Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados. (Mt 5, 4)
Estamos no início do sermão da montanha, no evangelho de São Mateus. As
bem-aventuranças são um grande manifesto do Reino de Deus. Em Mateus, contamos nove
bem-aventuranças. Elas traçam o perfil do cidadão do Reino. São felizes em sua
condição de sofrimento, pobreza, perseguição, aflição,.. porque é Deus quem lhes assegura todo bem: a
terra, a paz, a justiça. Em sua fraqueza, em sua carência, experimentam o poder
de Deus que vem em seu auxílio, cumulando-os de todo bem. O Reino é, assim, o
dom de Deus na vida de quem se sente pequeno e sofredor.
Essa é a segunda bem-aventurança: “Bem-aventurados os aflitos, porque
serão consolados” (Mt 5, 4). Quem são os aflitos? São os que estão
desesperados, os que estão se encontrando sem saída, os que chegaram ao seu
limite. Não encontram mais solução, não conseguem mais resolver os problemas.
Lembra o povo de Deus, perseguido pelos exércitos do Faraó, com o mar pela
frente. Não pode voltar, nem pode mais avançar. Está em grande aflição. Eles
não têm mais o que fazer. Ali, experimentando sua tremenda fraqueza, o povo faz
experiência do poder libertador do seu Deus: o vento forte, durante toda a
noite, baixa as águas e eles atravessam aquele braço de mar vermelho,
alcançando a liberdade. E a maré volta a encher, para desgraça dos seus
perseguidores. Os aflitos foram consolados, libertados.