PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: reino de deus
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A LÓGICA DO MENOR


Quem é o maior no Reino dos céus? (Mt 18,1)
14 de agosto de 2018.
A pergunta foi esta: quem é o maior no Reino de Deus? A essa indagação dos discípulos, Jesus responde com o exemplo da criança. É preciso se converter e se tornar como criança. Não se trata de chegar à elite, ser o maior. Trata-se de assumir a identidade de filho, ou como Jesus disse: fazer-se pequeno.
O Reino de Deus é lá onde o senhorio de Deus é acolhido, lá onde Deus é reconhecido e amado como pai, lá onde os filhos de Deus se reconhecem como irmãos. Não é um reino de súditos e senhores, é uma grande casa de família, onde somos todos amados como filhos. O Reino também não é fruto de nosso merecimento, é bondade de Deus, amor imenso dele por nós. Quanto mais nos reconhecemos amados e necessitados desse amor, mais nos integramos na sua casa, no seu Reino. Somos filhos amados e isso não é uma conquista nossa, mas pura misericórdia de Deus. Sendo assim, não podemos invocar grandezas ou nos imaginar acima dos outros.
Quem é o maior no Reino de Deus? Para a mentalidade do mundo, o maior é o que tem poder, dinheiro, prestígio, fama. O maior é o que manda, o aplaudido e servido pelos outros. Mas, o Reino de Deus não é uma cópia do nosso mundo, na esfera espiritual. Assim, nós anularíamos a Palavra de Deus e a ação transformadora do seu Espírito. Precisamos captar a novidade que vem da Palavra de Jesus, novidade que é um princípio de mudança em nossa sociedade.
Quem é o maior no Reino de Deus? Jesus falou claro: o maior é o pequenino. A criança depende de tudo e de todos. A criança é o maior. Assim, no Reino de Deus, não há lugar para a soberba, o orgulho, a presunção de ser grande e de querer mandar nos outros. Grande é só Deus, imenso é o seu amor. Nós só temos uma grandeza: sermos seus filhos amados.
E por que essa comparação com a criança? Porque a criança é filho; porque a criança aprende; porque a criança confia inteiramente nos seus pais.
Guardando a mensagem
O Reino de Deus não é cópia desse nosso mundo injusto e desigual. O Evangelho do Reino é anúncio de uma novidade, fermento de transformação de nossa sociedade. O pequeno é o mais importante, ensinou Jesus. Fazer parte do Reino é renunciar a essa mania de querer ser mais do que os outros. Todos somos filhos amados do Pai. Os filhos mais frágeis e sofredores, estes, sim, são os cidadãos mais importantes deste Reino. O menor é o maior.
Quem é o maior no Reino dos céus? (Mt 18,1)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O convite de hoje é pra gente deixar de pensar ou de querer ser grande, forte, poderoso, desejando estar acima dos outros. Assim, a gente não entra o Reino dos Céus, não recebe o abraço amoroso do pai. O teu convite, Senhor, é pra gente renunciar a essa pose de gente importante e independente, que não precisa de ninguém. No Reino de Deus, só tem lugar pra gente humilde, que reconhece que só Deus é grande e, nele, somos irmãos uns dos outros. Abençoa, Senhor, os que hoje se sentem desprotegidos e desorientados nessa vida, no meio de seus dramas e dificuldades. Sobre todos, seja a tua bênção e a tua paz. Amém.

Vivendo a palavra

Repasse, na sua cabeça, quem são os pequeninos de sua família (crianças, idosos, doentes, os mais sofridos). Na dinâmica do Reino de Deus, eles são os mais importantes, os que têm prioridade sobre os demais, eles são os maiores.

Pe. João Carlos Ribeiro – 14.08.2018

A REDE MISSIONÁRIA


O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 



02 de agosto de 2018. 

Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa... No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura. 

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados. E eles abandonaram a barca e o pai e o seguiram. 

Claro que Jesus, ao falar sobre o Reino de Deus, não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes. 

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações. 

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. 

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. Como os pescadores retiram o peixe do mar, assim os pescadores do Reino resgatam as pessoas da dominação do mundo. Por meio de Cristo, Deus nos livra do mal que domina o mundo. 

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”. 

Vamos guardar a mensagem 

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da Fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe. 

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47) 

Vamos rezar a palavra 

Senhor Jesus, 
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vamos viver a palavra 

Reze, hoje, por todos os missionários da Igreja. Eles e elas são os novos pescadores de Jesus. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 02.08.2018 

VOCÊ ESTÁ ENXERGANDO BEM?

Felizes são vocês, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem (Mt 13,16)
26 de julho de 2018.
O que será que eles estavam vendo e ouvindo? O que será que profetas e justos tanto desejaram ver e ouvir, e não conseguiram? Reposta: As coisas que estavam acontecendo com a presença de Jesus. O que Jesus estava anunciando: o Reino de Deus. O que eles estavam vendo? O Reino de Deus sendo inaugurando com a presença de Jesus. O que eles estavam ouvindo? A pregação do Evangelho do Reino.
E isso foi esperado por tanta gente, ao longo de séculos. Profetas e justos não conseguiram vê-lo. Mas, aquela gente estava presenciando o Reino de Deus que chegara. A boa notícia, o evangelho, é que o Reino chegou. Foi esse o anúncio de Jesus desde o início de sua atividade missionária: “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. A presença de Jesus salvando, libertando, restaurando é o Reino acontecendo. Suas palavras, confirmadas por suas ações, estavam instaurando o reinado de Deus no meio do seu povo.
Como o povo do tempo de Jesus, nós também estamos tendo a chance de ver o Reino que está entre nós e de ouvir a pregação dessa boa notícia, o evangelho. E essa boa nova do Reino de Deus é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. Não é apenas uma notícia entre outras, uma manchete a mais. É a resposta que a humanidade ansiosamente estava esperando. É a presença e atuação do Messias que Israel acalentara em seus sonhos proféticos ao longo de séculos. É a revelação de algo maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, bate à nossa porta. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, saúde, paz, perdão.
Não se pode ficar indiferente diante desse anúncio da chegada do Reino. Essa boa nova nos pede uma resposta, nos propõe adesão, acolhida, conversão. Lembra o que Jesus falou? “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. Conversão é mudar o foco e o rumo da própria vida, sintonizando-a com o Reino. Crer é acolher Jesus e o seu anúncio do Reino de Deus. Trata-se, então, de acolher Jesus, porque  afinal a Palavra fez-se gente, o verbo se fez carne.
Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Foi o que Jesus falou. Quem tiver ouvidos para ouvir.  Significa que existe alguém que tem ouvidos, mas não escuta. Como ele disse, tem olhos, mas não vê. É que é possível não querer ouvir, não querer ver, rejeitar a boa notícia do Reino que chegou como salvação. Deus, que nos criou livres, respeita a nossa liberdade.  O Reino não é uma imposição que nos anula, uma nova ordem que nos é imposta. Resta a liberdade da escolha ou da rejeição. Como diz o livro santo: “Diante de ti estão a vida e a morte. Escolhe!”. Ao amor de Deus manifesto em Cristo, só podemos responder com a fé e o amor. E não existe amor obrigado, adesão compulsória. Só na liberdade, a pessoa humana pode responder adequadamente à pregação do Reino.
Vamos guardar a mensagem
Sendo hoje o dia dos pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, entende-se que a escolha desse evangelho é uma apreciação positiva da vida dos avós maternos de Jesus. É um elogio a eles. Seus olhos viram. Seus ouvidos ouviram. É que tem muita gente que tem olhos e não enxerga, tem ouvidos e não ouve. O Reino de Deus está acontecendo, hoje, na presença de Jesus evangelizando, consolando, instruindo, libertando as pessoas do mal.
Felizes são vocês, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem (Mt 13,16)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Que os nossos olhos vejam a tua obra redentora em processo em nossa vida e em nossa história. Que os nossos ouvidos ouçam teu Evangelho a nos anunciar o tempo da graça e da reconciliação. Que, pelo exemplo luminoso dos pais de Maria Santíssima, São Joaquim e Santa Ana, nossos olhos contemplem na fé esse mistério maravilhoso de tua presença redentora entre nós. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre.
Vamos praticar a palavra
Hoje, reze o terço pelos seus avós vivos ou falecidos. Deus conhece as necessidades deles. Assim, rezamos por eles. Se achar muito um terço, reze pelo menos um mistério do terço (um pai nosso e 10 ave-marias).

Pe. João Carlos Ribeiro – 26.07.2018

O REINO ESTÁ BEM PERTINHO

No caminho, vocês anunciem: O Reino dos céus está próximo (Mt 10, 5)
11 de julho de 2018.
Jesus chamou os doze, deu-lhes poder sobre a doença e sobre o mal e os enviou em missão. Entre outras coisas, recomendou que avisassem ao povo que o Reino estava próximo.  O evangelista Mateus, por escrever seu evangelho entre comunidades formadas por judeus, evita dizer o nome “Deus”, substituindo-o por “céus”. Reino dos céus. Doze é uma representação do povo de Deus e de sua organização, de sua liderança. O povo do Antigo Testamento era o povo das doze tribos, dos doze patriarcas. A escolha e o envio de doze líderes mostra a intenção da ação de Jesus: ele está construindo um novo momento do povo de Deus, o povo que estará unido a Deus pela nova e eterna aliança.
Jesus dá várias instruções aos doze. De uma forma ativa, eles se associam à missão de Jesus. E a missão de Jesus está descrita um pouco antes, no final do capítulo 9: Jesus vendo as multidões, se compadeceu delas e as ensinava, pregando o Reino de Deus e curando as suas enfermidades. Compadecia-se de sua situação e lhes anunciava o Reino de Deus que chegou com ele para liberdade e salvação de todos. Eles deviam anunciar que o Reino estava próximo, isto é, aproximou-se, chegou para eles. O Reino é Deus nos salvando em Cristo.  Assim, os apóstolos pelo caminho devem avisar ao povo essa novidade, com palavras, mas também com gestos e ações onde se reconheça que Deus está agindo em favor do seu povo necessitado. O Reino é Deus nos libertando. É isso que está sinalizado nas curas de enfermidades e expulsões de espíritos impuros.
Meditando o evangelho, nos damos conta do amor de Deus que vem nos encontrar, da presença de Jesus que continua nos buscando e nos encontrando nos caminho de nossa vida e de nossa história. Nossa tarefa é também avisar a todos que o Reino do amor de Deus chegou, vencendo o ódio, a dor, o pecado. Esse é a boa nova, o evangelho a ser anunciado; a grande novidade a ser comunicada.
Vamos guardar a mensagem
A missão de Jesus é anunciar o Reino de Deus. O Reino de Deus é o próprio Jesus entre nós, nos libertando. Ele anuncia o Reino com a pregação, mas também o concretiza com ações pelas quais as pessoas estão sendo resgatadas da doença, da exclusão, da dominação do mal, do pecado. Escolhendo e enviando doze em missão, Jesus está visivelmente construindo um novo momento de organização do povo eleito em aliança com Deus. A missão dos doze, como a de Jesus, é anunciar a proximidade do Reino. O Reino, por meio de Jesus, se aproximou de nós, está bem pertinho, agora é só a gente abrir a porta.
No caminho, vocês anunciem: O Reino dos céus está próximo (Mt 10, 5)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Mandaste os doze anunciar ao povo, pelo caminho, que “o Reino de Deus está próximo”, que o céu se aproximou para resgatar e sarar toda ferida. A nós que vivemos imersos em um mundo materialista, esta palavra nos consola: Deus não nos esqueceu, ele vem ao nosso encontro com o seu Reino. Concede-nos, Senhor, que não percamos o horizonte da vida eterna, mesmo carregando os fardos de nossa existência, às voltas com as tarefas de cada dia. Que, no corre-corre de nossa vida, permaneça sempre no nosso coração esse sentido do teu Reino, reino de amor e justiça que começa aqui, mas só se realiza plenamente na eternidade. Dá-nos, Senhor, viver lembrados e embalados por essa verdade do teu amor: O Reino está próximo, está pertinho de cada um. É só abrir a porta do coração e deixar-te entrar. Tu anuncias o Reino, tu fazes o Reino de Deus acontecer entre nós com tua palavra e teu poder restaurador. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Repita várias vezes, durante o dia de hoje, aquela palavrinha do Pai Nosso: “Venha a nós o vosso Reino”.

Pe. João Carlos Ribeiro - 11.07.2018

O REINO, A LINDA OBRA DE DEUS EM NOSSA HISTÓRIA


O Reino de Deus é como um grão de mostarda (Mc 4, 31)

17 de junho de 2018.

A gente fica esperando o Reino de Deus como uma intervenção poderosa do Senhor em nosso mundo. Uma coisa forte, visível que todo mundo reconheça e se submeta. Como falamos de ‘reino’, ficamos imaginando os impérios deste mundo, os reinados de senhores poderosos e violentos de quem a história dá notícia.

Mas, Jesus que tanto falou do Reino de Deus, não deixou uma definição do que é o Reino. Antes, fez comparações que desfazem completamente nossas expectativas farisaicas. O Reino é como a semente plantada na terra que, sem o agricultor saber como, vai nascer, crescer e produzir frutos. O Reino é como uma semente de mostarda que vai se tornar um belo arbusto. O Reino é como uma festa de casamento, para o qual estamos convidados. É como a plantação, onde o inimigo semeou o joio. É melhor a gente desistir de querer definir o que é o Reino de Deus. Parece mais um jeito de Deus agir neste mundo.

Jesus nos conta, hoje, duas pequenas parábolas: a semente que germina sozinha e o grão de mostarda que se torna um frondoso arbusto. Estas duas parábolas deste 11º  domingo do tempo comum nos dão novas pistas sobre o Reino de Deus.

Uma primeira lição é esta: O Reino se constrói com pequenos sinais. O Reino está potencialmente presente no que, hoje, nós estamos semeando, que nos parece tão pouco, tão pequeno. Ele é como a semente plantada que germina ou como o grão de mostarda tão pequeninho que vai se tornar uma grande hortaliça. Quando semeamos, nós mostramos confiança na semente e no futuro dela. Ao realizarmos pequenas ações e nos movermos com pequenos passos, estando na direção certa, estamos semeando o reino. É um conselho que damos, é uma desculpa que aceitamos, é uma pequena decisão que tomamos na direção justa. O Reino se constrói com pequenos sinais. São sementes que plantamos, grãos de trigo lançados na terra.

Uma segunda lição é a seguinte: O Reino não é obra nossa. É obra de Deus, servindo-se de nossa muito pequena participação. Embora o agricultor plante a semente, mas a germinação é um segredo do criador. É dele o milagre daquela semente tornar-se uma plantinha, crescer, florescer, frutificar. O agricultor colabora, plantando, limpando, irrigando, mas a espiga é obra da natureza e de quem a fez. O mesmo acontece com o grão de mostarda. O arbusto que vai acolher até os passarinhos é fruto de uma dinâmica que não é controlada pelo agricultor. O Reino não é obra nossa. É obra de Deus, com sua lógica, sua dinâmica, sua atuação.

Uma terceira lição é esta: o Rino será uma realidade surpreendente. Se plantarmos, colheremos. A semente dará fruto, dela se colherão as espigas. O grão de mostarda vai será uma linda hortaliça e abrigará os pássaros do céu. O agricultor vai se surpreender com a obra de Deus em seu favor.

O Evangelho é a revelação desse evento maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, está batendo à nossa porta, está próximo de nós, está entre nós. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, como saúde, como paz, como perdão.

Vamos guardar a mensagem

Mesmo com tanta crise, com tanta coisa ruim acontecendo, com tanto desmantelo no mundo, experimentamos cada dia que o Reino de Deus está entre nós, está acontecendo, está em gestação. Ele é obra de Deus, com nossa pequena colaboração. Por meio do seu filho Jesus, está semeando um mundo novo de comunhão, de paz, de reconciliação. Jesus está conosco até a consumação dos séculos, como prometeu. Não nos abandona. O seu Santo Espírito atualiza a sua presença e a sua ação redentora. O Reino está entre nós.

O Reino de Deus é como um grão de mostarda (Mc 4, 31)

Vamos rezar a palavra

Senhor Jesus,

Tu estás entre nós, tu estás conosco na assembleia que se reúne, na Palavra que é proclamada, no Pão eucarístico que nos alimenta. É isso que experimentamos cada dia e que celebramos na Missa: a tua presença redentora entre nós, nos instruindo, nos abençoando, nos conduzindo. O Reino, de que tanto falaste, é a tua presença salvando esse mundo, reconduzindo o pecador à comunhão com Deus, nos conduzindo no caminho da justiça e da paz. Tu és o Emanuel, Deus conosco. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vamos viver a palavra

Domingo, dia de participar da Missa, com a sua comunidade. Seu pequeno gesto – como este de deixar tudo para estar, com o Senhor e com os seus irmãos e irmãs – está construindo o reino, onde Deus é Senhor de sua vida, da vida de sua família, de nossa história.

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.06.2018

TANTOS LIVROS QUE NÃO CABERIAM NO MUNDO

Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos (Jo 21, 25)


19 de maio de 2018.

Assim termina o evangelho de São João. O que foi escrito nos evangelhos é o suficiente para conhecermos Jesus, sua obra, suas palavras para nos tornarmos seus discípulos.

Na linguagem do evangelista João, Jesus veio nos comunicar a vida eterna, a vida de Deus, que enche de significado nossa existência e nos abre os horizontes da vida definitiva no seio do Pai.

Quantas coisas maravilhosas fez Jesus! Pelo evangelho, temos notícia de algumas. Já são suficientes para o reconhecermos como o enviado do Pai e nos colocarmos no seu seguimento.

Nos outros três evangelhos, chamados sinóticos, a mensagem é a mesma, com outra linguagem. Mateus, Marcos e Lucas falam do Reino de Deus. Jesus vem anunciar o Reino de Deus. O Reino de Deus é inaugurado com a sua presença entre nós.

A boa notícia, o evangelho, é o Reino de Deus acontecendo entre nós, pela presença de Jesus. Foi esse o anúncio de Jesus desde o início de sua atividade missionária: “O tempo se cumpriu, o Reino chegou, convertam-se, creiam no Evangelho, isto é, nesta boa notícia”.

A presença de Jesus salvando, libertando, restaurando é o Reino acontecendo. As ações e as palavras de Jesus instauram o reinado de Deus entre nós. Esse anúncio, essa boa nova (é o que quer dizer a palavra ‘evangelho’) é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. 

O Reino continua sendo anunciado e atuado pela pregação e pelo testemunho dos discípulos de Jesus. Por suas palavras e suas ações, Jesus continua construindo o Reinado do Pai no mundo.

Vamos guardar a mensagem

O Evangelho é a revelação de algo maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, está batendo à nossa porta, está próximo de nós, está entre nós. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, como saúde, como paz, como perdão.

Mesmo com tanta crise, com tanta coisa ruim acontecendo, com tanto desmantelo no mundo, experimentamos cada dia que o Reino está entre nós. Deus, por meio do seu filho Jesus, está semeando um mundo novo de comunhão, de paz, de reconciliação. Ele está conosco até a consumação dos séculos, como prometeu. Não nos abandona. O seu Santo Espírito atualiza a sua presença e a sua ação redentora.

Jesus fez ainda muitas outras coisas, mas, se fossem escritas todas, penso que não caberiam no mundo os livros que deveriam ser escritos (Jo 21, 25)

Vamos rezar a palavra

Senhor,

Disseste que quando viesse o Espírito Santo, ele nos conduziria à plena verdade, nos ajudaria a entender tudo o que disseste. Já temos a presença do teu Espírito em nossa vida, mas precisamos de uma atuação ainda maior da parte dele. Só assim poderemos acolher, entender e viver o teu evangelho; e transformar nossa vivência de tua palavra em testemunho vivo do teu amor e da tua misericórdia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vamos viver a palavra

Amanhã é o domingo de Pentecostes. Nele, celebramos a vinda do Espírito Santo sobre Maria e os Apóstolos. Olha a dica de hoje: Planeje bem a sua participação na Missa dominical.

Pe. João Carlos Ribeiro – 19.05.2018

DEPOIS DOS QUARENTA DIAS, UMA NOTÍCIA MARAVILHOSA

MEDITAÇÃO PARA O PRIMEIRO DOMINGO DA QUARESMA, DIA 18 DE FEVEREIRO DE 2018.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)
Primeiro domingo da Quaresma, 5º dia deste tempo penitencial que iniciamos na quarta-feira de cinzas. A cada dia, um novo passo no caminho da Páscoa. O foco de hoje está no tema da CONVERSÃO. A conversão é a chave para entrarmos no Reino de Deus.
‘O Reino de Deus está chegando!’ Esta é a boa notícia que Jesus anunciou. O evangelista Marcos fez um resumo do programa pastoral de Jesus. Em quatro curtas frases, ele resume toda a sua pregação. “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
O texto do evangelho de hoje é bem pequeno e ainda pode ser dividido em duas partes. A primeira parte em torno do DESERTO. A segunda parte em torno do REINO DE DEUS.
Vamos à primeira parte, que realça o tema DESERTO. Depois do batismo no Rio Jordão, o Espírito Santo levou Jesus para o deserto. E, no deserto, ele ficou quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Essas poucas palavras evocam coisas muito importantes na história do povo de Deus. Depois de liberado do Egito, o povo peregrinou longamente pelo deserto, até entrar na posse da terra prometida. Foi uma dura peregrinação de quarenta anos. E houve muitos momentos de tentação, em que o povo caiu, revoltou-se contra Deus e contra Moisés. Jesus, membro do povo eleito, simbolicamente refaz a caminhada do seu povo. Ele está no deserto, por quarenta dias e, aí, diferentemente de Israel, ele vence as tentações.
Vamos à segunda parte, em torno do tema REINO DE DEUS. Vencidos os quarenta anos de peregrinação e purificação pelo deserto, o povo de Deus entrou na posse da terra prometida. A terra prometida não era só o território de Canaã, mas um conjunto de sonhos e promessas que, infelizmente, não se realizaram todos na posse da terra. Vencidos os quarenta dias de purificação, Jesus anuncia que estava na hora de entrar no Reino de Deus. O que foi a terra prometida para o povo antigo, agora podia ser experimentado de maneira mais completa e plena no Reino de Deus.
‘O tempo já se completou’, quer dizer ‘a espera terminou’. São João fala da plenitude dos tempos que tinha chegado. ‘O Reino de Deus está próximo’, isto é, aproximou-se, está perto da gente, está acessível. É a terra prometida que já se avistava. Essa é a boa notícia: Deus está reinando sobre o seu povo. Jesus, com suas atitudes e palavras, manifesta o Reino de Deus presente na história. Precisamos acreditar nessa boa notícia (crer no evangelho). E, diante dessa boa notícia, precisamos nos voltar para Deus (conversão). É assim que devemos receber a boa notícia do Reino (o evangelho): pela fé e pela conversão.
Vamos guardar a mensagem
O movimento de João, no deserto, preparou o povo para acolher o tempo novo que estava chegando com o Messias. Com a sua prisão, Jesus começa publicamente sua missão. E anuncia o tempo novo que estava chegando. Em suas primeiras palavras, está o programa de todo o seu trabalho: ‘O tempo da espera terminou. O Reino de Deus está próximo de vocês. Creiam nessa boa notícia. E voltem-se para Deus, pela conversão do coração’. Conversão é a grande palavra da Quaresma. E conversão é crer nessa boa notícia, acertar o passo com Jesus e rever seus compromissos, sua vida à luz do reinado de Deus. A sua quaresma são os quarenta dias de Jesus: oração, jejum, resistência às tentações, acolhida do Reino. No fim dessa jornada, celebramos a Páscoa com Jesus.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)
Vamos acolher a mensagem,
Com a Oração da Campanha da Fraternidade deste ano, que versa sobre ‘Fraternidade e Superação da Violência”.


Deus e Pai,
nós vos louvamos pelo vosso infinito amor
e vos agradecemos por ter enviado Jesus,
o Filho amado, nosso irmão.

Ele veio trazer paz e fraternidade à terra
e, cheio de ternura e compaixão,
sempre viveu relações repletas
de perdão e misericórdia.

Derrama sobre nós o Espírito Santo,
para que, com o coração convertido,
acolhamos o projeto de Jesus
e sejamos construtores de uma sociedade
justa e sem violência,
para que, no mundo inteiro, cresça
o vosso Reino de liberdade, verdade e de paz.
Amém!


Vamos viver a palavra
É dia de você pegar sua Bíblia e ler nela a passagem de hoje: Marcos 1, 12-15. Aproveite e sublinhe na sua Bíblia, nessa passagem, as palavras  DESERTO e REINO DE DEUS.  

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.02.2018

ELE ESTÁ NO MEIO DE NÓS


O Reino de Deus está entre vocês (Lc 17, 21)

Os fariseus perguntaram a Jesus quando chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu que o Reino de Deus não vem ostensivamente. Nem pode ser apontado aqui ou ali, porque ele já está no meio de nós.

A gente fica esperando o Reino de Deus como uma intervenção poderosa de Deus em nosso mundo. Uma coisa forte, visível que todo mundo reconheça e se submeta. Como falamos de ‘reino’, ficamos imaginando os impérios deste mundo, os reinados de senhores poderosos e violentos de quem a história dá notícia.

Mas, Jesus que tanto falou do Reino de Deus, não deixou uma definição do que é o Reino. Antes, fez comparações que desfazem completamente nossas expectativas farisaicas. O Reino é como uma semente de mostarda que vai se tornar uma árvore. É como uma rede de pescar que pega todo tipo de peixe. O Reino é como uma festa de casamento, para o qual estamos convidados. É como o semeador que sai semeando a boa semente em terreno de todo tipo. É como a plantação, onde o inimigo semeou o joio. É melhor a gente desistir de querer definir o que é o Reino de Deus. Parece um jeito de Deus agir neste mundo.

E Jesus anunciou fortemente o Reino de Deus. Avisou, desde o início, que ele estava próximo, que o seu tempo tinha chegado. A presença de Jesus libertando, restaurando, salvando é o Reino acontecendo. As ações e as palavras de Jesus instauram o reinado de Deus entre nós.

Esse anúncio do Reino que chegou, essa boa nova (evangelho quer dizer boa nova) é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. Não é apenas uma notícia entre outras, uma manchete a mais. É a resposta que a humanidade estava esperando, o tempo do Messias, o tempo de Deus que Israel esperou por séculos.

O Evangelho é a revelação desse evento maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, está batendo à nossa porta, está próximo de nós, está entre nós. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, como saúde, como paz, como perdão.

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Mesmo com tanta crise, com tanta coisa ruim acontecendo, com tanto desmantelo no mundo, experimentamos cada dia que o Reino está entre nós. Deus, por meio do seu filho Jesus, está semeando um mundo novo de comunhão, de paz, de reconciliação. Jesus está conosco até a consumação dos séculos, como prometeu. Não nos abandona. O seu Santo Espírito atualiza a sua presença e a sua ação redentora. O Reino está entre nós.

O Reino de Deus está entre vocês (Lc 17, 21)

NÃO ME DIGA QUE VOCÊ NÃO VAI AO BANQUETE!


Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: venham, pois tudo está pronto” (Lc 14, 16)
Jesus comparou o Reino de Deus com o banquete que o pai de família preparou e para o qual convidou muita gente. Essa imagem do Reino como um banquete ocorre muitas vezes no Evangelho. É o casamento do filho, é a volta do filho pródigo, é a própria última ceia... o banquete é uma imagem eloquente do Reino, da festa que o Pai preparou para os seus filhos. Da parte do Pai, está tudo certo. O banquete foi posto, está tudo pronto. Da parte dos convidados, é que a coisa ficou complicada.
O Reino de Deus é, antes de tudo, uma oferta de Deus, um oferecimento gratuito, acompanhado de um convite. Aceitar o convite, ir à festa é a parte dos convidados. Mas, a primeira leva de convidados recusou o convite, com desculpas de todo tipo. Essa recusa deixou o dono da casa muito triste. Mas, foi oportunidade para outro tipo de convidados: os pobres, os pecadores. De fato, Jesus constatava que as prostitutas e os cobradores de impostos, a ralé da sociedade judaica, estavam entrando no Reino de Deus e os fariseus e escribas dele se esquivavam. A entrada no Reino de Deus é a acolhida do convite feito pela evangelização. Aceitar o Reino é o mesmo que converter-se, isto é, colocar a própria vida na direção do amor de Deus.
A primeira leva de convidados não compareceu. Esses, na parábola, foram os piedosos do tempo de Jesus. A grande maioria do povo da antiga aliança refugiou-se em seus preconceitos e desculpas, e não aceitou o convite de Jesus para tomar parte na grande festa do Reino de Deus. A segunda leva de convidados, foram os pobres de Israel, foram esses que aderiram de maneira especial ao ministério de Jesus. Eles estão representados pelas quatro categorias: pobres, coxos, cegos e aleijados.  A terceira leva, recolhida pelas estradas e atalhos são os convertidos através da evangelização fora de Israel, pelo trabalho dos missionários, mundo afora.
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Jesus comparou o Reino de Deus com o banquete que um pai de família preparou e para o qual convidou muita gente. Os primeiros convidados não compareceram. Esses faltosos alegaram razões para sua ausência: compras, trabalho, casamento. Foram, então, convidados os pobres. E, depois, mais gente ainda foi chamada para a festa. A casa ficou cheia de gente. Essa palavra  hoje é pra você. A festa está pronta. O banquete está na mesa. Deus manda chamar você, ele o espera. Não invente desculpas, não faça ouvidos de mercador. A chance é única. Não esqueça como termina a parábola: “nenhum daqueles que foram convidados (e não vieram) provará do meu banquete”.
Na hora do banquete, mandou seu empregado dizer aos convidados: venham, pois tudo está pronto” (Lc 14, 16)

CAVANDO MAIS FUNDO

O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo (Mt 13, 44)
Antigamente, contavam-se muitas histórias de botija: ouro, joias, dinheiro escondidos debaixo da terra. Isso era muito comum no tempo da Colônia e do Império no Brasil, quando não havia Banco ou não se tinha acesso a ele. Era uma forma de guardar a própria riqueza: escondia-se o tesouro em lugar que ninguém encontrasse. Meu pai mesmo era doido para achar uma botija. Sonhava com indicações de onde se encontrariam botijas escondidas. E as histórias eram muitas... A gente ficava na maior torcida... Mas, coitado, nunca achou nenhuma botija.
Jesus contou a história da botija para compará-la com o Reino de Deus, um tesouro escondido que é preciso resgatar em seu favor. O Reino é um tesouro, mas precisa ser descoberto. E aquele homem da história de Jesus encontrou uma botija, um tesouro escondido no campo. São quatro as suas atitudes: encontra o tesouro, o mantém escondido, vende todos os seus bens e compra aquele campo. Assim, fica dono da botija.
Encontra o tesouro. Ao cavar a terra, trabalhando, dá com o tesouro. Descobre que uma riqueza o aguarda, um dom inteiramente gratuito e imensamente valioso. É preciso descobrir o Reino de Deus, encantar-se por ele, acolhê-lo como dom de Deus para a felicidade e a salvação. É preciso descobrir o tesouro. Ele está bem ali, onde você vive e trabalha. É só cavar... Muita gente não descobriu ainda esse tesouro. Passa pra lá, passa pra cá... e não se dá conta que tem um tesouro esperando para ser descoberto, bem debaixo do seu nariz.
Depois de encontrar o tesouro, o homem o mantém escondido. E o Reino de Deus não é para ser divulgado? Sim, mas antes precisa ser possuído. Um tesouro sem dono atrai muitas pessoas mal intencionadas. Quando alguém descobre a fé, precisa fortalecê-la, aprofundá-la, confirmá-la. Só então pode expô-la ao debate, às dúvidas, ao questionamento. Na sua fragilidade, é preciso protegê-la. A vocação, que é um tesouro, no começo precisa ser protegida... nem todo mundo entende, nem todo mundo dá força. Enquanto não possuir o tesouro, fique quieto. Esconda o seu tesouro.
Encontra o tesouro, esconde-o e vai vender todos os seus bens – para quê? Para adquirir o campo e ficar com o tesouro. Para possuir esse tesouro é preciso renunciar a muita coisa, investir tudo o que tem, entregar-se a si mesmo. Ao jovem rico, Jesus recomendou que vendesse tudo e desse o dinheiro aos pobres. Como ele poderia ter o tesouro do Reino, com tantos bens disputando sua atenção? Vender tudo é empenhar-se radicalmente, é dirigir todo o seu ser para Deus, é entregar-se com tudo que é, que tem e que ama.
E finalmente o agricultor compra o campo, para ficar com o tesouro. O Reino é um tesouro, é o dom de Deus. Para possui-lo é preciso entregar-se a si mesmo. Talvez seja por isso que tanta gente não abraça pra valer o Reino de Deus. Fica só olhando para o tesouro. Para possui-lo é precisa entregar-se a si mesmo. Dá para entender a palavra de Jesus: ‘Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo’.
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Jesus comparou o Reino de Deus com a história do trabalhador que encontrou um tesouro. Foram quatro as suas ações: encontrou o tesouro, o manteve escondido, vendeu todos os seus bens e comprou aquele campo. Assim, ficou dono do tesouro. Jesus tinha explicado: “O Reino de Deus já está no meio de vocês”. Ele está em nossa vida, como quê escondido, é preciso cavar mais fundo... navegar em águas mais profundas, como Jesus disse certa vez. E, claro, quando alguém encontra um grande amor, não o compra. Entrega-se a ele. Foi o que o agricultor fez. É o que temos que fazer.

PEQUENO TEM VEZ

Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração (Mt 19, 13)

Levaram crianças a Jesus. Quem teria levado crianças a Jesus? As crianças andavam com os pais, propriamente com as mães. Os meninos a partir de seis/sete anos andavam sempre com os pais. As meninas estavam sempre ao lado das mães, até se casarem. Era assim o costume do povo de Jesus. Podemos concluir, então, que as crianças estavam acompanhadas dos seus pais. As mães, com os pequenininhos e as meninas e os pais, com os meninos a partir dos seis/sete anos. E eles queriam que Jesus impusesse as mãos sobre os seus filhos e rezasse por eles.

Os discípulos reagiram. Começaram a afastar as crianças, a reclamar com os pais e a impedir que se aproximassem do Mestre. Essa atitude deles revela que eles não estavam entendendo o que Jesus andava explicando sobre o Reino de Deus. Ainda estavam na lógica do ‘quem-vale-é-o-adulto-o-grande-o-maior’. Jesus tinha dito que o Reino de Deus é das crianças. E de quem se parecer com elas. E tinha dito isso, outro dia, exatamente para corrigir os discípulos que estavam discutindo sobre quem seria o maior no Reino. Jesus tinha apresentado a criança como modelo dos cidadãos e cidadãs do Reino de Deus. No Reino de Deus, somos filhos na casa do Pai, não funcionários carreiristas; somos discípulos que aprendemos com Jesus, não fariseus fechados à revelação de Deus; somos filhos que confiamos no Pai, não adultos que confiam apenas em si mesmos. Se não formos como crianças – filhos que amam, aprendem, confiam – não temos parte no Reino.

Jesus reclamou, com razão. ‘Não criem dificuldade para as crianças virem a mim, não as impeçam. Delas é o Reino de Deus’. E impôs as mãos sobre elas. Impor as mãos é um gesto de comunicação da bênção. No Evangelho, em muitas curas, Jesus impõe as mãos sobre os enfermos. Os apóstolos também aparecem impondo as mãos, ao curar os doentes. Impor as mãos é comunicar a bênção de Deus ou o dom do seu Espírito.

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Levaram crianças para Jesus abençoar. Criança é importante, é a mentalidade de Jesus. Criança atrapalha, pensavam os discípulos. Jesus pensava o Reino como uma grande Casa de família, onde Deus é Pai e nós todos somos filhos e irmãos. E, nesta grande família, é às crianças, aos doentes e aos idosos que se deve prestar mais atenção. Os discípulos pensavam o Reino como uma instituição de poder, com uma elite mandando na maioria. Nessa mentalidade, gente pequena não vale, criança não conta. O Reino de Deus é das crianças e de quem se parece com elas, ensinou Jesus.

Levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração (Mt 19, 13)

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