PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: missão
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JUNTO A MIM, TEU BASTÃO, TEU CAJADO



MEDITAÇÃO PARA A QUINTA-FEIRA, DIA 01 DE FEVEREIRO DE 2018.
Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).
Jesus está enviando os doze em missão. Só isso, já vale uma meditação. Toda a igreja é missionária. E lhes faz algumas recomendações, sobretudo de que eles partissem em missão, em grande despojamento. Não levassem pão, nem sacola, nem dinheiro. Só com a túnica do corpo, sandálias nos pés e um cajado. Um cajado. Por que deviam levar um cajado?
Cada evangelista, mesmo narrando a mesma cena, deixa seu toque especial. Cada pessoa, mesmo contando a mesma história, marca sua diferença num detalhe, não é assim? Marcos, o nosso evangelista deste ano, diz que Jesus mandou levar um cajado. Mateus e Lucas, dão outros pormenores, e incluem o cajado na lista do que Jesus disse que não levasse. E agora? Agora, é ver qual é o sentido desse cajado na história.
Bom, vamos deixar o evangelho de Marcos quieto e vamos para o livro dos Salmos. O salmo 23, que você conhece bem, diz assim: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz repousar.... Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim. Teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Viu que entrou o cajado nessa oração? O Senhor é o meu pastor. Deus é o nosso pastor. Nós somos as ovelhas do seu rebanho. Ele nos conduz para boas pastagens e para águas correntes. E mesmo que você esteja numa situação muito difícil, como é ele que conduz você, você não tem o que temer. O bastão e o cajado dele são a sua segurança. Bom, bastão e cajado são a mesma coisa. É a vara com uma haste arredondada que o pastor tem sempre na mão. E por que o cajado de Deus, nosso pastor, é a sua segurança?
Aí eu preciso lhe dizer pra que servia o cajado ou bastão, na mão do pastor. Você não tem ideia como a profissão de pastor era trabalhosa, no tempo da Bíblia! O pastor tinha que levar as ovelhas, todo dia, para pastar, num lugar que tivesse água também.  Coisa difícil naquela terra seca (grande parte da Palestina) e complicada se encontrasse pela frente um roçado, uma plantação. E você pode imaginar, ovelha é bicho obediente, mas em grande número, é um quebra-cabeça pra manter o rebanho junto ou no caminho certo. Aí o cajado é importante para tanger ou conter ovelhas afoitas. Já tem uma haste arredondada própria para segurar as ovelhas que estiverem se afastando, por exemplo. E mais, no campo havia muitas feras doidas pra comer uma ovelha gordinha: lobos, ienas, leões... Aí o cajado era a arma para enfrentar as feras e defender as ovelhas. E, de noite, tinha-se que ficar vigilante...não faltava ladrão querendo carregar as ovelhas. Aí o cajado era a defesa do pastor. Ele partia com tudo pra cima do ladrão e o bandido saía todo machucado. Olha aí os três usos do cajado ou do bastão: organizar a marcha das ovelhas, afugentar as feras do campo e lutar contra os assaltantes.  Os pastores eram quase sempre jovens, fortes e briguentos. Ninguém se metesse com eles, não.
Vamos de novo ao salmo 23: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz repousar.... Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim. Teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Deus me defende. Ele enfrenta o lobo ou o ladrão e não permite que me façam mal. O seu cajado é a sua segurança. Deus toma a sua defesa. Ele cuida de você. Jesus disse, no evangelho de João: “Eu sou o bom pastor. O mercenário, quando o lobo ataca, ele corre e larga as ovelhas. Eu dou a vida pelas minhas ovelhas”.
Vamos guardar a mensagem
Jesus enviou os doze em missão. A recomendação foi que não levassem nada, a não ser um cajado. Cajado é coisa de pastor. O pastor é Jesus. Eles participam da missão de Jesus, de cuidar do rebanho. O cajado representa a responsabilidade do pastor de cuidar das ovelhas (com o cajado, ele tange as mais lentas e segura as mais apressadas). Mas representa também o zelo que eles devem ter na defesa do rebanho (com o cajado, o pastor afugenta as feras do mato e enfrenta os larápios). Os doze são, então, os pastores do rebanho de Deus, nossos líderes religiosos. É por isso que os nossos bispos têm um báculo, imitando o cajado dos pastores. O báculo representa a responsabilidade que eles receberam de cuidar do povo de Deus e de defendê-lo de todas as ameaças (heresias, ideologias totalitárias, divisões, etc.), como bons pastores.
Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Está dito no evangelho de hoje, que os doze partiram  e fizeram três coisas: pregaram que todos se convertessem, expulsaram muitos demônios e curaram numerosos doentes. Realmente, tinham mesmo que levar o cajado, assim começaram a entender que são pastores do teu povo: organizam o rebanho, expulsam o mal e derrotam as doenças.  Senhor, nós te bendizemos porque somos ovelhas do teu rebanho.  E te pedimos que, com o teu Santo Espírito, sustentes os teus ministros em sua missão de ensino, de pastoreio e de santificação do rebanho.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Reze, hoje, pelo padre de sua comunidade. Faça uma prece pelo seu bispo, também.

Pe. João Carlos Ribeiro – 01.02.2018

SEM SACOLA E SEM DINHEIRO


Não levem nada para o caminho (Lc 9,3)
‘Jesus convocou os Doze, deu-lhes poder e autoridade sobre todos os demônios e para curar doenças, e os enviou a proclamar o Reino de Deus e a curar os enfermos’. O envio dos doze apóstolos é uma página missionária da Igreja. Os doze representam a nossa comunidade, comunidade que nasceu do trabalho missionário de Jesus. Esse modo de falar – doze – mostra uma comunidade organizada, em continuidade com o povo do Antigo Testamento. A missão é de todo o povo de Deus, com seus líderes à frente. E o envio dos doze é para que anunciem o Reino de Deus. O Reino é o reinado de Deus em nossas vidas e em nosso mundo. O reinado de Deus supera e vence o reinado do mal, por isso os missionários recebem poder sobre o demônio e sobre a doença. A doença é a cara do sofrimento que o mal e a morte espalham.
O Reino é um dom de Deus, é a liberação dos seus filhos e filhas da dominação do mal e da morte. Não é o resultado de uma estratégia bem montada pelos missionários. Eles são simples instrumentos. É obra de Deus. Aliás, o Reino é de Deus e o que os enviados conseguem realizar é pela sua força, pelo seu poder. Por isso a recomendação: ‘Não levem nada para o caminho: nem cajado, nem sacola, nem pão, nem dinheiro, nem mesmo duas túnicas’.  Cajado é um sinal de defesa e segurança. Renunciem a isso. Sacola representa a confiança nos bens, nos instrumentos. O Reino não é uma estratégia. É um dom. Também não devem levar pão, que é o símbolo da sobrevivência. É preciso antes confiar na Providência. Nem levar dinheiro -  renunciar à segurança financeira. Nem duas túnicas, duas mudas de roupa. A proteção necessária é a de Deus. Tudo isso é simbólico, para dizer: o missionário deve por sua confiança em Deus.
Vamos guardar a mensagem de hoje
A missão é de todos. E a missão é comunicar que o Reino de Deus chegou com Jesus. É sugerir às pessoas que abram o seu coração, abram as portas de suas vidas para acolhê-lo. O Reino de Deus ou o seu reinado é a vitória sobre o mal no mundo e o pecado.  Ele não é o resultado de uma intensa propaganda de massa. É um segredo facilmente compreensível pelos simples e humildes. E não se implanta pela força ou pelo prestígio de alguém. Não somos um exército impondo uma nova lei. O Reino supõe a liberdade. Se não abrirem as portas, o Reino não entra. Não é uma invasão. A gente só bate à porta, não a arromba. Por isso, o missionário precisa se despojar de qualquer segurança humana.

Pedro, Paulo e os dois desafios

Por isso eu te digo que tu és Pedro, e sobre esta pedra construirei a minha Igreja, e o poder do inferno nunca poderá vencê-la (Mt 16, 18)

Nós temos dois desafios. O primeiro é que o nosso povo batizado conhece pouco a fé cristã, inclusive boa parte nem pisa na Igreja. O segundo é que os que participam se contentam com a Missa de vez em quando, e não se sentem responsáveis pela evangelização dos outros.

Quando houve aquela grande assembleia de bispos da América Latina em Aparecida, em 2007, eles transformaram esses desafios em um compromisso duplo: levar o povo católico a ser um povo de discípulos missionários. Como bons discípulos do Senhor, cada um  conhecer melhor a fé cristã, professá-la com sinceridade e ensiná-la aos outros. Como seus missionários, levarmos o fermento do evangelho ao mundo, levando a boa nova aos afastados, distantes e excluídos.

A solenidade de São Pedro e São Paulo, que celebramos hoje, pode reforçar essa nossa caminhada de formação e compromisso como discípulos missionários. Os dois apóstolos, Pedro e Paulo, são exemplos, modelos de compromisso com o Senhor e com a missão evangelizadora. Eles são igualmente nossos intercessores junto a Deus na animação de comunidades de discípulos missionários, igreja em saída para as periferias humanas. Mesmo os dois apóstolos sendo modelos de cristãos discípulos missionários, podemos olhar para cada um deles e identificar de maneira mais acentuada uma dessas dimensões.

As quatro tarefas da missão

Jesus chamou os doze discípulos e deu-lhes poder para expulsarem os espíritos maus e para curarem todo tipo de doença e enfermidade (Mt 10,1).

Jesus fica com pena do seu povo. É o rebanho de Deus, mas se apresenta assim tão abandonado, descuidado, desorientado... Ovelhas cansadas e abatidas. Ovelhas sem pastor. Diante desse quadro, dessa percepção, Jesus é tomado pela compaixão. É urgente que o rebanho conte com bons pastores, com boas lideranças. Pastores que cuidem das ovelhas estropiadas, que recuperem as desfalecidas, que lavem as sujas, que as defenda dos lobos. Esse povo que se encontra nesta situação tão triste tem uma bela vocação: ser um reino de sacerdotes, uma nação santa. É o povo que fez aliança com Deus, aos pés do Sinai. É o que está lembrado no livro do Êxodo (primeira leitura).

Diante desse quadro tão doloroso (um povo humilhado, sem liderança), Jesus toma três iniciativas. A primeira, recomendar que os discípulos roguem ao Pai que ele mande essas lideranças que o seu povo está precisando. A segunda iniciativa:  organizar o seu grande grupo de discípulos, nomeando doze líderes. Chamou doze, porque estava simbolicamente reorganizando todo o rebanho de Deus, o povo das doze tribos, que fora liderado por doze patriarcas. A terceira iniciativa foi enviar os doze em missão.

Cristão-luz

Jesus falou assim: Vocês são a luz do mundo!  Como uma cidade no monte, para orientar os viajantes. Como a luz do candelabro no alto, para iluminar os que estão em casa. Que belo ensinamento! O cristão é a luz do mundo. Sem ele, o mundo fica no escuro. Todos sabemos, no entanto, que Jesus é que é a verdadeira luz. Ele mesmo falou: Eu sou a luz do mundo. Então, a nossa luz é a uma resplandescência da luz de Cristo em nós.

O discípulo em missão

Na grande Conferência do Episcopado em Aparecida, o grande desafio foi lançado: cada cristão seja um discípulo fiel do Mestre e, ao mesmo tempo, torne-se um ardoroso missionário do seu Evangelho! Discípulo missionário: é disso que se trata.  Jesus, ao enviar os seus discípulos em missão, deu-lhes algumas orientações. As suas orientações em Mateus 10, 7-13 continuam valendo.

O segredo do missionário

Se entrasse na sua cabeça que você é um missionário, uma missionária, aposto que muita coisa iria mudar na sua vida. E na vida de sua família e de seus amigos e conhecidos. E o que é que falta? Falta você ter mais amor a Jesus Cristo e compreender melhor qual é a  missão que ele lhe confiou. 

Vou tentar ajudar... Dê-me uma chance, por favor... vou tentar lhe explicar melhor tudo isso. Comecemos pensando o que é a missão. É o que Jesus veio fazer: ele veio em missão. A tarefa dele era comunicar ao povo que Deus ama cada um, quer viver em comunhão com os seus filhos e suas filhas e que esse amor é o segredo da felicidade que cada um está procurando. Foi a missão de Jesus. Para comunicar essa boa notícia do amor de Deus, ele veio, falou às pessoas, curou os doentes, defendeu os humildes, enfrentou resistências e perseguições e até a morte de cruz. Deus o ressuscitou e assim confirmou tudo o que ele tinha anunciado. E deu a quem crer no seu filho e na sua mensagem o prêmio de se tornaram seus filhos. 

Quem tem a sorte de aceitar a mensagem de Jesus, abre os seus braços para receber o abraço do Pai que tanto nos ama e passa a viver a graça de ser seu filho, sua filha, reconciliado e restaurado como nova criatura. Essa é a missão. Comunicar isso às pessoas: que Deus nos ama, que em Jesus cada um pode renascer como uma nova criatura. Uma nova criatura resgatada do poço em que o pecado nos lançou. Essa é a missão: levar esse recado do amor a quem não está ainda sabendo ou anda esquecido e afastado. 

Vou lhe fazer uma pergunta: o que levou Jesus a realizar a sua missão com tanta generosidade e dedicação? Sim, porque ele não veio de cara feia. E mesmo diante do quadro injusto da perseguição e da morte na cruz, ele não recuou. Ao contrário, ofereceu ao Pai a sua própria vida em resgate dos que o rejeitaram. Pode responder: o que levou Jesus a realizar a sua missão com tanta generosidade e extremada doação de si mesmo? Pensou? ... O amor que ele tinha pelo Pai, claro! E o amor que ele tinha pelas pessoas deste mundo, seus irmãos de humanidade. Não tenha dúvida. Foi o amor por Deus e pelos irmãos que sustentou Jesus na sua missão. 

Então, você já sabe o segredo. O que faz de um cristão, de uma cristã um missionário, uma missionária? O amor a Deus e ao próximo. A adesão incondicional à pessoa de Jesus Cristo Salvador. E o amor solidário pelos nossos semelhantes que nos faz partilhar com eles nossa fé no Senhor Jesus. 

Está claro: tudo começa com nossa adesão e nosso amor a Jesus e seu Evangelho. O que vou fazer ou dizer aos outros decorre disso. Na verdade, a missão é o testemunho que eu dou de que encontrei Jesus. E que fui restaurado no seu amor. É isso que eu vou anunciar. É esse o meu testemunho. 

Você encontrou Jesus? Então você agora só pode ser um missionário, uma missionária. Não pode guardar este segredo de felicidade só para você. Tem que comunicá-lo aos outros. O que São Paulo dizia serve pra mim e pra você: "Ai de mim se eu não evangelizar". Quem encontrou Jesus pra valer, pode escrever, vira missionário. 

Pe. João Carlos Ribeiro

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