PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: sábado
Mostrando postagens com marcador sábado. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador sábado. Mostrar todas as postagens

Eu quero misericórdia.



   19 de julho de 2024.   

Sexta-feira da 15ª Semana do Tempo Comum


     Evangelho.     


Mt 12,1-8

1Naquele tempo, Jesus passou no meio de uma plantação num dia de sábado. Seus discípulos tinham fome e começaram a apanhar espigas para comer. 2Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: “Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!”
3Jesus respondeu-lhes: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros sentiram fome? 4Como entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda que nem a ele nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes? 5Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma?
6Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo. 7Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes. 8De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado”.


     Meditação.     


Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Mt 12, 7)

Em caminhada com Jesus, em dia de sábado, os discípulos, com fome, passando no meio de uma plantação, apanharam espigas para comer. Pronto, isso foi o suficiente para escandalizar os fariseus. Acusaram os discípulos de estarem profanando o sábado.

Os judeus guardam o sábado, pensando no descanso de Deus no final da obra da criação. Nós cristãos guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus. Os muçulmanos já guardam a sexta, festejando o dia em que Deus – Alá – criou o homem. No tempo de Jesus, a interpretação que os hebreus faziam do sábado era muito rigorosa, cheio de normas e detalhes. Não se podia trabalhar, de jeito nenhum. Até os passos deviam ser contados para não se ofender a santidade do sábado, o shabat.

Jesus chamou os seus opositores à razão: a necessidade humana está acima de uma norma religiosa. Se eles estavam com fome, é justo que procurassem conseguir o alimento. Note que a reclamação não foi porque arrancaram espigas da plantação. Isto era possível. O que não se podia era fazer isso em dia de sábado. Jesus relembrou que Davi e seus soldados, voltando de uma campanha, mortos de fome, comeram os pães das oferendas do Templo, o que não era permitido. E estava tudo certo.

Religião sem caridade vira uma coisa desumana. Jesus recordou um ensinamento escrito no Profeta Oséias, no Antigo Testamento “Quero a misericórdia e não o sacrifício”. Quando você ouvir essa palavra “sacrifício” na Bíblia, lembre que ela se refere aos sacrifícios de animais que se fazia no Templo de Jerusalém (bois, carneiros, aves). O sacrifício é uma forma de culto muito comum nas religiões antigas. Então, Deus está dizendo nesta palavra do profeta que prefere a misericórdia ao sacrifício de animais. O verdadeiro culto é o da misericórdia, do amor, da caridade para com o próximo.

No livro do Profeta Isaías, também no Antigo Testamento, há uma reclamação de Deus. Deus reclama do culto que está recebendo: tantos sacrifícios de animais, ofertas, mas tanta injustiça, tanta violência no meio do povo, e nas mãos e no coração de quem está celebrando o culto! Isso sim é uma ofensa a Deus. "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado", rezamos no Salmo 50.

Os fariseus estavam reclamando porque, em dia de sábado, os discípulos, que estavam com fome, estavam colhendo espigas para comer, durante o trajeto. O que vai agradar mais a Deus: seguir à risca a lei do sábado ou dar de comer a quem está com fome? O sacrifício ou a misericórdia?






Guardando a mensagem

Os fariseus do tempo de Jesus faziam uma interpretação muito rígida da lei do sábado, uma norma religiosa que visava o louvor de Deus, mas também o descanso do trabalho nesse dia. Eles viram os discípulos colhendo espigas no sábado e ficaram revoltados. Para eles, com esse trabalho, o sábado estava sendo profanado. ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’, disse o Senhor pela boca dos profetas. O amor está acima de tudo. O primeiro louvor a Deus é o amor. E não dá para mostrar amor a Deus e não amar o seu irmão. Deus não fica contente com um culto bonito ou um louvor arrebatador que não esteja comprometido com a caridade, a compaixão para com os sofredores. Ele se agrada mesmo da misericórdia, do amor pelo pequeno. É isso que dá sentido e verdade ao nosso culto, ao nosso louvor.

Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Mt 12, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
às vezes, não vemos a ligação que existe entre o culto que te prestamos e a caridade que devemos ao próximo. Na misericórdia, no amor solidário pelos mais sofridos, começa o verdadeiro culto que se explicita depois nos ritos, nas celebrações religiosas. Amar os irmãos, sobretudo defendendo, protegendo os doentes, os presos, os pobres, os mais frágeis, é uma forma de louvor a Deus. Senhor, ajuda-nos a viver nossa vida cristã e nossas práticas religiosas em sintonia com o amor ao próximo. Que a nossa devoção e o culto que te dirigimos tenham sua versão concreta no serviço aos mais pobres, no respeito aos idosos, na defesa da vida, pois preferes a misericórdia ao sacrifício. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Muita coisa, podemos fazer pelos irmãos e irmãs mais sofridos. A Igreja até fala das obras de misericórdia. E a tradição colecionou sete obras de misericórdia corporais e sete obras de misericórdia espirituais. Você as conhece? No final do texto da Meditação de hoje, vou deixar a lista completa das obras de misericórdia. Dê uma olhadinha em www.padrejoaocarlos.com. Para quem recebe a Meditação pelos aplicativos, é só clicar no link que estamos enviando. Jesus nos quer misericordiosos, como ele.

Comunicando

Segunda-feira próxima é dia de encontro dos ouvintes no Recife. Desta vez, nos recebe a paróquia de N. Sra do Bom Parto, no bairro de Campo Grande. O encontro dos ouvintes começa com o terço mariano, às 18 horas, com transmissão por uma rede de rádios; e prossegue com a Santa Missa, transmitida também em nosso canal do Youtube.

Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb





AS OBRAS DE MISERICÓRDIA



Há catorze Obras de Misericórdia: sete corporais e sete espirituais.

Obras de misericórdia corporais:

1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos

Obras de misericórdia espirituais:

1) Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos


As Obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, na lista enunciada pelo Senhor na descrição do Juízo Final.

A lista das obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo: o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.



O domingo dos cristãos.




   02 de junho de 2024   

9º Domingo do Tempo Comum 


   Evangelho.   


Mc 2,23-3,6

23 Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam.
24 Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25 Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26 Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27 E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28 Portanto, o Filho do Homem é Senhor também do sábado”.
3,1 Jesus entrou de novo na sinagoga. Havia ali um homem com a mão seca. 2 Alguns o observavam para ver se haveria de curar em dia de sábado, para poderem acusá-lo. 3 Jesus disse ao homem da mão seca: “Levanta-te e fica aqui no meio!” 4 E perguntou-lhes: “É permitido no sábado fazer o bem ou fazer o mal? Salvar uma vida ou deixá-la morrer?” Mas eles nada disseram. 5 Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. 6 Ao saírem, os fariseus, com os partidários de Herodes, imediatamente tramaram, contra Jesus, a maneira como haveriam de matá-lo.


   Meditação.   


Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. (Mc 3, 5)

Olhe bem para suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? O que as mãos representam? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho. Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e, portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. Então, por um lado, o sábado sublinhava a dignidade do trabalhador: um dia de descanso e celebração dos frutos do seu trabalho; E por outro lado, o sábado afirmava a liberdade de um povo que não quer voltar à escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glória a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.

Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado pode indicar passividade, acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se a pessoa humana em sua necessidade estiver no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a sua dignidade. O homem foi restaurado na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.




Guardando a mensagem

A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a Lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.

Jesus, então, olhou ao seu redor, cheio de ira e tristeza, porque eram duros de coração; e disse ao homem: “Estende a mão”. Ele a estendeu e a mão ficou curada. (Mc 3, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas famílias, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos, por exemplo. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de nos preocupar mais com os ritos do que o povo santo que está celebrando. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Pense bem no valor que o sábado tinha para o povo hebreu: a dignidade do trabalhador e o louvor a Deus que garante a sua liberdade. Pense no maravilhoso valor que tem o domingo para o povo cristão, dia da ressurreição de Cristo e de nossa ressurreição com ele. No domingo, suspendemos o trabalho; reforçamos nossos laços de família; e renovamos nossa comunhão com Cristo e sua Igreja. 

Comunicando

Como todos os domingos, celebro uma Santa Missa voltada para os ouvintes e associados, às 17 horas, com transmissão pela Rádio Amanhecer. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

Hoje é dia de ajudar o próximo?



   03 de novembro de 2023.   

Sexta-feira da 30ª Semana do Tempo Comum


  Evangelho   


Lc 14,1-6

Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” 4Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” 6E eles não foram capazes de responder a isso.

  Meditação.  


Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

A gente sempre vê o evangelho falando mal dos fariseus. Mas, na cena de hoje, a gente descobre um pouco mais. Era um dia de sábado e Jesus estava numa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Olha que surpresa! Um líder fariseu convidou Jesus para ir comer na casa dele. Um gesto bonito! E Jesus aceitou. Está lá comendo com eles: mestres da lei e fariseus. E você sabe que comer juntos era uma coisa muito forte na cultura do povo de Jesus! Comer juntos é sinal de comunhão. Lembre que eles não comiam junto com pagãos.

Então, podemos pensar que havia certa aproximação entre Jesus e os fariseus. Ao menos, alguns tinham certa simpatia por Jesus e Jesus os acolhia com muito boa vontade. Essa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus está nos dizendo isso.

E você lembra que era um dia de sábado. Esse detalhe de ser num ‘sábado’ deve ser importante, porque essa informação se repete por três vezes nesse pequeno texto. Sábado era uma marca muito forte na religião deles. Os fariseus matavam e morriam pra todo mundo respeitar o sábado. Era o dia do descanso, nada de trabalho. E, você sabe, isso é maravilhoso, porque é uma afirmação da dignidade do trabalhador. O ser humano, como o Senhor Deus, pára para contemplar a sua obra. É senhor do seu trabalho, não é escravo. O sábado era também o dia do culto a Deus. Todo mundo se encontrava na sinagoga, para cantar os salmos e ouvir as Escrituras. Nisso tudo, Jesus, que era um bom judeu, estava também de acordo.

A refeição, talvez fosse um jantar, estava indo bem. Jesus e os fariseus cordialmente à mesa. Maravilha! Honrando o sábado. Tudo certo. Estranhamente, ali na frente de Jesus tem um hidrópico, um doente do barrigão, coitado. Aqui mostra-se a diferença entre Jesus e os religiosos do seu tempo. Está ali um filho de Deus sofrendo, um desgraçado estendendo a mão, pedindo ajuda a Jesus. E aí? Dia de sábado é dia de socorrer o irmão ou não? Foi a pergunta de Jesus. Ficaram calados. E se fosse um filho de vocês que caísse num poço, sendo sábado, vocês iriam ou não socorrê-lo logo? Ficaram confusos. E Jesus curou o hidrópico. Tomou-o pela mão, curou-o e o despediu.

Nós católicos temos muitas diferenças com outras igrejas, outros grupos religiosos e mesmo com pessoas que não têm fé. Mas, podemos e devemos ser amigos, parceiros, convivendo com respeito, diálogo, amizade, não é verdade? O que, de verdade, vai por a prova nossa amizade e nossa comunhão não será a doutrina, que tem, claro, diferenças. Mas a verdadeira prova, como foi para Jesus e os fariseus, é o hidrópico. Diante do colossal sofrimento do irmão marginalizado, explorado, excluído, o nosso sábado nos compromete com ele, ou, em seu nome, lavamos as mãos e nos omitimos. O sábado pode representar nossas práticas religiosas, nossas tradições. Nossa religiosidade (o sábado) nos impulsiona a retirar o filho que caiu no poço ou nos faz omissos diante do irmão que caiu à beira da estrada, como foi o caso do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano?




Guardando a mensagem

Jesus aceitou o convite para uma refeição na casa de um líder fariseu, num dia de sábado. Os fariseus foram gentis ao convidar Jesus. Isso mostra uma certa aproximação desse grupo com o grupo de Jesus. Comer juntos era um gesto de comunhão e amizade. Ia tudo bem, mas eis que apareceu um irmão doente, precisando de ajuda: um hidrópico. Jesus perguntou se o sábado, onde era proibido fazer qualquer trabalho, permitia que se desse socorro a ele. Eles não souberam responder. E Jesus o curou. Pelo ecumenismo com outras igrejas, nos sentamos à mesma mesa de refeição. O que vai marcar a diferença, vai ser a prova dos nove, para eles e para nós, é se o nosso sábado ou seja nossa religiosidade nos faz comprometidos ou omissos diante do sofrimento dos irmãos.

Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu também respeitavas o sábado dos judeus. E, como se tratava do dia de dar glória a Deus, mostravas como a fé se manifesta na louvação a Deus e na restauração dos humilhados. Assim, vivias e ensinavas o amor a Deus e ao próximo. Obrigado, Senhor, por tuas lições de fé e de vida. Impactados por tua ressurreição na manhã do primeiro dia da semana, nós teus seguidores guardamos o domingo, como o Dia do Senhor, o dia de nossa páscoa, de nossa libertação. Dá-nos, Senhor, que façamos desse dia uma afirmação de nossa adesão ao teu evangelho, que nos ensina a acolher o amor do Pai e a praticar esse amor como solidariedade e compromisso com o bem e a vida de todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para estimular o entendimento e a prática da palavra, sugiro que você leia em sua Bíblia o evangelho de hoje (Lc 14, 1-6). Para facilitar este acesso diário à Palavra de Deus, você que recebe pessoalmente a Meditação tem visto que estamos enviando sempre um link pra você ler o texto bíblico e também a Meditação. É só clicar no link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A força de Deus que levanta os oprimidos.



   11 de setembro de 2023.   

Segunda-feira da 23ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.   


Lc 6,6-11

Aconteceu num dia de sábado que, 6Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. 7Os mestres da Lei e os fariseus o observava, para ver se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. 11Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

   Meditação.   


Jesus disse ao homem da mão seca: "Levanta-te e fica aqui no meio” (Lc 6, 10)

Olhe bem para suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? O que as mãos representam? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho. Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e, portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. Então, por um lado, o sábado sublinhava a dignidade do trabalhador: um dia de descanso e celebração dos frutos do seu trabalho; E por outro lado, o sábado afirmava a liberdade de um povo que não quer voltar à escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glória a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.

Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado pode indicar passividade, acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se a pessoa humana em sua necessidade estiver no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a sua dignidade. O homem foi restaurado na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.




Guardando a mensagem

A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a Lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.

Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te e fica aqui no meio” (Lc 6, 10)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas famílias, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos, por exemplo. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de nos preocupar mais com os ritos do que o povo santo que está celebrando. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações na Igreja e na sociedade.

Comunicando

Estamos começando, hoje, as inscrições para o curso bíblico sobre a Carta aos Efésios, que vamos realizar, pelo Youtube, de 25 a 30 de setembro. Para se inscrever, clique no link que estamos lhe enviando pelo whatsapp ou faça contato com a AMA pelo fone 81 3224-9284. A inscrição garante o material do curso (e-book) e, no final, o certificado de participação. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

Minha fé me faz uma pessoa mais solidária.


   09 de setembro de 2023.   

Sábado da 22ª Semana do Tempo Comum 


   Evangelho   


Lc 6,1-5

1Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”
3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.

   Meditação.   


E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado” (Lc 6, 5)

Em caminhada com Jesus, em dia de sábado, os discípulos com fome, passando no meio de uma plantação, apanharam espigas para comer. Pronto, isso foi o suficiente para escandalizar os fariseus. Acusaram os discípulos de estarem profanando o sábado.

Os judeus guardam o sábado, pensando no descanso de Deus no final da obra da criação. Nós cristãos guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus. Os muçulmanos já guardam a sexta, festejando o dia em que Deus – Alá – criou o homem. No tempo de Jesus, a interpretação que os hebreus faziam do sábado era muito rigorosa, cheio de normas e detalhes. Não se podia trabalhar, de jeito nenhum. Até os passos deviam ser contados para não se ofender a santidade do sábado, o shabat.

Jesus chamou os seus opositores à razão: a necessidade humana está acima de uma norma religiosa. Se eles estavam com fome, é justo que procurassem conseguir o alimento. Note que a reclamação não foi porque arrancaram espigas da plantação. Isto era possível. O que não se podia era fazer isso em dia de sábado. Jesus relembrou que Davi e seus soldados, voltando de uma campanha, mortos de fome, comeram os pães das oferendas do Templo, o que não era permitido. E estava tudo certo.

Religião sem caridade vira uma coisa monstruosa. Jesus recordou um ensinamento escrito no Profeta Oséias, no Antigo Testamento “Quero a misericórdia e não o sacrifício”. Quando você ouvir essa palavra “sacrifício” na Bíblia, lembre que ela se refere aos sacrifícios de animais que se faziam no Templo de Jerusalém (bois, carneiros, aves). O sacrifício é uma forma de culto muito comum nas religiões tradicionais. Então, Deus está dizendo nesta palavra do profeta que prefere a misericórdia ao sacrifício de animais. O verdadeiro culto é o da misericórdia, do amor, da caridade para com o próximo.

No livro do Profeta Isaías, também no Antigo Testamento, há uma reclamação de Deus. Deus reclama do culto que está recebendo: tantos sacrifícios de animais, ofertas, mas tanta injustiça, tanta violência no meio do povo, e nas mãos e no coração de quem está celebrando o culto! Isso sim é uma ofensa a Deus.

Um grande risco é praticarmos uma religião alienada, que se esconde atrás de normas e ritos e se omite diante do sofrimento dos irmãos. Nós seguidores de Jesus não podemos repetir o que os fariseus fizeram. Estavam preocupados com o cumprimento do sábado, mas de coração fechado às necessidades reais das pessoas.




Guardando a mensagem

Os fariseus do tempo de Jesus faziam uma interpretação muito rígida da lei do sábado, uma norma religiosa que visava o louvor de Deus, mas também o descanso do trabalho nesse dia. Eles viram os discípulos colhendo espigas no sábado e ficaram revoltados. Para eles, com esse trabalho, o sábado estava sendo profanado. ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’, disse o Senhor pela boca dos profetas. Sacrifícios era o culto realizado no Templo, com o oferecimento de animais. Animais eram sacrificados no Templo em louvor a Deus ou para invocar o seu perdão. Jesus lhes mostrou que Deus está mais interessado na caridade, na misericórdia do que no cumprimento de ritos e costumes religiosos.

E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado” (Lc 6, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
às vezes, damos mais valor aos atos religiosos do que à caridade para com o próximo. Mas tu queres a misericórdia, mais do que o sacrifício, os ritos, o cumprimento de normas religiosas. Amar os irmãos, sobretudo defendendo, protegendo os doentes, os presos, os pobres, os mais frágeis, é mais importante do que apenas cumprir obrigações religiosas. Senhor, ajuda-nos a viver nossa vida cristã e nossas práticas religiosas em sintonia com o amor ao próximo. Que a nossa devoção e o culto que te dirigimos tenham sua versão concreta no serviço aos mais pobres, no respeito aos idosos, na defesa da vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: a minha vida de oração em casa e na Igreja têm me ajudo a ser mais solidário com quem está sofrendo ou passando necessidade?

Comunicando

Se você ainda não leu a Carta aos Efésios, aproveite esse final de semana para fazê-lo. Segunda-feira, começa a inscrição para o curso bíblico.

Um bom final de semana. Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A verdadeira prática religiosa nos leva ao amor solidário aos irmãos

 


   21 de julho de 2023.   

Sexta-feira da 15ª Semana do Tempo Comum


     Evangelho.     


Mt 12,1-8

1Naquele tempo, Jesus passou no meio de uma plantação num dia de sábado. Seus discípulos tinham fome e começaram a apanhar espigas para comer. 2Vendo isso, os fariseus disseram-lhe: “Olha, os teus discípulos estão fazendo o que não é permitido fazer em dia de sábado!”
3Jesus respondeu-lhes: “Nunca lestes o que fez Davi, quando ele e seus companheiros sentiram fome? 4Como entrou na casa de Deus e todos comeram os pães da oferenda que nem a ele nem aos seus companheiros era permitido comer, mas unicamente aos sacerdotes? 5Ou nunca lestes na Lei, que em dia de sábado, no Templo, os sacerdotes violam o sábado sem contrair culpa alguma?
6Ora, eu vos digo: aqui está quem é maior do que o Templo. 7Se tivésseis compreendido o que significa: ‘Quero a misericórdia e não o sacrifício’, não teríeis condenado os inocentes. 8De fato, o Filho do Homem é senhor do sábado”.


     Meditação.     


Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Mt 12, 7)

Em caminhada com Jesus, em dia de sábado, os discípulos, com fome, passando no meio de uma plantação, apanharam espigas para comer. Pronto, isso foi o suficiente para escandalizar os fariseus. Acusaram os discípulos de estarem profanando o sábado.

Os judeus guardam o sábado, pensando no descanso de Deus no final da obra da criação. Nós cristãos guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus. Os muçulmanos já guardam a sexta, festejando o dia em que Deus – Alá – criou o homem. No tempo de Jesus, a interpretação que os hebreus faziam do sábado era muito rigorosa, cheio de normas e detalhes. Não se podia trabalhar, de jeito nenhum. Até os passos deviam ser contados para não se ofender a santidade do sábado, o shabat.

Jesus chamou os seus opositores à razão: a necessidade humana está acima de uma norma religiosa. Se eles estavam com fome, é justo que procurassem conseguir o alimento. Note que a reclamação não foi porque arrancaram espigas da plantação. Isto era possível. O que não se podia era fazer isso em dia de sábado. Jesus relembrou que Davi e seus soldados, voltando de uma campanha, mortos de fome, comeram os pães das oferendas do Templo, o que não era permitido. E estava tudo certo.

Religião sem caridade vira uma coisa desumana. Jesus recordou um ensinamento escrito no Profeta Oséias, no Antigo Testamento “Quero a misericórdia e não o sacrifício”. Quando você ouvir essa palavra “sacrifício” na Bíblia, lembre que ela se refere aos sacrifícios de animais que se fazia no Templo de Jerusalém (bois, carneiros, aves). O sacrifício é uma forma de culto muito comum nas religiões antigas. Então, Deus está dizendo nesta palavra do profeta que prefere a misericórdia ao sacrifício de animais. O verdadeiro culto é o da misericórdia, do amor, da caridade para com o próximo.

No livro do Profeta Isaías, também no Antigo Testamento, há uma reclamação de Deus. Deus reclama do culto que está recebendo: tantos sacrifícios de animais, ofertas, mas tanta injustiça, tanta violência no meio do povo, e nas mãos e no coração de quem está celebrando o culto! Isso sim é uma ofensa a Deus. "Meu sacrifício, ó Senhor, é um espírito contrito, um coração arrependido e humilhado", rezamos no Salmo 50.

Os fariseus estavam reclamando porque, em dia de sábado, os discípulos, que estavam com fome, estavam colhendo espigas para comer, durante o trajeto. O que vai agradar mais a Deus: seguir à risca a lei do sábado ou dar de comer a quem está com fome? O sacrifício ou a misericórdia?




Guardando a mensagem

Os fariseus do tempo de Jesus faziam uma interpretação muito rígida da lei do sábado, uma norma religiosa que visava o louvor de Deus, mas também o descanso do trabalho nesse dia. Eles viram os discípulos colhendo espigas no sábado e ficaram revoltados. Para eles, com esse trabalho, o sábado estava sendo profanado. ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’, disse o Senhor pela boca dos profetas. O amor está acima de tudo. O primeiro louvor a Deus é o amor. E não dá para mostrar amor a Deus e não amar o seu irmão. Deus não fica contente com um culto bonito ou um louvor arrebatador que não esteja comprometido com a caridade, a compaixão para com os sofredores. Ele se agrada mesmo da misericórdia, do amor pelo pequeno. É isso que dá sentido e verdade ao nosso culto, ao nosso louvor.

Eu quero a misericórdia e não o sacrifício (Mt 12, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
às vezes, não vemos a ligação que existe entre o culto que te prestamos e a caridade que devemos ao próximo. Na misericórdia, no amor solidário pelos mais sofridos, começa o verdadeiro culto que se explicita depois nos ritos, nas celebrações religiosas. Amar os irmãos, sobretudo defendendo, protegendo os doentes, os presos, os pobres, os mais frágeis, é uma forma de louvor a Deus. Senhor, ajuda-nos a viver nossa vida cristã e nossas práticas religiosas em sintonia com o amor ao próximo. Que a nossa devoção e o culto que te dirigimos tenham sua versão concreta no serviço aos mais pobres, no respeito aos idosos, na defesa da vida, pois preferes a misericórdia ao sacrifício. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Muita coisa, podemos fazer pelos irmãos e irmãs mais sofridos. A Igreja até fala das obras de misericórdia. E a tradição colecionou sete obras de misericórdia corporais e sete obras de misericórdia espirituais. Você as conhece? No final do texto da Meditação de hoje, vou deixar a lista completa das obras de misericórdia. Dê uma olhadinha em www.padrejoaocarlos.com. Para quem recebe a Meditação pelos aplicativos, é só clicar no link que estamos enviando. Jesus nos quer misericordiosos, como ele.

Comunicando

Preste atenção ao pedido que o Papa Francisco está fazendo, em sua mensagem para o Dia Mundial dos Avós e dos Idosos, que vamos celebrar domingo próximo:

"O Dia Mundial dos Avós e dos Idosos pretende ser um pequeno e delicado sinal de esperança para eles e para a Igreja inteira. Por isso renovo o meu convite a todos – dioceses, paróquias, associações, comunidades – para o celebrarem, colocando no centro a alegria transbordante dum renovado encontro entre jovens e idosos".

Não deixe esta data passar em branco na sua casa e na sua comunidade. 

Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb






AS OBRAS DE MISERICÓRDIA



Há catorze Obras de Misericórdia: sete corporais e sete espirituais.

Obras de misericórdia corporais:

1) Dar de comer a que tem fome
2) Dar de beber a quem tem sede
3) Dar pousada aos peregrinos
4) Vestir os nus
5) Visitar os enfermos
6) Visitar os presos
7) Enterrar os mortos

Obras de misericórdia espirituais:

1) Ensinar os ignorantes
2) Dar bom conselho
3) Corrigir os que erram
4) Perdoar as injúrias
5) Consolar os tristes
6) Sofrer com paciência as fraquezas do nosso próximo
7) Rezar a Deus por vivos e defuntos

As Obras de misericórdia corporais encontram-se, na sua maioria, na lista enunciada pelo Senhor na descrição do Juízo Final.

A lista das obras de misericórdia espirituais tirou-a a Igreja de outros textos que se encontram ao longo da Bíblia e de atitudes e ensinamentos do próprio Cristo: o perdão, a correção fraterna, o consolo, suportar o sofrimento, etc.

O que as mãos revelam



05 de setembro de 2022

Segunda-feira da 23ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Lc 6,6-11

Aconteceu num dia de sábado que, 6Jesus entrou na sinagoga, e começou a ensinar. Aí havia um homem cuja mão direita era seca. 7Os mestres da Lei e os fariseus o observava, para ver se Jesus iria curá-lo em dia de sábado, e assim encontrarem motivo para acusá-lo. 8Jesus, porém, conhecendo seus pensamentos, disse ao homem da mão seca: “Levanta-te, e fica aqui no meio”. Ele se levantou, e ficou de pé. 9Disse-lhes Jesus: “Eu vos pergunto: O que é permitido fazer no sábado: o bem ou o mal, salvar uma vida ou deixar que se perca?” 10Então Jesus olhou para todos os que estavam ao seu redor, e disse ao homem: “Estende a tua mão”. O homem assim o fez e sua mão ficou curada. 11Eles ficaram com muita raiva, e começaram a discutir entre si sobre o que poderiam fazer contra Jesus.

MEDITAÇÃO


Jesus disse ao homem da mão seca: "Levanta-te e fica aqui no meio” (Lc 6, 10)

Olhe bem para suas mãos. Olhou? Agora, me responda: O que as mãos representam? Mais uma chance. Olhe bem pra suas mãos... Olhou? O que as mãos representam? E se suas mãos fossem defeituosas, haveria algum problema? Veja se você concorda comigo: As mãos representam a nossa capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia. Claro, elas representam mais do que isso. Mas, com as mãos defeituosas vai ficar muito difícil você construir uma casa, fazer uma limpeza, digitar um texto, dirigir um carro, fazer o almoço... está vendo? As mãos têm a ver com o trabalho. Se isso é verdade hoje, mais ainda no tempo do povo da Bíblia. O povo trabalhava no campo, na lavoura ou nas criações de gado ou ovelhas, na pesca, no artesanato... Com um defeito nas mãos, a pessoa estava impossibilitada de ganhar o pão de cada dia.

Bom, até aqui estamos de acordo. Então, vou lhe fazer outra pergunta: você já percebeu que a lei do sábado, no tempo de Jesus, tinha a ver com o trabalho? Na Bíblia, duas tradições sublinham o valor do sábado, no Antigo Testamento. No Livro do Êxodo, o sábado tem a ver com o descanso de Deus, e, portanto, com a dignidade do trabalhador. No Livro do Deuteronômio, o sábado tem a ver com a saída da escravidão do Egito. Guardar o sábado é manter viva a memória da liberdade conquistada contra o regime do Faraó. Então, por um lado, o sábado sublinhava a dignidade do trabalhador: um dia de descanso e celebração dos frutos do seu trabalho; E por outro lado, o sábado afirmava a liberdade de um povo que não quer voltar à escravidão e é dono de sua terra e de sua história. Esse é o sentido do sábado, no Antigo Testamento. Claro, que isso tem um sentido religioso. Só um povo senhor do seu trabalho e de sua história pode render glória a Deus com a sua vida. Então, o sábado tem a ver com o trabalho.

E já que estamos nos entendendo, vamos ver o texto de hoje. Jesus está na sinagoga de Cafarnaum. É um dia de sábado, claro, dia do culto. E lá ele encontra um homem com a mão seca. Muita gente está de olho nele pra ver se ele vai curar no sábado. Curar é uma forma de trabalho. Para eles, isso não podia. Jesus fez uma pergunta incômoda. Ninguém respondeu. Ele perguntou se sábado era para fazer o bem ou fazer o mal? Ele sentiu a dureza do coração deles e ficou triste e aborrecido. E curou o homem da mão seca. Até aqui, tudo tranquilo. Agora, vamos prestar bem atenção no que ele disse àquele pobre homem.

Ele disse ao homem três coisas: ‘Levanta-te’ – ‘Fica aqui no meio’ – e ‘Estende a mão’. Essas palavrinhas fizeram toda a diferença. LEVANTA-TE! Você sabe, quando alguém se levanta assume uma posição, é um sinal de tomada de decisão. Ele estava sentado. Sentado pode indicar passividade, acomodação. Levantar-se é um sinal de desinstalação. De pé é a condição de Jesus ressuscitado. FICA AQUI NO MEIO! Pra que isso? Jesus podia tê-lo curado, sem tirá-lo do canto dele. Mas não, chamou-o para o meio. No centro da preocupação daquelas pessoas estava o sábado, a lei. Mas, no centro devia estar o homem necessitado. Que bela lição. ESTENDE A MÃO! Ele estendeu a mão e ela ficou curada. Se a pessoa humana em sua necessidade estiver no centro de nossa preocupação, na religião (representada aqui pelo sábado na sinagoga) atua a força de Deus para devolver a sua dignidade. O homem foi restaurado na sua capacidade de trabalhar, de ganhar o pão de cada dia com as suas mãos.


Guardando a mensagem

A ação de Jesus nos ajuda a perceber que é necessário deslocar a preocupação com a instituição ou com a Lei para a pessoa humana. A pessoa humana é que deve ser o centro das atenções na religião, na economia, na política, em tudo. Na religião cristã, experimentamos a força de Deus que levanta os oprimidos e sofredores, fazendo-os sujeitos de sua história (Levanta-te!), reconhecendo a prioridade de sua situação (Vem para o meio!) e revelando a sua dignidade de filho de Deus (Estende a mão!). Uma fé comprometida com as pessoas, com os humildes, com os que têm alguma deficiência, com os doentes... Assim, o nosso culto fica verdadeiro. E nosso Deus, mais satisfeito conosco.

Jesus disse ao homem da mão seca: 'Levanta-te e fica aqui no meio” (Lc 6, 10)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
não podemos entender como, depois de tudo o que fizeste, no final do culto na sinagoga, vários saíram se combinando para te eliminar. Essas pessoas colocavam a Lei no centro de sua vida social e religiosa e não aceitaram o teu ensinamento sobre colocar a pessoa humana no centro. Às vezes, em nossas famílias, nos esquecemos das pessoas e ficamos mais preocupados com a segurança dos bens que temos, por exemplo. E na escola, alguém se preocupa mais com o conteúdo a ser dado do que com os estudantes que estão aprendendo. E até na Igreja, corremos o risco de nos preocupar mais com os ritos do que o povo santo que está celebrando. Obrigado, Senhor, por tuas lições. “O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, ao lavar as mãos, olhe bem para elas e tente lembrar a história do homem da mão seca. Aproveite e reze pelos desempregados; e para que eles estejam no centro de nossas preocupações na Igreja e na sociedade.

Lembrando o desafio desse mês: ler, diariamente, o evangelho do dia. Está conseguindo? Se ainda não começou, comece hoje. Seguindo o link que estou lhe enviando, você encontra logo o texto do evangelho, além do texto da Meditação.

Comunicando

Você já pode se inscrever no curso bíblico que vamos realizar, de forma on-line, de 19 a 23 de setembro, sobre o Livro de Josué. Para se inscrever, acesse o site www.amanhecer.org.br ou siga o link que estamos lhe enviando ou faça contato pelo nosso whatsapp 81 3224-9284. Quem estiver inscrito vai receber o material do curso (o e-book) e, no final, o Certificado de participação. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A tentação de uma religião sem caridade.



03 de setembro de 2022

Dia de São Gregório Magno

EVANGELHO


Lc 6,1-5

1Num sábado, Jesus estava passando através de plantações de trigo. Seus discípulos arrancavam e comiam as espigas, debulhando-as com as mãos. 2Então alguns fariseus disseram: “Por que fazeis o que não é permitido em dia de sábado?”
3Jesus respondeu-lhes: “Acaso vós não lestes o que Davi e seus companheiros fizeram, quando estavam sentindo fome? 4Davi entrou na casa de Deus, pegou dos pães oferecidos a Deus e os comeu, e ainda por cima os deu a seus companheiros. No entanto, só os sacerdotes podem comer desses pães”. 5E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado”.

MEDITAÇÃO


E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado” (Lc 6, 5)

Em caminhada com Jesus, em dia de sábado, os discípulos com fome, passando no meio de uma plantação, apanharam espigas para comer. Pronto, isso foi o suficiente para escandalizar os fariseus. Acusaram os discípulos de estarem profanando o sábado.

Os judeus guardam o sábado, pensando no descanso de Deus no final da obra da criação. Nós cristãos guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus. Os muçulmanos já guardam a sexta, festejando o dia em que Deus – Alá – criou o homem. No tempo de Jesus, a interpretação que os hebreus faziam do sábado era muito rigorosa, cheio de normas e detalhes. Não se podia trabalhar, de jeito nenhum. Até os passos deviam ser contados para não se ofender a santidade do sábado, o shabat.

Jesus chamou os seus opositores à razão: a necessidade humana está acima de uma norma religiosa. Se eles estavam com fome, é justo que procurassem conseguir o alimento. Note que a reclamação não foi porque arrancaram espigas da plantação. Isto era possível. O que não se podia era fazer isso em dia de sábado. Jesus relembrou que Davi e seus soldados, voltando de uma campanha, mortos de fome, comeram os pães das oferendas do Templo, o que não era permitido. E estava tudo certo.

Religião sem caridade vira uma coisa monstruosa. Jesus recordou um ensinamento escrito no Profeta Oséias, no Antigo Testamento “Quero a misericórdia e não o sacrifício”. Quando você ouvir essa palavra “sacrifício” na Bíblia, lembre que ela se refere aos sacrifícios de animais que se faziam no Templo de Jerusalém (bois, carneiros, aves). O sacrifício é uma forma de culto muito comum nas religiões tradicionais. Então, Deus está dizendo nesta palavra do profeta que prefere a misericórdia ao sacrifício de animais. O verdadeiro culto é o da misericórdia, do amor, da caridade para com o próximo.

No livro do Profeta Isaías, também no Antigo Testamento, há uma reclamação de Deus. Deus reclama do culto que está recebendo: tantos sacrifícios de animais, ofertas, mas tanta injustiça, tanta violência no meio do povo, e nas mãos e no coração de quem está celebrando o culto! Isso sim é uma ofensa a Deus.

Um grande risco é praticarmos uma religião alienada, que se esconde atrás de normas e ritos e se omite diante do sofrimento dos irmãos. Nós seguidores de Jesus não podemos repetir o que os fariseus fizeram. Estavam preocupados com o cumprimento do sábado, mas de coração fechado às necessidades reais das pessoas.


Guardando a mensagem

Os fariseus do tempo de Jesus faziam uma interpretação muito rígida da lei do sábado, uma norma religiosa que visava o louvor de Deus, mas também o descanso do trabalho nesse dia. Eles viram os discípulos colhendo espigas no sábado e ficaram revoltados. Para eles, com esse trabalho, o sábado estava sendo profanado. ‘Misericórdia eu quero, não sacrifícios’, disse o Senhor pela boca dos profetas. Sacrifícios era o culto realizado, no Templo, com o oferecimento de animais. Animais eram sacrificados no Templo em louvor a Deus ou para invocar o seu perdão. Jesus lhes mostrou que Deus está mais interessado na caridade, na misericórdia do que no cumprimento de ritos e costumes religiosos.

E Jesus acrescentou: “O Filho do Homem é senhor também do sábado” (Lc 6, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
às vezes, damos mais valor aos atos religiosos do que à caridade para com o próximo. Mas tu queres a misericórdia, mais do que o sacrifício, os ritos, o cumprimento de normas religiosas. Amar os irmãos, sobretudo defendendo, protegendo os doentes, os presos, os pobres, os mais frágeis, é mais importante do que apenas cumprir obrigações religiosas. Senhor, ajuda-nos a viver nossa vida cristã e nossas práticas religiosas em sintonia com o amor ao próximo. Que a nossa devoção e o culto que te dirigimos tenham sua versão concreta no serviço aos mais pobres, no respeito aos idosos, na defesa da vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

E o desafio de ler o evangelho do dia? está conseguindo? A proposta é esta: neste mês de setembro, ler o evangelho do dia, cada dia. Na apresentação que enviamos da Meditação, já está a passagem do evangelho. É só ler na sua bíblia. Ou, ainda mais fácil, seguindo o link, você já encontra o texto do Evangelho e também da Meditação. 

Comunicando

Hoje, faço show em São Joaquim do Monte. Amanhã, o show é em Maranguape II, Paulista. 14 de setembro, o show é em Brejão. São cidades do estado de Pernambuco.

Um bom final de semana. Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O HIDRÓPICO É A PROVA DOS NOVE

 



29 de outubro de 2021


EVANGELHO


Lc 14,1-6

Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” 4Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” 6E eles não foram capazes de responder a isso.

MEDITAÇÃO


Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

A gente sempre vê o evangelho falando mal dos fariseus. Mas, na cena de hoje, a gente descobre um pouco mais. Era um dia de sábado e Jesus estava numa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Olha que surpresa! Um líder fariseu convidou Jesus para ir comer na casa dele. Um gesto bonito! E Jesus aceitou. Está lá comendo com eles: mestres da lei e fariseus. E você sabe que comer juntos era uma coisa muito forte na cultura do povo de Jesus! Comer juntos é sinal de comunhão. Lembre que eles não comiam junto com pagãos.

Então, podemos pensar que havia certa aproximação entre Jesus e os fariseus. Ao menos, alguns tinham certa simpatia por Jesus e Jesus os acolhia com muito boa vontade. Essa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus está nos dizendo isso.

E você lembra que era um dia de sábado. Esse detalhe de ser num ‘sábado’ deve ser importante, porque essa informação se repete por três vezes nesse pequeno texto. Sábado era uma marca muito forte na religião deles. Os fariseus matavam e morriam pra todo mundo respeitar o sábado. Era o dia do descanso, nada de trabalho. E, você sabe, isso é maravilhoso, porque é uma afirmação da dignidade do trabalhador. O ser humano, como o Senhor Deus, pára para contemplar a sua obra. É senhor do seu trabalho, não é escravo. O sábado era também o dia do culto a Deus. Todo mundo se encontrava na sinagoga, para cantar os salmos e ouvir as Escrituras. Nisso tudo, Jesus, que era um bom judeu, estava também de acordo.

A refeição, talvez fosse um jantar, estava indo bem. Jesus e os fariseus cordialmente à mesa. Maravilha! Honrando o sábado. Tudo certo. Estranhamente, ali na frente de Jesus tem um hidrópico, um doente do barrigão, coitado. Aqui mostra-se a diferença entre Jesus e os religiosos do seu tempo. Está ali um filho de Deus sofrendo, um desgraçado estendendo a mão, pedindo ajuda a Jesus. E aí? Dia de sábado é dia de socorrer o irmão ou não? Foi a pergunta de Jesus. Ficaram calados. E se fosse um filho de vocês que caísse num poço, sendo sábado, vocês iriam ou não socorrê-lo logo? Ficaram confusos. E Jesus curou o hidrópico. Tomou-o pela mão, curou-o e o despediu.

Nós católicos temos muitas diferenças com outras igrejas, outros grupos religiosos e mesmo com pessoas que não têm fé. Mas, podemos e devemos ser amigos, parceiros, convivendo com respeito, diálogo, amizade, não é verdade? O que, de verdade, vai por a prova nossa amizade e nossa comunhão não será a doutrina, que tem, claro, diferenças. Mas a verdadeira prova, como foi para Jesus e os fariseus, é o hidrópico. Diante do colossal sofrimento do irmão marginalizado, explorado, excluído, o nosso sábado nos compromete com ele, ou, em seu nome, lavamos as mãos e nos omitimos. O sábado pode representar nossas práticas religiosas, nossas tradições. Nossa religiosidade (o sábado) nos impulsiona a retirar o filho que caiu no poço ou nos faz omissos diante do irmão que caiu à beira da estrada, como foi o caso do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano?

Guardando a mensagem

Jesus aceitou o convite para uma refeição na casa de um líder fariseu, num dia de sábado. Os fariseus foram gentis ao convidar Jesus. Isso mostra uma certa aproximação desse grupo com o grupo de Jesus. Comer juntos era um gesto de comunhão e amizade. Ia tudo bem, mas eis que apareceu um irmão doente, precisando de ajuda: um hidrópico. Jesus perguntou se o sábado, onde era proibido fazer qualquer trabalho, permitia que se desse socorro a ele. Eles não souberam responder. E Jesus o curou. Pelo ecumenismo com outras igrejas, nos sentamos à mesma mesa de refeição. O que vai marcar a diferença, vai ser a prova dos nove, para eles e para nós, é se o nosso sábado ou seja nossa religiosidade nos faz comprometidos ou omissos diante do sofrimento dos irmãos.

Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu também respeitavas o sábado dos judeus. E, como se tratava do dia de dar glória a Deus, mostravas como a fé se manifesta na louvação a Deus e na restauração dos humilhados. Assim, vivias e ensinavas o amor a Deus e ao próximo. Obrigado, Senhor, por tuas lições de fé e de vida. Impactados por tua ressurreição na manhã do primeiro dia da semana, nós teus seguidores guardamos o domingo, como o Dia do Senhor, o dia de nossa páscoa, de nossa libertação. Dá-nos, Senhor, que façamos desse dia uma afirmação de nossa adesão ao teu evangelho, que nos ensina a acolher o amor do Pai e a praticar esse amor como solidariedade e compromisso com o bem e a vida de todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para estimular o entendimento e a prática da palavra, sugiro que você leia em sua Bíblia o evangelho de hoje (Lc 14, 1-6). Para facilitar este acesso diário à Palavra de Deus, você que recebe pessoalmente a Meditação tem visto que estamos enviando sempre um link pra você ler o texto bíblico e também a Meditação. É só clicar no link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Postagem em destaque

Tem joio no meu roçado.

  27 de julho de 2024   Sábado da 16ª Semana do Tempo Comum  Evangelho   Mt 13,24-30 Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão...

POSTAGENS MAIS VISTAS