PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: barca
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O Domingo das Águas mais profundas.




  09 de fevereiro de 2025.  

5º Domingo do Tempo Comum

  Evangelho.  


Lc 5, 1-11

Naquele tempo, 1Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.
2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.
5Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”.
6Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”
9É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer.
10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”.
11Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

  Meditação.  


Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Domingo, dia do Senhor. Em Angola, na missão salesiana de Calulo, final da Missa das sete horas da manhã (missa campal, porque o povo não cabe na Igreja), o povo sentado em banquinhos ou pelas encostas do morro. A comunhão tinha terminado. Crianças e jovens ainda chegariam para a Missa das dez horas. Ali, estavam só adultos e idosos. O povo estava cantando, em ação de graças, ao som de batuques e palmas, em tom moderado, numa participação muito boa, para o nosso padrão. Levantou-se um catequista, um senhor de meia idade, pegou o microfone e não esperou que o canto terminasse. “O que é que está havendo, meu povo? Hoje é domingo. Hoje é o dia do Senhor, o dia da ressurreição. Hoje é o nosso dia! Júbilo, meu povo!”. Menino, aquilo deu um gás naquela assembleia de gente simples, trajada de roupas coloridas, pelas oito e meia da manhã... Os tambores alçaram o tom, o ritmo das palmas se fez marcante, o povo cantou e dançou com um entusiasmo surpreendente... A poeira subiu no terreiro da Igreja. A Missa virou uma festa.

Domingo, o nosso dia! Um dia de festa, de júbilo. Dia em que nos sentamos à mesa da casa de Deus, para ouvir as coisas lindas de nossa fé. E encher o nosso coração de alegria no encontro com o próprio Jesus ressuscitado. E festejar, pois estamos ressuscitados com ele.

Escute só a linda palavra de hoje. Jesus estava na margem do Mar da Galileia, o grande lago de água doce também chamado Mar de Genesaré. E muita gente tinha se juntado para escutar a Palavra de Deus, como conta o evangelista Lucas. Jesus viu duas barcas e subiu na de Simão, para falar ao povo. Como os mestres do seu tempo, sentou-se e começou a ensinar. Quando terminou, mandou os pescadores pescarem em águas mais profundas, isto é, lançar as redes num lugar mais afastado e mais fundo. Simão explicou que tinham passado a noite toda pescando, sem conseguir nada. Mas, em atenção à sua palavra, iria assim mesmo. E foi. A barca de Pedro pegou tanto peixe que já estava afundando. Pediram ajuda do outro barco. Diante dessa maravilha de pescaria, Simão Pedro, diante de Jesus, se achou um grande pecador. Mas, Jesus disse que, daí pra frente, ele seria pescador de gente. Eles levaram as barcas para a praia, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

Uma linda história que aparentemente tem pouco a ver com você. Mas, tem tudo a ver com a sua vida, com a minha, com a nossa vida. A narração tem quatro etapas: vida fracassada - palavra de Deus - vida abundante - missão. Os pescadores tinham passado a noite toda trabalhando, sem conseguir nada (vida fracassada). Naquela manhã, estão ouvindo a pregação de Jesus que está anunciando o Reino (Palavra de Deus). Obedecendo à palavra de Jesus, alcançam o grande êxito de uma pescaria surpreendente (vida abundante). Reconhecem sua condição de pecadores diante de Jesus e recebem dele a missão de participar de sua missão, serem pescadores de gente (missão).

Jesus nos encontra em nossa condição de fragilidade, fracasso, infertilidade. Resultado do pecado que está em nós ou cristalizado nas estruturas sociais. Estamos de mãos vazias, depois de uma noite de trabalho em alto mar. Jesus vem ao nosso encontro e nos fala do amor de Deus, do seu reinado no mundo, do sentido de nossas vidas em Deus, da grandeza de nossa dignidade de filhos de Deus. Essa palavra nos impulsiona a realizar a nossa vida com uma nova qualidade, com nova energia, com novo sentido. Em adesão a esta Palavra, à ação do Espírito Santo que torna a palavra viva e eficaz, voltamos ao nosso dia-a-dia, à nossa família, ao nosso trabalho, às nossas práticas religiosas, aos nossos compromissos. Viver e trabalhar orientados por Deus dá um novo sabor à nossa pescaria. Os resultados são outros, são surpreendentes. Pescamos não mais nas beiradas, nas partes rasas, mas em águas profundas. Deixamos uma existência superficial, medíocre, sob a ditadura da aparência, para um mergulho mais profundo: na vida de família, no trabalho, em nossa vivência religiosa, em todos os nossos compromissos. Nesta altura, o Senhor nos faz participantes de sua própria missão, nos fazendo missionários, pescadores com ele.




Guardando a mensagem

Os pescadores de duas barcas estavam na praia lavando as redes, depois de uma noite de pescaria fracassada. Jesus, sentado na barca de Simão, anuncia a boa notícia do amor de Deus, prega a Palavra. Depois, os manda pescar em águas mais profundas. Eles, em obediência à sua palavra, vão e trazem as barcas cheinhas de peixes. A Simão que mostra reconhecimento de sua condição de pecador, Jesus convida para o seu seguimento e para ser pescador de gente. Eles são os primeiros discípulos. Deixaram tudo e seguiram a Jesus. De pescaria fracassada, você entende bem. Uma vida sem profundidade não gera felicidade. Só em Deus, podemos viver bem o casamento, o trabalho, o tempo do lazer, a nossa vida toda. Só guiados por Deus, pescando em águas profundas, podemos encontrar uma vida abundante, cheia de sentido e de luz. A quem vive essa experiência de comunhão com o Senhor, ele dá a graça de participar com ele de sua missão, de ser pescador também, de ajudar outras pessoas a encontrarem sentido para sua vida.

Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Aquela comunidade da missão de Calulo, em Angola, em cada manhã de domingo, reencontra-se, na margem do Mar da Galileia, com Jesus, sentado na barca de Pedro. Lá, eles ouvem a Palavra que revela a sua grandeza de filhos de Deus, o sentido de sua vida vivida na profundidade da comunhão com Deus, a beleza da solidariedade que os faz levar o peso um dos outros em sua vida tão difícil. Assim, se alegram tanto, cantam e dançam com tanto fervor. Sentem que, mesmo enfrentando uma pobreza tão grande, já estão ressuscitados, vitoriosos com Cristo. Senhor, hoje, queremos nos unir espiritualmente a esta comunidade, ou melhor, queremos nos unir à tua Igreja, que em qualquer terreno, capela ou catedral hoje canta de alegria porque o encontro com o Senhor enche nossa vida de esperança e alegria e voltamos para nossa pescaria com outro ânimo, com outro espírito. Obrigado, Senhor, pelo dom de tua Palavra, pela graça que nos alcança em nossa pequenez, em nossa condição de pecadores. E obrigado por nos fazeres pescadores, contigo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O fruto mais precioso dessa Palavra, você já captou: a sua participação na Santa Missa dominical.

Comunicando

Nesta segunda, temos o Encontro dos Ouvintes na cidade de Barreiros, Diocese de Palmares, em Pernambuco. 
Na terça, estarei em Fortaleza, para presidir a Missa no centenário de ordenação episcopal do santo bispo Dom Antonio Lustosa. 
Na quarta, ainda em Fortaleza, vou participar do Encontro de Espiritualidade organizado pela FM Dom Bosco.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb







A comunidade da barca.


   23 de janeiro de 2025.    

Quinta-feira da 2ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.    


Mc 3,7-12

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

   Meditação   


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade no mar, que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.




Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os evangelizadores do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, estava sofrendo um furioso ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. Você que recebe a Meditação pelo celular pode ler essa linda história que lhe enviei junto com a reflexão do evangelho. Descubra o que são as duas colunas onde a barca da Igreja se atraca e se salva dos ataques dos inimigos. É só clicar no link da Meditação.

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pela rádio e pelo Canal do Youtube. Participe, colocando sua intenção no formulário ou pelo whatsapp 81 3224-9284. Eu já estou em Luanda, capital de Angola. Hoje, preside a santa Missa o jovem padre salesiano João Neto. 

Pe João Carlos Ribeiro, sdb




O SONHO DE DOM BOSCO:
AS DUAS COLUNAS


Em 26 de maio de 1862, Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.

Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:

"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)

Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.

Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.




O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.

Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."

Ao chegar a este ponto do relato, Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)

A comunidade da barca.



   18 de janeiro de 2024.    

Quinta-feira da 2ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.    


Mc 3,7-12

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

   Meditação   


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade no mar, que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.




Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os evangelizadores do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, estava sofrendo um furioso ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. Você que recebe a Meditação pelo celular pode ler essa linda história que lhe enviei junto com a reflexão do evangelho. Descubra o que são as duas colunas onde a barca da Igreja se atraca e se salva dos ataques dos inimigos. É só clicar no link da Meditação.

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pela rádio e pelas redes sociais. Participe, colocando sua intenção no formulário ou pelo whatsapp 81 3224-9284.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb

Entenda porque somos a comunidade da barca





19 de janeiro de 2023

Quinta-feira da 2ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mc 3,7-12

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

MEDITAÇÃO


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade no mar, que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.




Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os evangelizadores do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, estava sofrendo um furioso ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. Você que recebe a Meditação pelo celular pode ler essa linda história que lhe enviei junto com a reflexão do evangelho. Descubra o que são as duas colunas onde a barca da Igreja se atraca e se salva dos ataques dos inimigos. É só clicar no link da Meditação.

Comunicando

Hoje, faço show na cidade de João Câmara, no estado do Rio Grande do Norte.

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pelo rádio e pelas redes sociais. O Pe. Francisco Demontier vai presidir a Missa de hoje. Participe, colocando sua intenção no formulário que estamos lhe enviando.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb



O SONHO DE DOM BOSCO:
AS DUAS COLUNAS


Em 26 de maio de 1862, Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.

Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:

"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)

Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.

Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.




O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.

Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."

Ao chegar a este ponto do relato, Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)

O SEGREDO DA PESCARIA ABUNDANTE






06 de fevereiro de 2022

5º Domingo do Tempo Comum

EVANGELHO


Lc 5, 1-11

Naquele tempo, 1Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.
2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.
5Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”.
6Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”
9É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer.
10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”.
11Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

MEDITAÇÃO


Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Domingo, dia do Senhor. Em Angola, na missão salesiana de Calulo, final da Missa das sete horas da manhã (missa campal, porque o povo não cabe na Igreja), o povo sentado em banquinhos ou pelas encostas do morro. A comunhão tinha terminado. Crianças e jovens ainda chegariam para a Missa das dez horas. Ali, estavam só adultos e idosos. O povo estava cantando, em ação de graças, ao som de batuques e palmas, em tom moderado, numa participação muito boa, para o nosso padrão. Levantou-se um catequista, um senhor de meia idade, pegou o microfone e não esperou que o canto terminasse. “O que é que está havendo, meu povo? Hoje é domingo. Hoje é o dia do Senhor, o dia da ressurreição. Hoje é o nosso dia! Júbilo, meu povo!”. Menino, aquilo deu um gás naquela assembleia de gente pobre, trajada de roupas coloridas, pelas oito e meia da manhã... Os atabaques alçaram o tom, o ritmo das palmas se fez marcante, o povo cantou e dançou com um entusiasmo surpreendente... A poeira subiu no terreiro da Igreja. A Missa virou uma festa.

Domingo, o nosso dia! Um dia de festa, de júbilo. Dia em que nos sentamos na grande casa de Deus, para ouvir as coisas lindas de nossa fé. E encher o nosso coração de alegria no encontro com o próprio Jesus ressuscitado. E festejar, pois estamos ressuscitados com ele.

Escute só a linda palavra de hoje. Jesus estava na margem do Mar da Galileia, o grande lago de água doce também chamado Mar de Genesaré. E muita gente tinha se juntado para escutar a Palavra de Deus, como conta o evangelista Lucas. Jesus viu duas barcas e subiu na de Simão, para falar ao povo. Como os mestres do seu tempo, sentou-se e começou a ensinar. Quando terminou, mandou os pescadores pescarem em águas mais profundas, isto é, lançar as redes num lugar mais afastado e mais fundo. Simão explicou que tinham passado a noite toda pescando, sem conseguir nada. Mas, em atenção à sua palavra, iria assim mesmo. E foi. A barca de Pedro pegou tanto peixe que já estava afundando. Pediram ajuda do outro barco. Diante dessa maravilha de pescaria, Simão Pedro, diante de Jesus, se achou um grande pecador. Mas, Jesus disse que, daí pra frente, ele seria pescador de gente. Eles levaram as barcas para a praia, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

Uma linda história que aparentemente tem pouco a ver com você. Mas, tem tudo a ver com a sua vida, com a minha, com a nossa vida. A narração tem quatro etapas: vida fracassada - palavra de Deus - vida abundante - missão. Os pescadores tinham passado a noite toda trabalhando, sem conseguir nada (vida fracassada). Naquela manhã, estão ouvindo a pregação de Jesus que está anunciando o Reino (Palavra de Deus). Obedecendo à palavra de Jesus, alcançam o grande êxito de uma pescaria surpreendente (vida abundante). Reconhecem sua condição de pecadores diante de Jesus e recebem dele a missão de participar de sua missão, serem pescadores de gente (missão).

Jesus nos encontra em nossa condição de fragilidade, fracasso, infertilidade. Resultado do pecado que está em nós ou cristalizado nas estruturas sociais. Estamos de mãos vazias, depois de uma noite de trabalho em alto mar. Jesus vem ao nosso encontro e nos fala do amor de Deus, do seu reinado no mundo, do sentido de nossas vidas em Deus, da grandeza de nossa dignidade de filhos de Deus. Essa palavra nos impulsiona a realizar a nossa vida com uma nova qualidade, com nova energia, com novo sentido. Em adesão a esta Palavra, à ação do Espírito Santo que torna a palavra viva e eficaz, voltamos ao nosso dia-a-dia, à nossa família, ao nosso trabalho, às nossas práticas religiosas, aos nossos compromissos. Viver e trabalhar orientados por Deus dá um novo sabor à nossa pescaria. Os resultados são outros, são surpreendentes. Pescamos não mais nas beiradas, nas partes rasas, mas em águas profundas. Deixamos uma existência superficial, medíocre, sob a ditadura da aparência, para um mergulho mais profundo: na vida de família, no trabalho, em nossa vivência religiosa, em todos os nossos compromissos. Nesta altura, o Senhor nos faz participantes de sua própria missão, nos fazendo missionários, pescadores com ele.


Guardando a mensagem

Os pescadores de duas barcas estavam na praia lavando as redes, depois de uma noite de pescaria fracassada. Jesus, sentado na barca de Simão, anuncia a boa notícia do amor de Deus, prega a Palavra. Depois, os manda pescar em águas mais profundas. Eles, em obediência à sua palavra, vão e trazem as barcas cheinhas de peixes. A Simão que mostra reconhecimento de sua condição de pecador, Jesus convida para o seu seguimento e para ser pescador de gente. Eles são os primeiros discípulos. Deixaram tudo e seguiram a Jesus. De pescaria fracassada, você entende bem. Uma vida sem profundidade não gera felicidade. Só em Deus, podemos viver bem o casamento, o trabalho, o tempo do lazer, a nossa vida toda. Só guiados por Deus, pescando em águas profundas, podemos encontrar uma vida abundante, cheia de sentido e de luz. A quem vive essa experiência de comunhão com o Senhor, ele dá a graça de participar com ele de sua missão, de ser pescador também, de ajudar outras pessoas a encontrarem sentido para sua vida.

Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Aquela comunidade da missão de Calulo, em Angola, em cada manhã de domingo, reencontra-se, na margem do Mar da Galileia, com Jesus, sentado na barca de Pedro. Lá, eles ouvem a Palavra que revela a sua grandeza de filhos de Deus, o sentido de sua vida vivida na profundidade da comunhão com Deus, a beleza da solidariedade que os faz levar o peso um dos outros em sua vida tão difícil. Assim, se alegram tanto, cantam e dançam com tanto fervor. Sentem que, mesmo enfrentando uma pobreza tão grande, já estão ressuscitados, vitoriosos com Cristo. Senhor, hoje, queremos nos unir espiritualmente a esta comunidade, ou melhor, queremos nos unir à tua Igreja, que em qualquer terreno, capela ou catedral hoje canta de alegria porque o encontro com o Senhor enche nossa vida de esperança e alegria e voltamos para nossa pescaria com outro ânimo, com outro espírito. Obrigado, Senhor, pelo dom de tua Palavra, pela graça que nos alcança em nossa pequenez, em nossa condição de pecadores. E obrigado por nos fazeres pescadores, contigo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O fruto mais precioso dessa Palavra, você já captou: a sua participação na Santa Missa de hoje. Se isto não for mesmo possível, acompanhe devotamente a Missa pelo rádio ou pela televisão.

Desejando aprofundar um pouco mais a mensagem de hoje, estou deixando no final da Meditação de hoje, em meu blog: “OS SETE PASSOS DA PESCARIA ABUNDANTE”. É só acessar www.padrejoaocarlos.com ou clicar no link que estou lhe enviando.

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB


OS SETE PASSOS 

DA PESCARIA ABUNDANTE


No evangelho de Lucas, que estamos lendo hoje, Lucas 5, 1-11, podemos identificar sete passos no encontro dos primeiros discípulos com Jesus. Esses passos podem ser os seus também.

PRIMEIRO PASSO

Depois de uma noite de fracasso, eles estão lavando as redes, na praia. São pescadores de duas barcas. Trabalham juntos no Mar da Galileia. É curioso que eles estejam no mesmo local em que o povo se apinhou para ouvir Jesus. Então, eles e o povo estão na mesma situação. Todos vêm de uma noite de fracasso e frustração.

SEGUNDO PASSO

Ouvem atentamente o ensinamento de Jesus. O Mestre está sentado na barca de Simão, ensinando ao povo. É a palavra de Deus que ele proclama. Ele está sempre falando do Reino de Deus que chegara, uma forma de falar do grande amor de Deus que abraça os seus filhos dispersos, querendo reuni-los como os pais reúnem seus filhos numa refeição festiva de família.

TERCEIRO PASSO

Simão adere à Palavra de Jesus. A palavra de Jesus torna-se uma orientação clara para eles: pescar em águas profundas. Simão explica, como pescador experiente daquele lago, que passaram a noite toda e nada conseguiram. Mas, diz que vai obedecer à sua palavra, vai lançar as redes em águas profundas. E vai mesmo, com a sua barca, a que Jesus estava nela. A outra barca não foi.

QUARTO PASSO

A barca de Pedro pegou tanto peixe, que as redes já estavam para se romper. Chamaram a outra barca para ajudar. Os dois barcos ficaram tão cheios que quase afundaram de tanto peso. Foi uma experiência maravilhosa. O mar era o mesmo. O que mudou foi que agora estavam agindo em obediência à palavra de Jesus.


QUINTO PASSO

O espanto tomou conta de todos. O espanto de que aqui se fala é aquele sentimento de temor diante da grandeza de Deus que ali se manifestou. Isaías ficou tomado desse espanto, desse medo, desse temor sagrado, quando, em visão, se viu diante do trono de Deus. Nessa condição, seja Isaías, seja Pedro, reconhece sua indignidade, sua condição de pecador.

SEXTO PASSO

Jesus tranquiliza Pedro e lhe confia a missão: “Não tenhas medo! De hoje em diante, tu serás pescador de homens”. Jesus, na barca, orientando a pesca é o divino pescador. Ele acaba de resgatar aqueles homens de uma vida fracassada. Agora, quer que eles também façam como ele, resgatem outros para a vida abundante.

SÉTIMO PASSO

Eles deixam tudo e seguem a Jesus. Tornam-se os primeiros seguidores, os primeiros discípulos do Mestre. Esta resposta radical, generosa, pronta é um modelo para todos os outros seguidores de Jesus, para nós. E está narrada em três movimentos: levam as barcas para a margem, deixam tudo e seguem a Jesus. Deixaram tudo que lhes parecia importante na vida. Dão o primeiro lugar a Jesus. No seguimento de Jesus, sempre precisamos renunciar a muita coisa que nos parece importante, para colocar Jesus e seu evangelho no lugar mais importante de nossa vida.

Você pode repassar esses sete passos e conferir o seu caminho com Jesus. Você também se encontrou com Jesus. E esse encontro pode mudar sua vida, se já não mudou. A mudança é na qualidade de vida: passar da vida superficial, epidérmica para a vida de comunhão com o Senhor, com a sua graça. Pescar em águas profundas!

Um bom domingo.

Pe. João Carlos Ribeiro SDB

A BARCA DA IGREJA




20 de janeiro de 2022

EVANGELHO


Mc 3,7-12

Naquele tempo, 7Jesus se retirou para a beira do mar, junto com seus discípulos. Muita gente da Galileia o seguia. 8E também muita gente da Judeia, de Jerusalém, da Iduméia, do outro lado do Jordão, dos territórios de Tiro e Sidônia, foi até Jesus, porque tinham ouvido falar de tudo o que ele fazia. 9Então Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca, por causa da multidão, para que não o comprimisse.
10Com efeito, Jesus tinha curado muitas pessoas, e todos os que sofriam de algum mal jogavam-se sobre ele para tocá-lo. 11Vendo Jesus, os espíritos maus caíam a seus pés, gritando: “Tu és o Filho de Deus!” 12Mas Jesus ordenava severamente para não dizerem quem ele era.

MEDITAÇÃO


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade no mar, que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.



Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os evangelizadores do teu povo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, estava sofrendo um furioso ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. Você que recebe a Meditação pelo celular pode ler essa linda história que lhe enviei junto com a reflexão do evangelho. Descubra o que são as duas colunas onde a barca da Igreja se atraca e se salva dos ataques dos inimigos. É só clicar no link que lhe enviei.

Como todas as quintas-feiras, celebro hoje a Santa Missa às 11 horas, com transmissão pelo rádio e pelas redes sociais. Participe, colocando sua intenção no formulário que estamos lhe enviando.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb



O SONHO DE DOM BOSCO:
AS DUAS COLUNAS


Em 26 de maio de 1862, Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.

Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:

"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)

Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.

Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.




O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.

Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."

Ao chegar a este ponto do relato, Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)

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