PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: bom pastor
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Não tenha medo de entrar e sair por esta Porta.


22 de abril de 2024

  Segunda-feira da 4ª Semana da Páscoa.  



  Evangelho. 


Jo 10,1-10

Naquele tempo, disse Jesus: 1“Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10 O ladrão só vem para roubar, matar e destruir. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.

  Meditação.  


Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Ontem, celebramos o Domingo do Bom Pastor. O evangelho de hoje continua nos apresentando Jesus, o bom pastor. Hoje ele nos diz: “Eu sou a porta das ovelhas”. Como podemos entender essa palavra?

Jesus entra pela porta. Consideremos, em primeiro lugar, que Jesus, como bom pastor, entra pela porta das ovelhas. A porta do redil é o portão do cercado onde estão as ovelhas reunidas, durante a noite. O bom pastor entra pela porta, não pula o muro. Quem pula o muro é o assaltante. Jesus entrou em nossa história pela porta. Não caiu de paraquedas. Ele, sendo Deus, abaixou-se e fez-se um de nós, convivendo conosco, andando pelos nossos caminhos. É o que nós chamamos de encarnação. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Pastor pra valer tem que ser como Jesus, entra pela porta: a porta do coração, a porta da convivência, a porta da inculturação.

A porta é de entrada. Consideremos, em segundo lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, entramos na comunhão com Deus e com os irmãos, através da porta que é Cristo. O bom pastor comunica a vida às suas ovelhas, não é como o ladrão que se aproveita delas. O bom pastor, renunciando aos seus interesses pessoais, sacrifica-se pelo rebanho. E como é que o pastor Jesus comunica a vida? Por sua presença, por sua pregação, e, sobretudo, por sua vida entregue na cruz. É por ele que vamos ao Pai. É pela fé nele e pelo batismo em sua morte e ressureição que encontramos a salvação e nos tornamos filhos de Deus.

A porta é de saída. Consideremos, em terceiro lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, estamos em êxodo para a vida plena, pela porta que é Cristo. A porta também dá acesso à saída das ovelhas para suas andanças para pastos e locais com água de beber. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Com ele, que vai à nossa frente, estamos a caminho da terra prometida, como no antigo êxodo. A vida plena que ele nos dá é a plena realização de nossa existência humana e de nossa condição de filhos de Deus. Ele nos dá a sua própria vida, no sentido que se oferece por nós e no sentido que nos comunica a sua vida de ressuscitado. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.

Também nós somos pastores. Consideremos, em quarto lugar, que somos chamados a participar do pastoreio de Cristo, como ovelhas, mas também como pastores. Em sua mensagem para a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações deste ano, o Papa Francisco escreveu: Consideremos "o precioso dom do chamado que o Senhor dirige a cada um de nós, seu povo fiel em caminho, pois nos dá a possibilidade de tomar parte no seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida."




Guardando a mensagem

Jesus, o bom pastor, entrou em nossa história pela porta. Sendo Deus, abaixou-se à nossa condição humana para nos encontrar, para nos falar, para nos conduzir. Ele é também a porta, por onde entramos em comunhão com Deus: porta de entrada, pois por ele temos acesso à vida eterna; porta de saída, pois por ele, enche-se de significado a nossa existência humana, a nossa peregrinação em busca das eternas pastagens. Não há outra via, outro caminho de acesso ao Pai, senão Jesus Cristo. Pais e mães de família, animadores, profissionais, líderes em nossos ambientes… somos todos pastores. Em nosso serviço de liderança, precisamos imitá-lo, ser bons pastores. Esforcemo-nos para levar o rebanho para boas pastagens, para a vida em abundância. Isso exige sacrifício de nossa parte, renúncia, fidelidade. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 

Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Ninguém vai ao Pai senão por ti. Tu és a porta pela qual ingressamos na casa do Pai, como filhos pródigos que somos. Fomos reconciliados por tua morte redentora. Por ti, chegamos ao Pai. Pela porta, também saímos para trabalhar na vinha do nosso Deus. Como tu, e contigo, vamos em missão, no compromisso de que todos tenham vida e vida em abundância.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Nesta segunda-feira, continuemos no clima do Domingo do Bom Pastor, rezando para que o Senhor dê à sua Igreja numerosos e santos padres e diáconos, religiosos e religiosas, leigos e leigas e comprometidos com o Reino. 

Comunicando

Hoje é dia de Segunda Bíblica. Nosso encontro bíblico começa às 20:30h. Não podendo nos acompanhar nesse horário, sem problemas. Encontre outro momento na semana para estudar conosco o Livro do Profeta Ezequiel. O encontro vai ficar gravado no Yoube.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Não deixe ninguém para trás.

 


21 de abril de 2024

4º Domingo da Páscoa 

  Domingo do Bom Pastor. 

61º Dia Mundial de Oração pelas Vocações 


  Evangelho  


Jo 10,11-18

Naquele tempo, disse Jesus: 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13Pois ele é apenas um mercenário que não se importa com as ovelhas.
14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.
16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
17É por isso que meu Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. 18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi de meu Pai”.

  Meditação  


Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10, 11) 

Neste quarto Domingo da Páscoa celebramos o Domingo do Bom Pastor, com a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações. Rezamos para que não nos faltem pastores e para que os pastores sejam bons, cuidando do rebanho com o zelo e o amor de Cristo. O tema desta Jornada de Oração é "Chamados a semear a esperança e a construir a paz".

Em sua Mensagem para o dia de hoje, o Papa Francisco escreveu: "Este dia proporciona-nos sempre uma boa ocasião para recordar, com gratidão, diante do Senhor o compromisso fiel, quotidiano e muitas vezes escondido daqueles que abraçaram uma vocação que envolve toda a sua vida". Ele cita, então, as mães e os pais; os cidadãos e cidadãs que se empenham em favor do bem comum; as pessoas consagradas; os chamados ao sacerdócio ordenado.

O tema do 'pastor' é o tema da liderança. Todos nós temos responsabilidade no pastoreio do rebanho de Deus. Pais e mães, educadores, catequistas, coordenadores, animadores, bispos, padres, diáconos, homens públicos, lideranças comunitárias somos todos pastores na família, no ambiente de trabalho, nas comunidades, na Igreja, na sociedade. Ser pastor é cuidar do rebanho. Podemos ser maus pastores ou bons pastores como Jesus. 

Jesus se apresenta como o bom pastor. E marca bem a diferença entre o bom pastor e o mercenário. Toma distância também do comportamento de estranhos e assaltantes. Esses tipos, podemos pensar, são como que tentações para quem pastoreia, para quem exerce liderança na família, na Igreja ou na sociedade. O assaltante pula o muro, não entra pela porta. O estranho não conhece, nem é conhecido. O mercenário abandona as ovelhas quando o lobo as ataca, não as defende com a própria vida.

O bom pastor entra pela porta, não pula o muro. Quem pula o muro é o assaltante. Que porta é essa? A porta do redil, a porta do cercado onde estão as ovelhas de noite. Jesus entrou em nossa história pela porta. Não caiu de paraquedas. Ele, sendo Deus, abaixou-se e fez-se um de nós, convivendo conosco, andando pelos nossos caminhos, conversando as nossas conversas. É o que nós chamamos de encarnação. O apóstolo João escreveu: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. Pastor pra valer tem que ser como Jesus. Entra pela porta: a porta do coração (porque ama e se aproxima das pessoas), a porta da convivência (que gera conhecimento e confiança), a porta da encarnação (porque assumiu a nossa condição, fez-se um de nós). 

O bom pastor não é um estranho, a sua voz é conhecida pelas ovelhas. Ao estranho, elas não seguem, não reconhecem sua voz, não confiam nele. A convivência, a aproximação, o conhecimento recíproco geram confiança. É assim que ele as chama pelo nome, pois as conhece e elas o atendem, pois o conhecem. É assim que ele as conduz: caminha à sua frente. O Espírito Santo é quem nos faz íntimos de Jesus. Quanto mais o conhecemos, mais o amamos, o compreendemos e o seguimos. 

O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, não é como o mercenário que as abandona. Ele se sacrifica por elas, comunica-lhes vida. E como é que o pastor Jesus comunica a vida? Por sua presença, por suas atitudes, por sua pregação, e, sobretudo, por sua vida entregue na cruz. E continua hoje comunicando-nos a vida, particularmente, pelo dom de sua Palavra e pelo dom da Eucaristia. O mercenário não se importa com as ovelhas e as abandona na hora em que mais precisam dele. O bom pastor, renunciando aos seus interesses pessoais, sacrifica-se pelo rebanho. 




Guardando a mensagem

Nas famílias, nos ambiente de trabalho, nas comunidades, na sociedade somos também pastores, em funções de liderança. Como nos diz a primeira carta de Pedro, reconheçamos Jesus como pastor e guarda de nossas vidas. E o imitemos em nosso pastoreio. Não lideremos como mercenários, nem como estranhos, nem como assaltantes. Não pulemos o muro, entremos pela porta da convivência, da amizade, da solidariedade. Alcancemos ser reconhecidos em nossa liderança pela confiança que despertamos. Esforcemo-nos para levar o rebanho para boas pastagens, para a vida em abundância. Não deixemos ninguém para trás. Não nos rendamos às dificuldades e aos problemas. Isso exige sacrifício de nossa parte, renúncia, fidelidade. 

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10, 11) 

Rezando a Palavra

Rezemos a oração composta por São Paulo VI para o 1º Dia Mundial das Vocações:

Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamaste os Apóstolos para fazer deles pescadores de homens, continua a atrair para ti almas ardentes e generosas de jovens, a fim de fazer deles teus seguidores e teus ministros; torna-os participantes da tua sede de redenção universal, (…) abre-lhes os horizontes do mundo inteiro, (…) para que, respondendo ao teu chamado, prolonguem aqui na terra a tua missão, edifiquem o teu Corpo místico, que é a Igreja, e sejam “sal da terra”, “luz do mundo”. 
Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a Palavra

Rezemos, hoje, para que o Senhor dê à sua Igreja numerosos e santos sacerdotes, consagrados e consagradas na vida religiosa, missionários e servidores leigos e leigas, caminhando todos em unidade no compromisso da missão.

Comunicando

Tendo um tempinho hoje, leia a mensagem do papa Frnacisco para este Dia Mundial de Oração pelas Vocações. Vou deixar o texto no final da mensagem. É só seguir  link. 




MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O 61º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(21 de abril de 2024 – IV Domingo de Páscoa)


Chamados a semear a esperança e a construir a paz



Queridos irmãos e irmãs!

O Dia Mundial de Oração pelas Vocações convida-nos, cada ano, a considerar o precioso dom da chamada que o Senhor dirige a cada um de nós, seu povo fiel em caminho, pois dá-nos a possibilidade de tomar parte no seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida. A escuta da chamada divina, longe de ser um dever imposto de fora – talvez em nome de um ideal religioso –, é antes o modo mais seguro que temos de alimentar o desejo de felicidade que trazemos no nosso íntimo: a nossa vida realiza-se e torna-se plena quando descobrimos quem somos, as qualidades que temos e o campo onde é possível pô-las a render, quando descobrimos que estrada podemos percorrer para nos tornarmos sinal e instrumento de amor, acolhimento, beleza e paz nos contextos onde vivemos.

Assim, este Dia proporciona-nos sempre uma boa ocasião para recordar, com gratidão, diante do Senhor o compromisso fiel, quotidiano e muitas vezes escondido daqueles que abraçaram uma vocação que envolve toda a sua vida. Penso nas mães e nos pais que não olham primeiro para si mesmos, nem seguem a tendência dum estilo superficial, mas organizam a sua existência cuidando das relações com amor e gratuidade, abrindo-se ao dom da vida e pondo-se ao serviço dos filhos e seu crescimento. Penso em todos aqueles que realizam, dedicadamente e em espírito de colaboração, o seu trabalho; naqueles que, em diferentes campos e de vários modos, se empenham por construir um mundo mais justo, uma economia mais solidária, uma política mais equitativa, uma sociedade mais humana, isto é, em todos os homens e mulheres de boa vontade que se dedicam ao bem comum. Penso nas pessoas consagradas, que oferecem a sua existência ao Senhor quer no silêncio da oração quer na atividade apostólica, às vezes na linha de vanguarda e sem poupar energias, servindo com criatividade o seu carisma e colocando-o à disposição de quantos encontram. E penso naqueles que acolheram a chamada ao sacerdócio ordenado, se dedicam ao anúncio do Evangelho, repartem a sua vida – juntamente com o Pão Eucarístico – pelos irmãos, semeiam esperança e mostram a todos a beleza do Reino de Deus.

Aos jovens, especialmente a quantos se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança, gostaria de dizer: deixai-vos fascinar por Jesus, dirigi-Lhe as vossas perguntas importantes, através das páginas do Evangelho, deixai-vos desinquietar pela sua presença que sempre nos coloca, de forma benfazeja, em crise. Ele respeita mais do que ninguém a nossa liberdade, não Se impõe mas propõe-Se: dai-Lhe espaço e encontrareis a vossa felicidade no seu seguimento e, se vo-la pedir, na entrega total a Ele.

Um povo em caminho

A polifonia dos carismas e das vocações, que a Comunidade Cristã reconhece e acompanha, ajuda-nos a compreender plenamente a nossa identidade de cristãos: como povo de Deus em caminho pelas estradas do mundo, animados pelo Espírito Santo e inseridos como pedras vivas no Corpo de Cristo, cada um de nós descobre-se membro duma grande família, filho do Pai e irmão e irmã de seus semelhantes. Não somos ilhas fechadas em si mesmas, mas partes do todo. Por isso, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações traz gravada a marca da sinodalidade: há muitos carismas e somos chamados a escutar-nos reciprocamente e a caminhar juntos para os descobrir discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos.

Além disso, no momento histórico presente, o caminho comum conduz-nos para o Ano Jubilar de 2025. Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo, para, na descoberta da própria vocação e pondo em relação os diversos dons do Espírito, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade.

Este Dia é dedicado de modo particular à oração para implorar do Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). E, como sabemos, a oração é feita mais de escuta que de palavras dirigidas a Deus. O Senhor fala ao nosso coração e quer encontrá-lo aberto, sincero e generoso. A sua Palavra fez-Se carne em Jesus Cristo, que nos revela e comunica toda a vontade do Pai. Neste ano de 2024, dedicado precisamente à oração como preparação para o Jubileu, somos chamados a descobrir o dom inestimável de poder dialogar com o Senhor, de coração a coração, tornando-nos assim peregrinos de esperança, porque «a oração é a primeira força da esperança. Tu rezas e a esperança cresce, avança. Diria que a oração abre a porta à esperança. A esperança existe, mas com a minha oração abro a porta» (Francisco, Catequese, 20/V/2020).

Peregrinos de esperança e construtores de paz

Mas que significa ser peregrinos? Quem empreende uma peregrinação procura, antes de mais nada, ter clara a meta, e conserva-a sempre no coração e na mente. Mas, para atingir esse destino, é preciso ao mesmo tempo concentrar-se no passo presente: para o realizar, é necessário estar leve, despojar-se dos pesos inúteis, levar consigo apenas o essencial e esforçar-se cada dia por que o cansaço, o medo, a incerteza e a escuridão não bloqueiem o caminho iniciado. Por isso ser peregrino significa partir todos os dias, recomeçar sempre, reencontrar o entusiasmo e a força de percorrer as várias etapas do percurso que, apesar das fadigas e dificuldades, sempre abrem diante de nós novos horizontes e panoramas desconhecidos.

Este é precisamente o sentido da peregrinação cristã: estamos em caminho à descoberta do amor de Deus e, ao mesmo tempo, à descoberta de nós mesmos, através duma viagem interior, mas sempre estimulados pela multiplicidade das relações. Portanto, peregrinos porque chamados: chamados a amar a Deus e a amar-nos uns aos outros. Assim, o nosso caminho sobre esta terra nunca se reduz a uma labuta sem objetivo nem a um vaguear sem meta; pelo contrário, cada dia, respondendo à nossa chamada, procuramos realizar os passos possíveis rumo a um mundo novo, onde se viva em paz, na justiça e no amor. Somos peregrinos de esperança, porque tendemos para um futuro melhor e empenhamo-nos na sua construção ao longo do caminho.

Tal é, em última análise, a finalidade de cada vocação: tornar-se homens e mulheres de esperança. Como indivíduos e como comunidade, na variedade dos carismas e ministérios, todos somos chamados a «dar corpo e coração» à esperança do Evangelho neste mundo marcado por desafios epocais: o avanço ameaçador duma terceira guerra mundial aos pedaços, as multidões de migrantes que fogem da sua terra à procura dum futuro melhor, o aumento constante dos pobres, o perigo de comprometer irreversivelmente a saúde do nosso planeta. E a tudo isto vêm ainda juntar-se as dificuldades que encontramos diariamente com o risco de nos precipitar, às vezes, na resignação ou no derrotismo.

Por isso é decisivo, para nós cristãos, cultivar um olhar cheio de esperança no nosso tempo, para podermos trabalhar frutuosamente respondendo à vocação que nos foi dada ao serviço do Reino de Deus, Reino do amor, de justiça e de paz. Esta esperança – assegura-nos São Paulo – «não engana» (Rm 5, 5), porque se trata da promessa que o Senhor Jesus nos fez de permanecer sempre connosco e de nos envolver na obra de redenção que Ele quer realizar no coração de cada pessoa e no «coração» da criação. Tal esperança encontra o seu centro propulsor na Ressurreição de Cristo, que «contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. É verdade que muitas vezes parece que Deus não existe: vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não cedem. Mas também é certo que, no meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produz fruto» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 276). E o apóstolo Paulo afirma ainda que fomos salvos na esperança (cf. Rm 8, 24). A redenção realizada na Páscoa dá a esperança, uma esperança certa, fiável, com a qual podemos enfrentar os desafios do presente.

Então ser peregrinos de esperança e construtores de paz significa fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caiem no vazio. Apesar dos fracassos e retrocessos, o bem que semeamos cresce de modo silencioso e nada pode separar-nos da meta última: o encontro com Cristo e a alegria de viver na fraternidade entre nós por toda a eternidade. Esta vocação final, devemos antecipá-la cada dia: a relação de amor com Deus e com os irmãos e irmãs começa desde agora a realizar o sonho de Deus, o sonho da unidade, da paz e da fraternidade. Que ninguém se sinta excluído desta chamada! Cada um de nós, no seu lugar próprio, no seu estado de vida, pode ser, com a ajuda do Espírito Santo, um semeador de esperança e de paz.

A coragem de se envolver

Por tudo isso digo mais uma vez, como durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa: «rise up – levantai-vos!» Despertemos do sono, saiamos da indiferença, abramos as grades da prisão em que por vezes nos encerramos, para que possa cada um de nós descobrir a própria vocação na Igreja e no mundo e tornar-se peregrino de esperança e artífice de paz! Apaixonemo-nos pela vida e comprometamo-nos no cuidado amoroso daqueles que vivem ao nosso lado e do ambiente que habitamos. Repito-vos: tende a coragem de vos envolver! Padre Oreste Benzi, apóstolo incansável da caridade, sempre da parte dos últimos e indefesos, repetia que ninguém é tão pobre que não tenha algo para dar, e ninguém é tão rico que não precise de receber alguma coisa.

Levantemo-nos, pois, e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz.

Roma, São João de Latrão, no IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2024.

FRANCISCO

Jesus é a presença viva de Deus entre nós, o verdadeiro Templo do Senhor.



  02 de maio de 2023. 

Dia de Santo Atanásio, bispo e doutor da Igreja

Terça-feira da 4ª Semana da Páscoa



                          Evangelho                          


Jo 10,22-30

22Celebrava-se, em Jerusalém, a festa da Dedicação do Templo. Era inverno. 23Jesus passeava pelo Templo, no pórtico de Salomão. 24Os judeus rodeavam-no e disseram: “Até quando nos deixarás em dúvida? Se tu és o Messias, dize-nos abertamente”.
25Jesus respondeu: “Já vo-lo disse, mas vós não acreditais. As obras que eu faço em nome do meu Pai dão testemunho de mim; 26vós, porém, não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas. 27As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. 28Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão.
29Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai. 30Eu e o Pai somos um”.
         

                         Meditação                              


Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai (Jo 10, 29).

O evangelho de hoje começa informando que, em Jerusalém, onde Jesus se encontrava, celebrava-se a festa da Dedicação do Templo. Certamente, essa informação pode nos ajudar a compreender o contexto das palavras de Jesus nessa ocasião. Que festa será essa da “Dedicação do Templo”?

Primeiro, vou lhe dizer que Templo era esse. O de Jerusalém, claro. Mas, não era o Templo de Salomão. O Templo de Salomão tinha sido destruído pelos babilônios seis séculos antes (ano 587 a.C). O Templo que Jesus frequentou nas grandes peregrinações foi o Templo reconstruído no retorno dos exilados (século II a.C) e restaurado por Herodes Magno, mais ou menos no tempo em que Jesus nasceu. Assim, o Templo que aparece no Novo Testamento é o Templo de Herodes.

E a festa da Dedicação do Templo? Bom, essa é uma linda história que está contada nos dois Livros dos Macabeus, no Antigo Testamento. Por um tempo, os pagãos da Síria dominaram o povo de Deus e pintaram e bordaram no Templo de Jerusalém. Foi um tempo de muito sofrimento e humilhação, mas afinal, sob a liderança de Judas Macabeu, o povo conseguiu expulsar os dominadores de suas terras. Depois que limparam e consertaram o que podiam do Templo, fizeram uma linda festa para purificá-lo e dedicá-lo de novo ao culto a Deus. Cada ano, com essa festa, recordavam essa Dedicação do Templo.

O Templo de Jerusalém (só existia um templo em todo o país) era um centro de unidade para o povo de Deus. Para eles, era um sinal visível da presença de Deus que os guardava e protegia. Nele, os pecadores se reconciliavam com Deus, oferecendo sacrifícios de animais. Ali, ouviam as explicações da Lei e rendiam graças por todos os favores que recebiam do Altíssimo.

Pois Jesus está no Templo, na festa de sua Dedicação. Se aquele povo tivesse acolhido a pregação de Jesus, entenderia que mais do que aquele Templo, o sinal visível da presença de Deus no meio do seu povo era o próprio Jesus; que em Jesus, Deus estava reunindo as ovelhas dispersas e amparando os mais sofridos; e que, mais do que os sacrifícios de touros e carneiros que eles ofereciam ali, seria o sacrifício de Jesus, o verdadeiro cordeiro de Deus, a redimir o seu povo dos seus pecados. O próprio Templo, em si mesmo, já era um testemunho sobre Jesus.

Mas, eles estavam de coração fechado para Deus e para a boa notícia do Reino que Jesus estava anunciando. Consideraram que Jesus estava ofendendo a Deus com suas palavras e suas pretensões, chamaram-no de blasfemo e quiseram até apedrejá-lo. Não eram de suas ovelhas. As suas ovelhas ouvem a sua voz.

Nós somos as ovelhas que o Pai encarregou Jesus de cuidar e salvar. Ele nos conhece e nos dá a vida eterna. Nós, suas ovelhas, escutamos sua voz e o seguimos. Ele nos tranquiliza: não nos perderemos e não seremos arrancados de sua mão. 




Guardando a mensagem

Na festa da Dedicação do Templo, ficou claro: mais do que o Templo, Jesus é a presença salvadora de Deus no meio do seu povo. Ele é o bom pastor que dá a vida por nós, suas ovelhas. Ninguém vai nos dispersar, nem nos arrancar de suas mãos. Ele nos revela que o Pai que cuida de nós, nos defende, nos salva, nos constitui seu rebanho. Por nossa causa, ele foi oferecido como se fora um cordeiro imolado no Templo. Por sua ressurreição, o cordeiro tornou-se pastor. Ele é o bom pastor que marcha à nossa frente. Reconheçamos a sua voz. Sejamos seus seguidores.

Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos, e ninguém pode arrebatá-las da mão do Pai (Jo 10, 29).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
bom pastor de nossas vidas, nós te bendizemos pelo amor fiel que te levou ao sacrifício da cruz. Nós te louvamos por seres o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. E nós queremos ser fieis a ti em nosso seguimento, acolhendo tuas palavras, unindo-nos como tua Igreja que somos e protegendo e cuidando dos mais frágeis e sofredores. Nós te recomendamos, hoje, especialmente os adolescentes e jovens de nossas famílias: que eles também possam conhecer-te, amar-te e seguir-te. Só tu és o caminho, a verdade e a vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Neste mês de maio, estamos rezando, com toda a Igreja pelos movimentos e grupos eclesiais. Rezemos para que nossas comunidades, nossos movimentos e grupos redescubram cada dia a sua missão evangelizadora. 

Comunicando

Neste mês de maio, temos um desafio: rezar o terço mariano todos os dias. Você topa o desafio? Por favor, dê sua resposta no formulário que está seguindo no seu celular. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Neste Domingo do Bom Pastor, rezemos pelas Vocações.

 


30 de abril de 2023

4º Domingo da Páscoa 

  Domingo do Bom Pastor. 

60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações 


                                Evangelho                              


Jo 10,1-10                                                   

Naquele tempo, disse Jesus: 1“Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10O ladrão só vem para roubar, matar e destruir
. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.


                              Meditação                                  


Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Estamos celebrando o Domingo do Bom Pastor. No evangelho, Jesus nos diz: “Eu sou a porta das ovelhas”. Como podemos entender essa palavra?

Jesus entra pela porta. Consideremos, em primeiro lugar, que Jesus, como bom pastor, entra pela porta das ovelhas. A porta do redil é o portão do cercado onde estão as ovelhas reunidas, durante a noite. O bom pastor entra pela porta, não pula o muro. Quem pula o muro é o assaltante. Jesus entrou em nossa história pela porta. Não caiu de paraquedas. Ele, sendo Deus, abaixou-se e fez-se um de nós, convivendo conosco, andando pelos nossos caminhos. É o que celebramos no mistério da encarnação. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Pastor pra valer tem que ser como Jesus, entra pela porta: a porta do coração, a porta da convivência, a porta da inculturação.

A porta é de entrada. Consideremos, em segundo lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, entramos na comunhão com Deus e com os irmãos, através da porta que é Cristo. O bom pastor comunica a vida às suas ovelhas, não é como o ladrão que se aproveita delas. O bom pastor, renunciando aos seus interesses pessoais, sacrifica-se pelo rebanho. E como é que o pastor Jesus comunica a vida? Por sua presença, por sua pregação, e, sobretudo, por sua vida entregue na cruz. É por ele que vamos ao Pai. É pela fé nele e pelo batismo em sua morte e ressureição que encontramos a salvação e nos tornamos filhos de Deus.

A porta é de saída. Consideremos, em terceiro lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, estamos em êxodo para a vida plena, pela porta que é Cristo. A porta também dá acesso à saída das ovelhas para suas andanças para pastos e locais com água de beber. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Com ele, que vai à nossa frente, estamos a caminho da terra prometida, como no antigo êxodo. A vida plena que ele nos dá é a plena realização de nossa existência humana e de nossa condição de filhos de Deus. Ele nos dá a sua própria vida, no sentido que se oferece por nós e no sentido que nos comunica a sua vida de ressuscitado. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.

Também nós somos pastores. Consideremos, em quarto lugar, que somos chamados a participar do pastoreio de Cristo, como ovelhas, mas também como pastores. Em sua mensagem para a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações deste ano, o Papa Francisco escreveu: O Dia Mundial de Oração pelas Vocações "visa ajudar os membros do Povo de Deus a responder, pessoalmente e em comunidade, ao chamado e à missão que o Senhor confia a cada um no mundo de hoje, com as suas feridas e as suas esperanças, os seus desafios e as suas conquistas".




Guardando a mensagem

Jesus, o bom pastor, entrou em nossa história pela porta. Sendo Deus, abaixou-se à nossa condição humana para nos encontrar, para nos falar, para nos conduzir. Ele é também a porta, por onde entramos em comunhão com Deus: porta de entrada, pois por ele temos acesso à vida eterna; porta de saída, pois por ele, enche-se de significado a nossa existência humana, a nossa peregrinação em busca das eternas pastagens. Não há outra via, outro caminho de acesso ao Pai, senão Jesus Cristo. Pais e mães de família, animadores, profissionais, líderes em nossos ambientes… somos todos pastores. Em nosso serviço de liderança, precisamos imitá-lo, ser bons pastores. Esforcemo-nos para levar o rebanho para boas pastagens, para a vida em abundância. Isso exige sacrifício de nossa parte, renúncia, fidelidade. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.

Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Rezando a palavra

Rezemos a oração composta por São Paulo VI para o 1º Dia Mundial das Vocações:

Ó Jesus, divino Pastor das almas, que chamaste os Apóstolos para fazer deles pescadores de homens, continua a atrair para ti almas ardentes e generosas de jovens, a fim de fazer deles teus seguidores e teus ministros; torna-os participantes da tua sede de redenção universal, (…) abre-lhes os horizontes do mundo inteiro, (…) para que, respondendo ao teu chamado, prolonguem aqui na terra a tua missão, edifiquem o teu Corpo místico, que é a Igreja, e sejam “sal da terra”, “luz do mundo” (Mt 5, 13). 
Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a Palavra

Rezemos para que o Senhor dê à sua Igreja numerosos e santos sacerdotes, consagrados e consagradas na vida religiosa, missionários e servidores leigos e leigos, caminhando todos em unidade no compromisso da missão.

Comunicando

Segunda-feira, começa o mês de maio. O desafio do mês será rezar o terço mariano, todos os dias desse mês. Você encontra o melhor horário e reza o seu terço (sozinho, com sua família ou com sua comunidade). Diariamente, estarei rezando com os ouvintes de diversas emissoras, às 18 horas, de segunda a sábado. Você pode nos acompanhar pela Rádio Amanhecer (é bom já baixar o aplicativo da Radio Amanhecer no seu celular).

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Descubra quem foi a ovelha que se perdeu.

 


06 de dezembro de 2022

Terça-feira da 2ª Semana do Advento

EVANGELHO


Mt 18,12-14


Naquele tempo disse Jesus a seus discípulos: 12Que vos parece? Se um homem tem cem ovelhas, e uma delas se perde, não deixa ele as noventa e nove nas montanhas, para procurar aquela que se perdeu?

13Em verdade vos digo, se ele a encontrar, ficará mais feliz com ela, do que com as noventa e nove que não se perderam. 14Do mesmo modo, o Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos.


MEDITAÇÃO


O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos (Mt 18, 14)

Neste clima de advento, que nos fala de conversão, Jesus conta a história do homem que tem cem ovelhas e uma delas se perde. O pastor deixa as noventa e nove nas montanhas e vai procurar a que se perdeu. Se a encontrar, ficará mais feliz com ela do que com as noventa e nove que não se perderam. Jesus resumiu as lições de sua pequena história dizendo: “O Pai não deseja que se perca nenhum desses pequeninos”.

Você certamente já se perdeu alguma vez, ou não? Todo mundo, quando criança, alguma vez se perdeu dos pais. E pode lembrar o sofrimento que é se sentir perdido, sem ter mais a referência do pai ou da mãe. A criança fica apavorada, sobe uma angústia no peito, é um sofrimento impressionante. De repente, se sente sozinha, sem direção. Tem que procurar alguma saída, mas nem sabe por onde começar. Sente-se abandonada, assustada e desamparada. Essa é a condição da ovelha perdida.

Jesus anunciou que o Reino de Deus estava chegando. Foi assim que ele começou sua missão entre nós. Os evangelhos contam que Jesus, depois da morte de João Batista, voltou para a Galileia e começou a pregar. E era esse o conteúdo de sua pregação: "O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho" (Marcos 12, 14-15). Jesus convidava as pessoas a viverem esse novo momento, em que Deus estava muito próximo e vizinho de todos, o Reino de Deus. Com sua palavra, com curas e milagres, ele foi conduzindo muita gente para o caminho de Deus, para viver no seu amor. Com sua morte e ressurreição, o Pai deu aos que crerem no seu filho a possibilidade de viverem na completa comunhão consigo, como seus filhos.

Toda a obra de Jesus foi restabelecer a comunhão do povo com Deus. A Igreja é o resultado desta obra. É o povo novo que nasce da obra redentora de Jesus. Deus sempre quis abraçar o pecador e reintroduzi-lo em sua casa. O pecador é que se distanciou cada vez mais e não sabia mais retornar. A obra de Jesus foi a reconciliação: fez as pazes entre Deus e o povo. Fez o filho pródigo voltar pra casa. Proporcionou o abraço de reconciliação entre Deus e o pecador. Cada um de nós é único, é única. É a ovelha que se perdeu. Sozinhos, não temos como voltar pra casa. Jesus vem nos encontrar. É essa a sua missão: vir buscar e salvar a ovelha perdida.


Guardando a mensagem

O pecador é a ovelha que se perdeu. E a sensação de estar perdido, de se estar sozinho, de se sentir sem chão você conhece, desde criança, quando se perdia de sua mãe ou de seu pai. Conversão seria, assim, nos reconhecermos desgarrados e perdidos e acolhermos o amor do pastor que vem nos resgatar. Na história que Jesus contou, ficamos sabendo que não fomos esquecidos, que ele vem ao nosso encontro, não descansa enquanto não nos resgata, e nos integra no rebanho de Deus, a sua Igreja. É assim que ele faz conosco, quando nos perdemos, quando o pecado nos afasta de Deus e dos irmãos. É assim que precisamos fazer uns com os outros, não abandonando quem se perde ou se afasta.

O Pai que está nos céus não deseja que se perca nenhum desses pequeninos (Mt 18, 14)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o pastor que estás preocupado e comprometido com o resgate da ovelha que se perdeu. Sabemos que não estamos na conta das noventa e nove, pois também nós precisamos de conversão. Somos, isto sim, ovelhas resgatadas por tua misericórdia, transportadas em teus ombros e inseridas na família de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de participar da grande alegria do teu coração de encontrar e salvar a ovelha perdida; e de estar contigo, apoiando, ajudando e participando de tua missão redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

A sugestão, hoje, é que você reze o Salmo 22 (ou 23). É o salmo do bom pastor: O Senhor é o meu pastor, nada me falta.

Comunicando

Dia 15, começa a Novena de Natal. Nós, da AMA (Associação Missionária Amanhecer) preparamos a Novena do Emanuel para rezar com vocês pelo rádio e pelas redes sociais, de 15 a 23 de dezembro. Nós vamos enviar o arquivo para quem quiser imprimir o texto da novena. Também enviaremos o e-book para quem quiser seguir pelo celular. Mas, estamos em dúvida quanto ao horário em que vamos apresentar a Novena: à tarde, como no ano passado (às 15 horas) ou à noite (20 horas)? Gostaríamos de ouvir sua opinião. Está seguindo um formulário para você votar no melhor horário.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

NÓS TAMBÉM SOMOS PASTORES






09 de maio de 2022

4ª Semana da Páscoa

EVANGELHO


Jo 10,1-10

Naquele tempo, disse Jesus: 1“Em verdade, em verdade vos digo, quem não entra no redil das ovelhas pela porta, mas sobe por outro lugar, é ladrão e assaltante. 2Quem entra pela porta é o pastor das ovelhas. 3A esse o porteiro abre, e as ovelhas escutam a sua voz; ele chama as ovelhas pelo nome e as conduz para fora. 4E, depois de fazer sair todas as que são suas, caminha à sua frente, e as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz. 5Mas não seguem um estranho, antes fogem dele, porque não conhecem a voz dos estranhos”.
6Jesus contou-lhes esta parábola, mas eles não entenderam o que ele queria dizer. 7Então Jesus continuou: “Em verdade, em verdade vos digo, eu sou a porta das ovelhas. 8Todos aqueles que vieram antes de mim são ladrões e assaltantes, mas as ovelhas não os escutaram. 9Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem. 10O ladrão só vem para roubar, matar e destruir
. Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância”.


MEDITAÇÃO


Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Ontem, celebramos o Domingo do Bom Pastor. O evangelho de hoje continua nos apresentando Jesus, o bom pastor. Hoje ele nos diz: “Eu sou a porta das ovelhas”. Como podemos entender essa palavra?

Jesus entra pela porta. Consideremos, em primeiro lugar, que Jesus, como bom pastor, entra pela porta das ovelhas. A porta do redil é o portão do cercado onde estão as ovelhas reunidas, durante a noite. O bom pastor entra pela porta, não pula o muro. Quem pula o muro é o assaltante. Jesus entrou em nossa história pela porta. Não caiu de paraquedas. Ele, sendo Deus, abaixou-se e fez-se um de nós, convivendo conosco, andando pelos nossos caminhos. É o que nós chamamos de encarnação. “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Pastor pra valer tem que ser como Jesus, entra pela porta: a porta do coração, a porta da convivência, a porta da inculturação.

A porta é de entrada. Consideremos, em segundo lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, entramos na comunhão com Deus e com os irmãos, através da porta que é Cristo. O bom pastor comunica a vida às suas ovelhas, não é como o ladrão que se aproveita delas. O bom pastor, renunciando aos seus interesses pessoais, sacrifica-se pelo rebanho. E como é que o pastor Jesus comunica a vida? Por sua presença, por sua pregação, e, sobretudo, por sua vida entregue na cruz. É por ele que vamos ao Pai. É pela fé nele e pelo batismo em sua morte e ressureição que encontramos a salvação e nos tornamos filhos de Deus.

A porta é de saída. Consideremos, em terceiro lugar, que nós, como ovelhas do rebanho de Deus, estamos em êxodo para a vida plena, pela porta que é Cristo. A porta também dá acesso à saída das ovelhas para suas andanças para pastos e locais com água de beber. Ele disse: “Eu vim para que todos tenham vida e vida em abundância”. Com ele, que vai à nossa frente, estamos a caminho da terra prometida, como no antigo êxodo. A vida plena que ele nos dá é a plena realização de nossa existência humana e de nossa condição de filhos de Deus. Ele nos dá a sua própria vida, no sentido que se oferece por nós e no sentido que nos comunica a sua vida de ressuscitado. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.

Também nós somos pastores. Consideremos, em quarto lugar, que somos chamados a participar do pastoreio de Cristo, como ovelhas, mas também como pastores. Em sua mensagem para a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações, o Papa Francisco escreveu: “O Senhor deseja moldar corações de pais, corações de mães: corações abertos, capazes de grandes ímpetos, generosos na doação, compassivos para consolar as angústias e firmes para fortalecer as esperanças".






Guardando a mensagem

Jesus, o bom pastor, entrou em nossa história pela porta. Sendo Deus, abaixou-se à nossa condição humana para nos encontrar, para nos falar, para nos conduzir. Ele é também a porta, por onde entramos em comunhão com Deus: porta de entrada, pois por ele temos acesso à vida eterna; porta de saída, pois por ele, enche-se de significado a nossa existência humana, a nossa peregrinação em busca das eternas pastagens. Não há outra via, outro caminho de acesso ao Pai, senão Jesus Cristo. Pais e mães de família, animadores, profissionais, líderes em nossos ambientes… somos todos pastores. Em nosso serviço de liderança, precisamos imitá-lo, ser bons pastores. Esforcemo-nos para levar o rebanho para boas pastagens, para a vida em abundância. Isso exige sacrifício de nossa parte, renúncia, fidelidade. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas.

Eu sou a porta. Quem entrar por mim, será salvo; entrará e sairá e encontrará pastagem (Jo 10, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
ninguém vai ao Pai senão por ti. Tu és a porta pela qual ingressamos na casa do Pai, como filhos pródigos que somos. Fomos reconciliados por tua morte redentora. Por ti, chegamos ao Pai. Pela porta, também saímos para trabalhar na vinha do nosso Deus. Como tu, e contigo, vamos em missão, no compromisso de que todos tenham vida e vida em abundância. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a Palavra

Nesta segunda-feira, continuemos no clima do Domingo do Bom Pastor, rezando para que o Senhor dê à sua Igreja numerosos e santos sacerdotes, religiosos e religiosas, missionários e missionárias.

Comunicando

Quero agradecer de coração os que estiveram, neste sábado, na Catedral da Sé, em São Paulo, na Missa dos Ouvintes do nosso programa na Rádio 9 de julho. Deus os abençoe. Nesta segunda, o encontro é no Recife, na Basílica do Carmo, às 11 horas. Em 05 de maio, nos veremos em Fortaleza.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O BOM PASTOR DÁ A VIDA POR SUAS OVELHAS



25 de abril de 2021

4º Domingo da Páscoa - Domingo do Bom Pastor
Dia Mundial de Oração pelas Vocações


EVANGELHO


Jo 10,11-18

Naquele tempo, disse Jesus: 11“Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas. 12O mercenário, que não é pastor e não é dono das ovelhas, vê o lobo chegar, abandona as ovelhas e foge, e o lobo as ataca e dispersa. 13Pois ele é apenas um mercenário que não se importa com as ovelhas.
14Eu sou o bom pastor. Conheço as minhas ovelhas, e elas me conhecem, 15assim como o Pai me conhece e eu conheço o Pai. Eu dou minha vida pelas ovelhas.
16Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: também a elas devo conduzir; elas escutarão a minha voz, e haverá um só rebanho e um só pastor.
17É por isso que meu Pai me ama, porque dou a minha vida, para depois recebê-la novamente. 18Ninguém tira a minha vida, eu a dou por mim mesmo; tenho poder de entregá-la e tenho poder de recebê-la novamente; essa é a ordem que recebi de meu Pai”.

MEDITAÇÃO


Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10, 11) 

Neste quarto Domingo da Páscoa celebramos o Domingo do Bom Pastor, com a Jornada Mundial de Oração pelas Vocações. Rezamos para que não nos faltem pastores e para que os pastores sejam bons, cuidando do rebanho com o zelo e o amor de Cristo. Em sua Mensagem para o dia de hoje, o Papa Francisco tomou a figura de São José como inspiração para as vocações. Ele escreveu: "Pode-se dizer que São José foi a mão estendida do Pai Celeste para o seu Filho na terra. Assim não pode deixar de ser modelo para todas as vocações, que a isto mesmo são chamadas: ser as mãos operosas do Pai em prol dos seus filhos e filhas".

51 Dia Munidal de Oração pelas vocações - Chamados a semear a esperança e a construir a paz

O tema do 'pastor' é o tema da liderança. Todos nós temos responsabilidade no pastoreio do rebanho de Deus. Pais e mães, educadores, catequistas, coordenadores, animadores, bispos, padres, diáconos, homens públicos, lideranças comunitárias somos todos pastores na família, no ambiente de trabalho, nas comunidades, na Igreja, na sociedade. Ser pastor é cuidar do rebanho. Podemos ser maus pastores ou bons pastores como Jesus. 

Jesus se apresenta como o bom pastor. E marca bem a diferença entre o bom pastor e o mercenário. Toma distância também do comportamento de estranhos e assaltantes. Esses tipos, podemos pensar, são como que tentações para quem pastoreia, para quem exerce liderança na família, na Igreja ou na sociedade. O assaltante pula o muro, não entra pela porta. O estranho não conhece, nem é conhecido. O mercenário abandona as ovelhas quando o lobo as ataca, não as defende com a própria vida.

O bom pastor entra pela porta, não pula o muro. Quem pula o muro é o assaltante. Que porta é essa? A porta do redil, a porta do cercado onde estão as ovelhas de noite. Jesus entrou em nossa história pela porta. Não caiu de paraquedas. Ele, sendo Deus, abaixou-se e fez-se um de nós, convivendo conosco, andando pelos nossos caminhos, conversando as nossas conversas. É o que nós chamamos de encarnação. O apóstolo João escreveu: “O verbo se fez carne e habitou entre nós”. Pastor pra valer tem que ser como Jesus. Entra pela porta: a porta do coração (porque ama e se aproxima das pessoas), a porta da convivência (que gera conhecimento e confiança), a porta da encarnação (porque assumiu a nossa condição, fez-se um de nós). 

O bom pastor não é um estranho, a sua voz é conhecida pelas ovelhas. Ao estranho, elas não seguem, não reconhecem sua voz, não confiam nele. A convivência, a aproximação, o conhecimento recíproco geram confiança. É assim que ele as chama pelo nome, pois as conhece e elas o atendem, pois o conhecem. É assim que ele as conduz: caminha à sua frente. O Espírito Santo é quem nos faz íntimos de Jesus. Quanto mais o conhecemos, mais o amamos, o compreendemos e o seguimos. 

O bom pastor dá a vida por suas ovelhas, não é como o mercenário que as abandona. Ele se sacrifica por elas, comunica-lhes vida. E como é que o pastor Jesus comunica a vida? Por sua presença, por suas atitudes, por sua pregação, e, sobretudo, por sua vida entregue na cruz. E continua hoje comunicando-nos a vida, particularmente, pelo dom de sua Palavra e pelo dom da Eucaristia. O mercenário não se importa com as ovelhas e as abandona na hora em que mais precisam dele. O bom pastor, renunciando aos seus interesses pessoais, sacrifica-se pelo rebanho. 

Guardando a mensagem 

Nas famílias, nos ambiente de trabalho, nas comunidades, na sociedade somos também pastores, em funções de liderança. Como nos diz a primeira carta de Pedro, reconheçamos Jesus como pastor e guarda de nossas vidas. E o imitemos em nosso pastoreio. Não lideremos como mercenários, nem como estranhos, nem como assaltantes. Não pulemos o muro, entremos pela porta da convivência, da amizade, da solidariedade. Alcancemos ser reconhecidos em nossa liderança pela confiança que despertamos. Esforcemo-nos para levar o rebanho para boas pastagens, para a vida em abundância. Não deixemos ninguém para trás. Não nos rendamos às dificuldades e aos problemas. Isso exige sacrifício de nossa parte, renúncia, fidelidade. 

Eu sou o bom pastor. O bom pastor dá a vida por suas ovelhas (Jo 10, 11) 

Rezando a Palavra 

Senhor Jesus, bom pastor, 
que reuniste as ovelhas dispersas e venceste o lobo sacrificando a tua própria vida em favor do teu rebanho, desperta, em nós, corações generosos para te seguirmos como apóstolos leigos, como ministros ordenados, como religiosos e religiosas, servidores do teu povo e de toda a humanidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a Palavra

Hoje, reze em favor de todos os chamados por Deus para o pastoreio na Igreja, para que sejam generosos, perseverantes e fieis.

Gostaria que você lesse, hoje, o comentário que escrevi sobre a Mensagem do Papa para esta Jornada Mundial de Oração pelas Vocações. É só seguir o link que estou lhe enviando. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




MENSAGEM DO SANTO PADRE FRANCISCO
PARA O LXI DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

(21 de abril de 2024 – IV Domingo de Páscoa)

Chamados a semear a esperança e a construir a paz

Queridos irmãos e irmãs!

O Dia Mundial de Oração pelas Vocações convida-nos, cada ano, a considerar o precioso dom da chamada que o Senhor dirige a cada um de nós, seu povo fiel em caminho, pois dá-nos a possibilidade de tomar parte no seu projeto de amor e encarnar a beleza do Evangelho nos diferentes estados de vida. A escuta da chamada divina, longe de ser um dever imposto de fora – talvez em nome de um ideal religioso –, é antes o modo mais seguro que temos de alimentar o desejo de felicidade que trazemos no nosso íntimo: a nossa vida realiza-se e torna-se plena quando descobrimos quem somos, as qualidades que temos e o campo onde é possível pô-las a render, quando descobrimos que estrada podemos percorrer para nos tornarmos sinal e instrumento de amor, acolhimento, beleza e paz nos contextos onde vivemos.

Assim, este Dia proporciona-nos sempre uma boa ocasião para recordar, com gratidão, diante do Senhor o compromisso fiel, quotidiano e muitas vezes escondido daqueles que abraçaram uma vocação que envolve toda a sua vida. Penso nas mães e nos pais que não olham primeiro para si mesmos, nem seguem a tendência dum estilo superficial, mas organizam a sua existência cuidando das relações com amor e gratuidade, abrindo-se ao dom da vida e pondo-se ao serviço dos filhos e seu crescimento. Penso em todos aqueles que realizam, dedicadamente e em espírito de colaboração, o seu trabalho; naqueles que, em diferentes campos e de vários modos, se empenham por construir um mundo mais justo, uma economia mais solidária, uma política mais equitativa, uma sociedade mais humana, isto é, em todos os homens e mulheres de boa vontade que se dedicam ao bem comum. Penso nas pessoas consagradas, que oferecem a sua existência ao Senhor quer no silêncio da oração quer na atividade apostólica, às vezes na linha de vanguarda e sem poupar energias, servindo com criatividade o seu carisma e colocando-o à disposição de quantos encontram. E penso naqueles que acolheram a chamada ao sacerdócio ordenado, se dedicam ao anúncio do Evangelho, repartem a sua vida – juntamente com o Pão Eucarístico – pelos irmãos, semeiam esperança e mostram a todos a beleza do Reino de Deus.

Aos jovens, especialmente a quantos se sentem distantes ou olham a Igreja com desconfiança, gostaria de dizer: deixai-vos fascinar por Jesus, dirigi-Lhe as vossas perguntas importantes, através das páginas do Evangelho, deixai-vos desinquietar pela sua presença que sempre nos coloca, de forma benfazeja, em crise. Ele respeita mais do que ninguém a nossa liberdade, não Se impõe mas propõe-Se: dai-Lhe espaço e encontrareis a vossa felicidade no seu seguimento e, se vo-la pedir, na entrega total a Ele.

Um povo em caminho

A polifonia dos carismas e das vocações, que a Comunidade Cristã reconhece e acompanha, ajuda-nos a compreender plenamente a nossa identidade de cristãos: como povo de Deus em caminho pelas estradas do mundo, animados pelo Espírito Santo e inseridos como pedras vivas no Corpo de Cristo, cada um de nós descobre-se membro duma grande família, filho do Pai e irmão e irmã de seus semelhantes. Não somos ilhas fechadas em si mesmas, mas partes do todo. Por isso, o Dia Mundial de Oração pelas Vocações traz gravada a marca da sinodalidade: há muitos carismas e somos chamados a escutar-nos reciprocamente e a caminhar juntos para os descobrir discernindo aquilo a que nos chama o Espírito para o bem de todos.

Além disso, no momento histórico presente, o caminho comum conduz-nos para o Ano Jubilar de 2025. Caminhamos como peregrinos de esperança rumo ao Ano Santo, para, na descoberta da própria vocação e pondo em relação os diversos dons do Espírito, podermos ser no mundo portadores e testemunhas do sonho de Jesus: formar uma só família, unida no amor de Deus e interligada pelo vínculo da caridade, da partilha e da fraternidade.

Este Dia é dedicado de modo particular à oração para implorar do Pai o dom de santas vocações para a edificação do seu Reino: «Rogai ao dono da messe que mande trabalhadores para a sua messe» (Lc 10, 2). E, como sabemos, a oração é feita mais de escuta que de palavras dirigidas a Deus. O Senhor fala ao nosso coração e quer encontrá-lo aberto, sincero e generoso. A sua Palavra fez-Se carne em Jesus Cristo, que nos revela e comunica toda a vontade do Pai. Neste ano de 2024, dedicado precisamente à oração como preparação para o Jubileu, somos chamados a descobrir o dom inestimável de poder dialogar com o Senhor, de coração a coração, tornando-nos assim peregrinos de esperança, porque «a oração é a primeira força da esperança. Tu rezas e a esperança cresce, avança. Diria que a oração abre a porta à esperança. A esperança existe, mas com a minha oração abro a porta» (Francisco, Catequese, 20/V/2020).

Peregrinos de esperança e construtores de paz

Mas que significa ser peregrinos? Quem empreende uma peregrinação procura, antes de mais nada, ter clara a meta, e conserva-a sempre no coração e na mente. Mas, para atingir esse destino, é preciso ao mesmo tempo concentrar-se no passo presente: para o realizar, é necessário estar leve, despojar-se dos pesos inúteis, levar consigo apenas o essencial e esforçar-se cada dia por que o cansaço, o medo, a incerteza e a escuridão não bloqueiem o caminho iniciado. Por isso ser peregrino significa partir todos os dias, recomeçar sempre, reencontrar o entusiasmo e a força de percorrer as várias etapas do percurso que, apesar das fadigas e dificuldades, sempre abrem diante de nós novos horizontes e panoramas desconhecidos.

Este é precisamente o sentido da peregrinação cristã: estamos em caminho à descoberta do amor de Deus e, ao mesmo tempo, à descoberta de nós mesmos, através duma viagem interior, mas sempre estimulados pela multiplicidade das relações. Portanto, peregrinos porque chamados: chamados a amar a Deus e a amar-nos uns aos outros. Assim, o nosso caminho sobre esta terra nunca se reduz a uma labuta sem objetivo nem a um vaguear sem meta; pelo contrário, cada dia, respondendo à nossa chamada, procuramos realizar os passos possíveis rumo a um mundo novo, onde se viva em paz, na justiça e no amor. Somos peregrinos de esperança, porque tendemos para um futuro melhor e empenhamo-nos na sua construção ao longo do caminho.

Tal é, em última análise, a finalidade de cada vocação: tornar-se homens e mulheres de esperança. Como indivíduos e como comunidade, na variedade dos carismas e ministérios, todos somos chamados a «dar corpo e coração» à esperança do Evangelho neste mundo marcado por desafios epocais: o avanço ameaçador duma terceira guerra mundial aos pedaços, as multidões de migrantes que fogem da sua terra à procura dum futuro melhor, o aumento constante dos pobres, o perigo de comprometer irreversivelmente a saúde do nosso planeta. E a tudo isto vêm ainda juntar-se as dificuldades que encontramos diariamente com o risco de nos precipitar, às vezes, na resignação ou no derrotismo.

Por isso é decisivo, para nós cristãos, cultivar um olhar cheio de esperança no nosso tempo, para podermos trabalhar frutuosamente respondendo à vocação que nos foi dada ao serviço do Reino de Deus, Reino do amor, de justiça e de paz. Esta esperança – assegura-nos São Paulo – «não engana» (Rm 5, 5), porque se trata da promessa que o Senhor Jesus nos fez de permanecer sempre connosco e de nos envolver na obra de redenção que Ele quer realizar no coração de cada pessoa e no «coração» da criação. Tal esperança encontra o seu centro propulsor na Ressurreição de Cristo, que «contém uma força de vida que penetrou o mundo. Onde parecia que tudo morreu, voltam a aparecer por todo o lado os rebentos da ressurreição. É uma força sem igual. É verdade que muitas vezes parece que Deus não existe: vemos injustiças, maldades, indiferenças e crueldades que não cedem. Mas também é certo que, no meio da obscuridade, sempre começa a desabrochar algo de novo que, mais cedo ou mais tarde, produz fruto» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 276). E o apóstolo Paulo afirma ainda que fomos salvos na esperança (cf. Rm 8, 24). A redenção realizada na Páscoa dá a esperança, uma esperança certa, fiável, com a qual podemos enfrentar os desafios do presente.

Então ser peregrinos de esperança e construtores de paz significa fundar a própria existência sobre a rocha da ressurreição de Cristo, sabendo que todos os nossos compromissos, na vocação que abraçamos e levamos por diante, não caiem no vazio. Apesar dos fracassos e retrocessos, o bem que semeamos cresce de modo silencioso e nada pode separar-nos da meta última: o encontro com Cristo e a alegria de viver na fraternidade entre nós por toda a eternidade. Esta vocação final, devemos antecipá-la cada dia: a relação de amor com Deus e com os irmãos e irmãs começa desde agora a realizar o sonho de Deus, o sonho da unidade, da paz e da fraternidade. Que ninguém se sinta excluído desta chamada! Cada um de nós, no seu lugar próprio, no seu estado de vida, pode ser, com a ajuda do Espírito Santo, um semeador de esperança e de paz.

A coragem de se envolver

Por tudo isso digo mais uma vez, como durante a Jornada Mundial da Juventude em Lisboa: «rise up – levantai-vos!» Despertemos do sono, saiamos da indiferença, abramos as grades da prisão em que por vezes nos encerramos, para que possa cada um de nós descobrir a própria vocação na Igreja e no mundo e tornar-se peregrino de esperança e artífice de paz! Apaixonemo-nos pela vida e comprometamo-nos no cuidado amoroso daqueles que vivem ao nosso lado e do ambiente que habitamos. Repito-vos: tende a coragem de vos envolver! Padre Oreste Benzi, apóstolo incansável da caridade, sempre da parte dos últimos e indefesos, repetia que ninguém é tão pobre que não tenha algo para dar, e ninguém é tão rico que não precise de receber alguma coisa.

Levantemo-nos, pois, e ponhamo-nos a caminho como peregrinos de esperança, para que também nós, como fez Maria com Santa Isabel, possamos comunicar boas-novas de alegria, gerar vida nova e ser artesãos de fraternidade e de paz.

Roma, São João de Latrão, no IV Domingo de Páscoa, 21 de abril de 2024.

FRANCISCO

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