PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

BATISMO, O NOVO NASCIMENTO

Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).


21 de abril de 2020.


Nesta terça-feira, Nicodemos ainda está em cena, conversando com Jesus. Nicodemos representa o povo de Israel, na dificuldade que teve de entender e acolher Jesus. Nos anos que se seguiram à ressurreição de Jesus, as comunidades cristãs foram se organizando e se espalhando por toda parte. As comunidades guardavam a memória de Jesus e viviam e difundiam o seu evangelho, com grande fervor. Nas comunidades, além de judeus, começaram a ser acolhidos também os pagãos. E como viviam junto ou dentro das comunidades judaicas, o conflito foi crescendo entre as comunidades cristãs e as sinagogas. Nesse diálogo entre Jesus e Nicodemos, está muito dos debates entre os cristãos e os judeus desse período.

Nicodemos é um mestre da Lei, um fariseu, membro do grande conselho de Jerusalém. E Jesus está lhe dizendo que ele precisa nascer de novo, nascer do alto. ‘Que história é essa – pensa Nicodemos – o Messias que nós estamos esperando vem restaurar Israel, levar nosso povo à vitória contra nossos inimigos, vem elevar nossa nação. E esse Jesus, em vez de anunciar a restauração de Israel, está falando do homem novo, de uma nova humanidade; não de um novo Israel, mas de um novo homem’.

Isso mesmo. Jesus está dizendo que, para entrar no Reino de Deus, é preciso nascer de novo, nascer do alto. Ele está explicando que o que dá acesso ao Reino não é o título de membro do povo de Deus ou a prática da Lei de Moisés, mas ser renovado por obra de Deus. O novo nascimento é obra de Deus, pelo seu Espírito Santo.

A essa altura, podemos nos perguntar: Por que Nicodemos não se tornou abertamente um discípulo de Jesus, depois dessa conversa tão esclarecedora?

Nicodemos, ao que parece, permaneceu apenas um admirador de Jesus. Para tornar-se discípulo, precisava abandonar a segurança que ele encontrava na Lei de Moisés. Para ele, o reino de Deus se ganhava pelo cumprimento fiel do que a Lei mandava. E Jesus explicava que o Reino não é um prêmio aos mais comportados, mas um dom de Deus a quem ele ama. Na verdade, a todos que o amam, reconhecendo nele o enviado do Pai.

Nicodemos, ao que parece, não se tornou abertamente um seguidor de Jesus porque aderir a Jesus significava aderir ao seu evangelho, à sua pregação, aos seus ensinamentos. E Jesus abertamente amava e defendia os mais fracos, os mais sofridos, os discriminados. Isso implicaria ele ter um modo de viver e agir como Jesus, sem a busca de privilégios pessoais e na defesa dos injustiçados e oprimidos. Isso seria uma mudança muito grande para uma pessoa como ele, da elite social e religiosa do seu povo. Certamente, isso pegaria muito mal no Sinédrio. Ele seria mal visto, criticado e, quem sabe, até expulso do grande conselho. Ele não quis correr esse risco.

Guardando a mensagem

Nicodemos, mesmo reconhecendo que Jesus era um homem de Deus, parece que não conseguiu dar o grande passo da conversão. Permaneceu na sua condição de segurança como Mestre da Lei, não percebendo que a novidade estava em Jesus que, por sua morte e ressurreição, comunicava o perdão, a vida de Deus, o Santo Espírito. Pelo Espírito comunicado pelo ressuscitado, renascemos para uma nova vida, a vida da graça e da comunhão com Deus e com os irmãos. O novo ser humano, nascido do Espírito Santo, como o vento, é livre. Não está mais amarrado à letra da Lei, mas se move com liberdade nas suas novas opções.

Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O novo nascimento de que falavas, na conversa com Nicodemos, é o batismo. O batismo, o recebem os que creem em ti e aderem à tua pessoa e ao teu evangelho. No batismo, celebramos o derramamento do teu Espírito sobre nós, nos lavando dos pecados e nos comunicando a graça de sermos filhos de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de viver santamente a nossa nova condição de filhos e irmãos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Será que, em você, há alguma coisa de Nicodemos? Em seu momento de oração de hoje, peça a Jesus a graça da conversão; conversão que é adesão fervorosa a Jesus e ao seu estilo de vida.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NASCER DE NOVO


Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

20 de abril de 2020

Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimateia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.

As lideranças também precisam ser evangelizadas, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só se fazendo pequeno é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.
Jesus disse a Nicodemos que ele tinha que nascer de novo. Essa expressão pode ser traduzida também por nascer do alto. Nicodemos quis tomar a palavra de Jesus ao pé da letra, dizendo que não cabia mais no ventre de sua mãe. Não se trata disso. Alguém pode pensar em reencarnação, também não se trata disso. Trata-se de ser renovado pela graça da redenção alcançada na cruz e celebrada no batismo. O batismo é o novo nascimento. Nele, nascemos de Deus, sendo lavados dos nossos pecados pela ação santificadora do Espírito Santo. Jesus explicou a Nicodemos: “Quem nasce da carne é carne. Quem nasce do Espírito é espírito”. Nascer na carne é a nossa vida biológica, nossa condição natural. Nascer do Espírito é ser renovado pela graça de Deus. O novo nascimento é o batismo. Foi o que Jesus explicou a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus”.

Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo. No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal seria salvo da morte.

Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.

Guardando a mensagem

Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas também à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está, como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.

Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação para todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe fazer o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Faça, hoje, mais de uma vez o sinal da cruz.

Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos + Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

EM CASA, DE PORTAS FECHADAS


Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

19 de abril de 2020 – 2º. Domingo da Páscoa, Festa da Divina Misericórdia


O evangelho deste segundo domingo de Páscoa nos conta a história de Tomé que só creu porque tocou nas chagas de Jesus. Assim, assegurou-se que o ressuscitado era mesmo o crucificado. Esta cena nos fala da fé que precisamos ter no Senhor ressuscitado, mesmo sem nunca tê-lo visto. Jesus esteve presente em duas reuniões dos discípulos, em dois domingos seguidos, mostrando-se vivo e enviando-os em missão.  

Lendo este evangelho, dentro deste nosso contexto de isolamento social, saltam aos olhos alguns detalhes que até agora certamente nos passaram despercebidos. As portas estavam fechadas. E os discípulos estavam trancados em casa. Olha que interessante! Nas duas aparições, Jesus encontra os discípulos reunidos dentro de casa, com as portas trancadas. E por que? Porque estavam com muito medo, medo da perseguição que tinham movido contra Jesus e que, com certeza, os poderia atingir. Com o seu Mestre preso, condenado e executado, eles ficaram malvistos e poderiam sofrer mais do que suspeitas, grosserias e agressões. Assim, para não se exporem, estavam a portas fechadas. E o que eles estavam fazendo? O texto diz que eles estavam reunidos. Com certeza, conversavam e rezavam. Mas, com medo.

A situação dos discípulos naquele segundo domingo da páscoa bem parece com a nossa, não é verdade? Inclusive, tem sempre um Tomé pelo meio do mundo, que por alguma razão não está presente na reunião. Nossas famílias estão em casa e estão temerosas, com o avanço do vírus.

Muito interessante que os discípulos estivessem reunidos em casa. Nos primeiros tempos da Igreja, não havia templos. Nem estavam autorizados a construí-los. No livro dos Atos dos Apóstolos, está a informação de que os discípulos e convertidos, em Jerusalém, frequentavam o Templo e partiam o pão pelas casas e unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração (At 2). ‘Partiam o pão pelas casas’. Partir o pão é um gesto que lembra a última ceia, é um modo de se referir à celebração da Eucaristia nos primeiros tempos. E partiam o pão, em refeição, com alegria e simplicidade. Jesus também tinha valorizado muito a casa das pessoas, visitando os doentes, fazendo refeição ou reunindo as pessoas em casa. Nos primeiros séculos, a casa era o lugar de reunião dos cristãos.

Mesmo com as portas fechadas, Jesus ressuscitado entrou e se apresentou ao grupo reunido. Fez-lhe a saudação de paz. “A paz esteja com vocês!”. A paz é nova situação inaugurada na cruz: perdão para os pecadores, reconciliação com Deus. A paz é remédio para o medo e para a divisão.

Este encontro de Jesus com os discípulos nos deixa três lições maravilhosas. A primeira: Ele está presente. Por sua ressurreição, agora ele está conosco sempre. Ele lhes mostrou as mãos e o lado rasgado pela lança. Eles ficaram muito felizes por vê-lo. Na missa, sempre fazemos a saudação da paz, como ele fez, e o povo de Deus responde: “Ele está no meio de nós”. A segunda lição: Ele nos envia em missão. A morte e ressurreição de Jesus nos reconciliaram com Deus. Jesus soprou comunicando o Espírito Santo e os mandou reconciliar o povo com Deus, perdoar os seus pecados. A terceira lição é esta: Crendo, temos a vida em seu nome. Jesus reclamou com Tomé: “não seja incrédulo, mas fiel”. A fé é a nossa resposta. Trata-se de acolher a verdade que ele está vivo, presente na comunidade, reconciliando os pecadores por meio do ministério dos seus discípulos.

Vamos guardar a mensagem.

Neste domingo da Divina Misericórdia, no clima da páscoa, estamos em nossas casas, de portas fechadas, com medo da ameaça do coronavírus. Tem sempre um Tomé circulando por aí, às vezes por necessidade, às vezes por falta de consciência. A casa sempre foi a igreja dos cristãos, desde o tempo que não tínhamos templos. E mesmo com as igrejas, os cristãos nascem, crescem e vivem em suas igrejas domésticas. Foi assim que Jesus, no domingo da ressurreição e no domingo seguinte, se apresentou aos discípulos que estavam reunidos, numa casa, a portas trancadas. Três lições podemos guardar dessa visita de Jesus ressuscitado. Primeira: Ele está no meio de nós. Sua paz nos faz vencer o medo. Sua presença viva, permanente, entre nós é fruto da ressurreição. Segunda: Ele nos envia em missão, nos comunicando o dom do seu Espírito e dando autoridade à sua Igreja para administrar o perdão aos pecadores. A reconciliação e o Santo Espírito são dons preciosos que nos chegam pela ressurreição. E a terceira lição: Crendo, temos a vida em seu nome. A fé nos faz reconhecer que ele está presente entre nós e nos faz povo portador da reconciliação para todos.

Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te agradecemos porque estás conosco. Pela tua ressurreição, és de fato o Emanuel, o Deus conosco. O teu Santo Espírito, Senhor, atualiza a tua presença em nossa convivência, na meditação de tua Palavra, na solidariedade com os mais sofridos, em nossas celebrações. Na tua ressurreição, tu nos fazes um povo missionário portador da Palavra e do Perdão de Deus a todos os filhos pródigos. Na tua paz, vencemos o medo. Somos, agora, agentes da vida nova que começou na manhã da ressurreição. Abençoa, Senhor, nossas casas, nossas famílias, a tua Igreja. Livra-nos do vírus da incredulidade e desse coronavírus, também. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Na sua Bíblia, leia João 20, 19-31, o evangelho de hoje. Participando da Missa pelos meios de comunicação, ouça com muita atenção e respeito as leituras da Palavra de Deus e a homilia. É Jesus mesmo nos instruindo e nos confortando.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

PÁSCOA, HORA DA MISSÃO

Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)

18 de abril de 2020

O evangelho de Marcos, que é um pouco menor do que os outros, termina propriamente com a narrativa do túmulo vazio, no capítulo 16. Mas, depois, numa espécie de acréscimo, faz um resumo das aparições de Jesus. É esse o texto de hoje.

Jesus apareceu primeiro a Madalena e ela contou tudo aos discípulos. Mas eles não quiseram acreditar. Apareceu depois a dois deles enquanto estavam indo para o campo, um episódio parecido com o dos discípulos de Emaús ou talvez o mesmo. Eles também narraram tudo ao grupo. Mas, os discípulos também não acreditaram. Por fim, Jesus apareceu a todos eles, os onze, numa refeição. E os repreendeu por sua falta de fé e pela dureza de coração. Ainda assim, os confirmou na missão de anunciar o Evangelho a todo mundo.

A primeira coisa a considerar é como foi difícil para os discípulos acreditarem, assimilarem a ressurreição de Jesus. Certamente, por preconceito, não deram crédito ao testemunho de Madalena e das outras mulheres. Além disso, Jesus parece que estava com outra aparência quando apareceu aos dois no caminho. É que a ressurreição não é a volta de um morto, é uma nova condição de vida. Jesus venceu a morte, com a sua humanidade está agora em Deus, na esfera divina. Seu corpo é um corpo glorioso.

A segunda coisa é admirar como Jesus entrega a missão a um grupo assim de gente incrédula, de coração tão duro. Ele confiou a missão de levar o evangelho até os confins da terra a esse grupo incompleto e descrente. Incompleto, porque já não são mais 12, são 11. O traidor tinha tirado a própria vida. E tão descrente, que o próprio Jesus os repreendeu por sua falta de fé.

E que evangelho é esse a ser levado aos quatro cantos? É a boa notícia que o Pai enviou o Filho e ele entregou-se em sacrifício por todos. A boa notícia é que, por sua ressurreição, as portas do Reino foram abertas para que os que nele crerem, nele encontrem a vida eterna.

Guardando a mensagem

Ao final dessa oitava da páscoa, nos examinemos. Será que ainda não há em nós uma pontinha de incredulidade?! Mesmo diante de tantos testemunhos, cremos vagamente na ressurreição... às vezes, não percebemos que Jesus realmente está vivo e é ele que nos fala, nos guia, nos alimenta. Fala-nos pelas Escrituras. Guia-nos pelos pastores da Igreja. Alimenta-nos com a santa Eucaristia. É por meio dele que rezamos e o Pai fala conosco. É em nome dele que nos reunimos em assembleia de louvor. E é ele mesmo, por meio dos seus ministros, que preside a Santa Missa. Ele mesmo que nos perdoa os pecados, no sacramento da Confissão. Jesus está vivo. Jesus está conosco.

Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A missão que entregaste aos onze, eles a receberam em nome de todos os teus seguidores, em nome de toda a Igreja. Por tua misericórdia, a tua missão é agora de todos nós. Cada um, cada uma que renasceu em ti, pelo batismo, agora é testemunha do amor misericordioso do Pai que te enviou para nossa salvação. Sabemos, Senhor, que só poderemos ser verdadeiros anunciadores deste evangelho, se essa verdade estiver bem presente em nosso coração: Tu, Senhor Jesus, estás vivo, tu estás conosco. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quantos discípulos estavam na pesca abundante de ontem? Resposta: Sete. Sete é o número das nações pagãs quando os hebreus chegaram em Canaã. Quando Jesus multiplicou os pães em terras pagãs, sobraram sete cestos. Sete é o número do mundo pagão que precisa ser evangelizado. A pesca milagrosa trata da evangelização no mundo.

Amanhã, vamos celebrar o Domingo da Divina Misericórdia. Prepare o seu domingo com a leitura do evangelho de amanhã: João 20, 19-31. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

QUANDO A PESCARIA DÁ CERTO

Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21,6)


17 de abril de 2020.

A cena acontece dias após a ressurreição de Jesus. Os discípulos vão pescar e não conseguem nada naquela noite. Já de manhã, Jesus na praia deu a orientação certa: lancem a rede à direita da barca e acharão. Quase não conseguiram puxar a rede de tanto peixe, cento e cinquenta e três grandes peixes.

Os discípulos elencados no texto eram, seguramente, pescadores experientes. Tinham sido chamados a ser pescadores de pessoas, no início da atividade missionária de Jesus. Trata-se, então, não apenas de uma simples pescaria de peixes, mas da atividade missionária da Igreja, o trabalho de pescar gente que os discípulos deviam realizar após sua convivência com Jesus; trabalho que se mostraria infrutífero, sem a presença e a direção de Jesus ressuscitado. Naquela experiência no lago, sem a orientação de Jesus, não conseguiram pescar nada.

É claro, além da referência à atividade missionária que se seguiria após a ressurreição de Jesus, o texto também nos ajuda a pensar em nossa relação com o ressuscitado em outras áreas de nossa vida. Sem a presença e a orientação de Jesus, nossa pescaria pode também ser infrutífera, mesmo que sejamos experientes pescadores. Entendeu? A pescaria pode ser o seu trabalho, a sua ocupação profissional, as responsabilidades que você tem na vida. Só a presença e a orientação de Jesus ressuscitado garantem o sucesso do nosso trabalho, o êxito de nossas lutas. Muita gente já experimentou isso, talvez você também já o tenha experimentado. Longe de Deus, nossa luta é infrutífera. Há um salmo na Bíblia que deixa isso bem clarinho: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalham os construtores” (Salmo 126).

Os discípulos, com certeza, já tinham lançado a rede naquele mesmo lugar. Mas o fato de agir em obediência à vontade de Deus, à sua Palavra, é que fez a diferença. Eles deram a direção do seu empenho pastoral ao próprio Jesus. E como seria darmos a Deus a direção do nosso trabalho, de nossa família ou de nossa atividade apostólica? O evangelho já dá uma pista.

No texto de hoje, depois de uma noite de trabalho em vão, ao amanhecer, lá está ele na praia, de pé, perguntando se pescaram alguma coisa. O amanhecer é uma referência à ressurreição. Também o fato de ele estar de pé reforça a ideia da ressurreição. É nessa condição de ressuscitado, que ele nos indica a direção que devemos tomar, o que precisamos realmente fazer. Nós o vemos e o ouvimos particularmente pela oração, pela meditação da Palavra de Deus, pelos ensinamentos da sua Igreja. Precisamos, então, dar ouvidos às suas indicações, obedecer docilmente às suas orientações. Nisto, contamos com a ajuda do Santo Espírito. Ele nos ensina a ouvir e seguir Jesus.

Guardando a mensagem

A barca de Pedro é a Igreja. Os pescadores são os missionários. A pescaria é a atividade apostólica. Sem a presença do ressuscitado e sua orientação, o fracasso é certo. Isso vale também para nossa vida cristã. O trabalho sem Deus é estéril. Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Bastou Jesus ali na praia indicar: “lancem a rede à direita do barco e acharão”. Que bela orientação para o nosso trabalho: não deixar Jesus de fora. Trabalhar, pastorear, empreender, lutar, casar, formar-se, mas contando sempre com sua presença e em obediência à vontade de Deus. Aí não tem como dar errado.

Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21, 6)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Quando os discípulos chegaram à praia encontraram o fogo já aceso, pão e peixe assado. E aquela refeição renovou as suas forças, depois de uma noite de trabalho sem fruto e de um alvorecer tão promissor com aquela pescaria abundante. Tu, Senhor Jesus, os alimentaste com pão e peixe. Tomaste o pão e o distribuíste com eles. Essa fração do pão é o sinal da Eucaristia. Fizeste o mesmo com o peixe. Na Eucaristia, nos sentamos à tua mesa e tu nos alimentas com a tua própria vida, vida entregue na cruz e transbordante na ressurreição. Na Eucaristia, tu nos fortaleces, nos renovas as forças. Obrigado, Senhor. Nesses dias de isolamento social, o teu povo está sentindo muita falta deste sagrado alimento, a santa Eucaristia. E tem feito a comunhão espiritual, como nos ensina a Igreja. Dá-nos a graça, Senhor, de viver em comunhão contigo, dóceis aos teus ensinamentos, obedientes à vontade do Pai. Só assim, sabemos, teremos sucesso em nossos empreendimentos, em nossa vida familiar e mesmo na luta contra esta pandemia. Longe dos teus caminhos, nossa pescaria é um fracasso. Seja bendito teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Só para estimular a leitura do texto de hoje (João 21, 1-14), eu tenho uma pergunta pra você: quantos discípulos estavam nessa pescaria?

A gente se encontra às 10 da noite, no facebook. E aí pode conversar sobre a resposta a esta pergunta. Quantos discípulos estavam nessa pescaria? João, capítulo 21.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SOU EU MESMO!!!

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)


16 de abril de 2020

Não foi fácil para os discípulos assimilarem o fato histórico da ressurreição de Jesus. Nem de longe, estavam esperando que isso acontecesse. Mesmo que Jesus tenha falado disto com os doze, explicado várias vezes que ele seria vítima de uma morte dolorosa e ressuscitaria ao terceiro dia, não estava no horizonte deles tudo o que aconteceu. Consideremos também que a ressurreição de Jesus não foi como a de Lázaro, em que o morto ficou vivo de novo e continuou sua vida normal, morrendo no tempo certo. A ressurreição de Jesus foi algo completamente novo e diferente.

O fato de os discípulos estranharem tanto, por um lado, foi bom para alguém não acusar que a ressurreição tenha sido uma saída honrosa que eles arrumaram para o aparente fracasso do seu Mestre. No evangelho lido hoje, vemos Jesus tentando convencê-los de que é ele mesmo. E isso, é claro, está valendo pra nós. Nós também não temos ideia do que seja mesmo a ressurreição de Jesus e a nossa ressurreição com ele.

Quando a comunidade dos discípulos estava reunida, e os discípulos de Emaús estavam contando como eles tinham se encontrado com o Senhor Ressuscitado, ele mesmo apareceu no meio deles e lhes fez a saudação de paz. Eles ficaram assustados, com medo, cheios de dúvida, pensando que era um fantasma. Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Neles, estavam os sinais da crucificação. “Vejam minhas mãos e meus pés. Eu não sou um fantasma. Toquem em mim. Um fantasma não tem carne, nem osso”. Mesmo assim, eles ainda continuavam duvidando. Então, Jesus pediu algo para comer. Deram-lhe um pedaço de peixe assado e ele comeu à vista de todos.

Essa é a primeira lição da ressurreição. Jesus não é um fantasma. Não é alguém que voltou do mundo dos mortos e está perambulando por aí. É ele mesmo, vivo, saudável, com um corpo glorioso, mas numa nova situação, situação difícil de se entender e de se explicar. E é bom a gente tentar captar alguma coisa porque essa é a nova condição que alcançaremos, se estivermos em comunhão com Cristo. Ele foi o primeiro, é o primogênito de muitos irmãos, como diz São Paulo. Nós vamos atrás dele.

Jesus venceu definitivamente a morte. Não levantou-se da morte para continuar vivendo biologicamente a mesma vida. Foi elevado a um novo patamar de existência. É a vida plena em Deus. É a existência em Deus. Não é um espírito vagando por aí, como alguém poderia pensar. Ele tem um corpo. Seu corpo está marcado pelas chagas da crucificação, ele pode ser visto, ouvido, tocado e, nessa passagem, mostrou que também pode se alimentar. Tem um corpo, um corpo glorioso com que ele entrou na sala com as portas fechadas. Agora, sim, ele pode estar conosco até à consumação dos séculos, como nos prometeu. A primeira lição é essa: ele não é um fantasma, nem uma aparição de alguém que voltou do mundo dos mortos.

A segunda lição a ser assimilada está na explicação do próprio Jesus nessa cena. Tudo isso é cumprimento do que está escrito nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, isto é, nas Escrituras Sagradas. Sua morte e sua ressurreição são a realização das promessas de Deus, como se pode ler nas Escrituras. O que Deus prometeu? Vida plena, a vitória completa do seu servo. Seu servo não conheceria a corrupção da carne, como diz o salmo 16.
A terceira lição a ser assimilada por nós, como o foi para a primeira geração dos discípulos, é que a força da ressurreição nos faz testemunhas e anunciadores de sua obra. A conversão e o perdão dos pecados serão anunciados a todos os povos, em seu nome, por nós.

Guardando a mensagem

Falamos de ressurreição, mas não entendemos ainda bem o que seja. Ela já aconteceu em Jesus. É uma mudança radical no nosso ser biológico e espiritual. Pela ressurreição, entraremos na esfera divina, ultrapassando os limites de espaço e tempo. A nossa alma já foi criada imortal, mas faltava essa plenificação em Deus. Pela ressurreição, teremos também um corpo transformado. Jesus é o primogênito da grande família dos filhos de Deus que vai à nossa frente. Ele não é um fantasma, uma aparição. Ele levou para a esfera de Deus a nossa própria humanidade. Essa novidade que irrompeu na história pela ressurreição ao terceiro dia era já uma promessa na história e nos livros santos do povo de Deus. Nós agora somos testemunhas de tudo isso, levando ao mundo o anúncio da salvação em Cristo, pelo perdão dos pecados que ele alcançou por sua morte e ressurreição.

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 

queremos compreender um pouco mais da tua ressurreição e da nossa ressurreição contigo. Não se trata de um jogo de palavras, mas de uma realidade que nos ultrapassa, que só pode ser acolhida na fé. Não nascemos para a morte, nascemos para a vida, para a plenitude. É a nossa vocação de seres criados à imagem e semelhança de Deus. Em ti, Senhor Jesus, já vemos a realização plena do ser humano. Sendo Deus, tu te fizeste humano. Estavas já na glória com o Pai e o Santo Espírito. Mas, agora, estás também como humano. Em ti, contemplamos nossa condição humana glorificada, em Deus. Aspiramos a isso. Sonhamos com isso. Estamos vocacionados para a completa realização, como filhos de Deus. Continua, Senhor, a ser para nós, caminho, verdade e vida. E agora, com esta pandemia, quando experimentamos nossa fragilidade e nossa pequenez, aumenta em nosso coração a virtude da esperança. Que em nossos sofrimentos, em nossas pelejas humanas nos sustente a certeza da completa vitória que a tua ressurreição nos assegura. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Recomende, em oração, a Jesus ressuscitado as pessoas suas conhecidas que estejam em situação de aflição e sofrimento, neste momento da ameaça do novo coronavírus.

Nós nos encontramos, às 10 da noite, no facebook e no aplicativo Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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