PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Pedro
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Como anda a sua fé?


  15 de setembro de 2024.  

24º Domingo do Tempo Comum

  Evangelho  


Mc 8,27-35

Naquele tempo, 27Jesus partiu com seus discípulos para os povoados de Cesareia de Filipe. No caminho perguntou aos discípulos: “Quem dizem os homens que eu sou?”
28Eles responderam: “Alguns dizem que tu és João Batista; outros que és Elias; outros, ainda, que és um dos profetas”. 29Então ele perguntou: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro respondeu: “Tu és o Messias”.
30Jesus proibiu-lhes severamente de falar a alguém a seu respeito. 31Em seguida, começou a ensiná-los, dizendo que o Filho do Homem devia sofrer muito, ser rejeitado pelos anciãos, pelos sumos sacerdotes e doutores da Lei; devia ser morto, e ressuscitar depois de três dias.
32Ele dizia isso abertamente. Então Pedro tomou Jesus à parte e começou a repreendê-lo. 33Jesus voltou-se, olhou para os discípulos e repreendeu a Pedro, dizendo: “Vai para longe de mim, Satanás! Tu não pensas como Deus, e sim como os homens”.
34Então chamou a multidão com seus discípulos e disse: “Se alguém me quer seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. 35Pois, quem quiser salvar a sua vida, vai perdê-la; mas, quem perder a sua vida por causa de mim e do Evangelho, vai salvá-la”.


  Meditação.  

E vocês, quem dizem que eu sou? (Mc 8, 29)


É, Jesus não alisou mesmo. Deu uma bronca daquelas em Pedro. “Vai pra longe de mim, satanás!”. O que foi que Pedro fez de errado?!

No evangelho deste 24º Domingo do Tempo Comum, Jesus faz duas perguntas ao grupo dele: O que o povo está dizendo que eu sou? Foi a primeira. “Bom, uns dizem que o senhor é João Batista; Outros acham que o senhor é Elias; e tem gente que diz que o senhor é um dos profetas”. Aí veio a segunda pergunta: E vocês, o que acham que eu sou? Pedro deu a resposta: “Tu és o Messias”. Foi uma boa resposta, não acha? Messias é o ungido de Deus que o povo estava esperando. Então, a resposta estava certa. Messias é na língua hebraica. Messias é o mesmo que Cristo, que é uma palavra grega. Muita gente pensa que Cristo é o sobrenome de Jesus – Jesus Cristo... Na verdade, estamos dizendo que Jesus é o Messias, o Cristo, o Ungido de Deus.

Depois da resposta de Pedro - uma linda profissão de fé - Jesus começou a ensinar aos discípulos. Eles precisavam saber de algumas coisas importantes, para entenderem melhor quem era ele. Ele iria sofrer muito, ser rejeitado pelos líderes do povo, ser morto e ressuscitaria depois de três dias. E Jesus aproveitou, chamou o povo e explicou que quem quisesse segui-lo precisava renunciar a si mesmo e tomar a própria cruz. Ficou todo mundo pensativo com esses ensinamentos do Mestre.

A pergunta de Jesus está valendo para nós hoje. Como é a sua fé em Jesus? Como é a fé que você tem em Jesus?

Pode ser que a sua fé seja como aquela do povo do tempo de Jesus: uma fé confusa. Eles não sabiam bem quem era Jesus. Tinham uma vaga ideia. Parecia-lhes que ele fosse João Batista, ou talvez Elias, ou um dos profetas antigos. Uma fé confusa. Por que alguém teria hoje uma fé confusa? Uma razão seria: falta de conhecimento da pessoa de Jesus. Outra razão seria: falta de intimidade com Jesus, tem apenas um conhecimento de longe, não um conhecimento afetivo.

Pode ser que a sua fé seja como aquela de Pedro naquele momento: uma fé sem a cruz. Para Pedro, sendo Jesus o Messias, só teria coisa boa na vida dele. A paixão, o sofrimento, a morte não estavam no seu entendimento. Muita gente tem uma fé assim. Uma fé sem cruz. Não sabe que é a fé que nos sustenta nas horas difíceis, na hora da paixão.

Pode ser que a sua fé seja a que Jesus fala no evangelho de hoje: uma fé sem seguimento. Crê, mas não segue. Como Jesus explicou, para segui-lo é necessário renunciar a si mesmo e carregar a própria cruz atrás dele. A verdadeira fé nos leva a seguir Jesus, a viver a sua palavra, a abraçar o seu evangelho.

Pode ser que a sua fé seja como aquela que o apóstolo Tiago descreveu na sua carta: uma fé sem obras. Ele deu logo um exemplo: chega um faminto na sua porta e você dá só uma palavra de conforto. Que fé é essa que não tem compaixão do seu irmão, que não se compromete com o bem dele, que não faz você repartir o seu pão? Foi quando ele disse: “A fé sem obras é morta”.





Guardando a mensagem

Não basta crer em Jesus. Mesmo a fé de Pedro precisava ainda integrar a paixão, morte e ressurreição do Senhor. Há muita gente com uma fé confusa. Para se ter uma fé esclarecida, é necessário conhecer melhor o Senhor Jesus e ter intimidade com ele. Há muita gente com uma fé que corre da cruz, fica em crise na hora do sofrimento. É a fé que nos sustenta nas horas difíceis. Há muita gente com uma fé sem seguimento. Diz que crê em Jesus, mas não o segue, não vive o seu Evangelho. A fé nos leva a ser discípulos e membros de sua Igreja. Há muita gente que tem uma fé sem obras. A fé nos leva ao compromisso, à caridade, ao testemunho.

E vocês, quem dizem que eu sou? (Mc 8, 29)

Rezando a palavra

Rezemos o trecho do Credo Niceno-constantinopolitano que se refere a Jesus:

Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho unigênito de Deus,
nascido do Pai, antes de todos os séculos:
Deus de Deus, luz da luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro.
Gerado, não criado, consubstancial ao Pai.
Por ele todas as coisas foram feitas.
Ele, por amor de nós, e para nossa salvação,
desceu dos céus;
e se encarnou por obra do Espírito Santo,
em Maria Virgem, e se fez homem.
Também por amor de nós foi crucificado,
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as Escrituras,
e subiu aos Céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
E o seu reino não terá fim.

Vivendo a palavra

Mas, afinal, por que Jesus deu uma bronca em Pedro? Por que lhe disse: “Vai pra longe de mim, satanás!”? Ah, você precisa esclarecer melhor isso, lendo em sua Bíblia o evangelho de hoje: Marcos 8, 27-35. Aproveite e faça anotações sobre isso no seu caderno espiritual.

Comunicando

Amanhã, segunda-feira (16), começa o Curso Bíblico sobre o Profeta Ezequiel - um grande momento de formação para todos nós. Você sabe, eu vou ministrar o curso pelo Youtube, começando às oito e meia da noite, horário de Brasília. Será uma semana de estudo, de aprofundamento. Vai ser muito bom. Veja logo onde está a sua Bíblia e separe aí um caderno para as anotações. E você já se inscreveu? É só seguir o link que estou lhe enviando ou fazer contato pelo whatsapp 81 3224-9284. Para as coisas de Deus, sempre aparecem obstáculos, não é verdade? Talvez seja pra gente mostrar mais amor e mais empenho.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Eu e minha casa serviremos ao Senhor.

 


  25 de agosto de 2024.  

21º Domingo do Tempo Comum


Rezando pela Vocação dos Leigos e Leigas, 

com destaque para o Ministério dos Catequistas



  Evangelho.  


Jo 6,60-69

Naquele tempo, 60muitos dos discípulos de Jesus, que o escutaram, disseram: “Esta palavra é dura. Quem consegue escutá-la?”
61Sabendo que seus discípulos estavam murmurando por causa disso mesmo, Jesus perguntou: “Isto vos escandaliza? 62E quando virdes o Filho do Homem subindo para onde estava antes? 63O Espírito é que dá vida, a carne não adianta nada. As palavras que vos falei são espírito e vida. 64Mas entre vós há alguns que não creem”.
Jesus sabia, desde o início, quem eram os que não tinham fé e quem havia de entregá-lo.
65E acrescentou: “É por isso que vos disse: ninguém pode vir a mim, a não ser que lhe seja concedido pelo Pai”. 66A partir daquele momento, muitos discípulos voltaram atrás e não andavam mais com ele. 67Então, Jesus disse aos doze: “Vós também vos quereis ir embora?”
68Simão Pedro respondeu: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. 69Nós cremos firmemente e reconhecemos que tu és o Santo de Deus”.


  Meditação.  


Vocês também não querem ir embora? (Jo 6, 67)

Tem gente que não tomou ainda sua decisão. Está na Igreja, mas não está de corpo inteiro. Participa, mas está sempre com um pé atrás. E outros que estão longe, completamente longe. Não participam, não se ligam no que a Igreja está fazendo, vivem em completa indiferença. Grande parte dessa gente foi batizada, um dia. E vive hoje como quem vai tomar banho no chuveiro e, com medo da água fria, molha só a cabeça. Não sei qual é o seu caso. Mas, se ainda está de meio corpo na Igreja, hoje, a palavra é especialmente pra você.

Jesus, na terra dele, enfrentou a mesma situação. No começo, muita gente andando atrás dele, muitos admiradores, muitos discípulos animados... aos poucos, ele foi revelando o Reino de Deus, com suas exigências de conversão, de mudança de vida, de valorização dos mais fracos e sofredores. Falou dele mesmo, que não estava buscando glória humana, nem almejava os reinos desse mundo. Sua vitória seria dar a vida pelos seus, derramar seu sangue em sacrifício pelos pecadores. Ressuscitaria, depois do sofrimento da paixão e da morte. Falando sobre a Eucaristia, anunciou a necessidade de comunhão com o seu corpo entregue e o seu sangue derramado, sendo ele o verdadeiro cordeiro da páscoa. Diante dessas revelações, a animação de muita gente começou a murchar.

O evangelho deste 21º Domingo do Tempo Comum fala disso. A murmuração entre os discípulos tinha aumentado. Muita gente considerando muito radicais os ensinamentos do Mestre. Uns não tinham fé mesmo. E outros, desistiam da pouca fé que tinham. Essa informação do evangelista é dolorosa: “E muitos já não andavam mais com ele”. Resultado: Jesus reuniu os doze, os apóstolos, e perguntou se eles também não queriam ir embora. Ele não amenizou suas palavras, nem procurou dar um jeito para agradar os que se afastaram. Colocou os apóstolos diante de uma decisão. “E aí, vocês não querem ir embora, também não?”.

No Antigo Testamento, tinha havido um momento semelhante. Depois que o povo entrou na terra prometida, no meio de muita dificuldade e sofrimento, Josué reuniu todo mundo e pediu uma decisão. “Como é? A quem vocês vão escolher? A quem querem servir?”. Muita gente andava com o pé atrás, cultuando outros deuses ou saudosos de seus antigos ídolos pagãos. De sua parte, Josué apresentou a sua decisão: “Eu e minha casa serviremos o Senhor”. E o povo logo reconheceu o misericordioso Deus que os tirou do Egito e lhes entregou a terra prometida. Eles tomaram uma decisão firme: servir ao Deus verdadeiro.

Aos apóstolos, naquela hora difícil, Jesus também pediu uma decisão. “Não querem fazer como os outros e irem embora também?”. Aí Pedro falou em nome do grupo: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente que tu és o santo de Deus”. Olha que palavra abençoada. Tomaram a decisão de crer em Jesus, de ficar com ele.

Tomar a decisão de seguir Jesus, de viver sua palavra muda muita coisa na sua vida. Não é só porque você vai rezar mais e se ligar nas coisas da religião. É porque abraçar o evangelho é abraçar o pensamento de Jesus sobre a vida, o mundo, sobre Deus; é fazer as escolhas que ele fez, escolhas que chocaram muita gente e o levaram a ser preso e condenado. Escolher Jesus é assumir a sua causa, o Reino de Deus: ficar do lado dos pequenos e empenhar-se pela fraternidade e pela justiça. Numa palavra, colaborar com a ação do Espírito Santo que nos faz novas criaturas em comunhão com Deus e na comunhão com os seus filhos e filhas. 

Guardando a mensagem

Muita gente é cristão meio empurrado... foi batizado pequenininho, a mãe garantiu a primeira eucaristia e ficou por ali. Outros chegaram empurrados até a crisma e aí empancaram. Não foram mais pra frente. Nunca tomaram uma decisão pessoal, firme, séria de crer e viver com Jesus. Se for este o seu caso, hoje é um dia de decisão. Vai tomar banho de corpo inteiro ou vai molhar só a cabeça? Olha que a água está fria... Jesus vem ao seu encontro, com sua graça e seu convite à conversão, com o seu evangelho ... Vai renovar sua adesão a ele ou vai procurar outro?

Vocês também não querem ir embora? (Jo 6, 67)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O que eu quero responder é o que Pedro te disse: “A quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós cremos firmemente que tu és o santo de Deus”. Minha resposta é igual a de Josué: “Eu e minha casa serviremos o Senhor”. É a ti que escolho como caminho, verdade e vida. Bendito seja o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje é dia de celebração, hoje é dia do Senhor. Indo à Missa e comungando, renove sua adesão ao Mestre com as palavras de Pedro e de Josué. Não sendo possível sua participação, hoje, na Eucaristia (por alguma razão muito séria), no seu momento pessoal de oração, renove sua adesão ao Mestre.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

A história do peixe.

 

   12 de agosto de 2024.   

Segunda-feira da 19ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.   


Mt 17,22-27

Naquele tempo, 22quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. E os discípulos ficaram muito tristes. 24Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”
25Pedro respondeu; “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” 26Pedro respondeu: “Dos estranhos!” Então Jesus disse: “Logo os filhos são livres. 27Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”.

   Meditação.   


O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)

O evangelho de hoje nos conta como Pedro, a mando de Jesus, pagou o imposto do Templo com uma moeda que retirou da boca de um peixe. Esse particular do peixe me lembra a história de outro peixe contada no Livro de Tobias. 

O Livro de Tobias é um livro da Bíblia, que não está na edição da Bíblia da reforma protestante. Nele, se conta a história de duas famílias judias, que viviam no exílio, lá pelo século VI antes de Cristo. Tobias era filho de um senhor chamado Tobit, que morava em Nínive. Este era um judeu piedoso, cumpridor da Lei de Deus. Além de todas as dificuldades para viver sua fé num mundo pagão hostil, teve a infelicidade de ficar cego, por conta de excrementos de pardais. Precisava mandar o filho a uma cidade distante resgatar um recurso que ele possuía, seu único filho. Ele contratou um jovem valente para acompanhar e defender o seu filho Tobias na perigosa viagem. 

No caminho, Tobias e o seu companheiro pararam num rio e este acompanhante o orientou a pegar um peixe e separar fel, coração e fígado. Na cidade distante para onde estavam viajando, morava uma linda jovem, de nome Sara. Judia também ela, no meio de pagãos, estava com um problema dos grandes. Tinha se casado 7 vezes e na noite de núpcias o marido morria. Todo mundo a acusava, mas era um espírito mau que matava os seus noivos. Finalmente, Tobias se apaixonou por ela.  Por orientação do jovem valente, na noite de núpcias o espírito impuro foi expulso queimando-se o coração e o fígado do peixe. Tudo resolvido naquela cidade, voltaram para casa, agora Tobias casado com Sara e com os bens de sua família recuperados. 

O pai cego ficou radiante de alegria. Agora, a família teria continuidade. Deus tinha se mostrado bom e providente. Mas, a coisa ficou melhor ainda. Com o fel do peixe, por orientação do jovem valente, Tobias curou a cegueira do seu pai. Oh que festa tão grande teve na casa de seu Tobit, sete dias sem parar! E teve mais uma surpresa: o jovem valente se revelou. Era o Arcanjo Rafael. Deus o mandou para acompanhar Tobias, libertar Sara, curar o velho pai e abrir um futuro de alegria e felicidade para aquela família tão sofrida.
O peixe, dentro da história de Tobias, nos fala da providência de Deus. Ele não abandona os seus. Ele, de uma maneira inesperada, quando tudo parece sem saída, age em socorro dos seus filhos, com providência, com proteção. Mas, vamos à história de Pedro. O peixe de Pedro está nos esperando. 

Num dia em que Jesus e seu grupo estavam chegando a Cafarnaum, cobradores do imposto do Templo perguntaram a Pedro se Jesus pagava aquela taxa. Pedro, para facilitar as coisas, disse que sim. E quando entrou em casa, Jesus puxou logo o assunto e mandou Pedro providenciar o pagamento. Assim, lhe indicou que fosse pescar, que era a sua profissão. No primeiro peixe fisgado, encontraria uma moeda que daria para pagar o imposto por si e pelo Mestre.

Três coisas, pelo menos, podemos aprender com essa página do evangelho de hoje. O primeiro ensinamento vem dos cobradores do imposto. Além da prática do dízimo, havia, no povo de Deus do tempo de Jesus, um imposto anual para sustentação do Templo. O imposto do Templo era anual, pago pelos homens, e equivalia a dois dias de trabalho, pagos com uma moeda grega chamada dracma. O primeiro ensinamento é este: Somos responsáveis pela manutenção da Casa de Deus.

O segundo ensinamento vem do exemplo de Jesus. Ele não estava obrigado, como filho de Deus, a pagar esse imposto. Aliás, muita gente, pela sua ligação com o Templo, estava dispensada: sacerdotes, levitas, rabinos. Mas, Jesus fez questão de participar, de dar bom exemplo, de mostrar-se também comprometido. Na manutenção da Casa de Deus, ninguém deve se omitir. 

O terceiro ensinamento vem do peixe. É verdade que Pedro foi pescar. Mas, o que conseguiu para o imposto não foi só fruto do seu trabalho. Foi, particularmente, providência divina. Ele encontrou a moeda na boca do peixe, conforme a palavra de Jesus. Há aqui uma lição muito importante: para as coisas de Deus, quando há boa vontade de nossa parte, mesmo não tendo, aparece um jeito, coisa da providência de Deus. Igual ao peixe da história de Tobias: Deus é providente, nos ampara, nos socorre, nos abre inesperadas soluções. 





Guardando a mensagem

O evangelho de hoje nos chama à responsabilidade de filhos na manutenção da Casa de Deus. Somos responsáveis pela casa do Senhor. Jesus mesmo deu exemplo: mesmo sendo filho, estando dispensado, participou também com sua contribuição para o Templo. O dinheiro que Pedro achou na boca do peixe nos mostra que o próprio Senhor, na sua Providência Divina, nos ajuda a encontrar modos de participar na manutenção de sua Casa e de sua Obra.

O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
muito temos que andar em matéria de co-responsabilidade na manutenção da Igreja e de sua missão evangelizadora. O nosso dízimo nem devia ter esse nome, pois não tem passado de uma simples oferta sem relação com os nossos ganhos reais. E as nossas ofertas nas missas fazem vergonha, damos esmolas, não sustentamos a Casa de Deus. Senhor, converte o nosso coração. Que o teu exemplo nos ajude a partilhar com amor e confiança para o sustento da tua Casa e para a realização de suas responsabilidades para com os mais pobres, com a formação dos nossos ministros, com a evangelização do mundo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

É hora de você rever a sua participação de filho na Casa de Deus. Hoje, tome uma boa decisão nesse assunto.

Comunicando

Hoje tem Segunda Bíblica. A gente se encontra às oito e meia da noite, horário de Brasília, para o estudo do Capítulo 23 do Profeta Ezequiel, no Canal Padre João Carlos do Youtube. 

Amanhã, começa a Semana de Salesianidade, voltada para os associados da AMA. Inscrições pelo Whatsapp 81 3224-9284.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O que diz o tamanho de sua renúncia.

  



   28 de maio de 2024.  

Terça-feira da 8ª Semana do Tempo Comum


  Evangelho.  


Mc 10,28-31

Naquele tempo, 28começou Pedro a dizer a Jesus: “Eis que nós deixamos tudo e te seguimos”. 29Respondeu Jesus: “Em verdade vos digo, quem tiver deixado casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos, campos, por causa de mim e do Evangelho, 30receberá cem vezes mais agora, durante esta vida — casa, irmãos, irmãs, mães, filhos e campos, com perseguições — e, no mundo futuro, a vida eterna. 31Muitos que agora são os primeiros serão os últimos. E muitos que agora são os últimos serão os primeiros”.

  Meditação.  


Nós deixamos tudo e te seguimos (Mc 10, 28)

O jovem rico foi um mau exemplo de seguidor de Jesus. Ele não renunciou a nada. Um sujeito que amava mais o seu dinheiro do que o Reino de Deus. Tinha mais confiança nos seus bens do que na palavra do Senhor. Preferiu a segurança do seu status à aventura do seguimento de Jesus. Um mau exemplo.

Pedro e seus companheiros representam um bom exemplo de seguidores de Jesus. Eles deixaram tudo. Eles colocaram o Reino de Deus em primeiro lugar. Deixaram sua organização de pesca, seus barcos, sua profissão, suas famílias, a segurança de suas casas e puseram-se a caminho com Jesus. Colocaram sua confiança em Deus e aceitaram o desafio do seguimento. Um bom exemplo.

É, o amor exige renúncia. E pelo tamanho da renúncia se diz o quanto se ama. A jovem esposa acompanha o marido que foi transferido para um estado muito distante. Fica longe de tudo o que ela conhece e ama, seus pais, seus lugares preferidos, sua terra. Renuncia muito, porque ama muito. O pai, por causa dos filhos, de bom grado não frequenta mais as rodas de amigos no bar da esquina. Renuncia a boa conversa, regada a uma boa cerveja, para estar com os filhos, para brincar com eles, para sair com eles. Renuncia muito, porque ama muito. Aquela senhora já não está podendo mais ir a uma festa, fazer as viagens que fazia. Fica tomando conta da mãezinha idosa. Renuncia muito, porque ama muito.

O jovem rico amava pouco. Não deixou nada. Não abriu mão do seu dinheiro. Foi-se embora, entristecido. Fracassou o aprendiz de seguidor de Jesus. Pelo tamanho da renúncia se sabe o tamanho do amor. O jovem Francisco de Assis também era rico, de família importante, estudado, culto. Sentiu no coração um amor imenso por Jesus crucificado e pelos pobres que encarnavam o seu sofrimento. Renunciou seu prestígio, suas riquezas, seu título de nobreza. Fez-se um seguidor do Mestre pelos caminhos da pobreza e da oração. Pelo tamanho da renúncia se sabe o tamanho do amor.

Pedro e seus companheiros que deixaram tudo fizeram uma pergunta a Jesus: “O que nós vamos ganhar com isso?” A resposta de Jesus foi maravilhosa: ‘Nessa vida, cem vez mais do que deixaram. E na outra, a vida eterna’. Deus não se deixa vencer em generosidade. Você oferece 10, ele devolve 100. Eu mesmo deixei de constituir família, pensei que ia ficar sozinho. Nada, ele me deu tantas mães, tantos pais, tantos filhos, que já estou perdendo a conta.

E você, tem sido generoso/a com Deus? Tem confiado mais nele do que nos seus trocados? Tem renunciado alguma coisa para não faltar à missa, para fazer seu momento diário de oração, para observar os seus mandamentos? Pelo tamanho de sua renúncia se sabe o tamanho do seu amor por ele.




Guardando a mensagem

Jesus chamou um jovem para segui-lo, deixando tudo. No apego aos seus bens e à segurança de suas posses, ele não foi capaz de renunciar tudo e seguir Jesus. Pedro e seus companheiros também receberam o mesmo convite. Deixaram tudo e seguiram Jesus. Vão ficar sem nada? Jesus garantiu: cem vezes mais aqui na terra, com perseguições e a vida eterna, no mundo futuro. Pelo tamanho da renúncia, se sabe o tamanho do nosso amor a Jesus.

Nós deixamos tudo e te seguimos (Mc 10, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
sempre nos vem à lembrança a pergunta que fizeste a Pedro: ‘Simão, tu me amas?’ Pedro, mesmo tendo fraquejado nos dias de tua paixão, te tinha um grande amor. E sofreu muito por não ter sido fiel cem por cento, como deveria. Certamente, isso lhe deu mais condições de compreender os seus irmãos e irmãs, em suas fragilidades e deslizes. E porque te amava tanto – deixou tudo para te seguir - , deste a ele a responsabilidade de cuidar do teu rebanho. Senhor, que o nosso amor por ti se comprove nas provações, nas dificuldades e nas horas em que seguir-te signifique renunciar alguma coisa ou a muitas coisas. Seja o teu nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você conhece alguém que deixou muita coisa para seguir Jesus. Reze por ele ou por ela. Você conhece alguém que não conseguiu renunciar a muita coisa para seguir Jesus. Reze por ele ou ela, também.

Comunicando

Quero agradecer e parabenizar quem acompanhou ontem o encontro bíblico sobre o Profeta Ezequiel, no meu Canal do Youtube. Quem não pode vê-lo ontem à noite, arrume uma horinha nesta semana para fazer esse estudo. O encontro ficou gravado no Youtube. Para ter acesso ao material de cada aula, entre em um dos grupos informados na descrição do vídeo.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Mesmo que você não se chame Pedro.


17 de maio de 2024

   Sexta-feira da 7ª Semana da Páscoa.  


      Evangelho.     


Jo 21,15-19

Jesus manifestou-se aos seus discípulos 15e, depois de comerem, perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Pedro respondeu: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse: “Apascenta os meus cordeiros”.
16E disse de novo a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro disse: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas”. 17Pela terceira vez, perguntou a Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas?” Pedro ficou triste, porque Jesus perguntou três vezes se ele o amava. Respondeu: “Senhor, tu sabes tudo; tu sabes que eu te amo”. Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas. 18Em verdade, em verdade te digo: quando eras jovem, tu te cingias e ias para onde querias. Quando fores velho, estenderás as mãos e outro te cingirá e te levará para onde não queres ir”. 19Jesus disse isso, significando com que morte Pedro iria glorificar a Deus. E acrescentou: “Segue-me”.

      Meditação     


Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21, 17).

Mesmo Pedro tendo sido purificado pela palavra de Jesus, caiu na tentação. Negou o Mestre, por três vezes. Acovardou-se diante do risco de ser sua testemunha. Negou conhecê-lo, ser seu discípulo, ter parte com ele. E o galo cantou duas vezes, denunciando a fraqueza do apóstolo, reprovando a covardia do profeta. E a palavra de Jesus ecoou forte no coração de Pedro: “Antes que o galo cante duas vezes, tu me negarás três vezes”. É, Pedro estava devendo uma conta a Jesus. Mas, coitado, quando Jesus preso passando o olhou, Pedro, envergonhado e decepcionado consigo mesmo, chorou amargamente. Um pecador arrependido de sua falta, precisando redimir-se.

Mas, Pedro, não fique triste! Você negou Jesus três vezes. É hora de professar que o ama, por três vezes. Pedro, é o amor que nos redime dos nossos pecados: o amor de Jesus que o levou a morrer por nós e o nosso amor por ele, que nos faz acolher a sua obra redentora, de coração aberto. Pedro, é o amor que passa a limpo a nossa vida de erros e pecados. E, mais, Pedro: Jesus é fiel no seu amor. Ele chamou você para ser pescador de gente, pois vai confirmá-lo à frente do seu rebanho. E você, Pedro, fique certo, só poderá realizar essa missão de pastor se você amar muito a Jesus, se o amar mais do que os outros.

Ressuscitado, o Mestre voltou a olhar Pedro de frente. E Pedro já não desviou o olhar. Seu coração arrependido tinha acompanhado o Mestre na descida à mansão dos mortos. Mas, subira com ele. Ressuscitara com ele. Como se fazia quando se descia às águas, na piscina batismal do início do cristianismo. Nascemos de novo. Já não tem mais vez o Adão que nos habitava. O Ressuscitado traz pela mão o Pedro renascido na sua morte redentora. Três vezes traiu. Três vezes vai declarar seu amor incondicional ao Mestre. Como um neófito, um catequizando, vai subindo degrau por degrau da piscina batismal. “Simão, tu me amas?”. “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo.” “Então, cuida dos meus carneiros”. Sim, é isso, nossa fraqueza não conta mais. Conta a força da ressurreição do Senhor que nos ergue. Conta o amor com que respondemos ao seu chamado. Mais um degrau. “Simão, tu me amas?”. “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. “Então, toma conta das minhas ovelhas”.

Tantos quantos foram os degraus que descemos, tantos subimos, ressuscitando com ele. E assumindo a sua mesma missão. Identificando-nos com ele. “Já não sou eu que vivo. É Cristo que vive em mim”. “Simão, tu me amas?”. E Pedro um pouco entristecido: “Sim, Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. “Então, toma conta do meu rebanho”. Apóstolo é que o foi escolhido. E enviado. Não porque é o melhor, o mais santo, o mais douto, mas porque amado pelo Mestre, porque escolhido por ele. Escolhido e enviado, porque ama o Senhor, porque confia apenas na fidelidade do seu Senhor, não na sua força, no seu poder, na sua sabedoria.




Guardando a mensagem

É para você a mensagem do evangelho de hoje, mesmo que você não se chame Pedro. O pecado leva você a se esconder de Deus, a se sentir indigno de estar em sua presença, como Pedro. O amor de Jesus por você, provado na sua morte na cruz, comunica-lhe vida nova, por sua ressurreição. É o amor que passa sua vida a limpo, cancelando as manchas do pecado, e fazendo de você uma testemunha do amor de Deus, um missionário de sua misericórdia, um cuidador, uma cuidadora do seu rebanho.

Jesus disse-lhe: “Apascenta as minhas ovelhas" (Jo 21, 17).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
na palavra de hoje, entendemos que é o amor por ti que nos sustenta na missão. Pai e mãe, como bons pastores de sua família, receberam de ti essa missão e, apesar de sua fraqueza, são confirmados na sua missão na medida em que te amam verdadeiramente. Ao assumirmos o cuidado com os outros, nas muitas funções que a vida nos reserva, todos nos espelhamos em ti. Tu és o bom pastor que, por amor, dá a vida por suas ovelhas. Concede-nos, como Pedro, amar-te verdadeiramente e, nesse amor, cuidar daqueles que nos confias. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Novena de Nossa Senhora Auxiliadora

Estamos no terceiro dia da novena de Nossa Senhora Auxiliadora. O tema de hoje é "Com Maria, reconheçamos a predileção do Senhor pelos pequenos".

O Papa Francisco escreveu: “O segredo de Maria é a humildade. Foi a humildade que atraiu o olhar de Deus sobre ela. O olhar humano procura sempre a grandeza e fica deslumbrado com o que é ostensivo. Deus, ao contrário, não olha para as aparências. Deus olha para o coração (cf. 1Sm 16, 7) e encanta-se com a humildade.”


Saudemos a Virgem Auxiliadora neste terceiro dia da novena:

Ó Maria, Virgem poderosa, Tu, grande e ilustre defensora da Igreja, Tu, Auxílio maravilhoso dos cristãos, Tu, terrível como exército ordenado em batalha, Tu, que só destruíste toda heresia em todo o mundo: nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições, defende-nos do inimigo; e na hora da morte, acolhe a nossa alma no paraíso. Assim seja.
Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós. 

Escreva sua cartinha a N. Senhora e mande-a pelo WhatsApp 81 3224-9284.  Nós a levaremos ao Santuário Basílica de N. Senhora Auxiliadora de Jaboatão, na peregrinação do próximo dia 24. 

24 de maio – na casa da mãe!

Comunicando

Amanhã, vou estar com minha Banda na cidade de Alvarães, no estado do Amazonas. Participo da grande Festa do Divino, fazendo o Show de Pentecostes. 

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB

O lava-pés: o amor de Jesus por nós.



28 de março de 2024

  Quinta-feira da Semana Santa.  

  Ceia do Senhor.  

   Evangelho.   


Jo 13,1-15

1Era antes da festa da Páscoa. Jesus sabia que tinha chegado a sua hora de passar deste mundo para o Pai; tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.
2Estavam tomando a ceia. O diabo já tinha posto no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de entregar Jesus. 3Jesus, sabendo que o Pai tinha colocado tudo em suas mãos e que de Deus tinha saído e para Deus voltava, 4levantou-se da mesa, tirou o manto, pegou uma toalha e amarrou-a na cintura. 5Derramou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.
6Chegou a vez de Simão Pedro. Pedro disse: “Senhor, tu me lavas os pés?” 7Respondeu Jesus: “Agora, não entendes o que estou fazendo; mais tarde compreenderás”.
8Disse-lhe Pedro: “Tu nunca me lavarás os pés!” Mas Jesus respondeu: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. 9Simão Pedro disse: “Senhor, então lava não somente os meus pés, mas também as mãos e a cabeça”.
10Jesus respondeu: “Quem já se banhou não precisa lavar senão os pés, porque já está todo limpo. Também vós estais limpos, mas não todos”.
11Jesus sabia quem o ia entregar; por isso disse: ‘Nem todos estais limpos’. 12Depois de ter lavado os pés dos discípulos, Jesus vestiu o manto e sentou-se de novo. E disse aos discípulos: “Compreendeis o que acabo de fazer? 13Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, pois eu o sou. 14Portanto, se eu, o Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. 15Dei-vos o exemplo, para que façais a mesma coisa que eu fiz”.

  Meditação.  


Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)

Uma das cenas da paixão de Cristo que mais chama atenção por sua beleza e por seu clima de intimidade é a Última Ceia, com o lava-pés. A celebração cristã da quinta-feira santa realça a instituição do sacramento da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e o mandamento do amor fraterno.

Chama a atenção o fato do evangelista João não narrar a instituição da Eucaristia, como os outros evangelhos. Em seu lugar, ele apresenta o lava-pés. Lavar os pés não foi só um ato na vida de Jesus entre nós. Ele realizou sua missão, como servidor. O lava-pés é uma síntese da vida de Jesus. Entendemos que, com o lava-pés, Jesus quis mostrar que ele veio para servir, e assim nos pede para sermos servidores dos irmãos. Também nós devemos lavar os pés uns dos outros.

É possível que para João, o lava-pés seja muito mais do que um sinal do serviço. Não sei se consigo me explicar, mas o lava-pés é o amor de Jesus até o fim. Veja se eu estou pensando certo. João abre esse relato da última ceia, com essa expressão “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-se até o fim”. O que seria “amar até o fim”? Podemos entender que seria amar até o último momento de sua vida. Mas, também podemos entender que “amar até o fim” é amar intensamente, perfeitamente, até o máximo de amor possível.

Jesus amou os seus e os amou até o fim. Ele nos amou com o máximo amor. E como é que Jesus amou os seus? Bom, Jesus os convidou ao seu seguimento, anunciou-lhes a Palavra, revelando o Pai que o enviou. E o máximo de amor foi a auto doação de si mesmo. Como ele disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”. Nisto estava o amor até o fim, em dar a vida pelos seus. O amor de Jesus o levou a dar a sua vida para que nós fôssemos purificados do nosso pecado.

Por sua vida entregue livremente em nosso favor, Jesus alcançou o perdão dos nossos pecados, nos purificou. Do seu coração aberto na cruz, escorreu sangue e água. Sangue redentor. Água purificadora. Por sua morte, ele nos purificou, nos lavou. Sendo assim, podemos concluir que o lava-pés é uma representação visível do amor de Jesus pelos seus até o fim. Amor que, na sua auto doação amorosa, nos comunicou a vida de Deus, nos lavando da sujeira do pecado.

Vejam que, no texto, o verbo “lavar” aparece 8 vezes. O lava-pés é o amor de Jesus que se manifestou na sua morte redentora, nos lavando, nos purificando do pecado.




Guardando a mensagem

O lava-pés não é um detalhe curioso da vida de Jesus. Foi a vida mesma dele. Ele, por amor, fez-se nosso servo. E a obra maior do seu amor foi nos lavar do pecado, por meio de sua morte. Quando foi que finalmente ele nos purificou dos pecados? Na sua cruz, na sua morte, onde se entregou em nosso favor. A sua morte é o amor maior, o amor até o fim, porque ali realizou de forma suprema o amor pelos seus. O lava-pés é uma representação do amor de Jesus, amor até às últimas consequências.

Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedro não queria que tu lavasses os seus pés. Ele viu que aquilo era um trabalho para escravo. E tu eras o Senhor. E ficamos pensando no que tu lhe disseste: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. Pensando melhor, podemos entender essa palavra. Verdadeiramente tu nos lavaste do nosso pecado, por meio de tua morte. Ali, foi o máximo do teu esvaziamento, do teu abaixamento. Só lavados, purificados, podemos ter parte contigo, podemos estar em comunhão com Deus. Obrigado, Senhor. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz remiste o mundo. Amém.

Vivendo a palavra

Lembre-se que amanhã, sexta-feira da paixão, temos o compromisso do jejum, como gesto de comunhão com o Senhor em seu sacrifício e de solidariedade com os irmãos que estão passando necessidade. Jejum e Partilha.

Comunicando

No nosso Canal do Youtube, transmitiremos, hoje, a Missa dos Santos Óleos, diretamente da Catedral Basílica de Nossa Senhora das Neves em João Pessoa, Arquidiocese da Paraíba. A Missa na Catedral começa às 9 horas. Eu e dez missionários da AMA, estamos por aqui, animando a Semana Santa em uma das paróquias capital paraibana. Segue o link da Missa pelo whatsapp.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

A traição começa nas coisas pequenas.



26 de março de 2024

   Terça-feira da Semana Santa.   


  Evangelho.  


Jo 13,21-33.36-38

Naquele tempo, estando à mesa com seus discípulos, 21Jesus ficou profundamente comovido e testemunhou: “Em verdade, em verdade vos digo, um de vós me entregará”. 22Desconcertados, os discípulos olhavam uns para os outros, pois não sabiam de quem Jesus estava falando.
23Um deles, a quem Jesus amava, estava recostado ao lado de Jesus. 24Simão Pedro fez-lhe um sinal para que ele procurasse saber de quem Jesus estava falando. 25Então, o discípulo, reclinando-se sobre o peito de Jesus, perguntou-lhe: “Senhor, quem é?”
26Jesus respondeu: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Então Jesus molhou um pedaço de pão e deu-o a Judas, filho de Simão Iscariotes. 27Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: “O que tens a fazer, executa-o depressa”.
28Nenhum dos presentes compreendeu por que Jesus lhe disse isso. 29Como Judas guardava a bolsa, alguns pensavam que Jesus lhe queria dizer: ‘Compra o que precisamos para a festa’, ou que desse alguma coisa aos pobres. 30Depois de receber o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.
31Depois que Judas saiu, disse Jesus: “Agora foi glorificado o Filho do Homem, e Deus foi glorificado nele. 32Se Deus foi glorificado nele, também Deus o glorificará em si mesmo, e o glorificará logo. 33Filhinhos, por pouco tempo estou ainda convosco. Vós me procurareis, e agora vos digo, como eu disse também aos judeus: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’”.
36Simão Pedro perguntou: “Senhor, para onde vais?” Jesus respondeu-lhe: “Para onde eu vou, tu não me podes seguir agora, mas me seguirás mais tarde”. 37Pedro disse: “Senhor, por que não posso seguir-te agora? Eu darei a minha vida por ti!” 38Respondeu Jesus: “Darás a tua vida por mim? Em verdade, em verdade te digo: o galo não cantará antes que me tenhas negado três vezes”.

   Meditação.  


Então Jesus molhou um pedaço de pão e o deu a Judas (Jo 13, 26)

Chegamos à terça-feira da semana santa. No domingo, caminhamos com Jesus que montou o jumentinho. Ficou claro: ele é o rei manso e desarmado que Deus mandou para cuidar de nós. É o que está escrito no Profeta Zacarias. Ontem, segunda-feira santa, estivemos com ele no jantar em Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro. Maria lavou os pés de Jesus com meio litro de perfume caro. Nesse gesto, Maria mostrou o seu amor pelo Mestre. Mostrou que aprendeu a amar como Jesus amava, de maneira gratuita, generosa e total. Ele ama, dando-se a si mesmo. Judas fez uma cara de desacordo com a ação de Maria. É o tipo do discípulo que não aprendeu a amar como Jesus.

Hoje, já estamos sentados com os discípulos na ceia da páscoa. No evangelho de João, a ceia é o espaço para uma conversa muito longa com os discípulos e para uma longa e bela oração de Jesus pelo seu pequeno rebanho. Jesus está triste, comovido. E revela a razão de sua tristeza: está para ser traído por um deles. Todo mundo quer saber quem é, mas Jesus não o diz claramente. João estava perto dele e perguntou quem seria. A João, Jesus deu uma pista: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Molhou o pedaço de pão no molho e o deu a Judas. Disse alguma coisa a Judas e este se levantou e saiu. Os discípulos não entenderam que era Judas o traidor. Pensaram que ele tinha saído pra fazer algum mandado de Jesus.

O que é que estava acontecendo com Judas? Há muito tempo, ele estava com o pé atrás. A uma certa altura, começou a agir com desonestidade em relação ao caixa do grupo que ele tomava conta. Você lembra bem como ele reagiu na casa de Marta. Ficou revoltado com o gesto de Maria. Achou um desperdício ela gastar aquele perfume todo com Jesus. Ele não tinha assimilado o jeito de Jesus pensar e fazer as coisas. Não aprendeu a amar como Jesus. Não estava disposto a dar a sua vida, como Jesus estava para fazê-lo. De descontente, ele tinha passado à condição de aliado dos inimigos de Jesus. E já tinha feito um trato com eles. Entregaria Jesus, em troca de dinheiro.

O que é triste em Judas é que ele era um discípulo, uma pessoa que Jesus escolhera, confiava e queria bem. Como diz o salmo que Jesus também citou: “Quem comia comigo, levantou contra mim o calcanhar”. A traição que mais dói é a dos amigos e dos parentes. E, claro, da pessoa que se ama. Essa é a traição mais dolorosa. Até o fim, Jesus o tratou bem, esteve em comunhão com ele, não o denunciou ao grupo. Ali, na ceia, pegou o pão repartido, passou no molho e lhe deu. No final das contas, esse pão repartido, esse pedaço de pão, lembra a Eucaristia. Não era, com certeza, o momento sagrado que conhecemos, mas o contexto é o da Ceia. Parece uma última chance. Jesus está em comunhão com ele, o trata com deferência, come com ele. Ainda assim, Judas o rejeita. Deixa o seu coração ser tomado pelo mal. O evangelista escreveu tristemente: Satanás entrou em Judas. Judas permitiu que o mal o dominasse. João escreveu: Judas saiu. Era noite. Foi concluir as negociações para entregar o seu Mestre, naquela mesma hora.




Guardando a mensagem

O texto de hoje nos apresenta o caso de um discípulo, que tinha andado com Jesus nos seus três anos de ministério, que aos poucos foi se afastando do evangelho. De infidelidade em infidelidade, Judas chegou a romper com o seu Mestre, justo na ceia pascal, onde Jesus consagrou ao Pai a oferta de sua própria vida em resgate pelos pecadores. Pedaço de pão é uma expressão que faz referência ao contexto da Eucaristia. “Fração do pão” foi o nome da celebração da Ceia nas primeiras comunidades. Na mesa da comunhão, celebramos a nossa união com Jesus que se entregou por nós. Uma lição que você poderia tirar, hoje, dessa leitura, seria a necessidade de fazer um bom exame de consciência, para saber quanto de Judas tem dentro do seu coração. E ficar alerta: a traição começa nas coisas pequenas. Dê um jeito em Judas, enquanto é tempo!

Então Jesus molhou um pedaço de pão e o deu a Judas (Jo 13, 26)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Pedro pensou que, com ele, a coisa seria diferente. Jurou que te seguiria, para onde quer que fosses. Tu disseste que naquela hora não era possível, mas depois ele seguiria mesmo. Mas, Pedro era mesmo impetuoso, decidido. Disse logo que daria a sua vida por ti. Que grandeza de coração, a de Pedro. Mas, coitado, não contava com o galo. Tu o chamaste para a realidade, dizendo que ele te negaria três vezes, antes que o galo da madrugada cantasse. Somos fracos e pecadores, Senhor. Tem misericórdia de nós. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça, hoje, um bom exame de consciência. Identifique pequenas ações ou omissões que podem estar, devagarinho, afastando você de Jesus, do seu evangelho e de sua Igreja.

O passo da caminhada quaresmal é preparar-se para o Tríduo Pascal com um bom exame de consciência. Se houver ainda possibilidade na sua comunidade, procure o Sacramento da Confissão. 

Comunicando

A Via Sacra da Fraternidade, no centro do Recife, é amanhã, pela manhã. Você pode acompanhar a Santa Missa no encerramento, às 11 horas, pelo nosso Canal do Youtube ou pela Rádio Amanhecer. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Nossa responsabilidade na manutenção da Casa do Senhor.

 




   14 de agosto de 2023.   

Memória de São Maximiliano Maria Kolbe, mártir


   Evangelho.   


Mt 17,22-27

Naquele tempo, 22quando Jesus e os seus discípulos estavam reunidos na Galileia, ele lhes disse: “O Filho do Homem vai ser entregue nas mãos dos homens. 23Eles o matarão, mas no terceiro dia ele ressuscitará”. E os discípulos ficaram muito tristes. 24Quando chegaram a Cafarnaum, os cobradores do imposto do Templo aproximaram-se de Pedro e perguntaram: “O vosso mestre não paga o imposto do Templo?”
25Pedro respondeu; “Sim, paga”. Ao entrar em casa, Jesus adiantou-se, e perguntou: “Simão, que te parece: Os reis da terra cobram impostos ou taxas de quem: dos filhos ou dos estranhos?” 26Pedro respondeu: “Dos estranhos!” Então Jesus disse: “Logo os filhos são livres. 27Mas, para não escandalizar essa gente, vai ao mar, lança o anzol, e abre a boca do primeiro peixe que pescares. Ali encontrarás uma moeda; pega então a moeda e vai entregá-la a eles, por mim e por ti”.

   Meditação.   


O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)

Várias vezes, participei da Santa Missa, no terceiro domingo do mês, na cidade pernambucana de Carpina. Esse é o dia em que os fiéis daquela paróquia oferecem o seu dízimo. Na hora do ofertório, o povo forma uma longa fila e, um por um, traz o seu envelope, e com ele toca o altar e o deposita num grande cesto. O fato de tocar o altar com o envelope é facilmente compreensível: o que está dentro do envelope representa a participação daquele fiel na oferta que a Igreja faz a Deus. De fato, durante a apresentação das oferendas em cada Missa, o presidente da celebração bendiz o Senhor pelo “fruto da terra e do trabalho do homem”, no sinal do pão e do vinho.

Mas, realmente, o que me chamava a atenção naquela grande fila de pessoas, cantando e apresentando o seu dízimo, em Carpina, era a presença do pároco e do vigário paroquial na fila também. Pe. José Rolim e Pe. Brenno, que estavam à frente da Assembleia, iam também pra fila e cada um apresentava o envelope com o seu dízimo. No início, muita gente estranhou. Achavam, com razão, que os dois padres não precisavam ir pra fila como todo mundo, eles estavam dispensados do dízimo. Já eram ministros do altar, já davam do seu tempo e de sua vida a serviço da Igreja, não havendo mais necessidade de devolver o dízimo. Aliás, do dízimo do povo já saía a sua côngrua, o seu pro labore. Mas, os dois padres não faltavam na fila e nem se preocupavam de fornecer qualquer explicação.

Tudo isso ilustra o evangelho de hoje. Num dia em que Jesus e seu grupo estavam chegando a Cafarnaum, cobradores do imposto do Templo perguntaram a Pedro se Jesus pagava aquela taxa. Pedro, para facilitar as coisas, disse que sim. E quando entrou em casa, Jesus puxou logo o assunto. Perguntou se, num reino, a quem se cobra os impostos, aos filhos do rei ou aos estranhos? Pedro respondeu que, claro, aos estranhos. Os filhos estavam mais do que dispensados; o reino era do pai deles, ora essa. Ainda assim, para não ser motivo de escândalo, Jesus mandou Pedro providenciar o pagamento. Assim, lhe indicou que fosse pescar, que era a sua profissão. No primeiro peixe fisgado, encontraria uma moeda – o estáter – que daria para pagar o imposto por si e pelo Mestre.

Três coisas, pelo menos, podemos aprender com essa página do evangelho de hoje. O primeiro ensinamento vem dos chatos que cobraram o imposto. O imposto de que se fala, nessa passagem, não é o dízimo. Nem o imposto de César. No dízimo, apresentava-se como oferta a Deus os primeiros frutos da agricultura e os primeiros animais de corte do rebanho. O dízimo tem a ver, então, com ganhos, salários, rendimentos. Também, claro, não se trata do imposto ao império romano, devido pela condição de povo subjugado. Este era pago com muita má vontade e, no meio, de muitos conflitos. Além da prática do dízimo, havia, no povo de Deus do tempo de Jesus, um imposto anual para sustentação do Templo (levitas, cantores, sacerdotes, lenha, funcionamento do Templo e do seu culto). O imposto do Templo era anual, pago pelos homens, e equivalia a dois dias de trabalho, pagos com uma moeda grega chamada dracma. O primeiro ensinamento é este: Somos responsáveis pela manutenção da Casa de Deus.

O segundo ensinamento vem do exemplo de Jesus. Ele não estava obrigado, como filho de Deus, a pagar esse imposto. Aliás, muita gente, pela sua ligação com o Templo, estava dispensada: sacerdotes, levitas, rabinos. Mas, Jesus fez questão de participar, de dar bom exemplo, de mostrar-se também comprometido. Nessa responsabilidade com a Casa de Deus, ninguém deve se omitir. As lideranças podem ajudar muito, como Jesus, como os padres de Carpina, dando bom exemplo.

O terceiro ensinamento vem do peixe. É verdade que Pedro foi pescar. Mas, o que se conseguiu para a oferta do imposto não foi só trabalho de Pedro, mas foi, particularmente, providência divina. Ele encontrou a moeda na boca do peixe, conforme a palavra de Jesus. Há aqui uma lição muito importante: para as coisas de Deus, quando há boa vontade de nossa parte, mesmo não tendo, aparece um jeito, coisa da providência de Deus. Muita gente já experimentou isso.


Guardando a mensagem

O evangelho de hoje nos chama à responsabilidade de filhos na manutenção da Casa de Deus. Somos responsáveis pela casa do Senhor. Jesus mesmo deu exemplo: mesmo sendo filho, estando dispensado, participou também com sua contribuição para o Templo. O dinheiro que Pedro achou na boca do peixe nos mostra que o próprio Senhor, na sua Providência Divina, nos ajuda a encontrar modos de participar na manutenção de sua Casa e de sua Obra.

O mestre de vocês não paga o imposto do Templo? (Mt 17, 24)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
muito temos que andar em matéria de corresponsabilidade na manutenção da Igreja e de sua missão evangelizadora. O nosso dízimo nem devia ter esse nome, pois não passa de uma simples oferta que não tem relação com os nossos ganhos reais. E as nossas ofertas, ao menos as que oferecemos nas celebrações, são trocados dignos de um esmoler. Damos esmolas, não sustentamos a Casa de Deus. Senhor, converte o nosso coração. Que o teu exemplo nos ajude a partilhar com amor e confiança para o sustento da tua Casa e para a realização de suas responsabilidades para com os mais pobres, com a formação dos nossos ministros, com a evangelização do mundo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

É hora de você rever a sua participação de filho na Casa de Deus. Hoje, tome uma boa decisão nesse assunto.

Comunicando

Hoje é dia do Encontro dos Ouvintes, no Recife. O encontro, com a Santa Missa, começa às 11 horas, na Igreja de Santo Antonio, bem no centro da cidade. Será uma Missa de Ação de Graças pela passagem dos 27 anos de nossa AMA, a Associação Missionária Amanhecer. Você pode nos acompanhar pelo rádio ou por nossas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Jesus nos sustenta pela mão.

 



   08 de agosto de 2023.   

Memória de São Domingos de Gusmão, 
fundador da Ordem dos Pregadores


   Evangelho.   


Mt 14,22-36

Depois que a multidão comera até saciar-se, 22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. 27Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 28Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. 29E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” 31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” 32Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. 33Os que estavam na barca, prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”
34Após a travessia desembarcaram em Genesaré. 35Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados.

   Meditação   


Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste? (Mt 14, 31)

Ontem, contemplamos como Jesus recebeu a notícia da morte violenta do profeta João Batista, seu primo e precursor. E como o povo chocado com o acontecido foi atrás de Jesus e ficou um longo tempo com ele, num lugar deserto. Lá, viveram uma experiência maravilhosa, uma verdadeira resposta ao banquete de Herodes. Participaram de um banquete de vida, onde Jesus repartiu o pão para eles. Eles tiveram uma experiência da presença do Reino de Deus, no acolhimento, na fartura e na alegria.

No fim da tarde, os discípulos, a mando de Jesus, pegaram a barca para ir para Genesaré, que ficava do outro lado do mar da Galileia. Jesus tinha ficado para se despedir do povo. Depois que o povo se foi, Jesus foi rezar no monte. A travessia na barca foi se complicando. Escureceu, o vento foi ficando forte e o mar, agitado. Pelas três da manhã, eles viram um vulto andando sobre o mar, vindo na direção deles. Foi um medo só. Pensaram que fosse um fantasma. Jesus de lá gritou: “Sou eu. Tenham medo não”. Puxa, que susto!

Nesta narração do evangelho de Mateus, conta-se também que Pedro pediu para ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas. E até que estava conseguindo, mas ficou com medo e começou a afundar. Foi aí que Jesus o segurou pela mão. Quando subiram na barca, o vento se acalmou. Os discípulos reconheceram, então, que Jesus era, de verdade, o filho de Deus.

O que essa história está ensinando? Só contando um fato curioso? Certamente que não. O próprio texto (Mt 14) já nos dá uma pista de compreensão. As palavras “mar” e “barca” estão muito repetidas no texto. ‘Mar’ é sempre uma representação do mundo a que os discípulos estão enviados como missionários. O ‘mar’ é o mundo onde se realiza a missão. A palavra “barca” está repetida seis vezes. Essa insistência não pode ser por acaso. ‘Barca’, você sabe, é uma representação da comunidade, da Igreja. A barca de Pedro é a Igreja, a comunidade dos discípulos. O que é que está acontecendo? Eles estão tentando atravessar o mar e estão encontrando muita dificuldade. O que significaria a barca dos discípulos atravessando o mar? É a Igreja realizando a sua missão no mundo, no meio de muitas dificuldades. Note as palavras que aparecem: ‘era noite, os ventos estavam contrários, o mar estava agitado pelas ondas’. Que dificuldades encontra a Igreja na realização de sua missão? Nem precisamos fazer uma lista, não é verdade? O certo é que o mar continua revolto. E os ventos, contrários.

Voltemos ao mar da Galileia. O que aconteceu no meio daquela apreensão toda dos discípulos, coitados, no meio daquela tempestade? Eles viram um vulto andando sobre as águas e vindo na direção deles. Ficaram de cabelo em pé. Mas, reconheceram quem era, quando ele se apresentou. Lembra o que foi que o personagem disse? “Sou eu. Tenham medo não”. E quem é ele? Claro, é Jesus. Mas, ele disse SOU EU. Disse como Deus, o Pai, tinha dito no Monte Sinai a Moisés. 'EU SOU. Diga ao Faraó que EU SOU mandou dizer que liberte o meu povo'. EU SOU é Deus. Podemos pensar assim: no meio daquele vendaval, daquela tormenta, os discípulos fizeram uma experiência maravilhosa: Jesus é Deus. Ele é EU SOU. Durante o seu ministério, ele foi se revelando: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a Luz do Mundo”. Ele é Deus. É Deus quem domina o mar, é Deus quem acalma a tempestade. Por falar em tempestade, cadê a tempestade? Quando Jesus e Pedro entraram na barca, tudo se acalmou.



Guardando a mensagem

O mar é o mundo, onde os discípulos levam adiante a missão que Jesus lhes confiou. A barca é a comunidade dos discípulos, a Igreja. De vez em quando, a comunidade se encontra cercada de problemas e dificuldades, no meio de uma verdadeira tempestade. Em momentos como esse, faz uma profunda experiência de Deus. Jesus mesmo vem ao seu encontro. Jesus é o Deus vencedor do pecado, do mal e da morte. É ele quem garante o êxito da missão, ele domina a tempestade, ele acalma o mar. Nesta cena, Pedro tem um lugar de destaque. Também ele experimenta andar sobre as águas, como Jesus, embora, com medo, acabe afundando. Mas, Jesus está ao seu lado, dando-lhe força, levantando-o pela mão. Neste mês vocacional, em que celebramos a vocação dos ministros ordenados, dos consagrados, dos ministros leigos, fique ainda mais forte em nós a certeza da presença de Jesus em sua Igreja, garantindo a travessia em todas as dificuldades e socorrendo os seus ministros em suas fraquezas. 

Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste? (Mt 14, 31)

Rezado a palavra

Senhor Jesus,
minha família, como tua Igreja, também é como uma barca, navegando no mar. De vez em quando, dá cada tempestade! Pensando bem, nunca nos deixaste sozinhos no meio das tormentas. Sempre experimentamos que tu vens ao nosso encontro, mesmo quando partimos sem ti. É quando experimentamos, com emoção, a força de tua proteção, a grandeza do teu amor. Tua presença acalma a tempestade. Muito obrigado, Senhor. Tu és o nosso Deus e Salvador. Continua, Senhor, a sustentar pela mão o líder de tua barca, o nosso Papa, o nosso Pedro. Socorre-o em suas necessidades, levanta-o em suas fraquezas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

É possível que, hoje, se apresente uma oportunidade para você dizer uma palavra de fé que ajude a acalmar alguma tempestade. Se aparecer essa oportunidade, dê seu testemunho sobre Jesus: anuncie que é ele quem acalma o mar.

Comunicando

Neste mês de agosto, faço show em Bom Repouso, MG, no dia 12; em Belo Jardim, PE, no dia 13; e em Cruzeiro do Sul, AC, no dia 15. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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