PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Reconhecer Jesus




11 de dezembro de 2022

3º Domingo do Advento

EVANGELHO



Mt 11,2-11

Naquele tempo, 2João estava na prisão. Quando ouviu falar das obras de Cristo, enviou-lhe alguns discípulos, 3para lhe perguntarem: “És tu aquele que há de vir ou devemos esperar um outro?”
4Jesus respondeu-lhes: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: 5os cegos recuperam a vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados. 6Feliz aquele que não se escandaliza por causa de mim!”
7Os discípulos de João partiram, e Jesus começou a falar às multidões sobre João: “O que fostes ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? 8O que fostes ver? Um homem vestido com roupas finas? Mas os que vestem roupas finas estão nos palácios dos reis.
Então, o que fostes ver? Um profeta? Sim, eu vos afirmo, e alguém que é mais do que profeta. 10É dele que está escrito: ‘Eis que envio o meu mensageiro à tua frente; ele vai preparar o teu caminho diante de ti’. 11Em verdade vos digo, de todos os homens que já nasceram, nenhum é maior do que João Batista. No entanto, o menor no Reino dos Céus é maior do que ele”.



MEDITAÇÃO


Vão contar a João o que vocês estão ouvindo e vendo (Mt 11, 4)

Estamos na preparação do encontro com o Senhor que vem. E, hoje, celebramos o terceiro domingo do Advento. Podemos centrar nossa reflexão deste domingo na palavra RECONHECER. 

Nós temos dificuldade em reconhecer o valor do outro, a grandeza do outro, a manifestação divina que há em cada pessoa. Sua família, seus amigos, sua comunidade cristã: você sente que ficam aquém do que você merece, do que você sonha. Ficamos sempre esperando um outro... um outro amor, um outro emprego, um outro ano. O que temos não nos parece bom o suficiente. 

Já festejamos tantos natais que podemos estar um tanto anestesiados. Fazendo memória do nascimento de Jesus, nós somos convidados a reconhecer o Enviado, o Verbo, o Filho de Deus na criança pobrezinha de Belém. Podemos dizer ainda melhor: reconhecer Jesus em sua humanidade. Humanidade vivida na casa de Nazaré, na carpintaria de José, nas peregrinações a Jerusalém, nas andanças de profeta pelas cidades e vilas, na cruz dos perseguidos, no túmulo oferecido por José de Arimateia. Reconhecer Deus em sua humanidade. "O Verbo se fez carne e habitou entre nós". 

Foi o que aconteceu no tempo de Jesus. Não o reconheceram como Messias. Ele não preenchia as expectativas daquele gente. O próprio João Batista ficou em dúvida. Será que esse Jesus é  mesmo o que foi anunciado pelos profetas, o Messias? Mandou alguns discípulos indagar se era ele mesmo ou se deviam esperar outro.

João anunciou um Messias com acentos bem particulares. Na linha do profeta Malaquias, João falava de um Messias que vinha com o fogo do julgamento. Iria recolher o trigo no celeiro, mas iria tocar fogo na palha. Seu machado já estava posto à raiz das árvores. Quem não desse fruto, seria cortado. Um Messias implacável como o fogo do fundidor, separando o ouro das impurezas com o calor do seu julgamento. E Jesus parecia que não estivesse batendo com essa expectativa de Messias. Pelo contrário, ele mostrou-se manso e humilde de coração, próximo do povo, amigo dos pecadores. Não um juiz implacável, mas um pastor que vai atrás da ovelha perdida. Não um lenhador de machado na mão, mas um agricultor semeando a sua semente. Não um fundidor assoprando o seu forno com o fole, mas um pai abrindo as portas de casa para receber o filho que volta. Um Messias surpreendentemente diferente.

João Batista ficou confuso. Ele já apresentara Jesus ao povo, como Messias. Mas, a coisa não estava batendo. Mandou saber. Em resposta, Jesus mandou os emissários observarem e relatarem o que estavam vendo e ouvindo. A ação de Jesus, como Messias, no meio do povo, estava na linha do profeta Isaías. Para essa tradição profética, o tempo do Messias é o tempo do retorno dos exilados à casa, o tempo da libertação dos humilhados.

João Batista pode ficar sossegado em sua prisão, Jesus é o Messias prometido por Deus. A novidade é que ele está restaurando a aliança de uma forma que ninguém tinha imaginado: próximo do povo, cuidando das feridas de quem foi assaltado e espancado, contando histórias de reconciliação e vida nova ao povo, festejando a conversão dos pecadores, pastoreando o seu rebanho e arriscando sua vida em defesa de suas ovelhas.


Guardando a mensagem

Vão contar a João o que vocês estão ouvindo e vendo (Mt 11, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
este tempo de advento, preparando-nos para o teu natal e para tua segunda vinda, é uma grande convocação para a conversão. É como se vivêssemos no tempo de João Batista, um tempo de preparação para a tua chegada. Dá-nos, Senhor, acolher os apelos deste tempo abençoado e voltarmo-nos para ti de todo coração. Concede que brote de nossos corações, abrasados por tua palavra, gestos de partilha e solidariedade com os irmãos mais pobres e sofredores. Neles, queremos reconhecer tua presença. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

A partilha e a solidariedade, recomendadas por João na preparação para a chegada do Messias, são sinais de conversão. Afastando-se do egoísmo e da indiferença, o convertido mostra que se importa com a dor e o sofrimento dos seus irmãos. 

Comunicando

Ontem, em Alagoas, visitei a fazenda da Esperança do município de Poço das Trincheiras. Os acolhidos dão testemunho: o amor de Deus, manifesto na acolhida e no cuidado, muda uma vida, renova uma história. Hoje, faço show em Ibimirim, na Diocese de Floresta, cidade do sertão pernambucano. Dia 15, começa a Novena de Natal. Vamos divulgá-la?

Um domingo abençoado. 
Até amanhã, se Deus quiser. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb









Já houve um Elias em sua vida cristã.

 



10 de dezembro de 2022

Sábado da 2ª Semana do Advento

EVANGELHO


Mt 17,10-13

Ao descerem do monte, 10os discípulos perguntaram a Jesus: “Por que os mestres da Lei dizem que Elias deve vir primeiro?” 11Jesus respondeu: “Elias vem e colocará tudo em ordem. 12Ora, eu vos digo: Elias já veio, mas eles não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo o que quiseram. Assim também o Filho do Homem será maltratado por eles”. 13Então os discípulos compreenderam que Jesus lhes falava de João Batista.

MEDITAÇÃO


Elias já veio, mas eles não o reconheceram (Mt 17, 12).

Por muito tempo, o povo de Israel cultivou o sentimento da vinda do Messias. Havia uma expectativa muito forte, no tempo de Jesus, de que o Messias chegaria a qualquer momento. É verdade que nem todos coincidiam, em suas esperanças, sobre quem seria e o que ele faria. O Messias era uma promessa de Deus e a sua vinda seria a solução para a sofrida vida daquela gente. Assim, muitos esperavam que fosse um grande líder político e militar. Com certeza, enfrentaria os romanos e acabaria com aquela dominação opressora. Outros apostavam que seria um homem de Deus ‘ultra-santo’, sem nenhuma aproximação com os pecadores e as maldades desse mundo.

Jesus era o Messias que o Pai enviara. Messias é uma palavra que quer dizer “ungido”. Ungir é uma cerimônia em que a pessoa é consagrada com óleo para uma missão. O Messias é aquele que Deus ungiu para a grande missão de restaurar Israel.

Em certo sentido, o estilo de Messias que Jesus exerceu não preencheu as expectativas do povo do seu tempo. Ele não era um sacerdote do templo, como podiam esperar os saduceus. Era um leigo, carpinteiro de profissão, vindo do interior. Não era um líder político-militar, como os zelotes esperavam. Era um profeta que pregava a mansidão, o perdão e a solidariedade com os pequenos. Não era um ilustrado professor da Lei, levando o povo a praticá-la com rigor, como esperavam os fariseus. Ensinava o povo com parábolas e pregava a lei do amor. Dessa forma, os grandes grupos religiosos de Israel não reconheceram Jesus como Messias.

Os Mestres ensinavam que antes que o Messias viesse, viria Elias. Elias foi um dos maiores profetas do povo de Deus e era sempre lembrado como alguém que restabeleceu a religião de Israel, ameaçada pelos cultos dos estrangeiros. Elias tinha vivido, vários séculos antes. Eles, lendo o livro do profeta Malaquias, entendiam que Elias voltaria antes que o Messias chegasse. Está assim no livro do profeta Malaquias: “Eis que eu envio o profeta Elias, antes que chegue o grandioso e terrível dia do Senhor” (Ml 3, 23). 

E Jesus explica aos seus discípulos que, de fato, Elias já veio. Foi João Batista, pelo que ele deu a entender. Não que ele tenha voltado em João Batista, isso não. É que João Batista fez o papel de Elias, aproximando o povo do seu Deus, preparando a chegada de Jesus. Disse Jesus: “Elias já veio, mas eles não o reconheceram”. E falou do modo como maltrataram João. O profeta, coitado, foi degolado na prisão de Herodes. E Jesus avisou que eles, tratariam mal, a ele também, o Filho do Homem.


Guardando a mensagem 

Este evangelho é um bom aviso para nós. Ficamos sempre esperando alguma coisa muito grande acontecer, para finalmente vivermos como convertidos. Não reconhecemos o Elias, que é quem prepara o caminho para o nosso encontro com Jesus. E nem reconhecemos o próprio Senhor que está no meio de nós. Ele se apresenta manso e humilde, renunciando as armas do poder. Elias já veio. O Messias também. O que é que estamos esperando para acolher o Reino de Deus que ele está anunciando?

Elias já veio, mas eles não o reconheceram (Mt 17, 12).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o papel de Elias de preparar os caminhos para a tua chegada foi realizado por João Batista. João foi o Elias que preparou os teus caminhos. Muitos fazem hoje esse papel, preparando o povo para o encontro contigo. Nós te bendizemos pelos Elias de hoje. Que eles não desanimem, pela pouca reação dos seus irmãos. Estamos seguros que também nós podemos e devemos fazer esse papel de Elias, ajudar as pessoas a abrirem o seu coração para te acolher como Messias e Salvador. Dá-nos, Senhor, paciência, sabedoria e perseverança para sermos Elias hoje, evangelizadores dos nossos irmãos e irmãs. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você pode identificar quem foi Elias na sua vida, quem preparou você para o encontro com Cristo? Anote, no seu caderno espiritual, ao menos três nomes de pessoas que foram Elias na sua vida. E reze por eles. 

Comunicando

Ontem, fiz show na cidade de Monteirópolis, estado de Alagoas. No domingo, faço show em Ibimirim, cidade do sertão pernambucano. Em Salvador, vou estar no dia 15. Em Fortaleza, no dia 18. 

Um final de semana abençoado. 
Até amanhã, se Deus quiser. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Destrave o seu coração para acolher Jesus que está chegando!



09 de dezembro de 2022

Sexta-feira da 2ª Semana do Advento

EVANGELHO


Mt 11,16-19

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 16“Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: 17‘Tocamos flauta e vós não dançastes. Entoamos lamentações e vós não batestes no peito!’ 18Veio João, que não come nem bebe, e dizem: ‘Ele está com um demônio’. 19Veio o Filho do Homem, que come e bebe, e dizem: ‘É um comilão e beberrão, amigo de cobradores de impostos e de pecadores’. Mas a sabedoria foi reconhecida com base em suas obras”.

MEDITAÇÃO


Com quem hei de comparar esta geração? (Mt 11, 16)

Nem Jesus Cristo agradou a todo mundo. É um ditado popular que tem sua razão. Apareceu João Batista, austero, duro na pregação… muitos não quiseram levá-lo a sério. Disseram: é um doido, um endemoniado. Apareceu Jesus, alegre, jovial, amoroso na sua pregação… muitos não lhe deram crédito: é um bonachão irresponsável. Foi aí que Jesus fez uma comparação dessa situação com crianças emburradas na hora da brincadeira.

Brincadeira de criança é coisa séria. Nas brincadeiras, as crianças podem representar e reproduzir sentimentos e atitudes que estão à sua volta. A brincadeira é uma fonte de socialização para as crianças, mas também de elaboração da compreensão do mundo que as rodeia. Nas brincadeiras, na forma de brincar, vão sendo cultivadas atitudes positivas e generosas como a partilha, o perdão, a alegria pelo êxito do outro, o cuidado, a atenção ao mais frágil. Mas, também nas brincadeiras, aparecem tendências ruins para a violência, o egoísmo, a ganância, o isolamento, a discriminação.

Jesus comparou o povo do seu tempo com cenas que ele já tinha vivido com seus coleguinhas na infância em Nazaré ou visto nas brincadeiras das crianças nas ruas de Cafarnaum, a cidade onde ele estava morando. A cena era essa: crianças emburradas que não estavam satisfeitas com nada. Olha a palavra dele: “Com quem vou comparar essa geração? Ah, são como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vocês não dançaram. Entoamos lamentações e vocês não bateram no peito!”.

As crianças do tempo de Jesus brincavam com as situações que elas viam: festas de casamento, por exemplo; funerais celebrados em família... Podemos imaginar as brincadeiras a que Jesus está se referindo... “tocamos flauta e vocês não dançaram”: brincar de festa, de casamento; “entoamos lamentações e vocês não bateram no peito”: brincar de alguma coisa triste, como enterro, exílio... As brincadeiras de criança imitam o mundo real.

Sempre acontece nas brincadeiras que alguma criança emburrada se negue a participar. No tempo de Jesus, claro, não era diferente. Uns começavam a brincar de festa e outros não topavam. Então, para contentá-los, tentavam brincar de uma coisa mais parada e eles também se negavam a participar. Olha, não tem coisa pior do que criança emburrada, que não quer brincar e fica pondo mau gosto na brincadeira dos outros, não é verdade?

Jesus aplicou esse impasse das brincadeiras infantis ao que estava acontecendo ao seu redor. João Batista era um pregador austero, falava do julgamento de Deus. Um grupo ficou contra e falava mal do profeta. Veio Jesus, que pregou o Reino de Deus como uma festa, frequentava a casa do povo e falava do perdão de Deus. O mesmo grupo ficou contra, emburrado. Negou-se a participar.


Guardando a mensagem

Quem brincou quando criança, sabe o que Jesus está dizendo. E sabe que tem gente que se comporta como criança emburrada... Se for o seu caso, trate de melhorar seu mau humor. Abra o seu coração para o anúncio do Reino de Deus, agora mesmo. Destrave o coração para acolher Jesus e seu evangelho. É hora de entrar na brincadeira...

Com quem hei de comparar esta geração? (Mt 11, 16)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o Reino de Deus continua sendo pregado pelos teus missionários. A evangelização é um convite permanente para entrarmos na lógica de Deus. Infelizmente, muitos nos comportamos com desconfiança, com desinteresse, influenciando outros a não aderirem alegremente às propostas que nos fazes. Senhor, desata em nós as amarras do homem velho para nos comportarmos sempre como filhos livres, felizes e confiantes no teu amor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Havendo, no seu coração, alguma coisa que não lhe deixa deslanchar na vida espiritual (um mal estar, uma desconfiança, uma dúvida), converse com alguém de sua confiança sobre isso. Você precisa de um estado espiritual de maior leveza e abertura para acolher e viver com alegria o dom de Deus. Lembre do que Jesus nos disse: "Quem não for como criança, não entra no Reino de Deus".

Comunicando

Faltam 6 dias para o início da Novena de Natal. Preparamos uma novena a partir dos textos bíblicos da liturgia de cada dia  antes do natal. Vamos chamá-la de Novena do Emanuel. A Novena será apresentada no rádio e nas redes sociais. Vamos enviar o e-book para todos os que recebem a Meditação. Então, fique tranquilo, você vai receber o e-book por aqui. O e-book é o texto da novena para ser lido no seu celular. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Ó Maria, concebida sem pecado!

 




08 de dezembro de 2022

Solenidade da Imaculada Conceição
de Nossa Senhora 

EVANGELHO


Lc 1,26-38

Naquele tempo, 26no sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da virgem era Maria. 28O anjo entrou onde ela estava e disse: “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!”
29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. 30O anjo, então, disse-lhe: “Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. 31Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. 32Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. 33Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim”. 34Maria perguntou ao anjo: “Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?” 35O anjo respondeu: “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. 36Também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, 37porque para Deus nada é impossível”.
38Maria, então, disse: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” E o anjo retirou-se.

MEDITAÇÃO


Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1, 28)

Olha que cena bonita: uma mulher e um anjo. Um anjo de Deus vem falar com Maria. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Foi a saudação do anjo Gabriel. Ele a chamou de ‘cheia de graça’, cheia da graça de Deus, habitada completamente pela graça do Altíssimo. Não tinha lugar para o pecado nela. Estava cheia da graça de Deus. Esta passagem, de maneira especial, deu razão à percepção que tinham os cristãos desde o primeiro século do cristianismo de que Maria era uma criatura muito especial, de que Deus a tinha cumulado de bênçãos de maneira absolutamente inédita. O anjo de Deus disse que Deus estava com ela, estava ao lado dela, queria-lhe todo bem. Ele disse “O Senhor está contigo”. Ela, coitada, ficou toda confusa e preocupada, sem entender o que estava acontecendo.

Bom, congela essa imagem do anjo bom falando com Maria. E vamos evocar outra cena. Nessa segunda cena, também tem uma mulher e um anjo. Um anjo mal veio falar com a Eva. “É verdade que Deus proibiu vocês de comer os frutos das árvores do pomar?”. ‘Não’, Eva lhe disse. ‘Ele só não quer que a gente toque naquela árvore está no meio do jardim. É um fruto venenoso, mata a gente”. Você está entranhando... e não era a serpente? Tudo bem, e quem era a serpente? Claro, o anjo mal, o demônio. Podemos prosseguir? Ele, o anjo mal, a serpente, disse a Eva: “Hum hum... vou dizer uma coisa a você. Deus sabe que se vocês comerem aquela fruta, vocês vão conhecer o bem e o mal. Vocês serão deuses, como ele”. E a mulher já começou a ver aquela fruta de outra forma... que fruta bonita e vai nos dar entendimento! Foi lá e comeu. E deu também a Adão, que também participou do mesmo sentimento de desconfiança sobre o Criador. O que vemos nessa cena? Vemos que a humanidade afastou-se de Deus. O pecado entrou no mundo. A mulher, representando a humanidade, disse ‘não’ a Deus.

Congela aí essa imagem de Eva e do anjo mal. Voltemos à cena do anjo bom falando com Maria. Ele está lhe dizendo que ela encontrou graça diante de Deus. Que ela não tenha medo. Que vai ficar grávida e ter um filho. Ele será o filho de Deus, a quem será dado o trono de Davi. Será o rei. Essa é a vontade de Deus que o anjo está comunicando a Maria. Ela fica preocupada. Nem é casada ainda, como pode ser isso? O anjo bom explica que o Espírito vai gerar no seu ventre o filho de Deus. Mesmo sem compreender tudo, Maria confirma que quer realizar a vontade de Deus, que tudo aconteça como ele mandou dizer. Maria diz “sim” a Deus. “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a tua palavra”. O que vemos nessa cena? A mulher, representando a humanidade, disse ‘sim’ a Deus.

Congela aí a cena de Maria. Vamos voltar para o livro do Gênesis, capítulo 3. O Senhor Deus está frente a frente com Adão e Eva. Eles romperam a confiança e a amizade que tinham com Deus. O seu pecado os distanciou dele. Aquele ‘não’ destruiu aquela aproximação que havia com o Criador, desequilibrou tudo e trouxe muito sofrimento. O homem pôs a culpa na mulher. A mulher pôs a culpa na serpente. E Deus fez um anúncio para o futuro: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. O que vemos nessa cena? A promessa de Deus que um dia a humanidade venceria a serpente.

Nessa promessa de Deus, bem no começo da história, está a promessa da vinda do Salvador. Ele é a descendência da mulher que esmaga a cabeça da serpente, que vence o maligno, que tira o pecado do mundo. Jesus é o salvador. Na vitória de Cristo, a humanidade também venceu o pecado, esmagou a cabeça da serpente. A humanidade redimida venceu o maligno, embora este ainda continue tentando morder-lhe o calcanhar.


Guardando a mensagem

Maria é a nova Eva. Eva representa a humanidade decaída pelo pecado. Maria representa a humanidade redimida do pecado. Eva disse ‘não’ a Deus. Maria disse ‘sim’ a Deus. No batismo, pelos merecimentos de Cristo, fomos lavados dos nossos pecados. Os merecimentos de Cristo, a redenção que ele nos alcançou na sua paixão, também foram aplicados à Maria. E foram aplicados antes que ela nascesse. Assim, ela já veio sem o pecado, já veio imaculada. Nessa condição, de cheia de graça, de não ter o pecado original nem nenhum pecado, é que ela foi a mãe do Redentor. Quem pisa a cabeça da serpente? A humanidade redimida por Cristo, da qual Maria é a primeira representante.

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1, 28)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A Igreja repete, com muito amor, a saudação do anjo bom à tua santa mãe, acrescenta o louvor que lhe fez Izabel, arrematando a prece com o reconhecimento de sua maternidade divina. Vamos fazer isso agora também.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Ó Maria, concebida sem pecado,
Rogai por nós que recorremos a vós!

Vivendo a palavra

Seria muito bom se você pudesse rezar o Terço Mariano, hoje. Seria uma bela homenagem à Imaculada Conceição de Maria.
Querendo rezar conosco, de segunda a sábado, rezamos o Terço Mariano, às 18 horas, pelo rádio. E você pode nos acompanhar pela Rádio Amanhecer. É só baixar o aplicativo no seu celular.

Comunicando

Nesta quinta-feira, ainda mais sendo o dia da Imaculada Conceição, estaremos juntos na Santa Missa das 11 horas, transmitida pelo Youtube: youtube.com/padrejoaocarlos. Para colocar sua intenção, use o formulário que está seguindo junto com a Meditação.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Venham a mim, vocês que estão cansados e sobrecarregados!



07 de dezembro de 2022

Memória de Santo Ambrósio,
bispo e doutor da Igreja

EVANGELHO


Mt 11,28-30

Naquele tempo, tomou Jesus a palavra e disse: 28“Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso dos vossos fardos, e eu vos darei descanso. 29Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso. 30Pois o meu jugo é suave e o meu fardo é leve”.

MEDITAÇÃO 


Venham a mim todos vocês que estão cansados e fatigados sob o peso dos seus fardos (Mt 11, 28)!

Que fardos são esses? Esses fardos eram, em primeiro lugar, no tempo de Jesus, as obrigações que a Lei de Moisés impunha, ou melhor, a interpretação da Lei feita pelos mestres e fariseus. Era uma carga pesada demais, oprimindo e afastando as pessoas de Deus. A religião como obrigação continua sendo um fardo pesado para muita gente, hoje. Mas, como Jesus pode aliviar esse nosso peso? O seu ensinamento nos liberta, torna leve a nossa carga. O seu maior ensinamento é que Deus nos ama como um pai. Ele compreende a nossa fraqueza. Ele enviou seu filho para nos conduzir no caminho. O Filho se revestiu de nossa humanidade e tornou-se agora o nosso guia. A fé é nossa melhor resposta. O seu ensinamento alivia o nosso peso.

Que fardos são esses? O peso do nosso pecado e de suas consequências. E Jesus alivia esse nosso peso pela reconciliação. Ele está nos sugerindo que troquemos os fardos que estamos carregando pelo seu peso que é leve, o nosso coração inquieto pelo seu coração manso e humilde. Ele nos revela que o Pai nos perdoa e nos reconcilia consigo pelo sacrifício de sua cruz. Assim, o peso do pecado nos é retirado das costas. Podemos caminhar com mais leveza e esperança. O amor de Deus nos liberta. O perdão nos tira o peso do pecado das costas.

Que fardos são esses? O peso massacrante da vida. Diante de pessoas acachapadas pelo sofrimento, pelo medo, pelo cansaço do trabalho com pouco retorno, pela falta de horizonte, Jesus se apresenta com um convite: Venham a mim todos vocês que estão cansados e fatigados sob o peso dos seus fardos, e eu lhes darei descanso. Ele nos tranquiliza: o Pai cuida de nós, nos sustenta, nos socorre. Não estamos sós. Não lutamos apenas com as nossas forças. Sendo assim, o peso de nossas obrigações já fica mais leve. O amor a Deus e ao próximo, ensinado por Jesus, liberta o nosso trabalho da marca da obrigação desumanizadora. Nossas responsabilidades, na lógica do amor, passam a ser serviço criativo e amoroso. O amor nos liberta do massacrante peso da obrigação.

Guardando a mensagem

Jesus encontrou o povo de Deus oprimido por muitas situações de exploração, violência e dominação. Por isso, o evangelho está cheio de doentes, leprosos, cegos, possessos, encurvados. Ele chamou a si esse povo humilhado, oferecendo-lhe a vida, a liberdade, a felicidade. Ele nos revelou o amor do Pai e o seu amor por nós. Ele carregou-se de nossas dores e nos abriu o caminho da vitória sobre toda opressão por meio de sua palavra, de suas atitudes, de sua morte na cruz, de sua ressurreição.

Venham a mim todos vocês que estão cansados e fatigados sob o peso dos seus fardos (Mt 11, 28)!


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
é grande o peso dos nossos fardos: a condição imposta pelos limites de nossa condição biológica; as dificuldades na luta pela sobrevivência e a manutenção de nossas famílias; os desencontros, os drama da vida familiar; o desencanto com a situação política do país... cansados e fatigados, sob o peso dos nossos fardos, nos aproximamos de ti, implorando a graça do teu abrigo, do teu repouso, da tua paz. Dá-nos a sabedoria que nos vem do Santo Espírito para encontrarmos as melhores soluções e a serenidade para atravessarmos com paciência as horas difíceis, na fé de que estás sempre conosco e nos conduzes como bom pastor de nossas vidas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Que tal você atender essa palavra de Jesus “Venham a mim todos vocês que estão cansados e sobrecarregados”? Vou lhe deixar uma sugestão. Reserve, hoje, um tempinho para um momento de oração. A sós com Deus, fale de sua vida... Alguma coisa muito importante, ele tem para lhe dizer.

Comunicando

Agradeço a quem deu sua opinião sobre o melhor horário para a Novena de Natal. Até a gravação desta Meditação, 905 pessoas tinham votado. Destas, 75% votaram pelo horário da noite e 25% pelo horário da tarde. Assim, fiamos certos: a Novena de Natal será apresentada sempre à noite, às 20 horas, do dia 15 ao dia 23. Você poderá nos acompanhar pelo Youtube. 

Hoje à noite, faço show na festa do Morro da Conceição, no Recife. O show deve começar às 21 horas. 

Uma abençoada quarta-feira e até amanhã, se Deus quiser. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

Descubra quem foi a ovelha que se perdeu.

 


06 de dezembro de 2022

Terça-feira da 2ª Semana do Advento

EVANGELHO


Mt 18,12-14


Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 12Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu?

13Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos.


MEDITAÇÃO


O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos (Mt 18, 14)

Neste clima de advento, que nos fala de conversão, Jesus conta a história do homem que tem cem ovelhas e uma delas se perde. O pastor deixa as noventa e nove nas montanhas e vai procurar a que se perdeu. Se a encontrar, ficará mais feliz com ela do que com as noventa e nove que não se perderam. Jesus resumiu as lições de sua pequena história dizendo: “O Pai não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”.

Você certamente já se perdeu alguma vez, ou não? Todo mundo, quando criança, alguma vez se perdeu dos pais. E pode lembrar o sofrimento que é se sentir perdido, sem ter mais a referência do pai ou da mãe. A criança fica apavorada, sobe uma angústia no peito, é um sofrimento impressionante. De repente, se sente sozinha, sem direção. Tem que procurar alguma saída, mas nem sabe por onde começar. Sente-se abandonada, assustada e desamparada. Essa é a condição da ovelha perdida.

Jesus anunciou que o Reino de Deus estava chegando. Foi assim que ele começou sua missão entre nós. Os evangelhos contam que Jesus, depois da morte de João Batista, voltou para a Galileia e começou a pregar. E era esse o conteúdo de sua pregação: "O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho" (Marcos 12, 14-15). Jesus convidava as pessoas a viverem esse novo momento, em que Deus estava muito próximo e vizinho de todos, o Reino de Deus. Com sua palavra, com curas e milagres, ele foi conduzindo muita gente para o caminho de Deus, para viver no seu amor. Com sua morte e ressurreição, o Pai deu aos que crerem no seu filho a possibilidade de viverem na completa comunhão consigo, como seus filhos.

Toda a obra de Jesus foi restabelecer a comunhão do povo com Deus. A Igreja é o resultado desta obra. É o povo novo que nasce da obra redentora de Jesus. Deus sempre quis abraçar o pecador e reintroduzi-lo em sua casa. O pecador é que se distanciou cada vez mais e não sabia mais retornar. A obra de Jesus foi a reconciliação: fez as pazes entre Deus e o povo. Fez o filho pródigo voltar pra casa. Proporcionou o abraço de reconciliação entre Deus e o pecador. Cada um de nós é único, é única. É a ovelha que se perdeu. Sozinhos, não temos como voltar pra casa. Jesus vem nos encontrar. É essa a sua missão: vir buscar e salvar a ovelha perdida.


Guardando a mensagem

O pecador é a ovelha que se perdeu. E a sensação de estar perdido, de se estar sozinho, de se sentir sem chão você conhece, desde criança, quando se perdia de sua mãe ou de seu pai. Conversão seria, assim, nos reconhecermos desgarrados e perdidos e acolhermos o amor do pastor que vem nos resgatar. Na história que Jesus contou, ficamos sabendo que não fomos esquecidos, que ele vem ao nosso encontro, não descansa enquanto não nos resgata, e nos integra no rebanho de Deus, a sua Igreja. É assim que ele faz conosco, quando nos perdemos, quando o pecado nos afasta de Deus e dos irmãos. É assim que precisamos fazer uns com os outros, não abandonando quem se perde ou se afasta.

O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos (Mt 18, 14)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o pastor que estás preocupado e comprometido com o resgate da ovelha que se perdeu. Sabemos que não estamos na conta das noventa e nove, pois também nós precisamos de conversão. Somos, isto sim, ovelhas resgatadas por tua misericórdia, transportadas em teus ombros e inseridas na família de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de participar da grande alegria do teu coração de encontrar e salvar a ovelha perdida; e de estar contigo, apoiando, ajudando e participando de tua missão redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

A sugestão, hoje, é que você reze o Salmo 22 (ou 23). É o salmo do bom pastor: O Senhor é o meu pastor, nada me falta.

Comunicando

Dia 15, começa a Novena de Natal. Nós, da AMA (Associação Missionária Amanhecer) preparamos a Novena do Emanuel para rezar com vocês pelo rádio e pelas redes sociais, de 15 a 23 de dezembro. Nós vamos enviar o arquivo para quem quiser imprimir o texto da novena. Também enviaremos o e-book para quem quiser seguir pelo celular. Mas, estamos em dúvida quanto ao horário em que vamos apresentar a Novena: à tarde, como no ano passado (às 15 horas) ou à noite (20 horas)? Gostaríamos de ouvir sua opinião. Está seguindo um formulário para você votar no melhor horário.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

O que você prefere: ser curado ou ser perdoado?





05 de dezembro de 2022

Segunda-feira da 2ª Semana do Advento


EVANGELHO


Lc 5,17-26

17Um dia Jesus estava ensinando. À sua volta estavam sentados fariseus e doutores da Lei, vindos de todas as aldeias da Galileia, da Judeia e de Jerusalém. E a virtude do Senhor o levava a curar.
18Uns homens traziam um paralítico num leito e procuravam fazê-lo entrar para apresentá-lo. 19Mas, não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao telhado e por entre as telhas o desceram com o leito no meio da assembleia diante de Jesus. 20Vendo-lhes a fé, ele disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”.
21Os escribas e fariseus começaram a murmurar, dizendo: “Quem é este que assim blasfema? Quem pode perdoar os pecados senão Deus?” 22Conhecendo-lhes os pensamentos, Jesus respondeu, dizendo: “Por que murmurais em vossos corações? 23O que é mais fácil dizer: ‘teus pecados estão perdoados’, ou dizer: ‘levanta-te e anda?’ 24Pois, para que saibais que o Filho do homem tem na terra poder de perdoar os pecados — disse ao paralítico — eu te digo: levanta-te, pega o leito e vai para casa”. 25Imediatamente, diante deles, ele se levantou, tomou o leito e foi para casa, louvando a Deus. 26Todos ficaram fora de si, glorificavam a Deus e cheios de temor diziam: “Hoje vimos coisas maravilhosas!”

MEDITAÇÃO


Quem pode perdoar os pecados, senão Deus? (Lc 5, 21)

Nós começamos essa segunda semana do advento com o apelo da conversão. João Batista preparou o povo para receber Jesus, convidando-o a consertar seus caminhos errados, confessar os seus pecados e batizar-se no rio Jordão. É o advento: preparar o encontro com Jesus, consertando a estrada esburacada e cheia de curvas de nossa vida, pela conversão dos nossos pecados.

E quem pode perdoar os nossos pecados? O evangelho de hoje tem a resposta. Os fariseus acharam que Jesus estava blasfemando. Ele perdoou os pecados do paralítico. Havia muita gente ouvindo Jesus, o local estava lotado. Um grupo trouxe um paralítico e arrumou um jeito de apresentá-lo ao Mestre. Desceram o doente pelo telhado. Jesus viu a fé deles e disse: “Homem, teus pecados estão perdoados”. Foi o bastante para uma onda de críticas. “Só Deus pode perdoar os pecados!”, murmuraram os fariseus.

O perdão dos pecados é a obra de Jesus no sacrifício da cruz. Por sua morte e ressurreição, ele nos reconciliou com Deus. Senhor fariseu, é verdade, é Deus quem perdoa! É Deus quem foi ofendido. E Deus nos perdoa, pelos méritos da paixão, morte e ressurreição de Jesus. Quem perdoou o paralítico foi o próprio autor da salvação. E até o curou de sua doença. Mas, fez ver que isso não era mais importante do que o perdão dos pecados. E até mesmo o curou para mostrar, como ele disse, que “o filho do homem tem na terra poder de perdoar os pecados”.

Nós recebemos o perdão dos nossos pecados, em primeiro lugar, no batismo. É a nossa primeira conversão. O batismo é o banho purificador pelo qual o Espírito Santo nos lava do pecado. E como continuamos a pecar depois do batismo, precisamos de uma segunda conversão, que precisa ser contínua em nossa vida. Para voltar à comunhão com Deus, Jesus deixou o sacramento da confissão, chamado também de sacramento da penitência. Aqui, entra o neofariseu de hoje com a mesma crítica: ‘Só Deus pode perdoar os pecados!’, tentando desqualificar esse serviço exercido pelos ministros da Igreja.

Jesus, o filho de Deus, nos reconcilia com o Pai, por meio do seu sacrifício redentor. E ele encarregou os seus apóstolos para darem continuidade na história a esse ministério de reconciliação. Depois de ressuscitado, tendo soprado sobre eles comunicando-lhes o santo Espírito, ele disse: “A quem vocês perdoarem os pecados, eles serão perdoados”. Os ministros da absolvição (os bispos e os padres) realizam esse ministério em nome de Cristo. Eles participam do seu sacerdócio. Em seu nome, escutam a confissão dos pecados dos seus irmãos, em seu nome os aconselham, em seu nome conferem a absolvição dos seus pecados. É claro, só Deus pode perdoar os pecados, senhor neofariseu! E ele o faz por meio dos seus ministros. Foi assim que Jesus deixou.


Guardando a mensagem

Este tempo do advento nos avisa que precisamos preparar a nossa vida para o encontro com Cristo, como quem conserta uma estrada com muitas curvas e buracos. É o grande apelo de conversão dos nossos pecados. E como nos livramos dessas estradas tortas do pecado, sobretudo do pecado mortal que nos afasta da comunhão com Deus? Resposta: pelo arrependimento e pela confissão dos nossos pecados. A nossa primeira conversão é celebrada no batismo. Nele, somos lavados do pecado, pelos méritos da paixão do Redentor. Para nos ajudar a reencontrar a graça de Deus, Jesus deixou o sacramento da confissão ou penitência. Nele, celebramos a nossa segunda e permanente conversão. Arrependidos, confessamos/dizemos os nossos pecados e recebemos a absolvição dos ministros da Igreja que fazem isso em nome de Cristo. Assim, somos reconciliados com Deus e com a comunidade eclesial, a quem também ofendemos com nossos pecados.

Quem pode perdoar os pecados, senão Deus? (Lc 5, 21)

Rezando a palavra

Rezemos com as palavras com que pedimos perdão dos nossos pecados, no início da Santa Missa.

Confesso a Deus Todo-Poderoso e a vós, irmãos e irmãs, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras, atos e omissões, por minha culpa, minha tão grande culpa. E peço à Virgem Maria, aos anjos e santos e a vós, irmãos e irmãs, que rogueis por mim a Deus, nosso Senhor. Amém.

Vivendo a palavra

Se a gente parar pra pensar um pouco e abrir espaço para a ação do Espírito Santo em nós, logo compreendemos nossas falhas e nossos pecados. É o que a gente faz no Exame de Consciência. Dê uma paradinha em algum momento no dia de hoje e faça seu Exame de Consciência. Pergunte-se: Em que eu estou falhando com o meu Deus?

Comunicando

No programa ENCONTROS de hoje, em meu canal do Youtube, teremos a presença do Pe. Sérgio Lúcio, salesiano, reitor e pároco do Santuário de N. Sr.a de Fátima, de Porto Velho, Rondônia. O assunto é o tempo do advento e a nossa preparação para o natal. O programa começa às 20 horas. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Como nos preparar para o encontro com Jesus.




04 de dezembro de 2022

2º Domingo do Advento

EVANGELHO


Mt 3,1-12

1Naqueles dias, apareceu João Batista, pregando no deserto da Judeia: 2“Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo”.
3João foi anunciado pelo profeta Isaías, que disse: “Esta é a voz daquele que grita no deserto: preparai o caminho do Senhor, endireitai suas veredas!”
4João usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinturão de couro em torno dos rins; comia gafanhotos e mel do campo.
5Os moradores de Jerusalém, de toda a Judeia e de todos os lugares em volta do rio Jordão vinham ao encontro de João. 6Confessavam seus pecados e João os batizava no rio Jordão. 7Quando viu muitos fariseus e saduceus vindo para o batismo, João disse-lhes: “Raça de cobras venenosas, quem vos ensinou a fugir da ira que vai chegar? 8Produzi frutos que provem a vossa conversão. 9Não penseis que basta dizer: ‘Abraão é nosso pai’, porque eu vos digo: até mesmo destas pedras Deus pode fazer nascer filhos de Abraão.
10O machado já está na raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e jogada no fogo.
11Eu vos batizo com água para a conversão, mas aquele que vem depois de mim é mais forte do que eu. Eu nem sou digno de carregar suas sandálias. Ele vos batizará com o Espírito Santo e com fogo.
12Ele está com a pá na mão; ele vai limpar sua eira e recolher seu trigo no celeiro; mas a palha ele a queimará no fogo que não se apaga”.



MEDITAÇÃO

Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo (Mt 3, 1)

Jesus vem. É este o mote desse tempo do advento. Jesus está chegando. Precisamos nos preparar. Precisamos preparar a sua chegada. E qual será o modo melhor de nos prepararmos para a sua vinda? Esse segundo domingo do advento responde. Ele nos apresenta a figura de João Batista, que nos traz uma mensagem de conversão. Sua pregação é essa: “Convertam-se, porque o Reino dos céus está próximo”. Ele está preparando o caminho do Senhor, como disse o Profeta Isaías. O modo melhor de nos prepararmos para o encontro com o Senhor é a conversão.

João está pregando no deserto e batizando no Rio Jordão. “Deserto” lembra o longo tempo em que o povo peregrinou até entrar na terra prometida. Tempo de purificação. Tempo de celebração da aliança. No deserto, o povo recebeu a Lei, para ser o povo de Deus. Lá, fez aliança com o Senhor. No deserto, tornou-se povo de Deus, povo da aliança. A entrada na terra prometida deu-se pelo Rio Jordão. João está neste cenário: Deserto e Jordão. A imagem já fala por si: voltemos à aliança com Deus!

Às vésperas da chegada do Messias, o profeta está atraindo o povo para o deserto. E prega a chegada próxima do Messias. E a necessidade de cada um abandonar sua vida errada e restabelecer sua aliança com o Senhor. Os que confessam os seus pecados são batizados por ele, no Rio Jordão. É o batismo purificador, preparando o povo para o encontro com o Senhor que está chegando. Um povo que está sendo restaurado na sua condição de povo de Deus, pela Palavra que está sendo anunciada e pelo Banho purificador da Água. É isso que está acontecendo ali, no deserto da Judeia.

Mas, João fica irritado quando vê que fariseus e saduceus estavam também indo se batizar. Eles não se reconheciam pecadores, nem em ruptura com a aliança. Ao contrário, eles se faziam de santos e justos. Não estavam dispostos à conversão. Então, deviam saber que a árvore que não der fruto será cortada e lançada ao fogo. A vinda do Messias, diz João, é o dia do julgamento. O Messias vai armazenar o trigo e tocar fogo na palha.

João é uma figura impressionante, pela sua austeridade de vida, pelo anúncio da vinda do Messias e pela sua pregação clara sobre conversão, a mudança de vida.
Quando João Batista apareceu, no deserto, pregando que o Messias estava pra chegar, foi logo identificado com a ‘voz que grita no deserto, alertando para que se preparasse o caminho para o Senhor” de que Isaías falava. João Batista pedia ao povo para preparar o caminho para a chegada do Messias: arrepender-se dos seus pecados, confessá-los e batizar-se no Rio Jordão. Banhar-se no Rio Jordão era uma forma de mostrar arrependimento e vontade de viver uma vida nova. Quando a gente toma banho, a gente se sente renovado, aliviado do cansaço, limpo. Com a liderança de João Batista, o povo estava se preparando para o novo tempo que estava chegando, com a vinda do Messias, o enviado de Deus.


Guardando a mensagem

Deus marcou um encontro conosco. O Pai enviou o seu filho amado. Quem o receber, acolhe o próprio Pai. É verdade, ele já veio. Foi o primeiro natal. Então, nos preparemos para fazer do natal que está chegando uma forte memória dessa surpreendente vinda do filho de Deus em nossa condição humana. Claro, ele vem sempre ao nosso encontro, todo dia e de tantas formas! Então, preparemo-nos para reconhecê-lo no meio do seu povo, como no tempo do Batista. Mas, não podemos esquecer, ele virá definitivamente em sua glória, como nos prometeu. A grande preparação para esse encontro com o Senhor é a conversão: limpar a casa, fazer uma grande faxina em nossa vida, tomar banho... É o advento do Senhor.  O grande convite do primeiro domingo do advento foi a Vigilância, aguardar o Senhor acordados. O grande apelo deste segundo domingo do advento é a Conversão, preparar a vinda do Senhor com uma vida renovada. 

Convertam-se, porque o Reino de Deus está próximo (Mt 3, 1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

neste tempo de advento, aquecemos o nosso coração com a certeza de tua vinda: já vieste uma primeira vez, vens sempre ao nosso encontro e virás definitivamente no último dia. Teu profeta João Batista está nos mandando preparar o caminho, endireitar as curvas, restaurar a estrada de nossa vida para a tua chegada. Entendemos, então, que é tempo de conversão, de mudança de vida. Assiste-nos, Senhor, neste caminho de conversão, com o teu Santo Espírito. Que a nossa vida seja uma boa estrada, pela qual tu possas vir ao encontro de muita gente, com teu evangelho de paz e de perdão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Sabe de uma coisa que você já devia ir pensando nesta preparação para o natal? A confissão. Arrumar um jeito de se confessar, daqui para o natal. Afinal, é hora de endireitar as veredas tortas.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A sua e nossa missão.

 



03 de dezembro de 2022

Sábado da 1ª Semana do Advento

Memória de São Francisco Xavier

EVANGELHO


Mt 9,35 –10,1.6-8

Naquele tempo, 35Jesus percorria todas as cidades e povoados, ensinando em suas sinagogas, pregando o Evangelho do Reino, e curando todo tipo de doença e enfermidade.
36Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas, porque estavam cansadas e abatidas, como ovelhas que não têm pastor. Então disse a seus discípulos: 37“A Messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. 38Pedi pois ao dono da messe que envie trabalhadores para a sua colheita!”
10,1E, chamando os seus doze discípulos deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade.
Enviou-os com as seguintes recomendações: 6“Ide, antes, às ovelhas perdidas da casa de Israel! 7Em vosso caminho, anunciai: ‘O Reino dos Céus está próximo’. 8Curai os doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De graça recebestes, de graça deveis dar!”

MEDITAÇÃO


Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios (Mt 10, 8)

Jesus percebe a situação de sofrimento e abandono do seu povo. E procura organizar o seu grande grupo de discípulos, nomeando doze líderes. Chamou doze, porque estava simbolicamente reorganizando todo o rebanho de Deus, o povo das doze tribos, que fora liderado por doze patriarcas. E Jesus enviou os doze em missão. É urgente que o rebanho conte com bons pastores, com boas lideranças. Pastores que cuidem das ovelhas estropiadas, que recuperem as desfalecidas, que lavem as sujas, que as defenda dos lobos.

A missão é anunciar a proximidade do Reino, que é o que Jesus já estava fazendo. “Em seu caminho, anunciem: o Reino dos céus está próximo”. Na realização desta missão, Jesus deu aos doze quatro tarefas: Curar os doentes; Ressuscitar os mortos; Purificar os leprosos; e Expulsar os demônios. Você sabe, quatro é um número de totalidade. Quatro é tudo, pois quatro são os pontos cardeais. A missão de anunciar a chegada do Reino de Deus mostra-se nestas quatro ações.

Vamos dar uma olhada nessas tarefas. A primeira foi curar os doentes. Jesus tinha um carinho especial pelos doentes. Basta lembrar a cena da sogra de Pedro ou do paralítico descido em sua maca diante dele. Cuidar dos doentes é uma forma de anunciar o Reino de Deus. Deus está perto de quem está sofrendo. Deus é a força de quem está debilitado. Estamos diante do tema da SAÚDE. Assistir os doentes e sofredores, rezar por eles, rezar com eles, acompanhá-los em seu tratamento são formas de mostrar o amor de Deus, a proximidade do Reino. Curar os enfermos.

A segunda tarefa foi ressuscitar os mortos. Jesus ressuscitou a filha de Jairo, o filho da viúva de Naim, o seu amigo Lázaro. Em todos esses episódios, vemos como Jesus deu atenção às famílias enlutadas, como ele ajudou as pessoas a crerem em Deus e na ressurreição que ele nos promete. Estamos diante do tema da VIDA. Na parábola do bom samaritano, o homem estava caído, semimorto, na beira da estrada. Acudir quem está caído, quem está em situação de morte é ressuscitar os mortos. Hoje, temos muita gente que está em situação de morte: pela droga, pela exploração do trabalho, pela fome... Trabalhar pela recuperação dos dependentes químicos, salvar do suicídio quem perdeu o sentido da vida, por exemplo, são também formas de anunciar a proximidade do Reino. Ressuscitar os mortos.

A terceira tarefa foi purificar os leprosos. Os leprosos, no evangelho, têm a ver com a impureza em relação à Lei. Pela impureza, a pessoa estava apartada de Deus e de sua comunidade. A lepra é uma imagem do pecado. Estamos diante do tema da RECONCILIAÇÃO. Purificar os leprosos é ajudar a pessoa a se aproximar de Deus e alcançar o perdão dos seus pecados. Fomos reconciliados com Deus, por Jesus Cristo que morreu por nós. Trabalhar pela conversão, aproximar as pessoas do Sacramento da Confissão são formas de anunciar que o Reino está vizinho, próximo. Purificar os leprosos.

A quarta tarefa foi expulsar os demônios. Jesus venceu as tentações. E libertou muitas pessoas possuídas pelo mal. Estamos diante do problema da LIBERDADE. Muita gente está possuída, escravizada pelo preconceito, pelo sentimento de inferioridade, pela ignorância, por ideologias totalitárias, pela inveja, pela dependência cultural... são numerosas as formas de dominação do mal sobre as pessoas! Contribuir para a superação desses males, ajudar as pessoas a se libertarem dessas forças de opressão são formas de realizar o anúncio do Reino de Deus. Expulsar os demônios.




Guardando a mensagem

Jesus, diante do seu povo sofrido e humilhado, enche-se de compaixão. Vê que aquele é um rebanho sem pastor. Realizando sua missão de reorganizar o povo de Deus disperso, nomeia doze lideranças para o seu movimento. Ele envia os doze em missão. Eles devem, como Jesus, anunciar a proximidade do Reino de Deus. Para servir o seu povo cansado e abatido, Jesus providencia pastores que cuidem das ovelhas estropiadas (os enfermos), que recuperem as desfalecidas (os mortos), que lavem as sujas (os leprosos), que as defenda dos lobos (os demônios). A missão dos doze é a missão de todo o povo de Deus. A minha, a sua também.

Curem os doentes, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios (Mt 10, 8)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
aos teus missionários de ontem e de hoje, estás instruindo que todos estamos em missão. E que a missão não depende de contarmos com muitos recursos (ouro, prata, dinheiro). O que temos para oferecer não tem preço, nem são coisas que estamos distribuindo. Somos testemunhas do Reino que chegou com tua presença redentora. Estás insistindo, Senhor, que precisamos manter a postura de missionários, de viajantes, evitando a busca de benefícios pessoais (não levar sacola) e a busca de segurança ou bem-estar (duas túnicas, sandálias, bastão). Ajuda-nos, Senhor, a realizar, ao teu lado, a grande tarefa da evangelização. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Planeje o seu final de semana, de forma que dê para participar bem da Santa Missa do 2º Domingo do Advento. Neste domingo, vamos contemplar a figura do missionário João Batista, convocando o povo para a conversão, em preparação da vinda do Messias.

Comunicando

Neste mês de dezembro, faço Show no Recife, na festa do Morro da Conceição (no dia 7); em Monteirópolis, Alagoas (no dia 9); em Ibimirim, sertão pernambucano (no dia 11); em Morro do Chapéu, Bahia (no dia 30) e em Lençóis, também na Bahia (no dia 31).

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Você e eu somos os cegos.




02 de dezembro de 2022

Sexta-feira da 1ª Semana do Advento


EVANGELHO


Mt 9,27-31

Naquele tempo, 27partindo Jesus, dois cegos o seguiram, gritando: “Tem piedade de nós, filho de Davi!” 28Quando Jesus entrou em casa, os cegos se aproximaram dele. Então Jesus perguntou-lhes: “Vós acreditais que eu posso fazer isso?”
Eles responderam: “Sim, Senhor”. 29Então Jesus tocou nos olhos deles, dizendo: “Faça-se conforme a vossa fé”. 30E os olhos deles se abriram. Jesus os advertiu severamente: “Tomai cuidado para que ninguém fique sabendo”. 31Mas eles saíram, e espalharam sua fama por toda aquela região.

MEDITAÇÃO


Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

O texto de hoje conta a história de dois cegos que seguiram Jesus, gritando por ajuda. Chegando à casa, eles tiveram uma conversa com ele. Jesus lhe tocou os olhos e eles ficaram curados. O Mestre lhes pediu para não saírem espalhando o fato, mas foi perdido. Eles saíram falando pra todo mundo.

O evangelho não tem interesse em ficar contando milagres de Jesus, de qualquer jeito. Não é um “testemunho” pra chamar clientes para o próprio empreendimento religioso, como vemos hoje no rádio e na televisão. A narração dos milagres são catequeses sobre Jesus e nosso encontro com ele. É assim que vamos olhar para esse texto, como uma catequese sobre a fé.

Fé? Por que eu falei “fé”? Porque as histórias de cegueira física, no evangelho, são particularmente formas de falar da cegueira espiritual, da resistência ou da incompreensão diante da pessoa de Jesus ou do projeto de Deus. Cegueira, neste sentido, representa a falta de fé. Para confirmar essa compreensão, basta lembrar que, segundo o texto de Isaías que Jesus leu na sinagoga de Nazaré, “dar vista aos cegos” era um dos sinais da salvação trazida pelo Messias.

Afinal, quem são os cegos? Melhor, quantos são os cegos? Sua resposta: dois, precisamente. Lembre-se do início do evangelho de Mateus. Jesus chamou primeiro dois irmãos: André e Simão. Depois, chamou mais dois: Tiago e João. E na história do filho pródigo, o pai tinha dois filhos. E outro pai falou com seus dois filhos para irem trabalhar na sua vinha. E na cruz, havia dois ao lado de Jesus, crucificados também. Eu só posso pensar nesses dois cegos como discípulos. E discípulos são os que receberam o convite para seguir Jesus e puseram-se a caminho com ele.

Por falar nisso, escute bem o que está escrito: “dois cegos começaram a segui-lo”. E diferentemente de outro cego, que Jesus parou para atendê-lo, esses seguiram Jesus até à casa dele. E foi dentro de casa, que eles se aproximaram de Jesus e conversaram com ele. Seguimento, caminho, casa são indicações da condição de discípulos. Então, a história dos cegos é uma representação dos discípulos. E quando falamos de discípulos, não estamos falando só dos doze apóstolos, estamos falando das centenas de homens e mulheres que tinham Jesus como referência e até, muitos deles, andavam com ele.

E qual é a catequese sobre a fé que há nesse texto? Vamos recolher três lições. A primeira: A fé nos põe no caminho de Jesus e vai se firmando, a cada passo. Os dois eram cegos e começaram a seguir Jesus. Gritavam por compaixão. É no caminho que a fé vai se firmando, se aclarando, se consolidando. Lembra a história dos 10 leprosos? Foi no caminho, indo para Jerusalém, que eles se deram conta que estavam curados. A fé vai crescendo no caminho que eu vou fazendo com Jesus.

A segunda lição: A fé nos leva para a comunidade. Os cegos entraram na casa de Jesus (que é a casa de Pedro e de André). Na intimidade da casa, eles se aproximam de Jesus. É a comunidade que nos proporciona essa aproximação com Jesus, essa intimidade com ele. Os cegos-discípulos são acolhidos na família de Jesus, na sua casa, na sua comunidade.

A terceira lição: A fé é aprofundada num diálogo esclarecedor, que chamamos de catequese. Jesus dialoga com os dois. Pergunta se acreditam nele. Eles respondem que sim. Jesus toca nos olhos deles e diz “que seja feito conforme a sua fé”. E os olhos deles se abriram. Isso nos faz lembrar aqueles dois discípulos de Emaús. Após a catequese que Jesus fez no caminho, ceando com eles, fez os gestos da última ceia. Àquela altura, seus olhos se abriram. Eles viram Jesus ressuscitado. Devíamos falar de catequese e liturgia, mas não vamos complicar.


Guardando a mensagem

Você e eu somos os cegos. Mesmo com uma fé incompleta e frágil, começamos a seguir Jesus. Somos testemunhas que nossa fé vai se fortalecendo à medida em que vamos caminhando com ele. O caminho nos leva à sua casa, à sua comunidade, na qual somos acolhidos. A comunidade nos comunica a verdade sobre Jesus e celebra conosco a sua obra redentora. Na comunidade, os nossos olhos se abrem. E nos fazemos seus missionários, espalhadores de sua mensagem. Nosso testemunho não é que ele está operando milagres (ele não está interessado nesse tipo de propaganda). Testemunhamos que o encontramos, que somos um milagre dele. Éramos cegos e agora vemos. Vivemos iluminados pela fé.

Tem compaixão de nós, filho de Davi! (Mt 9, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a história dos dois cegos é a nossa história. A cegueira física é uma representação da nossa cegueira espiritual. Com uma fé ainda frágil, nós nos colocamos no teu seguimento, respondendo ao teu chamado para sermos teus discípulos. É na caminhada contigo que a nossa fé vai se robustecendo. E a fé nos leva à comunidade, à vida de comunhão contigo e com os irmãos. Na catequese e na celebração, vemos com clareza sempre crescente o projeto do Pai que se realiza em ti e a nossa vocação de filhos e filhas de Deus. De toda forma, Senhor, estamos sempre necessitados de tua misericórdia. Por isso, continuamos a te pedir: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça seu este pedido insistente dos cegos: “Tem compaixão de nós, filho de Davi”. Nesta prece, repetida várias vezes durante o dia de hoje, peça que a luz da fé seja sempre mais luminosa em sua vida.

Comunicando

Neste mês de dezembro, faço Show no Recife, na festa do Morro da Conceição (no dia 7); em Monteirópolis,  Alagoas (no dia 9); em Ibimirim, sertão pernambucano (no dia 11); em Cruz de Rebouças, Igrarassu (no dia 13); em Morro do Chapéu, Bahia (no dia 30) e em Lençóis, também na Bahia (no dia 31). 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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