PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Mc 3
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ESTENDE A MÃO!


20 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 3,1-6

Naquele tempo, 1Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram.
5Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada.
6Ao saírem, os fariseus com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)

Olhe bem pra suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho.

Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. A dignidade do trabalhador que é dono do sua capacidade de produção e pára para descansar e celebrar os frutos do seu trabalho; e a liberdade de um povo que nunca mais quer cair na escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glórias a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.

Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado é um sinal de passividade, de acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se for a pessoa humana em sua necessidade a estar no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a dignidade da pessoa humana. O homem foi restabelecido na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.

Guardando a mensagem

A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.

Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas família, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de colocar no centro os ritos que executamos, nos esquecendo do povo que celebra. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações na Igreja e na sociedade.

Sendo hoje o Dia de São Sebastião, vamos rezar o Terço Mariano das 18 horas, invocando-o em favor da proteção de nossas famílias, nesta pandemia. Acompanhe a récita do Terço pela Rádio Tempo de Paz. É bom já ter o aplicativo baixado no seu celular. 

Lembrando: amanhã, como todas as quintas-feiras, teremos a Santa Missa, às 11 horas, transmitida pelo rádio e pelas redes sociais (Youtube, Facebook, Rádio Tempo de Paz e rádios parceiras).

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

TUA MÃE E TEUS IRMÃOS

Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo (Mc 3, 31)


28 de janeiro de 2020.

Você lembra que, ontem, lemos no evangelho que os mestres da lei começaram a difamar Jesus, dizendo que ele estava com um espírito mau. Jesus chamou a atenção deles. Não fechem as portas para Deus. Não fechem os olhos para a ação de Deus. Não blasfemem contra o Espírito Santo. O pecado contra o Espírito Santo não tem perdão. Os fariseus se opuseram fortemente a Jesus.

Hoje, vamos considerar como também os seus parentes tiveram dificuldade para se inserir na comunidade de Jesus. Eles ficaram desorientados diante de sua atividade missionária. Quando souberam que ele não tinha nem tempo pra comer, com tanta gente atrás dele, eles pensaram ‘Jesus enlouqueceu’. O evangelista Marcos escreveu, nos dando um susto: “saíram para agarrá-lo”. Puxa! Os parentes dele eram gente pacata da aldeia de Nazaré. Nazaré fica a uns 50 km de Cafarnaum, a cidade onde Jesus estava morando. Pois eles pegaram a estrada e foram atrás de Jesus.

No texto de hoje, os seus parentes chegaram a Cafarnaum. Chegaram na casa onde Jesus estava, permaneceram do lado de fora e mandaram chamá-lo. O recado que eles mandaram dizia: “tua mãe e teus irmãos está aí fora e querem falar contigo”. Não se preocupe. Esse recado não tem nenhum sentido negativo contra Maria, sua mãe. “Tua mãe e teus irmãos” é uma forma de se referir aos seus parentes de sangue.

O texto apresenta claramente os que estão dentro e os que estão fora. Dentro de casa, claro, está Jesus com muita gente. A casa está cheia. Pela narração anterior, tanta gente se juntava que não dava mais para entrar. Houve até aquela vez que desceram um paralítico pelo teto, lembra? Mas, há uma anotação especial no texto de hoje: As pessoas estão sentadas, ao redor de Jesus. Isto é mencionado duas vezes, nesse pequeno texto, para chamar nossa atenção. ‘Sentados’ é a posição dos discípulos ao redor do Mestre. Você lembra de Maria, irmã de Marta, sentada aos pés de Jesus? Sentado, o discípulo escuta o Mestre, dialoga com ele, está numa posição de quem está aprendendo.

Os que estão dentro de casa, com Jesus, estão sentados. São discípulos e discípulas. Mas, tem gente lá fora, não tem? Isso, os parentes de Jesus. Eles estão fora. Eles precisam dar um passo importante: entrar na casa, isto é, tornarem-se também discípulos de Jesus. 

Sabe quem ficou de fora? Do lado de fora ficaram Adão e Eva (expulsos do paraíso), as moças distraídas (foram comprar óleo, quando chegaram a porta já estava fechada) e o irmão mais velho do filho pródigo (indignado com a festa que o pai preparou, não quis entrar em casa). O lugar dos discípulos é dentro da casa, rodeando o Mestre para aprenderem os caminhos do Reino. Os parentes estavam do lado de fora. Não é Jesus que tem que sair. São os parentes que precisam entrar. A palavra de Jesus é um convite para eles se tornarem seus discípulos. O que Jesus disse? “Quem faz a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe”. Esse é o verdadeiro laço de parentesco com ele, a obediência à vontade de Deus.

Guardando a mensagem

Os parentes de Jesus tiveram dificuldade de entender a sua identidade de filho de Deus e a sua missão de Messias. Num certo momento, acharam que ele tinha perdido o juízo. Nessa passagem, eles aparecem do lado de fora, chamando Jesus. Jesus os chama para a condição de discípulos, os convida a ingressar no círculo dos seus seguidores, a entrar na casa. Seus verdadeiros parentes são os que, como ele, fazem a vontade de Deus. O texto não diminui a importância da Virgem Maria. Ninguém mais do que ela soube ser obediente à vontade de Deus. A expressão “tua mãe e teus irmãos” é uma forma de se referir à família, neste caso à família de Jesus, uma vez que não tinha mais pai. Também não tinha irmãos. “Irmãos” aqui são seus primos ou parentes próximos. Não é Jesus que precisa sair. São eles que precisam entrar.

Eles ficaram do lado de fora e mandaram chamá-lo (Mc 3, 31)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Tua entrada no mundo já foi um gesto de obediência, como está escrito no Salmo 39: “eis que venho, Senhor, com prazer, fazer a tua santa vontade”. Tua santa mãe também acolheu a vontade de Deus com muito amor e entrega total. Disse ela, em resposta à comunicação do anjo: “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra”. E tu nos ensinaste também a acolher a vontade do Pai em nossa vida: “Seja feita a vossa vontade, assim na terra como no céu”. Queremos, Senhor, entrar na tua casa, pertencer ao círculo dos teus discípulos, ser teus parentes: queremos ouvir a Palavra de Deus e pô-la em prática. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O que você poderia fazer para ajudar seus parentes a se aproximarem mais de Jesus? Pense nisso. Anote alguma coisa no seu diário espiritual.

28 de janeiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



PECADO SEM PERDÃO


Quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado (Mc 3, 29)


27 de janeiro de 2020

Que os demônios se opusessem a Jesus, isso a gente entende. Que os grupos privilegiados de Jerusalém o odiassem, até dá para entender. Mas, que pessoas religiosas, praticantes da Lei, se indispusessem contra Jesus, a ponto de o difamarem, tentando desmoralizá-lo ou até tramando a sua prisão, isto nos deixa perplexos. Pois foi o que aconteceu. No evangelho de hoje, eles começaram a espalhar que Jesus expulsava demônios com a força do próprio satanás. Olha que jogo baixo: espalhar que Jesus estava possuído por um espírito mau. Haja paciência! Era gente de má vontade procurando desqualificar a vitória de Jesus sobre o mal. Estavam, na verdade, fechando as portas para o enviado de Deus.

Jesus fez diversas considerações para ver se eles abriam a mente para a verdade. Por fim, declarou uma coisa que nos espanta. ‘Pecar contra o Espírito Santo não tem perdão’. Vamos entender isso.

Jesus nos salvou por sua morte e ressurreição. Mas, a sua salvação nos chega por meio do Espírito Santo. É o Espírito Santo, que recebemos no batismo, que nos comunica o dom da filiação divina. Somos filhos, porque estamos habitados pelo Espírito Santo, que é Deus em nós. Mas, ele não é o Pai, nem o Filho. É uma terceira pessoa, com sua própria missão.

É o Espírito Santo que atua em nós, nos permitindo estar em comunicação com o Pai. É o Espírito Santo quem atualiza a palavra e a presença de Jesus. É ele quem, pela oração de consagração, torna presente o Senhor Jesus no sacramento do pão e do vinho. É ele quem atua em todos os sacramentos, santificando a nossa vida: lavando-nos do pecado no batismo, nos perdoando os pecados na confissão, abençoando o amor conjugal no matrimônio, conferindo alívio e cura ao doente na unção dos enfermos, consagrando os ministros para o serviço sacerdotal. Em tudo isso, age decisivamente o Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho.

Sempre rezamos ao Pai, por meio do Filho, no Santo Espírito. Não há oração sem o Espírito Santo. É ele quem ora em nós, com gemidos inexprimíveis. O Filho nos alcançou a reconciliação, a comunhão com o Pai. E isso nos é possível, no Espírito Santo. Nossa comunhão é com Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo.

Pecar contra o Espírito Santo é fechar nossa comunicação com o Pai. Apagar em nós o fogo do Espírito é extinguir a relação de filhos com o Pai. Não somos filhos, se não tivermos o Espírito do Pai. Sem o Espírito, não entendemos Jesus e não podemos ser seus discípulos. Para seguir Jesus, como discípulos e missionários, precisamos do Espírito do Filho.

Guardando a mensagem

Pecar contra o Espírito Santo é fechar as portas para a atuação do Santo Espírito em nós. É como desligar a tomada. Ficamos no completo apagão. A graça não chega, a oração não sobe, a moção interior desaparece. Já não somos mais conduzidos pelo Espírito. Já não estamos conectados com o Pai, por meio do Filho, no seu Espírito. Voltamos ao Adão do pecado, expulso do Paraíso. Os mestres da Lei estavam fechando as portas para a novidade da ação de Deus em Jesus. Estavam pecando contra o Espírito Santo. Você também está diante do evangelho do Reino, que continua sendo anunciado por Jesus e seus missionários. Não o rejeite, como os mestres da lei. Nem permaneça indiferente diante dele. Abra o seu coração à atuação do Santo Espírito.

Quem blasfemar contra o Espírito Santo nunca será perdoado (Mc 3, 29)

Rezando a palavra

Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do Vosso Amor. Enviai, Senhor, o Vosso Espírito e tudo será criado. E renovareis a face da terra.

Oremos: Ó Deus que instruístes os corações dos vossos fiéis, com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas segundo o mesmo Espírito e gozemos sempre de sua consolação. Por Cristo Senhor Nosso. Amém.

Vivendo a palavra

Durante o dia de hoje, mais de uma vez, reze ao Espírito Santo com suas próprias palavras ou use a oração que acabamos de rezar.

27 de janeiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



UMA COMUNIDADE APOSTÓLICA

Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar (Mc 3, 14)

24 de janeiro de 2020

Meditamos, ontem, como Jesus começou a estabelecer um novo momento no seu ministério, ao pedir uma barca e afastar-se um pouco da multidão que o comprimia, ali à beira mar. Àquele povo movido pela busca de curas e milagres, ele respondeu com a pregação do evangelho. O evangelho comunica o propósito de Deus, a sua vontade. Bem-aventurado o que ouve e pratica a Palavra do Senhor. A barca de Pedro é já uma representação da Igreja, realizando sua missão no mundo (o mundo, você lembra, está representado pelo mar).

Não sei se você leu o sonho de Dom Bosco com a Grande Barca que é a Igreja e como, numa feroz perseguição no mar, isto é no mundo, ela encontrou segurança atracando no meio de duas colunas, a Celebração da Eucaristia e a Devoção à Virgem Maria. (Se não leu, vou deixar o link no final da Meditação para você dar uma olhada).

A cena de hoje é o que segue após o encontro com o povo à beira mar. Jesus sobe o monte e chama alguns. E escolhe doze para que fiquem com ele e para enviá-los a pregar, com autoridade para expulsar os demônios. É o que está no evangelho de Marcos. 

Designou doze. Doze é o número do povo de Deus organizado. Israel tinha doze tribos. Estas se organizaram, simbolicamente, em torno de doze patriarcas, os filhos de Jacó. Doze são também os Juízes do Antigo Testamento, bem como os profetas maiores. Doze, então, é o número da organização, da liderança. Parece que o trabalho de Jesus começa a ter um novo nível de organização, com essa escolha dos doze. O seu grupo mais próximo, com quem ele vai peregrinar habitualmente e a quem vai dedicar uma maior atenção à sua formação, é formado por doze lideranças. Eles serão a referência para todos os seus discípulos, seus seguidores.

Escolheu doze para ficar com ele e para enviá-los a pregar. Ficar com ele é a condição de discípulos, dos que estão aprendendo sobre o Reino de Deus. Serem enviados a pregar é a condição de missionários, de apóstolos. Em seu nome, eles vão dar continuidade à missão. Ter escolhido doze não quer dizer que não havia outras lideranças reconhecidas. Certamente, havia. As mulheres, por exemplo, que também eram discípulas, tinham suas funções no grupo e, mais tarde, tiveram um papel muito importante no testemunho da ressurreição e na formação das comunidades.

Certamente, a escolha não agradou todo mundo. Alguém não foi escolhido e ficou meio emburrado. Alguém pode ter considerado a escolha um tanto equivocada e com razão (Judas Iscariotes, por exemplo, não parece ter sido uma boa escolha). Mas, quando Jesus não estava mais presente fisicamente, depois de sua ressurreição e ascensão, foram esses líderes que, mesmo tateando, mas com a força do Espírito Santo, sustentaram o testemunho sobre o Messias e espalharam o seu evangelho pelos quatro cantos.

Guardando a mensagem

Jesus estava conduzindo o povo de Deus para um novo momento de organização. A escolha dos doze é um sinal do seu trabalho de restauração do povo de Deus. Com a escolha dos doze, estão lançadas as bases de organização da igreja cristã. É por isso que dizemos que a Igreja é apostólica, porque ela nasce do testemunho, do ensinamento e da liderança dos apóstolos que Jesus escolheu e formou. Os bispos da Igreja são os apóstolos de hoje, aqueles que o Senhor escolheu e lhes deu participação na sua autoridade. Na atuação dos apóstolos de ontem ou de hoje, independentemente de suas fraquezas ou virtudes, vemos o Bom Pastor Jesus que nos ensina, nos abençoa e nos conduz, na força do seu Santo Espírito.

Então Jesus designou Doze, para que ficassem com ele e para enviá-los a pregar (Mc 3, 14)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Chamaste os doze, pessoalmente. Eles seguiam sempre contigo. Tu tinhas o cuidado de explicar-lhes as parábolas, as coisas do Reino. E eles te acompanhavam com toda boa vontade. Mas eram fracos como nós e te deram muita dor de cabeça. Na hora da paixão mesmo, houve quem dissesse até que não te conhecia, além daquele que te traiu. Mas, tu não desististe deles, nem os desautorizaste. Tu, Senhor, conheces a nossa fraqueza e, ainda assim, confias em nós. É o mistério de tua encarnação. Hoje, Senhor, queremos te pedir, de maneira muito especial, pelos nossos líderes, nossos diáconos, padres e bispos e pelo Papa, o bispo da Igreja em Roma e referência de unidade para todo o teu povo santo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze pelas vocações, para que o Senhor da Messe não deixe faltar operários à sua Igreja: lideranças leigas, religiosos e consagrados, diáconos, padres, bispos. Sendo hoje o Dia de São Francisco de Sales, reze também pelos jornalistas e por todos os profissionais cristãos que atuam área da comunicação social. 

O link para você ler o sonho de Dom Bosco é este:  http://bit.ly/Med23jan

24 de janeiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SOMOS O POVO DA BARCA


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

23 de janeiro de 2020.


Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.

Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores do teu povo. Abençoa a juventude de tua Igreja. Há um ano, estavam na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá. Abençoa a tua Igreja sempre jovem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, sofreu um grande ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. A narração do sonho está logo após a Meditação de hoje, aqui no meu blog.

23 de janeiro de 2020.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb




O sonho de Dom Bosco: As duas colunas


Em 26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.


Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:



"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.



Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.


O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.



Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."



Ao chegar a este ponto do relato, (São) João Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São) João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de (São) João Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São) João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)




AS SUAS MÃOS


Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)

22 de janeiro de 2020.

Olhe bem pra suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho.

Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. A dignidade do trabalhador que é dono do sua capacidade de produção e pára para descansar e celebrar os frutos do seu trabalho; e a liberdade de um povo que nunca mais quer cair na escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glórias a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.

Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado é um sinal de passividade, de acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se for a pessoa humana em sua necessidade a estar no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a dignidade da pessoa humana.  O homem foi restabelecido na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.

Guardando a mensagem

A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.

Jesus lhe disse: ‘Estende a mão’. Ele a estendeu e a mão ficou curada (Mc 3, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas família, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de colocar no centro os ritos que executamos, nos esquecendo do povo que celebra. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações na Igreja e na sociedade.

22 de janeiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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