Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o
Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo (Mt 4, 23)
26 de janeiro de 2020
Neste
terceiro Domingo do Tempo Comum, estamos celebrando o DOMINGO DA PALAVRA DE
DEUS. O evangelho nos conta como Jesus, ao saber da prisão de João Batista, foi
morar em Cafarnaum e começou a pregar o Reino de Deus. Os primeiros seguidores
eram pescadores e Jesus os convidou a pescarem gente, com ele. O texto do evangelho
de hoje termina com um pequeno resumo da atividade de Jesus: ele andava por
toda a Galileia, ensinando, pregando, curando.
Podemos,
hoje, manter o foco nessa atividade de Jesus: a pregação. Lemos no v. 7: “Daí
em diante, Jesus começou a pregar
dizendo: Convertam-se, porque o reino dos céus está próximo”. Então, em sua
pregação, Jesus convocava à conversão, à mudança de vida, em vista do reino que
estava próximo. No v. 23, lemos: “Jesus andava por toda a Galileia, ensinado em
suas sinagogas, pregando o evangelho do
reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo”. Então, pregava
o evangelho do reino e, em realização de sua pregação, curava o povo de suas
enfermidades. Assim, o reino ficava bem compreendido como intervenção salvadora
de Deus. Na 1a. carta aos Coríntios,
Paulo escreveu: “De fato, Cristo não me enviou para batizar, mas para pregar a boa-nova da salvação, sem me
valer dos recursos da oratória para não privar a cruz de Cristo de sua força própria”. Então, é verdade, nas leituras de hoje, podemos ter um foco especial na pregação de Jesus.
Ao que parece,
Jesus não pregava apenas repetindo as palavras dos pergaminhos, dos livros santos.
Bom, em Nazaré, como certamente em todas as Sinagogas, o vemos partir da leitura
dos textos sagrados. Mas, a novidade era a atualização que ele fazia daquelas
palavras. Em Nazaré, por exemplo, ele disse: “Hoje se cumpriram as palavras que
vocês acabaram de ouvir’’. Essa era a novidade de Jesus. Ele anunciava uma
palavra viva, cheia de sentido para a vida dos seus ouvintes. Não era um repetidor
dos escritos e da tradição, carregando o povo de obrigações com a Lei, como os
fariseus. Nele, aquelas palavras se realizavam. Por ele, as antigas promessas tornavam-se
vida. Pela sua pregação, as pessoas compreendiam a Palavra como manifestação do
amor misericordioso de Deus. Por isso, se admiravam como ele falava com
autoridade, não como os escribas.
O Papa
Francisco, que em setembro do ano passado, escreveu uma Carta Apostólica marcando
este domingo para a celebração, reflexão e divulgação da Palavra de Deus, chamou
a atenção para o fato do Espírito Santo tornar viva e atual a palavra escrita.
Escreveu ele: “Para alcançar a finalidade salvífica, a Sagrada Escritura, sob a
ação do Espírito Santo, transforma em Palavra de Deus a palavra dos homens
escrita à maneira humana. O papel do Espírito Santo na Sagrada Escritura é
fundamental. Sem a sua ação, estaria sempre iminente o risco de ficarmos
fechados apenas no texto escrito, facilitando uma interpretação
fundamentalista, da qual é necessário manter-se longe para não trair o caráter
inspirado, dinâmico e espiritual que o texto possui. Como recorda o Apóstolo,
«a letra mata, enquanto o Espírito dá a vida» (Carta apostólica do Papa Francisco
“Aperuit illis”, sobre
o Domingo da Palavra de Deus).
Guardando a mensagem
Estamos
no Domingo da Palavra de Deus. Jesus, ao iniciar sua missão, começou a pregar a
conversão, em vista do reino que estava chegando. Andava pelas sinagogas da
Galileia, pregando o evangelho do reino e curando as enfermidades do povo. São Paulo
afirmou que Cristo o mandou pregar a boa-nova da salvação. O conteúdo da pregação
é o anúncio do reino de Deus que chegou, com Jesus, como reconciliação, vida plena,
perdão, salvação. O povo distinguia claramente a pregação de Jesus da pregação
dos fariseus. Jesus, com os textos e a tradição da fé do seu povo, comunicava o
tempo novo que estava chegando, pela misericórdia de Deus. Os fariseus, repetindo
as normas e os mandamentos dos livros ou da tradição, colocavam pesadas cargas
nas costas do povo. O Espírito Santo é quem vivifica a Palavra. Ele, que inspirou
os autores sagrados, continua inspirando a Igreja e os seus filhos a
compreenderem e a acolherem a mensagem divina para as suas vidas. O Espírito
Santo continua nos ajudando a acolher a Palavra da Salvação, particularmente na
pregação litúrgica e na leitura orante da palavra de Deus (a lectio divina).
Jesus andava por toda a Galileia, ensinando em suas sinagogas, pregando o
Evangelho do Reino e curando todo tipo de doença e enfermidade do povo (Mt 4, 23)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Estamos felizes
por estar celebrando hoje o Domingo da Palavra de Deus. Tu és o Cristo, o ungido
pelo Espírito Santo para a missão. Assim, não és apenas um grande pregador da
Palavra de Deus, mas tu és a própria Palavra, o Verbo feito carne. Dá-nos,
Senhor, o teu Santo Espírito para compreendermos as Escrituras e para te conhecer
e amar ainda mais. O Papa Francisco falou pra gente ter mais confiança na ação do
Espírito. Ele continua a realizar a sua inspiração quando a Igreja ensina a
Sagrada Escritura, quando o Magistério a interpreta de forma autêntica e quando
cada um de nós faz dela a sua norma espiritual. Senhor, livra-nos do fundamentalismo,
que interpreta tudo ao pé da letra, sem o discernimento do Espírito e da inteligência
humana. E não deixes viver indiferentes às tuas abençoadas palavras com que nos
conduzes como bom pastor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Ponha a
sua Bíblia, hoje, em destaque, na sua casa. Nela, leia o evangelho de hoje: Mateus
4, 12-23.
26 de janeiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb