PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Somos filhos na casa do Pai.


01 de março de 2025

  Sábado da 7ª Semana do Tempo Comum.  



  Evangelho  


Mc 10,13-16

Naquele tempo, 13traziam crianças para que Jesus as tocasse. Mas os discípulos as repreendiam. 14Vendo isso, Jesus se aborreceu e disse: “Deixai vir a mim as crianças. Não as proibais, porque o Reino de Deus é dos que são como elas. 15Em verdade vos digo: quem não receber o Reino de Deus como uma criança, não entrará nele”. 16Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos.

  Meditação.  


Deixem as crianças virem a mim. Não as proíbam, porque o Reino de Deus é dos que são como elas (Mc 10, 14)

Traziam crianças a Jesus. Quem teria levado crianças a Jesus? As crianças andavam com os pais, propriamente com as mães. Os meninos a partir de seis ou sete anos andavam sempre com os pais. As meninas estavam sempre ao lado das mães, até se casarem. Era assim o costume do povo de Jesus. Podemos concluir, então, que as crianças estavam acompanhadas dos seus pais. As mães, com os pequenininhos e as meninas e os pais, com os meninos a partir dos seis ou sete anos. E eles queriam que Jesus impusesse as mãos sobre os seus filhos e rezasse por eles.

Os discípulos reagiram. Começaram a afastar as crianças, a reclamar com os pais e a impedir que se aproximassem do Mestre. Essa atitude deles revela que eles não estavam entendendo o que Jesus andava explicando sobre o Reino de Deus. Ainda estavam na lógica do ‘quem-vale-é-o-adulto-o-grande-o-maior’. Jesus tinha dito que o Reino de Deus é das crianças. E de quem se parecer com elas. E tinha dito isso, outro dia, exatamente para corrigir os discípulos que estavam discutindo sobre quem seria o maior no Reino. Jesus tinha apresentado a criança como modelo dos cidadãos e cidadãs do Reino de Deus. No Reino de Deus, somos filhos na casa do Pai, não funcionários carreiristas; somos discípulos que aprendemos com Jesus, não fariseus fechados à revelação de Deus; somos filhos que confiamos no Pai, não adultos que confiam apenas em si mesmos. Se não formos como crianças – filhos que amam, aprendem, confiam – não temos parte no Reino.

O Reino de Deus é um presente do Pai para os seus filhos. E ninguém tem merecimento para recebê-lo. E a quem socialmente mostra-se sem condição ou pretensão de conquista-lo, é a esse que é dado o Reino. Assim são os pobres, os doentes, as crianças. O Reino é um dom do Pai para os seus filhos amados.

Jesus reclamou, com razão. ‘Não criem dificuldade para as crianças virem a mim, não as impeçam. O Reino de Deus é daqueles que são como elas”. E impôs as mãos sobre elas. Impor as mãos é um gesto de comunicação da bênção. No Evangelho, em muitas curas, Jesus impõe as mãos sobre os enfermos. Os apóstolos também aparecem impondo as mãos, ao curar os doentes. Impor as mãos é comunicar a bênção de Deus ou o dom do seu Espírito. Olha como está escrito: “Ele abraçava as crianças e as abençoava, impondo-lhes as mãos”.




Guardando a mensagem

Levaram crianças para Jesus abençoar. Criança é importante: é a mentalidade de Jesus. Criança atrapalha, pensavam os discípulos. Jesus pensava o Reino como uma grande Casa de família, onde Deus é Pai e nós todos somos filhos e irmãos. E, nesta grande família, é às crianças, aos doentes e aos idosos que se deve prestar mais atenção. Os discípulos pensam o Reino como uma instituição de poder, com uma elite mandando na maioria. Nessa mentalidade, gente pequena não vale, criança não conta. O Reino de Deus é das crianças e de quem se parece com elas, ensinou Jesus.

Deixem as crianças virem a mim. Não as proíbam, porque o Reino de Deus é dos que são como elas (Mc 10, 14)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
foi uma lição e tanto essa história da bênção das crianças. As mães e os pais das criancinhas saíram felizes, com a tua atitude acolhedora. Eles tinham ficado chocados com o jeito dos discípulos dificultarem e proibirem a aproximação dos pequeninos. É, Senhor, pai e mãe sabem como sua criança é importante, porque a amam. E foi isso que viram na tua atitude: perceberam o teu carinho, o teu amor por elas. Um Reino assim que dá valor a quem é pequeno como uma criança, vale a pena, eles pensaram. Eles e nós também. Senhor, nesse tempo de conflitos e guerras, em que se vê tanto sofrimento, manda tua santa bênção sobre as crianças e sobre suas famílias gravemente agredidas pela força da prepotência. Ajuda-nos, Senhor, a construir a paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Veja por aí se as crianças de sua família estão fazendo a catequese. Ajude os responsáveis a entenderem essa palavra de Jesus: “Deixem as crianças virem a mim”.

Comunicando

Neste ano, a Segunda Bíblica vai estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos. Temos muito a aprender com a história dos inícios da Igreja e com a figura maravilhosa de missionários como Pedro, Paulo, Barnabé, Lídia... Toda segunda-feira, oito e meia da noite, no Youtube. Segunda-feira, começam as inscrições. 



Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Um caminho de santidade chamado casamento.


  28 de fevereiro de 2025.  

Sexta-feira da 7ª Semana do Tempo Comum

  Evangelho.  


Mc 10,1-12

Naquele tempo, 1Jesus foi para o território da Judeia, do outro lado do rio Jordão. As multidões se reuniram de novo, em torno de Jesus. E ele, como de costume, as ensinava. 2Alguns fariseus se aproximaram de Jesus. Para pô-lo à prova, perguntaram se era permitido ao homem divorciar-se de sua mulher.3Jesus perguntou: “O que Moisés vos ordenou?” 4Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever uma certidão de divórcio e despedi-la”. 5Jesus então disse: “Foi por causa da dureza do vosso coração que Moisés vos escreveu este mandamento. 6No entanto, desde o começo da criação, Deus os fez homem e mulher. 7Por isso, o homem deixará seu pai e sua mãe e os dois serão uma só carne. 8Assim, já não são dois, mas uma só carne. 9Portanto, o que Deus uniu, o homem não separe!”
10Em casa, os discípulos fizeram, novamente, perguntas sobre o mesmo assunto. 11Jesus respondeu: “Quem se divorciar de sua mulher e casar com outra, cometerá adultério contra a primeira. 12E se a mulher se divorciar de seu marido e casar com outro, cometerá adultério”.

  Meditação.  


O que Deus uniu, o homem não separe (Mc 10, 9)

Jesus está ensinando ao povo. O que ele ensina? Ele descreve o Reino de Deus que já está acontecendo por sua presença, por suas palavras e por suas ações. Não se trata de uma lei a ser cumprida, mas de um amor a ser acolhido e amado. Jesus revela o Pai que ama o mundo e o envia para resgatá-lo. E o filho, que por amor aos seus, entrega a sua vida. O convite é que entremos nessa dinâmica de amor: amemos a Deus, amemos o próximo, imitemos o Pai que dá seu filho e o filho que dá sua vida. O amor é a lógica do Evangelho.

A obra de Jesus foi restaurar o projeto original de Deus. Nele, a humanidade decaída em Adão e Eva encontra a reconciliação, o perdão. E o ser humano redimido vai se identificando progressivamente com Cristo, pela fé, pelo batismo, pela prática da palavra. É ramo enxertado na videira. Para ele ou para ela, o matrimônio é uma vocação, um chamado de Deus, vivido como caminho de santidade. O casamento não é uma formalidade, um rito social. É a acolhida de um dom maravilhoso, da graça de Deus e do seu Espírito para realizar, na família, o amor de Deus pelo seu povo, o amor de Cristo por sua Igreja. No matrimônio, um se entrega ao outro. E nisso expressam e realizam o amor nupcial de Cristo e de sua Igreja. “Já não serão dois, mas uma só carne”. Os cônjuges realizam, em sua vida e em sua sexualidade, a unidade de Deus, a comunhão.

Mesmo mergulhados na ótica do amor de Deus, os casados continuam frágeis e sujeitos a quedas. Na sua fraqueza humana, são, no entanto, sustentados pela graça de Cristo e aplicam-se mutuamente o remédio do perdão. Na sua vida de casal e na família que formam exprimem o amor de Deus no cuidado um com o outro, no carinho com que se tratam, no cuidado mútuo, na comunhão de bens, na abertura à vida que chega como fecundidade do amor. O matrimônio cristão está no nível do amor do Reino de Deus, não no nível do simples cumprimento de leis. Participa da experiência do amor de Deus pela humanidade e de Cristo por sua Igreja. Por isso, é experiência de unidade (“já não dois, mas uma só carne”) e de fidelidade (não é um vínculo que se dissolve, que se desfaz).

O casamento é obra do Criador, que o concebeu como expressão de verdadeira comunhão. Jesus restaurou o projeto original de Deus em relação ao casamento. Mesmo que os casais do seu tempo encontrassem dificuldades e limites na vida a dois, Jesus confirmou o ensinamento da Escritura: a unidade (os dois serão uma só carne) e a indissolubilidade (o que Deus uniu, o homem não separe). Feliz o casal que chega a viver o seu matrimônio como expressão de amor e de obediência a Deus e ao seu projeto de felicidade e salvação!






Guardando a mensagem

Jesus elevou o casamento, obra divina, ao nível de sacramento, sinal visível do amor de Deus que se manifestou nele como salvação. Você é casado, é casada? Então, viva essa condição como verdadeira graça de Deus. Nos dias de hoje, há muita coisa que conspira contra o matrimônio. Mas, não se deixe seduzir pelo mal. Não assuma o pensamento do mundo sobre o casamento. Assimile o pensamento de Deus, como Jesus o exprimiu no seu evangelho. A vida a dois é exigente, porque pede esforço de superação do egoísmo, do individualismo; mas conta com o perdão e a graça de Deus para superar os pequenos e grandes desencontros.

O que Deus uniu, o homem não separe (Mc 10, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
abençoa os casais que estão enfrentando turbulências no seu casamento. Senhor, que eles possam beber da fonte do amor que és tu mesmo e em ti encontrar forças para perseverar no amor, exercitando a paciência e o perdão. Cura, Senhor, as chagas abertas pela infidelidade no matrimônio. Dá a graça da reconciliação, da restauração da vida matrimonial a tanta gente que se vê tocada pela tua graça. Abençoa, Senhor, com a bênção dos filhos, a união matrimonial dos casais jovens. Abençoa, com a bênção dos netos, os casais mais adultos. Repete no coração de todos que o casamento é santo, lugar de santificação e de união com Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Muita gente está enfrentando turbulências no seu casamento. Se for o seu caso, procure conversar com alguém que tenha uma caminhada de fé. Não dê ouvido a qualquer um. Se não for o seu caso, tudo bem. Quem sabe, hoje, não apareça uma oportunidade pra você ajudar alguém a pensar melhor o seu casamento!

Comunicando

Vamos concluir hoje, a inciativa da Récita do Terço Mariano, em rede de rádios, pela saúde do Santo Padre. Como nas noites anteriores, esta terceira noite vai contar com a presença de padres ligados às emissoras e fiéis de todo o país. O nosso terço mariano começa às 18 horas. Você pode acompanhar também, no seu celular, pelo Youtube ou pela Rádio Amanhecer.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

O meu olho me leva a pecar.



  27 de fevereiro de 2025.  

  Quinta-feira da 7a. Semana do Tempo Comum.  


   Evangelho.  


Mc 9,41-50

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 41Quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa. 42E se alguém escandalizar um desses pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! 44É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga. 45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! 46É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno. 47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48"onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”. 49Pois todos hão de ser salgados pelo fogo. 50Coisa boa é o sal. Mas se o sal se tornar insosso, com que lhe restituireis o tempero? Tende, pois, sal em vós mesmos e vivei em paz uns com os outros.

  Meditação.  


Se tua mão te leva a pecar, corta-a! (Mc 9, 44)

Você, com certeza, conhece alguém que diante de uma mesa farta, priva-se de pratos deliciosos: uma lasanha quentinha, uma suculenta picanha saída do forno, um saboroso bolo de chocolate. ‘Mas, por quê? você não está de dieta!... um pedacinho só não faz mal!’ Essa pessoa que você conhece, que está se impondo esse sacrifício, está salivando, coitada, e precisa de muita força de vontade para não ceder a essa palatável tentação. Ela pode estar lutando contra um sobrepeso ou mesmo a obesidade. Pode estar em tratamento do fígado, sobrecarregado de gorduras de muitos anos de alimentação inadequada. Ou mesmo precisando conter as taxas de açúcar no sangue, que estão beirando a diabetes. Essa pessoa está renunciando pratos deliciosos para preservar a sua saúde.

Jesus poderia ter aumentado a sua lista no evangelho e dito: “Se a tua língua te leva a pecar, corta-a!”. O exemplo dessa pessoa explicaria o seu ensinamento. Não se trataria de cortar a língua, claro, mas de renunciar àquela alimentação que seria prejudicial à sua saúde. Para o seu bem, ela se priva de uma saborosa refeição, de pratos apetitosos. Escolhe alimentos mais leves naquela mesa, até menos saborosos. Esse alguém está, por assim dizer, cortando a sua língua, mortificando o seu paladar. Nesse sentido, Jesus disse: “Se tua mão te leva a pecar, corta-a! Se teu pé te leva a pecar, corta-o! Se teu olho te leva a pecar, arranca-o”.

O que a mão representa? A mão representa a ação, os nossos atos. A mão escreve, aponta, aplaude, esconde, atira, apanha, acaricia, fecha ou abre a porta... A mão representa as ações que nós fazemos, o trabalho que realizamos, a capacidade de construir que nós temos. Minhas ações podem ser construtivas, positivas, mas também podem ser negativas, destruidoras. Se uma ação me afasta do caminho de Deus, não condiz com minha dignidade, ofende o outro, é melhor eu renunciar a ela. Deixar de fazê-la. Assim, eu estarei cortando minha mão, renunciando uma ação que eu posso fazer, mas que pode me prejudicar.

O que o pé representa? O pé representa o caminho, as nossas escolhas. O pé me permite andar, correr, deslocar-me para outros lugares, abandonar, viajar, visitar, peregrinar, imigrar... coisas boas e coisas ruins. Andar por lugares indecentes não bate com minha condição de filho de Deus. Evadir-me de uma responsabilidade, dar no pé, não convém a um seguidor de Cristo. Há coisas do pé que é preciso renunciar. É como se eu cortasse esse membro. Renuncio a atitudes, comportamentos que serão prejudiciais à minha vida de fé. É melhor entrar na vida com um pé só – pois renunciei a algum mau caminho – do que com os dois ficar do lado de fora.

O que o olho representa? O olho representa a visão, os nossos projetos. O olho tem a ver com minha capacidade de observar, enxergar, admirar, pesquisar, comparar, investigar, antever, mas também cobiçar, humilhar, erotizar, intimidar... Nem tudo eu devo ver. Há imagens, vídeos, filmes que preciso renunciar, para não me expor à tentação. Há modos de ver o mundo que não condizem com a escolha que fiz do evangelho. Renunciar a isso é como arrancar-me um olho. Pois é melhor me salvar com um olho só, do com que com os dois não ser admitido na casa dos justos.




Guardando a mensagem

Em nossa fraqueza, muitas vezes cedemos à tentação da lasanha, da picanha, do bolo de chocolate. Nem medimos as consequências de nossos atos (a mão), de nossas escolhas (o pé), de nossos projetos (os olhos). A palavra do apóstolo nos anima a permanecer alertas, em guarda: "Tudo me é permitido, mas nem tudo convém” (1 Cor 6, 12). O ensinamento sobre cortar a mão (renunciar a ações negativas), cortar o pé (deixar um caminho errado, fazer escolhas difíceis), arrancar o olho (corrigir minha visão, meus projetos) é quase uma explicação do que Jesus disse: “Quem quiser ser meu discípulo, renuncie a si mesmo, tome sua cruz cada dia e me siga”. O caminho do Senhor comporta escolhas e renúncias.

Se tua mão te leva a pecar, corta-a! (Mc 9, 44)

Vivendo a palavra

Hoje, às 11 horas, como todas as quintas-feiras, temos a Santa Missa, rezando pelos ouvintes e associados. Mais uma oportunidade para você ouvir uma explicação do evangelho de hoje. Para a Santa Missa, ponha a sua intenção no formulário ou mande pelo WhatsApp 81 3224-9284.

Comunicando

Ontem, às 18 horas, rezamos o terço mariano pela saúde do Papa Francisco. O terço foi transmitido, em rede, por 17 emissoras de rádio, em diversos estados. Vamos fazer isso por 3 vezes. Rezaremos, então, também hoje e amanhã, no mesmo horário. Não havendo rádio que nos transmitida em sua cidade, acompanhe pela Rádio Amanhecer. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Viver com tolerância.


  26 de fevereiro de 2025.  

Quarta-feira da 7º Semana do Tempo Comum

   Evangelho   


Mc 9,38-40

Naquele tempo, 38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”. 39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor”.

   Meditação.   


Quem não é contra nós é a nossa favor (Mc 9, 40)

Jesus libertava as pessoas da dominação, expulsava demônios. Expulsar demônios era uma forma de tornar visível a presença do Reino de Deus como libertação de todas as forças de opressão. Os discípulos também deviam fazer isso, em nome de Jesus. E com certeza, o faziam. Recentemente, por exemplo, vimos que eles não conseguiram expulsar o espírito mudo de um menino.

No texto de hoje, os discípulos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Jesus. ‘O quê? Em nome de Jesus? Não pode! Nós que andamos com Jesus, nós é que estamos autorizados a invocar a força do seu nome para expulsar demônios. Ninguém mais’. Foram lá e interferiram. Proibiram o sujeito de expulsar demônios no nome de Jesus.

Pensando no sentido desse texto, a gente identifica logo com assunto de religião, e com razão. Mas, podemos pensar com maior abrangência. Pensemos, por exemplo, na educação, no comércio, na prestação de serviços. Sempre encontramos alguém que está fazendo mais ou menos o que estamos nos propondo a fazer, está atuando na nossa mesma área. E o tomamos logo por inimigo, não é verdade? A sociedade do mercado em que vivemos nos diz logo que se trata de um concorrente que vai nos arruinar. E ‘concorrente’ é um inimigo do qual temos que tomar distância e vigiar atentamente seus movimentos.

A resposta de Jesus foi admirável. Ele censurou os discípulos por terem proibido a pessoa de expulsar demônios em seu nome. E disse a razão: “se essa pessoa faz milagres em meu nome, não vai depois falar mal de mim”. E concluiu: “Quem não é contra nós é a nosso favor”.

Jesus nos encarregou de fazer um bocado de coisa, não foi? Mandou a gente anunciar o evangelho a toda criatura. Mandou batizar e ensinar. Mandou perdoar os pecados dos irmãos também. De repente, a gente se dá conta que há outros fazendo isso e não são da nossa Igreja, não estão sob o comando de nossas lideranças. A nossa reação pode ser igualzinha a de João e seus colegas: desautorizar, impedir, bloquear sua atuação, no quanto possível.

O ensinamento do Mestre é claro. Jesus não é propriedade nossa. Outros podem ter acesso a ele. O evangelho não é exclusividade de meu grupo religioso, de minha igreja. Se quem está agindo em seu nome, fora de nossos quadros, estiver agindo com desonestidade ou má intenção, Deus lá o julgue. Se forem verdadeiros os seus propósitos, se estiver procurando a comunhão com Cristo, poderá também ser dócil e obediente aos seus desígnios. E mais cedo ou mais tarde pode até se entender conosco. Jesus mesmo disse que tinha outras ovelhas que não eram daquele aprisco. E já avisou que haverá um só rebanho e um só pastor.




Guardando a mensagem

Sabe de uma coisa? Vá treinando para ser tolerante como Jesus. Não tome por adversário, por inimigo, quem está empreendendo no comércio ao seu lado, ou na sua área de atuação na saúde ou na educação, ou mesmo na evangelização. Comece dentro de casa a ser paciente e tolerante com quem não reza na sua mesma cartilha. Veja lá se você não tem o que aprender com ele ou com ela. Aproveite para viver com mais autenticidade e fidelidade as suas opções. E prepare o seu coração, pois quem sabe você possa, em breve, contar com um novo parceiro no caminho do Reino. Aprenda a viver sua fé com tolerância, com respeito às opções dos outros, com abertura para o ecumenismo e o diálogo religioso.

Quem não é contra nós é a nossa favor (Mc 9, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a tolerância sempre foi uma virtude necessária para uma convivência pacífica e respeitosa. Hoje, com a globalização e o pluralismo, tornou-se ainda mais importante. Tolerância é o contrário do exclusivismo, do bairrismo, do fanatismo. Admiramos a tua tolerância, Senhor. Ensinaste que “quem é não é contra nós, é a nosso favor”. Ensina-nos a viver com seriedade nossa vida cristã e a não nos sentirmos ameaçados por outras opções religiosas. Que tenhamos um coração respeitoso e tolerante, como o teu, que nos permita uma aproximação maior de outros grupos religiosos, com quem possamos até participar juntos na construção de um mundo melhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Pense, hoje, nas palavras de Jesus: "Tenho ainda outras ovelhas que não são deste aprisco; também a essas devo conduzir, e elas ouvirão a minha voz; e haverá um só rebanho e um só pastor" (Jo 10,16).

Comunicando

Tenho um convite pra você. Hoje, vamos rezar o terço mariano na intenção do Papa Francisco. Estaremos em cadeia com diversas emissoras de rádio, às 18 horas, com transmissão também pelo YouTube. Pra você acompanhar pelo seu celular, vá na lojinha de aplicativos do seu telefone (seja androide ou IOS) e baixe "Rádio Amanhecer". Baixe agora mesmo. Você vai gostar.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Carreira ou Caminho?


25 de fevereiro de 2025

  Terça-feira da 7ª Semana do Tempo Comum.  



  Evangelho. 


 Mc 9,30-37

Naquele tempo, 30Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia. Ele não queria que ninguém soubesse disso, 31pois estava ensinando a seus discípulos. E dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens, e eles o matarão, mas, três dias após sua morte, ele ressuscitará”.
32Os discípulos, porém, não compreendiam estas palavras e tinham medo de perguntar. 33Eles chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” 34Eles, porém, ficaram calados, pois pelo caminho tinham discutido quem era o maior.
35Jesus sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos!” 36Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles, e abraçando-a disse: 37“Quem acolher em meu nome uma dessas crianças, é a mim que estará acolhendo. E quem me acolher, está acolhendo, não a mim, mas aquele que me enviou”.



  Meditação.  


O que voc
ês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)

Jesus estava se dedicando à formação dos seus discípulos. Depois de um tempo de muita efervescência, ele foi se afastando daquelas multidões que viviam atrás dele. Era importante preparar os discípulos para os próximos acontecimentos. E para continuarem a missão, depois que ele se 
fosse. É muito importante perceber esse investimento de Jesus em tempo, atenção e formação das lideranças do seu movimento.

Mas, a perspectiva de Jesus não está sendo compreendida pelos discípulos, naquele momento. Jesus está pensando na sua entrega total, como servidor. Ele se explica dizendo que será entregue, será morto e ressuscitará ao terceiro dia. O auge do seu caminho será a morte e a ressurreição.

Os discípulos estão num pensamento muito diferente do de Jesus. Estão pensando em cargos, em privilégios. O auge do seu caminho não é a morte, a entrega total. O auge do seu caminho é a ascensão ao poder. No caminho, eles estão discutindo sobre quem será o maior, quem terá cargos mais prestigiados e maior participação no poder. Jesus quer ser o menor. Eles disputam sobre quem será o maior. Jesus está fazendo um caminho. Eles querem fazer carreira, não um caminho.

Essa incompreensão dos discípulos, alimentando um projeto bem diferente do de Jesus, fica clara nas palavras que aparecem no texto: eles não compreendiam, tinham medo de perguntar, ficaram calados quando Jesus perguntou sobre o que estavam conversando no caminho.

O evangelista informa que Jesus se sentou (sinal de que iria ensinar, sentado era a posição do Mestre). Sentou-se, chamou os doze e lhes disse: 
“Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos”Foi quando Jesus pôs uma criança no meio deles e a abraçou. E disse que quem a recebesse em seu nome, o estaria acolhendo.

Além do sentido habitual que já damos a esse episódio, podemos pensar também que acolher Jesus como se acolhe uma criança é aproximar-se dele, desinteressadamente. Nós sempre nos aproximamos dele interessados em alguma coisa. Acolher Jesus é identificar-se com ele, partilhar o seu sonho e o seu compromisso de serviço até à entrega da própria vida.





Guardando a mensagem

Nós, discípulos de hoje, continuamos a pensar e agir como os primeiros discípulos de Jesus. É que estamos mais facilmente de acordo com o espírito do mundo do que com o espírito do evangelho. Nas famílias, nas comunidades, na Igreja, estamos sempre disputando cargos, procurando os privilégios do poder ou alimentando essas disputas em nosso meio. Jesus se colocou, entre nós, como servidor. O seu caminho foi o do serviço, até a entrega de sua vida. Como seus discípulos, nossa vocação é o serviço. Somos servos uns dos outros, não senhores. É assim que devemos acolher Jesus, como servo. É assim que precisamos imitá-lo, como servidores.

O que vocês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós entendemos bem o que se passava na cabeça daquele teu primeiro grupo de seguidores. Nós vivemos tentados da mesma forma. O poder nos encanta. Não somente queremos ser os tais, mas nos sentimos atraídos por quem é, humanamente, grande e poderoso. Valorizamos, em primeiro lugar, os cargos prestigiados na sociedade e na Igreja. E desprezamos as profissões aparentemente humildes, as funções aos nossos olhos mais simples. Tens que ter muita paciência conosco, Senhor. Nem sempre te acolhemos como servidor, preferimos te aplaudir como rei e dominador. E assim, nos dispensamos de seguir o teu caminho de serviço e entrega amorosa até o fim. Que a tua palavra hoje soe como um forte convite à nossa conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Nestes dias tão críticos da saúde do nosso Papa Francisco, além de rezar por ele, preste atenção no jeito dele exercer o seu ministério de pastor universal. Parece que ele aprendeu bem as lições que Jesus ensinou aos seus discípulos, no evangelho de hoje.  

Comunicando

Neste ano, a Segunda Bíblica vai estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos. Temos muito a aprender com a história dos inícios da Igreja e com a figura maravilhosa de missionários como Pedro, Paulo, Barnabé... Toda segunda-feira, oito e meia da noite, no Youtube. Passado o retiro de carnaval, a gente começa as inscrições. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

A fé abre as portas para a ação de Deus



  24 de fevereiro de 2025.  

Segunda-feira da 7ª Semana do Tempo Comum



 Evangelho.  


Mc 9,14-29

Naquele tempo, 14descendo Jesus do monte com Pedro, Tiago e João e chegando perto dos outros discípulos, viram que estavam rodeados por uma grande multidão. Alguns mestres da Lei estavam discutindo com eles.
15Logo que a multidão viu Jesus, ficou surpresa e correu para saudá-lo. 16Jesus perguntou aos discípulos: “Que discutis com eles?” 17Alguém na multidão respondeu: “Mestre, eu trouxe a ti meu filho que tem um espírito mudo. 18Cada vez que o espírito o ataca, joga-o no chão e ele começa a espumar, range os dentes e fica completamente rijo. Eu pedi aos teus discípulos para expulsarem o espírito, mas eles não conseguiram”.
19Jesus disse: Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando terei de suportar-vos? Trazei aqui o menino”. 20E levaram-lhe o menino. Quando o espírito viu Jesus, sacudiu violentamente o menino, que caiu no chão e começou a rolar e a espumar pela boca.
21Jesus perguntou ao pai: “Desde quando ele está assim?” O pai respondeu: “Desde criança. 22E muitas vezes, o espírito já o lançou no fogo e na água para matá-lo. Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”.
23Jesus disse: “Se podes!... Tudo é possível para quem tem fé”. 24O pai do menino disse em alta voz: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé”. 25Jesus viu que a multidão acorria para junto dele. Então ordenou ao espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno que saias do menino e nunca mais entres nele”.
26O espírito sacudiu o menino com violência, deu um grito e saiu. O menino ficou como morto, e por isso todos diziam: “Ele morreu!” 27Mas Jesus pegou a mão do menino, levantou-o e o menino ficou de pé.
28Depois que Jesus entrou em casa, os discípulos lhe perguntaram a sós: “Por que nós não conseguimos expulsar o espírito?” 29Jesus respondeu: “Essa espécie de demônios não pode ser expulsa de nenhum modo, a não ser pela oração”.


  Meditação.  


Tudo é possível para quem tem fé (Mc 9, 23 )

Quando Jesus desceu o monte com três discípulos, naquele dia da transfiguração, encontrou os outros discípulos no meio de uma grande confusão. Muita gente ao redor deles e uma discussão sem fim com os fariseus. Jesus perguntou: ‘Que confusão é essa?’ E alguém do meio do povo explicou: ‘Mestre, eu trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando dá uma crise, ele cai no chão, começa a espumar, range os dentes’. Aí Jesus entendeu o que estava acontecendo: O pai trouxe o filho para os discípulos expulsarem o espírito e eles não o conseguiram. Jesus mandou trazer o menino e ali mesmo o garoto começou a ter uma crise. O pai informou a Jesus que ele tinha aquilo desde pequeno. Claro, eles sempre pensavam que fosse um espírito. Não se tinha conhecimento da epilepsia. Aí o pai contou que ele já passara de morrer afogado ou queimado várias vezes, coitado. No meio daquela crise, o menino se debatendo, o pai desesperado disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e ajuda-nos”. “Se podes?!... comentou Jesus. Tudo é possível para quem tem fé”. Acho que Jesus ficou meio chateado. “Se podes fazer alguma coisa?!”. O pai pediu desculpas: “Eu tenho fé, mas ajuda a minha falta de fé!”.

Pode reparar que, em todo milagre de Jesus, ele elogia a fé da pessoa. “A tua fé te salvou”, disse àquela mulher que tocou nas suas vestes. Em Nazaré, sua terra, foi dito que ele não fez ali muita coisa, porque eles não tinham fé. Fé é a abertura do coração para a ação de Deus em nossa vida. É a confiança que depositamos no Senhor. E aquele pai, coitado, tinha fé, mas reconhecia que era pouca. Jesus deu ordem ao espírito mudo e o menino foi libertado. Mais tarde, os discípulos quiseram saber porque eles não conseguiram expulsar o espírito. “Esse tipo só se expulsa pela oração”, disse Jesus.

Esse “Se podes” ficou na sua cabeça, não foi? Chato, aquilo. “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade de nós e nos ajuda”. Talvez esse seja o sentimento de muitas pessoas hoje, o que acha? Há quem faça um pedido a Deus sem confiança suficiente nele, sem fé. Pede, mas não tem convicção que o Senhor tem poder para isso, ou que ele vá se interessar por sua causa. Pede, mas, realmente, não espera que Deus o atenda. Tem gente assim, claro que tem. Há quem apele pra um e pra outro, e bata também na porta de Deus, como mais uma tentativa. Esse tipo também demonstra pouca fé, pouca confiança. Desse jeito, sem fé, dificilmente será atendido.

A resposta de Jesus foi forte: “Se podes?! Tudo é possível para quem tem fé”. A Virgem Maria já tinha ouvido uma palavra semelhante. Foi o anjo Gabriel quem lhe disse: “Para Deus, nada é impossível” citando o exemplo de sua prima Izabel, idosa e estéril. Para Deus, nada é impossível!

A fé, com certeza, não é só confiança em Deus. No evangelho de São João, Jesus fala da união com ele como condição para ser atendido pelo Pai. “Se permaneceres em mim, tudo o que pedires ao Pai, ele te concederá”. Então, a fé tem a ver com a nossa união com Jesus, que está tão bem representada no ramo unido à videira. Permanecer em Jesus é estar em comunhão com ele, comunhão de amor, que nos faz realizar a sua palavra de maneira quase natural. Estou pensando no ramo que, mesmo sendo um ramo enxertado, une-se de tal forma à videira, identificando-se com ela, que realiza naturalmente a vocação da videira: dar fruto, produzir uva. Estando assim unidos a Cristo, o que pedirmos ao Pai, em nome de Jesus, ele nos concede.

Se estamos unidos a Cristo, não duvidaremos do que Deus pode fazer, em nome de Jesus, seu filho. Neste sentido, a história da mulher que tocou na roupa de Jesus reforça essa compreensão. Ela não precisou nem falar com Jesus. Estava unida a Jesus pela fé. Jesus elogiou a sua fé.

 


Guardando a mensagem

O pai aflito que estava pedindo a cura do seu filho disse a Jesus: “Se podes fazer alguma coisa, tem piedade e nos socorre”. Sem fé, não se alcança o favor de Deus. A fé nos liga a Jesus no amor, na confiança e na realização da vontade de Deus. Deus vem em nosso socorro porque nos ama como filhos, nós que estamos unidos a Cristo. Não cabe dúvida, desconfiança ou mesmo uma relação comercial com o Senhor. A fé abre as portas de nossa vida para acolher a obra do nosso Deus.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
são tantas as nossas necessidades, os dramas que nos envolvem, que precisamos continuamente da tua proteção, da tua graça, do teu favor. Dá-nos, Senhor, que não nos portemos como requerentes estranhos e desconfiados, mas discípulos unidos a ti pela fé, pelo amor, pela docilidade à vontade do Pai. Assim, no que pedirmos ao Pai, em teu nome, seremos atendidos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, escreva sua oração a Jesus, pedindo-lhe para aumentar a sua fé.

Comunicando

Diante da crítica situação de saúde do nosso Papa Francisco, estejamos todos em oração, neste início de semana. 

Senhor Deus,
vosso servo, o Papa Francisco,
tornou-se para nós “testemunha dos sofrimentos de Cristo”.
Nós vos suplicamos,
vinde em seu auxílio,
aliviando suas dores,
na esperança da pronta recuperação da sua saúde,
para continuar nos confirmando na fé.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Meus inimigos: odiar ou amar?


   23 de fevereiro de 2025   

7º Domingo do Tempo Comum

   Evangelho   


Lc 6,27-38

Naquele tempo, falou Jesus aos seus discípulos: 27“A vós que me escutais, eu digo: Amai os vossos inimigos e fazei o bem aos que vos odeiam, 28bendizei os que vos amaldiçoam, e rezai por aqueles que vos caluniam. 29Se alguém te der uma bofetada numa face, oferece também a outra. Se alguém te tomar o manto, deixa-o levar também a túnica.30Dá a quem te pedir e, se alguém tirar o que é teu, não peças que o devolva. 31O que vós desejais que os outros vos façam, fazei-o também vós a eles. 32Se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Até os pecadores amam aqueles que os amam. 33E se fazeis o bem somente aos que vos fazem o bem, que recompensa tereis? Até os pecadores fazem assim. 34E se emprestais somente àqueles de quem esperais receber, que recompensa tereis? Até os pecadores emprestam aos pecadores, para receber de volta a mesma quantia. 35Ao contrário, amai os vossos inimigos, fazei o bem e emprestai sem esperar coisa alguma em troca. Então, a vossa recompensa será grande, e sereis filhos do Altíssimo, porque Deus é bondoso também para com os ingratos e os maus.36Sede misericordiosos, como também o vosso Pai é misericordioso. 37Não julgueis e não sereis julgados; não condeneis e não sereis condenados; perdoai, e sereis perdoados. 38Dai e vos será dado. Uma boa medida, calcada, sacudida, transbordante será posta no vosso colo; porque com a mesma medida com que medirdes os outros, vós também sereis medidos”.


   Meditação 

Amem os seus inimigos. Façam o bem aos que odeiam vocês (Lc 6, 27)

Prepare o seu coração. Jesus nos mandou amar os inimigos. Essa atitude cristã supera o comportamento humano digamos “normal” que seria amar os amigos e odiar os inimigos. Viver na fé em Jesus Cristo nos faz superar essa posição.

Ter raiva é uma coisa natural. Deixar que a raiva tome conta da gente, aí é que não dá. Permitir que a raiva se transforme em rancor, ódio e nos cegue em nossas atitudes, aí não. Segundo o ensinamento de Jesus, o melhor caminho é acalmar o coração e tentar ver em quem nos ofende ou nos agride um irmão, uma pessoa que está equivocada, mas continua a merecer nossa consideração. Não responder-lhe na mesma medida, não desejar-lhe o mal, antes preservar sua boa imagem, querer o seu bem, rezar por ele ou por ela. É o que Jesus está nos dizendo neste evangelho de hoje.

Amar o próximo é o mandamento. Amar a Deus e amar o próximo. E quando o próximo é o nosso inimigo ou a nossa inimiga, aí a coisa se complica. Amem os seus inimigos, Jesus mandou. Esse é o caminho da perfeição, amar os inimigos. E fazemos assim, porque Deus faz assim. Disse Jesus: “Assim vocês serão filhos do Altíssimo, porque ele é bom para com os ingratos e maus”. O Pai é o modelo para o filho. O nosso Pai trata bem os maus, porque ele é pai de todos e a todos ama. Como filhos, nós o imitamos.

O dom da filiação divina, nós o recebemos no batismo, por meio do Espírito Santo. Somos filhos de Deus. Mas, Jesus está nos dizendo “assim vocês serão filhos do Altíssimo”. Então, mesmo tendo recebido a graça de sermos filhos de Deus, precisamos aprender a agir como ele, neste caso, amando os nossos inimigos. Na carta aos Hebreus, a esse propósito, há uma passagem interessante sobre Jesus que aprendeu a ser um filho obediente. “Embora sendo Filho, aprendeu a obediência pelas coisas que sofreu”. (Hebreus 5,8). Pelo sofrimento, Jesus aprendeu a obediência de filho. Jesus é o maior exemplo. Na cruz, humilhado, traído, torturado só pediu ao Pai que perdoasse seus algozes, porque, disse ele, “eles não sabem o que fazem”. Rezou por eles. Também por eles, deu a vida.

Jesus está chamando a nossa atenção para o diferencial do cristão. Não agir como os pagãos ou pessoas reconhecidamente longe de Deus. Eles amam os seus amigos, tratam bem os seus iguais. Aos inimigos, eles pisam, maltratam, prejudicam. E acham tudo normal. Nós não podemos agir assim. Temos que imitar o Pai. Temos que imitar Jesus. Amar os inimigos, rezar pelos que nos perseguem, fazer o bem a quem nos maltrata.




Guardando a mensagem

Jesus nos mandou amar os inimigos, fazer o bem a quem nos odeia. E nos deu como modelo o Pai, o nosso Deus. O próprio Jesus é nosso espelho. Imitando Jesus, amamos a todos, queremos o bem de todos e, quando perseguidos, injuriados ou difamados, lutamos para não guardar mágoa, nem alimentar ódio em nosso coração. Antes, rezamos por quem nos faz o mal e queremos o bem de quem nos ofende. É nesse espírito que enfrentamos a defesa dos nossos direitos e a busca da verdade. Sem ódio no coração.

Amem os seus inimigos. Façam o bem aos que odeiam vocês (Lc 6, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
está aí uma coisa difícil: amar os inimigos. Mas, esse é o jeito certo do cristão ser, para parecer contigo, para ter os teus mesmos sentimentos, como nos aconselhou o apóstolo Paulo. Ajuda-nos, Senhor, a tirar do nosso coração todo sentimento de rancor, de ódio, de vingança. Ajuda-nos a cultivar o amor cristão que vê no outro, mesmo no inimigo, um irmão ou uma irmã que precisa encontrar o caminho do bem. Abençoa, Senhor, os que nos fazem o mal. Eles também precisam encontrar a graça da conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Identifique, hoje, na sua história de vida, alguém que lhe tenha feito muito mal. Fale com Jesus, em sua oração, pedindo-lhe forças para perdoar essa pessoa.

Comunicando

Compartilhar é evangelizar. Quando você compartilha a Meditação da Palavra do Senhor, as pessoas que a recebem entendem que você a está recomendando como algo que você estima e valoriza. Então, compartilhar é também oferecer um testemunho de amor a Cristo e à sua Palavra. Assim, compartilhe, mas com regularidade e com zelo de pastor que alimenta o seu rebanho.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


A cadeira do Mestre.


   22 de Fevereiro de 2025  

Festa da Cátedra de São Pedro

   Evangelho.  


Mt 16,13-19

Naquele tempo, 13Jesus foi à região de Cesaréia de Filipe e ali perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” 14Eles responderam: “Alguns dizem que é João Batista; outros que é Elias; outros ainda, que é Jeremias ou algum dos profetas”. 15Então Jesus lhes perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” 16Simão Pedro respondeu: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”.
17Respondendo, Jesus lhe disse: “Feliz és tu, Simão, filho de Jonas, porque não foi um ser humano que te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. 18Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la. 19Eu te darei as chaves do Reino dos Céus: tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus”.

MEDITAÇÃO


Sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16, 18)

Hoje, festejamos a Cátedra de São Pedro.

Bem no início do cristianismo, foram se formando comunidades por todo o império romano. Havia uma florescente comunidade em Roma também. Naquele tempo, as comunidades se reuniam nas casas. Na carta de Paulo aos romanos se fala de um casal que reunia a comunidade em sua casa: Áquila e Prisca (Rm 16). O apóstolo Pedro, estando em Roma, participava das reuniões da comunidade, pregava, celebrava na casa deste casal, a casa da comunidade. Havia, ali, uma cadeira reservada ao apóstolo Pedro. Mesmo que ele não estivesse presente, todos, ao ver aquela cadeira, se recordavam dele. Sentado nela, ele ensinava aos irmãos a fé em Cristo. Esta cadeira, hoje muito enfeitada, está em um dos altares da Basílica de São Pedro, no Vaticano. É a Cátedra de São Pedro. Cátedra é a cadeira de quem ensina, a cadeira do mestre. Olhando para a cadeira de Pedro, lembramos o seu ministério de ensinar e testemunhar a fé em Cristo Jesus.

É oportuno recordar, hoje, o que o Concílio Vaticano II escreveu na Constituição Lumen Gentium: “Jesus Cristo, pastor eterno, edificou a Igreja tendo enviado os Apóstolos como Ele fora enviado pelo Pai; e quis que os sucessores deles, os Bispos, fossem pastores na Sua Igreja até o fim dos tempos. Mas, para que o mesmo episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão” (37). A festa da Cátedra de Pedro celebra esse ministério de unidade de fé e comunhão do apóstolo Pedro.

No evangelho de hoje, Jesus fez uma pergunta muita séria aos discípulos: ‘E vocês, o que dizem que eu sou?’ Simão Pedro respondeu em nome do grupo: “Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo”. Jesus o elogiou: ‘foi o Pai que te disse isso. Feliz és tu!’ Quem é o Filho, só o Pai sabe e aquele a quem o Pai o revela.

O que Pedro disse resume a fé de todos os que encontraram Jesus e acolheram sua Palavra. Jesus é o enviado de Deus, o prometido a Israel, o Messias. Mais: esse enviado, o Messias, é o Filho do Deus vivo. É uma confissão de fé na divindade de Jesus, ele é Deus com o seu Pai. Jesus ficou muito satisfeito com essa resposta. É nessa fé que ele edifica a comunidade que dá continuidade ao seu ministério nesse mundo. “Sobre esta Pedra, construirei a minha Igreja. E o poder do inferno nunca poderá vencê-la”. A fé confessada por Pedro é a pedra sobre a qual Jesus edifica a Igreja. A pedra é também a pessoa de Pedro, o discípulo que confessou a fé em Jesus-Messias-filho de Deus.




Guardando a mensagem

Nos alicerces de nossa vida cristã, está essa confissão de fé: cremos em Jesus, o filho do Deus vivo, enviado pelo Pai para nossa salvação. Jesus edificou a sua Igreja sobre a rocha firme dessa fé confessada por Pedro (Catecismo da Igreja Católica 424). Hoje é um dia especial para renovarmos a confissão de fé em Jesus. Cremos em Cristo Jesus, e o seguimos como discípulos e discípulas. Somos chamados a colocar Cristo no centro de nossa vida. Ele é o nosso pastor, nosso guia. Cremos na Igreja que ele edificou sobre a fé de Pedro. Sejamos, cada vez mais, filhos amorosos e obedientes da Igreja.

Sobre esta pedra construirei a minha Igreja (Mt 16, 18)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
somos a tua Igreja fundada sobre a fé proclamada por Pedro. Dá a todos nós batizados nesta fé a graça da unidade. Abençoa os pastores que dirigem a tua Igreja, em continuidade histórica e doutrinária com os teus primeiros apóstolos, dando-lhes discernimento e sabedoria. Livra-nos de embarcar na atual onda de críticas e suspeitas contra nossos bispos e contra o Santo Padre. São forças reacionárias semeando desunião e divisão na tua Igreja. Abençoa o Papa Francisco e assiste-o com o teu Santo Espírito, nesta sagrada missão de conduzir todo o rebanho, na unidade da fé. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça, hoje, uma prece especial pelo Santo Padre que preside, na caridade, a Igreja de Cristo. Ele está sempre nos pedindo que rezemos por ele.

Comunicando

Depois do Retiro de Carnaval, vamos recomeçar a nossa Segunda Bíblica, o estudo semanal do livro santo. Neste ano, vamos estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos. Seria muito bom você participar do nosso estudo, pelo Youtube.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O quê realmente vale a pena.




21 de fevereiro de 2025.


Sexta-feira da 6ª Semana do Tempo Comum


Evangelho.


Mc 8,34-9,1


Naquele tempo, 34chamou Jesus a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois quem quiser salvar a sua vida vai perdê-la; mas quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho vai salvá-la.

36Com efeito, de que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? 37E o que poderia o homem dar em troca da própria vida? 38Se alguém se envergonhar de mim e das minhas palavras diante dessa geração adúltera e pecadora, também o Filho do Homem se envergonhará dele quando vier na glória do seu Pai com seus santos anjos”.

9,1Disse-lhes Jesus: “Em verdade vos digo, alguns dos que aqui estão não morrerão sem antes terem visto o Reino de Deus chegar com poder”.


Meditação.


De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? (Mc 8, 36)


O chamado de Jesus é para que o sigamos. “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”. Começa-se por renunciar a si mesmo, já não ser mais o centro e a medida de tudo. Trata-se de você acolher Jesus como guia de sua existência, escolhendo o seu caminho. Caminhar com ele, nos caminhos dele. Não andar atrás de outro que não seja Jesus, nem ficar dando voltas em torno de si mesmo. Renunciar a ser o centro de sua própria vida. E carregar a própria cruz: o peso de suas responsabilidades, as dificuldades e os problemas que lhe tocam. Não fugir dos problemas próprios da existência. E não deixar que eles nos desviem do caminho do Mestre. Somos seguidores dele. Ele nos leva ao Pai. É para lá que a gente está indo. Com ele.


O que no final vai mesmo valer a pena? No fim do caminho, estaremos frente à frente com Deus ou teremos nos desviado tanto dele durante a vida, que poderemos estar irremediavelmente distantes, perdidos. É uma possibilidade, porque Deus nos criou dotados de liberdade.


É que a gente corre tanto, desgasta-se na luta pela sobrevivência, procurando dar conta das responsabilidades inerentes à existência humana (ou dos fardos que arrumamos por nossa conta pra carregar)... Corremos tanto que podemos até esquecer para onde nós estamos indo. Deus não nos chamou à vida apenas para passar de fase: ser criança, jovem, adulto, velho... velho não, idoso. E terminar o nosso tempo bem velhinhos. Deus tem um projeto maior, mais nobre: chegarmos à plenitude e à felicidade de filhos, herdeiros de sua glória. Essa é a meta.


Como é triste vermos uma pessoa viver agarrada exclusivamente às coisas desta terra, coisas que passam, que ninguém leva quando morre. É claro, a gente tem que lutar, tem que se empenhar pra ter as coisas, para melhorar a própria qualidade de vida. Mas, aqui não é tudo, nem isso é o mais importante. Deus é que é o nosso endereço, a nossa meta. Estamos aqui vivendo, por iniciativa dele. Saímos dele. Voltamos a ele. O caminho que nos leva a ele é Jesus. É em Deus, a nossa completa realização.





Guardando a mensagem


Jesus nos convida ao seu seguimento. Ele sabe para onde nos levar. Ele nos leva para nossa completa felicidade, nos leva ao Pai. Toda a nossa vida é uma grande caminhada. Seguindo Jesus, acertamos o caminho. Jesus colocou duas condições para quem aceita o convite para segui-lo: renunciar a si mesmo e carregar a própria cruz. Foi o caminho que ele também tomou: esvaziou-se a si mesmo, na sua encarnação; e carregou com fidelidade a cruz da paixão, cruz do nosso pecado. Foi assim que ele venceu. Ele é o caminho. Vale a pena a vida que trilhar esse caminho.


De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro se perde a própria vida? (Mt 16, 26)


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

o risco é nós sermos seguidores de nós mesmos. Esse sentimento de autonomia é uma coisa positiva, claro. Mas, Senhor, quando leva a pessoa a excluir Deus de sua existência, aí a pessoa fica dando voltas sobre si mesma, sem rumo, nem direção. Sem Deus, que é nossa meta última, nós acabamos endeusando os bens dessa terra ou pessoas que nos pareçam maravilhosas. No fim, os bens passam e as pessoas decepcionam. Senhor, como cristãos, escolhemos um caminho pra seguir. Renunciando a nós mesmos e carregando o peso dessa vida, nós seguimos contigo. Tu és o caminho, a verdade e a vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, tome nota dest palavra de Jesus: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.

Comunicando

Depois do Retiro de Carnaval, vamos recomeçar a nosso Segunda Bíblica, o estudo semanal do livro santo. Neste ano, vamos estudar o Livro dos Atos dos Apóstolos, toda segunda-feira. Seria muito bom você participar conosco desse estudo, pelo Youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O preço de suas escolhas.


   20 de fevereiro de 2025.  

Quinta-feira da 6ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.  


Mc 8,27-33

Naquele tempo, 27Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesaréia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”.
30Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. 31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei, devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias. 32Ele dizia isso abertamente.
Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás!” Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.

   Meditação.  


Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens (Mc 8, 33)

Não sei se você já reparou. Tem amigos que fazem o papel do diabo, do tentador. Alguns parentes também. Esses tais nos aconselham exatamente aquilo que Deus não gostaria que fizéssemos. Numa crise conjugal, por exemplo, tem um amigo que chega junto e aconselha: “cara, deixa essa mulher. Ela não merece você!”. Olha que conselho! Em vez de incentivar a reaproximação, a reconciliação, aconselha a separação. Faz o papel do tentador. O tentador procura afastar a pessoa do caminho de Deus, em nome da modernidade dos costumes ou do que parece mais prazeroso ou do que exige menos esforço. Agora, me diga, o que vai pra frente sem entrega, doação, compromisso? Bandeando-se pro lado do se dar bem a qualquer custo, a gente, na verdade, está renunciando à verdadeira felicidade.

Olha o que conta o evangelho de hoje. Jesus estava explicando aos discípulos que ele devia ir a Jerusalém e sofrer muito, na realização de sua missão. Notou isso? “Sofrer muito”. Seria rejeitado pelos líderes do seu povo que o entregariam à morte, mas ressuscitaria ao terceiro dia. Essa era uma passagem difícil do caminho de Jesus: a rejeição e a morte. E ele não queria fugir desse momento. Estava resolvido a enfrentar esse sofrimento, com a doação de sua vida e com total confiança no Pai.

Se dependesse de Pedro, a história de Jesus teria sido outra. Ele dispensaria o capítulo da paixão e da morte. Jesus realizaria toda a sua missão sem sofrimento, sem precisar passar pelo vexame da cruz. O que Pedro queria é o que nós queremos. Não queremos assumir os sofrimentos, as provações que vêm junto com nossa opção por Jesus Cristo e pelo seu evangelho. Seguir Jesus, tudo bem. Sofrer como ele, alto lá! Triunfo, sim; cruz, não! Na primeira crise, o casamento deságua em divórcio. Numa avaliação mais rigorosa do professor, abandona-se a faculdade. No meio de uma crise existencial, o reverendo abandona o ministério. Basta uma cara feia do coordenador de minha pastoral que eu desisto, ‘não estou aqui para sofrer’. Fugimos de qualquer sofrimento.

Pedro chamou Jesus à parte e o repreendeu. “Não diga uma coisa dessa. Tire da cabeça esse negócio de se dar mal em Jerusalém. Deus não vai permitir uma desgraça dessa. Isso não vai lhe acontecer”. A reação de Jesus espantou os discípulos: “Vade retro, satanas!”- “Afaste-se de mim, satanás! Você não está pensando segundo o que Deus quer, mas segundo a vontade do homem”. Foi um choque para Pedro e para os seus colegas. Um pouco antes, Pedro tinha sido elogiado porque tinha reconhecido que Jesus era o Messias. E agora, Jesus o estava tratando como satanás, o tentador. É isso mesmo! Quem proclama que Jesus é o Messias tem também que subir com ele o calvário.

Todo o evangelho é um convite a nos tornarmos seguidores de Jesus. Seguidor é o que percorre a mesma estrada do Mestre, quem faz o seu caminho. O caminho de Jesus é a entrega total de si mesmo pelos outros. Discípulo é quem o segue. E quem o segue, por causa de sua fé, por causa do Reino que Jesus pregou, pode passar também por alguma dificuldade, por algum sofrimento. Pode ser que, por causa de sua adesão a Jesus e sua Igreja, vá passar por críticas, discriminação, difamação. É bom fazer como Jesus: reconhecer a tentação de afastar-se do caminho de Deus e assumir com firmeza, destemor e coerência o seu caminho de fé, na Igreja.




Guardando a mensagem

Ninguém quer sofrer. Todo mundo foge do sofrimento. Vivemos a ‘civilização do analgésico’. O evangelho nos faz um convite: seguir Jesus. Jesus nos alerta sobre o sofrimento que existe no seu caminho. Quem o quiser seguir, precisa renunciar a ser o centro de sua vida, para realizar a vontade de Deus. Claro, a vontade de Deus não é que a gente sofra. E não é de qualquer sofrimento que Jesus está falando. A sua escolha foi entregar sua vida pelos outros, em obediência à vontade salvadora do Pai. Quem o quiser seguir, tem que estar pronto para participar também da travessia difícil do sofrimento que vem por causa da fé e do evangelho que se abraça. Seguir com Jesus não é estar com ele só nos Aleluias da Páscoa, mas estar com ele também nas dores da Paixão.

Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens (Mc 8, 33)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o mundo de facilidades que temos hoje, comparando com outros tempos, pode nos tentar a desistir de nossas opções, quando as dificuldades aparecem. Não procuramos sofrimentos, mas pagamos sempre um preço por nossas escolhas. Sermos teus seguidores, Jesus, tem também seu preço. São renúncias a se fazer, o peso da fidelidade e da perseverança nas horas difíceis, a incompreensão, a discriminação, até a perseguição, em muitos casos. Tu, Senhor Jesus, fizeste a escolha de comunicar a vida de Deus aos pecadores e a realizaste com absoluta fidelidade. A cruz que te impuseram, tu a abraçaste com amor. Deste a tua vida por nós. Ensina-nos a trilhar o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Pode ser que hoje apareça uma oportunidade pra você aconselhar alguém num momento de dificuldade. Aconselhe a fazer como Jesus, a não desistir dos seus sonhos e dos sonhos de Deus.

Comunicando

Temos dois compromissos hoje: a Santa Missa das 11 horas  e a Reunião on-line do Retiro de Carnaval, às 20 horas. Na Santa Missa, rezaremos por suas intenções. Com a reunião da noite, já vamos entrando no clima do Retiro de Carnaval que será de 2 a 5 de março. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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