PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: discípulos de Emaús
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Onde e como encontramos Jesus Ressuscitado




23 de abril de 2023

  3º Domingo de Páscoa.  


                              Evangelho                                 

Lc 24,13-35

13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado, chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém.
14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. 15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: “O que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”
19Ele perguntou: “O que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.
25Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?”
27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele. 28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía. 31Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração, quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”
33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.



                           Meditação                                  


Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! (Lc 24, 29)

Os evangelistas e suas comunidades se esforçaram para nos comunicar a sua experiência de encontro com o Senhor Jesus ressuscitado. Lucas, no seu evangelho e nos Atos dos Apóstolos, nos deixou um belo relato desta experiência, nos contando, particularmente, a história dos discípulos de Emaús. Neste episódio, passado com cristãos comuns, discípulos que não eram apóstolos, podendo ser inclusive um casal, Cléofas e sua esposa, dá para identificar sete expressões do encontro com o Senhor Ressuscitado. São sete experiências da ressurreição de Cristo.

A primeira experiência é esta: Jesus ressuscitado está vivo e caminha conosco, escutando nossas dores e nossos dramas. Os dois estão voltando, a pé, para Emaús, no domingo da páscoa. Andam cerca de 11 km. Desencantados e tristes: é assim que Jesus os encontra no caminho. E entra na conversa, escutando com atenção toda a sua história. Eles não se dão conta ainda de que o peregrino é o próprio Jesus. Mas, estão fazendo experiência da ressurreição. A Escuta é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A segunda experiência é esta: Jesus ressuscitado caminha conosco, nos ajudando a ler os acontecimentos com a luz das Escrituras. Ele comenta o que a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos falavam sobre o caminho do Messias, servo de Deus, provado no sofrimento. O coração dos dois discípulos como que ‘ardem’ com o vigor que a palavra lhes comunica. A Palavra é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

E esta é a terceira experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado é acolhido por nós, nos pobres, nos peregrinos. Está entardecendo e eles insistem para que ele fique e se hospede em sua casa. Estão assim exercitando a caridade, a hospitalidade tão recomendada pela tradição do seu povo. “Quando você acolhe o peregrino, está me acolhendo. Quando você dá pão a quem tem fome, está me alimentando”, tinha ensinado o Mestre. A Caridade é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A quarta experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado continua oferecendo-se em sacrifício em nosso favor, pela nossa salvação. Sentado à mesa, ele repete os gestos da multiplicação dos pães no deserto e, especialmente, da última ceia. Toma o pão, dá graças, parte o pão e o entrega aos discípulos. É o sinal da Eucaristia. Na Missa, a ceia eucarística, renova-se o sacrifício redentor de Cristo em favor da humanidade. Nesta hora, os discípulos, sentados à mesa da ceia, com os olhos da fé, reconhecem a presença do ressuscitado. A Eucaristia é lugar privilegiado de encontro com o Senhor Ressuscitado.

Mas há uma quinta experiência, onde os discípulos encontram o Senhor: Jesus ressuscitado nos acolhe em nossa volta à comunidade. Os dois discípulos retornaram, às presas, à comunidade com a boa notícia. A comunidade dá testemunho de que o Senhor se apresentou a Pedro e aos apóstolos, confirmando-os na fé e na missão. O próprio Senhor se apresenta na reunião. A Comunidade, a Igreja, é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E há ainda uma sexta experiência: Jesus ressuscitado é anunciado por nós a todas as nações. Ele nos deixa a tarefa de anunciar a todos, em seu nome, a conversão e o perdão dos pecados. No livro dos Atos, vemos Pedro realizando isto, em nome da comunidade: “Deus enviou Jesus ressuscitado para abençoar vocês, na medida em que cada um se converta de suas maldades". A Evangelização é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E, finalmente, há uma sétima experiência de Jesus ressuscitado: Nós somos as testemunhas de Cristo Jesus ressuscitado. Testemunhamos que Jesus, enviado pelo pai, foi rejeitado e morto, mas, pelo poder de Deus, está vivo e ressuscitado, comunicando-nos a vida de Deus. Na força de sua ressurreição, vidas são restauradas, os paralíticos pulam de alegria, os pobres são evangelizados. Pedro, ao entrar no templo, diz ao coxo: “Ouro e prata não tenho, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. O Testemunho é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado. Somos testemunhas de que a força da ressurreição está fazendo novas todas as coisas.


Guardando a mensagem

Sem a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, nossa vida fica opaca, sem transcendência, sem horizontes. Você pode encontrar o Senhor ressuscitado, ou melhor ele vem ao seu encontro, na escuta da Realidade, na audição da Palavra de Deus, no serviço da Caridade aos sofredores, na celebração da Santa Eucaristia, na Comunidade Cristã, no serviço da Evangelização e no Testemunho de quem crê.

Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando! (Lc 24, 29)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
nossa prece hoje é a dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, Senhor. É tarde, a noite já vem!”. Sem tua presença de ressuscitado em nosso caminho, caminhamos para a noite, para o sem sentido, para o fracasso. Se estiveres conosco, o nosso caminho se ilumina, a Palavra santa que ouvimos enche-se de sentido, o serviço aos pobres enche o nosso coração de alegria. Pela tua ressurreição, por tua presença ao nosso lado, a celebração da Santa Missa é verdadeira comunhão com o teu sacrifício redentor, a nossa Comunidade se torna lugar de fraternidade e missão reforçadas pelo nosso Testemunho. Fica conosco, Senhor! Amém.

Vivendo a Palavra

Neste domingo, o terceiro da Páscoa, mesmo depois de um feriado, faça todo esforço para participar da Santa Missa. Um domingo sem Missa é uma semana sem Graça. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Como vencer a cegueira espiritual: os cinco passos de Emaús

 


12 de abril de 2023

Quarta-feira da Oitava da Páscoa

Evangelho


Lc 24,13-35

13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: “Que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”
19Ele perguntou: “Que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.
25Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.
28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.
31Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.

Meditação


Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

Lucas, capítulo 24. Dois discípulos, passados os três dias do sepultamento, estão voltando pra casa. Os dois vão conversando pelo caminho, na maior tristeza. Eles estão tão cegos que não reconhecem Jesus ressuscitado que caminha e conversa com eles. Esse peregrino pergunta o que estava acontecendo. Eles contam o que tinha acontecido com Jesus de Nazaré em Jerusalém, sua prisão, morte de cruz e sepultamento. E o peregrino vai explicando como, nas Escrituras, estava claro que o Messias iria sofrer muito. Chegam ao seu povoado de Emaús e eles oferecem hospedagem ao peregrino. Como estava ficando tarde, eles acharam mais seguro que ele dormisse por ali mesmo. Na hora do jantar, o hóspede toma o pão e faz os mesmos gestos da multiplicação dos pães e da Última Ceia. É aí que seus olhos se abrem. Eles o reconhecem. O peregrino é Jesus e ele está ali, vivo, ressuscitado. Aí eles retornam à Jerusalém, de onde tinham vindo. Reencontram a comunidade dos discípulos e discípulas. Contam o que tinha acontecido e ficam sabendo que Jesus tinha aparecido também a Pedro. Estava todo mundo contente, muito feliz mesmo.

Você viu? Os dois estavam como cegos. Eles ficaram desiludidos com a morte e o sepultamento de Jesus. Naquele domingo (o mesmo da ressurreição), eles largaram a comunidade e voltaram pra casa. E nem reconheceram Jesus, o peregrino que andara com eles pelo caminho. Mas, chegou uma hora em que eles o viram claramente. E voltaram para a comunidade, com o maravilhoso testemunho de que Jesus está vivo, ressuscitado. Eles o encontraram no caminho.

Podemos perceber cinco passos nesse caminho de superação da cegueira. O peregrino perguntou o que estava acontecendo. Eles contaram tudo o que aconteceu com Jesus, tim-tim por tim-tim. É o passo da Atenção à Realidade, o primeiro passo. Partir do que lhes está acontecendo. É a sua história, os acontecimentos, o que lhes está causando apreensão neste momento.

Jesus saiu explicando como nas Escrituras aparecia o projeto de Deus de um messias-servo. O coração deles ardia, nesse momento. É o passo da Iluminação da Palavra de Deus, o segundo passo. Não basta saber o que está acontecendo, é preciso acolher o que Deus nos revela, como o projeto de Deus vai se realizando em nossa história.

Quando chegaram ao povoado, estava já tarde, eles o acolheram em casa. Puseram em prática o ensinamento de Jesus: “Eu era peregrino e vocês me acolheram”. Este é o terceiro passo do caminho: a Vivência da Caridade, amar como Jesus amou. Não dá pra chorar na crucificação de Jesus e não sentir a dor do irmão que caminha ao seu lado. A caridade tem nome: solidariedade, responsabilidade com a saúde, a fome e o desemprego dos outros.

Em casa, chegou a hora de se sentarem ao redor da mesa para cear. Jesus fez igualzinho como na ceia de páscoa (a Última Ceia): tomou o pão, deu graças, partiu e o entregou a eles. É a Celebração da Eucaristia, o quarto passo. Na Santa Missa, como chamamos a Eucaristia, fazemos memória da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Nós experimentamos a sua presença na comunidade, na palavra e no pão, fortalecendo nossa comunhão com ele e com os irmãos. De maneira especial, sua presença é real no sacramento do pão e do vinho. Foi nesse momento que seus olhos se abriram. Experimentaram claramente que o crucificado está vivo e vitorioso.

Naquela mesma noite, eles voltaram para Jerusalém, para a comunidade. Lá receberam o testemunho de que o Senhor tinha aparecido a Simão e deram o testemunho de que o encontraram no caminho. É o passo da Participação na Comunidade, o quinto passo. Conhecer, crer, amar, celebrar e integrar-se à comunidade cristã, participando de sua missão.

Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)


Vamos guardar a mensagem

Como os dois discípulos que voltavam para Emaús, nós também podemos estar meio cegos, não conseguimos reconhecer Jesus ressuscitado que caminha conosco. Nessa página da Escritura, podemos identificar cinco passos pelos quais podemos vencer esta cegueira espiritual: atenção à realidade, iluminação desta realidade com a Palavra de Deus, vivência da caridade, celebração da Eucaristia e participação na comunidade cristã.

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
sabemos, Senhor, na tua ressurreição, que Deus está fazendo novas todas as coisas. Senhor, cura as nossas cegueiras. Caminha conosco, por meio de teus evangelizadores, de teus ministros, nos ajudando a compreender as Escrituras e crer em ti. Que eles nos ajudem a amar e servir os sofredores, com quem foste solidário até à morte de cruz. Que pela participação na Santa Missa, renovemos a nossa comunhão contigo e com os irmãos de nossas comunidades. Com eles, queremos carregar nossa cruz como teus discípulos e discípulas, na esperança e na fé. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será muito proveitoso você ler, com calma, o texto da Meditação de hoje, assim poderá rever melhor os cinco passos da superação da cegueira. Para chegar ao texto, é só clicar no link que estou lhe enviando.

Comunicando

Num certo ano, eu estive em Varginha, MG, ajudando numa Semana Santa. O pároco tinha me encarregado, entre outros, do Sermão do Descimento (cerimônia de descimento da cruz, antes da procissão do Senhor Morto) e da pregação da Missa da Páscoa. No domingo, o evangelho seria a história dos discípulos de Emaús. Eu estava preparando a homilia, quando me veio a inspiração desta canção que você alguma vez já cantou na Missa: Fica conosco, Senhor. Vou deixar a letra e o áudio no blog da Meditação. É só você seguir o link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


FICA CONOSCO, SENHOR




Andavam pensando tão tristes
De Jerusalém a Emaús
Os dois seguidores de Cristo
Logo após o episódio da cruz
Enquanto assim vão conversando
Jesus se chegou devagar
De que vocês estão palestrando?
E ao Senhor não puderam enxergar

Fica conosco, Senhor!
É tarde e a noite já vem!
Fica conosco Senhor
Somos teus seguidores também

Não sabes então forasteiro
Aquilo que aconteceu?
Foi preso Jesus Nazareno
Redentor que esperou Israel
Os chefes a morte tramaram
Do santo profeta de Deus
O justo foi crucificado
A esperança do povo morreu

Três dias enfim se passaram
Foi tudo uma doce ilusão
Um susto as mulheres pregaram
Não encontraram seu corpo mais não
Disseram que Ele está vivo
Que disso souberam em visão
Estava o sepulcro vazio
Mas do Mestre ninguém sabe não

Jesus foi então relembrando
Pro Cristo na glória entrar
Profetas já tinham falado
Sofrimentos devia enfrentar
E pelo caminho afora
Ardia-lhes o coração
Falava-lhes das Escrituras
Explicando a sua missão

Chegando afinal ao destino
Jesus fez que ia passar
Mas eles demais insistiram
Vem, Senhor, vem conosco ficar
Sentado com eles à mesa
Deu graças e o pão repartiu
Dos dois foi tão grande a surpreso
Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu

O SENHOR JESUS VIVE E É SENHOR!


AS SETE EXPERIÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO

Onde e como encontramos Jesus Ressuscitado


Os evangelistas e suas comunidades se esforçaram para nos comunicar a sua experiência de encontro com o Senhor Jesus ressuscitado. Lucas, no seu evangelho e nos Atos dos Apóstolos, nos deixou um belo relato desta experiência, nos contando, particularmente, a história dos discípulos de Emaús. Neste episódio, passado com cristãos comuns, discípulos que não eram apóstolos, possivelmente um casal, Cléofas e sua esposa, dá para identificar sete expressões do encontro com o Senhor Ressuscitado. São sete experiências da ressurreição de Cristo.

A primeira experiência é esta: Jesus ressuscitado está vivo e caminha conosco, escutando nossas dores e nossos dramas. Os dois estão voltando, a pé, para Emaús, no domingo da páscoa. Andam cerca de 11 km. Desencantados e tristes: é assim que Jesus os encontra no caminho. E entra na conversa, escutando com atenção toda a sua história. Eles não se dão conta ainda de que o peregrino é o próprio Jesus. Mas, estão fazendo experiência da ressurreição. A Escuta é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A segunda experiência é esta: Jesus ressuscitado caminha conosco, nos ajudando a ler os acontecimentos com a luz das Escrituras. Ele comenta o que a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos falavam sobre o caminho do Messias, servo de Deus, provado no sofrimento. O coração dos dois discípulos como que ‘ardem’ com o vigor que a palavra lhes comunica. A Palavra é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.


E esta é a terceira experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado é acolhido por nós, nos pobres, nos peregrinos. Está entardecendo e eles insistem para que ele fique e se hospede em sua casa. Estão assim exercitando a caridade, a hospitalidade tão recomendada pela tradição do seu povo. “Quando você acolhe o peregrino, está me acolhendo. Quando você dá pão a quem tem fome, está me alimentando”, tinha ensinado o Mestre. A Caridade é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A quarta experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado continua oferecendo-se em sacrifício em nosso favor, pela nossa salvação. Sentado à mesa, ele repete os gestos da multiplicação dos pães no deserto e, especialmente, da última ceia. Toma o pão, dá graças, parte o pão e o entrega aos discípulos. É o sinal da Eucaristia. Na Missa, a ceia eucarística, renova-se o sacrifício redentor de Cristo em favor da humanidade. Nesta hora, os discípulos, sentados à mesa da ceia, com os olhos da fé, reconhecem a presença do ressuscitado. A Eucaristia é lugar privilegiado de encontro com o Senhor Ressuscitado.

Mas há uma quinta experiência, onde os discípulos encontram o Senhor: Jesus ressuscitado nos acolhe em nossa volta à comunidade. Os dois discípulos retornaram, às presas, à comunidade com a boa notícia. A comunidade dá testemunho de que o Senhor se apresentou a Pedro e aos apóstolos, confirmando-os na fé e na missão. O próprio Senhor se apresenta na reunião. A Comunidade, a Igreja, é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E há ainda uma sexta experiência: Jesus ressuscitado é anunciado por nós a todas as nações. Ele nos deixa a tarefa de anunciar a todos, em seu nome, a conversão e o perdão dos pecados. No livro dos Atos, vemos Pedro realizando isto, em nome da comunidade: “Deus enviou Jesus ressuscitado para abençoar vocês, na medida em que cada um se converta de suas maldades.” A Evangelização é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E, finalmente, há uma sétima experiência de Jesus ressuscitado: Nós somos as testemunhas de Cristo Jesus ressuscitado. Testemunhamos que Jesus, enviado pelo pai, foi rejeitado e morto, mas, pelo poder de Deus, está vivo e ressuscitado, comunicando-nos a vida de Deus. Na força de sua ressurreição, vidas são restauradas, os paralíticos pulam de alegria, os pobres são evangelizados. Pedro, ao entrar no templo, diz ao coxo: “Ouro e prata não tenho, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. O Testemunho é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado. Somos testemunhas de que a força da ressurreição está fazendo novas todas as coisas.

Recife, 21.04.2022

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

ELES RECONHECERAM JESUS AO PARTIR O PÃO



20 de abril de 2022

Quarta-feira da Oitava da Páscoa

EVANGELHO


Lc 24,13-35

13Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos de Jesus iam para um povoado chamado Emaús, distante onze quilômetros de Jerusalém. 14Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido.
15Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. 16Os discípulos, porém, estavam como que cegos, e não o reconheceram. 17Então Jesus perguntou: “Que ides conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, 18e um deles chamado Cléofas, lhe disse: “Tu és o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes últimos dias?”
19Ele perguntou: “Que foi?” Os discípulos responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras, diante de Deus e diante de todo o povo. 20Nossos sumos sacerdotes e nossos chefes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. 21Nós esperávamos que ele fosse libertar Israel, mas, apesar de tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! 22É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deram um susto. Elas foram de madrugada ao túmulo 23e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que Jesus está vivo. 24Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém o viu”.
25Então Jesus lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! 26Será que o Cristo não devia sofrer tudo isso para entrar na sua glória?” 27E, começando por Moisés e passando pelos Profetas, explicava aos discípulos todas as passagens da Escritura que falavam a respeito dele.
28Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez de conta que ia mais adiante. 29Eles, porém, insistiram com Jesus, dizendo: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Jesus entrou para ficar com eles. 30Quando se sentou à mesa com eles, tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e lhes distribuía.
31Nisso os olhos dos discípulos se abriram e eles reconheceram Jesus. Jesus, porém, desapareceu da frente deles. 32Então um disse ao outro: “Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho, e nos explicava as Escrituras?” 33Naquela mesma hora, eles se levantaram e voltaram para Jerusalém onde encontraram os Onze reunidos com os outros. 34E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” 35Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão.

MEDITAÇÃO


Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

Lucas, capítulo 24. Dois discípulos, passados os três dias do sepultamento, estão voltando pra casa. Os dois vão conversando pelo caminho, na maior tristeza. Eles estão tão cegos que não reconhecem Jesus ressuscitado que caminha e conversa com eles. Esse peregrino pergunta o que estava acontecendo. Eles contam o que tinha acontecido com Jesus de Nazaré em Jerusalém, sua prisão, morte de cruz e sepultamento. E o peregrino vai explicando como, nas Escrituras, estava claro que o Messias iria sofrer muito. Chegam ao seu povoado de Emaús e eles oferecem hospedagem ao peregrino. Como estava ficando tarde, eles acharam mais seguro que ele dormisse por ali mesmo. Na hora do jantar, o hóspede toma o pão e faz os mesmos gestos da multiplicação dos pães e da última ceia. É aí que seus olhos se abrem. Eles o reconhecem. O peregrino é Jesus e ele está ali, vivo, ressuscitado. Aí eles retornam à Jerusalém, de onde tinham vindo. Reencontram a comunidade dos discípulos e discípulas. Contam o que tinha acontecido e ficam sabendo que Jesus tinha aparecido também a Pedro. Estava todo mundo contente, muito feliz mesmo.

Você viu? Os dois estavam como cegos. Eles ficaram desencantados com a morte e o sepultamento de Jesus. Naquele domingo (o mesmo da ressurreição), eles largaram a comunidade e voltaram pra casa. E nem reconheceram Jesus, o peregrino que andara com eles pelo caminho. Mas, chegou uma hora em que eles o viram claramente. E voltaram para a comunidade, com o maravilhoso testemunho de que Jesus está vivo, ressuscitado. Eles o encontraram no caminho.

Podemos perceber cinco passos ou etapas nesse caminho de superação da cegueira. Jesus perguntou o que estava acontecendo. Eles contaram tudo o que aconteceu com Jesus, tim-tim por tim-tim. É o passo da ATENÇÃO À REALIDADE, o primeiro passo. Partir do que lhe está acontecendo. É a sua história, os acontecimentos, o que está lhe causando apreensão neste momento.

Jesus saiu explicando como nas Escrituras aparecia o projeto de Deus de um messias-servo. O coração deles ardia, nesse momento. É o passo da ILUMINAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS, o segundo passo. Não basta saber o que está acontecendo, é preciso acolher o que Deus nos revela, como o projeto de Deus vai se realizando em nossa história.

Quando chegaram ao povoado, estava já tarde, eles o acolheram em casa. Puseram em prática o ensinamento de Jesus: “Eu era peregrino e vocês me acolheram”. Este é o terceiro passo do caminho: a VIVÊNCIA DA CARIDADE, amar como Jesus amou. Não dá pra chorar na crucificação de Jesus e não sentir a dor do irmão que caminha ao seu lado. A caridade tem nome nessa pandemia: solidariedade, responsabilidade com a saúde e a fome dos outros.

Em casa, chegou a hora de se sentarem ao redor da mesa para o jantar. Jesus fez igualzinho como na ceia de páscoa (a última ceia): tomou o pão, deu graças, partiu e o entregou a eles. É a CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA, o quarto passo. Na Santa Missa, como chamamos a Eucaristia, fazemos memória da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Nós experimentamos a sua presença na comunidade, na palavra e no pão, fortalecendo nossa comunhão com ele e com os irmãos. De maneira especial, sua presença é real no sacramento do pão e do vinho. Foi nesse momento que seus olhos se abriram. Experimentaram claramente que o crucificado está vivo e vitorioso.

Naquela mesma noite, eles voltaram para Jerusalém, para a comunidade. Lá receberam o testemunho de que o Senhor tinha aparecido a Simão e deram o testemunho de que o encontraram no caminho. É o passo da PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE, o quinto passo. Conhecer, crer, amar, celebrar e integrar-se à comunidade cristã.

Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
sabemos, Senhor, na tua ressurreição, Deus está fazendo novas todas as coisas. Senhor, cura as nossas cegueiras. Caminha conosco, por meio de teus catequistas e evangelizadores, nos ajudando a compreender as Escrituras e crer em ti. Que eles nos ajudem a amar e servir os sofredores, com quem foste solidário até à morte de cruz. Que pela participação na Santa Missa, renovemos a nossa comunhão contigo e com os irmãos de nossas comunidades. Com eles, queremos carregar nossa cruz como teus discípulos e discípulas, na esperança e na fé. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Seria muito proveitoso você ler o texto da Meditação de hoje, assim poderá rever melhor os cinco passos da superação da cegueira. Para chegar ao texto, é só clicar no link que estou lhe enviando.

Comunicando

Num certo ano, eu estive em Varginha, MG, ajudando numa Semana Santa. O pároco tinha me encarregado, entre outros, do Sermão do Descimento (cerimônia de descimento da cruz, antes da procissão do Senhor Morto) e da pregação da Missa da Páscoa. No domingo, o evangelho seria a história dos discípulos de Emaús. Eu estava preparando a homilia, quando me veio a inspiração desta canção que você alguma vez já cantou na Missa: FICA CONOSCO, SENHOR. Vou deixar a letra e o áudio no blog da Meditação. É só você seguir o link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


FICA CONOSCO, SENHOR




Andavam pensando tão tristes
De Jerusalém a Emaús
Os dois seguidores de Cristo
Logo após o episódio da cruz
Enquanto assim vão conversando
Jesus se chegou devagar
De que vocês estão palestrando?
E ao Senhor não puderam enxergar

Fica conosco, Senhor!
É tarde e a noite já vem!
Fica conosco Senhor
Somos teus seguidores também

Não sabes então forasteiro
Aquilo que aconteceu?
Foi preso Jesus Nazareno
Redentor que esperou Israel
Os chefes a morte tramaram
Do santo profeta de Deus
O justo foi crucificado
A esperança do povo morreu

Três dias enfim se passaram
Foi tudo uma doce ilusão
Um susto as mulheres pregaram
Não encontraram seu corpo mais não
Disseram que Ele está vivo
Que disso souberam em visão
Estava o sepulcro vazio
Mas do Mestre ninguém sabe não

Jesus foi então relembrando
Pro Cristo na glória entrar
Profetas já tinham falado
Sofrimentos devia enfrentar
E pelo caminho afora
Ardia-lhes o coração
Falava-lhes das Escrituras
Explicando a sua missão

Chegando afinal ao destino
Jesus fez que ia passar
Mas eles demais insistiram
Vem, Senhor, vem conosco ficar
Sentado com eles à mesa
Deu graças e o pão repartiu
Dos dois foi tão grande a surpreso
Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu

NÓS SOMOS TESTEMUNHAS!




18 de abril de 2021
Terceiro Domingo da Páscoa

EVANGELHO


Lc 24,35-48

Naquele tempo, 35os dois discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”
37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.
40E, dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés.
41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles.
44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: ‘O Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia, 47e no seu nome serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém’. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

MEDITAÇÃO


Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48)

Estamos no terceiro Domingo da Páscoa. A vida cristã está permanentemente sob o impacto da morte e ressurreição de Jesus. Ele viveu entre nós, padeceu, morreu e ressuscitou. Ele está vivo e presente entre nós. Nesse mistério, estamos mergulhados desde o batismo. Morremos com ele. Ressuscitamos com ele. Na Santa Missa, é também esse mistério que celebramos: sua morte e ressurreição. 

Depois da ressurreição, Jesus continuou a se encontrar com os seus discípulos, por algum tempo, ajudando-os a assimilar essa nova realidade. Por sua ressurreição, ele elevou a nossa humanidade à condição de plenitude. Não só ressuscitou, mas abriu o caminho de nossa completa realização em Deus. Como primogênito da criação, disse São Paulo, ele vai à nossa frente. 

As leituras bíblicas deste período querem nos ajudar a contemplar também o mistério de nossa participação na ressurreição de Cristo. A  sua ressurreição não é apenas a sua glorificação, na vitória sobre a morte, o pecado e o mal. É também comunicação da vida de Deus a nós, de sua graça, de seu perdão. Então, vale a pergunta: Onde nós podemos experimentar a ressurreição de Jesus? As leituras de hoje, me parece, nos dão a resposta em sete pontos.

1. Experimentamos a ressurreição de Jesus na fé que vence o medo. Jesus se apresentou no meio deles, e eles, cheios de medo, pensaram que era um fantasma. Jesus insistiu: sou eu mesmo. Vejam minhas mãos e meus pés. 

2. Experimentamos a ressurreição de Jesus na conversão, recebendo o perdão dos nossos pecados. Ele se fez vítima de expiação pelos nossos pecados. O perdão que Deus nos dá nos faz viver uma vida nova, ser conduzidos pelo Espírito Santo. 

3. Experimentamos a ressurreição de Jesus na prática dos seus mandamentos. Escreveu São João em sua primeira carta: “Naquele que guarda a sua palavra, o amor de Deus é plenamente realizado”. 

4. Experimentamos a ressurreição de Jesus na participação na comunidade que se reúne em nome de Cristo. Os dois discípulos de Emaús reintegraram-se à comunidade, em Jerusalém, onde estavam reunidos os Onze e os outros discípulos e discípulas. Na assembleia reunida, Jesus se apresentou no meio deles.

5. Experimentamos a ressurreição de Jesus na meditação das Escrituras, percebendo como o propósito de Deus se realizou em seu filho e acolhendo o que ele nos revela sobre nossa condição de seus filhos amados. 

6. Experimentamos a ressurreição de Jesus na celebração da Eucaristia. Os discípulos de Emaús contaram como encontraram Jesus no caminho e na fração do pão. O próprio Jesus, no meio da comunidade ainda perplexa, perguntou se não tinham algo para comer. E comeu peixe assado à vista de todos. Na Eucaristia, encontramos Jesus vivo e ressuscitado.

7. Experimentamos a ressurreição de Jesus no compromisso com a missão. Em seu nome, anunciamos a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações. Somos testemunhas de tudo isso (At 3,15. Lc 24,48). 

Guardando a mensagem

Neste tempo pascal, a liturgia vai nos ajudando a contemplar o mistério da ressurreição de Cristo e da nossa ressurreição com ele. A ressurreição do Senhor não é só uma verdade a ser contemplada, mas também uma experiência a ser vivida. As leituras bíblicas deste terceiro domingo da páscoa podem nos ajudar a responder a esta pergunta: “Como podemos experimentar a ressurreição de Jesus em nossa vida?”. A resposta pode ser captada em sete pontos: na fé que vence o medo, no perdão dos pecados que recebemos em nossa conversão, na prática dos seus mandamentos, na participação na comunidade cristã, na meditação das Escrituras, na celebração da Ceia Eucarística e no compromisso com a missão. Em tudo isso, age Jesus ressuscitado, por meio do seu Santo Espírito, nos unindo ao Pai.

Vocês serão testemunhas de tudo isso (Lc 24, 48)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus, 
Cremos na tua ressurreição. Por ela, elevaste a nossa condição humana ao nível da comunhão com Deus. Pela fé e pelo batismo, mergulhamos em tua morte redentora, emergindo para a vida nova da graça. Estamos ressuscitados contigo, Senhor, embora nossa condição de filhos não esteja ainda plenamente revelada. Mas, já estamos experimentando a força renovadora de tua ressurreição de muitas formas, em nossa vida cristã. Que esta dinâmica divina pela qual estás fazendo novas todas as coisas nos ajude a ser uma força de mudança neste mundo, em favor da justiça, da paz, da liberdade. Não permitas, Senhor, que a nossa inclinação para o egoísmo, para a indiferença, para o ritualismo acabem por imobilizar a tua viória sobre o pecado, o mal e a morte. Que, no mundo, como nos pedes, sejamos testemunhas de tua ressurreição na defesa e promoção da vida e na construção de um mundo renovado pela fraternidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a Palavra

O domingo, o Dia do Senhor, nossa páscoa semanal, é dia de Santa Missa com a sua comunidade. Pode ser que, dadas as restrições deste tempo de pandemia, você tenha que participar remotamente. Em qualquer caso, participe com atenção e piedade. 

Todos os domingos, eu celebro a Santa Missa, às 17 horas, com transmissão pela Rádio Tempo de Paz. Para participar, você só precisa baixar o aplicativo no seu celular. 

Um abençoado domingo. E até amanhã, se Deus quiser!

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB 

OS DISCÍPULOS DE EMAÚS



Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

26 de abril de 2020

E chegamos ao terceiro Domingo da Páscoa. No dia do Senhor, fazemos memória de sua vitória sobre a morte e sobre todas as forças que se opõem ao bem, à justiça, à verdade. Na vitória de Jesus, reconhecemos a nossa vitória também. Nós ressuscitamos com ele. Sua morte nos trouxe a reconciliação com Deus. Vida nova pra nós, também. 

Mas, tem uma coisa triste, nessa história. Bom, primeiro na nossa história, pois estamos no meio de um momento muito difícil, que nos fala mais da morte do que da vida. Muita gente está triste. Estamos todos um tanto desorientados. Estamos meio cegos. Nesse clima, a ressurreição de Jesus... bom, não estamos vendo bem. No evangelho de hoje, também estão dois discípulos tristes, voltando pra casa, bem desanimados. Eles também estão meio cegos. 

Lucas, capítulo 24. Dois discípulos, passados os três dias do sepultamento, estão voltando pra casa. Os dois vão conversando pelo caminho, na maior tristeza. Eles estão tão cegos que não reconhecem Jesus ressuscitado que caminha e conversa com eles. Esse peregrino pergunta o que estava acontecendo. Eles contam o que tinha acontecido com Jesus de Nazaré em Jerusalém, sua prisão, morte de cruz e sepultamento. E o peregrino vai explicando como, nas Escrituras, estava claro que o Messias iria sofrer muito. Chegam ao seu povoado de Emaús e eles oferecem hospedagem ao peregrino. Como estava ficando tarde, eles acharam mais seguro que ele dormisse por ali mesmo. Na hora do jantar, o hóspede toma o pão e faz os mesmos gestos da multiplicação dos pães e da última ceia. É aí que seus olhos se abrem. Eles o reconhecem. O peregrino é Jesus e ele está ali, vivo, ressuscitado. Aí eles retornam à Jerusalém, de onde tinham vindo. Reencontram a comunidade dos discípulos e discípulas. Contam o que tinha acontecido e ficam sabendo que Jesus tinha aparecido também a Pedro. Estava todo mundo contente, muito feliz mesmo.

Você viu? Os dois estavam como cegos. Eles ficaram desencantados com a morte e o sepultamento de Jesus. Naquele domingo (o mesmo da ressurreição), eles largaram a comunidade e voltaram pra casa. E nem reconheceram Jesus, o peregrino que andara com eles pelo caminho. Mas, chegou uma hora em que eles o viram claramente. E voltaram para a comunidade, com o maravilhoso testemunho de que Jesus está vivo, ressuscitado. Eles o encontraram no caminho. 

Podemos perceber cinco passos ou etapas nesse caminho de superação da cegueira. Jesus perguntou o que estava acontecendo. Eles contaram tudo o que aconteceu com Jesus, tim-tim por tim-tim. É o passo da ATENÇÃO À REALIDADE, o primeiro passo. Partir do que lhe está acontecendo. É a sua história, os acontecimentos, o que está lhe causando apreensão neste momento. 

Jesus saiu explicando como nas Escrituras aparecia o projeto de Deus de um messias-servo. O coração deles ardia, nesse momento. É o passo da ILUMINAÇÃO DA PALAVRA DE DEUS, o segundo passo. Não basta saber o que está acontecendo, é preciso acolher o que Deus nos revela, como o projeto de Deus vai se realizando em nossa história.    

Quando chegaram ao povoado, estava já tarde, eles o acolheram em casa. Puseram em prática o ensinamento de Jesus: “Eu era peregrino e vocês me acolheram”. Este é o terceiro passo do caminho: a VIVÊNCIA DA CARIDADE, amar como Jesus amou. Não dá pra chorar na crucificação de Jesus e não sentir a dor do irmão que caminha ao seu lado. A caridade tem nome nessa pandemia: solidariedade, responsabilidade com a saúde e a fome dos outros. 

Em casa, chegou a hora de se sentarem ao redor da mesa para o jantar. Jesus fez igualzinho como na ceia de páscoa (a última ceia): tomou o pão, deu graças, partiu e o entregou a eles. É a CELEBRAÇÃO DA EUCARISTIA, o quarto passo. Na Santa Missa, como chamamos a Eucaristia, fazemos memória da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Nós experimentamos a sua presença na comunidade, na palavra e no pão, fortalecendo nossa comunhão com ele e com os irmãos. De maneira especial, sua presença é real no sacramento do pão e do vinho. Foi nesse momento que seus olhos se abriram. Experimentaram claramente que o crucificado está vivo e vitorioso. 

Naquela mesma noite, eles voltaram para Jerusalém, para a comunidade. Lá receberam o testemunho de que o Senhor tinha aparecido a Simão e deram o testemunho de que o encontraram no caminho. É o passo da PARTICIPAÇÃO NA COMUNIDADE, o quinto passo. Conhecer, crer, amar, celebrar e integrar-se à comunidade cristã. 

Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
neste terceiro domingo da páscoa, ainda em quarentena, não estamos conseguindo vibrar com a alegria deste tempo de páscoa. Mas, sabemos, Senhor, na tua ressurreição, Deus está fazendo novas todas as coisas. Senhor, cura as nossas cegueiras. Caminha conosco, por meio de teus catequistas e evangelizadores, nos ajudando a compreender as Escrituras e crer em ti. Que eles nos ajudem a amar e servir os sofredores, com quem foste solidário até à morte de cruz. Que pela participação na Santa Missa, através dos meios de comunicação, renovemos a nossa comunhão contigo e com os irmãos de nossas comunidades. Com eles, queremos carregar nossa cruz como teus discípulos e discípulas, na esperança e na fé. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Seria muito proveitoso você ler o texto da Meditação de hoje, assim poderá rever melhor os cinco passo da superação da cegueira. Para chegar ao texto, é só clicar no link que estou lhe enviando.

Estou lhe mandando também o áudio do canto FICA CONOSCO, que compus alguns anos atrás, meditando esse evangelho dos discípulos de Emaús. 

Seguem também a letra e as cifras deste canto. Se não tiver recebido, solicite a quem lhe repassou a meditação ou acesse www.padrejoaocarlos.com. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



FICA CONOSCO, SENHOR

Andavam pensando tão tristes
De Jerusalém a Emaús
Os dois seguidores de Cristo
Logo após o episódio da cruz
Enquanto assim vão conversando
Jesus se chegou devagar
De que vocês estão palestrando?
E ao Senhor não puderam enxergar

Fica conosco, Senhor!
É tarde e a noite já vem!
Fica conosco Senhor
Somos teus seguidores também 

Não sabes então forasteiro
Aquilo que aconteceu?
Foi preso Jesus Nazareno
Redentor que esperou Israel
Os chefes a morte tramaram
Do santo profeta de Deus
O justo foi crucificado
A esperança do povo morreu

Três dias enfim se passaram
Foi tudo uma doce ilusão
Um susto as mulheres pregaram
Não encontraram seu corpo mais não
Disseram que Ele está vivo
Que disso souberam em visão
Estava o sepulcro vazio
Mas do Mestre ninguém sabe não

Jesus foi então relembrando
Pro Cristo na glória entrar
Profetas já tinham falado
Sofrimentos devia enfrentar
E pelo caminho afora
Ardia-lhes o coração
Falava-lhes das Escrituras
Explicando a sua missão

Chegando afinal ao destino
Jesus fez que ia passar
Mas eles demais insistiram
Vem, Senhor, vem conosco ficar
Sentado com eles à mesa
Deu graças e o pão repartiu
Dos dois foi tão grande a surpreso
Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu


Fica Conosco Senhor 

Padre Joao Carlos




Tom: G

G Bm G Am
Andavam pensando tão tristes, de Jerusalém a Emaús
D7 G D
Os dois seguidores de Cristo, logo após o episódio da cruz
G G7 C
Enquanto assim vão conversando, Jesus se chegou devagar
G Am D7 G
De que vocês estão palestrando? E ao Senhor não puderam enxergar
G Bm
Fica conosco, Senhor!
Am
É tarde e a noite já vem!
D7
Fica conosco Senhor
G
Somos teus seguidores também
G Bm Am
Não sabes então forasteiro, aquilo que aconteceu?
D7 G D
Foi preso Jesus Nazareno, Redentor que esperou Israel
G G7 C
Os chefes a morte tramaram, do santo profeta de Deus
G Am D7 G
O justo foi crucificado, a esperança do povo morreu
G Bm Am
Três dias enfim se passaram, foi tudo uma doce ilusão
D7 G D
Um susto as mulheres pregaram, não encontraram seu corpo mais não
G G7 C
Disseram que Ele está vivo, que disso souberam em visão
G Am D7 G
Estava o sepulcro vazio, mas do Mestre ninguém sabe não
G Bm Am
Jesus foi então relembrando, pro Cristo na glória entrar
D7 G D
Profetas já tinham falado, sofrimentos devia enfrentar
G G7 C
E pelo caminho afora, ardia-lhes o coração
G Am D7 G
Falava-lhes das Escrituras, explicando a sua missão
G Am
Chegando afinal ao destino, Jesus fez que ia passar
D7 G D
Mas eles demais insistiram, vem, Senhor, vem conosco ficar
G G7 C
Sentado com eles à mesa, deu graças e o pão repartiu
G Am D7 G
Dos dois foi tão grande a surpresa, Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu

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