PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: multiplicação dos pães
Mostrando postagens com marcador multiplicação dos pães. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador multiplicação dos pães. Mostrar todas as postagens

A REFEIÇÃO QUE PREPAROU A EUCARISTIA




02 de agosto de 2021


EVANGELHO


Mt 14,13-21

Naquele tempo, 13quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado. Mas quando as multidões souberam disso, saíram das cidades e o seguiram a pé. 14Ao sair da barca, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles e curou os que estavam doentes. 15Ao entardecer, os discípulos aproximaram-se de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e a hora já está adiantada. Despede as multidões, para que possam ir aos povoados comprar comida!” 16Jesus porém lhes disse: “Eles não precisam ir embora. Dai-lhes vós mesmos de comer!” 17Os discípulos responderam: “Só temos aqui cinco pães e dois peixes”. 18Jesus disse: “Trazei-os aqui”. 19Jesus mandou que as multidões se sentassem na grama. Então pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu e pronunciou a bênção. Em seguida partiu os pães, e os deu aos discípulos. Os discípulos os distribuíram às multidões. 20Todos comeram e ficaram satisfeitos, e dos pedaços que sobraram, recolheram ainda doze cestos cheios. 21E os que haviam comido eram mais ou menos cinco mil homens, sem contar mulheres e crianças.

MEDITAÇÃO


Eles não precisam ir embora. Vocês mesmos dêem-lhes de comer! (Mt 14, 16)

Como foi diferente o banquete de Jesus do banquete de Herodes! O banquete de Herodes é o texto que vem antes desta narração da multiplicação dos pães. As duas narrações estão interligadas. Jesus foi para um lugar deserto e afastado quando soube do que aconteceu com o profeta João Batista. Esta notícia, trazida pelos discípulos de João que sepultaram o seu corpo, mexeu profundamente com Jesus, claro. Além de seu primo, João o tinha batizado naquele movimento de renovação às margens do Rio Jordão. Quando ele tinha sido preso, conta o mesmo evangelho de São Mateus, Jesus tinha voltado para a Galileia, se transferido para Cafarnaum e começado a pregar abertamente. Agora, que soube de sua morte na corte de Herodes, em circunstâncias tão violentas, ele ficou muito abalado. E afastou-se para um lugar deserto.

A notícia do que tinha acontecido na corte do rei, em Tiberíades, circulou rapidamente no meio da população da Galileia. No banquete de aniversário, Herodes, dobrando-se ao capricho da esposa-cunhada, depois de um número de dança da sobrinha, mandou decepar a cabeça de João Batista no cárcere. Na presença dos convidados, foi apresentada a cabeça do profeta numa bandeja. Um banquete de violência onde o prato principal foi a morte do profeta de Deus, que tanta esperança tinha despertado no coração do povo. Um banquete de morte.

Não foi só Jesus que ficou triste. O povo também ficou chocado com o acontecido. E viu como Jesus tinha reagido, retirando-se para o deserto, com os discípulos. Por isso, de todo canto apareceu gente que foi ao encontro dele ou se antecipou à sua chegada. Ao desembarcar, Jesus já encontrou aquele povão todo. E encheu-se de compaixão por eles. Curou os que estavam doentes. E foi ficando com eles... Como já ia ficando tarde, os discípulos chamaram a sua atenção para que terminasse aquela reunião, para o povo voltar e encontrar o que comer pelas aldeias. Uma preocupação justa. Mas, Jesus recomendou que eles mesmos dessem um jeito. Mas, como dar um jeito, se eles só tinham cinco pães e dois peixes?! Seria o suficiente.

Realmente, daquela vez o povo não estava só atrás de benefícios para si. Estava chocado com os acontecimentos, vivendo quase um luto coletivo, solidário com Jesus, mas, ao mesmo tempo, sentindo-se consolado por ele. Mandá-los embora com fome, seria o contrário de tudo o que Jesus estava anunciando, com a proclamação da chegada do Reino de Deus. Assim, Jesus prepara o povo para uma grande refeição, um grande banquete, mandando o povo se sentar. O profeta Isaías tinha falado dessa fartura que Deus iria providenciar: “vocês que não têm dinheiro, venham e comam!”. Um banquete de vida, Deus alimentando o seu povo, como no tempo do maná, também no deserto. Jesus pegou aquele pouco alimento e deu graças a Deus e começou a dividir os pães e depois os peixes e entrega-los aos discípulos que iam entregando ao povo. Um milagre da providência divina, a multiplicação dos pães e dos peixes. Todo mundo comeu e ficou satisfeito. Mandou ainda recolher as sobras em cestos.

O povo voltou para casa consolado pela atitude acolhedora e amorosa de Jesus, confortado por suas palavras e alimentado pelo pão abençoado, partido e distribuído por ele. Um banquete bem diferente do de Herodes. Lá, a corte celebrou a morte, sufocando a palavra de esperança que o profeta anunciava, pela qual convocava todos à conversão. No deserto, o povo celebrou a vida, no acolhimento de Jesus, em sua palavra de esperança e no pão repartido com todos.

Guardando a mensagem

Os encontros de multiplicação dos pães, nos evangelhos, nos prepararam para a Eucaristia, a Santa Missa. Na Santa Missa, celebramos o banquete da vida. O próprio Jesus acolhe com carinho o seu povo, conforta-o em suas necessidades, fala-lhes ao coração e o alimenta com o sacramento do seu próprio corpo e sangue. Continuamos a partir o pão, fazendo memória de sua vida entregue por nós, pão descido do céu para a vida do mundo. Na Santa Missa, o bispo ou os padres, exercem seu serviço em nome de Cristo, que é o verdadeiro presidente da celebração. Em seu nome, acolhem, ensinam, alimentam o seu povo.

Eles não precisam ir embora. Vocês mesmos dêem-lhes de comer! (Mt 14, 16)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te bendizemos por tua proximidade, por tua encarnação. Tu és o Deus maravilhoso que se fez um de nós, participante de nossa história humana, companheiro de dores e alegrias. Em ti, experimentamos como é imenso o amor do Pai por nós. Naquele encontro no deserto, com aquele povo tão numeroso que te procurou, celebraste um banquete de vida, enchendo o seu coração de alegria e esperança. Assim, experimentaram que o Reino de Deus tinha chegado, vencendo o banquete de morte da corte de Herodes. Concede, Senhor, que em nossas celebrações eucarísticas experimentemos o acolhimento, a solidariedade, a comunhão contigo e com os irmãos, ao acolhermos tua santa palavra e comermos do mesmo pão que és tu mesmo, para nos fortalecer no caminho da vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze, hoje, pelos diáconos, padres e bispos seus conhecidos: Estamos na semana de oração pela vocação dos ministros ordenados.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

OS SETE PÃES E A EUCARISTIA



13 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 8,1-10

1Naqueles dias, havia de novo uma grande multidão e não tinha o que comer. Jesus chamou os discípulos e disse: 2“Tenho compaixão dessa multidão, porque já faz três dias que está comigo e não tem nada para comer. 3Se eu os mandar para casa sem comer, vão desmaiar pelo caminho, porque muitos deles vieram de longe”.
4Os discípulos disseram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?” 5Jesus perguntou-lhes: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete”. 6Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíram ao povo.
7Tinham também alguns peixinhos. Depois de pronunciar a bênção sobre eles, mandou que os distribuíssem também. 8Comeram e ficaram satisfeitos, e recolheram sete cestos com os pedaços que sobraram. 9Eram quatro mil, mais ou menos. E Jesus os despediu. 10Subindo logo na barca com seus discípulos, Jesus foi para a região de Dalmanuta.

MEDITAÇÃO


Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).

O povo está com Jesus numa região deserta. É uma multidão numerosa, umas quatro mil pessoas. Estão com fome. Jesus, com pena daquela gente, quer alimentá-los. Mas, como? - perguntam os discípulos. Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimentou todo mundo. O povo se sentou, Jesus pegou os pães, deu graças e os deu aos discípulos que os distribuíram com a multidão. O mesmo fez com alguns peixinhos. As sobras encheram sete cestos.

Uma história tão simples e tão cheia de significados Sete pães e sete cestos de sobras. Esse mesmo evangelista Marcos conta outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs, quando o povo chegou em Canaã. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus.

Bom, mas eu queria que a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. Veja só a pista que o evangelista deixou. Os discípulos comentaram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?”. Pense comigo: quando foi que o povo foi saciado de pão no deserto? Pensou?.... lembrou-se do “maná”? Perfeito. No tempo antigo, o povo que peregrinava no deserto, com fome, sem comida, foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu.

Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Essas palavras vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia. 

Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; a despedida. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.

Guardando a mensagem

Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães); a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento); toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).

Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo o sacramento da Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Como estamos em um final de semana, podemos fazer desse texto uma preparação para a Santa Missa do domingo, o dia do Senhor. Não podendo participar presencialmente, acompanhe devotamente a Missa de sua comunidade pelas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

TUDO COMEÇA NA COMPAIXÃO



05 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 6,34-44

Naquele tempo, 34Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas. 35Quando estava ficando tarde, os discípulos chegaram perto de Jesus e disseram: “Este lugar é deserto e já é tarde. 36Despede o povo para que possa ir aos campos e povoados vizinhos comprar alguma coisa para comer”. 37Mas Jesus respondeu: “Dai-lhes vós mesmos de comer”. Os discípulos perguntaram: “Queres que gastemos duzentos denários para comprar pão e dar-lhes de comer?” 38Jesus perguntou: “Quantos pães tendes? Ide ver”. Eles foram e responderam: “Cinco pães e dois peixes”. 39Então Jesus mandou que todos se sentassem na grama verde, formando grupos. 40E todos se sentaram, formando grupos de cem e de cinquenta pessoas. 41Depois Jesus pegou os cinco pães e os dois peixes, ergueu os olhos para o céu, pronunciou a bênção, partiu os pães e ia dando aos discípulos, para que os distribuíssem. Dividiu entre todos também os dois peixes. 42Todos comeram, ficaram satisfeitos, 43e recolheram doze cestos cheios de pedaços de pão e também dos peixes. 44O número dos que comeram os pães era de cinco mil homens.

MEDITAÇÃO


Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

A pregação da Palavra de Deus é uma coisa maravilhosa. Ninguém duvida. A celebração ou liturgia, outra coisa fantástica. Mas, nem a pregação, nem a celebração se explicam sem a compaixão, a caridade. A evangelização e a celebração começam e terminam na caridade. Está tudo no evangelho de hoje.

“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. Aí começa tudo, na compaixão. Jesus viu aquele povo que o procurava e lhe doeu o coração vê-lo tão necessitado, tão fragilizado. Para uma pessoa do interior como Jesus, dava pena ver um rebanho sem pastor: as ovelhas se dispersam, os carneirinhos viram presas fáceis para as feras e os ladrões, não têm quem os guie a um bom pasto. E olha que Jesus estava levando os discípulos para um lugar afastado para eles descansarem um pouco, pois estavam voltando, muito cansados, de uma missão. Diante daquela cena – ovelhas sem pastor – esqueceu-se o descanso e Jesus começou a “ensinar-lhes muitas coisas”, diz o evangelho.

O que será que Jesus ensinou àquela gente? Podemos imaginar, pois o que ele disse ao povo, certamente, é o que está no evangelho. Ele explicava, contando parábolas, como Deus ama os seus filhos, como fica feliz quando um filho ou uma filha escolhe o bom caminho; como o Pai cuida das aves e das plantas e mais ainda cuida de cada filho ou filha. E ainda: como são felizes aqueles que Deus ama. E Deus preza antes de tudo os mais pobres e os mais sofridos. Aí, ele lhes falava do Reino de Deus. Ah, esse mundo fica melhor se Deus for obedecido como bom pai que é e se cada filho for fraterno e bom com seu irmão, com sua irmã. Quanta coisa Jesus tinha para dizer àquele povo maltratado pela violência, pela doença, pela pobreza! E aqueles corações amargurados iam se enchendo de paz, de esperança. Riam com as histórias de Jesus (‘Imagine, o filho disse que ia, mas não foi, mas que malandro!’ - ‘E a festa que o Pai fez pra receber o filho que saiu de casa, ô festão!’ –‘ ‘Mas aquelas moças que foram para o casamento e esqueceram o óleo, que povo sem juízo!). Gente, olha a hora!

Quem falou “olha a hora!”? Os discípulos. Já está ficando tarde. Isso aqui é um lugar deserto. Esse povo precisa voltar pra casa. Já está tudo com cara de fome. Tenha paciência Jesus, a conversa está muito boa, mas está na hora de mandar o povo embora. ‘Mandar o povo embora, como assim? Sem comer nada? Vocês providenciem alguma coisa’. Aí a coisa esquentou... Providenciar, nós? Aí, eles foram pragmáticos, como muitos administradores de hoje. Gastar dinheiro para alimentar essa gente? Não tem dinheiro que chegue. Mande esse povo embora, enquanto é tempo. Eles se viram por aí... Olha a mentalidade deles: gastar dinheiro, despedir, mandar embora, não se sentir responsável por ninguém. E Jesus acalmou o grupo. 'Pera aí... O que vocês têm aí pra comer? Vão, vão ver... Cinco pães e dois peixes? Tragam pra cá'. Aí Jesus mandou todo mundo se sentar, formaram grandes grupos, pegou aqueles poucos pães e peixes, deu graças a Deus, fez a oração da bênção dos alimentos, partiu (preste atenção a este “partiu”) e ia dando os pedaços aos discípulos para que eles distribuíssem com o povo. Depois, dividiu também os peixes. O resultado, você já sabe. E até a sobra recolhida foi grandiosa. Olha a mentalidade de Jesus: alimentar, por em comum, partilhar, repartir, dividir, somos responsáveis uns pelos outros.

Guardando a mensagem

Antes de tudo, a compaixão. Jesus viu o povo e sentiu seu coração amargurado por vê-lo tão sofrido, tão fragilizado. Ele deixou de lado outro projeto e dedicou-se a “ensinar-lhe muitas coisas”. Isto é a evangelização. A evangelização é o anúncio do amor do Pai pelo seu povo, que nos mandou Jesus como pastor e salvador. A evangelização nasce da compaixão. E gera compaixão, caridade, amor a Deus e ao próximo.

Antes de tudo, a compaixão. Era tarde, o lugar deserto, o povo faminto. Jesus envolveu os discípulos numa linda celebração. Pode ver que todos os detalhes lembram a última ceia, como se fosse uma preparação para a Santa Missa. A celebração nasce da compaixão de Deus pelo seu povo e de nossa compaixão pelo próximo. E gera compaixão, solidariedade, caridade, novas relações.

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Hás de nos desculpar. Nós continuamos a pensar igualzinho aos discípulos naquela cena da multiplicação dos pães. Vemos as situações de sofrimento e abandono e cruzamos os braços. Ficamos paralisados por nossa mentalidade pragmática: não temos dinheiro, não temos condições, não é responsabilidade nossa. A solução que temos é mandar embora, cada um se virar. Senhor, ajuda-nos em nossa conversão. Na evangelização e na celebração, aprendemos contigo outra forma de ver e agir: sermos responsáveis uns pelos outros, fazer alguma coisa com o que temos e, sobretudo, confiar na providência de Deus que se manifesta na partilha e na solidariedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Leia o texto do evangelho de hoje em sua Bíblia: Marcos 6,34-44. Anote alguma frase deste evangelho no seu caderno espiritual.

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB.

PREPARANDO A EUCARISTIA


02 de dezembro de 2020

EVANGELHO


Mt 15,29-37

Naquele tempo, 29Jesus foi para as margens do mar da Galileia, subiu a montanha, e sentou-se. 30Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes. Então os colocaram aos pés de Jesus. E ele os curou. 31O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel.
32Jesus chamou seus discípulos e disse: “Tenho compaixão da multidão, porque já faz três dias que está comigo, e nada tem para comer. Não quero mandá-los embora com fome, para que não desmaiem pelo caminho”.
33Os discípulos disseram: “Onde vamos buscar, neste deserto, tantos pães para saciar tão grande multidão?” 34Jesus perguntou: “Quantos pães tendes?” Eles responderam: “Sete, e alguns peixinhos”. 35E Jesus mandou que a multidão se sentasse pelo chão. 36Depois pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os, e os dava aos discípulos, e os discípulos, às multidões. 37Todos comeram e ficaram satisfeitos; e encheram sete cestos com os pedaços que sobraram.

MEDITAÇÃO


Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)

Uma cena superinteressante, nos reserva o evangelho de hoje. Jesus está em território pagão. Também ali a missão está acontecendo. A missão, em várias partes do evangelho, é descrita como libertação dos sofredores. Assim, cercado de doentes e gente sofrida, Jesus os cura, os liberta. Num certo momento, ele chama os discípulos e lhes diz que sente compaixão daquele povo. Há três dias, eles o estão seguindo e, claro, estão com fome. Os discípulos só têm uma pergunta: como vão conseguir pão pra tanta gente naquele deserto? Informaram logo a Jesus que tinham somente sete pães e alguns peixinhos.

Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimenta todo mundo. Ele pega os pães, dá graças e os dá aos discípulos que os distribuem com a multidão. O mesmo faz com os peixinhos. Todos comem e ficam satisfeitos. As sobras enchem sete cestos.
Uma história tão simples e tão cheia de significados. Sete pães e sete cestos de sobras. No capítulo anterior, capítulo 14, o evangelista tinha contado outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus. Lá também, a missão está acontecendo.

Eu queria que agora a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. O fato de estarem numa região deserta, com fome, já nos lembra a situação que o povo de Deus passou quando peregrinava antes de entrar na terra prometida. No tempo antigo, o povo faminto foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu. O maná é um símbolo da Eucaristia e valeu como uma preparação para a Ceia, a Santa Missa.

Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Esses gestos de Jesus vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia. 

Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; Jesus que despede o povo. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.

Guardando a mensagem

Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães); a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento); toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).

Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo a Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, responda a esta pergunta: Como anda a minha participação na Santa Missa, na Eucaristia?

Todas as noites, eu comento a Meditação do dia e rezo a Oração da Noite com muita gente, no Facebook e no Youtube, às 21:30. É só você procurar "Padre João Carlos".

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

UM BANQUETE DE VIDA


Quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado (Mt 14, 13)


02 de agosto de 2020.


Como foi diferente o banquete de Jesus do banquete de Herodes! O banquete de Herodes é o texto que vem antes desta narração da multiplicação dos pães. Foi lido, ontem, na liturgia. As duas narrações estão interligadas. Jesus foi para um lugar deserto e afastado quando soube do que aconteceu com o profeta João Batista. Esta notícia, trazida pelos discípulos de João que sepultaram o seu corpo, mexeu profundamente com Jesus, claro. Além de seu primo, João o tinha batizado naquele movimento de renovação às margens do Rio Jordão. Quando ele tinha sido preso, conta o mesmo evangelho de São Mateus, Jesus tinha voltado para a Galileia, se transferido para Cafarnaum e começado a pregar abertamente. Agora, que soube de sua morte na corte de Herodes, em circunstâncias tão violentas, ele ficou muito abalado. E afastou-se para um lugar deserto. 

A notícia do que tinha acontecido na corte do rei, em Tiberíades, circulou rapidamente no meio da população da Galileia. No banquete de aniversário, Herodes, dobrando-se ao capricho da esposa-cunhada, depois de um número de dança da sobrinha, mandou decepar a cabeça de João Batista no cárcere. Na presença dos convidados, foi apresentada a cabeça do profeta numa bandeja. Um banquete de violência onde o prato principal foi a morte do profeta de Deus, que tanta esperança tinha despertado no coração do povo. Um banquete de morte.

Não foi só Jesus que ficou triste. O povo também ficou chocado com o acontecido. E viu como Jesus tinha reagido, retirando-se para o deserto, com os discípulos. Por isso, de todo canto apareceu gente que foi ao encontro dele ou se antecipou à sua chegada. Ao desembarcar, Jesus já encontrou aquele povão todo. E encheu-se de compaixão por eles. Curou os que estavam doentes. E foi ficando com eles... Como já ia ficando tarde, os discípulos chamaram a sua atenção para que terminasse aquela reunião, para o povo voltar e encontrar o que comer pelas aldeias. Uma preocupação justa. Mas, Jesus recomendou que eles mesmos dessem um jeito. Mas, como dar um jeito, se eles só tinham cinco pães e dois peixes?! Seria o suficiente.

Realmente, daquela vez o povo não estava só atrás de benefícios para si. Estava chocado com os acontecimentos, vivendo quase um luto coletivo, solidário com Jesus, mas, ao mesmo tempo, sentindo-se consolado por ele. Mandá-los embora com fome, seria o contrário de tudo o que Jesus estava anunciando, com a proclamação da chegada do Reino de Deus. Assim, Jesus prepara o povo para uma grande refeição, um grande banquete, mandando o povo se sentar. O profeta Isaías tinha falado dessa fartura que Deus iria providenciar: “vocês que não têm dinheiro, venham e comam!”. Um banquete de vida, Deus alimentando o seu povo, como no tempo do maná, também no deserto. Jesus pegou aquele pouco alimento e deu graças a Deus e começou a dividir os pães e depois os peixes e entrega-los aos discípulos que iam entregando ao povo. Um milagre da providência divina, a multiplicação dos pães e dos peixes. Todo mundo comeu e ficou satisfeito. Mandou ainda recolher as sobras em cestos.

O povo voltou para casa consolado pela atitude acolhedora e amorosa de Jesus, confortado por suas palavras e alimentado pelo pão abençoado, partido e distribuído por ele. Um baquete bem diferente do de Herodes. Lá, a corte celebrou a morte, sufocando a palavra de esperança que o profeta anunciava, pela qual convocava todos à conversão. No deserto, o povo celebrou a vida, no acolhimento de Jesus, em sua palavra de esperança e no pão repartido com todos.

Guardando a mensagem

Os encontros de multiplicação dos pães, nos evangelhos, nos prepararam para a Eucaristia, a Santa Missa. Na Santa Missa, celebramos o banquete da vida. O próprio Jesus acolhe com carinho o seu povo, conforta-o em suas necessidades, fala-lhes ao coração e o alimenta com o sacramento do seu próprio corpo e sangue. Continuamos a partir o pão, fazendo memória de sua vida entregue por nós, pão descido do céu para a vida do mundo. Na Santa Missa, o bispo ou os padres, exercem seu serviço em nome de Cristo, que é o verdadeiro presidente da celebração. Em seu nome, acolhem, ensinam, alimentam o seu povo.

Quando soube da morte de João Batista, Jesus partiu e foi de barco para um lugar deserto e afastado (Mt 14, 13).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te bendizemos por tua proximidade, por tua encarnação. Tu és o Deus maravilhoso que se fez um de nós, participante de nossa história humana, companheiro de dores e alegrias. Em ti, experimentamos como é imenso o amor do Pai por nós. Naquele encontro no deserto, com aquele povo tão numeroso que te procurou, celebraste um banquete de vida, enchendo o seu coração de alegria e esperança. Assim, experimentaram que o Reino de Deus tinha chegado, vencendo o banquete de morte da corte de Herodes. Concede, Senhor, que em nossas celebrações eucarísticas experimentemos o acolhimento, a solidariedade, a comunhão contigo e com os irmãos, ao acolhermos tua santa palavra e comermos do mesmo pão que és tu mesmo, para nos fortalecer no caminho da vida. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Participe da Santa Missa deste 18º. Domingo do Tempo Comum. Mesmo pelos meios de comunicação ou pelas redes sociais, a participação pode ser atenta, piedosa, recolhida. Reze, hoje, pelos diáconos, padres e bispos seus conhecidos: está começando a semana de oração pela vocação dos ministros ordenados.



Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


O POUCO COM DEUS É MUITO


Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes (Jo 6, 9)

24 de abril de 2020

A multidão está faminta. Jesus quer alimentá-la. Mesmo se tivessem duzentas moedas de prata, daria só um pedaço de pão pra cada um, avaliou um dos discípulos. Mas aparece um menino com uma ajuda: cinco pães de cevada e dois peixes. Era, com certeza, a refeição de sua família naquela jornada fora de casa. Era pouco. Mas, o pouco com Deus é muito. Esse pouco é a matéria com a qual Jesus vai alimentar aquelas cinco mil pessoas. Todos se sentam. Jesus pega os cinco pães de cevada, reza a oração de ação de graças e os distribui com todos. O mesmo, ele faz com os peixes. Deu pra todo mundo. Ainda manda recolher as sobras, para que nada se perca.

A multidão continua faminta. Fome de pão, de orientação; fome de educação, de saúde, de segurança; fome de justiça. Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você fica esperando soluções milionárias. “Se eu tivesse uma boa situação, eu ajudaria. Se Deus quiser, vou ganhar na loteria... aí contem comigo.. Ah, só se aparecer uma ajuda do exterior...”. Essa mentalidade leva ao desprezo da colaboração do pequeno. Assim, se age como aquele discípulo que achava que só dava pra se mexer se tivesse 200 moedas de prata para então, quem sabe, dar um pedacinho de pão a cada um. O ensinamento de Jesus, particularmente no evangelho de hoje, é a valorização da contribuição dos pequenos na solução dos problemas.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você fica esperando soluções messiânicas. “Vamos eleger um governante de respeito, ele vai resolver a situação. Tá chegando um cara aí formado nos Estados Unidos... se ele não resolver, ninguém mais resolve. Ah, tudo depende do padre, se o padre for bom, a construção termina rapidinho”. Em vez de se assumir a solução do problema, com as forças que se tem, fica-se esperando um salvador da pátria. Assim, você continua de braços cruzados, passando para outro a solução dos problemas. Nós temos nossa parcela de responsabilidade na solução dos problemas.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você não dá um passo, porque se resignou que aquilo não tem mais jeito. “Ah, isso sempre foi assim, não muda. Pode-se fazer o que quiser, mas nada se consegue. O mal é muito grande, a corrupção é muito antiga, o pequeno nasceu pra padecer.” Tem muita gente imobilizada por essa mentalidade determinista, que no fundo é acomodada e reacionária. Isso denota falta de confiança na sua própria força, na força dos outros e, também, na força de Deus. Na fé, fazemos as contas também com Deus, com sua graça, com sua providência. Ele abriu o mar vermelho para o povo que marchou em fuga no deserto. Ele alimentou o povo peregrino no deserto com o maná. Fazemos as contas, especialmente, com Deus.

Tantas situações estão esperando solução em sua casa, no seu trabalho, em sua comunidade. E você não se mexe porque considera que aquilo é problema dos outros, não é problema seu, não é de sua responsabilidade. Na narração da multiplicação de pães do Evangelho de Marcos, os discípulos sugeriram que Jesus despedisse a multidão, mandasse o povo se arrumar por sua conta. Jesus foi forte: “Vocês mesmos dêem de comer a essa gente”, isto é, vocês são responsáveis para encontrar uma solução para a fome do povo. Somos responsáveis uns pelos outros.

A refeição da multidão foi também uma preparação para o sacramento da ceia eucarística. Sem uma mentalidade de compromisso com o bem comum, de solidariedade, de partilha, não se compreende a eucaristia.

Está aqui um menino com cinco pães de cevada e dois peixes (Jo 6, 9)

Rezando a Palavra

Neste 24 de abril, comemoração mensal de N. Sra. Auxiliadora, rezemos o ATO DE ENTREGA, nos colocando sob sua proteção nesses dias difíceis dessa pandemia:

Santíssima e Imaculada Virgem Maria, nossa mãe terníssima e poderoso Auxílio dos Cristãos, nós nos consagramos inteiramente a Vós, para que nos conduzais nos caminhos do Senhor.

Pedimo-vos, ó Mãe querida, a vossa proteção sobre nossas famílias, sobre os idosos, os jovens, os pobres, particularmente sobre os que contraíram esse vírus.

Sede para todos, ó Virgem Maria, doce Esperança e Mãe de misericórdia. Como em tantos outros momentos trágicos da vida da humanidade e da Igreja, vinde socorrer-nos, Senhora.

Que todos encontremos abrigo sob o vosso manto de Mãe. Com vosso auxílio e vossa intercessão, sejamos vitoriosos contra os inimigos de nosso corpo e de nossa alma.

Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós.


Vivendo a Palavra

Quando for tomar as refeições principais, hoje, não se esqueça de rezar. Estando em casa e em família, agora com mais tempo, não se esqueça de, antes da refeição, bendizer a Deus pelo alimento e prometer, no seu coração, ser sempre mais solidário com quem não tem uma refeição decente.

Pe .João Carlos Ribeiro, sdb

O BANQUETE DE JESUS

Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).


15 de fevereiro de 2020

O povo está com Jesus numa região deserta. É uma multidão numerosa, umas quatro mil pessoas. Estão com fome. Jesus, com pena daquela gente, quer alimentá-los. Mas, como? - perguntam os discípulos. Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimentou todo mundo. O povo se sentou, Jesus pegou os pães, deu graças e os deu aos discípulos que os distribuíram com a multidão. O mesmo fez com alguns peixinhos. As sobras encheram sete cestos.

Uma história tão simples e tão cheia de significados Sete pães e sete cestos de sobras. Esse mesmo evangelista Marcos conta outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs, quando o povo chegou em Canaã. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus.

Bom, mas eu queria que a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. Veja só a pista que o evangelista deixou. Os discípulos comentaram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?”. Pense comigo: quando foi que o povo foi saciado de pão no deserto? Pensou?.... lembrou-se do “maná”? Perfeito. No tempo antigo, o povo que peregrinava no deserto, com fome, sem comida, foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu.

Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Essas palavras vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia. 

Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; a despedida. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.

Guardando a mensagem

Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães); a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento); toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).

Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,

Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo o sacramento da Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Como estamos em um final de semana, podemos fazer desse texto uma preparação para a Santa Missa do domingo, o dia do Senhor. Na Missa, amanhã, você vai escutar a narração da última ceia, como na multiplicação dos pães no deserto: “tomou o pão, deu graças, partiu e o deu aos discípulos...”. Você também vai estar no meio da multidão faminta, vai receber o alimento da Palavra e da Eucaristia. O mesmo Jesus que alimentou o povo no deserto vai estar lá, cheio de compaixão, dando-se como alimento. Não falte, amanhã, na santa Missa.

15 de fevereiro de 2020

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




ANTES DE TUDO, A COMPAIXÃO



Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

07 de janeiro de 2020.

A pregação da Palavra de Deus é uma coisa maravilhosa. Ninguém duvida. A celebração ou liturgia, outra coisa fantástica. Mas, nem a pregação, nem a celebração se explicam sem a compaixão, a caridade. A evangelização e a celebração começam e terminam na caridade. Está tudo no evangelho de hoje.


“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. Aí começa tudo, na compaixão. Jesus viu aquele povo que o procurava e lhe doeu o coração vê-lo tão necessitado, tão fragilizado. Para uma pessoa do interior como Jesus, dava pena ver um rebanho sem pastor: as ovelhas se dispersam, os carneirinhos viram presas fáceis para as feras e os ladrões, não têm quem os guie a um bom pasto. E olha que Jesus estava levando os discípulos para um lugar afastado para eles descansarem um pouco, pois estavam voltando, muito cansados, de uma missão. Diante daquela cena – ovelhas sem pastor – esqueceu-se o descanso e Jesus começou a “ensinar-lhes muitas coisas”, diz o evangelho.


O que será que Jesus ensinou àquela gente? Podemos imaginar, pois o que ele disse ao povo, certamente, é o que está no evangelho. Ele explicava, contando parábolas, como Deus ama os seus filhos, como fica feliz quando um filho ou uma filha escolhe o bom caminho; como o Pai cuida das aves e das plantas e mais ainda cuida de cada filho. E ainda: como são felizes aqueles que Deus ama. E Deus preza antes de tudo os mais pobres e os mais sofridos. Aí, ele lhes falava do Reino de Deus. Ah, esse mundo fica melhor se Deus for obedecido como bom pai que é e se cada filho for fraterno e bom com seu irmão, com sua irmã. Quanta coisa Jesus tinha para dizer àquele povo maltratado pela violência, pela doença, pela pobreza! E aqueles corações amargurados iam se enchendo de paz, de esperança. Riam com as histórias de Jesus (‘Imagine, o filho disse que ia, mas não foi, mas que malandro!’ - ‘E a festa que o Pai fez pra receber o filho que saiu de casa, ô festão!’ –‘ ‘Mas aquelas moças que foram para o casamento e esqueceram o óleo, que povo sem juízo!). Gente, olha a hora!

Quem falou “olha a hora!”? Os discípulos. Já está ficando tarde. Isso aqui é um lugar deserto. Esse povo precisa voltar pra casa. Já está tudo com cara de fome. Tenha paciência Jesus, a conversa está muito boa, mas está na hora de mandar o povo embora. ‘Mandar o povo embora, como assim? Sem comer nada? Vocês providenciem alguma coisa’. Aí a coisa esquentou... Providenciar, nós? Aí, eles foram pragmáticos, como muitos administradores de hoje. Gastar dinheiro para alimentar essa gente? Não tem dinheiro que chegue. Mande esse povo embora enquanto é tempo. Eles se viram por aí... Olha a mentalidade deles: gastar dinheiro, despedir, mandar embora, não se sentir responsável por ninguém. E Jesus acalmou o grupo. Pera aí... O que vocês têm aí pra comer? Vão, vão ver... Cinco pães e dois peixes? Tragam pra cá. Aí Jesus mandou todo mundo se sentar, formaram grandes grupos, pegou aqueles poucos pães e peixes, deu graças a Deus, fez a oração da bênção dos alimentos, partiu (preste atenção a este “partiu”) e ia dando os pedaços aos discípulos para que eles distribuíssem com o povo. Depois, dividiu também os peixes. O resultado, você já sabe. E até a sobra recolhida foi grandiosa. Olha a mentalidade de Jesus: alimentar, por em comum, partilhar, repartir, dividir, somos responsáveis uns pelos outros.

Guardando a mensagem

Antes de tudo, a compaixão. Jesus viu o povo e sentiu seu coração amargurado por vê-lo tão sofrido, tão fragilizado. Ele deixou de lado outro projeto e dedicou-se a “ensinar-lhe muitas coisas”. Isto é a evangelização. A evangelização é o anúncio do amor do Pai pelo seu povo, que nos mandou Jesus como pastor e salvador. A evangelização nasce da compaixão. E gera compaixão, caridade, amor a Deus e ao próximo.

Antes de tudo, a compaixão. Era tarde, o lugar deserto, o povo faminto. Jesus envolveu os discípulos numa linda celebração. Pode ver que todos os detalhes lembram a última ceia, como se fosse uma preparação para a Santa Missa. A celebração nasce da compaixão de Deus pelo seu povo e de nossa compaixão pelo próximo. E gera compaixão, solidariedade, caridade, novas relações.

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

Hás de nos desculpar. Nós continuamos a pensar igualzinho aos discípulos naquela cena da multiplicação dos pães. Vemos as situações de sofrimento e abandono e cruzamos os braços. Ficamos paralisados por nossa mentalidade pragmática: não temos dinheiro, não temos condições, não é responsabilidade nossa. A solução que temos é mandar embora, cada um se virar. Senhor, ajuda-nos em nossa conversão. Na evangelização e na celebração, aprendemos contigo outra forma de ver e agir: sermos responsáveis uns pelos outros, fazer alguma coisa com o que temos e, sobretudo, confiar na providência de Deus que se manifesta na partilha e na solidariedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Leia o texto do evangelho de hoje em sua Bíblia: Marcos 6,34-44. Anote alguma frase deste evangelho no seu caderno espiritual.

07 de janeiro de 2020.

Pe. João Carlos Ribeiro, SDB.



PREPARANDO A EUCARISTIA

Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)
04 de dezembro de 2019.
Uma cena superinteressante, nos reserva o evangelho de hoje. Jesus está em território pagão. Também ali a missão está acontecendo. A missão, em várias partes do evangelho, é descrita como libertação dos sofredores. Assim, cercado de doentes e gente sofrida, Jesus os cura, os liberta. Num certo momento, ele chama os discípulos e lhes diz que sente compaixão daquele povo. Há três dias, eles o estão seguindo e, claro, estão com fome. Os discípulos só têm uma pergunta: como vão conseguir pão pra tanta gente naquele deserto? Informaram logo a Jesus que tinham somente sete pães e alguns peixinhos.
Com os sete pães que os discípulos tinham, Jesus alimenta todo mundo. Ele pega os pães, dá graças e os dá aos discípulos que os distribuem com a multidão. O mesmo faz com os peixinhos. Todos comem e ficam satisfeitos. As sobras enchem sete cestos.
Uma história tão simples e tão cheia de significados. Sete pães e sete cestos de sobras. No capítulo anterior, capítulo 14, o evangelista tinha contado outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus. Lá também, a missão está acontecendo.
Eu queria que agora a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. O fato de estarem numa região deserta, com fome, já nos lembra a situação que o povo de Deus passou quando peregrinava antes de entrar na terra prometida. No tempo antigo, o povo faminto foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu. O maná é um símbolo da Eucaristia e valeu como uma preparação para a Ceia, a Santa Missa.
Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Esses gestos de Jesus vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia.  
Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir; a multidão que é alimentada; Jesus que despede o povo. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.



Guardando a mensagem
Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães);  a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e   os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento);  toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).
Jesus pegou os sete pães e os peixes, deu graças, partiu-os e os dava aos discípulos, e os discípulos às multidões (Mt 15, 36)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo a Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No seu caderno espiritual, responda a esta pergunta: Como anda a minha participação na Santa Missa, na Eucaristia?
Você pode me ouvir também pelo aplicativo Rádio Tempo de Paz. Na loja de aplicativos do seu celular androide, procure e baixe: Rádio Tempo de Paz.  
A gente se encontra às 10 da noite, no facebook. 
Pe. João Carlos Ribeiro – 04 de dezembro de 2019.

EVANGELIZAÇÃO RIMA COM COMPAIXÃO

Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles (Mt 14, 14)
05 de agosto de 2019
A pregação da palavra de Deus é uma coisa maravilhosa. Ninguém duvida. A celebração ou liturgia, outra coisa fantástica. Mas, nem a pregação, nem a celebração se explicam sem a compaixão, a caridade. A evangelização e a celebração começam e terminam na caridade. Está tudo no evangelho de hoje.
Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles (Mt 14, 14). Aí começa tudo: na compaixão. Jesus viu aquele povo que o procurava e lhe doeu o coração vê-lo tão necessitado, tão fragilizado. Para uma pessoa do interior como Jesus, dava pena ver um rebanho sem pastor: as ovelhas se dispersam, os carneirinhos viram presas fáceis para as feras e os ladrões, não têm quem guie a um bom pasto.
Nos outros evangelhos, há outras informações sobre esse encontro de Jesus com esse povo, num lugar deserto. Ali se diz claramente que Jesus começou a ensinar-lhes muitas coisas. O que será que Jesus ensinou àquela gente? Podemos imaginar, pois o que ele disse ao povo, certamente, é o que está no evangelho. Ele explicava, contando parábolas, como Deus ama os seus filhos, como fica feliz quando um filho ou uma filha escolhe o bom caminho;  como o Pai cuida das aves e das plantas e mais ainda cuida de cada filho. E ainda: como são felizes aqueles que Deus ama. E Deus preza antes de tudo os mais pobres e os mais sofridos. Aí, ele lhes falava do Reino de Deus. Ah, esse mundo fica melhor se Deus for obedecido como bom pai que é e se cada filho for fraterno e bom com seu irmão, com sua irmã. Quanta coisa Jesus tinha para dizer àquele povo maltratado pela violência, pela doença, pela pobreza!  E aqueles corações amargurados iam se enchendo de paz, de esperança. Riam com as histórias de Jesus (‘Imagine, o filho disse que ia, mas não foi, mas que malandro!’ - ‘E a festa que o Pai fez pra receber o filho que saiu de casa, ô festão!’ –‘ ‘Mas aquelas moças que foram para o casamento e esqueceram o óleo, que povo sem juízo!). Gente, olha a hora!
Quem falou “olha a hora!”? Os discípulos. Já está ficando tarde. Isso aqui é um lugar deserto. Esse povo precisa voltar pra casa. Já está tudo com cara de fome. Tenha paciência Jesus, a conversa está muito boa, mas está na hora de mandar o povo embora. ‘Mandar o povo embora, como assim?  Sem comer nada? Vocês providenciem alguma coisa’. Aí a coisa esquentou... Providenciar, nós? Aí, eles foram pragmáticos, como muitos administradores de hoje. Gastar dinheiro para alimentar essa gente? Não tem dinheiro que chegue. Mande esse povo embora enquanto é tempo. Eles se viram por aí... Olha a mentalidade deles: gastar dinheiro, despedir, mandar embora, não se sentir responsável por ninguém. E Jesus acalmou o grupo. Pera aí...  O que vocês têm aí pra comer? Vão, vão ver... Cinco pães e dois peixes? Tragam pra cá. Aí Jesus mandou todo mundo se sentar, formaram grandes grupos, ele pegou aqueles poucos pães e peixes, deu graças a Deus, fez a oração da bênção dos alimentos, partiu (preste atenção a este “partiu”) e ia dando os pedaços aos discípulos para que eles distribuíssem com o povo. Depois, dividiu também os peixes. O resultado, você já sabe. E até a sobra recolhida foi grandiosa. Olha a mentalidade de Jesus: alimentar, por em comum, partilhar, repartir, dividir, somos responsáveis uns pelos outros.
Guardando a mensagem
Antes de tudo, a compaixão. Jesus viu o povo e sentiu seu coração amargurado por vê-lo tão sofrido, tão fragilizado. Ele deixou de lado outro projeto e dedicou-se a “ensinar-lhe muitas coisas”. Isto é a evangelização.  A evangelização é o anúncio do amor do Pai pelo seu povo, que nos mandou Jesus como pastor e salvador. A evangelização nasce da compaixão. E gera compaixão, caridade, amor a Deus e ao próximo.
Antes de tudo, a compaixão. Era tarde, o lugar deserto, o povo faminto. Jesus envolveu os discípulos numa linda celebração. Pode ver que todos os detalhes lembram a última ceia, como se fosse uma preparação para a Santa Missa. A celebração nasce da compaixão de Deus pelo seu povo e de nossa compaixão pelo próximo. E gera compaixão, solidariedade, caridade, novas relações.
Ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão. Encheu-se de compaixão por eles (Mt 14, 14)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Hás de nos desculpar. Nós continuamos a pensar igualzinho aos discípulos naquela cena da multiplicação dos pães. Vemos as situações de sofrimento e abandono e cruzamos os braços. Ficamos paralisados por nossa mentalidade pragmática: não temos dinheiro, não temos condições, nem é responsabilidade nossa. A solução que temos é mandar embora, cada um se virar.  Senhor, ajuda-nos em nossa conversão. Na evangelização e na celebração, aprendemos contigo outra forma de ver e agir: sermos responsáveis uns pelos outros, fazer alguma coisa com o que temos e, sobretudo, confiar na providência de Deus que se manifesta na partilha e na solidariedade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra

Encontrando alguém, hoje, que precise do seu apoio, partilhe o seu pouco. Não vai lhe faltar. O pouco, dado com amor, Deus multiplica. 
Pe. João Carlos Ribeiro - 05 de agosto de 2019.

Postagem em destaque

O Espírito Santo nos conduz ao amor.

08 de maio de 2024   Quarta-feira da 6ª Semana da Páscoa.      Evangelho    Jo 16,12-15 Naquele tempo, disse Jesus aos seus discípulos: 12“T...

POSTAGENS MAIS VISTAS