PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: igreja
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PERMANECER EM CRISTO

Se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor (Jo 15, 10)
14 de maio de 2020

Jesus está à mesa com os discípulos. No clima de intimidade da ceia, ele descreve a comunhão existente entre ele e os discípulos como a relação entre a videira e os ramos. A videira era já uma representação do povo de Deus, no Antigo Testamento. Ele lhes diz: “Eu sou a videira verdadeira, vocês são os ramos. Meu Pai é o agricultor”.

Jesus está unido ao Pai, permanece no Pai. E o Pai nele. Assim, os discípulos: permaneçam em Jesus, pois Jesus permanece neles. Como ramos, estejam inseridos na videira, profundamente, para dar frutos. O Pai poda os ramos para que deem mais frutos e corta os que não dão fruto. Como bom agricultor, o Pai cuida da videira e é glorificado pelos frutos que colhe. Daí a recomendação: "permaneçam no meu amor".

Mas, o que é ‘permanecer’? A imagem da videira nos ajuda a entender bem o que seja ‘permanecer’. Permanecer é estarmos inseridos em Cristo, em comunhão com ele, alimentando-nos dele e produzindo frutos. Vamos nos explicar melhor. 

PERMANECER EM CRISTO é, antes de tudo, estar em comunhão com ele, reconciliados e perseverantes na oração e na prática de sua palavra. “Aquele que permanece em mim, e eu nele, esse produz muito fruto”. Estamos unidos a Cristo pela fé e pelo batismo. No batismo, fomos inseridos nele, enxertados como ramos na videira. O batismo foi o banho purificador, que nos lavou do pecado, inserindo-nos no mistério de sua morte e ressurreição. Jesus falou que o Pai limpa o ramo e que nós já estávamos limpos pela palavra que recebemos. É bom lembrar que eles estavam ali na ceia, e que a ceia começou com o lava-pés. Por sua morte e ressurreição, Jesus nos limpa, nos purifica, nos reconcilia. Permanecendo em Cristo, o que pedimos ao Pai, ele nos concede. Permanecendo nele, suas palavras permanecem em nós.

PERMANECER EM CRISTO é também estar em comunhão com a sua Igreja, com a comunidade dos discípulos. Quem está unido a Cristo precisa viver unido à comunidade dos discípulos, à Igreja, ser conhecido, participar, contribuir com a missão.

PERMANECER EM CRISTO é ainda guardar os seus mandamentos. “Se guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor”, disse ele. E apresentou o seu próprio exemplo: ele guardou os mandamentos do seu Pai e, assim, permanece no seu amor. O discípulo de verdade é o que faz a vontade de Deus, como ele. E ali na ceia, ele nos deu o mandamento do amor fraterno: “amem-se uns aos outros, como eu amei vocês”.

Guardando a mensagem

Como os ramos estão unidos à videira, assim nós estamos unidos a Cristo. Para dar frutos, isto é, para realizarmos nossa vocação de ramos precisamos permanecer nele. Permanecer é estar em comunhão com ele, participando de sua Igreja e praticando os seus mandamentos. Só assim podemos dar frutos. O grande fruto é nos tornarmos seus discípulos: andar nos seus caminhos, ter os seus mesmos sonhos, amar com o seu coração compassivo, servir aos sofredores como ele o fez, ter o seu mesmo compromisso com o Reino.

Se vocês guardarem os meus mandamentos, permanecerão no meu amor (Jo 15, 10)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Pela fé e pelo batismo, estamos unidos a ti. Como ramos, fomos enxertados na videira verdadeira, que és tu. Não é fácil, Senhor, manter essa comunhão contigo, permanecer na graça. São tantas as provações, as tentações que teimam em nos afastar de ti e da comunhão com a tua Igreja, o teu corpo místico. Ajuda-nos, Senhor, com a força do teu Espírito, a nos manter perseverantes e fiéis, alimentados pelo pão da Palavra e da Eucaristia, produzindo muitos frutos para a glória do Pai. Sendo hoje o dia do teu apóstolo Matias, que foi escolhido para ficar no lugar de Judas Iscariotes, queremos, por sua intercessão, renovar nossa comunhão contigo e com a tua Igreja, nesse momento difícil que estamos atravessando como humanidade. Abençoa, Senhor, este 14 de maio e todas as pessoas que hoje, em todo o mundo, num grande esforço de unidade, estão clamando pelo fim da pandemia e pelo advento de um tempo de paz e fraternidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Neste dia de oração, jejum e invocação a Deus pela humanidade atingida pela pandemia do novo coronavírus, faça o seu momento pessoal de oração rezando nesta intenção.

Se você tiver um tempinho, às 10 da noite, a gente se encontra na live da Oração da Noite no youtube e no facebook. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SOMOS O POVO DA BARCA


Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

23 de janeiro de 2020.


Jesus está à beira do mar, com os seus discípulos. Gente de todo canto vem atrás dele. Doentes querem tocá-lo, de todo jeito. E se jogam sobre ele. Espíritos impuros caem aos seus pés, dizendo que ele é o filho de Deus. Jesus os manda calar a boca. Que confusão! Foi aí que Jesus pediu aos discípulos que arrumassem uma barca. O evangelista Marcos só conta até aí. Terminou na barca. Em Mateus, está que Jesus, na barca, ficou ensinando ao povo.

Eu queria que você ficasse atento ao cenário dessa narração. Jesus foi para a beira do mar. É para lá que tanta gente está convergindo. No texto, há uma lista de diversos lugares diferentes de onde o povo está chegando, inclusive de fora da terra de Jesus. Está imaginando o cenário? O mar... uma área talvez plana perto do mar... aquele espelho d’água brilhando.... vá imaginando. Aquele povo todo assediando Jesus. E Jesus que arrumou uma barca e entrou nela, afastando-se um pouco da multidão.

Vamos entender esse cenário... A maior parte da atuação de Jesus foi na Galiléia, que é o norte do país. Lá, há um grande lago de água doce, mas grande mesmo, que o povo chama de ‘Mar da Galileia’. Muitas vilas e pequenas cidades estão às margens desse grande lago. Cafarnaum, onde Jesus morava (quando não estava em suas andanças) ficava às margens deste Mar da Galileia. Muita gente vivia desse lago: pescadores, agricultores, comerciantes. Pescava-se, em grupo, com grandes redes. As barcas serviam para a pesca e para o transporte entre as vilas. Sabe-se hoje que essas barcas podiam chegar a oito metros de comprimento, com uns dois metros de largura. E que para pescar, cada barca levava 6 a 8 homens. Então, esse local onde eles estão é um local de trabalho, não é uma praia de veraneio como se poderia pensar.

Deixe-me acrescentar mais um elemento para compreendermos melhor esse texto. Para o povo da Bíblia, o mar é como o mundo, no qual a gente se aventura, podendo encontrar ventos contrários, ondas fortes, forças de oposição. E como a atividade de Jesus se concentra muito na Galileia, fica aquela imagem de que a evangelização (o trabalho de Jesus) é como o trabalho dos pescadores no mar. Veja que os primeiros discípulos são pescadores.

Nessa iniciativa de Jesus, de pedir uma barca para falar ao povo, afastando-se um pouco da multidão, bem que poderia estar uma representação dos passos que ele deu em sua atividade missionária. É como se ele estivesse organizando a sua comunidade, no mar que é o mundo. Pela pregação do evangelho (ele sentado na barca), aquele povo maravilhado pelas curas, milagres e exorcismos é chamado a passar para a condição de igreja (representada pela barca). A barca é de Pedro, conforme o evangelista Mateus. E a barca de Pedro foi sempre uma representação da comunidade-igreja nascida de Jesus e liderada pelo apóstolo Simão Pedro.

Guardando a mensagem

Ali, à beira do Mar da Galileia, o imenso lago de água doce do norte do país, está um povo que encontra em Jesus a recuperação de sua saúde e a libertação da opressão do mal. Pela pregação do evangelho, vai gradativamente entrando noutro nível, o nível da Igreja, o povo congregado por Cristo, o povo da barca. Nos próximos versículos, o evangelista nos informará o novo passo de Jesus. Ele escolherá os 12 apóstolos. Então, é fato, neste episódio da barca podemos ver a Igreja que está nascendo na obra missionária de Jesus. Muita gente hoje está buscando curas e milagres, como naquele tempo. É como se estivesse à beira mar. É preciso acolher a Palavra de Deus para ser Igreja, para estar na barca de Pedro.

Jesus pediu aos discípulos que lhe providenciassem uma barca (Mc 3, 9)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

O mar é o mundo. A barca é a Igreja, onde estás com os discípulos. Pescar é a obra da evangelização, uma obra de equipe como a pescaria no Mar da Galileia. Ajuda-nos, Senhor, a passar da busca de bênçãos e curas (que tanto necessitamos) para a escuta e a prática de tua Palavra (que nos faz Igreja). Abençoa, Senhor, os pastores-pescadores do teu povo. Abençoa a juventude de tua Igreja. Há um ano, estavam na Jornada Mundial da Juventude, no Panamá. Abençoa a tua Igreja sempre jovem. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Dom Bosco teve um sonho impressionante: a grande nave da Igreja, em alto mar, sofreu um grande ataque e se salvou, atracando junto a duas colunas. A narração do sonho está logo após a Meditação de hoje, aqui no meu blog.

23 de janeiro de 2020.

Pe João Carlos Ribeiro, sdb




O sonho de Dom Bosco: As duas colunas


Em 26 de maio de 1862 (São) João Dom Bosco tinha prometido a seus jovens que lhes narraria algo muito agradável nos últimos dias do mês.


Em 30 de maio, pois, de noite contou-lhes uma parábola ou sonho segundo ele quis denominá-la.

Eis aqui suas palavras:



"Quero-lhes contar um sonho. É certo que o que sonha não raciocina; contudo, eu que contaria a Vós até meus pecados se não temesse que saíssem fugindo assustados, ou que caísse a casa, este o vou contar para seu bem espiritual. Este sonho o tive faz alguns dias.

Figurem-se que estão comigo junto à praia, ou melhor, sobre um escolho isolado, do qual não vêem mais terra que a que têm debaixo dos pés. Em toda aquela vasta superfície líquida via-se uma multidão incontável de naves dispostas em ordem de batalha, cujas proas terminavam em um afiado esporão de ferro em forma de lança que fere e transpassa todo aquilo contra o qual arremete. Estas naves estão armadas de canhões, carregadas de fuzis e de armas de diferentes classes; de material incendiário e também de livros, e dirigem-se contra outra nave muito maior e mais alta, tentando cravar-lhe o esporão, incendiá-la ou ao menos fazer-lhe o maior dano possível.

A esta majestosa nave, provida de tudo, fazem escolta numerosas navezinhas que dela recebiam as ordens, realizando as oportunas manobras para defender-se da frota inimiga. O vento lhes era adverso e a agitação do mar parece favorecer aos inimigos.

Em meio da imensidão do mar levantam-se, sobre as ondas, duas robustas colunas, muito altas, pouco distantes a uma da outra. Sobre uma delas está a estátua da Virgem Imaculada, a cujos pés vê-se um amplo cartaz com esta inscrição: Auxilium Christianorum (Auxilio dos Cristãos)
Sobre a outra coluna, que é muito mais alta e mais grossa, há uma Hóstia de tamanho proporcionado ao pedestal e debaixo dela outro cartaz com estas palavras: Salus credentium.(Salvação dos crentes)

O comandante supremo da nave maior, que é o Romano Pontífice, ao perceber o furor dos inimigos e a situação difícil em que se encontram seus fieis, pensa em convocar a seu redor aos pilotos das naves ajudantes para celebrar conselho e decidir a conduta a seguir. Todos os pilotos sobem à nave capitaneada e congregam-se ao redor do Papa. Celebram conselho; mas ao ver que o vento aumenta cada vez mais e que a tempestade é cada vez mais violenta, são enviados a tomar novamente o mando de suas respectivas naves.



Restabelecida por um momento a calma, O Papa reúne pela segunda vez aos pilotos, enquanto a nave capitã continua seu curso; mas a borrasca torna-se novamente espantosa.

O Pontífice empunha o leme e todos seus esforços vão encaminhados a dirigir a nave para o espaço existente entre aquelas duas colunas, de cuja parte superior pendem numerosas âncoras e grosas argolas unidas a robustas cadeias.

As naves inimigas dispõem-se todas a assaltá-la, fazendo o possível por deter sua marcha e por afundá-la. Umas com os escritos, outras com os livros, outras com materiais incendiários dos que contam em grande abundância, materiais que tentam arrojar a bordo; outras com os canhões, com os fuzis, com os esporões: o combate torna-se cada vez mais encarniçado. As proas inimigas chocam-se contra ela violentamente, mas seus esforços e seu ímpeto resultam inúteis. Em vão reatam o ataque e gastam energias e munições: a gigantesca nave prossegue segura e serena seu caminho.

Às vezes acontece que por efeito dos ataques de que lhe são objeto, mostra em seus flancos uma larga e profunda fenda; mas logo que produzido o dano, sopra um vento suave das duas colunas e as vias de água fecham-se e as fendas desaparecem.

Disparam enquanto isso os canhões dos assaltantes, e ao fazê-lo arrebentam, rompem-se os fuzis, o mesmo que as demais armas e esporões. Muitas naves destroem-se e afundam no mar. Então, os inimigos, acesos de furor começam a lutar empregando a armas curtas, as mãos, os punhos, as injúrias, as blasfêmias, maldições, e assim continua o combate.

Quando eis aqui que o Papa cai ferido gravemente. Imediatamente os que lhe acompanham vão a ajudar-lhe e o levantam. O Pontífice é ferido uma segunda vez, cai novamente e morre. Um grito de vitória e de alegria ressoa entre os inimigos; sobre as cobertas de suas naves reina um júbilo inexprimível. Mas apenas morto o Pontífice, outro ocupa o posto vacante. Os pilotos reunidos o escolheram imediatamente; de sorte que a notícia da morte do Papa chega com o da eleição de seu sucessor. Os inimigos começam a desanimar-se.


O novo Pontífice, vencendo e superando todos os obstáculos, guia a nave em volta das duas colunas, e ao chegar ao espaço compreendido entre ambas, a amarra com uma cadeia que pende da proa uma âncora da coluna que ostenta a Hóstia; e com outra cadeia que pende da popa a sujeita da parte oposta a outra âncora pendurada da coluna que serve de pedestal à Virgem Imaculada. Então produz-se uma grande confusão. Todas as naves que até aquele momento tinham lutado contra a embarcação capitaneada pelo Papa, dão-se à fuga, dispersam-se, chocam entre si e destroem-se mutuamente. Umas ao afundar-se procuram afundar às demais. Outras navezinhas que combateram valorosamente às ordens do Papa, são as primeiras em chegar às colunas onde ficam amarradas.



Outras naves, que por medo ao combate retiraram-se e que se encontram muito distantes, continuam observando prudentemente os acontecimentos, até que, ao desaparecer nos abismos do mar os restos das naves destruídas, remam rapidamente em volta das duas colunas, e chegando às quais se amarram aos ganchos de ferro pendentes das mesmas e ali permanecem tranquilas e seguras, em companhia da nave capitã ocupada pelo Papa. No mar reina uma calma absoluta."



Ao chegar a este ponto do relato, (São) João Dom Bosco perguntou ao (Beato) Miguel Dom Rua:

— O que pensas desta narração?

O (Beato) Miguel Dom Rua respondeu:

— Parece-me que a nave do Papa é a Igreja da qual ele é a Cabeça: as outras naves representam aos homens e o mar ao mundo. Os que defendem a embarcação do Pontífice são os fieis à Santa Se; os outros, seus inimigos, que com toda sorte de armas tentam aniquilá-la. As duas colunas salvadoras parece-me que são a devoção a Maria Santíssima e ao Santíssimo Sacramento da Eucaristia.

O (Beato) Miguel Dom Rua não fez referência ao Papa cansado e morto e (São) João Dom Bosco nada disse tampouco sobre este particular. Somente acrescentou:

— Hás dito bem. Somente terei que corrigir uma expressão. As naves dos inimigos são as perseguições. Preparam-se dias difíceis para a Igreja. O que até agora aconteceu (na história da Igreja) é quase nada em comparação ao que tem de acontecer. Os inimigos da Igreja estão representados pelas naves que tentam afundar a nave principal e aniquilá-la se pudessem. Só ficam dois meios para salvar-se dentro de tanto desconcerto! Devoção a Maria. Freqüência dos Sacramentos: Comunhão freqüente, empregando todos os recursos para praticá-la nós e para fazê-la praticar a outros sempre e em todo momento. Boa noite!

As conjecturas que fizeram os jovens sobre este sonho foram muitíssimas, especialmente no referente ao Papa; mas (São) João Dom Bosco não acrescentou nenhuma outra explicação.

Quarenta e oito anos depois - em 1907 - um antigo aluno, cônego Dom João Ma. Bourlot recordava perfeitamente as palavras de (São) João Dom Bosco.

Temos que concluir dizendo que muitos consideraram este sonho como uma verdadeira visão ou profecia, embora (São) João Dom Bosco ao narrá-lo parece que não se propôs outra coisa que, induzir aos jovens a rezar pela Igreja e pelo Sumo Pontífice inculcando-lhes ao mesmo tempo a devoção ao Santíssimo Sacramento e a Maria Santíssima.

(M. B. Volume VII, págs. 169-171)




O MAR E O MEDO

Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).
14 de abril de 2018.
O que aconteceu foi o seguinte. Os discípulos, de tardezinha, pegaram a barca pra voltar para Cafarnaum, que ficava do outro lado do mar. O mar deles, na verdade, era o grande lago da Galileia. Jesus tinha ficado no monte. Tinha se esquivado do povo que o queria proclamar rei, depois da multiplicação dos pães. A travessia estava muito difícil. Escureceu, o vento contrário foi ficando forte e o mar ficou agitado. Já estavam na metade da viagem quando viram aquele vulto andando sobre as águas, vindo na direção deles. Foi um medo só. Jesus de lá gritou: “Sou eu. Tenham medo não”. Puxa, que susto. Eles ficaram esperando que Jesus subisse na barca, mas nem deu tempo. A barca de repente chegou ao destino.
O que essa história está ensinando? Só contando um fato curioso? Certamente que não.  O próprio texto (Jo 6, 16-21) já nos dá uma pista de compreensão. A palavra “mar” (ou águas), por exemplo, está repetida quatro vezes. ‘Mar’ é sempre uma representação do mundo a que os discípulos estão enviados como missionários. O ‘mar’ é o  mundo onde se realiza a missão. A palavra “barca” está repetida quatro vezes. Não pode ser por acaso. ‘Barca’, você sabe bem, é uma representação da comunidade, da Igreja. A barca de Pedro é a Igreja, a comunidade dos discípulos. O que é que está acontecendo? Eles estão tentando atravessar o mar e estão encontrando muita dificuldade. O que significa a barca dos discípulos atravessando o mar? É a Igreja realizando a sua missão no mundo, no meio de muitas dificuldades. Note as palavras que aparecem: já estava escuro, os ventos eram contrários, o mar ficou agitado. Que dificuldades encontra a Igreja na realização de sua missão? Nem precisamos fazer uma lista, ou precisamos? O Papa acabou de falar, na Exortação sobre a Santidade, de duas correntes muito fortes que enfraquecem a fé. Ele falou do gnosticismo e do pelagianismo. É, o mar continua revolto. E os ventos, contrários. Noite escura nessa travessia. Olha, como esse texto é atual!
Voltemos ao mar da Galileia. O que aconteceu no meio daquela apreensão toda dos discípulos, coitados, no meio daquela tempestade? Eles viram um vulto andando sobre as águas e vindo na direção deles. Ficaram de cabelo em pé. Mas, reconheceram quem era, quando ele se apresentou. Lembra o que foi que Jesus disse? Vou recordar: “Sou eu. Tenham medo não”. E quem é ele? Claro, é Jesus. Mas, ele disse SOU EU. Disse como Deus, o Pai, tinha dito no Monte Sinai a Moisés. EU SOU. Diga ao Faraó que EU SOU mandou dizer que liberte o meu povo. EU SOU é Deus. Podemos pensar assim: no meio daquele vendaval, daquela tormenta, os discípulos fizeram uma experiência maravilhosa: Jesus é Deus. Ele é EU SOU. Você lembra que muitas vezes ele foi se revelando: Eu sou o pão vivo descido do céu. Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a Luz do Mundo. Ele é Deus. É Deus quem domina o mar, é Deus quem acalma a tempestade. Por falar em tempestade, cadê a tempestade? Mal os discípulos se prepararam para Jesus entrar na barca, tinham chegado.
Vamos guardar a mensagem
O mar é o mundo, onde os discípulos levam adiante a missão que Jesus lhes confiou. A barca é a comunidade dos discípulos, a Igreja. De vez em quando, a comunidade se encontra cercada de problemas e dificuldades, no meio de uma verdadeira tempestade. Em momentos como esse, faz uma profunda experiência de Deus. Jesus mesmo vem ao seu encontro. Jesus é o Deus vencedor do pecado, do mal e da morte. É ele quem garante o êxito da missão, ele domina a tempestade.
Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Minha família também é como uma barca, navegando no mar. De vez em quando, dá cada tempestade! Pensando bem, nunca nos deixaste sozinhos no meio das tormentas. Nós é que somos distraídos. Tu vens ao nosso encontro, mesmo quando partimos sem ti. É quando experimentamos, com emoção, a força de tua proteção, a grandeza do teu amor. Tua presença acalma a tempestade. Muito obrigado, Senhor. Tu és o nosso Deus e Salvador. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
É possível que, hoje, se apresente uma oportunidade para você dizer uma palavra de fé que ajude a acalmar uma tempestade. Se aparecer essa oportunidade, dê seu testemunho sobre Jesus: testemunhe que é ele quem acalma o mar.

Pe João Carlos Ribeiro – 14.04.2018

A ovelha perdida

Jesus anunciou que o Reino de Deus estava chegando. Foi assim que ele começou sua missão entre nós.  Os evangelhos contam que Jesus, depois da morte de João Batista, voltou para a Galileia e começou a pregar. E era esse o conteúdo de sua pregação. "O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho" (Marcos 12, 14-15). Jesus convidava as pessoas a viverem esse novo momento, em que Deus estava tão próximo e tão vizinho de todos, o Reino de Deus. Com sua palavra, com curas e milagres, ele foi conduzindo muita gente para o caminho de Deus, para viver no seu amor. Com sua morte e ressurreição, o Pai deu aos que creram no seu filho a possibilidade de viverem na completa comunhão consigo. O que Jesus estava fazendo? Estava construindo a Igreja. O que é a Igreja, senão a comunhão do povo com Deus Pai, por meio de Cristo, no seu Espírito?! Toda a obra de Jesus foi restabelecer a comunhão do povo com Deus. A Igreja é o resultado desta obra. É o povo novo que nasce da obra redentora de Jesus.

Para o dia do padre

DEIXE ISSO PARA OS OUTROS

Outro dia ouvi esse fato da boca de um vocacionado. Ele apresentou-se ao pai para uma conversa muito especial. Uma conversa sobre o seu futuro, sobre sua vocação. Contou ao pai que queria ser padre. E desejava entrar no Seminário. O pai, refeito do susto, procurou dissuadi-lo da ideia, procurando aparentar a maior calma do mundo. "Meu filho, você é muito novo, não sabe o que é a vida. Cadê a sua namoradinha? Pegue esse dinheiro aqui. Leve sua garota ao motel. Você vai ver que isso passa... Vá se divertir. Essas ideais... isso não combina com você".

Uma Igreja sempre nova

Os eleitores do papa João XXIII nem de longe suspeitavam na revolução que ele iria iniciar na Igreja. O Concílio Vaticano II, convocado por ele, abriu as janelas da Igreja para o mundo, pôs muita coisa em discussão e liberou novas energias no corpo eclesial. O idoso Papa João estava certo: a Igreja nunca fica velha; o Espírito Santo é a sua eterna primavera.

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