PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

VOCÊ CONSEGUE VER ALGUMA DIFERENÇA?

Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes (Mc 8, 15).
19 de fevereiro de 2019
Os discípulos estavam discutindo a respeito de pão, de comida. Eles tinham se esquecido de levar pão para a viagem. E olha que eles tinham presenciado Jesus alimentar a multidão com poucos pães, por duas vezes. E até, nesta ocasião, tinham recolhido vários cestos de sobra de pães. Mas, estavam discutindo, se desentendendo, um pondo a culpa no outro... a discussão estava esquentada. Foi quando Jesus fez uma advertência que eles não entenderam: "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes". Eles não entenderam. E você entendeu?
Jesus aproveitou a situação para ajudá-los a pensar. Ele queria que eles prestassem atenção ao modo como ele conduzia sua missão. Esse era o bom fermento que eles precisavam imitar. Era assim que eles precisavam agir. Ficassem atentos ao modo como Jesus fazia as coisas. Mas também prestassem atenção ao modo como os fariseus se comportavam em suas práticas. Comparando, poderiam perceber uma grande diferença. "Tenham cuidado com o fermento dos fariseus  e com o fermento de Herodes!"
E como era o fermento de Jesus, isto é, com que sentimentos, atitudes e valores Jesus estava no meio do povo? Com que fermento, ele fazia o seu pão, realizava a sua missão? Os discípulos podiam ver... Jesus agia com compaixão, valorizando a partilha e em espírito de serviço. Aqui estava toda a diferença. Agia com compaixão, valorizando a partilha e em espírito de serviço. Vamos explicar melhor. Compaixão é uma palavra frequente nos evangelhos falando do encontro de Jesus com os sofredores, os doentes, os excluídos. Compaixão é amor, misericórdia, ternura, solidariedade tudo junto. Agia movido pela compaixão. E valorizava a partilha, isto é, a participação de cada um, colocando o seu pouco em comum. Ele recebeu a partilha da criança – alguns pães e poucos peixes – e repartiu com todos. Ele mesmo estava a serviço do seu povo. Não se comportava como um senhor poderoso, mas como um servo. Veio para servir, não para ser servido. No final, lavou os pés dos discípulos, para não restar qualquer dúvida sobre isso. Compaixão, partilha e serviço. Esse é o fermento de Jesus.
Os discípulos precisavam estar atentos também ao fermento dos fariseus  e de Herodes, para ver a diferença. E tomar distância do estilo deles. Em que consistia o fermento deles? Consistia em agir com hipocrisia, com desprezo às pessoas e buscando sempre os próprios interesses. Jesus desmascara o comportamento hipócrita deles:  exigem dos outros, mas eles mesmos não praticam; criam leis para os outros, fingindo que as cumprem. Hipocrisia. Mas também desprezavam os pobres, tomando-os por ignorantes, iletrados, pecadores. O que Herodes queria mesmo era riqueza e poder. Herodes é o poder opressor que perseguiu e decapitou João Batista. Esse é o fermento mal, o dos fariseus e o de Herodes: hipocrisia, desprezo ao povo e busca de privilégios.
Guardando a mensagem
O fermento de Jesus é o modo como ele se conduz na realização de sua missão. Três palavras podem definir o bom fermento do Mestre: compaixão, partilha e serviço. O estilo dos fariseus e o estilo de Herodes continuam hoje de outra forma. No fundo é o mesmo: buscando vantagens para si mesmos, desprezando os mais simples e fazendo apenas o jogo da aparência.  Esse estilo não pode ser imitado por nós, nem pelos nossos líderes, nem pelos ministros da Igreja. Somos imitadores de Jesus. Precisamos guiar nossas ações pelo fermento de Jesus.
Tomem cuidado com o fermento dos fariseus e com o fermento de Herodes (Mc 8, 15).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós somos os teus discípulos. E tomamos para nós essa tua chamada de atenção. Em nossa vida, em nosso trabalho, em nossa convivência em família ou em sociedade, é assim que precisamos viver: com o bom fermento do teu modo de agir. O teu fermento é o amor solidário, a valorização da partilha na busca de soluções e o espírito de serviço aos outros. Disseste para termos cuidado com o fermento dos fariseus e de Herodes. O fermento dessa turma é conhecido: não fazerem o que ensinam, discriminarem tudo que é popular e a gananciosa corrida para se dar bem a qualquer custo. Obrigado, Senhor, por teu ensinamento. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Um cristão dizer que não dá pra ler um texto da bíblia, porque não a tem à mão, é grave. A bíblia tem que estar conosco, sempre. Pode até estar instalada no celular. Sendo assim, sugiro que você leia o evangelho de hoje (Mc 8,14-21).

Pe João Carlos Ribeiro – 19.02.2019

ATRÁS DE JESUS OU DE UM MILAGRE?

Por que essa gente pede um sinal? (Mc 8, 12)
18 de fevereiro de 2019.
Jesus não era um curandeiro. Nem um mago. As curas e milagres que realizava eram sinais de uma realidade mais abrangente. Sinais que apontavam para o Reino de Deus. Reino que chegara com a sua presença redentora. Pelas palavras, ele anunciava o Reino como um tempo de misericórdia e restauração. Pelos milagres, podia-se experimentar o Reino de Deus como perdão para os pecadores, luz para quem estava na escuridão, vida para quem estava na fila da morte. Vemos isso claramente no programa de sua missão, lido no profeta Isaías e comentado na Sinagoga de Nazaré.
No evangelho de hoje, tem gente pedindo a Jesus um sinal, uma comprovação de que ele vinha da parte de Deus. Os fariseus. Eles estavam discutindo com Jesus e, para pô-lo à prova, pediram-lhe um sinal do céu. Queriam que Jesus demonstrasse o que ele estava dizendo com alguma coisa sobrenatural, um milagre. Estavam tentando Jesus, igual ao diabo do início do evangelho, o das tentações. Em resposta, Jesus deu um suspiro profundo e disse: “Por que essa gente pede um sinal? Em verdade lhes digo, a essa gente não será dado nenhum sinal”.
Os fariseus já tinham presenciado tantos milagres! Mas, o coração deles estava fechado, não tinham fé.  Abraão deixou sua terra e marchou para a terra da promessa, sem nenhuma certeza, sem nenhuma evidência de que estava dando o passo certo. Foi na fé. Deixou-se guiar pela fé. Então, a fé vem antes dos milagres, da graça. Os milagres não produzem a fé. A fé é antes que se tenha provas. Se já está provado, não precisamos mais da fé. A fé é a nossa adesão a Deus e ao que ele nos revela. Por um lado, é um dom de Deus. Por outro, é uma acolhida nossa, um ato de vontade de nossa parte.
De sinais, a vida de Jesus está cheia: milagres, curas, exorcismos, até ressurreição de mortos. O quê eles mais queriam? É interessante que, sempre que alguém era curado, Jesus dizia: “a tua fé te salvou”. A fé é que levava aquelas pessoas a acolherem a obra de Deus. Sem a fé, como o povo de Nazaré, não aconteciam os milagres. Os fariseus fecharam-se à revelação de Deus, não quiseram acolher Jesus como enviado do Pai. Mesmo vendo os milagres, não acreditaram. Não tinham fé. Fé é a adesão à pessoa de Jesus, acolhendo-o como o enviado do Pai à humanidade.
Guardando a mensagem
Os fariseus, para provar Jesus, queriam que ele lhes mostrasse um sinal do céu. Milagres, eles já tinham visto tantos. E não se convertiam, não acreditavam. Outras pessoas também andavam atrás de milagres, de benefícios pessoais, sem adesão a Jesus e ao seu evangelho. A certa altura do seu ministério, Jesus tinha resolvido que bastaria o sinal de Jonas (a sua morte e ressurreição). Não haveria mais outros sinais. Os sinais (as curas, os milagres) apontavam para o Reino de Deus acontecendo no meio do povo. Tem muita gente, hoje, correndo atrás de milagres. Mas, não quer acolher Jesus como seu salvador, seu guia, seu mestre. Não quer viver a sua palavra. Quer apenas resolver o seu problema. Para estes, Jesus também está dizendo hoje: “A essa gente, não será dado nenhum sinal”.  Os sinais apontam o Reino de Deus presente em nossa vida: seu amor, sua misericórdia, seu perdão que nos chegam por Jesus Cristo.
Por que essa gente pede um sinal? (Mc 8, 12)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Aumenta a nossa fé. Dá-nos a fé de Maria que acolheu o plano de Deus e viveu toda a sua vida como um sim generoso e fiel. Dá-nos a fé de Abraão que partiu para uma terra distante, apenas confiado nas tuas promessas. Dá-nos a fé da Mulher do fluxo de sangue que alcançou sua cura, apenas tocando em tuas vestes. Dá-nos uma fé que seja acolhida de tua pessoa e do teu evangelho, nos fazendo teus seguidores, teus discípulos, teus missionários. Seja  bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Rezando o terço hoje (coisa louvável na vida de um católico), contemple a fé de Maria que, sem cobrar sinais especiais de Deus, acolheu sua vontade e a realizou com fidelidade. Hoje, contemplam-se os mistérios gozosos, do nascimento e infância de Jesus.

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.02.2019

AS QUATRO BEM-AVENTURANÇAS DO REINO


Bem-aventurados vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês (Lc 6, 20)

17 de fevereiro de 2019.

Certamente, você já ouviu alguém dizer assim: “Procurei isso ou aquilo pelos quatro cantos do mundo”. Tudo bem, o mundo não tem só quatro cantos. A pessoa está querendo dizer que procurou por todo canto. Também na Bíblia, quatro é um número de totalidade, engloba tudo ou todos.

No evangelho de hoje, Lucas capítulo 6, são quatro as proveniências da grande multidão que se reuniu para ouvir Jesus (Judeia, Jerusalém, Tiro e Sidônia). Isso quer dizer, que estavam ali todos os discípulos de Jesus. Nós também cabemos nesse grande grupo que está reunindo-se para ouvir a pregação do Mestre.  São quatro também as bem-aventuranças. Elas estão dirigidas aos necessitados, aos famintos, aos entristecidos e aos perseguidos. Isso quer dizer, que nessas quatro categorias, estão todos os filhos de Deus. Também são quatro os ‘ais’. Eles são dirigidos aos endinheirados, aos fartos, aos gozadores e aos aplaudidos pelo mundo. Estas quatro categorias reúnem todos os que estão precisando ser advertidos.

De que Jesus vai falar à multidão reunida na planície? Certamente, do que ele mais falava, do Reino de Deus. As bem-aventuranças equivalem ao manifesto do Reino de Deus. Ali estão os grandes ideais que norteiam o caminho dos discípulos. Podemos pensar nas bem-aventuranças  também como uma síntese do evangelho, o suprassumo da pregação de Jesus sobre o Reino de Deus.

“Bem-aventurados, vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês” (Lc 6, 20). É a primeira bem-aventurança. Pobreza/necessidade vem respondida pela RIQUEZA do Reino de Deus. Os necessitados são ditosos, felizes, abençoados, porque o Reino de Deus lhes pertence. O Reino é dom de Deus para eles. Deus é a sua riqueza, o seu bem maior. O primeiro ‘ai’ refere-se aos ricos. Eles já têm a própria consolação, já tem a própria riqueza. A riqueza dos pobres é Deus, o seu Reino. O profeta Jeremias tinha proclamado maldito o homem que confia no homem (nos seus bens, na sua inteligência, no seu dinheiro) e bendito o homem que confia no Senhor. O REINO é a resposta de Deus aos necessitados.

“Bem-aventurados vocês que têm fome, porque serão saciados” (Lc 6, 21). É a segunda bem-aventurança. Fome/carência vem respondida pelo ALIMENTO. Os carentes experimentam o Reino como mesa farta, saciedade. Na multiplicação dos pães no deserto, o povo faminto experimentou como Deus cuida do seu povo, como a solidariedade permite a partilha, a abundância. Na pescaria, o trabalhador que voltou de uma noite de insucesso, trabalhando agora orientado pela Palavra de Jesus realiza uma pesca abundante. A MESA FARTA é a resposta de Deus aos famintos, aos carentes.

“Bem-aventurados vocês, que agora choram, porque haverão de rir” (Lc 6, 21). É a terceira bem-aventurança. Choro/tristeza vem respondido pela ALEGRIA. É o que se pode experimentar no Reino de Deus. A mulher que encontrou sua moedinha perdida reuniu as amigas para festejar o fato. O pastor, que encontrou sua ovelha perdida, alegrou-se com os colegas pelo reencontro de sua ovelhinha. O filho pródigo foi surpreendido pela festa que o pai fez na sua volta pra casa. O pai fez um churrasco com o novilho cevado e contratou músicos para animar a festança em sua casa. A obra de Jesus, a restauração, enche o nosso coração de alegria. A ALEGRIA DA SALVAÇÃO é a resposta de Deus aos sofredores.

“Bem-aventurados serão quando os homens odiarem vocês, os expulsarem, os insultarem e amaldiçoarem o seu nome por causa do Filho do Homem” (Lc 6, 22). É a quarta bem-aventurança. A perseguição/crítica vem respondida com a RECOMPENSA NO CÉU. O mundo aplaude os falsos profetas. Os profetas de verdade são perseguidos. O cristianismo, desde o início, conheceu o martírio. O primeiro mártir foi o próprio Jesus. E Deus o recompensou com a ressurreição. Ao terceiro dia, ele levantou-se da morte e voltou à vida, glorioso e triunfante sobre o mal. A carta de Paulo aos Coríntios fala da ressureição de Jesus, como fundamento de nossa fé (1 Cor 15). “Cristo ressuscitou dos mortos como primícias dos que morreram”. A RESSURREIÇÃO é a resposta de Deus à perseguição.

Vamos guardar a mensagem

As bem-aventuranças valem como um manifesto do Reino de Deus. É como uma síntese da boa notícia de Jesus, do seu evangelho. Todos os bem-aventurados, os abençoados estão representados em quatro categorias: os pobres ou necessitados, os famintos, os entristecidos e os perseguidos. O Reino não é uma conquista dos justos, como pensavam os religiosos do tempo de Jesus. Não o conquistam por sua bondade ou por força da prática fiel da Lei. O Reino é um dom, uma dádiva de Deus aos que põem nele sua confiança. O Reino é fartura, abundância, prosperidade na mesa dos famintos. Jesus mesmo os alimenta. Ele mesmo faz-se pão da vida para saciá-los. O Reino é justiça, alegria e paz, no Espírito Santo, como disse Paulo  (Rm14,17). É a festa da restauração. O Reino é certeza da recompensa no céu, da vitória. Vitória do profeta perseguido, do justo crucificado. O crucificado ressuscitou, penhor da ressurreição de todos nós que o seguimos.

Bem-aventurados vocês, os pobres, porque o Reino de Deus é de vocês (Lc 6, 20)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Longe de nós por nossa confiança no dinheiro, na riqueza deste mundo. Queremos acolher o Reino de Deus, como dom que nos é oferecido, como nossa maior riqueza. Longe de nós vivermos na condição de quem não precisa mais de nada, nem de ninguém. Queremos acolher o Reino, com sede e fome de justiça, buscando fraternidade, solidariedade e confiança na tua providência. Longe de nós vivermos a alegria falsa da bebida, das drogas ou da indiferença com a dor dos outros. Queremos viver a verdadeira alegria que o Reino nos traz pelo perdão, pela salvação que nos alcançaste. Longe de nós querermos agradar ao mundo e à opinião pública, negando o evangelho da vida, da família, da verdade. Queremos ser-te fieis, mesmo no meio de incompreensões ou perseguições, certos que este é o caminho da vitória. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Vou lhe sugerir uma coisa que você já faz. Compartilhe essa meditação com seus contatos. Aliás, não só compartilhe, mas também recomende. Compartilhar as coisas da fé é um testemunho que damos de amor a Deus e à sua Igreja. É também uma oportunidade que oferecemos a outras pessoas de se sentirem mais próximas de Deus.

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.02.2019

O PÃO DE JESUS


Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).
16 de fevereiro de 2019
O povo está com Jesus numa região deserta. É uma multidão numerosa, umas quatro mil pessoas. Estão com fome. Jesus, com pena daquela gente, quer alimentá-los. Mas, como? - perguntam os discípulos.  Com os sete pães que os discípulos tinham; Jesus alimentou todo mundo. O povo se sentou, Jesus pegou os pães, deu graças e os deu aos discípulos que os distribuíram com a multidão. O mesmo fez com alguns peixinhos. As sobras encheram sete cestos.
Uma história tão simples e tão cheia de significados  Sete pães e sete cestos de sobras. Esse mesmo evangelista Marcos conta outra multiplicação de pães. Na outra, sobraram doze cestos. Doze é o número do povo de Deus. Tudo bem. Deus alimenta o seu povo. Nesta, Jesus está em território pagão. Sete é o número das nações pagãs, quando o povo chegou em Canaã. Também os pagãos têm lugar no banquete de Jesus.
Bom, mas eu queria que a gente se concentrasse no lindo significado que tem esse  texto, como uma catequese que é da Eucaristia, da Santa Missa. Veja só a pista que o evangelista deixou. Os discípulos comentaram: “Como poderia alguém saciá-los de pão aqui no deserto?”. Pense comigo: quando foi que o povo foi saciado de pão no deserto? Pensou?.... lembrou-se do “maná”? Perfeito. No tempo antigo, o povo que peregrinava no deserto, com fome, sem comida, foi alimentado por Deus com o maná. Deus teve compaixão do seu povo e mandava toda manhã o maná, o pão que descia do céu.
Jesus tem compaixão daquele povo que está com ele já há três dias, com fome, e providencia o alimento. Agora, acompanhe os gestos de Jesus: “Jesus mandou que a multidão se sentasse no chão. Depois, pegou os sete pães, e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem. E eles os distribuíam ao povo”. Deu pra todo mundo. Ficou todo mundo satisfeito. As sobras foram recolhidas. E Jesus despediu a multidão. Essas palavras vão se repetir na última Ceia. Essa refeição coletiva é já uma preparação para a Eucaristia, uma espécie de catequese sobre a Santa Ceia.  
Na narração, percebe-se a estrutura da celebração da Eucaristia: o povo reunido em torno de Jesus; Jesus que anuncia o Reino de Deus; Jesus que toma os pães, dá graças, reparte e manda distribuir;  a multidão que é alimentada; a despedida. É a estrutura da missa: a acolhida, a mesa da palavra de Deus, a mesa do pão consagrado, a despedida.
Guardando a mensagem
Olha quanta coisa podemos aprender nesse texto: antes do pão, vem a Palavra (Jesus passou três dias anunciando o Reino de Deus ao povo, antes da multiplicação dos pães);  a Eucaristia é especialmente partilha, dom de si mesmo aos outros (Os discípulos só tinham sete pães e alguns peixinhos e ofereceram tudo. Eles recebiam os pedaços de pão de Jesus e os entregavam ao povo); a Eucaristia é o próprio Jesus que se entrega em alimento para a multidão faminta (Jesus mesmo parte o pão e o entrega, como se a si mesmo se desse em alimento);  toda refeição em família é uma espécie de eco da Eucaristia (ali também damos graças a Deus e abençoamos a comida); as sobras devem ser recolhidas e guardadas (é assim que guardamos a reserva eucarística no sacrário e também aprendemos que devemos evitar todo desperdício de alimento).
Jesus pegou os sete pães e deu graças, partiu-os e ia dando aos seus discípulos, para que os distribuíssem (Mc 8,6 ).
Acolhendo a mensagem
Senhor Jesus,
Vemos nessa cena da multiplicação dos pães no deserto, uma preparação para a Ceia Eucarística que celebraste com teus discípulos, antes de tua paixão e que celebras conosco todos os dias, especialmente no domingo, o dia de tua páscoa. Tu és o pão da vida. Tu a ti mesmo te deste como alimento, verdadeiro maná que alimenta para a vida eterna. Concede-nos, Senhor, que aprendamos contigo a compaixão e a partilha como disposições necessárias para celebrar contigo o sacramento da Eucaristia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Como estamos em um final de semana, podemos fazer desse texto uma preparação para a Santa Missa do domingo, o dia do Senhor. Na Missa, amanhã, você vai escutar a narração da última ceia, como na multiplicação dos pães no deserto: “tomou o pão, deu graças, partiu e o deu aos discípulos...”. Você também vai estar no meio da multidão faminta, vai receber o alimento da Palavra e da Eucaristia. O mesmo Jesus que alimentou o povo no deserto vai estar lá, cheio de compaixão, dando-se como alimento. Não falte, amanhã, na santa Missa.

Pe. João Carlos Ribeiro – 16.02.2019

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