PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: curas
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ELE COMEÇOU A OUVIR E A FALAR DIREITO




11 de Fevereiro de 2022

Dia de Nossa Senhora de Lourdes

Dia Mundial do Enfermo


EVANGELHO


Mc 7,31-37

Naquele tempo, 31Jesus saiu de novo da região de Tiro, passou por Sidônia e continuou até o mar da Galileia, atravessando a região da Decápole. 32Trouxeram então um homem surdo, que falava com dificuldade, e pediram que Jesus lhe impusesse a mão. 33Jesus afastou-se com o homem, para fora da multidão; em seguida, colocou os dedos nos seus ouvidos, cuspiu e com a saliva tocou a língua dele. 34Olhando para o céu, suspirou e disse: “Efatá!”, que quer dizer: “Abre-te!” 35Imediatamente seus ouvidos se abriram, sua língua se soltou e ele começou a falar sem dificuldade.
36Jesus recomendou com insistência que não contassem a ninguém. Mas, quanto mais ele recomendava, mais eles divulgavam. 37Muito impressionados, diziam: “Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar”

MEDITAÇÃO


Ele tem feito bem todas as coisas (Mc 7, 32)

Você já viu um oleiro trabalhando o barro? E já o viu fazendo alguma coisa de barro: um jarro, um animal, a figura de uma pessoa? Mas, garanto que você já ouviu essa frase antes: “Ele tem feito bem todas as coisas” ou “Ele viu que tudo era bom”. Lembra onde escutou essa frase?

Essa frase evoca a primeira página da Bíblia. Livro do Gênesis, a narração da criação. Deus criou o mundo em sete dias. E, no final de cada dia de trabalho, está escrito: “Deus viu tudo que tinha feito: e era muito bom” (Gn 1,31). Isso quer dizer: tudo estava bem feito. No sexto dia, Deus criou o homem. E o fez do pó da terra. Soprou em suas narinas o sopro da vida e o homem se tornou um ser vivente. E de novo “viu que tudo estava bem feito”.

Veja se essa narração não é o modelo para a narração da cura do surdo-mudo, no evangelho de hoje! Trouxeram o homem surdo. Jesus o levou para longe do povo, tocou nos seus ouvidos com os seus dedos, cuspiu, tocou em sua língua com a saliva e suspirou dizendo “Efatá” (abre-te). Ele ficou bom. Começou a ouvir e falar direito. E o povo admirado dizia: “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Achou alguma coisa parecida entre a narração da criação do homem e a cura do surdo?! Veja lá... Deus fez o homem do pó da terra. Claro, essa é a imagem do oleiro, que faz uma imagem de barro, mexendo, ajeitando com os dedos as suas feições, os seus ouvidos, a sua boca... E depois soprou em suas narinas para lhe comunicar a vida. Agora veja o que Jesus fez: separou o homem do meio do povo, ficou mexendo nos seus ouvidos com os dedos e na sua língua (as partes que não estavam funcionando bem, pois não escutava e não falava bem). E depois suspirou... suspirou? Deve-se entender melhor: soprou... Foi assim na criação do homem: Deus soprou nas narinas do protótipo de barro. Percebem, é uma espécie de reedição da criação do homem. E as pessoas entendem isso, pois reconhecem admiradas “Ele tem feito bem todas as coisas”.

Sendo hoje o Dia Mundial do Enfermo, motivado pelo Papa Francisco com a palavra de Jesus "Sejam misericordiosos como o Pai de vocês é misericordioso" (Lc 6,36), prestemos atenção nas atitudes de Jesus nesta cena do Evangelho. Nele, vemos acolhimento, atenção, respeito, manifestação da misericórdia de Deus. Ele nos ama com a ternura de uma mãe e com a fortaleza de um pai, escreveu o Santo Padre.


Guardando a mensagem

A cura, no fundo, é uma representação da ação mais profunda de Jesus, da realização de sua missão. Jesus não estava apenas curando pessoas.... ele estava consertando a obra prima da criação que o pecado tinha desfigurado. Deus tinha feito tudo bem-feito, mas o homem, pelo pecado, atrapalhou tudo, introduzindo a destruição, a morte. O ser humano que saiu perfeito das mãos de Deus estava todo desfigurado espiritualmente. Jesus veio resolver isso, veio salvar o ser humano desfigurado pelo pecado... por isso, nos evangelhos, aparecem tantas curas de doentes e possuídos pelo mal. Ele está restaurando a obra de Deus. E o faz, como Deus que é, agindo como o Criador na primeira página da Bíblia.

Ele tem feito bem todas as coisas (Mc 7, 32).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
No batismo, tem uma parte em que o ministro, como tu fizeste com o surdo-mudo, mexe no ouvido do batizando, sopra e diz “Éfata”, isto é “abre-te”! É um rito, depois do batismo na água, que realça a grande verdade que Deus, no batismo, nos restaura, nos faz novas criaturas, nos põe de novo na condição original de escutar Deus e de falar com ele, de sermos seus interlocutores. Claro, só fala bem quem ouve bem. Concede, Senhor, que nós, restaurados por tua morte e ressurreição, vivamos dignamente essa nossa santa vocação de filhos de Deus. Neste Dia Mundial do Enfermo, nós te entregamos, Senhor, cada doente de nossas famílias e, também, todos os afetados por esta pandemia. Derrama, Senhor, sobre eles, como nosso bom samaritano que és, o óleo da consolação e o vinho da esperança. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Repita muitas vezes, no dia de hoje, essa palavra do povo, no evangelho: “Ele tem feito bem todas as coisas”. Isso pode ajudar você a recordar, com gratidão, a obra redentora de Jesus, o seu batismo,... Liberto de sua condição de surdo-mudo, você agora é seu interlocutor, ouvindo sua Palavra, falando com ele, dizendo aos outros como ele é bom.

Escrevi um resumo da Mensagem do Papa para este Dia do Enfermo e estou deixando-o logo após o texto da Meditação. É só você seguir o link.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



RESUMO

DA MENSAGEM DE SUA SANTIDADE 

PAPA FRANCISCO


PARA O 30º DIA MUNDIAL DO DOENTE

11 de fevereiro de 2022





Para este 30º  Dia Mundial do Enfermo, o Papa Francisco escreveu uma bela Mensagem, com o tema: “Sejam misericordiosos como o pai de vocês é misericordioso” (Lc 6, 36).

Óleo da consolação, vinho da esperança

A misericórdia é o modo de Deus ser. Em tudo que faz e diz, ele é misericordioso. Assim, ele cuida de nós com a ternura de uma mãe e a fortaleza de um pai. 

A suprema testemunha do amor misericordioso do Pai para com os doentes é Jesus, seu filho unigênito. No evangelho, muitas pessoas doentes acorrem ao Senhor e recebem dele acolhimento e cura. É uma cena que se repete com cegos, paralíticos, mudos, surdos, acamados, leprosos...

Na parábola que ele contou do bom samaritano, aquele bondoso cidadão derramou óleo e vinho nas feridas do homem assaltado, deixado quase-morto. Óleo da consolação, vinho da esperança são sinais de acolhimento, atenção, cuidado que devemos dispensar aos irmãos e irmãs enfermos.

De fato, o doente, além dos cuidados médicos, tem necessidade de presença, afeto e proximidade dos seus. A doença é uma espécie de pobreza, de indigência. E ela provoca medo, dúvida, pergunta pelo sentido da existência. A enfermidade é uma hora sagrada para estarmos como testemunhas do amor misericordioso de Deus junto dos doentes, particularmente com os serviços espirituais.

Neste sentido, damos graças a Deus pelos profissionais da saúde. O seu serviço ultrapassa os limites de sua profissão para se tornar uma missão. Eles tocam a carne sofredora de Cristo e podem ser um sinal da misericórdia de Deus que cuida dos seus filhos e lhes está próximo. Na verdade, nunca podemos esquecer, o doente é mais importante do que a sua doença. 

Igualmente, nos recordamos com carinho da pastoral da saúde e das muitas iniciativas eclesiais em favor dos irmãos doentes, particularmente casas de saúde, hospitais, maternidades, santas casas que continuam a ser espaços de amor e serviço aos mais pobres e sofredores. 

Finalmente, a misericórdia de Deus, de que somos testemunhas, se expressa também no cuidado de cada família com seus doentes, idosos, membros mais frágeis e pelas visitas que fazemos aos doentes em suas residências e nos hospitais. Não esqueçamos nunca o que Jesus falou: “eu estava doente e me visitaste”. 

Por Pe. João Carlos, sdb

SOMOS O POVO DA BARCA


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

23 de janeiro de 2020.


Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.

Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores do teu povo. Abençoa a juventude de tua Igreja. Há um ano, estavam na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá. Abençoa a tua Igreja sempre jovem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, sofreu um grande ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. A narração do sonho está logo após a Meditação de hoje, aqui no meu blog.

23 de janeiro de 2020.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb




O sonho de Dom Bosco: As duas colunas


Em 26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.


Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:



"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.



Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.


O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.



Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."



Ao chegar a este ponto do relato, (São) João Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São) João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de (São) João Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São) João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)




SOMOS A COMUNIDADE DA BARCA

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)
24 de janeiro de 2019.
Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.
Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.
Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galileia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus praticamente morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens desse Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de cumprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.
Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentrou muito na Galileia, ficou aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.
Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca pra falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.
Guardando a mensagem
Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus.  Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.
Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores do teu povo. Abençoa o Papa Francisco, o Pedro pescador de hoje, em sua viagem apostólica ao Panamá, onde está reunido com milhares de jovens. Abençoa a tua Igreja sempre jovem.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No seu momento de oração de hoje, recomende a Deus os jovens da Jornada Mundial da Juventude, particularmente o grande contingente de brasileiros que está hoje lá, vivendo o terceiro dia da Jornada.

Pe João Carlos Ribeiro – 24.01.2019

PASSAR DA CURA PARA A SALVAÇÃO

MEDITAÇÃO
 PARA A QUARTA-FEIRA, 
DIA 06 DE DEZEMBRO
Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes (Mt 12, 30)
Coxos, aleijados, cegos, mudos. Quatro situações de deficiência, vulnerabilidade e miséria no tempo de Jesus. Quatro é um número simbólico, indica totalidade. De fato, os pontos cardeais são quatro e indicam todas as direções. Coxos, aleijados, cegos, mudos indicam a condição de toda a humanidade. Jesus encontrou as pessoas do seu tempo, e nos encontra hoje, na condição de necessitados, expostos em nossa fragilidade, marcados pelo pecado.
O pecado é o que desmantelou a obra da Criação. Tudo foi bem feito pelo Criador, mas o homem não correspondeu ao amor e à confiança dele. E assim, introduziu o desequilíbrio na obra divina. Como escreveu o apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, o salário do pecado é a morte. A decisão do homem contra o amor de Deus, a sua desobediência, arrastou a criação para esse desmantelo. Então, coxos, aleijados, cegos e mudos são uma representação de todas as pessoas, de toda a humanidade. É a humanidade toda clamando solução para sua situação. É o povo ferido pelo pecado, desfigurado em sua condição de expulsos do paraíso.
O pecado, que traz desarmonia e morte à obra de Deus, não é só o pecado das origens. É também a desobediência desta geração, o pecado pessoal e social, aquele que se estrutura como violência contra a dignidade da pessoa, que humilha e desfigura o ser humano pela fome, pela injustiça, pela desigualdade de oportunidades.
A missão de Jesus é restaurar a obra de Deus desfigurada pelo pecado. Por isso, a salvação que ele nos traz tem implicações também em nossa vida social, nas estruturas de nossa vida em sociedade. Nesse texto, a ação de Jesus está representada pela restauração das pessoas. Olha como está descrita no texto de hoje: “O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel”.
Textos como estes que falam de curas precisam ser olhados no conjunto do Evangelho. O que é o evangelho? O evangelho é a boa notícia de nossa salvação em Cristo. A boa notícia não é que Jesus cura nossas doenças. Curar as doenças é um sinal que nos aponta para a sua ação redentora.  A boa notícia é que ele nos resgata para a vida plena, nos reconcilia com Deus, nos tira do pecado, nos salva.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Curar os doentes, purificar os leprosos ou expulsar demônios são representações plásticas da realização da missão de Jesus que está acontecendo como inclusão, resgate, iluminação, vitória sobre o mal. Ele está sendo mostrado como aquele que está nos salvando, nos resgatando, nos libertando de todas as opressões. João Batista apresentou Jesus como aquele que tira o pecado do mundo. Passemos da cura para a salvação. Esse é um passo importante e necessário para nosso crescimento na fé. Jesus não é um carandeiro. É o salvador de  nossa humanidade decaída.
Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes (Mt 12, 30)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,
Vivemos mergulhados em meio a muitos limites e dificuldades. Nossa vida está marcada pelas provações, pela doença, pelo sofrimento. São sintomas, sinalização de nossa condição de pecadores. Por isso, Senhor, colocamos nossa vida aos teus pés. E te apresentamos a nossa pobreza, seguros que não apenas vens ao encontro de nossas fraquezas, mas nos comunicas a vida de Deus, partilhas conosco a vida eterna. Tu nos libertas, Senhor, de todas as amarras, de todas as prisões. És tu que tiras o pecado do mundo. Bendito seja o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos vivenciar a palavra que meditamos
Veja se, hoje, você tem oportunidade de ajudar um pobre, um sofredor. Mas, guarde na sua lembrança que a obra de Jesus é a restauração do ser humano, como filho de Deus.

Pe. João Carlos Ribeiro – 05.12.2017

CURAS E MILAGRES

Jesus começou a censurar as cidades onde fora realizada a maior parte de seus milagres, porque não se tinham convertido. (Mt 11, 20)
Hoje em dia fala-se muito de curas, de milagres, não é verdade? É verdade que Deus continua a ser bom e generoso para conosco, nos acudindo em nossas fraquezas e necessidades. Mas, será que as pessoas que recebem tantos favores de Deus voltam-se para ele de todo o coração, começam a andar na vida nova de sua graça, convertem-se de seus pecados? Você, o que acha? ... Será que muita gente está apenas se aproveitando de Deus e depois se esquecendo dele?
Olha o que temos no evangelho de hoje! Jesus mostrou-se decepcionado com as pessoas beneficiadas por seus milagres. Corazim e Betsaida eram pequenas cidades da Galileia. Cafarnaum era uma cidade um pouquinho maior, situada às margens do Mar da Galileia, onde Jesus morava. Nessas e em outras cidades, ele tinha feito muitas pregações e realizado muitos milagres. E ele estava ficando decepcionado com essas cidades. Tanta gente o procurava pedindo todo tipo de favor, e ele atendendo com tanta compaixão, manifestando o poder e o amor de Deus naqueles eventos extraordinários... Mas, àquela altura, ele já estava ficando irritado... onde estava a conversão daquele povo?
Ele mesmo comparou Corazim e Betsaida com duas grandes cidades pagãs, Tiro e Sidônia. Se nessas cidades pagãs tivessem acontecido aqueles milagres, estariam todos fazendo penitência, sentados na cinza, pedindo perdão a Deus. E o povo de Corazim e Betsaida continuava sua vidinha tranquila, sem dar sinais de conversão. E a própria Cafarnaum que já tinha visto todo tipo de milagres de Jesus - na sinagoga, na casa dele, na praça, no mar – e nem assim apresentava sinais de mudança. Aí ele fez outra comparação que certamente não agradou aos seus conterrâneos. Sodoma, a cidade que Deus destruiu com fogo por causa de sua maldade, teria se convertido se tivesse visto os seus milagres. No dia do juízo, as cidades pagãs e a própria Sodoma terão um tratamento mais brando do que aquele gente da Galileia, disse Jesus.
Quer dizer que Jesus esperava que os milagres ajudassem o povo a se voltar para Deus, a se converter. Todo milagre é uma demonstração do amor de Deus que restaura a pessoa humana. Na história do paralítico, ficou claro que mais do que o milagre físico, Jesus veio comunicar o perdão dos nossos pecados. Ele salvou a adúltera que ia ser apedrejada, mas lhe disse:  vá e não peque mais. A própria cura dos leprosos é uma amostra de como sua missão é nos purificar dos pecados. Espera, então, que essas pessoas alcançadas por gestos tão maravilhosos de Deus, passem a caminhar na fé, voltem-se para Deus, acolham o seu enviado.

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