PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: mar
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Você já participou de uma pescaria?



   30 de julho de 2023.   

17º Domingo do Tempo Comum


   Evangelho.   


Mt 13,44-52

Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 44“O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.
45O Reino dos Céus é também como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola.
47O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam.49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”.
52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo o mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”.


   Meditação.  


O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)


Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura.

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados.

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes.

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações.

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja.

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”.




Guardando a mensagem

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe.

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: Na grande pescaria de rede que Jesus nos deixou, isto é a missão, em quê a Igreja pode contar com você? 

E não esqueça a Santa Missa do domingo. Ela é o centro do nosso dia, uma fonte de bênçãos para nossa semana. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A REDE LANÇADA AO MAR




28 de julho de 2022

Quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 13,47-53

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. 52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. 53Quando Jesus terminou de contar essas palavras, partiu dali.


MEDITAÇÃO

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)



Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura.

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados.

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes.

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações.

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja.

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”.


Guardando a mensagem

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe.

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: Na grande pescaria de rede que Jesus nos deixou como missão, em quê a Igreja pode contar comigo?

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Missa das 11 horas, rezando pelos associados e ouvintes. Você pode nos acompanhar pelo rádio e pelas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SERENIDADE NA TEMPESTADE


29 de junho de 2021

EVANGELHO


Mt 8,23-27

Naquele tempo, 23Jesus entrou na barca, e seus discípulos o acompanharam. 24E eis que houve uma grande tempestade no mar, de modo que a barca estava sendo coberta pelas ondas. Jesus, porém, dormia.
25Os discípulos aproximaram-se e o acordaram, dizendo: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo!” 26Jesus respondeu: “Por que tendes tanto medo, homens fracos na fé?” Então, levantando-se, ameaçou os ventos e o mar, e fez-se uma grande calmaria. 27Os homens ficaram admirados e diziam: “Quem é este homem, que até os ventos e o mar lhe obedecem?”

MEDITAÇÃO


Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo! (Mt 8, 25).

Tradicionalmente, 29 de junho é o Dia de São Pedro. Na liturgia, porém, a celebração está transferida para o próximo domingo, quando celebraremos a Solenidade de São Pedro e São Paulo.

"Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo". Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E em meio a esta preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.

Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e estes se acalmaram. O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.

Podemos nos perguntar, por que Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno mar revolto? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração... tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.

Mas, há outra coisa que podemos considerar também. Quem dorme assim na barca, ou no avião ou no carro, dorme tranquilo se tiver confiança em quem está na direção, o motorista, o piloto, não é verdade? Jesus dormiu tranquilo porque estava cansado e também porque confiava na experiência dos seus discípulos pescadores. Confiava nos discípulos. E, claro, depositava sua confiança no Pai. Se confiamos em Deus, não vivemos asustados, como se estivéssemos largados, sem referência, abandonados a nós mesmos. 

Agora, cansaço é uma coisa. Estresse é outra. Quem está apreensivo, estressado, preocupado, dorme bem? O que acha? Não dorme. O estressado pode perder o sono, ou adormecendo, dorme um sono agitado pelos sonhos que se cruzam com suas preocupações, chegando até a ter pesadelo... e já acorda agitado, nervoso, irritado. Quem está estressado, descansa um pouco, mas o seu sono não é tranquilo, não é repousante.

O sono de Jesus, na barca, estava tranquilo ou agitado? Pela chamada de atenção aos discípulos, podemos deduzir que ele estava tranquilo, sereno. ‘Por que vocês estão com tanto medo?”. Agitados estavam os discípulos, coitados, esbaforidos com a tempestade agitando a barca. Para eles, estavam de cara com a morte, podendo naufragar a qualquer momento.

O mar agitado é uma imagem das crises que se abatem em nossa vida: as crises no casamento, a enfermidade, a situação gerada pelo desemprego, os problemas internos da comunidade, do país, a pandemia... Tem sempre uma tempestade no mar. O que muda é como nós as enfrentamos: com sinais de desespero ou com serenidade? O clamor amedrontado dos discípulos despertou Jesus. O medo é o contrário da confiança. Pedir é correto. Mas, pedir porque confia, porque se está seguro que Deus nos ampara em todas as nossas tribulações. Mas, nunca como expressão de desespero, de desconfiança que estamos perdidos, que vamos naufragar. Deus está em nosso barco, não vamos naufragar. A fé nos dá serenidade em nossas crises. Faz-nos estar calmos no meio da tempestade, embora buscando saída, procurando solução, trabalhando para resolver os problemas que nos afligem. Mas, movidos pela fé, confortados pela convicção profunda que Deus está conosco, que ele não nos abandona, que é ele a nossa segurança.

Guardando a mensagem

O mar estava revolto. Os discípulos estavam agitados. Bateu o desespero. Gritaram, acordaram o Mestre que estava na barca. “Estamos perecendo, salva-nos!”. Jesus pediu calma, serenidade. Essa é atitude de quem tem fé. Ele mesmo estava dormindo um sono tranquilo, cansado, mas confiante na liderança dos seus discípulos. A serenidade nasce da confiança em Deus, em si mesmo e nos outros. A serenidade é o brilho da fé. Se você estiver vivendo uma tempestade, veja se Jesus está no seu barco, peça a ajuda dele. Não se desespere, não morra de medo. Enfrente serenamente a tempestade, com fé, com confiança. Ela vai passar.

Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo! (Mt 8, 25).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
São tantas as tempestades em nossa vida pessoal, em nossa familia, em nossa vida profissional. Agora mesmo, estamos no meio de uma grande turbulência, esta pandemia. Senhor, como cristãos, renascidos na tua morte e na tua ressurreição, estamos confiantes que a vida, o amor, a fraternidade, a justiça terão a última palavra; que a tua ressurreição entrou para a história humana como superação de todas as crises, sinal da vitória sobre o mal. Por isso, o nosso olhar é um olhar transfigurado pela fé e pela esperança. A todos, chegue, Senhor, a tua palavra e a tua presença que acalmam os ventos fortes e o mar bravio. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No meio dos problemas que você talvez esteja vivendo, faça um ato de confiança no Senhor Jesus, Deus conosco, e nas pessoas que estão à sua volta. Muita gente merece sua confiança. Você pode contar com elas também .

Um convite. Podendo, me acompanhe hoje na Rede Vida, às 11 horas, no programa Escolhas da Vida, apresentado pelo meu amigo Dalcides Biscalquin. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

HORA DE PESCAR DE REDE


O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 

26 de julho de 2020 - 17o. Domingo do Tempo Comum 


Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura. 

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados. 

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes. 

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações. 

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja. 

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”. 

Guardando a mensagem 

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe. 

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Sendo hoje o Dia dos Avós, pela lembrança dos teus avós maternos Joaquim e Ana, queremos te pedir por eles, pelo descanso eterno dos que já partiram e pela saúde e pela felicidade dos que, entre nós, são pescadores experientes no grande mutirão de pesca de rede, em tua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: Na grande pescaria de rede que Jesus nos deixou como missão, em quê a Igreja pode contar comigo?

Celebro a Santa Missa, hoje, pela Rádio Tempo de Paz, às 17 horas. Estou já lhe enviando o link pra você, se desejar, baixar o aplicativo e participar com a gente. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A TEMPESTADE


Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
30 de junho de 2020.
Foi este o pedido de socorro dos discípulos a Jesus que estava dormindo, na barca. Estavam no meio de uma grande tempestade, a barca estava sendo coberta pelas ondas. E no meio dessa preocupante situação, Jesus dormia, calmamente. Eles o acordaram aos gritos: “Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo”.
Jesus acordou, certamente sem muita pressa. E lhes fez uma pergunta muita séria: “Por que vocês estão com tanto medo, gente fraca na fé?”. Levantou-se e repreendeu os ventos e o mar, e estes se acalmaram. O medo é a reação de quem se sente acuado, sem saída. O medo é a resposta de quem não tem fé ou de quem tem uma fé muito fraca.
Podemos nos perguntar, por que Jesus estava dormindo àquela hora, na barca, em pleno lago da Galileia? Bom, talvez estivesse cansado. É que a sua vida era uma loucura. Está escrito no Evangelho que ele nem tinha tempo para comer, tantas eram as pessoas que o procuravam. E, além da atenção permanente às pessoas, havia os longos deslocamentos a pé, o cuidado permanente com a formação dos discípulos, as noites de oração... tudo isso contribuía para o seu cansaço. Possivelmente, o seu sono era de cansaço.
Mas, há outra coisa que podemos considerar também. Quem dorme assim na barca, ou no avião ou no carro, dorme tranquilo se tiver confiança em quem está na direção, o motorista, o piloto, não é verdade? Jesus dormiu tranquilo porque estava cansado e também porque confiava na experiência dos seus discípulos pescadores. 
Agora, cansaço é uma coisa. Estresse é outra. Quem está apreensivo, estressado, preocupado, dorme bem? O que acha? Não dorme. O estressado pode perder o sono, ou adormecendo, dorme um sono agitado pelos sonhos que se cruzam com suas preocupações, chegando até a ter pesadelo... e já acorda agitado, nervoso, irritado. Quem está estressado, descansa um pouco, mas o seu sono não é tranquilo, não é repousante.
O sono de Jesus, na barca, estava tranquilo ou agitado? Pela chamada de atenção aos discípulos, podemos deduzir que ele estava tranquilo, sereno. ‘Por que vocês estão com tanto medo?”. Agitados estavam os discípulos, coitados, esbaforidos com a tempestade agitando a barca. Para eles, estavam de cara com a morte, podendo naufragar a qualquer momento.
O mar agitado é uma imagem das crises que se abatem em nossa vida: as crises no casamento, a enfermidade, a situação gerada pelo desemprego, os problemas internos da comunidade, do país... Tem sempre uma tempestade no mar. O que muda é como nós as enfrentamos: com sinais de desespero ou com serenidade? O clamor amedrontado dos discípulos despertou Jesus. O medo é o contrário da confiança. Pedir é correto. Mas, pedir porque confia, porque se está seguro que Deus nos ampara em todas as nossas tribulações. Mas, nunca como expressão de desespero, de desconfiança que estamos perdidos, que vamos naufragar. Deus está em nosso barco, não vamos naufragar. A fé nos dá serenidade em nossas crises. Faz-nos estar calmos no meio da tempestade, embora buscando saída, procurando solução, trabalhando para resolver os problemas que nos afligem. Mas, movidos pela fé, confortados pela convicção profunda que Deus está conosco, que ele não nos abandona, que é ele a nossa segurança.
Guardando a mensagem
O mar estava revolto. Os discípulos estavam agitados. Bateu o desespero. Gritaram, acordaram o Mestre que estava na barca. “Estamos perecendo, salva-nos!”. Jesus pediu calma, serenidade. Essa é atitude de quem tem fé. Ele mesmo estava dormindo um sono tranquilo, cansado, mas confiante na liderança dos seus discípulos. A serenidade nasce da confiança em Deus, em si mesmo e nos outros. A serenidade é o brilho da fé. Se você estiver vivendo uma tempestade, veja se Jesus está no seu barco, peça a ajuda dele. Não se desespere, não morra de medo. Enfrente serenamente a tempestade, com fé, com confiança. Ela vai passar.
Senhor, salva-nos, pois estamos perecendo (Mt 8, 25).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
São tantas as tempestades em nossa vida pessoal, em nossa familia, em nossa vida profissional. Agora mesmo, muita gente está atravessando grandes turbulências. Como cristãos, Senhor, renascidos na tua morte e na tua ressurreição, estamos confiantes que a vida, o amor, a fraternidade, a justiça terão a última palavra; que a tua ressurreição entrou para a história humana como sinal de superação de todas as crises, sinal da vitória sobre o mal. Por isso, o nosso olhar é um olhar transfigurado pela fé e pela esperança. A todos, chegue, Senhor, a tua palavra e a tua presença que acalmam os ventos fortes e o mar bravio. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No meio dos problemas que você talvez esteja vivendo, faça um ato de confiança no Senhor Jesus, Deus conosco, e nas pessoas que estão à sua volta. Muita gente merece sua confiança. Você pode contar com elas também . 
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

COMO VENCER A TEMPESTADE

Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem? (Mc 4, 41)
01 de fevereiro de 2020

Quem é que não tem problemas na vida? Qual é a vida que não tem sofrimento, crises, desencontros? Pois é, todo mundo tem a sua tempestade. Aliás, muitas tempestades. As coisas vão andando bem, tudo em ordem, de repente, um problema, uma turbulência.

Na história dos discípulos de Jesus, eles estão na barca em pleno mar da Galileia. De repente, vento forte, ondas revoltas, tempestade no mar. E o pessoal ficou com muito medo, porque o barco estava afundando. Era gente experiente no mar, mas a coisa estava ficando feia. Jesus estava dormindo no barco, eles o acordaram pedindo ajuda. Jesus acalmou o vento e o mar. Mas também reclamou que eles tivessem uma fé tão fraca.

Essa história do evangelho pode responder a uma inquietante pergunta: Como é que a gente faz pra vencer uma tempestade? Eles, naquela situação-limite (a tempestade no mar), tiveram uma profunda experiência de Deus. Viram de perto a sua atuação salvadora. Admiraram-se com aquele homem, a quem o vento e o mar obedecem. Em Jesus, eles viram o próprio Deus agindo para salvá-los.

Como é que se faz pra vencer a tempestade? A história dos discípulos dá a resposta em três tempos. Primeiro: Tenha Jesus no seu barco. Tenha Jesus no seu barco. O barco é uma representação de sua vida, de seu casamento, de sua profissão, de sua comunidade. Aliás, no evangelho, a barca de Pedro é a própria Igreja, singrando os mares do mundo. É uma representação da igreja missionária. Se Jesus não estiver no barco, a coisa fica mais difícil ou mesmo sem solução. É preciso que Jesus esteja presente em sua vida, em sua profissão, em sua família. Às vezes, pode até parecer que ele esteja ausente (na história, estava dormindo). Então, tenha Jesus no seu barco.

A segunda pista também está no texto. Os discípulos acordaram Jesus e pediram que os salvasse. A segunda pista é essa: Recorra ao Senhor, pela oração. Deus já sabe de que precisamos, mas precisamos pedir. É uma forma de afirmar nossa dependência dele, nossa confiança. Então, recorra a Jesus, pela oração. Pede quem precisa e confia. É claro que a oração não é só na hora da necessidade, mas também nela. Na tempestade, recorra a Jesus, reze.

A terceira pista é essa: Mantenha uma atitude de fé e de confiança em Deus. Jesus achou que os discípulos, pelo desespero que demonstraram, tinham uma fé ainda fraca. Especialmente nessas horas é preciso ter uma atitude de fé e de confiança em Deus. A fé nos dá serenidade nas horas difíceis, tranquilidade para enfrentar os problemas, sem desespero.

Guardando a mensagem

A cena da tempestade no Mar da Galileia é especialmente uma representação das crises que se abateram na comunidade de Jesus. A primeira grande crise foi, com certeza, a morte dele executado como malfeitor. Talvez seja por isso que nessa cena, ele aparece dormindo na parte de trás da barca. Os discípulos precisam de mais fé, para não deixar que o medo os desoriente e os leve ao desespero. As crises estão sempre presentes em nossa vida. Assim, você pode aprender nessa passagem como enfrentar e vencer uma tempestade. Primeiro: Tenha Jesus no seu barco. Segundo: Recorra ao Senhor, pela oração. Terceiro: Mantenha sempre uma atitude de fé e de confiança em Deus.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Deves ter acordado assustado com aquela gritaria de desespero dos teus discípulos. Tu te levantaste e deste ordem ao mar e ao vento para se acalmarem. Neste teu levantar-se, vemos claramente a imagem de tua ressurreição. Na tua ressurreição, temos a garantia da vitória em nossas lutas e em todas as crises em que vivemos em família, na Igreja ou em sociedade. Aumenta, Senhor, a nossa fé, para enfrentarmos e vencermos contigo todas as tempestades. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em sua oração pessoal, repasse com o Senhor alguma crise que você passou. 

Amanhã, é o domingo da Apresentação do Senhor, um dia de atenção à vocação dos consagrados. 

01 de fevereiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro

SOMOS O POVO DA BARCA


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

23 de janeiro de 2020.


Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.

Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores do teu povo. Abençoa a juventude de tua Igreja. Há um ano, estavam na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá. Abençoa a tua Igreja sempre jovem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, sofreu um grande ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. A narração do sonho está logo após a Meditação de hoje, aqui no meu blog.

23 de janeiro de 2020.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb




O sonho de Dom Bosco: As duas colunas


Em 26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.


Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:



"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.



Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.


O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.



Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."



Ao chegar a este ponto do relato, (São) João Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São) João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de (São) João Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São) João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)




COISAS DE PESCADOR

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 

01 de agosto de 2019 – Dia de Santo Afonso Maria de Ligório

Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura. 

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados. 

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes. 

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações. 

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja. 

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”. 

Guardando a mensagem 

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da Fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe. 

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

E como estamos começando o mês vocacional, reze, hoje, por todos os jovens que estão se preparando para serem missionários da Igreja. Eles e elas são os novos pescadores de Jesus. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 01 de agosto de 2019.

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