Quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e ora ao teu Pai
que está oculto (Mt 6, 6)
19 de junho
de 2019.
Estamos
ouvindo o Sermão da Montanha. Nele, Jesus faz uma reedição da Lei, orientando
os seus seguidores sobre como se conduzir em diversas situações da vida. No
ensinamento de hoje, ele toca em três temas: a esmola, a oração e o jejum.
‘Quando der esmola, não toque a trombeta diante de si, não dê publicidade à sua
caridade. Quando jejuar, não desfigure o rosto, ninguém precisa saber de sua
penitência. Quando for rezar, não exiba sua piedade em favor de sua boa
imagem’. A orientação é afastar-se do jeito dos fariseus e realizar essas
práticas religiosas com um novo espírito.
Vamos
prestar bem atenção à preocupação de Jesus com relação à oração. Um grande
defeito da oração dos fariseus era a ostentação. Disse Jesus, com toda clareza:
“Quando vocês forem rezar, não façam como os hipócritas, que gostam de rezar em
pé, nas sinagogas e nas esquinas das praças, para serem vistos pelos homens”.
Os fariseus rezavam em público, mostrando-se praticantes fieis da religião.
Eles eram realmente admiráveis pelo exato cumprimento externo das normas
religiosas. E o povo os tinha em muita conta. Mas, esse modo de praticar a fé, no
fundo, os estimulava a buscar prestígio e poder diante do povo. A ostentação
destrói a prática religiosa.
Na
ostentação, procura-se o reconhecimento por parte dos outros, o elogio dos
homens. A ação que seria de louvor a Deus transforma-se em louvor a si mesmo.
Na ostentação, manifesta-se a vaidade. Pela vaidade, a honra que é devida a
Deus eu a canalizo para a minha pessoa. Jesus via isso também nos trajes dos
fariseus e seus mestres, com a desculpa de homenagear as palavras da Lei. A
ostentação é também uma forma de humilhar os pobres e as pessoas que não
tiveram as mesmas oportunidades. Além do mais, a ostentação é irmã do
fingimento, da hipocrisia. É o culto da aparência, onde a verdade não conta, só
o que fica bem na foto.
Pelo
contrário, ensinou Jesus, “quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a
porta, e reza ao teu Pai que está oculto. E o teu Pai, que vê o que está
escondido, te dará a recompensa”. A oração é um ato de intimidade entre Pai e
filho. “Entra no teu quarto e fecha a porta”. Quarto é uma maneira simbólica de
falar da própria intimidade. Esse é o primeiro templo, o nosso interior. A
oração é como estar de portas fechadas, você e o seu Pai, conversando no seu
quarto. É no espaço interior, longe de olhares curiosos ou das manifestações
públicas de santidade, que você e Deus conversam, trocam confidências, acertam
as coisas.
Guardando a mensagem
Os fariseus
gostavam da oração da praça. Uma oração marcada pela ostentação, pelo jogo da
aparência, pela falsidade das intenções. A oração servia para engrandecer sua
imagem de homens devotos e cumpridores das obrigações religiosas. Era, afinal,
uma louvação a si mesmos. Jesus aconselhou a oração do quarto. Uma oração
marcada pela simplicidade, pela intimidade. Um diálogo amoroso e filial com
Deus, no templo da própria interioridade.
Quando tu orares, entra no teu quarto, fecha a porta, e ora ao teu Pai
que está oculto (Mt 6, 6)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
O teu ensinamento de hoje é uma grande lição
para nossa vida de oração. Diante de Deus, não vale a aparência. Vale a
verdade. No relacionamento com ele, conta pouco a formalidade. Vale
especialmente a simplicidade, a confiança e a intimidade de filho ou filha no
encontro com o seu Pai. O teu ensinamento, Senhor, não desprestigia os nossos
templos. Mas, fica claro, que antes do templo de pedra, a oração se faz
verdadeira no meu templo interior. Seja bendito o teu santo nome, hoje e
sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Consagre,
hoje, um tempinho para sua oração pessoal. Recolha-se em qualquer lugar (pode
ser mesmo no coletivo) e comunique-se com o seu Deus e Pai, no quarto do seu
ser, na sua intimidade.
Pe. João Carlos Ribeiro – 19 de junho de
2019.