PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: fé
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SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ!

Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
12 de novembro de 2018.
A força que nos sustenta na vida é a fé. A fé em Deus. Mas não é qualquer fezinha não. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho. E uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese.  "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.
A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva; nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor. E de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.
A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência nos guiam. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, diz a carta aos Hebreus (Hb 11,1). São João diz na sua primeira carta: O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5, 4)
Guardando a mensagem
O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a fé deles. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena faria maravilhas.
Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hoje vamos rezar como os teus apóstolos: “Aumenta a nossa fé”. Só com uma visão de fé podemos acolher os teus ensinamentos. Só com uma fé mais forte podemos enfrentar as dificuldades que também encontramos hoje:... as crises, os escândalos, a falta de horizontes... sem a fé, sucumbimos aos problemas e fracassamos. É a fé que nos abre à novidade da ação de Deus, que abre à nossa frente o mar vermelho, descortinando novas possibilidades onde não víamos saída. Pela fé, irrompe em nosso peito a alegria da esperança, que nos faz levantar cedo e erguer a cabeça para enfrentar um novo dia, uma nova semana, com a convicção de que tudo podemos em ti que nos fortaleces. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Durante o dia de hoje, diga ao Senhor muitas vezes: ”Senhor, aumenta a minha fé!”.

Pe. João Carlos Ribeiro  - 12.11.2018

A HISTÓRIA DE UM PAI AFLITO

Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
11 de agosto de 2018.
Todo pai pede a Deus para que o seu filho venha com saúde. Às vezes, a natureza traz o filho com problemas. Não se pode colocar a culpa em Deus, de jeito nenhum. Deus faz tudo bem feito. O homem ou a natureza é que embaralham as coisas. Muita coisa a ciência ainda não sabe, está pesquisando. O certo é que, venha como vier, os pais recebam a sua criança com todo carinho. E Deus que é pai de todos está sempre por perto para socorrer, abençoar, providenciar o melhor para aquela família. Tenho visto que muitas vezes, por ter um filho com alguma deficiência (autismo, síndrome de down, uma grave alergia e tanta coisa mais...), exatamente por causa da fragilidade do filho, os pais terminam por se aproximar mais de Deus.
Bem na véspera do dia dos pais, nos vem esse belo texto do evangelho de São Mateus. Na cena do evangelho, “um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Jesus estava no meio de uma multidão. Mas, aquele pai, vencendo qualquer respeito humano, apresenta seu pedido desesperado ao Mestre. Já tinha tentado que os discípulos resolvessem, mas eles não tinham conseguido ajudar. Aproximou-se de Jesus... Aproximar-se de Deus é a atitude número um de um pai.  Aproximar-se do Senhor, ficar perto dele. O pai e a mãe, na verdade, já têm uma aproximação com Deus, porque eles participam do seu poder criador. Uma pessoa de fé sabe disso. O nascimento de uma criança é um dom maravilhoso de Deus, pela mediação de um pai e de uma mãe. A paternidade e a maternidade já deixam pai e mãe mais achegados a Deus.
Relendo o texto: Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se...  Ajoelhar-se é a atitude de quem está diante de Deus. É uma atitude de adoração, de reconhecimento de sua dependência de Deus. A gente se ajoelha para acompanhar respeitosamente a consagração na Santa Missa ou diante de Jesus Eucarístico, em adoração. Ajoelhar-se é estar diante de Deus, com respeito e em reconhecimento de sua grandeza.  Foi ajoelhado diante de Jesus que o pai pediu: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Também esta palavra “Senhor” na boca desse pai tem sabor de reconhecimento de que está diante de Deus. Reconhecer que Jesus é o Senhor é uma profunda atitude de fé. A oração desse pai é uma oração de intercessão. E esta é uma das atribuições da missão paterna ou materna: interceder diante de Deus pelos seus filhos, pedir a Deus que os abençoe, os proteja dos perigos, os guarde, livre-os do mal.
“Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água”, disse o pai. Ainda hoje quem tem epilepsia é alvo de preconceito. Imaginemos o que não era há mais de 2.000 anos atrás, ainda mais naquele povo antigo que explicava qualquer doença como sendo uma possessão do demônio. Olha a aflição desse pai: seu filho epilético está tendo ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. Imagine o cuidado permanente daquela família com esse filho.
Jesus mandou que trouxessem o menino, ou quem sabe já um adolescente. Dentro da lógica de sua gente, Jesus exorcizou o demônio da doença e o menino ficou bom, naquela mesma hora.
Guardando a mensagem
Um pai aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e pediu em favor do seu filho epilético. Pela paternidade e pela maternidade, pai e mãe já estão mais próximos de Deus. Ajoelhar-se é um reconhecimento da divindade de Jesus. O pai não foi com dúvidas se Jesus podia ajudar ou não. O pai mostrou, por ter tratado o Mestre de ‘Senhor’ e por ter se ajoelhado, a sua completa confiança em Jesus. Ele pediu clemência para o filho epilético. E Jesus o curou, exorcizando o mal que estava nele. O pai quer sempre o melhor para o seu filho. E nunca pode esquecer de que ele, na obra da geração humana e na obra da educação, é parceiro de Deus.
Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
No Evangelho, de vez em quando um pai vem ao teu encontro, pedindo em favor de um filho que está em situação desesperadora.  Jairo, por exemplo, veio te contar a situação de sua filha adolescente, que havia morrido e pediu tua intervenção. Esse pai do evangelho de hoje, com um filho epilético, implorou a tua misericórdia.  A todos, Senhor, tu atendias segundo a sua fé, não segundo os seus merecimentos. Continua, Senhor, ouvindo as preces dos pais e mães de hoje que te apresentam continuamente seus rogos em favor de seus filhos, sobretudo de quem está em perigo na alma e no corpo. Derrama, Senhor, tuas bênçãos sobre os pais, amanhã vamos festeja-los, no seu dia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
O melhor presente que você pode dar ao seu pai vivo ou falecido é rezar por ele. O maior presente é, com certeza, oferecer a Santa Missa em favor dele. Então, programe-se para, amanhã, participar da celebração em sua comunidade e oferecer a Santa Missa por seu pai.

Pe. João Carlos Ribeiro – 11.08.2018

FÉ, HUMILDADE E PERSEVERANÇA NA ORAÇÃO

Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos (Mt 15, 26)
08 de agosto de 2018.
No tempo de Jesus, as fronteiras do país não eram muito definidas. Mas, os judeus sabiam bem onde começavam os territórios pagãos. Desde a entrada na terra prometida, o povo tinha sido instruído a afastar-se das populações pagãs que moravam naquela terra de Canaã. Não deviam ter nenhuma consideração para com os cananeus, sua cultura e seus cultos idolátricos.
No texto de hoje, o evangelista Mateus nos dá notícia que Jesus está em territórios pagãos, na região de Tiro e Sidônia. Talvez quisesse se afastar um pouco daquela correria toda do seu trabalho missionário, com tanta gente atrás dele. Mas logo chega alguém pedindo ajuda. Uma senhora pagã, uma cananeia, veio ao encontro de Jesus com um pedido de socorro: a filha estava possuída pelo demônio. A resposta de Jesus foi estranha. Ficou calado. Ela continuou implorando, pelo caminho. Ele comentou com os discípulos que fora enviado somente para o povo de Deus. A mulher insistia, implorava... E a resposta dele foi dura: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”.
Chamar os pagãos de cachorros ou de porcos era comum por parte do antigo povo de Deus. Essa atitude agressiva para com os gentios, os pagãos, resultava da decisão de manterem distância dos seus cultos e de sua cultura, como a Lei de Moisés determinava. Jesus, enquanto humano, nasceu hebreu, aprendeu o modo do seu povo pensar o mundo e a religião. Portanto, certamente, ao menos até certa altura do seu apostolado, podia ter essa mesma atitude frente aos pagãos. Foi o que ele disse aos discípulos naquela ocasião: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”.
É importante entender o seguinte. Quem está contando essa história é o evangelista Mateus, uma história guardada pelas comunidades que se formaram na Palestina e nos território pagãos próximos. Um grande problema da evangelização, desde o início, foi como integrar os pagãos convertidos nas comunidades. Havia muita discussão: eles têm ou não tem direito à salvação em Cristo? Pra nós, é claro, passado tanto tempo, isso está bem resolvido. Mas, no começo, essa integração dos não judeus foi muito dolorosa. Pensava-se: Eles não têm aliança com Deus, não são herdeiros das promessas feitas a Israel, não seguem a Lei de Moisés, não são circuncidados... a coisa não foi fácil.
Você está me seguindo?  Está dando para entender?  Então, essa história de Jesus que a princípio rejeitou a mulher pagã, mas depois a atendeu, era muito importante para os seus seguidores entenderem como deviam proceder nesse assunto da inclusão das pessoas pagãs. Nessa história, todos podiam entender que os pagãos também tinham direito de fazer parte das comunidades e que não lhes cabia a pecha de cachorros, porque a salvação em Cristo também era para eles. Eles só precisavam ter fé, crer em Jesus, como a mulher cananeia.
Voltemos ao texto. Qual foi a reação da mulher? Diante da negativa de Jesus, ela insistiu com grande humildade: “É verdade, Senhor. Mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!'  Foi quando Jesus lhe disse: 'Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!'. Assim, sua filha foi libertada.
Guardando a mensagem
A mulher pagã foi procurar Jesus, prostrando-se aos seus pés. Isso é um sinal de sua fé, de sua acolhida de Jesus, como Messias. Não se intimidou com a aparente negativa dele, antes insistiu, perseverou no seu pedido... E, claro, mostrou uma grande humildade. Diante disso, Jesus concedeu o que ela estava pedindo com tanta humildade, perseverança e fé. A mudança de atitude de Jesus, incluindo os pagãos na salvação, será a atitude mais tarde das comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.
Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos (Mt 15, 26)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A mulher cananeia nos deixa uma grande lição. Diante da necessidade premente de sua filha, ela foi ao teu encontro s e soube ser perseverante no seu pedido. Não desanimou diante do teu silêncio, nem de tua negativa. E não se intimidou com a ofensa recebida por ser pagã, ao ser comparada aos cachorrinhos. Na sua fé, mostrou humildade e perseverança no seu pedido. Não só foi atendida, mas também te ajudou a ter uma nova compreensão da missão. Senhor, não nos deixes desanimar diante das primeiras dificuldades, nem desistir diante das barreiras que se nos apresentem intransponíveis. Que a nossa fé seja à toda prova e a humildade e a perseverança sejam a força de nossa fraqueza. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Converse com alguém sobre essa história de hoje (Mt 15,21-28). Ou pelo menos comente alguma coisa nas redes sociais sobre o assunto. Evangelize!
Pe. João Carlos Ribeiro – 08.08.2018

ESCUTAR, CONHECER E SEGUIR JESUS

As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10, 27)
24 de abril de 2018.
Um grupo rodeou Jesus, no Templo de Jerusalém, e queria que ele confirmasse se ele era mesmo o Messias. Jesus disse: ‘as obras que eu faço dão testemunho de mim. Vocês não acreditam, porque não são minhas ovelhas. As minhas ovelhas escutam minha voz, eu as conheço e elas me seguem’.
Olha que interessante. As ovelhas escutam a voz do pastor, reconhecem a sua voz e o seguem. As que não são do seu rebanho não escutam a sua voz e não o seguem. Aquele grupo não acreditava em Jesus, não escutava sua voz, não o reconhecia pelas obras que fazia, não o seguia.  
Há uma realidade de descrença, de gente que não escuta e não segue Jesus. Não integra o seu rebanho, não faz parte de suas ovelhas. Pela fé, nos aproximamos de Jesus. A fé é um dom de Deus. Mas, um dom, um presente pode não ser recebido, pode ser rejeitado. É que fomos criados na liberdade. Sem liberdade, não há amor. Sem liberdade, não se pode crer, porque crer é uma acolhida incondicional, uma entrega pessoal. Não se pode crer, nem amar por obrigação. Crer é um ato de liberdade.
Há quem realmente não creia. E há muita gente que, mesmo crendo, não permite que sua fé oriente a sua vida. É uma espécie de ateísmo prático. Até crê, mas a fé não é a luz que ilumina os seus passos. Vive como quem não crê, como quem não tem esperança, como quem não conheceu Jesus. Em Jesus, ficamos sabendo que Deus nos ama e o enviou para nos resgatar, nos conduzir para a vida plena. E, sobre isso, não podemos ficar indiferentes. Essa novidade pode mudar a nossa vida, pode ser uma revolução em nossa existência.
Não basta que Jesus seja o bom pastor e nos conheça e dê sua vida por nós. É necessário que nós, em resposta a esse amor do bom pastor escutemos a sua voz e, na fé, o sigamos. Ele disse: “As minhas ovelhas escutam a minha voz”. É preciso ouvir a sua voz. A oração diária do povo de Jesus incluía uma passagem do livro do Deuteronômio: “Ouve, Israel, o Senhor teu Deus é o único Senhor”. Ouve, Israel. É preciso escutar. A fé é a nossa resposta ao que ouvimos. O salmo 94 traz uma chamada de atenção: “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”. A palavra nos pede para não fechar o coração como o povo antigo que tanto entristeceu a Deus por sua desobediência. “Oxalá vocês ouçam hoje a sua voz”.
Vamos guardar a mensagem
Escutar a voz do bom pastor é reconhecê-lo como orientação da própria vida, é assumir a sua palavra como guia de sua existência. Foi exatamente isso que Maria disse aos serventes nas Bodas de Caná: “Façam tudo o que ele disser a vocês”. O que Jesus diz, precisamos escutar, acolher, praticar. Isso é escutar a sua voz e segui-lo.
As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem (Jo 10, 27)
Vamos rezar a Palavra

Senhor Jesus,
Infelizmente, hoje, como no teu tempo, há muita gente que não te escuta de verdade. Uns permanecem indiferentes à tua voz, à tua Palavra;  não a distinguem no meio de tantas vozes do mundo de hoje. Outros te escutam com ouvido de mercador: não te levam em conta, não te ouvem com seriedade; não se deixam conquistar pelo amor de Deus que tu anuncias. Mas, que bom que muitos te escutam e te seguem. Peço-te, Senhor, que eu e minha casa estejamos sempre no número dos que te ouvem, te conhecem e te seguem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vamos viver a Palavra

Minha sugestão é que você transcreva e reze a oração que Jesus rezava todo dia: Deuteronômio 6, 4-9. Ela começa convidando o povo de Deus a escutar, a ouvir uma coisa muito importante.

Pe. João Carlos Ribeiro – 24.04.2018

FÉ, PERSEVERANÇA, HUMILDADE – A HISTÓRIA DA MULHER CANANEIA.


MEDITAÇÃO PARA A QUINTA-FEIRA, DIA 08 DE FEVEREIRO DE 2018.
Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha (Mc 7, 29)
No tempo de Jesus, as fronteiras do país não eram muito definidas. Mas, os judeus sabiam bem onde começavam os territórios pagãos. Desde a entrada na terra prometida, o povo tinha sido instruído a afastar-se das populações pagãs que moravam na própria terra de Canaã. Nenhuma consideração para com os cananeus e seus cultos idolátricos.
No texto de hoje, o evangelista Marcos nos dá notícia que Jesus está em territórios pagãos, na região de Tiro e Sidônia. Talvez quisesse se afastar um pouco daquela correria toda do seu trabalho missionário, com tanta gente atrás dele. Mas logo chega alguém pedindo ajuda. É uma mulher pagã, cananeia, suplicando que expulsasse o demônio de sua filha. Jesus se fez de difícil. “Deixa que primeiro os filhos fiquem saciados. Não está certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos”.
Chamar os pagãos de cachorros ou de porcos era comum por parte do povo hebreu. Essa atitude agressiva para com os gentios, os pagãos, resultava da decisão de manterem distância dos seus cultos e de sua cultura. Jesus, enquanto humano, nasceu judeu, aprendeu o modo judeu de pensar o mundo e a religião. Portanto, certamente, ao menos até certa altura do seu apostolado, podia ter essa mesma atitude frente aos pagãos. Ele mesmo tinha dito: “Eu vim para as ovelhas perdidas da casa de Israel”.
Naturalmente, contando a história de Jesus, a comunidade de Marcos refletia a própria história. As comunidades de Marcos eram comunidades fora da Palestina, em ambiente pagão. Nessas comunidades, havia judeus convertidos, mas, sobretudo, muitos pagãos que aderiam à fé em Jesus Cristo. E a Igreja, que nasceu no ambiente judeu, no início teve muita dificuldade para incluir os pagãos na comunidade. Isso só começou a ser bem resolvido numa grande reunião dos apóstolos e lideranças, em Jerusalém, com a presença de São Paulo.
Então, é claro que Marcos, ao escrever a história de Jesus, sublinhava os problemas e a situação de suas comunidades. Defendeu, claramente,  que os pagãos também tinham direito de fazer parte das comunidades e que não lhes cabia a pecha de cachorros, porque a salvação em Cristo também era para eles.
Voltemos ao texto. Jesus disse que o pão era em primeiro lugar para os filhos e que não estava certo tirar o pão dos filhos e jogá-lo aos cachorrinhos. Quem seriam os filhos? Claro, os judeus. E quem eram os cachorrinhos? Os pagãos, gente como aquele cananeia. Esse era o pensamento de qualquer judeu do seu tempo.
E qual foi a reação da mulher? Aquela coitada tinha vindo incomodar Jesus, suplicando que ele libertasse sua filha que estava possuída por um demônio. Tinha “caído aos seus pés”, quer dizer prostrou-se reconhecendo a grandeza de Jesus. E diante da negativa, ela insistiu com grande humildade: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”.
Vamos guardara a mensagem
Como era grande a fé daquela mulher! Foi procurar Jesus, prostrando-se aos seus pés. Isso é um sinal de sua fé, de sua acolhida de Jesus, como Messias. Não se intimidou com a aparente negativa dele, antes insistiu, perseverou no seu pedido... reconhecendo a sua pequenez (que era a situação dos pagãos).  E, claro, mostrou uma grande humildade. Fé, perseverança, humildade. Diante disso, Jesus mudou sua posição... Concedeu o que ela estava pedindo com tanta fé, perseverança e humildade. A mudança de atitude de Jesus, incluindo os pagãos na salvação, será a atitude mais tarde das comunidades cristãs espalhadas pelo mundo.
Por causa do que acabas de dizer, podes voltar para casa. O demônio já saiu de tua filha (Mc 7, 29)

Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Os teus seguidores deram o grande passo de construírem comunidades onde também os pagãos eram acolhidos. Foi um parto doloroso essa passagem. Não foi fácil passar de comunidades formadas exclusivamente de cristãos vindos do judaísmo para comunidades que integravam também convertidos vindos do paganismo. Por isso, essa história da mulher cananeia ficou na mente dessas comunidades. Tu deste o primeiro passo. Partilhaste o pão dos filhos, os judeus, com os pagãos. Ou melhor, reconheceste que também os pagãos são filhos de Deus. Que a nossa oração, Senhor, seja como a da mulher cananeia, que, mesmo se sentindo relegada, foi firme em sua fé, mostrou-se humilde e perseverante no seu pedido. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Estamos na semana mundial do enfermo. Faça alguma coisa por um doente. O quê? Uma visita, uma mensagem ou uma prece.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.02.2018

SENHOR, AUMENTA A NOSSA FÉ!


Os apóstolos disseram ao Senhor: “Aumenta a nossa fé!” (Lc 17, 5)
A força que nos sustenta na vida é a fé. A fé em Deus. Mas não é qualquer fezinha não. Fé naquele que verdadeiramente nos ama e pôs Jesus Cristo no nosso caminho. E uma fé esclarecida. É o que a Igreja nos tenta passar nos cursos, encontros, jornadas, na catequese.  "Fé cega, faca amolada" – diz a música de Gilberto Gil. Fé cega é uma arma perigosa. Fé esclarecida é a fé inteligente, de quem conhece o que ama. E que ama o que conhece.
A fé é a nossa segurança. A fé nos fala do que não passa, do que o vendaval do tempo não leva. Nos fala daquele que sempre é, do Deus fiel, do Deus-Amor. E de seu plano de felicidade para cada um de nós. A fé é um dom, um presente de Deus. E a gente, com responsabilidade, tem que cuidar dela, para que ela possa ser cada dia ser mais robusta e forte.
A gente só sente a importância da luz quando escurece, quando a noite chega. A fé é essa luz que nós carregamos. Há momentos em nossa vida em que a gente precisa demais dessa luz: momentos de dor, de solidão, de perplexidade, de trevas. A fé a nossa segurança. Nessas horas, é que a gente mais precisa de fé e de esperança. Elas nos fazem enxergar na escuridão. A fé nos diz que o Senhor está perto de nós, que não nos faltará, que nossa vida está em suas mãos, que sua sabedoria e sua providência nos guiam. Por isso, seguimos confiantes, mesmo nas adversidades. Por isso, resistimos com uma força que não temos.
Ora, a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos, diz a carta aos Hebreus (Hb 11,1). São João diz na sua primeira carta: O que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé. (1 João 5, 4)
Vamos guardar a mensagem de hoje
O evangelho de hoje reúne alguns ditos de Jesus. Ele considerou de muita gravidade o fato de alguém escandalizar um pequenino. E recomendou que se perdoasse o irmão sempre que ele se arrependesse. Só uma visão de fé nos faz ter essa sensibilidade no trato com os pequeninos e essa generosidade no perdão aos irmãos. Diante desses ensinamentos, os apóstolos pediram a Jesus que aumentasse a fé deles. E Jesus comentou que uma fé mesmo pequena faria maravilhas.

A MENINA E A MULHER

Uma mulher que sofria de hemorragia há doze anos veio por trás dele e tocou a barra do seu manto (Mt 9, 20).
O Chefe da Sinagoga chegou informando que sua filha acabara de morrer. E implorou que Jesus fosse à sua casa, trazer a menina de volta para a vida. Jesus já seguia pra lá quando uma mulher que sofria de fluxo de sangue tocou na barra do seu manto e ficou curada. Na casa da menina falecida, Jesus dispensou o povo e os músicos que estavam no velório. E levantou a menina pela mão e ela voltou a viver.
São duas histórias entrelaçadas, a da filha do chefe da Sinagoga e a da mulher que sofria de hemorragia. Nos evangelhos de Marcos e Lucas, essa história tem mais detalhes. Fica-se sabendo, por exemplo, o nome do chefe da Sinagoga, Jairo e a idade da menina, 12 anos. As duas histórias estão juntas por alguma razão. As duas mulheres têm um impedimento grave para gerar a vida, para ter filhos. Na menina, aos 12 anos, idade da primeira menstruação, o organismo estaria se preparando para a futura maternidade. Morrendo, morrem as possibilidades de futuro, corta-se pela raiz a possibilidade de ser mãe. No tempo de Jesus, as mulheres se casavam muito cedo. E a mulher, sofrendo de perda de sangue há 12 anos, também não podia ser mãe, possivelmente por ter a sua menstruação desordenada.  Afinal, as duas não podem gerar vida, ser mãe.
E não poder ser mãe era realmente um problema? Ainda é um problema muito grande. Muitos casais hoje vivem em grande sofrimento, porque a esposa não consegue engravidar, não é verdade? Nem sempre a causa está na mulher. No tempo de Jesus, a coisa era ainda mais grave. A mulher não sendo mãe era completamente desconsiderada. A viúva sem filhos não tinha nem direito aos bens deixados pelo marido. E família sem filhos, como a de Abraão, não tinha futuro. Para nos darmos conta do drama, basta nos lembrarmos das mulheres estéreis da Bíblia, como Sara (a esposa de Abraão) no Antigo Testamento e de Izabel (a esposa de Zacarias) no Novo Testamento. As duas viviam tristes por não poderem dar filhos aos seus maridos, por não garantirem o futuro de suas famílias. Deus interveio na vida dessas duas mulheres estéreis, garantindo–lhes a fertilidade.

MORRENDO DE MEDO

Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E no meio dessa preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.
Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e ameaçou os ventos e o mar, e estes se acalmaram.
O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.
Podemos nos perguntar, por que  Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno lago da Galileia? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração...  tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.

OS TRÊS ERROS DE TOMÉ

Meu Senhor e Meu Deus! (Jo 20, 28)

Tomé cometeu três erros, penso eu. O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... esta era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante.  Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.
Por falar em faltar à celebração, hoje tem muito Tomé ausentando-se da celebração do domingo. Cada um tem sua desculpa, nem sempre válida. Faltando, acabam perdendo experiências significativas que elevam qualitativamente a vida cristã naquela comunidade. Perdem o encontro com o Senhor ressuscitado que se revela presente no meio de sua Igreja, comunicando-lhe a sua paz, enchendo os seus corações da alegria de Deus e dando-lhe o seu Santo Espírito para confirmar a todos na missão.  Se você, Tomé, faltar à celebração, você está perdendo muita coisa e vai ficando de fora da caminhada da graça em sua comunidade. Esse foi o primeiro erro de Tomé: faltou à celebração.

Pedro, Paulo e os dois desafios

Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16, 18)

Nós temos dois desafios. O primeiro é que o nosso povo batizado conhece pouco a fé cristã, inclusive boa parte nem pisa na Igreja. O segundo é que os que participam se contentam com a Missa de vez em quando, e não se sentem responsáveis pela evangelização dos outros.

Quando houve aquela grande assembleia de bispos da América Latina em Aparecida, em 2007, eles transformaram esses desafios em um compromisso duplo: levar o povo católico a ser um povo de discípulos missionários. Como bons discípulos do Senhor, cada um  conhecer melhor a fé cristã, professá-la com sinceridade e ensiná-la aos outros. Como seus missionários, levarmos o fermento do evangelho ao mundo, levando a boa nova aos afastados, distantes e excluídos.

A solenidade de São Pedro e São Paulo, que celebramos hoje, pode reforçar essa nossa caminhada de formação e compromisso como discípulos missionários. Os dois apóstolos, Pedro e Paulo, são exemplos, modelos de compromisso com o Senhor e com a missão evangelizadora. Eles são igualmente nossos intercessores junto a Deus na animação de comunidades de discípulos missionários, igreja em saída para as periferias humanas. Mesmo os dois apóstolos sendo modelos de cristãos discípulos missionários, podemos olhar para cada um deles e identificar de maneira mais acentuada uma dessas dimensões.

Os três erros de Tomé

Meu Senhor e Meu Deus! (Jo 20, 28)

Chegamos ao segundo domingo da Páscoa. Domingo passado, poderíamos dizer, foi o domingo de Maria Madalena. Ela foi ao sepulcro cedinho, descobriu que estava aberto e vazio e avisou aos discípulos. Hoje, podemos dizer, é o domingo de Tomé. Ele precisou ver para crer. E mereceu um bom puxão de orelhas de Jesus.

Tomé cometeu três erros, penso eu. O primeiro foi o seguinte: Ele faltou à celebração. No domingo da ressurreição, à tardinha, os discípulos estavam reunidos... essa era a hora em que a comunidade se reunia nos primeiros tempos do cristianismo, ao entardecer do domingo. Nessa celebração do domingo de páscoa, o próprio Jesus ressuscitado se apresentou no meio deles. Tomé não estava nesta reunião. Não sei onde andava, mas faltou a esse momento tão importante.  Jesus fez a saudação do shalom: A paz esteja com vocês! Mostrou-lhes as mãos e o lado, para eles terem certeza que era ele mesmo, o que fora crucificado. E a comunidade ficou, claro, exultante de alegria. Jesus lhes comunicou o Espírito Santo, soprando sobre eles. E lhes enviou em missão, a mesma missão de reconciliação que ele recebera do Pai. Tomé perdeu esse momento tão importante da vida da comunidade.

Transmissão da fé

Um grande desafio que a Igreja enfrenta hoje é a transmissão da fé às novas gerações. Os pais desse início de século estão com dificuldade para transmitir a fé católica aos seus filhos. Antigamente, parece que a coisa era mais fácil. Pais católicos ensinavam seus filhos a praticar a religião católica desde cedo. Era o normal, o que todo mundo fazia. Hoje, nós estamos correndo o risco que a nova geração não seja suficientemente evangelizada e inserida na Igreja.
A Semana Nacional da Família deste ano está voltada para este desafio: a transmissão e a educação da fé na família.  Todas as comunidades e dioceses estão empenhadas em sensibilizar os pais e os educadores para esse compromisso urgente: iniciar crianças, adolescentes e jovens na fé da Igreja.

Divino Pai Eterno

E o Brasil todo conhece a devoção ao Divino Pai Eterno, graças ao trabalho dos missionários redentoristas e também ao brilho da figura carismática do Pe. Robson de Oliveira e sua presença forte na Rede Vida de Televisão. Como estou em Goiania, participando de um Congresso Nacional de Educação Católica, reservei uma manhã para visitar o Santuário do Divino Pai Eterno, na vizinha cidade de Trindade. Antes mesmo de chegar lá, já fiquei impressionado com os peregrinos que vão a pé os 18 km que separam a capital de Trindade. A Rodovia estadual que liga as duas cidades possui uma pista exclusiva para pedestres, como também uma exclusiva para ciclistas, além de vias duplicadas para os veículos de passeio e ônibus. Em todo o percurso vi serviços de alimentação, banheiros e abrigos ao lado das estações da via-sacra. E mesmo com o sol alto, encontrei centenas de pessoas se dirigindo para lá. Vejam que mimo a Providência me fez: possibilitou-me ir ao Santuário Basílica do Divino Pai Eterno bem no período da romaria!

Pedro pedra


Essa semana tem festa de São Pedro, o Simão Pedra. O Pedro das chaves. O confessor da fé no Jesus Messias. O discípulo que não queria que Jesus lhe lavasse os pés. O Pedro das três negações. O Pedro do galo. O Senhor São Pedro de muitas histórias da cultural popular oral. O padroeiro dos pescadores, festejado em centenas de Colônias por toda a orla marítima do país.

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