificilmente será atendido.

A resposta de Jesus foi forte: “Se podes?! Tudo é possível para quem tem fé”. A Virgem Maria já tinha ouvido uma palavra semelhante. Foi o anjo Gabriel quem lhe disse: “Para Deus, nada é impossível” citando o exemplo de sua prima Izabel, idosa e estéril. Para Deus, nada é impossível!

A fé, com certeza, não é só confiança em Deus. No evangelho de São João, Jesus fala da união com ele como condição para ser atendido pelo Pai. “Se permaneceres em mim, tudo o que pedires ao Pai, ele te concederá”. Então, a fé tem a ver com a nossa união com Jesus, que está tão bem representada no ramo unido à videira. Permanecer em Jesus é estar em comunhão com ele, comunhão de amor, que nos faz realizar a sua palavra de maneira quase natural. Estou pensando no ramo que, mesmo sendo um ramo enxertado, une-se de tal forma à videira, identificando-se com ela, que realiza naturalmente a vocação da videira: dar fruto, produzir uva. Estando assim unidos a Cristo, o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, ele nos concede.

Se estamos unidos a Cristo, não duvidaremos do que Deus pode fazer, em nome de Jesus, seu filho. Neste sentido, a história da mulher que tocou na roupa de Jesus reforça essa compreensão. Ela não precisou nem falar com Jesus. Estava unida a Jesus pela fé. Jesus elogiou a sua fé.


Guardando a mensagem

O pai aflito que estava pedindo a cura do seu filho disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade e nos socorre”. Sem fé, não se alcança o favor de Deus. A fé nos liga a Jesus no amor, na confiança e na realização da vontade de Deus. Deus vem em nosso socorro porque nos ama como filhos, nós que estamos unidos a Cristo. Não cabe dúvida, desconfiança ou mesmo uma relação comercial com o Senhor. A fé abre as portas de nossa vida para acolher a obra do nosso Deus.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
são tantas as nossas necessidades, os dramas que nos envolvem, que precisamos continuamente da tua proteção, da tua graça, do teu favor. Dá-nos, Senhor, que não nos portemos como requerentes estranhos e desconfiados, mas discípulos unidos a ti pela fé, pelo amor, pela docilidade à vontade do Pai. Assim, no que pedirmos ao Pai, em teu nome, seremos atendidos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva sua oração a Jesus, pedindo-lhe para aumentar a sua fé.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AMOR AO NOSSO DEUS E PAI



28 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 9,2-10

Naquele tempo, 2Jesus tomou consigo Pedro, Tiago e João, e os levou sozinhos a um lugar à parte sobre uma alta montanha. E transfigurou-se diante deles. 3Suas roupas ficaram brilhantes e tão brancas como nenhuma lavadeira sobre a terra poderia alvejar. 4Apareceram-lhe Elias e Moisés, e estavam conversando com Jesus. 5Então Pedro tomou a palavra e disse a Jesus: “Mestre, é bom ficarmos aqui. Vamos fazer três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”. 6Pedro não sabia o que dizer, pois estavam todos com muito medo. 7Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutai o que ele diz!” 8E, de repente, olhando em volta, não viram mais ninguém, a não ser somente Jesus com eles. 9Ao descerem da montanha, Jesus ordenou que não contassem a ninguém o que tinham visto, até que o Filho do Homem tivesse ressuscitado dos mortos. 10Eles observaram essa ordem, mas comentavam entre si o que queria dizer “ressuscitar dos mortos”.

MEDITAÇÃO


Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” (Mc 9, 7)

Se você for pai ou mãe, vai ter uma sensibilidade especial para entender o evangelho de hoje. Você ama seus filhos. Sacrifica-se por eles. Você os gerou, os alimentou, educa-os cada dia. Você sofre quando algum filho seu está desempregado ou está sendo maltratado por alguém. Você fica muito triste quando seu filho adoece ou está em perigo de vida. Pelos seus filhos, você faz tudo, não é verdade? Deles, você só espera respeito, obediência, amor. 

Deus, o Pai, tem um filho. Um filho gerado antes de todos os tempos. Um filho amado. Tudo que Deus fez, desde a criação do mundo, foi inspirado no seu filho. Homens e mulheres saímos à sua imagem e semelhança. E como nos afastamos dele pelo pecado, Deus enviou o seu filho amado para estar conosco e nos reconduzir à sua amizade. Pela nossa resistência e rejeição, Deus chegou ao ponto de entregar seu filho à morte para nos trazer a vida. Tiramos logo uma conclusão: Deus nos ama demais. E, por nós, não poupou o seu filho amado. Que mistério tão grande!

Na liturgia deste segundo domingo da quaresma, temos duas cenas muito especiais. A primeira é do livro do Gênesis (Gn 22). Abraão vai oferecer o seu filho único, em sacrifício. A sua obediência é fonte de bênçãos para todas as nações. A segunda é do evangelho de Marcos (Mc 9). Deus vai oferecer o seu filho único, em sacrifício. A obediência do filho é fonte de vida e ressurreição para a humanidade. 

No livro do Gênesis, Deus pede a Abraão para sacrificar-lhe o seu filho único, o filho que ele tanto amava, Isaac. Abraão já idoso tinha passado a vida aguardando a promessa de Deus de lhe dar esse filho. Mesmo assim, ele sobe um monte na terra de Moriá, acompanhado do filho e de dois servos para oferecer o sacrifício. A partir de certo ponto, é o seu filho Isaac que carrega a lenha para o sacrifício. E ele até pergunta onde está o carneiro para o holocausto. No monte, Abraão ergue um altar, dispõe a lenha para o fogo, amarra o filho e vai sacrificá-lo com um cutelo. Deus interrompe o sacrifício. Abraão não recusou seu filho único, filho a quem tanto amava. Em seu lugar, foi oferecido um carneiro. O verdadeiro sacrifício foi sua obediência a Deus. Por isso, em sua descendência, todas as nações da terra seriam abençoadas. 

No evangelho, hoje em Marcos, Jesus sobe à montanha, levando consigo três dos seus discípulos. Um dia subirá o monte Calvário. Ele mesmo carregará o madeiro, a cruz. Será desnudo e amarrado para o sacrifício, como Isac. O verdadeiro sacrifício é, antes de tudo, a sua obediência ao Pai. “Cumpra-se antes a tua vontade do que a minha”, rezara no Jardim das Oliveiras, na noite de sua prisão. 

Um pouco antes desse texto, Jesus tinha feito o primeiro anúncio da paixão. Sofreria muito, seria rejeitado e morto, e ressuscitaria ao terceiro dia. No monte da transfiguração, os discípulos têm uma visão da glória de Jesus, quase uma antecipação de sua ressurreição. Eles o veem transfigurado, com vestes muito alvas, conversando com Moisés e Elias. Moisés e Elias são personagens que evocam as Escrituras Sagradas (a Lei e os Profetas). Como na história de Abraão, ali também ouve-se a voz de Deus. O Pai apresenta o filho: “Este é o meu filho amado, escutem o que ele diz”. 

A carta aos Romanos (Rm 8) resume tudo: “Deus não poupou seu próprio filho, mas o entregou por todos nós”. Então, no monte, lembrando-nos da história de Abraão que não recusou seu único e amado filho, contemplamos o Pai que não poupou seu filho, mas o entregou por todos nós. E esta entrega, a do Pai e do Filho, é que nos trazem a vida nova, a reconciliação, a salvação. A ressurreição será o desfecho dessa história de amor e entrega. Em seu nome, será anunciada a salvação a todos os povos (Cf. Lc 24,47)

Guardando a mensagem

Neste domingo, ao lado da transfiguração do Senhor, podemos acolher uma importante revelação sobre o Pai. Por amor, ele não poupou o seu próprio filho, mas o entregou por todos nós. No monte, nós discípulos nos damos conta do alcance redentor do sacrifício do filho, cordeiro de Deus, que nos traz vida e salvação. Contemplando-o transfigurado, nos preparamos para reconhecê-lo na humilhação de sua paixão e cruz. No servo sofredor, desfigurado pela maldade e pela violência dos homens, reconhecemos o Cristo transfigurado em sua ressurreição, habitado plenamente pela glória de Deus. De maneira especial, hoje, acolhemos a recomendação que o Pai está nos fazendo: reconhecer Jesus, como seu filho amado e escutar o seu evangelho. 

Então desceu uma nuvem e os encobriu com sua sombra. E da nuvem saiu uma voz: “Este é o meu Filho amado. Escutem o que ele diz!” (Mc 9, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Em tua transfiguração no monte, contemplamos, de maneira especial, o imenso amor de Deus, teu pai e nosso pai, teu Deus e nosso Deus. Ele não poupou a ti, seu filho amado, mas te entregou em sacrifício por todos nós. No sacrifício de tua cruz, em tua santa obediência, redimiste o mundo do pecado e venceste tudo o que se opõe ao projeto do reino de Deus. Por isso, como escreveu Paulo, na carta aos Filipenses, “ele te exaltou e te deu um nome que está acima de todo nome”. Ele te ressuscitou e te colocou à sua direita. É o Pai que, hoje, está nos convidando a acolher-te, a amar-te, a escutar o teu evangelho. Hoje, te contemplamos na transfiguração, como que antecipando a visão de tua ressurreição. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em nossa caminhada quaresmal, hoje é o 11º. dia. E o passo de hoje pode muito bem ser este: Amar o nosso Deus e Pai. Ele entregou seu filho amado em sacrifício para que vivêssemos reconciliados com ele e entre nós. E, com diaz Paulo na carta aos romanos, “se Deus é por nós, quem será contra nós?”

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

CARREIRA OU CAMINHO?

O que vocês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)

25 de fevereiro de 2020.



Jesus estava se dedicando à formação dos seus discípulos. Depois de um tempo de muita efervescência, ele foi se afastando daquelas multidões que viviam atrás dele. Era importante preparar os discípulos para os próximos acontecimentos. E para continuarem a missão, depois que ele se fosse. É muito importante perceber esse investimento de Jesus em tempo, atenção e formação das lideranças do seu movimento.

Mas, a perspectiva de Jesus não está sendo compreendida pelos discípulos, naquele momento. Jesus está pensando na sua entrega total, como servidor. Ele se explica dizendo que será entregue, será morto e ressuscitará ao terceiro dia. O auge do seu caminho será a morte e a ressurreição.

Os discípulos estão num pensamento muito diferente do de Jesus. Estão pensando em cargos, em privilégios. O auge do seu caminho não é a morte, a entrega total. O auge do seu caminho é a ascensão ao poder. No caminho, eles estão discutindo sobre quem será o maior, quem terá cargos mais prestigiados e maior participação no poder. Jesus quer ser o menor. Eles disputam sobre quem será o maior. Jesus está fazendo um caminho. Eles querem fazer carreira, não um caminho.

Essa incompreensão dos discípulos, alimentando um projeto bem diferente do de Jesus, fica clara nas palavras que aparecem no texto: eles não compreendiam, tinham medo de perguntar, ficaram calados quando Jesus perguntou sobre o que estavam conversando no caminho.

O evangelista informa que Jesus se sentou (sinal de que iria ensinar, sentado era a posição do Mestre). Sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos”. Foi quando Jesus pôs uma criança no meio deles e a abraçou. E disse que quem a recebesse em seu nome, o estaria acolhendo.

Além do sentido habitual que já damos a esse episódio, podemos pensar também que acolher Jesus como se acolhe uma criança é aproximar-se dele, desinteressadamente. Nós sempre nos aproximamos dele interessados em alguma coisa. Acolher Jesus é identificar-se com ele, partilhar o seu sonho e o seu compromisso de serviço até à entrega da própria vida.

Guardando a mensagem

Nós, discípulos de hoje, continuamos a pensar e agir como os primeiros discípulos de Jesus. É que estamos mais facilmente de acordo com o espírito do mundo do que com o espírito do evangelho. Nas famílias, nas comunidades, na Igreja, estamos sempre disputando cargos, procurando os privilégios do poder ou alimentando essas disputas em nosso meio. Jesus se colocou, entre nós, como servidor. O seu caminho foi o do serviço, até a entrega de sua vida. Como seus discípulos, nossa vocação é o serviço. Somos servos uns dos outros, não senhores. É assim que devemos acolher Jesus, como servo. É assim que precisamos imitá-lo, como servidores.

O que vocês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Nós entendemos bem o que se passava na cabeça daquele teu primeiro grupo de seguidores. Nós vivemos tentados da mesma forma. O poder nos encanta. Não somente queremos ser os tais, mas nos sentimos atraídos por quem é, humanamente, grande e poderoso. Valorizamos, em primeiro lugar, os cargos prestigiados na sociedade e na Igreja. E desprezamos as profissões aparentemente humildes, as funções aos nossos olhos mais simples. Tens que ter muita paciência conosco, Senhor. Nem sempre te acolhemos como servidor, preferimos te aplaudir como rei e dominador. E assim, nos dispensamos de seguir o teu caminho de serviço e entrega amorosa até o fim. Que a tua palavra hoje soe como um forte convite à nossa conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vamos viver a palavra

Você já tem o seu caderno espiritual? Seria tão bom tê-lo! Seria um apoio a mais no seu crescimento espiritual. Bom, no seu caderno, responda à pergunta de Jesus: “O que vocês têm discutido pelo caminho?”.

25 de fevereiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

COMO É QUE ANDA A SUA FÉ?

Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

24 de fevereiro de 2020.


Quando Jesus desceu o monte com três discípulos, naquele dia da transfiguração, encontrou os outros discípulos no meio de uma grande confusão. Muita gente ao redor deles e uma discussão sem fim com os fariseus. Jesus perguntou: ‘Que confusão é essa?’ E alguém do meio do povo explicou: ‘Mestre, eu trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando dá uma crise, ele cai no chão, começa a espumar, range os dentes’. Aí Jesus entendeu o que estava acontecendo: O pai trouxe o filho para os discípulos expulsarem o espírito e eles não o conseguiram. Jesus mandou trazer o menino e ali mesmo o garoto começou a ter uma crise. O pai informou a Jesus que ele tinha aquilo desde pequeno. Claro, eles sempre pensavam que fosse um espírito. Não se tinha conhecimento da epilepsia. Aí o pai contou que ele já passara de morrer afogado ou queimado várias vezes, coitado. No meio daquela crise, o menino se debatendo, o pai desesperado disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. “Se podes?!... comentou Jesus. Tudo é possível para quem tem fé”. Acho que Jesus ficou meio chateado. “Se podes fazer alguma coisa?!”. O pai pediu desculpas: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”.

Pode reparar que, em todo milagre de Jesus, ele elogia a fé da pessoa. “A tua fé te salvou”, disse àquela mulher que tocou nas suas vestes. Em Nazaré, sua terra, foi dito que ele não fez ali muita coisa, porque eles não tinham fé. Fé é a abertura do coração para a ação de Deus em nossa vida. É a confiança que depositamos no Senhor. E aquele pai, coitado, tinha fé, mas reconhecia que era pouca. Jesus deu ordem ao espírito mudo e o menino foi libertado. Mais tarde, os discípulos quiseram saber porque eles não conseguiram expulsar o espírito. “Esse tipo só se expulsa pela oração”, disse Jesus.

Esse “Se podes” ficou na sua cabeça, não foi? Chato, aquilo. “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajuda”. Talvez esse seja o sentimento de muitas pessoas hoje, o que acha? Há quem faça um pedido a Deus sem confiança suficiente nele, sem fé. Pede, mas não tem convicção que o Senhor tem poder para isso, ou que ele vá se interessar por sua causa. Pede, mas, realmente, não espera que Deus o atenda. Tem gente assim, claro que tem. Há quem apele pra um e pra outro, e bata também na porta de Deus, como mais uma tentativa. Esse tipo também demonstra pouca fé, pouca confiança. Desse jeito, sem fé, dificilmente será atendido.

A resposta de Jesus foi forte: “Se podes?! Tudo é possível para quem tem fé”. A Virgem Maria já tinha ouvido uma palavra semelhante. Foi o anjo Gabriel quem lhe disse: “Para Deus, nada é impossível” citando o exemplo de sua prima Izabel, idosa e estéril. Para Deus, nada é impossível! 
A fé, com certeza, não é só confiança em Deus. No evangelho de São João, Jesus fala da união com ele como condição para ser atendido pelo Pai. “Se permaneceres em mim, tudo o que pedires ao Pai, ele te concederá”. Então, a fé tem a ver com a nossa união com Jesus, que está tão bem representada no ramo unido à videira. Permanecer em Jesus é estar em comunhão com ele, comunhão de amor, que nos faz realizar a sua palavra de maneira quase natural. Estou pensando no ramo que, mesmo sendo um ramo enxertado, une-se de tal forma à videira, identificando-se com ela, que realiza naturalmente a vocação da videira: dar fruto, produzir uva. Estando assim unidos a Cristo, o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, ele nos concede.

Se estamos unidos a Cristo, não duvidaremos do que Deus pode fazer, em nome de Jesus, seu filho. Neste sentido, a história da mulher que tocou na roupa de Jesus reforça essa compreensão. Ela não precisou nem falar com Jesus. Estava unida a Jesus pela fé. Jesus elogiou a sua fé.

Guardando a mensagem

O pai aflito que estava pedindo a cura do seu filho disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade e nos socorre”. Sem fé, não se alcança o favor de Deus. A fé nos liga a Jesus no amor, na confiança e na realização da vontade de Deus. Deus vem em nosso socorro porque nos ama como filhos, nós que estamos unidos a Cristo. Não cabe dúvida, desconfiança ou mesmo uma relação comercial com o Senhor. A fé abre as portas de nossa vida para acolher a obra do nosso Deus.

Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

Rezando a palavra 

Senhor Jesus,
São tantas as nossas necessidades, os dramas que nos envolvem, que precisamos continuamente da tua proteção, da tua graça, do teu favor. Dá-nos, Senhor, que não nos portemos como requerentes estranhos e desconfiados, mas discípulos unidos a ti pela fé, pelo amor, pela docilidade à vontade do Pai. Assim, no que pedirmos ao Pai, em teu nome, seremos atendidos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva sua oração a Jesus, pedindo-lhe para aumentar a sua fé.

24 de fevereiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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