PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: comunidade
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PENSANDO BEM, VENDO MELHOR



Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16, 13)

16 de junho de 2019 – Domingo da Santíssima Trindade

A nossa realidade é assim. Desunião dentro de casa. Gente brigada na comunidade. Um país polarizado. Gente que não escuta, nem dialoga, só correndo atrás do seu interesse. Mas, não estamos satisfeitos com isso. Sonhamos com algo bem diferente. Famílias, onde se vive amor e respeito. Comunidades inclusivas e solidárias. Um país no caminho da justiça e da fraternidade. Esse é o sonho que temos no coração.

Podemos pensar: temos um bom exemplo a seguir, a Santíssima Trindade. Eles são três pessoas, mas são um só Deus. Cada um tem a sua individualidade: um é o Pai; outro é o Filho; e o outro é o Espírito Santo. São três, cada um tem sua atuação, mas vivem na perfeita unidade. São um. Podemos nos inspirar nesse modelo para construir famílias e comunidades unidas e felizes. 

Podemos pensar um pouco mais. Nós fomos criados à imagem e semelhança de Deus. Então, já está no nosso DNA a inclinação para a compreensão, a cooperação, a unidade. Por isso, ficamos tão desapontados com esse desencontro, essa concorrência, essa busca egoísta de felicidade que experimentamos todo dia, em nós, em nossas famílias, em nossas comunidades. 


Pensando ainda melhor, podemos perceber uma realidade surpreendente. O Deus uno e trino, que habita no mais alto do céu, o Deus que adoramos não é apenas um belo modelo a ser imitado. Nós já vivemos mergulhados nele, na grande experiência do seu amor. O salmo oitavo exalta o ser humano e pergunta ao Altíssimo: “Senhor, que é o homem, para dele vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?”. É que nos vemos rodeados de tanta atenção, de tanto carinho, participantes do seu poder e de sua glória. O Deus lá do alto fez morada cá entre nós. Nós nos sentimos, como Pedro, Tiago e João na transfiguração de Jesus, no Monte: envolvidos pela nuvem de sua presença e de sua glória. 


De saída, precisamos nos dar conta de uma coisa. Tem alguém que nos abre os olhos da fé para ver essa verdade tão pertinho de nós, para termos a experiência de nos sentirmos amados, abraçados e inseridos na comunidade divina, como filhos. Nem precisa pensar muito. Nas leituras de hoje, está clarinho: esse alguém é o Espírito Santo. Ele já estava ao lado do Pai, na criação do mundo. Ele é a sabedoria que dirigiu a obra da criação, pulando de contentamento pelas coisas lindas que estavam sendo feitas. É o que nos conta o Livro dos Provérbios. Ele, o Espírito Santo é quem derrama o amor de Deus em nossos corações, em nós que fomos redimidos por Cristo, nos diz a Carta aos Romanos. Ele, o Espírito, é quem está nos ajudando a compreender coisas que nós, anteriormente, não éramos capazes de compreender. Ele é o enviado do Pai e do Filho que está nos conduzindo à plena verdade. É Jesus nos falando no evangelho de hoje, João 17. 

Já estamos mergulhados na Trindade. Como disse Paulo, em sua pregação em Atenas: “nele vivemos, nos movemos e somos” (At 17). Fomos inseridos na comunhão com o Pai, pela reconciliação que Cristo, o filho, nos alcançou em sua cruz. O Santo Espírito foi derramado sobre nós como água viva, nos comunicando a graça da filiação divina. E não nos esqueçamos que fomos criados por Deus, na maravilhosa atuação do Pai, criados à sua imagem e semelhança. Já estamos mergulhados no mistério do Deus uno e trino que contemplamos, tentando imitá-lo em nossa vida de família e de comunidade. 

Guardando a mensagem

Construir comunidades de amor, onde as individualidades sejam respeitadas, onde se dialogue nas diferenças e se reencontre no perdão, não é algo utópico. Dá pra gente fazer. Mesmo com nossa fraqueza, dá pra gente construir famílias mais felizes e comunidades mais acolhedoras. A comunhão é coisa da nossa própria natureza espiritual, nós que agora somos irmãos no Senhor, membros do seu único corpo, filhos e filhas do mesmo e eterno Pai, habitados todos pelo único Espírito. Então, cuidemos de ser mais amorosos dentro de casa, com nossos pais, com nossos irmãos e parentes; mais gentis e generosos com quem encontrarmos; mais gratos e apaixonados pela mãe Igreja, que nos gerou como filhos para Deus e, permanentemente, nos alimenta com o pão da Palavra e da Eucaristia. 

Quando, porém, vier o Espírito da Verdade, ele vos conduzirá à plena verdade (Jo 16, 13)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 

A experiência que temos, no dia-a-dia, termina nos fazendo descrentes do grande sonho da fraternidade que está no nosso coração. Nosso estilo de vida nos leva a tratar os outros com segundos interesses ou nos afastar deles tomando-os como inimigos, adversários, concorrentes. Assim vamos perdendo a confiança e o respeito pelos outros e destruindo as boas chances de aproximação, cooperação, amizade. Repetimos esse mesmo esquema dentro de casa, na Igreja também. Daqui a pouco não nos sentiremos mais filhos amados, mas críticos amargos de tudo e de todos. Ah, Senhor, esse domingo da Santíssima Trindade nos ajuda a dar um freio nisso. Não somente Deus é maravilhosamente uno e trino, uma comunidade de amor, que podemos imitar. Mas, por graça, estamos inseridos nessa comunidade de amor. Somos filhos. Somos irmãos. Somos amados. Estamos em comunhão. Que o teu Santo Espírito nos ajude a viver esse amor em casa, na rua, na igreja, no trabalho, na sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Quando, hoje, for fazer o sinal da cruz, faça-o devagar e pensando como o mistério do Deus uno e trino, Pai, Filho e Espírito Santo nos abraça. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 17 de junho de 2019

A COMUNIDADE DA MISERICÓRDIA


Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja com vocês” (Jo 20, 19)

28 de abril de 2019.

“A paz esteja com vocês!” – foi a saudação de Jesus ao se reencontrar com os discípulos no dia de sua ressurreição.  Já era a noitinha daquele domingo, o primeiro dia da semana. Ele encontrou os discípulos na mesma casa em que celebraram a última ceia, na quinta-feira anterior. Estavam trancados na sala grande, assustados, com medo. Jesus se apresentou no meio deles, nem precisou entrar pela porta. E foi logo mostrando os sinais de sua crucificação: o lugar dos cravos nas mãos e o lado perfurado pela lança do soldado. Foi uma alegria só. Todos ficaram muito felizes. Aí, Jesus falou de novo: “A paz esteja com vocês!”. E comunicou que, como o Pai o tinha enviado, assim agora ele os enviava. E soprou sobre eles, comunicando-lhes o Espírito Santo, e lhes dando a tarefa de perdoar os irmãos: “A quem vocês perdoarem, os seus pecados serão perdoados”.

Tomé, um dos doze apóstolos, não estava nesse encontro do domingo da ressurreição. E não acreditou no testemunho da comunidade de que Jesus estivera na reunião com eles. Disse que só acreditaria se conferisse pessoalmente as suas chagas. No domingo seguinte, o segundo domingo da páscoa, como o de hoje, na mesma hora, estavam todos na sala de reunião e Jesus chegou. Ele fez a mesma saudação: “A paz esteja com vocês!”.  Aí, chamou logo Tomé pra conferir o lugar dos cravos e o lado aberto. Tomé ajoelhou-se aos pés do Senhor, cheio de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”.

Você percebeu que a saudação de Jesus ressuscitado se repetiu, na passagem de hoje, por três vezes. “A paz esteja com vocês!”. Essa palavra tem a ver com a saudação com que os membros do povo de Deus se cumprimentavam:  “Shalom!”. Ao saudar com o Shalom, a pessoa estava desejando tudo de bom da parte de Deus para a outra pessoa: saúde, harmonia, felicidade. Shalom ou Paz é como um conjunto de coisas boas  que a pessoa está desejando ou comunicando a outrem. Mas, essa saudação dita por Jesus ressuscitado tem um sabor muito especial, não acha? Ele passou por uma grande tribulação e saiu vencedor. Venceu todo o mal que se abateu sobre ele. E agora está trazendo para a sua comunidade tudo o que conseguiu de bom. E o que será que Jesus está comunicando com esse seu Shalom!?

Em primeiro lugar, Jesus está trazendo e comunicando o perdão de Deus, que ele alcançou por sua morte e ressurreição. Os pecadores foram reconciliados, no seu sacrifício. Voltando da morte, ele é o portador da paz, da reconciliação. Agora, os que crerem nele estão em paz com Deus e em paz uns com os outros. Em segundo lugar, Jesus está trazendo e comunicando o Espírito Santo. Foi o Espírito que o ungiu para a missão de Messias e Salvador, o Espírito que renova a face da terra, como rezavam na oração dos salmos. Lá, na primeira semana da criação, no começo da humanidade, Deus soprou no homem e este recebeu a vida. Agora, na primeira semana da nova criação, Jesus ressuscitado soprou sobre os discípulos para eles receberem a vida nova em Deus. “Recebam o Espírito Santo”. Em terceiro lugar, Jesus está comunicando a sua missão. “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”.  É o Espírito Santo quem vai conduzi-los a partir de agora, animando-os para continuarem a sua missão. O perdão que Jesus alcançou, os discípulos vão espalhar, conferindo o perdão aos seus irmãos, comunicando-lhes a paz.

Guardando a mensagem

Que coisa bonita: ali está a comunidade dos seguidores de Jesus. Não precisam mais viver acuados, trancados, temerosos. Jesus está com eles, está no meio deles, ressuscitado, vitorioso.  Ressuscitado, ele lhes comunica o perdão para viverem em paz com Deus e com todos; comunica-lhes o seu Espírito, para viverem a vida nova dos reconciliados; comunica-lhes a sua missão. Em seu nome, vão anunciar a todos o perdão dos pecados, a vida nova de comunhão com Deus  e com os irmãos, a paz. Animados pelo Santo Espírito, darão continuidade à missão de Jesus. A comunidade é o lugar onde Jesus ressuscitado comunica o perdão e a paz. Por meio da comunidade cristã, da Igreja, o Senhor ressuscitado continua agindo, ensinando, perdoando, libertando, salvando.

Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja com vocês” (Jo 20, 19)

Rezando a palavra

Senhor Jesus Misericordioso,

Sempre que nos reunimos no domingo, como comunidade cristã, como teus discípulos, fazemos memória de tua morte e de tua ressurreição. Em cada domingo, sentimos tua presença de ressuscitado a nos abençoar e a nos enviar em missão. Unidos a ti, somos a comunidade dos reconciliados e reconciliadores. Na celebração de cada domingo, tu nos comunicas vida e esperança pela amizade dos irmãos e irmãs reunidos, pelas orientações de tua palavra e pelo alimento do pão eucarístico. Do teu coração misericordioso, continuam a jorrar sangue e água, em favor de toda a humanidade: a água do batismo e o sangue do sacrifício eucarístico - água da vida nova de reconciliados e sangue redentor ao qual unimos nossas lutas e nossas dores. Foi o que revelaste a Santa Faustina: os raios brancos e vermelhos que partem do teu lado aberto: vida e salvação para todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, não fazer como São Tomé, faltando à celebração no dia da ressurreição e fazendo pouco caso do testemunho de sua comunidade. Hoje, fazer como São Tomé, caindo aos pés do Senhor e manifestando seu amor e sua gratidão: “Meu Senhor e meu Deus!”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 28.04.2019

RESOLVENDO OS CONFLITOS

Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular (Mt 18, 15)
A Igreja é a grande comunidade dos discípulos que caminham juntos no seguimento de Jesus. Se você tiver essa compreensão sobre a Igreja (que ela é uma grande comunidade), vai entender direitinho o evangelho de hoje. Naquela grande conferência dos bispos da Igreja em Aparecida, em 2007, ficou acertado que toda a Igreja em nosso continente iria trabalhar para que esse aspecto de comunidade aparecesse bem claro pra todo mundo. A Igreja é uma grande comunidade, formada por muitas pequenas comunidades. Tem uma grande comunidade, que é a Paróquia. Tem as comunidades menores, nos bairros por exemplo. E tem a pequena comunidade que é a família. A família é a primeira comunidade cristã.
O ideal da comunidade cristã é a unidade, a comunhão.  A comunidade é um espaço de entendimento, de fraternidade, de apoio mútuo. Assim, as pessoas que a integram fazem experiência de Deus que é amor e comunhão. Quem não participa da comunidade pode apreciar nela uma forte mensagem de fraternidade. Na comunidade de Jerusalém, nos primeiros anos da Igreja, o povo de fora se admirava: “Vejam como eles se amam”. E, está dito, no Livro dos Atos dos Apóstolos, que na comunidade havia um só coração e uma só alma. Este é o ideal da comunidade cristã.
No evangelho de Mateus, há um sermão de Jesus todo voltado para a comunidade, a Igreja. Ele está no  capítulo 18. O texto de hoje é um pedacinho desse discurso. E fala sobre a correção fraterna: como resolver os desencontros, as desavenças entre membros da comunidade. Então, são princípios para a solução de conflitos internos. Note que Jesus está dizendo: “se teu irmão pecar contra ti”, referindo-se, portanto, aos problemas de relacionamento.
Todo mundo sabe: onde tem gente, tem problemas, desavenças, desentendimento. Jesus deu orientações sobre como enfrentar essas situações, sem romper com a fraternidade, sem faltar com a caridade e sem comprometer a vida de comunhão. Quem deve agir para tentar resolver o assunto? Resposta: Quem se sentir ofendido por alguma razão. E razão, claro, não falta: é alguém que levanta um falso, um que ofende com palavras ou atitudes que prejudicam... Bom, sentindo-se ofendido, procure a pessoa que ofendeu você e veja se consegue se entender com ela. Olha que atitude responsável e fraterna! Falar com a pessoa a sós. Não sair espalhando o próprio mal-estar ou angariando apoio contra um possível inimigo. Não tratar seu irmão como inimigo. Procurá-lo a sós para expor sua versão e sua queixa. Na maior parte dos casos, isso já resolve, evitando briga e confusão. Não resultou positivo? Bom, há outra tentativa a fazer, sempre mantendo o espírito de fraternidade e os vínculos da caridade. Voltar a conversar com o interessado ou a interessada, com mais uma ou duas pessoas. Elas servirão de testemunhas, apoiarão o entendimento. Não é para aumentar a confusão. É para a conversa tomar mais força de entendimento. Se a conversa for fraterna, e houver boa vontade da outra parte, com certeza, a coisa ali se acerta. Ah, não deu certo? Tranquilo. Ainda há o que fazer. O assunto precisa ser levado à comunidade. Informe os responsáveis, fale sobre o assunto para todo mundo tomar conhecimento. É possível que a pessoa dê ouvidos à comunidade, especialmente se for chamada pelos líderes para uma conversa. Já foram três tentativas. Todas elas, visando o entendimento, a correção, o restabelecimento da fraternidade. Ah, não teve jeito? Bom, então, agora você pode tratar essa pessoa com distância, como se fazia com os pagãos ou com os pecadores públicos.

Para o dia do padre

DEIXE ISSO PARA OS OUTROS

Outro dia ouvi esse fato da boca de um vocacionado. Ele apresentou-se ao pai para uma conversa muito especial. Uma conversa sobre o seu futuro, sobre sua vocação. Contou ao pai que queria ser padre. E desejava entrar no Seminário. O pai, refeito do susto, procurou dissuadi-lo da ideia, procurando aparentar a maior calma do mundo. "Meu filho, você é muito novo, não sabe o que é a vida. Cadê a sua namoradinha? Pegue esse dinheiro aqui. Leve sua garota ao motel. Você vai ver que isso passa... Vá se divertir. Essas ideais... isso não combina com você".

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