PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Carregue só o peso de hoje.



22 de junho de 2024

  Sábado da 21ª Semana do Tempo Comum.  

 

  Evangelho   


Mt 6,24-34

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 24“Ninguém pode servir a dois senhores: pois, ou odiará um e amará o outro, ou será fiel a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro.

25Por isso eu vos digo: não vos preocupeis com a vossa vida, com o que havereis de comer ou beber; nem com vosso corpo, com o que havereis de vestir. Afinal a vida não vale mais do que o alimento, e o corpo, mais do que a roupa? 26Olhai os pássaros dos céus: eles não semeiam, não colhem, nem ajuntam em armazéns. No entanto, vosso Pai que está nos céus os alimenta. Vós não valeis mais do que os pássaros?

27Quem de vós pode prolongar a duração da própria vida, só pelo fato de se preocupar com isso? 28E por que ficais preocupados com a roupa? Olhai como crescem os lírios do campo: eles não trabalham nem fiam. 29Porém, eu vos digo: nem o rei Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um deles. 30Ora, se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é queimada no forno, não fará ele muito mais por vós, gente de pouca fé?

31Portanto, não vos preocupeis, dizendo: Que vamos comer? Que vamos beber? Como vamos nos vestir? 32Os pagãos é que procuram essas coisas. Vosso Pai, que está nos céus, sabe que precisais de tudo isso. 33Pelo contrário, buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas por acréscimo. 34Portanto, não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas preocupações! Para cada dia, bastam seus próprios problemas”.



  Meditação.  


Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações (Mt 6,34)

Não se preocupem com o dia de amanhã”. Como assim não se preocupar com o dia de amanhã? Foi o que Jesus disse? Foi. E ele foi uma pessoa despreocupada com o dia de amanhã? Bom, ele era conhecido por sua profissão, carpinteiro. Portanto, reconhecido por seu compromisso com o trabalho, com a sobrevivência. Não era um malandro. Nem foi um hippie. E por que ele recomendou aos discípulos que não se preocupassem com o dia de amanhã?

Bom, primeiro vamos ver o que ele disse certinho. Ele estava falando sobre o perigo de se servir a dois senhores, a Deus e às riquezas. Tendo dois senhores, você acabará sendo fiel a um e faltando com o outro, não é verdade? Se nós confiamos em Deus, então vivemos menos estressados com o futuro. Confiamos em Deus. Confiamos que é ele quem nos sustenta e garante a nossa vida. Se nós confiamos é no dinheiro, então lutamos com todas as forças para garantir o amanhã, porque ele depende só de nós. No final, Jesus disse: “Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações. Para cada dia, bastam seus próprios problemas”.


Nossa confiança em Deus não nos tira a responsabilidade com o presente e com o futuro. Mas, nos tira o peso e a sensação de estarmos sozinhos, lançados à própria sorte. Jesus nos mandou observar o que acontece com os pássaros e os lírios do campo. Nosso Deus e Pai os alimenta. Ele os veste de maneira maravilhosa. Jesus disse: “Olhem os pássaros do céu”. Ele nos mandou olhar, não imitar os pássaros do céu que não trabalham, nem poupam. Olhar e ver como Deus os alimenta, apesar de não plantarem, nem colherem. “Olhem como crescem os lírios do campo”. Não mandou imitar os lírios do campo que não trabalham, nem fiam. Olhar e se dar conta que Deus os veste, que a força de seu crescimento e de sua beleza vêm da força divina. Assim, sossegue o seu coração, é Deus quem providencia o seu alimento, a sua roupa, o seu sustento. Não viva numa aflição sem fim, num estresse doentio, com a preocupação do que vai ser amanhã, de como vai ser o futuro. Confia em Deus ou não confia?


Cada dia tem o seu peso pra gente carregar. Não nos sobrecarreguemos do peso do dia de amanhã. Vamos carregar o peso de hoje. Foi o que Jesus disse: “Para cada dia, bastam os seus próprios problemas”.





Guardando a mensagem


O jeito estressado, a excessiva preocupação com o amanhã, observou Jesus, é coisa de pagãos. Eles não conhecem o Deus vivo e verdadeiro. Eles não têm em quem confiar, a não ser em si mesmos e no seu dinheiro. Então, não se trata de você despreocupar-se, de viver irresponsavelmente. Trata-se de fazer bem a sua parte, levar o peso do dia de hoje com toda a responsabilidade e viver com a confiança de que nossa vida está nas mãos de Deus; que o nosso Deus e Pai é a nossa única segurança. Ele cuida de nós. Sabe do que nós precisamos. Estamos em suas mãos.


Não se preocupem com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações (Mt 6,34)


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

que diferença faz vivermos na fé, colocarmos o Reino de Deus em primeiro lugar em nossas vidas! Estamos na luta, trabalhando, estudando, planejando, pensando no dia de amanhã. Mas, não fazemos as contas só com nossas poucas forças ou com os nossos minguados recursos. Temos um pai, temos um Deus que nos sustenta, nos fortalece e garante o nosso amanhã. Podemos, então, viver tranquilos e dormir sossegados. Muito obrigado, Jesus, por nos recordares isso. Não nos deixes por nossa confiança no dinheiro, na riqueza. Não nos permitas que ponhamos nossa segurança nos bens deste mundo. Confiamos em Deus. Confiamos em ti. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra


Dom Bosco dava um conselho. Vou dar também. Antes de dormir, escreva num papelzinho sua maior preocupação e ponha o papelzinho debaixo do travesseiro. Na sua oração, diga ao Senhor o que você escreveu. E vá dormir tranquilo, tranquila. Não é mágica. É só um exercício de confiança em Deus.


Comunicando

De 03 a 09 de julho, eu e uma equipe da AMA estaremos em missão em São Paulo. Participaremos em programas na  Canção Nova, na Rede Vida, nas Rádio Aparecida e 9 de julho. Celebrarei a Santa Missa com os Ouvintes em Paróquias de Guarujá e Praia Grande.Também estaremos na ExpoCatólica, nesse período.    

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O seu tesouro.



   21 de junho de 2024  

   Memória de São Luís Gonzaga.   


   Evangelho.   


Mt 6,19-23

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 19“Não junteis tesouros aqui na terra, onde a traça e a ferrugem destroem, e os ladrões assaltam e roubam. 20Ao contrário, juntai para vós tesouros no céu, onde nem a traça e a ferrugem destroem, nem os ladrões assaltam e roubam. 21Porque, onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração.
22O olho é a lâmpada do corpo. Se o teu olho é sadio, todo o teu corpo ficará iluminado. 23Se o teu olho está doente, todo o corpo ficará na escuridão. Ora, se a luz que existe em ti é escuridão, como será grande a escuridão.



    Meditação.     


Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt 6, 21)

Depois de ter ensinado o Pai Nosso, como um modelo de oração, Jesus deu outro ensinamento importante, desenvolvendo um tema já presente no Pai Nosso. Toda atenção para não se enganar com a riqueza.

Ajuntar tesouros é uma tentação permanente. No ‘Pai Nosso’, Jesus nos ensinou a pedir ao Pai “o pão nosso de cada dia”, o necessário para a nossa sobrevivência, não riqueza, fortuna. Nossa confiança está em Deus, não no dinheiro. É o Senhor quem nos sustenta, quem nos guarda. Como disse Jesus, é só olhar como ele alimenta os pardais e veste belamente as flores do mato. Com maior empenho, ele cuida dos seus filhos e de suas filhas, de sua comida, de sua roupa, de suas contas. Nossa confiança não pode estar no dinheiro, na segurança econômica. Nossa confiança só pode estar em Deus, em nosso Pai providente.

Jesus sentenciou: “Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. Não é ter muita coisa, muito dinheiro, muitos bens que resolve. A felicidade não está em ter bens. Precisamos, é certo, ter o suficiente para viver com dignidade. Mas, o acúmulo de coisas, de dinheiro, de bens pode nos dar a falsa impressão de segurança, de independência, de autonomia, de felicidade. De falsa felicidade. O coração humano não se contenta com coisas. Pode-se até ter a impressão que ao se ter a posse daquele bem, ou chegar àquele status, vai-se encontrar um grau de satisfação que vai ser a própria felicidade. Não é verdade. A felicidade não está em ter coisas, Jesus está nos lembrando.

Toda atenção: “Onde está o teu tesouro, aí estará o teu coração”. Se nos deixamos seduzir pelas coisas, pelo dinheiro, pela riqueza... nosso coração fica preso a esses bens. É a eles que amamos, é por eles que nos sacrificamos. Assim, desviamos o amor que devemos a Deus e ao próximo para o amor às coisas. E nos tornamos idólatras. No lugar do Deus vivo e verdadeiro, em quem devemos confiar, coloca-se a reserva que se tem no banco ou os imóveis que parecem conferir segurança. Logo, logo aparecem justificativas para o seu próprio egoísmo, para o isolamento e a insensibilidade para com a penúria do próximo.




Guardando a mensagem

A nossa escolha de vida é o trabalho honesto, no qual, com a providência de Deus, garantimos a sobrevivência de nossa casa, vivendo com sobriedade e essencialidade. Nosso ideal não é a riqueza e o luxo. Amamos o trabalho e valorizamos a partilha. Confiamos em Deus.

Onde está o teu tesouro, aí estará também o teu coração (Mt 6, 21)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a traça, a ferrugem e os ladrões destroem o tesouro que juntamos aqui na terra. O tesouro de boas obras, do amor a Deus, da nossa comunhão contigo, esse sim, ninguém destrói. Esse permanece. Continua, Senhor, nos ensinando a não servirmos às riquezas, nem nos sacrificarmos a elas, como novos ídolos. Baste-nos o pão de cada dia, com confiança na providência divina e compromisso com o trabalho honesto. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a Palavra

Que tal, hoje, oferecer uma ajuda mais substancial a alguém que lhe pede ou mesmo a alguém que precisa, mas não lhe estendeu ainda a mão?

Comunicando

O evangelho e a meditação de cada dia estão também em texto, no meu blog. Pelo menos, 13 mil pessoas visitam o blog diariamente. Muitos deixam lá seus comentários. Um agradece, outro pede orações, outro comenta uma passagem do evangelho. Há quem fale de sua emoção de ter lido e ouvido aquela palavra, há quem deixe uma pergunta sobre o assunto. Para acessar o blog é só clicar no link que enviamos diariamente com a meditação ou digitar no seu navegador www.padrejoaocarlos.com. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

As quatro notas da Oração.



   20 de junho de 2024   

Quinta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum



     Evangelho.     


Mt 6,7-15

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 7"Quando orardes, não useis muitas palavras, como fazem os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por força das muitas palavras. 8Não sejais como eles, pois vosso Pai sabe do que precisais, muito antes que vós o peçais. 9Vós deveis rezar assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; 10venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como nos céus. 11O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. 12Perdoa as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. 13E não nos deixes cair em tentação, mas livra-nos do mal.
14De fato, se vós perdoardes aos homens as faltas que eles cometeram, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. 15Mas, se vós não perdoardes aos homens, vosso Pai também não perdoará as faltas que vós cometestes”.



    Meditação.    


Vocês devem rezar assim (Mt 6, 9)

O tema de hoje, para nosso crescimento, é a Oração. O Pai Nosso é mais do que uma oração. É uma escola de oração. É como um discípulo ou uma discípula deve rezar, sempre. No Pai Nosso, podemos encontrar as quatro características da oração dos discípulos do Senhor.

A primeira característica é que é feita com intimidade e confiança em Deus. Não se trata de uma audiência de um servo com seu patrão. Trata-se do diálogo amoroso entre pai e filho ou filha. Por isso, Jesus ensina a invocar a Deus como “pai”, “Pai Nosso”. Esse modo de falar com Deus era inteiramente novo na história do seu povo. Falar com Deus com intimidade e confiança. No sermão da montanha, Jesus chamou a atenção dos discípulos para não imitarem os fariseus, nem os pagãos. Em contraposição ao exibicionismo dos fariseus e mestres de lei, Jesus os orientou a proceder como um filho que conversa com seu pai ou sua mãe, a portas fechadas no seu quarto. Nunca imitar os pagãos nesse assunto da oração, recomendou Jesus. Eles recorrem à força de muitas palavras para serem ouvidos. O Pai já está sabendo de nossas necessidades antes que abramos a boca. Intimidade e Confiança em Deus. É a primeira característica.

A segunda característica da oração cristã, sublinhada no Pai Nosso, é que ela busca, em primeiro lugar, a glória de Deus. É quando a oração vira louvor, adoração. Os primeiros pedidos do Pai Nosso, no evangelho de São Mateus, referem-se a Deus, buscando a sua honra e a sua glória. “Santificado seja o vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. São três pedidos, todos dirigidos à glória de Deus: a santificação do seu nome, a vinda do seu Reino, a realização de sua vontade. Buscar, em primeiro lugar, a Glória de Deus. É a segunda característica.

A terceira característica da oração cristã é o pedido a Deus pelo nosso bem temporal e espiritual. É o que nós precisamos para viver com dignidade e em santidade. No Pai Nosso, são quatro os pedidos em nosso favor. “O pão nosso de cada dia, nos dai hoje. Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido. Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. O pão de cada dia, o perdão dos pecados, a vitória sobre a tentação e a libertação do mal. O ‘pão de cada dia’ compreende o emprego, o trabalho, o alimento, a segurança... São as necessidades de nossa sobrevivência. Mas, nem só de pão vive o homem. Também precisamos do perdão dos pecados e da restauração da vida, a partir da conversão e do crescimento do homem novo. Igualmente, precisamos da vitória sobre a tentação e a libertação do mal. A busca do nosso bem é a terceira característica.

A quarta característica da oração cristã é o compromisso. Nos três primeiros pedidos do Pai Nosso, desejando a glória de Deus, na verdade estamos nos comprometendo em santificar o seu nome, acolher o seu Reino, realizar a sua vontade. Nos quatro pedidos em nosso favor, não estamos delegando tudo a Deus, para ficar de braços cruzados esperando ele agir. Reconhecendo a mão de Deus em nossa vida, estamos nos comprometendo a ganhar o pão de cada dia com o nosso trabalho, a nos esforçar no caminho da conversão e do perdão aos nossos agressores, a fugir das ocasiões de pecado e a lutar contra o mal. A oração nos compromete. Compromisso é a quarta característica.




Guardando a mensagem

Somos hoje instruídos por Jesus sobre a Oração. Ele ensinou o Pai Nosso, uma verdadeira escola de oração. Nele, encontramos as quatro características da oração dos discípulos do Senhor: intimidade e confiança em Deus, busca de sua glória, busca do nosso bem e o compromisso em realizar a sua vontade.

Vocês devem rezar assim (Mt 6, 9)

Rezando a palavra

Rezemos como Jesus nos ensinou:

Pai nosso que estais nos céus,
santificado seja o Vosso nome.
Venha a nós o Vosso Reino.
Seja feita a Vossa vontade,
assim na terra como no Céu.
O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoai-nos as nossas ofensas
assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido.
E não nos deixeis cair em tentação,
mas livrai-nos do mal.
Amém.


Vivendo a palavra

A dica de hoje está evidente: rezar o PAI NOSSO, bem rezado. Eu sei, eu sei que você já reza bem. Mas, pode rezá-lo ainda melhor. Reze com atenção ao que está dizendo. Reze deixando espaço para o Espírito Santo rezar em você.

Comunicando

Nesta quinta, um dia eucarístico, temos a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pelo rádio e pelo Youtube. Podendo, participe conosco. Após a Missa, haverá sorteio de bíblias. Mande já o seu pedido de oração e se inscreva para o sorteio pelo formulário ou através do whatsApp 81 3224-9284. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O seu momento diário de oração.



   19 de junho de 2024.  

Quarta-feira da 11ª Semana do Tempo Comum 



     Evangelho.    


Mt 6,1-6.16-18

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 1“Ficai atentos para não praticar a vossa justiça na frente dos homens, só para serdes vistos por eles. Caso contrário, não recebereis a recompensa do vosso Pai que está nos céus.
2Por isso, quando deres esmola, não toques a trombeta diante de ti, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, para serem elogiados pelos homens. Em verdade vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 3Ao contrário, quando deres esmola, que a tua mão esquerda não saiba o que faz a tua mão direita, 4de modo que, a tua esmola fique oculta. E o teu Pai, que vê o que está oculto, te dará a recompensa.
5Quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens. Em verdade, vos digo: eles já receberam a sua recompensa. 6Ao contrário, quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa.
16Quando jejuardes, não fiqueis com o rosto triste como os hipócritas. Eles desfiguram o rosto, para que os homens vejam que estão jejuando. Em verdade, vos digo: Eles já receberam a sua recompensa. 17Tu, porém, quando jejuares, perfuma a cabeça e lava o rosto, 18para que os homens não vejam que estás jejuando, mas somente teu Pai, que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”.

     Meditação    


Quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e ora ao teu Pai que está oculto (Mt 6, 6)

Estamos ouvindo o Sermão da Montanha. Nele, Jesus faz uma reedição da Lei, orientando os seus seguidores sobre como se conduzir em diversas situações da vida. No ensinamento de hoje, ele toca em três temas: a esmola, a oração e o jejum. ‘Quando der esmola, não toque a trombeta diante de si, não dê publicidade à sua caridade. Quando jejuar, não desfigure o rosto, ninguém precisa saber de sua penitência. Quando for rezar, não exiba sua piedade em favor de sua boa imagem’. A orientação é afastar-se do jeito dos fariseus e realizar essas práticas religiosas com um novo espírito.

Vamos prestar bem atenção à preocupação de Jesus com relação à oração. Um grande defeito da oração dos fariseus era a ostentação. Disse Jesus, com toda clareza: “Quando vocês forem rezar, não façam como os hipócritas, que gostam de rezar em pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens”. Os fariseus rezavam em público, mostrando-se praticantes fieis da religião. Eles eram realmente admiráveis pelo exato cumprimento externo das normas religiosas. E o povo os tinha em muita conta. Mas, esse modo de praticar a fé, no fundo, os estimulava a buscar prestígio e poder diante do povo. A ostentação destrói a prática religiosa.

Na ostentação, procura-se o reconhecimento por parte dos outros, o elogio dos homens. A ação que seria de louvor a Deus transforma-se em louvor a si mesmo. Na ostentação, manifesta-se a vaidade. Pela vaidade, a honra que é devida a Deus eu a canalizo para a minha pessoa. Jesus via isso também nos trajes dos fariseus e seus mestres, com a desculpa de homenagear as palavras da Lei. A ostentação é também uma forma de humilhar os pobres e as pessoas que não tiveram as mesmas oportunidades. Além do mais, a ostentação é irmã do fingimento, da hipocrisia. É o culto da aparência, onde a verdade não conta, só o que fica bem na foto.

Pelo contrário, ensinou Jesus, “quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está escondido, te dará a recompensa”. A oração é um ato de intimidade entre Pai e filho. “Entra no teu quarto e fecha a porta”. Quarto é uma maneira simbólica de falar da própria intimidade. Esse é o primeiro templo, o nosso interior. A oração é como estar de portas fechadas, você e o seu Pai, conversando no seu quarto. É no espaço interior, longe de olhares curiosos ou das manifestações públicas de santidade, que você e Deus conversam, trocam confidências, acertam as coisas.




Guardando a mensagem

Os fariseus gostavam da oração da praça. Uma oração marcada pela ostentação, pelo jogo da aparência, pela falsidade das intenções. A oração servia para engrandecer sua imagem de homens devotos e cumpridores das obrigações religiosas. Era, afinal, uma louvação a si mesmos. Jesus aconselhou a oração do quarto. Uma oração marcada pela simplicidade, pela intimidade. Um diálogo amoroso e filial com Deus, no templo da própria interioridade.

Quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e ora ao teu Pai que está oculto (Mt 6, 6)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o teu ensinamento de hoje é uma grande lição para nossa vida de oração. Diante de Deus, não vale a aparência. Vale a verdade. No relacionamento com ele, conta pouco a formalidade. Vale especialmente a simplicidade, a confiança e a intimidade de filho ou filha no encontro com o seu Pai. O teu ensinamento, Senhor, não desprestigia os nossos templos. Mas, fica claro, que antes do templo de pedra, a oração se faz verdadeira no meu templo interior. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Uma conquista importante em sua vida de piedade, é chegar a manter, com regularidade, o seu momento diário de oração. Não é coisa de outro mundo, é coisa simples. Nem precisa ser muito tempo, o tempo que você dispõe. Se for o caso, aos poucos, você vai aumentando esse tempo. O importante é manter o ritmo: todo dia, no mesmo horário, possivelmente. E o que fazer nesse momento: suas orações pessoais e a leitura da bíblia (possivelmente o evangelho do dia) com a meditação da Palavra. Quem tiver mais tempo, reze também o terço mariano. Isso vai fazer muita diferença em sua vida: o seu momento diário de oração. 

Comunicando

Nas quartas-feiras, os grupos de estudo da Segunda Bíblica ficam abertos para receberem a resposta à Pergunta da Semana. A pergunta desta semana é a seguinte: Depois de ler Ezequiel capítulo 13, comente este versículo: “Enganais assim o meu povo que gosta de mentiras” (Ez 13,19). Aproveite para rever o estudo de segunda-feira passada, no meu Canal do Youtube.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O que fazer com os inimigos?



   18 de junho de 2024    

Terça-feira da 11ª Semana do Tempo Comum 


   Evangelho.   


Mt 5,43-48

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 43“Vós ouvistes o que foi dito: ‘Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo!’ 44Eu, porém, vos digo: ‘Amai os vossos inimigos e rezai por aqueles que vos perseguem!’ 45Assim, vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos céus, porque ele faz nascer o sol sobre maus e bons, e faz cair a chuva sobre os justos e injustos.
46Porque, se amais somente aqueles que vos amam, que recompensa tereis? Os cobradores de impostos não fazem a mesma coisa? 47E se saudais somente os vossos irmãos, que fazeis de extraordinário? Os pagãos não fazem a mesma coisa? 48Portanto, sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito”.


   Meditação.  


Amem os seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês (Mt 5, 44).

Jesus nos mandou amar os inimigos. Essa atitude cristã supera o comportamento humano digamos “normal” que seria amar os amigos e odiar os inimigos. Viver na fé em Jesus Cristo nos faz superar essa posição. Amar os seus inimigos e rezar por eles. Eita coisa difícil!

O Papa Francisco, em uma de suas homilias, tratando desse ensinamento de Jesus, deixou uma dica muito interessante. Disse ele: “Hoje, nos fará bem pensar num inimigo – creio que todos nós temos um -, alguém que nos fez mal ou que nos quer fazer mal ou tenta nos prejudicar: pensar nesta pessoa. A oração mafiosa é: “Você me paga”. A oração cristã é: “Senhor, dê-lhe a sua bênção e ensine-me a amá-lo”. Pensemos num inimigo: todos temos um. Pensemos nele. Rezemos por ele. Peçamos ao Senhor a graça de amá-lo” (Homilia na Capela da Casa Santa Marta, 19 junho 2018)

Interessante essa diferença entre a oração mafiosa e a oração cristã. Ter raiva é uma coisa natural. Deixar que a raiva tome conta da gente, aí é que não dá. Permitir que a raiva se transforme em rancor, ódio e nos cegue em nossas atitudes, aí não. Segundo o ensinamento de Jesus, o melhor caminho é acalmar o coração e tentar ver em quem nos ofende ou nos agride um irmão, uma pessoa que está equivocada, mas continua a merecer nossa consideração. Não responder-lhe na mesma medida, não desejar-lhe o mal, antes preservar sua boa imagem, querer o seu bem, rezar por ele ou por ela. É o que Jesus está nos dizendo neste evangelho.

O Papa Francisco, na homilia que mencionei no início, deu uma explicação interessante. Acompanhe. “Nós sabemos que devemos perdoar os nossos inimigos”, nós dizemos isso todos os dias no Pai-Nosso. Pedimos perdão assim como nós perdoamos: é uma condição…", embora não seja fácil. Assim como “rezar pelos outros”, por aqueles que nos dão problemas, que nos colocam à prova: também isto é difícil, mas o fazemos. Mas rezar por aqueles que querem me destruir, os inimigos, para que Deus os abençoe: isso é realmente difícil de entender. É a difícil lógica de Jesus, que no Evangelho está contida na oração e na justificação daqueles que “o mataram” na cruz: “perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem”. Jesus pede perdão para eles, assim como fez Santo Estevão no momento do martírio” (até aqui, o Papa Francisco).

Amar os inimigos é uma coisa. Aprovar suas ações é outra. Rezar por eles é uma coisa. Cruzar os braços diante da injustiça e da maldade que eles fazem é outra coisa. É obrigação nossa bloquear o mal, estancar a injustiça. Mas, sem ódio no coração. Sem revanchismo, sem espírito de vingança. E querendo o bem também de quem nos faz mal: a sua conversão, a sua humanização.

Jesus está chamando a nossa atenção para o diferencial do cristão. Não agir como os pagãos ou pessoas sem a luz da fé. Eles amam os seus amigos, tratam bem os seus iguais. Temos que imitar o Pai. Temos que imitar Jesus. Amar os inimigos, rezar pelos que nos perseguem, fazer o bem a quem nos maltrata.




Guardando a mensagem

Jesus nos mandou amar os inimigos, fazer-lhe o bem. E nos deu como modelo o Pai, o nosso Deus. O próprio Jesus é nosso modelo. Imitando Jesus, amamos a todos, queremos o bem de todos e, quando perseguidos, injuriados ou difamados, lutamos para não guardar mágoa, nem alimentar ódio em nosso coração. Antes, rezamos por quem nos faz o mal e queremos o bem de quem nos ofende. É nesse espírito que enfrentamos a defesa dos nossos direitos e a busca da verdade. Sem ódio no coração.

Amem os seus inimigos e rezem por aqueles que perseguem vocês (Mt 5, 44).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
está aí uma coisa difícil: amar os inimigos. Mas, esse é o jeito certo do cristão ser, para parecer contigo, para ter os teus mesmos sentimentos, como nos aconselhou o apóstolo. Ajuda-nos, Senhor, a tirar do nosso coração todo sentimento de rancor, de ódio, de inclinação à vingança. Ajuda-nos a cultivar o amor cristão que vê no outro, mesmo no inimigo, um irmão ou uma irmã que precisa encontrar o caminho do bem. Abençoa, Senhor, os que nos fazem o mal. Eles também são irmãos que precisam encontrar a graça da conversão. Ajuda-nos, Senhor, a vencer o mal com o bem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Identifique, hoje, na sua história de vida, alguém que lhe tenha feito muito mal. Fale com Jesus, em sua oração, pedindo-lhe forças para perdoar essa pessoa.

Comunicando

A Meditação que você recebe, todos os dias, pelo WhatsApp ou pelo Telegram, também pode ser ouvida nas plataformas digitais, especialmente Spotify, Apple Podcasts, Deezer, Itunes, Amazon Music e outras. A Meditação diária está disponível também no Youtube e no Facebook. Para recebê-la, basta solicitar pelo nosso whatsapp 81 3224-9284.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



Não responda com a mesma moeda.



   17 de junho de 2024  

Segunda-feira da 11ª Semana do Tempo Comum



      Evangelho.     


Mt 5,38-42

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 38“Ouvistes o que foi dito: ‘Olho por olho e dente por dente!’ 39Eu, porém, vos digo: Não enfrenteis quem é malvado! Pelo contrário, se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! 40Se alguém quiser abrir um processo para tomar a tua túnica, dá-lhe também o manto! 41Se alguém te forçar a andar um quilômetro, caminha dois com ele! 42Dá a quem te pedir e não vires as costas a quem te pede emprestado”.


      Meditação      


Se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! (Mt 5, 39)

Toda a história do antigo povo de Deus, suas leis, suas normas de comportamento, com a vinda de Jesus tudo ganhou mais luz, mais perfeição. No Sermão da Montanha, Jesus, como um novo Moisés, comunica a Lei ao seu povo. Ele não veio para acabar com a Lei antiga, mas para levá-la à perfeição, para aprimorá-la. A lei do Reino de Deus pauta-se pela misericórdia, pelo amor.

No texto de hoje, ele corrige a Lei do Talião. A Lei do Talião, como está no Livro do Levítico, já era um grande avanço, porque disciplinava a reação às agressões. Não permitia o excesso. Era o mínimo de qualquer povo civilizado. Está escrito no Livro do Levítico: vida por vida, fratura por fratura, olho por olho, dente por dente. O dano que causar a alguém será a sua paga, na mesma moeda, na mesma medida. Bateu, levou. É o nível humano, disciplinando a vingança, para a vingança não sair maior do que a ofensa. Essa legislação foi já um grande avanço para o povo do Antigo Testamento.

Com Jesus, o homem redimido pela graça pode fazer muito mais do que isso. Pode reagir com maior controle, com mais caridade; pode vencer, em si próprio, a raiva, o ódio, o desejo de vingança. O homem renascido pela graça pode ser mais generoso, como Deus foi para com ele; ser misericordioso, como Deus foi com ele. Pode, na graça de Deus que o regenerou, oferecer o perdão, em vez da vingança.

Olha o que Jesus disse: “Não enfrentem quem é malvado”. Rebater à violência com a violência é alimentar a espiral suicida da violência. A lei de Moisés impunha um controle sobre a medida da vingança, para ninguém se exceder fora da conta. Com Moisés, quem foi ofendido tem o direito de responder com a mesma moeda. Não mais. Com Jesus, nem isso. Quem foi ofendido, não se vinga de jeito nenhum. Não responde com a mesma moeda. Não parte para a violência. Nada de "olho por olho, dente por dente". Não só não parte para a violência, mas procura ser humilde e generoso para restabelecer a fraternidade. Não somente não se vinga, mas também não fecha as portas para o agressor. Assim, até se arrisca a receber outra pancada, outra traição, outra ofensa. "Se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda!". Fácil, não é.

O ensinamento de Jesus, hoje, é muito claro: não podemos responder às ofensas que recebemos com a mesma moeda; em vez de rompimento, procuramos a reconciliação; cultivamos um amor a toda prova, porque a vitória há de ser a da fraternidade. É isso que precisamos fazer, praticar. Esse é o caminho do cristão. 




Guardando a mensagem

Oferecer a face esquerda ao agressor. Foi Jesus mesmo que em primeiro lugar realizou isso. Sua cruz foi isso! Nós o esbofeteamos, mas ele pediu ao Pai que nos perdoasse. Nós o crucificamos e, no entanto, ele nos reconciliou com Deus. O mandamento dele é ‘vingança não’ (aquele negócio de olho por olho) e nem voltar as costas a quem nos ofende. Agora, a nova lei nos manda ser fraternos a toda prova. Nada de vingança. Nada de reações violentas. Permanecer desarmado, enfrentando a ofensa dos irmãos com humildade e prontos para o perdão.

Se alguém te dá um tapa na face direita, oferece-lhe também a esquerda! (Mt 5, 39)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
hoje estás nos ensinando a agir com mansidão, não com violência. Deste o exemplo: ferido e violentado pelos soldados de Pilatos, te comportaste como um cordeiro levado ao matadouro. Ó Jesus, manso e humilde de coração, faz o nosso coração semelhante ao teu. Dá-nos vencer a espiral da violência, quebrando a resposta violenta que só a alimenta. Abençoa, Senhor, os irmãos e as irmãos que estão passando por grandes dificuldades. Ensina-os, Senhor, pelo teu Santo Espírito, a confiarem no diálogo, no entendimento, na busca perseverante de reconciliação. Sustenta-os com os dons da fortaleza e da paciência. Tu és, Senhor, o nosso modelo de vida, o nosso Mestre. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Nesse assunto de paciência, de disposição para a reconciliação, de mansidão, há alguma coisa a consertar na sua vida? Pense aí. 

Comunicando

Dois motivos para uma segunda-feira de compromisso com o evangelho. O primeiro: o dia missionário da AMA - porque todos somos responsáveis pela evangelização. Que tal você fazer parte da AMA? O segundo motivo: hoje tem Segunda Bíblica, estudando o livro do Profeta Ezequiel. Nosso encontro começa às oito e meia da noite, no Canal do Youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O Reino, a boa notícia.


16 de junho de 2024

  11º Domingo do Tempo Comum.  

  Evangelho.  


Mc 4,26-34

Naquele tempo, 26Jesus disse à multidão: “O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra. 27Ele vai dormir e acorda, noite e dia, e a semente vai germinando e crescendo, mas ele não sabe como isso acontece. 28A terra, por si mesma, produz o fruto: primeiro aparecem as folhas, depois vem a espiga e, por fim, os grãos que enchem a espiga. 29Quando as espigas estão maduras, o homem mete logo a foice, porque o tempo da colheita chegou”.
30E Jesus continuou: “Com que mais poderemos comparar o Reino de Deus? Que parábola usaremos para representá-lo? 31O Reino de Deus é como um grão de mostarda que, ao ser semeado na terra, é a menor de todas as sementes da terra. 32Quando é semeado, cresce e se torna maior do que todas as hortaliças, e estende ramos tão grandes, que os pássaros do céu podem abrigar-se à sua sombra”.
33Jesus anunciava a Palavra usando muitas parábolas como estas, conforme eles podiam compreender. 34E só lhes falava por meio de parábolas, mas, quando estava sozinho com os discípulos, explicava tudo.

  Meditação.  


O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra (Mc 4, 26)

A gente fica esperando o Reino de Deus como uma intervenção poderosa do Senhor em nosso mundo. Uma coisa forte, visível que todo mundo reconheça e se submeta. Como falamos de ‘reino’, ficamos imaginando os impérios deste mundo, os reinados de senhores poderosos e violentos de quem a história dá notícia.

Mas, Jesus que tanto falou do Reino de Deus, não deixou uma definição do que é o Reino. Antes, fez comparações que desfazem completamente nossas expectativas farisaicas. O Reino é como a semente plantada na terra que, sem o agricultor saber como, vai nascer, crescer e produzir frutos. O Reino é como uma semente de mostarda que vai se tornar um belo arbusto. O Reino é como uma festa de casamento, para o qual estamos convidados. É como a plantação, onde o inimigo semeou o joio. É melhor a gente desistir de querer definir o que é o Reino de Deus. Parece mais um jeito de Deus agir neste mundo.

Jesus nos conta, hoje, duas pequenas parábolas: a semente que germina sozinha e o grão de mostarda que se torna um frondoso arbusto. Estas duas parábolas deste 11º domingo do tempo comum nos dão novas pistas sobre o Reino de Deus.

Uma primeira lição é esta: O Reino se constrói com pequenos sinais. O Reino está potencialmente presente no que, hoje, nós estamos semeando, que nos parece tão pouco, tão pequeno. Ele é como a semente plantada que germina ou como o grão de mostarda tão pequeninho que vai se tornar uma grande hortaliça. Quando semeamos, nós mostramos confiança na semente e no futuro dela. Ao realizarmos pequenas ações e nos movermos com pequenos passos, estando na direção certa, estamos semeando o reino. É um conselho que damos, é uma desculpa que aceitamos, é uma pequena decisão que tomamos na direção justa. O Reino se constrói com pequenos sinais. São sementes que plantamos, grãos de trigo lançados na terra.

Uma segunda lição é a seguinte: O Reino não é obra nossa. É obra de Deus, servindo-se de nossa muito pequena participação. Embora o agricultor plante a semente, mas a germinação é um segredo do criador. É dele o milagre daquela semente tornar-se uma plantinha, crescer, florescer, frutificar. O agricultor colabora, plantando, limpando, irrigando, mas a espiga é obra da natureza e de quem a fez. O mesmo acontece com o grão de mostarda. O arbusto que vai acolher até os passarinhos é fruto de uma dinâmica que não é controlada pelo agricultor. O Reino não é obra nossa. É obra de Deus, com sua lógica, sua dinâmica, sua atuação.

Uma terceira lição é esta: o Reino será uma realidade surpreendente. Se plantarmos, colheremos. A semente dará fruto, dela se colherão as espigas. O grão de mostarda vai será uma linda hortaliça e abrigará os pássaros do céu. O agricultor vai se surpreender com a obra de Deus em seu favor.

O Evangelho é a revelação desse evento maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, está batendo à nossa porta, está próximo de nós, está entre nós. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, como saúde, como paz, como perdão.

Guardando a mensagem

Mesmo com tanta crise, com tanta coisa ruim acontecendo, com tanto desmantelo no mundo, experimentamos cada dia que o Reino de Deus está entre nós, está acontecendo, está em gestação. Ele é obra de Deus, com nossa pequena colaboração. Por meio do seu filho Jesus, está semeando um mundo novo de comunhão, de paz, de reconciliação. Jesus está conosco até a consumação dos séculos, como prometeu. Não nos abandona. O seu Santo Espírito atualiza a sua presença e a sua ação redentora. O Reino já está entre nós. Enfim, na colheita do que plantarmos, o Reino aparecerá pleno, surpreendente.

O Reino de Deus é como quando alguém espalha a semente na terra (Mc 4, 26)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu estás entre nós, tu estás conosco na assembleia que se reúne, na Palavra que é proclamada, no Pão eucarístico que nos alimenta. É isso que experimentamos cada dia e que celebramos na Missa: a tua presença redentora entre nós, nos instruindo, nos abençoando, nos conduzindo. O Reino, de que tanto falaste, é a tua presença salvando esse mundo, reconduzindo o pecador à comunhão com Deus, nos conduzindo no caminho da justiça e da paz. Tu és o Emanuel, Deus conosco. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Domingo, dia de participar da Santa Missa, com a sua comunidade. Seu pequeno gesto – como este de deixar tudo para estar, com o Senhor e com os seus irmãos e irmãs – está construindo o Reino, onde Deus é Senhor de sua vida, da vida de sua família, de nossa história.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

Seu "sim" seja SIM.


  15 de junho de 2024.  

Sábado da 10ª Semana do Tempo Comum



  Evangelho  


Mt 5,33-37

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos:33 "Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: 'Não jurarás falso', mas 'cumprirás os teus juramentos feitos ao Senhor'. 34 Eu, porém, vos digo: Não jureis de modo algum: nem pelo céu, porque é o trono de Deus; 35 nem pela terra, porque é o suporte onde apoia os seus pés; nem por Jerusalém, porque é a cidade do Grande Rei. 36 Não jures tão pouco pela tua cabeça, porque tu não podes tornar branco ou preto um só fio de cabelo. 37 Seja o vosso 'sim': 'Sim', e o vosso 'não': 'Não'. Tudo o que for além disso vem do Maligno".


  Meditação. 




"O sim de vocês seja sim. O não de vocês seja não. O mais vem do maligno" (Mt 5,37). Palavras sábias de Jesus. Programa de vida para os seus seguidores. Um sim que seja sim, um não que seja não. É o que ele quer de nós. Como educador, quero refletir com vocês numa aplicação muito clara e prática dessa Palavra do Senhor.

A gente observa hoje na educação dos filhos pequenos que os pais não sabem mais dizer sim ou não. Deixam tudo à escolha das crianças, como se elas tivessem já critérios para fazer opções duradouras. Os pais é que têm que ter critérios para escolhas sérias, responsáveis, duradouras. O perigo é que as crianças cresçam escolhendo sem critérios. Fazendo opções que não sejam opções verdadeiras estão na verdade correndo para o mais fácil, o prazeroso, o que está na moda. Isso não é fazer opção. Isso é cair em tentação.

Pais sem critérios para escolhas deixam os filhos em escolhas sem critérios. Pensemos, por exemplo, na escolha da escola em que a criança vai estudar. É claro que é interessante ouvir a criança a respeito disso, sobretudo no caso de uma mudança de escola. Mas, esperar que a escolha da criança seja a decisão final é abdicar da própria responsabilidade. Pais e mães têm responsabilidade na educação dos filhos, têm obrigação de providenciar o melhor, dentro de suas condições. E o melhor pode não ser o que parece melhor à criança que ainda não tem uma visão global da vida, nem suspeita o que a vida vai lhe cobrar amanhã ou o que cabe no bolso dos pais. Isso vale também para outras escolhas: a alimentação, como vai ocupar o final de semana, onde vai passar as férias, a hora de estudar e de brincar. Vale particularmente para a sua educação religiosa. A criança precisa ser ouvida, mas não está correto que tome decisões importantes, como se já fosse gente grande.

Aliás, muita gente grande sem critérios para escolhas vai sendo conduzida na vida pelos instintos, pelo faro, pela mera busca de prazer. Não pensa, não pesa, não escolhe. Vai no impulso, procura o mais fácil, o que lhe pode trazer mais satisfação momentânea. Por isso, suas escolhas são passageiras, irresponsáveis, interesseiras. É bem possível que essa seja a raiz de muita escolha fracassada. Matricula-se e logo abandona a faculdade. Começa uma academia e não termina o primeiro mês. Casa-se e se separa com a facilidade de quem despreza o brinquedo que perdeu a graça. Vai ver é gente que nunca fez escolhas verdadeiras, não foi preparada para escolhas responsáveis, para opções duradouras.




Guardando a mensagem

Essa palavra de Jesus, hoje, sobre a seriedade do ‘sim’ e do ‘não’ nos faz olhar de maneira especial para a educação das novas gerações, responsabilidade nossa como pais e educadores. É claro que à medida que a criança cresce vai se tornando mais autônoma, mas já sabe seguir certas regras. Já tem aprendido que não pode fazer tudo que der na telha, que há razões para se escolher uma coisa, razões que vão além do que é gostoso, ou do que é prazeroso ou do que está na moda. Lembremos, o adolescente ainda está sob a autoridade dos pais. 
Ouvir, dialogar, levar sua opinião em conta, tudo certo, mas a última palavra ainda é dos genitores em coisas importantes e decisivas. Um jovem respeitoso da autoridade dos seus pais não se improvisa. Ele começa na educação da criança. Sim, sim. Não, não. O mais vem do maligno, já disse Jesus.

Seja o seu sim, sim; e o seu não, não (Mt 5, 37)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
achaste que não se deve jurar de modo nenhum. E por quê? Porque quem fala a verdade, quem anda na verdade, não precisa dar nenhuma garantia do que está dizendo. Dá sua palavra e pronto. Jurar seria, então, como dar um peso de verdade à própria fala. Mas, se já se está falando a verdade, a verdade se impõe. Como disseste: “A verdade vos libertará”. Concede, Senhor, que sejamos pessoas da verdade, sem duas conversas, sem enroladas, sem mentiras. Livra-nos dos mentirosos, dos enganadores, dos falsos. E ajuda-nos a educar as novas gerações para decisões responsáveis e duradouras. Que o nosso sim seja sim. E o nosso não seja não. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Que tal você conversar com outra pessoa sobre o tema desta meditação? Você pode não concordar com tudo que eu disse. Tudo bem. Fale, converse, confronte seu pensamento... isso é importante. Gente que não pensa, não acerta.

Comunicando

Você sabe, estamos estudando o Livro do Profeta Ezequiel toda segunda-feira, à noite, pelo YouTube. É a nossa Segunda Bíblica. Uma sugestão: aproveite este final de semana para ficar em dia com os últimos encontros. Você os encontra facilmente no Canal Padre João Carlos. Você concorda comigo: todos nós precisamos crescer mais no conhecimento da Palavra de Deus. E essa, me parece, é uma boa oportunidade.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Não cometerás adultério.



  14 de junho de 2024.  

Sexta-feira da 10ª Semana do Tempo Comum


  Evangelho  


Mt 5,27-32

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 27“Ouvistes o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. 28Eu, porém, vos digo: Todo aquele que olhar para uma mulher, com desejo de possuí-la, já cometeu adultério com ela no seu coração. 29Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno.
30Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno.
31Foi dito também: ‘Quem se divorciar de sua mulher, dê-lhe uma certidão de divórcio’. 32Eu, porém, vos digo: Todo aquele que se divorcia de sua mulher, a não ser por motivo de união irregular, faz com que ela se torne adúltera; e quem se casa com a mulher divorciada comete adultério”.




  Meditação  


Não cometerás adultério (Mt 5, 27)

Nós, seguidores de Jesus, acolhemos, com gratidão, a Lei da Aliança que Deus deu a Israel. No Sermão da Montanha, Jesus tomou alguns pontos da Lei e os explicou, aprofundando o nível de exigência no seu cumprimento. Na observância dos mandamentos, ele acentuou duas coisas: que seja expressão de nossa aliança com Deus e do respeito e do amor que devemos ao nosso próximo.

Não cometer adultério. É um dos mandamentos da Lei que Deus deu ao seu povo, no Sinai. Nesse assunto do adultério, que toca tanto o homem como a mulher, Jesus, de maneira especial, tomou a defesa da mulher. A Lei ordena: “Não cometerás adultério”. Perfeito. Mas, não cometer adultério é também não desrespeitar a mulher com um olhar malicioso ou expor a esposa ao adultério ao mandá-la embora de casa.

O evangelho de Jesus exalta o casamento, como participação no amor de Cristo e da Igreja. Anuncia a indissolubilidade desse laço que une homem e mulher, segundo o propósito de Deus. Abençoa o esforço de fidelidade dos esposos e o seu compromisso com a geração e a educação cristã dos seus filhos. Repreende, portanto, o adultério, a traição e a vida conjugal sem entrega e sem compromisso.

Vivemos hoje em uma sociedade pluralista, com muitas opções sendo pregadas e defendidas. Nem todo mundo acredita nas mesmas coisas que nós acreditamos. O nosso modo de ver a família, o casamento, a vida sexual, como também a vida social, a economia, o trabalho, tudo isso encontra cada dia mais resistência e oposição. O ensinamento de Jesus e da Igreja é criticado, desprezado, rejeitado, por vezes.

Os valores que defendemos estão alicerçados na Palavra de Deus e na Tradição viva da fé. Não são invenções do Papa, dos padres ou de algum movimento religioso tradicional. Defendemos a vida, desde sua concepção até a sua morte natural. Não estamos de acordo com a promiscuidade sexual. Pregamos a castidade de solteiros e casados. Não temos dúvida que o verdadeiro casamento só pode acontecer entre homem e mulher. São valores, são princípios, são bandeiras que nascem de nossa fé, enraizados na revelação bíblica e no ensinamento dos apóstolos de ontem e de hoje.

Que não pensem igual a nós, tudo bem. O desastre será se nós, por conta de opiniões contrárias, renunciarmos ao modo cristão de ver a vida e o mundo. Triste será se os cristãos esquecerem sua fé, desprezarem os ensinamentos de Cristo e embarcarem na onda forjadora de opinião dos grandes meios de comunicação e de grupos de pressão social. Já pensou se os cristãos trocarem o evangelho pela pregação que fazem hoje as novelas contra a família, contra o casamento, contra a santidade da vida sexual?




Guardando a mensagem

Um seguidor de Jesus, nesta sociedade em plena crise de valores, não pode ser uma pessoa que pensa com a cabeça dos outros e edita sua opinião, segundo os ventos da moda ou da pressão social. São Paulo foi bem claro: "Não se conformem com esse mundo, mas transformem-se, renovando sua maneira de pensar e julgar, para que possam distinguir o que é da vontade de Deus, a saber, o que é bom, o que lhe agrada, o que é perfeito" (Romanos 12,2). Está claro demais. Não se conformar a esse mundo, isto é, não assimilar suas fraquezas e seus defeitos, não se moldar à sua imagem, mas antes, transformar-se, assimilando uma maneira de pensar e de agir de Deus. E isso vale particularmente para a nossa compreensão do casamento, o dom da sexualidade e a santidade da vida conjugal.

Não cometerás adultério (Mt 5, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
ser cristão da porta da Igreja pra dentro até que não é tão difícil. Agora, ser cristão da porta da Igreja pra fora, aí a coisa se complica. O mundo tem uma pregação sobre a família: cada dia mais destrói as suas bases e os seus fundamentos. E muitos cristãos casados embarcam no mundo da infidelidade ao leito conjugal, no adultério. E jovens cristãos aventuram-se a coabitar, em completo desrespeito à sua vocação de esposos e pais. Tu, Senhor, nos alertaste que o adultério começa com o olhar malicioso, o linguajar obsceno, o desrespeito à mulher. Dá, Senhor, que os irmãos e irmãs unidos pelo matrimônio, santifiquem o seu leito conjugal, procurando, na tua graça, viver o amor verdadeiro, que pede comunhão, paciência, diálogo, perdão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Não vão lhe faltar oportunidades, hoje, pra você conversar com alguém sobre este tema do evangelho, a santidade da vida conjugal.

Comunicando

E, ontem, tivemos sorteio de Bíblias, no final da Missa das 11 horas. Festejamos, ontem, dia de Santo Antônio, o grande pregador da Palavra de Deus. 1.215 pessoas colocaram seu nome no sorteio.  As bíblias sorteadas saíram para Flávia Alves (Campinas, SP), Ananda Marília Lima Moura (Recife, PE) e Marinete Almeida (Melgaço, PA). 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Fazer mais do que a letra da Lei manda.



 13 de junho de 2024

  Memória de Santo Antônio de Pádua, 
presbítero e doutor da Igreja.  


  Evangelho  


Mt 5,20-26

Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 20“Se a vossa justiça não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vós não entrareis no Reino dos Céus.
21Vós ouvistes o que foi dito aos antigos: ‘Não matarás! Quem matar será condenado pelo tribunal’. 22Eu, porém, vos digo: todo aquele que se encoleriza com seu irmão será réu em juízo; quem disser ao seu irmão: ‘Patife!’ será condenado pelo tribunal; quem chamar o irmão de ‘tolo’ será condenado ao fogo do inferno.
23Portanto, quando tu estiveres levando a tua oferta para o altar, e ali te lembrares de que teu irmão tem alguma coisa contra ti, 24deixa a tua oferta ali diante do altar, e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão. Só então vai apresentar a tua oferta.
25Procura reconciliar-te com teu adversário, enquanto caminha contigo para o tribunal. Senão o adversário te entregará ao juiz, o juiz te entregará ao oficial de justiça, e tu serás jogado na prisão. 26Em verdade eu te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”.

  Meditação da Palavra.  


Se a justiça de vocês não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus (Mt 5, 20)

No Sermão da Montanha, Jesus está nos apresentando um manifesto do Reino. Jesus percebia que era necessário superar a mentalidade dos fariseus. ‘Se a justiça de vocês não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus’. Para eles, agradar a Deus era cumprir escrupulosamente as leis escritas nos Livros de Moisés e em sua tradição oral. Justo, abençoado, ensinavam eles, é quem pratica a Lei de Deus, com todos os seus erres e efes. Bom, praticar a Lei de Deus é uma coisa boa. “Feliz o homem que observa os seus preceitos”, diz o Salmo 118. O problema é quando se vive uma mentalidade legalista, onde a pessoa não vê mais nada a não ser a realização do que lhe foi mandado. Gente assim se esquece para que existe aquela Lei e vira escravo da letra da Lei.

Na verdade, entendemos, com São Paulo, que não é o cumprimento da Lei que nos salva. O que nos justifica, nos torna santos, é o amor de Deus por nós, amor que veio ao nosso encontro em Jesus Cristo. É Cristo quem nos justifica, e o fez por sua morte redentora. Fomos justificados pelo seu sangue, diz São Paulo na carta aos Romanos (Rm 5, 9).

Jesus quer que, pela nossa condição de justificados por seu amor na cruz, sejamos capazes de fazer mais do que a Lei de Moisés manda. Não apenas fazer o que a letra da Lei determina, mas, pela experiência do amor de Deus e pela caridade, temos que ir mais adiante, fazer bem mais. Trata-se, então, de viver os mandamentos de Deus de maneira ainda mais profunda e respeitosa. No evangelho de hoje, Jesus comenta três dos mandamentos de Deus: Não matar, não cometer adultério, não jurar falso. Olhemos melhor, hoje, esse mandamento “Não matar”.

Aos antigos, foi dada esta lei: “Não matar. Quem matar será condenado pelo tribunal”. A nova lei de Jesus, ou melhor, o modo novo de ver a antiga lei, é ainda mais exigente. Matar é o extremo. Mas, a morte do outro começa com golpes aparentemente leves: a indiferença, a desconsideração, o desprezo, o preconceito, a ação movida pela cólera. A ofensa a Deus e ao próximo não é só matar com uma arma de fogo ou uma arma branca ou química. Há outras formas de matar aos poucos, igualmente repudiáveis: o bullying, a difamação, a intolerância, a discriminação. A lei do Evangelho exige mais do que o simples mandamento “Não matar”; inclui também não desqualificar alguém, considerando-o burro, ignorante, incapaz. Isto também é uma forma de violência e de morte. Palavras e atitudes também podem ser armas letais.

Para ser réu no tribunal, nem precisa chegar a cometer homicídio, aborto, eutanásia, feminicídio ou coisa parecida. Já vira réu quem se encolerizar com seu irmão, ensinou Jesus. Encolerizar-se com o irmão é agir movido pela raiva, pela cólera. Quando alguém se deixa tomar pela raiva, acaba magoando, machucando, agindo com violência e sentimentos de vingança. A ação movida pela cólera é impensada, violenta, cega. É melhor se acalmar no momento para não ter que amargar um arrependimento depois. Quando a raiva vier, é preciso parar, respirar, deixar baixar a poeira. Assim, a ação que vier será menos impulsiva e poderá mais facilmente ser pautada por respeito, consideração e disposição para a reconciliação. Isso, sim, é digno de um cristão.

Guardando a mensagem

Os mandamentos de Deus continuam valendo. Mas, Jesus alarga a sua compreensão. ‘Não matar’ não é só tirar a vida dos outros, mas também não ofendê-los em sua dignidade, desprezá-los, difamá-los. O adultério começa no olhar malicioso que é desrespeito e violência contra a mulher. Mais do que “não jurar falso”, falar sempre a verdade. O esforço por tratar bem os outros, em todas as situações, se harmoniza com a busca de reconciliação. E essa é uma condição para o culto a Deus. Jesus orientou claramente: “Deixa a tua oferta diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão”. Somos construtores de fraternidade, controlando em nós o impulso da ira, a tentação da indiferença, a violência do preconceito.

Se a justiça de vocês não for maior que a justiça dos mestres da Lei e dos fariseus, vocês não entrarão no Reino dos Céus (Mt 5, 20)

Rezando a mensagem

Senhor Jesus,
vivemos em um mundo de muitos desencontros. Facilmente nos contrariamos, ficamos com raiva, nos frustramos, nos decepcionamos ou decepcionamos os outros. Às vezes, nossa reação é movida pela raiva, pela cólera, pelo ódio. E sabemos que esses sentimentos são fonte de violência, em nossa convivência. Hoje, recordamos o que disseste sobre os mandamentos de Deus. Senhor, ajuda-nos a viver no meio das dificuldades da vida com serenidade e fortaleza. E a defender nossos direitos ou nossos pontos de vista, sem agredir ou insultar quem não pensa como nós. Que em toda e qualquer contrariedade, sejamos iluminados por tua palavra e por tua mansidão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para se fortalecer no caminho do evangelho reze muitas vezes, hoje: “Ó Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso”.

Comunicando

Quinta-feira: Santa Missa às 11 horas, com transmissão pela Rádio Amanhecer e pelo Youtube. Rezando pelos ouvintes e associados.  No final da Missa, faremos sorteio de bíblias. Mande o seu nome para o sorteio e o seu pedido de oração pelo formulário ou pelo Whatsapp 81 3224-9384.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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