PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: reino de deus
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OLHA COM QUE SE PARECE

O Reino dos Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo (Mt 13, 44)

Jesus falava muito do Reino de Deus. Mas, muito mesmo. E para as pessoas entenderem melhor de que ele estava falando, recorria a comparações. Contava parábolas. Nas comunidades de Mateus, pela sensibilidade judaica que eles tinham, dizia-se Reino dos Céus. O que seria o Reino de Deus? A gente vivendo no amor de Deus. Seria esta uma forma de dizer o que é o Reino. A gente vivendo no amor de Deus. A salvação que Deus nos oferece. A nossa comunhão com ele. Seriam outras formas de dizer o que seria o Reino de Deus. Mas, Jesus não queria encaixotar o Reino de Deus numa definição. Contava parábolas para falar da riqueza e da beleza do Reino de Deus em nossa vida.

No evangelho de hoje, liturgia do 17º domingo comum, Jesus conta três parábolas para falar do Reino de Deus: o tesouro, a pérola e a rede. Em cada uma, bilha algum aspecto do mistério do Reino de Deus. Vejamos.

O Reino de Deus é como um tesouro escondido no campo. O Reino é um dom, um presente do céu. O agricultor está trabalhando e dá com a enxada num tesouro escondido. Poderia ser uma botija, uma fortuna enterrada. Ou poderia ser um minério precioso. O tesouro estava ali. E ninguém sabia. Mas, agora o agricultor o descobriu. Mas, não basta descobrir. Para possui-lo, ele precisa vender tudo o que tem para comprar aquele campo. Acolhe-se o Reino de Deus como um dom, renunciando a todos os outros dons que tenhamos, colocando esse em primeiro lugar. O Reino é um dom, um tesouro escondido no campo.

O Reino de Deus é como um comprador que procura pérolas preciosas. Ele está à procura de uma pedra de maior valor, algo pelo qual valha a pena investir tudo. E na sua procura, encontra uma pérola imensamente valiosa. A pérola já existia, e ele a encontrou. O Reino não é o resultado de nossa busca, de nossos sonhos, ele já existe. Mas, precisa ser buscado... “Buscai primeiro o Reino de Deus”, falou Jesus em outra ocasião. Por um lado, o Reino é um dom com que nós esbarramos na vida; por outro, é a resposta às nossas buscas, aos nossos anseios, aos nossos sonhos. Dom e Resposta. Do mesmo modo, para que eu tenha posse desta preciosa pedra, preciso renunciar a todas as outras, a tudo o que tenho, para que ela seja o único valor de minha vida. Para que eu seja dela.

O Reino de Deus é também como uma rede lançada ao mar que apanha todo tipo de peixe. Jesus tinha convidado os primeiros discípulos para serem pescadores de gente. O anúncio do Reino, com palavras e ações, é como a Rede que procura a todos, que a todos quer abraçar. É verdade que nem todo peixinho vai servir.  A rede é a atividade missionária da Igreja. Por ela, os discípulos continuam a obra de Jesus, retirando os filhos de Deus da dominação do mundo (simbolizado no mar). A rede lançada ao mar fala da missão. O Reino é dom (o tesouro escondido), é resposta (a pérola sonhada), é missão (a rede lançada ao mar).

VOCÊ ESTÁ VENDO?

Muitos profetas e justos desejaram ver o que vocês vêem, e não viram. Desejaram ouvir o que vocês ouvem, e não ouviram (Mt 13, 27).

O que será que eles estavam vendo e ouvindo? O que será que profetas e justos tanto desejaram ver e ouvir, e não conseguiram? As coisas que estavam acontecendo com a presença de Jesus. O que Jesus estava anunciando: o Reino de Deus. O que eles estavam vendo? O Reino de Deus sendo inaugurando com a presença de Jesus. O que eles estavam ouvindo? A pregação do Evangelho do Reino.

E isso foi esperado por tanta gente, ao longo de séculos. Profetas e justos não conseguiram vê-lo. Mas, aquela gente estava presenciando o Reino de Deus que chegara. A boa notícia, o evangelho, é que o Reino chegou. Foi esse o anúncio de Jesus desde o início de sua atividade missionária: “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. A presença de Jesus salvando, libertando, restaurando é o Reino acontecendo. Suas palavras, confirmadas por suas ações, estavam instaurando o reinado de Deus no meio do seu povo.

Como o povo do tempo de Jesus, nós também estamos tendo a chance de ver o Reino que está entre nós e de ouvir a pregação dessa boa notícia, o evangelho. E essa boa nova do Reino de Deus é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. Não é apenas uma notícia entre outras, uma manchete a mais. É a resposta que a humanidade ansiosamente estava esperando. É a presença e atuação do Messias que Israel acalentara em seus sonhos proféticos ao longo de séculos. É a revelação de algo maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, bate à nossa porta. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, saúde, paz, perdão.

Não se pode ficar indiferente diante desse anúncio da chegada do Reino. Essa boa nova nos pede uma resposta, nos propõe adesão, acolhida, conversão. Lembra o que Jesus falou? “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. Conversão é mudar o foco e o rumo da própria vida, sintonizando-a com o Reino. Crer é acolher Jesus e o seu anúncio do Reino de Deus. Trata-se, então, de acolher Jesus, porque  afinal a Palavra fez-se gente, o verbo se fez carne.

Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Foi o que Jesus falou. Quem tiver ouvidos para ouvir.  Significa que existe alguém que tem ouvidos, mas não escuta. Como ele disse, tem olhos, mas não vê. É que é possível não querer ouvir, não querer ver, rejeitar a boa notícia do Reino que chegou como salvação. A liberdade humana é respeitada por Deus, que nos criou livres.  O Reino não é uma imposição que nos anula, uma nova ordem que nos é imposta. Resta a liberdade da escolha ou da rejeição. Como diz o livro santo: “Diante de ti estão a vida e a morte. Escolhe!”.  Ao amor de Deus manifesto em Cristo, a única resposta possível é o amor. E não existe amor obrigado, adesão compulsória. Só na liberdade, o homem pode responder adequadamente à pregação do Reino.

A GRANDE NOVIDADE

No caminho, vocês anunciem: O Reino dos céus está próximo (Mt 10,5)
Jesus chamou os doze, deu-lhes poder sobre a doença e sobre o mal e os enviou em missão. Entre outras coisas, recomendou que avisassem ao povo que o Reino estava próximo.  O evangelista Mateus, por escrever seu evangelho entre comunidades formadas por judeus, evita dizer o nome “Deus”,  substituindo-o  por “céus”. Reino dos céus. Doze é uma representação do povo de Deus e de sua organização, de sua liderança. O povo do Antigo Testamento era o povo das doze tribos, dos doze patriarcas. A escolha e o envio de doze líderes mostra a intenção da ação de Jesus: ele está construindo um novo momento do povo de Deus, o povo que estará unido a Deus pela nova e eterna aliança.
Jesus dá várias instruções aos doze. De uma forma ativa, eles se associam à missão de Jesus. E a missão de Jesus está descrita um pouco antes, no final do capítulo 9: Jesus vendo as multidões, se compadeceu delas e as ensinava, pregando o Reino de Deus e curando as suas enfermidades. Compadecia-se de sua situação e lhes anunciava o Reino de Deus que chegou com ele para liberdade e salvação de todos. Eles deviam anunciar que o Reino estava próximo, isto é, aproximou-se, chegou para eles. O Reino é Deus nos salvando em Cristo.  Assim, os apóstolos pelo caminho devem avisar ao povo essa novidade, com palavras, mas também com gestos e ações onde se reconheça que Deus está agindo em favor do seu povo necessitado. O Reino é Deus nos libertando. É isso que está sinalizado nas curas de enfermidades e expulsões de espíritos impuros.
Meditando o evangelho, nos damos conta do amor de Deus que vem nos encontrar, da presença de Jesus que continua nos buscando e nos encontrando nos caminho de nossa vida e de nossa história. Nossa tarefa é também avisar a todos que o Reino do amor de Deus chegou, vencendo o ódio, a dor, o pecado. Esse é a boa nova, o evangelho a ser anunciado, a grande novidade.

A Lei da Nova Aliança ou as Bem-aventuranças

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e sentou-se. Os discípulos aproximaram-se, e Jesus começou a ensiná-los (Mt  5, 1-2).


São quatro ações de Jesus descritas na abertura do Sermão da Montanha (Mt 5). Faça as contas: Vendo Jesus as multidões (1ª. Ação), subiu ao monte (2ª. Ação)  e sentou-se (3ª. Ação). Os discípulos aproximaram-se (essa ação é dos discípulos), e Jesus começou a ensiná-los (4a. Ação de Jesus). Quatro, você sabe, é um número de totalidade, abrangente como os quatro pontos cardeais.

Estamos no início do chamado Sermão da Montanha, que compreende os capítulos 5, 6 e 7 de Mateus. O Sermão da Montanha é a proclamação da Lei do povo da nova aliança.
Vamos às quatro ações iniciais de Jesus. A primeira foi “Vendo as multidões”... Ele vê o povo que acorre para ouvi-lo, para pedir a cura de suas doenças... Ele não vê só com os olhos, vê com o coração. Na história que contou do homem assaltado e caído na estrada, só o samaritano viu, aproximou-se e cuidou dele. O sacerdote e o levita viram, mas passaram adiante. Jesus vê as multidões como Deus que falou com Moisés no Monte Sinai: “Eu vi, eu vi a miséria do meu povo que está no Egito. Ouvi seu grito por causa dos seus opressores, pois eu conheço as suas angústias”. A primeira ação foi “Ver as multidões”, um olhar de compaixão e de compromisso com o seu bem.

Felizes os aflitos!

Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. (Mt 5, 4)


 Estamos no início do sermão da montanha, no evangelho de São Mateus. As bem-aventuranças são um grande manifesto do Reino de Deus. Em Mateus, contamos nove bem-aventuranças. Elas traçam o perfil do cidadão do Reino. São felizes em sua condição de sofrimento, pobreza, perseguição, aflição,..  porque é Deus quem lhes assegura todo bem: a terra, a paz, a justiça. Em sua fraqueza, em sua carência, experimentam o poder de Deus que vem em seu auxílio, cumulando-os de todo bem. O Reino é, assim, o dom de Deus na vida de quem se sente pequeno e sofredor.

Essa é a segunda bem-aventurança: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados” (Mt 5, 4). Quem são os aflitos? São os que estão desesperados, os que estão se encontrando sem saída, os que chegaram ao seu limite. Não encontram mais solução, não conseguem mais resolver os problemas. Lembra o povo de Deus, perseguido pelos exércitos do Faraó, com o mar pela frente. Não pode voltar, nem pode mais avançar. Está em grande aflição. Eles não têm mais o que fazer. Ali, experimentando sua tremenda fraqueza, o povo faz experiência do poder libertador do seu Deus: o vento forte, durante toda a noite, baixa as águas e eles atravessam aquele braço de mar vermelho, alcançando a liberdade. E a maré volta a encher, para desgraça dos seus perseguidores. Os aflitos foram consolados, libertados.

Era ou não era rei?

Não é só chamar Jesus de rei. Se isso for uma assimilação da pessoa de Jesus com os senhores deste mundo, aí chamá-lo de rei pode ser até uma blasfêmia. Mas, na tradição bíblica Deus é Rei. Mas, não é rei como Faraó ou como Nabucodonor.

A ovelha perdida

Jesus anunciou que o Reino de Deus estava chegando. Foi assim que ele começou sua missão entre nós.  Os evangelhos contam que Jesus, depois da morte de João Batista, voltou para a Galileia e começou a pregar. E era esse o conteúdo de sua pregação. "O tempo já se cumpriu, e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho" (Marcos 12, 14-15). Jesus convidava as pessoas a viverem esse novo momento, em que Deus estava tão próximo e tão vizinho de todos, o Reino de Deus. Com sua palavra, com curas e milagres, ele foi conduzindo muita gente para o caminho de Deus, para viver no seu amor. Com sua morte e ressurreição, o Pai deu aos que creram no seu filho a possibilidade de viverem na completa comunhão consigo. O que Jesus estava fazendo? Estava construindo a Igreja. O que é a Igreja, senão a comunhão do povo com Deus Pai, por meio de Cristo, no seu Espírito?! Toda a obra de Jesus foi restabelecer a comunhão do povo com Deus. A Igreja é o resultado desta obra. É o povo novo que nasce da obra redentora de Jesus.

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