PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Mc 2
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Viver com respeito e liberdade.



   16 de janeiro de 2024.   

Terça-feira da 2ª Semana do Tempo Comum



   Evangelho.   


Mc 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

   Meditação.   


O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Outro dia, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.

Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante. No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam.

Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?

Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.



Guardando a mensagem

O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
 
Vivendo a palavra

Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!

Comunicando

Deixo aqui o meu muito obrigado a você que rezou por nossa missão ou nos acompanhou, ontem, na Santa Missa de Ação de Graças pelos 10 anos do Programa Tempo de Paz. Você sabe, todos somos responsáveis pela missão: levar a todos, o testemunho sobre Jesus. Faça bem a sua parte. 

O aplicativo da Rádio Amanhecer está de cara nova. Aproveite para baixá-lo no seu celular. E acompanhar a nossa programação religiosa 24 horas. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Aceita o convite para um jantar?

  



   13 de janeiro de 2024.   

Sábado da 1ª Semana do Tempo Comum


   Evangelho.   


Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

   Meditação.   


Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Eu queria saber se você gosta de coalhada. E que tal leite ou queijo de cabra? Ah... É que eu ia convidar você para um jantar na casa de uma pessoa muito especial, na casa de Seu Levi... Mas, de frutas você gosta? Talvez lá sirvam frutas secas como tâmara, uva-passa, figo... Pão integral feito em casa vai ter na mesa, com certeza. E, claro, é possível que sirvam vinho. Um conselho: ponha água no seu vinho, porque é meio grosseiro, muito forte. Mas, é gostoso. Então, está feito o convite. Jantar, hoje, na casa de Seu Levi. Quem vai estar lá? Além de você? Ah, lá vai estar um convidado muito especial: Jesus. Ah, que bom, então você vai! Ótimo.

É o seguinte. Jesus chamou Seu Levi para fazer parte do grupo dele. Seu Levi é empregado na coletoria de impostos, aqui em Cafarnaum, mas largou tudo para andar com Jesus. E hoje, Jesus vai jantar na casa dele. E ele está convidando os amigos para estarem lá. Vai ter um bocado de gente. Jesus, com certeza, vai com o grupo dele. Agora, como você também vai, eu preciso lhe dar umas dicas para você se ambientar melhor. Você sabe, já começam as críticas contra Jesus. Pode ser que alguém, sentado perto de você, faça alguma insinuação maldosa contra o Mestre. Por isso, eu queria lhe passar algumas informações. É bom pra você depois não ficar com a mente confusa ou até mesmo você ter condições de defender Jesus dessas línguas ferinas.

O que você precisa saber é o seguinte. Seu Levi é um cobrador de impostos. Bom, isso você já sabe. O cobrador de impostos não é bem visto por aqui. E eu lhe digo o porquê. Eles cobram o imposto para os dominadores romanos. Cobrar o imposto é tratá-los como um povo dominado pelos estrangeiros, a quem devem entregar boa parte do fruto do seu trabalho. No fundo, os cobradores de impostos são colaboradores dos romanos. Além do mais, os romanos são pagãos, com quem os hebreus não deviam ter nenhuma amizade. Então, com certeza, você vai encontrar pessoas que estão estranhando essa aproximação entre Jesus e Levi. E, pior, Levi convidou seus amigos cobradores de impostos para estarem lá também. Os fariseus não vão perdoar isso. Os cobradores de impostos são tidos como pecadores. Vai rolar muita crítica. Mas, não vá se assustar com isso.

Repare só a cabeça das pessoas aqui: elas não querem se misturar com pecadores. Todo o povo na Palestina pensa assim. Tem os que praticam a Lei, a Lei de Moisés. Esses são os justos. E tem os que fazem tudo errado, são os pecadores. Justo não deve se misturar com pecador. Jesus não devia ser amigo de cobradores de impostos. Mesa, mesa é coisa sagrada. Um justo não pode comer com um pecador. Um hebreu não pode comer com um pagão. A mesa é um sinal de amizade. O povo de Deus não tem comunhão de mesa com os pagãos ou com os pecadores. Se você entendeu isso, você vai entender alguma crítica que você venha a escutar hoje, no jantar, na casa de seu Levi.

Com certeza, alguém vai olhar pra você de cara feia e vai lhe perguntar: Por que ele come com os cobradores de impostos e com os pecadores? ... Veja lá o que você vai responder.




Guardando a mensagem

Jesus chamou um cobrador de impostos para ser seu discípulo. Esse foi Levi, chamado depois de Mateus. O chamado de Jesus já foi uma surpresa, porque mostrou uma nova mentalidade, sem discriminação, nem preconceitos. A resposta de Levi foi também surpreendente: aceitou imediatamente o convite de Jesus e deixou tudo para segui-lo. No jantar em sua casa, houve muitas críticas sobre essa aproximação de Jesus com os pecadores. Jesus deu uma razão muito simples: só quem está doente é que precisa de médico. Nós vivemos num mundo que se acha muito liberal, mas nos movemos no meio de muitos preconceitos. Pelo preconceito, excluímos as pessoas, desrespeitamos sua dignidade e seus direitos. É hora de aprender com Jesus a incluir, a integrar, a defender quem foi marginalizado, a viver com outra lógica.

Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
fechando o coração, como os fariseus, nós perdemos a novidade que vem de tuas ações e de tuas palavras, do teu evangelho. Dá-nos, Senhor, que a novidade do Reino que tu inauguraste neste mundo, com um novo olhar e com novas atitudes, encontre abrigo em nossos corações e nos capacite a também sermos construtores de novas relações e de uma nova sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Se você tiver o seu diário espiritual, o seu caderno de anotações, responda lá à pergunta que lhe fizeram no jantar na casa de Levi: Por que ele come com os pecadores? Não tendo o caderno, escreva a resposta em outro lugar.

Comunicando

Estamos na Semana de Aniversário do nosso Programa de rádio Tempo de Paz. Segunda-feira próxima, dia 15, teremos a Missa de Ação de Graças, transmitida pelas Rádios Parceiras. A Missa será na Basílica Salesiana do Sagrado Coração, no Recife, às 9 horas da manhã. 

Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

"O sábado foi feito para o homem" - o que isso significa

 


17 de janeiro de 2023

Memória de Santo Antão, Abade

EVANGELHO


Mc 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

MEDITAÇÃO


O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Outro dia, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.

Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante. No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam.

Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?

Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.


Guardando a mensagem

O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!

Comunicando

Deixo aqui o meu muito obrigado a você que rezou por nossa missão ou nos acompanhou, ontem, na Santa Missa de Ação de Graças pelos 9 anos do Programa Tempo de Paz. Você sabe, todos somos responsáveis pela missão: levar a todos, o testemunho sobre Jesus. Faça bem a sua parte. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Um novo olhar e novas atitudes: é o que estamos precisando

 



14 de janeiro de 2023

Sábado da 1ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

MEDITAÇÃO


Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Eu queria saber se você gosta de coalhada. E que tal leite ou queijo de cabra? Ah... É que eu ia convidar você para um jantar na casa de uma pessoa muito especial, na casa de Seu Levi... Mas, de frutas você gosta? Talvez lá sirvam frutas secas como tâmara, uva-passa, figo... Pão integral feito em casa vai ter na mesa, com certeza. E, claro, é possível que sirvam vinho. Um conselho: ponha água no seu vinho, porque é meio grosseiro, muito forte. Mas, é gostoso. Então, está feito o convite. Jantar, hoje, na casa de Seu Levi. Quem vai estar lá? Além de você? Ah, lá vai estar um convidado muito especial: Jesus. Ah, que bom, então você vai! Ótimo.

É o seguinte. Jesus chamou Seu Levi para fazer parte do grupo dele. Seu Levi é empregado na coletoria de impostos, aqui em Cafarnaum, mas largou tudo para andar com Jesus. E hoje, Jesus vai jantar na casa dele. E ele está convidando os amigos para estarem lá. Vai ter um bocado de gente. Jesus, com certeza, vai com o grupo dele. Agora, como você também vai, eu preciso lhe dar umas dicas para você se ambientar melhor. Você sabe, já começam as críticas contra Jesus. Pode ser que alguém, sentado perto de você, faça alguma insinuação maldosa contra o Mestre. Por isso, eu queria lhe passar algumas informações. É bom pra você depois não ficar com a mente confusa ou até mesmo você ter condições de defender Jesus dessas línguas ferinas.

O que você precisa saber é o seguinte. Seu Levi é um cobrador de impostos. Bom, isso você já sabe. O cobrador de impostos não é bem visto por aqui. E eu lhe digo o porquê. Eles cobram o imposto para os dominadores romanos. Cobrar o imposto é tratá-los como um povo dominado pelos estrangeiros, a quem devem entregar boa parte do fruto do seu trabalho. No fundo, os cobradores de impostos são colaboradores dos romanos. Além do mais, os romanos são pagãos, com quem os hebreus não deviam ter nenhuma amizade. Então, com certeza, você vai encontrar pessoas que estão estranhando essa aproximação entre Jesus e Levi. E, pior, Levi convidou seus amigos cobradores de impostos para estarem lá também. Os fariseus não vão perdoar isso. Os cobradores de impostos são tidos como pecadores. Vai rolar muita crítica. Mas, não vá se assustar com isso.

Repare só a cabeça das pessoas aqui: elas não querem se misturar com pecadores. Todo o povo na Palestina pensa assim. Tem os que praticam a Lei, a Lei de Moisés. Esses são os justos. E tem os que fazem tudo errado, são os pecadores. Justo não deve se misturar com pecador. Jesus não devia ser amigo de cobradores de impostos. Mesa, mesa é coisa sagrada. Um justo não pode comer com um pecador. Um hebreu não pode comer com um pagão. A mesa é um sinal de amizade. O povo de Deus não tem comunhão de mesa com os pagãos ou com os pecadores. Se você entendeu isso, você vai entender alguma crítica que você venha a escutar hoje, no jantar, na casa de seu Levi.

Com certeza, alguém vai olhar pra você de cara feia e vai lhe perguntar: Por que ele come com os cobradores de impostos e com os pecadores? ... Veja lá o que você vai responder.


Guardando a mensagem

Jesus chamou um cobrador de impostos para ser seu discípulo. Esse foi Levi, chamado depois de Mateus. O chamado de Jesus já foi uma surpresa, porque mostrou uma nova mentalidade, sem discriminação, nem preconceitos. A resposta de Levi foi também surpreendente: aceitou imediatamente o convite de Jesus e deixou tudo para segui-lo. No jantar em sua casa, houve muitas críticas sobre essa aproximação de Jesus com os pecadores. Jesus deu uma razão muito simples: só quem está doente é que precisa de médico. Nós vivemos num mundo que se acha muito liberal, mas nos movemos no meio de muitos preconceitos. Pelo preconceito, excluímos as pessoas, desrespeitamos sua dignidade e seus direitos. É hora de aprender com Jesus a incluir, a integrar, a defender quem foi marginalizado, a viver com outra lógica.

Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
fechando o coração, como os fariseus, nós perdemos a novidade que vem de tuas ações e de tuas palavras, do teu evangelho. Dá-nos, Senhor, que a novidade do Reino que tu inauguraste neste mundo, com um novo olhar e com novas atitudes, encontre abrigo em nossos corações e nos capacite a também sermos construtores de novas relações e de uma nova sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Se você já tiver o seu diário espiritual, o seu caderno de anotações, responda lá à pergunta que lhe fizeram no jantar na casa de Levi: Por que ele come com os pecadores? Não tendo o caderno, escreva a resposta em outro lugar.

Comunicando

Amanhã, domingo, faço show na cidade de Itapissuma, PE, na Buscada de São Gonçalo do Amarante. A Buscada é uma procissão marítimo-fluvial. 

Um abençoado final de semana. 
Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FOME E O SÁBADO



18 de janeiro de 2022

EVANGELHO


Mc 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

MEDITAÇÃO


O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Outro dia, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.

Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante. No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam.

Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?

Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.


Guardando a mensagem

O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O JANTAR NA CASA DE LEVI



15 de janeiro de 2022

EVANGELHO


Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

MEDITAÇÃO


Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Eu queria saber se você gosta de coalhada. E que tal leite ou queijo de cabra? Ah... É que eu ia convidar você para um jantar na casa de uma pessoa muito especial, na casa de Seu Levi... Mas, de frutas você gosta? Talvez lá sirvam frutas secas como tâmara, uva-passa, figo... Pão integral feito em casa vai ter na mesa, com certeza. E, claro, é possível que sirvam vinho. Um conselho: ponha água no seu vinho, porque é meio grosseiro, muito forte. Mas, é gostoso. Então, está feito o convite. Jantar, hoje, na casa de Seu Levi. Quem vai estar lá? Além de você? Ah, lá vai estar um convidado muito especial: Jesus. Ah, que bom, então você vai! Ótimo.

É o seguinte. Jesus chamou Seu Levi para fazer parte do grupo dele. Seu Levi é empregado na coletoria de impostos, aqui em Cafarnaum, mas largou tudo para andar com Jesus. E hoje, Jesus vai jantar na casa dele. E ele está convidando os amigos para estarem lá. Vai ter um bocado de gente. Jesus, com certeza, vai com o grupo dele. Agora, como você também vai, eu preciso lhe dar umas dicas para você se ambientar melhor. Você sabe, já começam as críticas contra Jesus. Pode ser que alguém, sentado perto de você, faça alguma insinuação maldosa contra o Mestre. Por isso, eu queria lhe passar algumas informações. É bom pra você depois não ficar com a mente confusa ou até mesmo você ter condições de defender Jesus dessas línguas ferinas.

O que você precisa saber é o seguinte. Seu Levi é um cobrador de impostos. Bom, isso você já sabe. O cobrador de impostos não é bem visto por aqui. E eu lhe digo o porquê. Eles cobram o imposto para os dominadores romanos. Cobrar o imposto é tratá-los como um povo dominado pelos estrangeiros, a quem devem entregar boa parte do fruto do seu trabalho. No fundo, os cobradores de impostos são colaboradores dos romanos. Além do mais, os romanos são pagãos, com quem os hebreus não deviam ter nenhuma amizade. Então, com certeza, você vai encontrar pessoas que estão estranhando essa aproximação entre Jesus e Levi. E, pior, Levi convidou seus amigos cobradores de impostos para estarem lá também. Os fariseus não vão perdoar isso. Os cobradores de impostos são tidos como pecadores. Vai rolar muita crítica. Mas, não vá se assustar com isso.

Repare só a cabeça das pessoas aqui: elas não querem se misturar com pecadores. Todo o povo na Palestina pensa assim. Tem os que praticam a Lei, a Lei de Moisés. Esses são os justos. E tem os que fazem tudo errado, são os pecadores. Justo não deve se misturar com pecador. Jesus não devia ser amigo de cobradores de impostos. Mesa, mesa é coisa sagrada. Um justo não pode comer com um pecador. Um hebreu não pode comer com um pagão. A mesa é um sinal de amizade. O povo de Deus não tem comunhão de mesa com os pagãos ou com os pecadores. Se você entendeu isso, você vai entender alguma crítica que você venha a escutar hoje, no jantar, na casa de seu Levi.

Com certeza, alguém vai olhar pra você de cara feia e vai lhe perguntar: Por que ele come com os cobradores de impostos e com os pecadores? ... Veja lá o que você vai responder.


Guardando a mensagem

Jesus chamou um cobrador de impostos para ser seu discípulo. Esse foi Levi, chamado depois de Mateus. O chamado de Jesus já foi uma surpresa, porque mostrou uma nova mentalidade, sem discriminação, nem preconceitos. A resposta de Levi foi também surpreendente: aceitou imediatamente o convite de Jesus e deixou tudo para segui-lo. No jantar em sua casa, houve muitas críticas sobre essa aproximação de Jesus com os pecadores. Jesus deu uma razão muito simples: só quem está doente é que precisa de médico. Nós vivemos num mundo que se acha muito liberal, mas nos movemos no meio de muitos preconceitos. Pelo preconceito, excluímos as pessoas, desrespeitamos sua dignidade e seus direitos. É hora de aprender com Jesus a incluir, a integrar, a defender quem foi marginalizado, a viver com outra lógica.

Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Fechando o coração, como os fariseus, nós perdemos a novidade que vem de tuas ações e de tuas palavras, do teu evangelho. Dá-nos, Senhor, que a novidade do Reino que tu inauguraste neste mundo, com um novo olhar e com novas atitudes, encontre abrigo em nossos corações e nos capacite a também sermos construtores de novas relações e de uma nova sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Se você já tiver o seu diário espiritual, o seu caderno de anotações, responda lá à pergunta que lhe fizeram no jantar na casa de Levi: Por que ele come com os pecadores? Não tendo o caderno, escreva a resposta em outro lugar.

Se você tiver acesso à TV Aparecida, me acompanhe, hoje, no programa do Pe. Antonio Maria, a partir das 15 horas. O programa se chama 'Sábado com Maria'.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



O SÁBADO FOI FEITO PARA O HOMEM


19 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 2,23-28

23Jesus estava passando por uns campos de trigo, em dia de sábado. Seus discípulos começaram a arrancar espigas, enquanto caminhavam. 24Então os fariseus disseram a Jesus: “Olha! Por que eles fazem em dia de sábado o que não é permitido?”
25Jesus lhes disse: “Por acaso, nunca lestes o que Davi e seus companheiros fizeram quando passaram necessidade e tiveram fome? 26Como ele entrou na casa de Deus, no tempo em que Abiatar era sumo sacerdote, comeu os pães oferecidos a Deus, e os deu também aos seus companheiros? No entanto, só aos sacerdotes é permitido comer esses pães”.
27E acrescentou: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. 28Portanto, o Filho do Homem é senhor também do sábado”.

MEDITAÇÃO


O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)


Na semana passada, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.

Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante. No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam. 

Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?

Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.

Guardando a mensagem

O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VINHO NOVO EM ODRES NOVOS



18 de janeiro de 2021

EVANGELHO 


Mc 2,18-22

Naquele tempo, 18os discípulos de João Batista e os fariseus estavam jejuando. Então, vieram dizer a Jesus: “Por que os discípulos de João e os discípulos dos fariseus jejuam, e os teus discípulos não jejuam?”
19Jesus respondeu: “Os convidados de um casamento poderiam, por acaso, fazer jejum, enquanto o noivo está com eles? Enquanto o noivo está com eles, os convidados não podem jejuar. 20Mas vai chegar o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; aí, então, eles vão jejuar.
21Ninguém põe um remendo de pano novo numa roupa velha; porque o remendo novo repuxa o pano velho e o rasgão fica maior ainda. 22Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos”.

MEDITAÇÃO 


Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)

Vou logo lhe dizer o que é um odre. Odre é uma bolsa feita de couro de animal para guardar ou transportar líquidos, particularmente vinho. Claro, no tempo de Jesus não existia garrafas de plástico ou de alumínio para isso. Tinha-se que recorrer a utensílios de barro, madeira ou couro. O odre era feito de couro curtido de carneiro ou de bode. Uma das extremidades servia como gargalo, fechada com uma rolha de madeira ou também amarrada fortemente. 

Então, odre é uma bolsa de couro curtido de bode ou carneiro para guardar ou transportar líquidos, especialmente o vinho. O vinho novo ainda está fermentando e se expande dentro do recipiente. Se o odre for novo, ele tem elasticidade suficiente para continuar mantendo o vinho no seu interior. Se o odre for velho, já sem elasticidade, o vinho novo na sua fermentação acaba por arrebentá-lo e se derramar. 

Tudo certo até agora? Ótimo. Então, posso lhe fazer uma pergunta: o vinho de Jesus é novo ou velho? Calma, primeiro vamos saber que vinho é esse. 

O vinho representa festa, alegria, celebração de alguma coisa muito boa. Quando começou a sua pregação, Jesus disse que o tempo tinha se cumprido e o Reino de Deus tinha se aproximado. A presença dele renovando vidas, reunindo os dispersos, restaurando a aliança com Deus inaugura um novo tempo, o tempo do Reino de Deus. É o tempo da salvação que chegou. Esta obra redentora tem seu ponto mais alto na cruz, nos reconciliando com Deus, no sacrifício de sua vida em favor dos pecadores, sacrifício da nova e eterna aliança. 

Com Jesus, chegou o novo tempo: o tempo da reconciliação, da restauração da aliança, da salvação. Em Jesus, Deus está fazendo novas todas as coisas. (Você está conseguindo me acompanhar? Ótimo). No evangelho, isso está dito de muitas formas. Em Caná da Galileia, no casamento, ele oferece o vinho melhor, vinho que estava faltando naquela festa de aliança. Na mesa da última ceia, ele oferece o cálice de vinho, cálice do seu sangue derramado pela remissão dos pecados. A santa ceia, a Missa, é a celebração do sacrifício da cruz pela qual ele nos alcançou a reconciliação e ação de graças pela salvação que nos chegou por ele. 

A obra redentora de Jesus é um vinho novo. O evangelho que anuncia essa notícia é um vinho novo. A vida em Cristo, pela habitação do Espírito Santo em nós, é um vinho novo. 

Vamos à palavra de Jesus, hoje: “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Dá para entender? “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Essa novidade que é a obra redentora, a vida em Cristo, anunciada no evangelho não cabe numa vida velha, num jeito pecador de se viver; pede uma vida nova, pede mudança de vida. “Vinho novo em odres novos”.

Guardando a mensagem

Muita gente estranhou o estilo de Jesus, comendo com os pecadores, participando de banquetes, contando histórias de festa. E nada de fazer jejum, com os seus seguidores, como os grupos tradicionais faziam. A presença de Jesus, inaugurando o Reino de Deus no meio do seu povo, é um tempo novo que começou. Seu evangelho anuncia a grande novidade: Deus está reinando entre nós, nos conduzindo para a plena realização, para a salvação. Ele está restaurando a aliança de Deus com seu povo. O clima é de casamento, de festa. Ele é o noivo. Só quem não está entendendo, pode pensar em jejum numa hora dessas. Agora, é hora de festa, de alegria. O evangelho de Jesus não é um vinho velho. É um vinho novo. Não pode ser guardado ou transportado pelo velho Adão pecador. É uma novidade que só cabe numa vida nova, restaurada pela graça. 

Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Há sempre um risco de sermos pessoas muito religiosas, mas não expressarmos em nossa vida religiosa a grande alegria da redenção que nos alcançaste por tua morte e ressurreição. Dá-nos, Senhor, ser odres novos para guardar e transportar essa novidade de vida que é a reconciliação que nos alcançaste na cruz. A tua obra redentora, anunciada no evangelho, não é mais um elemento a ornamentar a nossa vida velha, o nosso modo de pensar e viver no egoísmo, na injustiça, no pecado. Pela pregação de tua palavra e pelos sacramentos de tua Igreja, tu nos dás o vinho novo. Que sejamos, Senhor, odres novos para recebê-lo, conservá-lo e portá-lo a outros. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 

Leia o evangelho de hoje, em sua Bíblia: Mc 2,18-22. E responda no seu caderno espiritual o que você entendeu por ‘roupa nova’.

Você que recebe a Meditação pelo seu celular pode ver melhor o que é  um ODRE, na foto que está junto com o texto da Meditação. É só clicar no link que estou lhe enviando. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

UM JANTAR NA CASA DE SEU LEVI

 

16 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 2,13-17

Naquele tempo, 13Jesus saiu de novo para a beira do mar. Toda a multidão ia a seu encontro, e Jesus os ensinava. 14Enquanto passava, Jesus viu Levi, o filho de Alfeu, sentado na coletoria de impostos, e disse-lhe: “Segue-me!” Levi se levantou e o seguiu.
15E aconteceu que, estando à mesa na casa de Levi, muitos cobradores de impostos e pecadores também estavam à mesa com Jesus e seus discípulos. Com efeito, eram muitos os que o seguiam.
16Alguns doutores da Lei, que eram fariseus, viram que Jesus estava comendo com pecadores e cobradores de impostos. Então eles perguntaram aos discípulos: “Por que ele come com os cobradores de impostos e pecadores?”
17Tendo ouvido, Jesus respondeu-lhes: “Não são as pessoas sadias que precisam de médico, mas as doentes. Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores”.

MEDITAÇÃO


Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Eu queria saber se você gosta de coalhada. E que tal leite ou queijo de cabra? Ah... É que eu ia convidar você para um jantar na casa de uma pessoa muito especial, na casa de Seu Levi... Mas, de frutas você gosta? Talvez lá sirvam frutas secas como tâmara, uva-passa, figo... Pão integral feito em casa vai ter na mesa, com certeza. E, claro, é possível que sirvam vinho. Um conselho: ponha água no seu vinho, porque é meio grosseiro, muito forte. Mas, é gostoso. Então, está feito o convite. Jantar, hoje, na casa de Seu Levi. Quem vai estar lá? Além de você? Ah, lá vai estar um convidado muito especial: Jesus. Ah, que bom, então você vai! Ótimo. 

É o seguinte. Jesus chamou Seu Levi para fazer parte do grupo dele. Seu Levi é empregado na coletoria de impostos, aqui em Cafarnaum, mas largou tudo para andar com Jesus. E hoje, Jesus vai jantar na casa dele. E ele está convidando os amigos para estarem lá. Vai ter um bocado de gente. Jesus, com certeza, vai com o grupo dele. Agora, como você também vai, eu preciso lhe dar umas dicas para você se ambientar melhor. Você sabe, já começam as críticas contra Jesus. Pode ser que alguém, sentado perto de você, faça alguma insinuação maldosa contra o Mestre. Por isso, eu queria lhe passar algumas informações. É bom pra você depois não ficar com a mente confusa ou até mesmo você ter condições de defender Jesus dessas línguas ferinas. 

O que você precisa saber é o seguinte. Seu Levi é um cobrador de impostos. Bom, isso você já sabe. O cobrador de impostos não é bem visto por aqui. E eu lhe digo o porquê. Eles cobram o imposto para os dominadores romanos. Cobrar o imposto é tratá-los como um povo dominado pelos estrangeiros, a quem devem entregar boa parte do fruto do seu trabalho. No fundo, os cobradores de impostos são colaboradores dos romanos. Além do mais, os romanos são pagãos, com quem os hebreus não deviam ter nenhuma amizade. Então, com certeza, você vai encontrar pessoas que estão estranhando essa aproximação entre Jesus e Levi. E, pior, Levi convidou seus amigos cobradores de impostos para estarem lá também. Os fariseus não vão perdoar isso. Os cobradores de impostos são tidos como pecadores. Vai rolar muita crítica. Mas, não vá se assustar com isso.

Repare só a cabeça das pessoas aqui: elas não querem se misturar com pecadores. Todo o povo na Palestina pensa assim. Tem os que praticam a Lei, a Lei de Moisés. Esses são os justos. E tem os que fazem tudo errado, são os pecadores. Justo não deve se misturar com pecador. Jesus não devia ser amigo de cobradores de impostos. Mesa, mesa é coisa sagrada. Um justo não pode comer com um pecador. Um hebreu não pode comer com um pagão. A mesa é um sinal de amizade. O povo de Deus não tem comunhão de mesa com os pagãos ou com os pecadores. Se você entendeu isso, você vai entender alguma crítica que você venha a escutar hoje, no jantar, na casa de seu Levi.

Com certeza, alguém vai olhar pra você de cara feia e vai lhe perguntar: Por que ele come com os cobradores de impostos e com os pecadores? ... Veja lá o que você vai responder.

Guardando a mensagem

Jesus chamou um cobrador de impostos para ser seu discípulo. Esse foi Levi, chamado depois de Mateus. O chamado de Jesus já foi uma surpresa, porque mostrou uma nova mentalidade, sem discriminação, nem preconceitos. A resposta de Levi foi também surpreendente: aceitou imediatamente o convite de Jesus e deixou tudo para segui-lo. No jantar em sua casa, houve muitas críticas sobre essa aproximação de Jesus com os pecadores. Jesus deu uma razão muito simples: só quem está doente é que precisa de médico. Nós vivemos num mundo que se acha muito liberal, mas nos movemos no meio de muitos preconceitos. Pelo preconceito, excluímos as pessoas, desrespeitamos sua dignidade e seus direitos. É hora de aprender com Jesus a incluir, a integrar, a defender quem foi marginalizado, a viver com outra lógica.

Eu não vim para chamar justos, mas sim pecadores (Mc 2, 17)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Fechando o coração, como os fariseus, nós perdemos a novidade que vem de tuas ações e de tuas palavras, do teu evangelho. Dá-nos, Senhor, que a novidade do Reino que tu inauguraste neste mundo, com um novo olhar e com novas atitudes, encontre abrigo em nossos corações e nos capacite a também sermos construtores de novas relações e de uma nova sociedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Se você já tiver o seu diário espiritual, o seu caderno de anotações, responda lá à pergunta que lhe fizeram no jantar na casa de Levi: Por que ele come com os pecadores? Não tendo o caderno, escreva a resposta em outro lugar.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A LEI ESTÁ A SERVIÇO DA VIDA

O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)
21 de janeiro de 2020
Na semana passada, dedicamos dois programas, no rádio, a uma conversa sobre o desemprego. Ouvimos relatos dolorosos. Gente desempregada há bastante tempo, gente perdendo a esperança, gente passando necessidade. Diante dessa situação, as pessoas se viram como podem, com a ajuda de parentes, a caridade de desconhecidos e muito espírito de iniciativa. Uma grande maioria sobrevive no mercado informal, sai vendendo alguma coisa de porta em porta ou batalha algum trocado como camelô pelas ruas. Quando não pode mais pagar aluguel, fica pela rua mesmo ou ocupa algum imóvel fechado ou constrói um barraco na beira de um canal. No aperto, empurra o filho adolescente para vender alguma coisa no semáforo ou farol de uma avenida ou ser flanelinha em algum lugar. É, o desemprego é um drama pra todo mundo, mas para a família pobre é uma verdadeira tragédia.
Diante da lei, essa família está cometendo graves irregularidades. No comércio informal, não recolhe impostos e atrapalha a atividade dos comerciantes estabelecidos. A fiscalização da Prefeitura e os lojistas estão de olho no camelô. Na moradia, é um invasor de propriedade privada. Mais cedo ou mais tarde a justiça, a polícia e a prefeitura vão chegar lá, nem sempre com bons modos. No cruzamento ou nas ruas, a sociedade olha com desconfiança o flanelinha e já o julga um trombadinha, um marginal, quem sabe, um traficante.  No aperto da família pobre, a lei e a sociedade os condenam.  
Os fariseus estavam de olho nos discípulos de Jesus. Essa turminha era vista com reserva e desconfiança. Eles não jejuavam como os discípulos piedosos de outros mestres. Não se mantinham separados, evitando contato com gente reconhecidamente pecadora. Não guardavam o sábado, com o respeito e a seriedade que ele merecia. Afinal, mal cumpridores da Lei. No texto de hoje, os fariseus vão tomar satisfação com Jesus. “Num dia de sábado, em que não se pode trabalhar por respeito à Lei de Deus, os teus discípulos vem pelo caminho, arrancando espigas de trigo para comer”. Por que eles fazem uma coisa dessas num dia de sábado, violando a lei?
Jesus foi claro. Eles estavam com fome. A necessidade da pessoa humana interpela a norma, a regra, a lei. A lei foi feita para o homem. Não o homem para a lei. Aí Jesus lembrou um episódio do Antigo Testamento. Davi e seus guerreiros, com fome, chegaram ao Santuário e comeram os pães exclusivos dos sacerdotes. Na necessidade, agiram acima da lei. O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado.
Guardando a mensagem
O camelô não é um fora da lei. O ocupante não é invasor mal intencionado. O flanelinha não é um marginal. A lei é que precisa se adaptar à sua realidade, à sua fome, à necessidade premente de sobrevivência. Aliás, a situação de desemprego e abandono social não foi criada pelos marginalizados. A lei deve estar aí para assegurar oportunidades para todos. O pobre não merece cadeia porque está “arrancando espigas em dia de sábado”. Merece emprego, moradia digna, escola integral para os seus filhos.
O sábado foi feito para o homem e não o homem para o sábado (Mc 2, 27)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Disseste aos fariseus que o “o filho do homem é senhor também do sábado”. Falavas de ti mesmo; e do sábado, que era uma lei civil e religiosa, ao mesmo tempo. És o senhor também do sábado. Teu evangelho nos liberta de uma interpretação da lei que desconheça a necessidade do outro. Estás nos ensinando que a situação de carência e sofrimento deve ser a  primeira inspiração da lei. As leis, as normas, as regras, nós as estabelecemos para garantir a justiça, o direito, a segurança, a boa convivência. Elas estão a serviço do homem. Podem ser revistas e modificadas, se se tornarem instrumento de opressão ou quando não respeitarem as pessoas em suas reais condições. Obrigado, Senhor, por dares à pessoa humana o primeiro lugar, por nos ensinares a viver com respeito e liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Quem sabe, hoje, você não veja na rua ou no noticiário alguma situação em que a pessoa humana necessite ser respeitada, acima de qualquer regra estabelecida!
21 de janeiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



VINHO NOVO EM ODRES NOVOS

Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)

20 de janeiro de 2020.
Vou logo lhe dizer o que é um odre. Odre é uma bolsa feita de couro de animal para guardar ou transportar líquidos, particularmente vinho. Claro, no tempo de Jesus não existia garrafas de plástico ou de alumínio para isso. Tinha-se que recorrer a utensílios de barro,  madeira ou couro. O odre era feito de couro curtido de carneiro ou de bode. Uma das extremidades servia como gargalo, fechada com uma rolha de madeira ou também amarrada fortemente. 
Então, odre é uma bolsa de couro curtido de bode ou carneiro para guardar ou transportar líquidos, especialmente o vinho. O vinho novo ainda está fermentando e se expande dentro do recipiente. Se o odre for novo, ele tem elasticidade suficiente para continuar mantendo o vinho no seu interior. Se o odre for velho, já sem elasticidade, o vinho novo na sua fermentação acaba por arrebentá-lo e se derramar. 
Tudo certo até agora? Ótimo. Então, posso lhe fazer uma pergunta: o vinho de Jesus é novo ou velho? Calma, primeiro vamos saber que vinho é esse. 
O vinho representa festa, alegria, celebração de alguma coisa muito boa. Quando começou a sua pregação, Jesus disse que o tempo tinha se cumprido e o Reino de Deus tinha se aproximado. A presença dele renovando vidas, reunindo os dispersos, restaurando a aliança com Deus inaugura um novo tempo, o tempo do Reino de Deus. É o tempo da salvação que chegou. Esta obra redentora tem seu ponto mais alto na cruz, nos reconciliando com Deus, no sacrifício de sua vida em favor dos pecadores, sacrifício da nova e eterna aliança. 
Com Jesus, chegou o novo tempo: o tempo da reconciliação, da restauração da aliança, da salvação. Em Jesus, Deus está fazendo novas todas as coisas. (Você está conseguindo me acompanhar? Ótimo). No evangelho, isso está dito de muitas formas. Em Caná da Galileia, no casamento, ele oferece o vinho melhor, vinho que estava faltando naquela festa de aliança. Na mesa da última ceia, ele oferece o cálice de vinho, cálice do seu sangue derramado pela remissão dos pecados. A santa ceia, a Missa, é a celebração do sacrifício da cruz pela qual ele nos alcançou a reconciliação e ação de graças pela salvação que nos chegou por ele. 
A obra redentora de Jesus é um vinho novo. O evangelho que anuncia essa notícia é um vinho novo. A vida em Cristo, pela habitação do Espírito Santo em nós, é um vinho novo. 
Vamos à palavra de Jesus, hoje: “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Dá para entender? “Ninguém põe vinho novo em odres velhos”. Essa novidade que é a obra redentora, a vida em Cristo, anunciada no evangelho não cabe numa vida velha, num jeito pecador de se viver; pede uma vida nova, pede mudança de vida. “Vinho novo em odres novos”.
Vamos guardar a mensagem
Muita gente estranhou o estilo de Jesus, comendo com os pecadores, participando de banquetes, contando histórias de festa. E nada de fazer jejum, com os seus seguidores, como os grupos tradicionais faziam. A presença de Jesus, inaugurando o Reino de Deus no meio do seu povo, é um tempo novo que começou. Seu evangelho anuncia a grande novidade: Deus está reinando entre nós, nos conduzindo para a plena realização, para a salvação. Ele está restaurando a aliança de Deus com seu povo. O clima é de casamento, de festa. Ele é o noivo. Só quem não está entendendo, pode pensar em jejum numa hora dessas. Agora, é hora de festa, de alegria. O evangelho de Jesus não é um vinho velho. É um vinho novo. Não pode ser guardado ou transportado pelo velho Adão pecador. É uma novidade que só cabe numa vida nova, restaurada pela graça. 
Ninguém põe vinho novo em odres velhos; porque o vinho novo arrebenta os odres velhos e o vinho e os odres se perdem. Por isso, vinho novo em odres novos (Mc 2, 22)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Há sempre um risco de sermos pessoas muito religiosas, mas não expressarmos em nossa vida religiosa a grande alegria da redenção que nos alcançaste por tua morte e ressurreição. Dá-nos, Senhor, ser odres novos para guardar e transportar essa novidade de vida que é a reconciliação que nos alcançaste na cruz. A tua obra redentora, anunciada no evangelho, não é mais um elemento a ornamentar a nossa vida velha, o nosso modo de pensar e viver no egoísmo, na injustiça, no pecado. Pela pregação de tua palavra e pelos sacramentos de tua Igreja, tu nos dás o vinho novo. Que sejamos, Senhor, odres novos para recebê-lo, conservá-lo e  portá-lo a outros. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. 
Vivendo a palavra 
Leia o evangelho de hoje, em sua Bíblia: Mc 2,18-22. E responda no seu caderno espiritual o que você entendeu por ‘roupa nova’.
20 de janeiro de 2020
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



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