PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

SUPERANDO A DISCRIMINAÇÃO

 

03 de agosto de 2022

Quarta-feira da 18ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mt 15,21-28

Naquele tempo, 21Jesus retirou-se para a região de Tiro e Sidônia. 22Eis que uma mulher cananeia, vindo daquela região, pôs-se a gritar: “Senhor, filho de Davi, tem piedade de mim: minha filha está cruelmente atormentada por um demônio!” 23Mas, Jesus não lhe respondeu palavra alguma. Então seus discípulos aproximaram-se e lhe pediram: “Manda embora essa mulher, pois ela vem gritando atrás de nós”. 24Jesus respondeu: “Eu fui enviado somente às ovelhas perdidas da casa de Israel”. 25Mas, a mulher, aproximando-se, prostrou-se diante de Jesus, e começou a implorar: “Senhor, socorre-me!” 26Jesus lhe disse: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-los aos cachorrinhos”. 27A mulher insistiu: “É verdade, Senhor; mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos!” 28Diante disso, Jesus lhe disse: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” E desde aquele momento sua filha ficou curada.

MEDITAÇÃO


É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Não foi uma coisa fácil as primeiras comunidades cristãs se abrirem para os pagãos. Jesus era judeu. Maria era judia. Os apóstolos, todos judeus. Aquela gente tinha consciência clara de ser o povo de Deus, o povo com quem Deus vivia em uma sagrada aliança. O Senhor Deus mesmo o tinha escolhido como seu povo, libertando-o da dominação dos pagãos no Egito e em Canaã. A orientação sempre foi tomar distância dessas nações idólatras. Então, os pagãos estavam fora do horizonte dos judeus piedosos do tempo de Jesus. Certo, os que queriam viver a fé no Deus vivo podiam se aproximar das comunidades judaicas como prosélitos, mas não com os mesmos direitos. Todo homem judeu estava circuncidado, sinal de sua aliança com Deus. E todo judeu marcava bem sua condição de membro do povo da aliança pelo cumprimento do sábado, da páscoa, das peregrinações e festas anuais e por tudo o que a Lei de Moisés prescrevia.

Na verdade, essa ideia de separação e exclusão dos outros povos cresceu muito com o exílio da Babilônia. Foi quase uma forma de sobrevivência de uma comunidade muito machucada e humilhada pelos grandes impérios que se sucederam. O ambiente em que Jesus nasceu e cresceu era esse. Aliás, tinha um novo complicador: a dominação dos pagãos romanos. Mas, nem sempre se pensou assim em Israel. Quando o povo começou a se formar, Abraão foi chamado por Deus para ser uma bênção para todas as nações da terra. E mesmo nos momentos mais dramáticos da história deles, havia quem pensasse diferente. Vários profetas, como Isaías do tempo do exílio, sonharam com um mundo em que todas as nações conheceriam o Deus verdadeiro e se encontrariam numa grande peregrinação à cidade santa de Jerusalém.

Depois que Jesus voltou para o Pai, as comunidades cristãs foram se espalhando e, aos poucos, foram integrando também pagãos convertidos. Foi uma mudança muito grande, assimilada com dificuldade pelos cristãos que vinham da prática da Lei de Moisés. Chegou-se a uma tensão tão grande, que precisou haver uma reunião em Jerusalém com Paulo, Pedro e todos os apóstolos e lideranças para resolver isso. Afinal, a comunidade se abriu ao Espírito Santo e foi vendo com clareza, que chegara o tempo em que Deus queria que todos conhecessem, amassem e seguissem a Cristo, fossem judeus ou não. E pra seguir Jesus não era preciso ter os mesmos costumes que os judeus (como por exemplo a circuncisão, o sábado, etc.). O cristianismo era um novo momento do povo de Deus, aberto a todas as nações e povos do mundo.

Assim, quando os evangelistas e suas comunidades contaram a história de Jesus, lembraram-se desse passo tão sério que foi superação da discriminação dos pagãos para integrá-los na comunidade, como irmãos. Foi assim que o evangelista contou que Jesus estava visitando um território pagão e veio uma mulher daquela região pedir-lhe para libertar a filha da dominação do demônio. A resposta de Jesus foi como o seu povo pensava, a resposta de uma comunidade que ainda não tinha acolhido os pagãos como irmãos: “Não fica bem tirar o pão dos filhos para jogá-lo aos cachorrinhos”. Os filhos, claros, são os judeus. Os cachorros são os pagãos. Essa era a mentalidade. A resposta da mulher representa bem toda a humildade e o espírito penitente com que os pagãos se aproximaram da fé em Jesus Cristo: “É verdade, Senhor; mas também os cachorrinhos, debaixo da mesa, comem as migalhas que as crianças deixam cair”. Diante dessa condição necessitada, penitente e humilde dos pagãos, as comunidades abriram os braços para acolhê-los. A resposta de Jesus é o retrato disso: “Mulher, grande é a tua fé! Seja feito como tu queres!” A salvação em Cristo veio para todos.


Guardando a mensagem

O episódio da mulher pagã que foi pedir a Jesus para libertar sua filha do demônio representa bem as pessoas de outros povos e religiões que procuraram a comunidade cristã para participar também da salvação em Cristo. Os seguidores de Jesus tiveram muita dificuldade para integrar os pagãos na comunidade, porque viviam dentro de uma mentalidade de discriminação dos não-judeus. Contando essa história, os evangelistas mostravam como Jesus, dentro daquele contexto de exclusão dos pagãos, rompeu com esse esquema e alargou a sua missão também para os pagãos. O preconceito pode nos manter afastados de muitas pessoas e grupos que vivem outras tradições culturais e religiosas diferentes da nossa. Jesus veio para todos. A comunidade cristã tem a vocação de ser uma comunidade em diálogo com o mundo, com as outras religiões, com todos. A Igreja é o fermento na massa, o fermento de Deus no mundo.

É verdade, Senhor, mas os cachorrinhos também comem as migalhas que caem da mesa de seus donos! (Mt 15, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o salvador da humanidade. Venceste o pecado e o mal que mandavam no mundo. É assim que lemos no evangelho tantas histórias em que libertaste pessoas do teu povo da dominação do demônio, até mesmo dentro da sinagoga. Nessa história da mulher pagã que foi te pedir para tu libertares sua filha, vemos como tua ação redentora abriu-se também para as pessoas pagãs. Tu te colocaste como missionário do Pai a serviço do bem de todos, sem discriminação. Tua atitude ajudou as primeiras comunidades cristãs a compreenderem que a salvação chegara para todos. Senhor, ajuda-nos a vencer também a estreiteza de nossos pensamentos que nos fecham em nossos templos e não nos permitem ver a missão na sua abrangência no mundo, como bênção que deve chegar a todos, transformando toda a realidade com a tua graça.   Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Será que você poderia comentar a passagem de hoje com alguém? Seria um bom exercício de compreensão do evangelho e de compromisso com a missão. O texto de hoje é Mateus 15,21-28.

Comunicando

Fazendo as contas, neste ano estou completando 30 anos de atividade musical, com mais de 3.000 shows realizados. Aproveito para convidar vocês para os meus próximos shows:

10 de agosto – São Lourenço da Mata, PE
13 de agosto – Autases, AM
21 de agosto – Glória do Goitá, PE
27 de agosto - Live musical para os associados.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

CAMINHANDO SOBRE AS ÁGUAS




 02 de agosto de 2022

Terça-feira do 18ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mt 14,22-36

Depois que a multidão comera até saciar-se, 22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho. 24A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário. 25Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar. 26Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados, e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo. 27Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!” 28Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”. 29E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus. 30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” 31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?” 32Assim que subiram na barca, o vento se acalmou. 33Os que estavam na barca, prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”
34Após a travessia desembarcaram em Genesaré. 35Os habitantes daquele lugar reconheceram Jesus e espalharam a notícia por toda a região. Então levaram a ele todos os doentes; 36e pediam que pudessem, ao menos, tocar a barra de sua veste. E todos os que a tocaram, ficaram curados.


MEDITAÇÃO


Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste? (Mt 14, 31)

Ontem, contemplamos como Jesus recebeu a notícia da morte violenta do profeta João Batista, seu primo e precursor. E como o povo chocado com o acontecido foi atrás de Jesus e ficou um longo tempo com ele, num lugar deserto. Lá, viveram uma experiência maravilhosa, uma verdadeira resposta ao banquete de Herodes. Participaram de um banquete de vida, onde Jesus repartiu o pão para eles. Eles tiveram uma experiência da presença do Reino de Deus, no acolhimento, na fartura e na alegria.

No fim da tarde, os discípulos, a mando de Jesus, pegaram a barca para ir para Genesaré, que ficava do outro lado do mar da Galileia. Jesus tinha ficado para se despedir do povo. Depois que o povo se foi, Jesus foi rezar no monte. A travessia na barca foi se complicando. Escureceu, o vento foi ficando forte e o mar, agitado. Pelas três da manhã, eles viram um vulto andando sobre o mar, vindo na direção deles. Foi um medo só. Pensaram que fosse um fantasma. Jesus de lá gritou: “Sou eu. Tenham medo não”. Puxa, que susto!

Nesta narração do evangelho de Mateus, conta-se também que Pedro pediu para ir ao encontro de Jesus, caminhando sobre as águas. E até que estava conseguindo, mas ficou com medo e começou a afundar. Foi aí que Jesus o segurou pela mão. Quando subiram na barca, o vento se acalmou. Os discípulos reconheceram, então, que Jesus era, de verdade, o filho de Deus.

O que essa história está ensinando? Só contando um fato curioso? Certamente que não. O próprio texto (Mt 14) já nos dá uma pista de compreensão. As palavras “mar” e “barca” estão muito repetidas no texto. ‘Mar’ é sempre uma representação do mundo a que os discípulos estão enviados como missionários. O ‘mar’ é o mundo onde se realiza a missão. A palavra “barca” está repetida seis vezes. Essa insistência não pode ser por acaso. ‘Barca’, você sabe, é uma representação da comunidade, da Igreja. A barca de Pedro é a Igreja, a comunidade dos discípulos. O que é que está acontecendo? Eles estão tentando atravessar o mar e estão encontrando muita dificuldade. O que significaria a barca dos discípulos atravessando o mar? É a Igreja realizando a sua missão no mundo, no meio de muitas dificuldades. Note as palavras que aparecem: ‘era noite, os ventos estavam contrários, o mar estava agitado pelas ondas’. Que dificuldades encontra a Igreja na realização de sua missão? Nem precisamos fazer uma lista, não é verdade? O certo é que o mar continua revolto. E os ventos, contrários.

Voltemos ao mar da Galileia. O que aconteceu no meio daquela apreensão toda dos discípulos, coitados, no meio daquela tempestade? Eles viram um vulto andando sobre as águas e vindo na direção deles. Ficaram de cabelo em pé. Mas, reconheceram quem era, quando ele se apresentou. Lembra o que foi que o personagem disse? “Sou eu. Tenham medo não”. E quem é ele? Claro, é Jesus. Mas, ele disse SOU EU. Disse como Deus, o Pai, tinha dito no Monte Sinai a Moisés. 'EU SOU. Diga ao Faraó que EU SOU mandou dizer que liberte o meu povo'. EU SOU é Deus. Podemos pensar assim: no meio daquele vendaval, daquela tormenta, os discípulos fizeram uma experiência maravilhosa: Jesus é Deus. Ele é EU SOU. Durante o seu ministério, ele foi se revelando: “Eu sou o pão vivo descido do céu. Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a Luz do Mundo”. Ele é Deus. É Deus quem domina o mar, é Deus quem acalma a tempestade. Por falar em tempestade, cadê a tempestade? Quando Jesus e Pedro entraram na barca, tudo se acalmou.


Guardando a mensagem

O mar é o mundo, onde os discípulos levam adiante a missão que Jesus lhes confiou. A barca é a comunidade dos discípulos, a Igreja. De vez em quando, a comunidade se encontra cercada de problemas e dificuldades, no meio de uma verdadeira tempestade. Em momentos como esse, faz uma profunda experiência de Deus. Jesus mesmo vem ao seu encontro. Jesus é o Deus vencedor do pecado, do mal e da morte. É ele quem garante o êxito da missão, ele domina a tempestade, ele acalma o mar. Nesta cena, Pedro tem um lugar de destaque. Também ele experimenta andar sobre as águas, como Jesus, embora, com medo, acabe afundando. Mas, Jesus está ao seu lado, dando-lhe força, levantando-o pela mão. Nesta primeira semana do mês vocacional, em que celebramos a vocação dos ministros ordenados - os diáconos, os padres e os bispos - nos console a certeza da presença de Jesus em sua Igreja, garantindo a travessia em todas as tempestades e socorrendo os seus ministros em suas fraquezas.

Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste? (Mt 14, 31)

Rezado a palavra

Senhor Jesus,
minha família, como tua Igreja, também é como uma barca, navegando no mar. De vez em quando, dá cada tempestade! Pensando bem, nunca nos deixaste sozinhos no meio das tormentas. Sempre experimentamos que tu vens ao nosso encontro, mesmo quando partimos sem ti. É quando experimentamos, com emoção, a força de tua proteção, a grandeza do teu amor. Tua presença acalma a tempestade. Muito obrigado, Senhor. Tu és o nosso Deus e Salvador. Continua, Senhor, a sustentar pela mão o líder de tua barca, o nosso Papa, o nosso Pedro. Socorre-o em suas necessidades, levanta-o em suas fraquezas. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

É possível que, hoje, se apresente uma oportunidade para você dizer uma palavra de fé que ajude a acalmar alguma tempestade. Se aparecer essa oportunidade, dê seu testemunho sobre Jesus: anuncie que é ele quem acalma o mar.

Comunicando

Neste mês de agosto, mês de aniversário da AMA, teremos, entre outros, dois momentos muito especiais: o dia missionário e a reestreia do programa Encontros, no Canal do Youtube, no dia 15 e o Show de aniversário, com Pe. João Carlos e Banda, com uma live para todos os associados, no dia 27.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Acolhimento e fartura no banquete de Jesus



01 de agosto de 2022

Dia de Santo Afonso Maria de Ligório



EVANGELHO

Mt 14,13-21

Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

MEDITAÇÃO


Eles não precisam ir embora. Vocês mesmos dêem-lhes de comer! (Mt 14, 16)

Como foi diferente o banquete de Jesus do banquete de Herodes! O banquete de Herodes é o texto que vem antes desta narração da multiplicação dos pães. As duas narrações estão interligadas. Jesus foi para um lugar deserto e afastado quando soube do que aconteceu com o profeta João Batista. Esta notícia, trazida pelos discípulos de João que sepultaram o seu corpo, mexeu profundamente com Jesus, claro. Além de seu primo, João o tinha batizado naquele movimento de renovação às margens do Rio Jordão. Quando ele tinha sido preso, conta o mesmo evangelho de São Mateus, Jesus tinha voltado para a Galileia, se transferido para Cafarnaum e começado a pregar abertamente. Agora, que soube de sua morte na corte de Herodes, em circunstâncias tão violentas, ele ficou muito abalado. E afastou-se para um lugar deserto.

A notícia do que tinha acontecido na corte do rei, em Tiberíades, circulou rapidamente no meio da população da Galileia. No banquete de aniversário, Herodes, dobrando-se ao capricho da esposa-cunhada, depois de um número de dança da sobrinha, mandou decepar a cabeça de João Batista no cárcere. Na presença dos convidados, foi apresentada a cabeça do profeta numa bandeja. Um banquete de violência onde o prato principal foi a morte do profeta de Deus, que tanta esperança tinha despertado no coração do povo. Um banquete de morte.

Não foi só Jesus que ficou triste. O povo também ficou chocado com o acontecido. E viu como Jesus tinha reagido, retirando-se para o deserto, com os discípulos. Por isso, de todo canto apareceu gente que foi ao encontro dele ou se antecipou à sua chegada. Ao desembarcar, Jesus já encontrou aquele povão todo. E encheu-se de compaixão por eles. Curou os que estavam doentes. E foi ficando com eles... Como já ia ficando tarde, os discípulos chamaram a sua atenção para que terminasse aquela reunião, para o povo voltar e encontrar o que comer pelas aldeias. Uma preocupação justa. Mas, Jesus recomendou que eles mesmos dessem um jeito. Mas, como dar um jeito, se eles só tinham cinco pães e dois peixes?! Seria o suficiente.

Realmente, daquela vez o povo não estava só atrás de benefícios para si. Estava chocado com os acontecimentos, vivendo quase um luto coletivo, solidário com Jesus, mas, ao mesmo tempo, sentindo-se consolado por ele. Mandá-los embora com fome, seria o contrário de tudo o que Jesus estava anunciando, com a proclamação da chegada do Reino de Deus. Assim, Jesus prepara o povo para uma grande refeição, um grande banquete, mandando o povo se sentar. O profeta Isaías tinha falado dessa fartura que Deus iria providenciar: “Vocês que não têm dinheiro, venham e comam!”. Um banquete de vida, Deus alimentando o seu povo, como no tempo do maná, também no deserto. Jesus pegou aquele pouco alimento e deu graças a Deus e começou a dividir os pães e depois os peixes e entrega-los aos discípulos que iam entregando ao povo. Um milagre da providência divina, a multiplicação dos pães e dos peixes. Todo mundo comeu e ficou satisfeito. Mandou ainda recolher as sobras em cestos.

O povo voltou para casa consolado pela atitude acolhedora e amorosa de Jesus, confortado por suas palavras e alimentado pelo pão abençoado, partido e distribuído por ele. Um banquete bem diferente do de Herodes. Lá, a corte celebrou a morte, sufocando a palavra de esperança que o profeta anunciava, pela qual convocava todos à conversão. No deserto, o povo celebrou a vida, no acolhimento de Jesus, em sua palavra de esperança e no pão repartido com todos.


Guardando a mensagem

Os encontros de multiplicação dos pães, nos evangelhos, nos prepararam para a Eucaristia, a Santa Missa. Na Santa Missa, celebramos o banquete da vida. O próprio Jesus acolhe com carinho o seu povo, conforta-o em suas necessidades, fala-lhes ao coração e o alimenta com o sacramento do seu próprio corpo e sangue. Continuamos a partir o pão, fazendo memória de sua vida entregue por nós, pão descido do céu para a vida do mundo. Na Santa Missa, o bispo ou os padres, exercem seu serviço em nome de Cristo, que é o verdadeiro presidente da celebração. Em seu nome, acolhem, ensinam, alimentam o seu povo.

Eles não precisam ir embora. Vocês mesmos dêem-lhes de comer! (Mt 14, 16)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós te bendizemos por tua proximidade, por tua encarnação. Tu és o Deus maravilhoso que se fez um de nós, participante de nossa história humana, companheiro de dores e alegrias. Em ti, experimentamos como é imenso o amor do Pai por nós. Naquele encontro no deserto, com aquele povo tão numeroso que te procurou, celebraste um banquete de vida, enchendo o seu coração de alegria e esperança. Assim, experimentaram que o Reino de Deus tinha chegado, vencendo o banquete de morte da corte de Herodes. Concede, Senhor, que em nossas celebrações eucarísticas experimentemos o acolhimento, a solidariedade, a comunhão contigo e com os irmãos, ao acolhermos tua santa palavra e comermos do mesmo pão que és tu mesmo, para nos fortalecer no caminho da vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze, hoje, pelos diáconos, padres e bispos seus conhecidos: Estamos na semana de oração pela vocação dos ministros ordenados.

Comunicando

Neste mês de agosto, mês de aniversário da AMA, teremos, entre outros, dois momentos muito especiais: o dia missionário e  a re-estreia do programa Encontros, no Youtube, no dia 15 e o Show de aniversário, com uma live para todos os associados, no dia 27.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NA MORTE, NÃO SE LEVA NADA




31 de julho de 2022

18º Domingo do Tempo Comum


EVANGELHO


Lc 12,13-21

Naquele tempo, 13alguém, do meio da multidão, disse a Jesus: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta a herança comigo”. 14Jesus respondeu: “Homem, quem me encarregou de julgar ou de dividir vossos bens?”
15E disse-lhes: “Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”.
16E contou-lhes uma parábola: “A terra de um homem rico deu uma grande colheita. 17Ele pensava consigo mesmo: ‘O que vou fazer? Não tenho onde guardar minha colheita’.
18Então resolveu: ‘Já sei o que fazer! Vou derrubar meus celeiros e fazer maiores; neles vou guardar todo o meu trigo, junto com os meus bens. 19Então poderei dizer a mim mesmo: Meu caro, tu tens uma boa reserva para muitos anos. Descansa, come, bebe, aproveita!’20Mas Deus lhe disse: ‘Louco! Ainda esta noite, pedirão de volta a tua vida. E para quem ficará o que tu acumulaste?’21Assim acontece com quem ajunta tesouros para si mesmo, mas não é rico diante de Deus”.



MEDITAÇÃO


Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens (Lc 12, 15)

Há um risco muito sério em nossa vida: concentrar todas as nossas energias em conseguir coisas, bens, o sustento de casa, o conforto da família. Está certo, realmente, precisamos providenciar nossa sobrevivência, para viver com dignidade. Mas, a vida é mais do que isso, não é verdade? Há quem faça disso o único objetivo de sua vida. Alguns se sacrificam dia e noite para manter e aumentar os seus bens. E não vêem mais nada, nem as pessoas de sua família, só as coisas, o dinheiro. Para estes, os bens deste mundo vão se tornando o seu deus, o seu dono.

As leituras deste Domingo nos fazem alguns alertas. Cuidado com essa vaidade de viver para ter coisas. É o que está no livro do Eclesiastes. A felicidade não está em ter muitos bens, nos diz Jesus no Evangelho. Não deixem o seu coração ficar preso nas coisas daqui de baixo, nos aconselha Paulo em sua carta. Senhor, dá-nos sabedoria para sabermos viver bem, reza o Salmo de hoje.

A ganância se manifesta em muitas ocasiões. No evangelho de hoje, é a briga pela herança. Quanto aparece uma herança, se acaba qualquer vínculo de amizade, de respeito, de fraternidade. O ganancioso, parente ou não, quer açambarcar o mais que puder ou tudo, se possível. O dinheiro fala muito alto e o interesse pelos bens materiais pode dominar a pessoa. O ganancioso é um monstro, capaz de mentir, de prejudicar os outros, de manipular todo tipo de argumento para passar por cima do direito dos outros, em benefício próprio.

No caso de uma disputa por herança, é claro que é importante se procurar a partilha justa dos bens. Se de verdade, alguém se sentir prejudicado, tem direito de defender e requerer os seus direitos, com os instrumentos do diálogo e, se necessário, da justiça. Mas, mesmo numa disputa por herança, a gente tem que se comportar como cristão. Cristão age, antes de tudo, movido pelo amor a Deus e aos irmãos; não age movido pelo dinheiro, seduzido pelos bens desta terra. Cristão não é um ganancioso, não faz do dinheiro um deus na sua vida.

Mas não é só nas disputas por herança que a ganância se manifesta. O ganancioso nunca fica satisfeito com o que tem. Está sempre correndo para ter mais. O pecado da avareza se manifesta em manter o pensamento fixo em ter coisas, subir na vida de qualquer forma, passar os outros para trás e não repartir nada com ninguém: não repartir oportunidade, nem projetos, nem recursos financeiros; não compartilhar nada com ninguém. Nessa situação, o avarento não é transparente e não se sensibiliza pela situação e pelo sofrimento dos outros.

Jesus ensinou: “Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. Para ilustrar, Jesus contou a história de um homem rico. Depois que ele superlotou seus novos e maiores celeiros de trigo, foi dormir planejando usufruir de toda a sua riqueza e morreu naquela mesma noite. Juntar tesouros para si mesmo é loucura, arrematou Jesus.

A vida da gente não pode ser apenas essa correria para se conseguir as coisas. Esse não é o objetivo de nossa vida. O Livro bíblico do Eclesiastes vê nisso uma grande vaidade, coisa sem futuro. E pergunta: “Que resta ao homem de todos os trabalhos e preocupações que o desgastam debaixo do sol? Nem mesmo de noite repousa o seu coração. Também isso é vaidade” (Ecl 1).

Na carta aos Colossenses, São Paulo nos dá um conselho precioso: “Se vocês ressuscitaram com Cristo, esforcem-se por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirem às coisas celestes e não às coisas terrestres” (Cl 3).


Guardando a mensagem

A palavra de Jesus hoje é para a gente ter cuidado com qualquer tipo de ganância. A felicidade não está em se ter coisas ou ter muitos bens. Precisamos lutar com responsabilidade pelo pão de cada dia, procurando poupar também para o futuro, mas sem por nossa esperança no dinheiro, sem fazer das coisas um novo deus. Como reza o salmo 89: “Ensina-nos a contar os nossos dias e dá sabedoria ao nosso coração”. Ao morrer, não se leva nada, a não ser as boas obras que fizemos, a caridade que praticamos, o amor que devotamos a Deus e aos irmãos.

Mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens (Lc 12, 15)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tua palavra nos tem ensinado que não devemos por a nossa confiança nos bens desta terra, pois nossa vida aqui é uma passagem. Tu nos ensinas a buscar os bens que não passam, a viver com os olhos fixos nos bens eternos que já possuímos na esperança. No trato com os bens desta terra, nos ensinas a ser honestos, trabalhadores e solidários, fugindo de tudo que possa parecer avareza, egoísmo e ganância. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Neste último domingo do mês, não perca a celebração da Santa Missa em sua comunidade. Aproveite para agradecer a Deus pelas bênçãos recebidas neste.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

EU SOU PROFETA, EU SOU CRISTÃO




30 de julho de 2022

Sábado da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 14,1-12

1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do governador Herodes. 2Ele disse a seus servidores: “É João Batista, que ressuscitou dos mortos; e, por isso, os poderes miraculosos atuam nele”.
3De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. 4Pois João tinha dito a Herodes: “Não te é permitido tê-la como esposa”. 5Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta. 6Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes 7que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. 8Instigada pela mãe, ela disse: “Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista”. 9O rei ficou triste, mas, por causa do juramento diante dos convidados, ordenou que atendessem o pedido dela. 10E mandou cortar a cabeça de João, no cárcere. 11Depois a cabeça foi trazida num prato, entregue à moça e esta a levou para a sua mãe. 12Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois foram contar tudo a Jesus.

MEDITAÇÃO


Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta (Mt 14, 5)

Herodes, que mandara matar o profeta João Batista, ficou sabendo da fama de Jesus e ficou cheio de temores. Pensou logo “é João Batista que voltou, ressuscitou”. O evangelista Mateus aproveita para contar como foi a morte de João Batista e quem era esse mesquinho e violento governante.

Herodes era rei na Galiléia, a região onde Jesus morava. Tinha construído uma cidade para sua capital, à beira do Mar da Galiléia. Era um monarca vassalo de Tibério César, imperador romano. Para agradá-lo, Herodes pôs o nome de sua capital de Tiberíades. Mantinha-se às custas de impostos arrancados da população da Galiléia.

Era o tempo do profeta João Batista. E o Batista andou criticando o rei por suas maldades e por sua vida familiar escandalosa: estava vivendo com a mulher do seu irmão Felipe.

Olhando direitinho o texto, dá pra gente identificar os sete pecados do rei Herodes.

1. Ao ouvir falar de Jesus, imaginou que era João Batista que tivesse voltado. Ficou logo com medo.

2. João Batista bem que tinha razão. O rei devia dar exemplo, não viver maritalmente com a cunhada.

3. Ele mandou prender João Batista por causa das críticas que o profeta lhe fazia, publicamente. E queria mata-lo. Só não o fez logo, com medo da reação do povo. Mandou prender, amarrar, colocar na prisão o profeta inocente e desarmado.

4. Na festa do seu aniversário, no seu palácio, os convidados eram gente graúda que o sustentava no trono, gente que se beneficiava do seu governo.

5. Gostou da dança da mocinha, sua enteada, prometeu-lhe dar qualquer coisa que pedisse. Agiu com grande irresponsabilidade.

6. A mãe mandou a filha pedir a cabeça de João Batista em um prato. Ele ficou triste, mas não teve coragem de negar-se a atender o capricho da amante e voltar atrás diante dos convidados.

7. Mandou degolar João Batista na prisão, sem nenhum processo ou julgamento.

Com a morte de João Batista, não morreu a esperança que ele suscitou com sua pregação e com o batismo de penitência no Rio Jordão. Jesus, visivelmente, tomou o seu lugar no imaginário do povo. Ele que andava pela Judeia, voltou para sua região, a Galileia, se estabeleceu em Cafarnaum e começou o seu trabalho missionário. Por isso, Herodes ficou tão preocupado.


Guardando a mensagem

Por que será que o evangelho conta essa história da morte de João Batista com tantos detalhes, realçando os graves defeitos do governante Herodes? Com certeza, para enaltecer a figura do profeta João e o vigor de sua pregação que convocava todos a se converterem, do pequeno ao grande; também para preparar o leitor para a perseguição que as autoridades de Jerusalém moveriam contra Jesus.

Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta (Mt 14, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
lemos no evangelho, que quando soubeste desta morte cruel do teu primo João Batista, voltaste da Judeia para a Galileia, para a tua região, onde tinham ocorrido esses episódios tão tristes. Não te deixaste intimidar. Pelo contrário, foi a oportunidade para começares a tua missão publicamente, pregando o Reino de Deus. É como quem diz, caiu um profeta, levanta-se outro. Senhor, teu exemplo é um grande ensinamento para nós. Ajuda-nos a não nos deixarmos paralisar pelo medo ou pela omissão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Preparando a sua participação na Missa deste domingo, dê uma olhada no evangelho de amanhã: Lc 12,13-21.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SOFRIMENTO E A FÉ DE MARTA




29 de julho de 2022

Dia dos Santos Marta, Maria e Lázaro, 
discípulos de Jesus

EVANGELHO



Jo 11,19-27


Naquele tempo, 19muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa.

21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.

25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” 27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.


MEDITAÇÃO


Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele (Jo 11, 20).


Na Igreja, hoje estamos festejando os irmãos Marta, Maria e Lázaro, discípulos do Senhor. Marta é a figura de uma cristã cheia de fé, especialmente nos momentos de maior dificuldade e sofrimento. O caminho de fé de Marta é o caminho de fé da comunidade cristã e de cada um de nós.


Marta - você lembra dela - é a irmã de Maria e de Lázaro, amigos de Jesus que moravam em Betânia. Maria é aquela que ficou sentada aos pés de Jesus, escutando seu ensinamento, enquanto Marta ocupava-se dos afazeres da casa, lembra?! Na cena de hoje, Marta foi ao encontro de Jesus quando ele estava chegando e Maria ficou em casa, sentada.


Bom, tinha acontecido uma coisa muito triste. Lázaro tinha morrido. Elas, suas irmãs, tinham mandado chamar Jesus quando ele ainda estava gravemente enfermo. Mas, Jesus não apareceu. Quando ele veio chegar, Lázaro já estava morto há quatro dias. A cena é essa: Jesus está chegando... Marta vai ao encontro dele, antes dele visitar o túmulo do amigo.


Vamos prestar atenção nas quatro coisas que Marta disse a Jesus:


A primeira palavra de Marta foi essa: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. Na verdade, isso é uma queixa, porque Jesus demorou a ir ver o seu amigo. Elas contavam que Jesus o curasse da doença. Nós também passamos por momentos de muita dificuldade. Clamamos por Deus. Às vezes, parece que ele não vem nos socorrer. Nossa oração toma então um tom de reclamação.


Vamos à segunda palavra de Marta: “Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. Uma palavra que mostra sua confiança no poder de Deus que opera em Jesus. Seu coração está aberto à ação de Deus. Mesmo não sendo prontamente atendidos como pretendíamos, manifestamos ao Senhor nossa confiança. Confiamos nele. Não entendemos os seus planos, mas confiamos nele.


A terceira palavra de Marta no diálogo com Jesus foi essa: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Ela tem a crença que boa parte do seu povo tem: no último dia, haverá a ressurreição dos mortos. Sabe que Deus agirá no tempo dele. Nós também temos uma fé como a de Marta. Acreditamos que Deus é Senhor de tudo e, lá no fim da história, vai realizar todas as suas promessas.


A quarta e última palavra de Marta foi impressionante. “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. É uma bela afirmação de sua fé. Reconhece que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, o prometido. Ela está dizendo que crê em Jesus que está ali presente, a revelação plena do Pai. Jesus tinha lhe dito: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais”. Ela confessa sua fé em Jesus, que está ali diante dela. O dom de Deus é não só para o final de nossa jornada. O dom de Deus, em Cristo, é já para hoje. Ele é a ressurreição e a vida.


Marta fez o caminho da fé, os quatro passos. Está pronta para o sinal da ressurreição do seu irmão Lázaro.



Guardando a mensagem


Marta é uma discípula de Jesus. O seu caminho de fé é também o caminho de cada cristão, o nosso caminho. No seu caminho de fé, ela deu quatro passos no seu encontro com Jesus: passou da queixa para a confiança nele; e de uma fé genérica para uma fé pessoal em Jesus Salvador. Que bom que você possa percorrer esse mesmo itinerário: da queixa passar à confiança em Jesus; da fé genérica passar a uma adesão pessoal a Jesus Salvador. Nele, manifestou-se a vida de Deus.


Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele (Jo 11, 20).


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

como Marta, que perdeu seu irmão Lázaro, muitos de nós estão passando pela perda de um ente querido. É uma dor profunda, uma tristeza muito grande que se experimenta, sobretudo se se tratar de um pai, de uma mãe ou de um filho ou filha. Em muitas situações, rogou-se ardorosamente pela cura daquela pessoa e o milagre aparentemente não aconteceu. Perdoa, Senhor, se não compreendemos os teus desígnios. Essa vida biológica que nos deste se esgota com o tempo. Mas, a vida que nos deste não termina na morte do corpo. Olhamos para ti, Jesus, e contemplamos a tua ressurreição. Cremos que venceste a morte e estás vivo e ressuscitado. Cremos na ressurreição da carne. Como tu, seremos ressuscitados para vivermos sempre contigo, na comunhão do Pai e do Santo Espírito. Sabemos, na fé, que a ressurreição será plena e total, quando chegar o dia da ressurreição da carne, na tua volta. Queremos viver, Senhor, nessa fé. E acompanhar, na oração, os que partiram. Recebe a todos eles na tua santa morada. E conforta os corações sofridos pela ausência dos seus entes queridos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra


Reze, hoje, pelos seus falecidos. E, aparecendo oportunidade conforte alguém enlutado, com as palavras da fé.


Comunicando


Quando você tiver um tempinho, visite o site da AMA: www.amanhecer.org.br. Assim, você fica conhecendo um pouco mais do nosso serviço missionário.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


A REDE LANÇADA AO MAR




28 de julho de 2022

Quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 13,47-53

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. 52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. 53Quando Jesus terminou de contar essas palavras, partiu dali.


MEDITAÇÃO

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)



Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura.

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados.

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes.

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações.

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja.

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”.


Guardando a mensagem

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe.

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: Na grande pescaria de rede que Jesus nos deixou como missão, em quê a Igreja pode contar comigo?

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Missa das 11 horas, rezando pelos associados e ouvintes. Você pode nos acompanhar pelo rádio e pelas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SEGREDO DO TESOURO ESCONDIDO



27 de julho de 2022

Quarta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino do Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.
45O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.


MEDITAÇÃO


Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola (Mt 13, 46)

Duas parábolas parecidas, a do tesouro escondido e a da pérola preciosa. Comparações que Jesus fez sobre o Reino de Deus.

O Reino dos Céus é um como um tesouro escondido no campo que o homem encontra. O Reino é um dom de Deus, um tesouro que está escondido em nossa vida, em nossa história. Nós só o encontramos, mas ele já estava lá. Nós nos deparamos com ele, nos surpreendemos com a sua existência. Não o produzimos. Ele é um tesouro que nós não amealhamos. Mas, ele está ali para nós, um grande dom em nossa vida. Assim é o Reino de Deus.

O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas e encontra uma de grande valor. O homem procura pérolas preciosas. Em sua busca, encontra algo maravilhoso, a pérola dos seus sonhos. O Reino não deixa de ser dom, uma pedra preciosa de imenso valor que não é obra de nossas mãos. Mas, há uma detalhe nessa parábola. O homem a buscava... ela é a resposta aos seus sonhos, à sua busca. O Reino de Deus é uma resposta aos profundos anseios de nosso coração: o amor, a paz, a unidade, a comunhão, a fraternidade, a justiça... Assim é o Reino de Deus.

As duas parábolas também nos dizem como teremos parte no Reino de Deus. O agricultor que encontrou o tesouro escondido no campo vendeu tudo quanto possuía e comprou o campo. O comerciante também vendeu tudo o que tinha e comprou aquela pérola. Como podemos entender isso? O tesouro vale mais do que todos os bens que o agricultor possui. Será o grande bem de sua vida. A pérola preciosa vale mais do que todos os bens que o comerciante tem. Será o seu maior bem. Quando se encontra o Reino de Deus, que é o maior bem que a gente pode ter, a gente renuncia a qualquer outro valor para colocá-lo em primeiro lugar. Como disse Jesus: “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será dado em acréscimo”. E Paulo apóstolo: “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo” (Filipenses 3,7).

É claro, nós não compramos o Reino de Deus. Não é isto que a parábola está dizendo. Nós damos ao Reino de Deus o lugar mais importante, colocando o resto em segundo plano. Como disse Paulo: “por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo”. Na verdade, ao vender tudo para comprar o campo, é o tesouro que agora me tem. Ao vender tudo para comprar a pérola, é a pérola que agora me possui. Paulo não desprezou tudo para ser dono de Jesus. Pelo contrário, para ser completamente de Jesus é que ele renunciou a tudo.


Guardando a mensagem

Na parábola do tesouro, entendemos que o Reino de Deus é, em primeiro lugar, um dom de Deus em nossas vidas. Um dom, um tesouro encontrado pelo agricultor. Na parábola da pérola, entendemos que o Reino de Deus é uma resposta de Deus aos nossos anseios, aos nossos sonhos. É a resposta à busca do comerciante. Mas, não basta encontrar o Reino de Deus. Precisamos redimensionar tudo em nossa própria vida para que ele esteja em primeiro lugar. Para que nós pertençamos a ele.

Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola (Mt 13, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós já encontramos o Reino de Deus ou ele nos encontrou. O Reino é a tua presença entre nós, nos comunicando o amor do Pai. Nós te descobrimos, como o agricultor cavando a terra. Nós te encontramos, como o comerciante procurando a pérola mais valiosa. Falta-nos ainda nos empenhar por completo, para colocar o Reino de Deus como valor supremo de nossas vidas, não para possuirmos a ti, mas para pertencermos a ti. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você entendeu essa explicação de hoje? "Agora, eu sou da pérola que eu comprei". Bom, para entender melhor ainda, leia o que escrevi nesta Meditação. Para você que recebe a Meditação no celular, estou deixando um link para você ir direto ao texto desta reflexão.

Comunicando

Em agosto, mês de aniversário da AMA, teremos a seguinte programação: encontro dos ouvintes, no Recife, no dia 08; dia missionário e re-estreia do programa Encontros, no Youtube, no dia 15; Semana de Salesianidade, nos dias 16 a 19; Missa de N. Sra. Auxiliadora, no dia 24 e Show de aniversário, com uma live para todos os associados, no dia 27. 

AMA, 26 anos evangelizando com a comunicação. 

Até amanhã, se Deus quiser. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

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