PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

PODEMOS APRENDER COM ELES

 


                              05 de novembro de 2021

EVANGELHO


Lc 16,1-8

Naquele tempo, 1Jesus disse aos discípulos: “Um homem rico tinha um administrador que foi acusado de esbanjar os seus bens. 2Ele o chamou e lhe disse: ‘Que é isto que ouço a teu respeito? Presta contas da tua administração, pois já não podes mais administrar meus bens’. 3O administrador então começou a refletir: ‘O senhor vai me tirar a administração. Que vou fazer? Para cavar, não tenho forças; de mendigar, tenho vergonha. 4Ah! Já sei o que fazer, para que alguém me receba em sua casa quando eu for afastado da administração’.
5Então ele chamou cada um dos que estavam devendo ao seu patrão. E perguntou ao primeiro: ‘Quanto deves ao meu patrão?’ 6Ele respondeu: ‘Cem barris de óleo!” O administrador disse: ‘Pega a tua conta, senta-te, depressa, e escreve cinquenta!’ 7Depois ele perguntou a outro: ‘E tu, quanto deves?’ Ele respondeu: ‘Cem medidas de trigo’. O administrador disse: ‘Pega tua conta e escreve oitenta’. 8E o senhor elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Com efeito, os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz”.

MEDITAÇÃO


Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz (Lc 16, 8)

Jesus contou uma história onde o patrão elogiou o administrador desonesto, porque ele agiu com esperteza. Não aprovou a desonestidade dele. Mas, louvou a sua esperteza, isto é, a maneira inteligente com que soube se safar de uma grande dificuldade. Foi demitido e, antes de deixar o cargo, encontrou uma forma de não ficar desamparado. Bom, vamos explicar melhor. O empregado foi acusado de esbanjar os bens do patrão e o patrão pediu contas da administração e o demitiu. Portanto, era um sujeito desonesto. E, em vias de ser demitido, ainda arrumou um jeito de se dar bem. Negociou débitos de credores com a empresa, dando-lhes um bom desconto. Assim, saindo, haveria sempre alguém que poderia lhe dar um emprego ou algum amigo a quem recorrer. Jesus chamou a atenção sobre a sagacidade desse mau empregado. Soube se sair bem, o sujeito.

O que queria Jesus com essa observação? Chamar a atenção dos filhos de Deus para sermos igualmente criativos e estratégicos, na hora de enfrentar as dificuldades. Sermos igualmente capazes de dar a volta por cima nos desafios da vida, com inteligência, com jogo de cintura.  Evidentemente, Jesus não nos quer desonestos, corruptos, fraudulentos como aquele sujeito da parábola. Mas, está nos estimulando a sermos propositivos, a não ficarmos esperando que o pior nos aconteça. Ele nos quer gente esperta, construindo saídas, fazendo boas parcerias, planejando novas estratégias. Nada mais triste do que ver cristãos paralisados diante de uma dificuldade, acovardados diante de um problema. É pra gente não se deixar vencer pelos problemas, mas agir com confiança, dando a volta por cima.

Jesus disse: ‘Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz’. E será que podemos aprender alguma coisa  com os filhos deste mundo? Parece que sim. Por exemplo, eles parecem planejar bem suas ações e encontram um jeito de financiar os seus projetos. É claro que não é para nós imitarmos o modo como eles conseguem recursos, mas podemos ser mais organizados e mais sérios na área financeira. Eles fazem aliança entre si e se protegem. Precisamos ser mais unidos, fazer mais parcerias, trabalhar juntos, nos apoiar mutuamente. Eles planejam o mal contra a família, contra a vida, contra a dignidade humana. O bem também precisa ser planejado, precisamos agir com propósitos, com metas, com organização.

Guardando a mensagem

Jesus elogiou a esperteza do administrador desonesto. Não aprovou a sua desonestidade, mas a sua esperteza. Fez uma constatação: ‘Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz’ (Lc 16, 8). Ele está dizendo isso para os filhos da luz se tocarem. Olhando para os espertos deste mundo, algumas coisas nós poderíamos aprender deles, sem ser a sua desonestidade. Ser bons não significa ser bobos e desorganizados. Nós podemos ser mais espertos, mais organizados e mais propositivos... É assim, que com a graça de Deus, o bem vai triunfar.

Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios do que os filhos da luz (Lc 16, 8)

Rezando a palavra 

Senhor Jesus,
Olhando ao nosso redor, notamos que as coisas poderiam andar melhor em nossa sociedade, se os bons fossem mais unidos; se as pessoas de bem agissem mais em conjunto, de maneira mais organizada; se os cristãos renunciassem ao ciúme, às queixas de uns contra os outros, ao isolamento de cada grupo para atuarmos em conjunto. Tu tens razão, Senhor, se a gente não se junta, não se organiza, não se mexe... os maus tomam conta, decidem, destroem. Culpa nossa. Falta-nos, Senhor, conversão: conversão ao teu amor, compromisso com a paz, com a família, com a vida, com a justiça, com a fraternidade. Tua palavra, hoje, Senhor, nos inspira, nos alerta, nos impulsiona... Ajuda-nos, pelo teu Santo Espírito, a pô-la em prática. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Talvez você deva sair de um certo isolamento e se juntar a outros irmãos para uma atuação em conjunto mais proveitosa para a evangelização.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A OVELHINHA QUE SE PERDEU


 

04 de novembro de 2021


EVANGELHO


Lc 15,1-10

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar. 2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’ 7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

MEDITAÇÃO


Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)

Na primeira comunidade onde trabalhei como padre novo, havia uma catequista, uma jovem senhora casada, muito dinâmica e fervorosa. Envolveu-se, infelizmente,  em um desentendimento com outras pessoas da comunidade, ficou muito magoada e afastou-se da Igreja. Começou, em seguida, a frequentar uma igreja evangélica. Passados alguns dias, em reunião das lideranças, acertamos fazer uma visita a esta ovelha desgarrada. Numa noite, sem avisar, chegamos em sua casa, eu e umas outras cinco pessoas da comunidade. Depois do susto pela nossa chegada, dissemos a ela que tínhamos ido rezar com ela. Não perguntamos nada, não cobramos nada, só rezamos e cantamos com ela. Do meio pro fim, ela só chorava. No domingo seguinte, lá estava ela de volta à comunidade e, aos poucos, retomou seus compromissos pastorais na Igreja.
No evangelho de hoje, Jesus conta a história de uma ovelhinha que se perdeu. Ele contou que o pastor deixou as noventa e nove no deserto e foi atrás desta que se perdeu. E procurou, procurou, até encontrá-la. E quando a encontrou, colocou-a nos ombros, cheio de alegria, e a levou pra casa. Quando chegou em casa, reuniu os amigos e vizinhos para festejar com ele o reencontro de sua ovelha.
Você certamente já se perdeu alguma vez, ou não? Todo mundo, quando criança, alguma vez se perdeu dos pais. E pode lembrar o sofrimento que é se sentir perdido, sem ter mais a referência do pai ou da mãe. A criança fica apavorada, sobe uma angústia no peito, é um sofrimento impressionante. De repente, se sente sozinha, sem direção. Tem que procurar alguma saída, mas nem sabe por onde começar. Sente-se abandonada e desamparada. Essa é a condição da ovelha perdida.
Na história da ovelha, Jesus fez uma relação entre o justos e o pecador. Ele disse: “Há mais alegria no céu por um só pecador que se converte do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão”. A ovelha que se perdeu é o pecador, a pecadora. A conversão é a sua volta pra casa. E a sua volta pra casa é, antes de tudo, obra do pastor amoroso que largou tudo para procurá-la e encontrá-la, trazê-la nos ombros e festejar a sua volta.
Nesta parábola, vemos claramente o amor misericordioso que moveu Jesus a vir procurar e salvar a ovelha perdida; um coração compassivo que não descansa enquanto não nos encontra em nosso exílio e nos reintegra no seu rebanho. Vemos também a maneira como ele nos salva, carregando-nos nos ombros, como carregou o madeiro da cruz e festejando nossa volta, em todas as mesas que frequentava, especialmente, na última ceia que renovamos em cada Missa.
Guardando a mensagem
O pecador é alguém que se afastou do rebanho, como a catequista de minha comunidade. O pecador é a ovelha que se perdeu. E a sensação de estar perdido, de se estar sozinho, de se sentir sem chão você conhece, desde criança, quando se perdia de sua mãe ou de seu pai. Na história que Jesus contou, ficamos sabendo que não fomos esquecidos, que ele vem ao nosso encontro, não descansa enquanto não nos resgata. É assim que ele faz conosco, quando nos perdemos, quando o pecado nos afasta de Deus e dos irmãos. É assim que precisamos fazer uns com os outros, não abandonando quem se perde ou se afasta. Alegremo-nos com ele. Ele continua realizando, com êxito, a sua missão.
Alegrem-se comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida (Lc 15, 6)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Tu és o pastor que estás preocupado e comprometido com o resgate da ovelha que se perdeu. Sabemos que não estamos na conta dos noventa e nove, pois também nós precisamos de conversão. Somos, isto sim, ovelhas resgatadas por tua misericórdia, transportadas em teus ombros e inseridas na família de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de participar da grande alegria do teu coração de encontrar e salvar a ovelha perdida; e de estar contigo, apoiando, ajudando e imitando-te em tua missão redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Leia o evangelho de hoje (Lucas 15, 1-10) e, a partir do texto, escreva uma oração a Jesus, o bom pastor, falando-lhe de alguma ovelha perdida.
Você que recebe diariamente a Meditação, através do link tem acesso ao Evangelho do dia e à própria Meditação escrita.
Às 11 da manhã de hoje, celebro a Santa Missa em suas intenções. Acesse pelo link enviado.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

QUEM AMA, RENUNCIA



03 de novembro de 2021

EVANGELHO


Lc 14,25-33

Naquele tempo, 25grandes multidões acompanhavam Jesus. Voltando-se, ele lhes disse: 26“Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo.
28Com efeito: qual de vós, querendo construir uma torre, não se senta primeiro e calcula os gastos, para ver se tem o suficiente para terminar? Caso contrário, 29ele vai lançar o alicerce e não será capaz de acabar. E todos os que virem isso começarão a caçoar, dizendo: 30‘Este homem começou a construir e não foi capaz de acabar!’
31Ou ainda: Qual rei que, ao sair para guerrear com outro, não se senta primeiro e examina bem se com dez mil homens poderá enfrentar o outro que marcha contra ele com vinte mil? 32Se ele vê que não pode, enquanto o outro rei ainda está longe, envia mensageiros para negociar as condições de paz. 33Do mesmo modo, portanto, qualquer um de vós, se não renunciar a tudo o que tem, não pode ser meu discípulo!”

MEDITAÇÃO


Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14, 26)

Ser discípulos de Jesus é o nosso chamado, a nossa vocação. Ser discípulo é ser seguidor. Quando Jesus andava pela Palestina, segui-lo era logo compreendido como acompanhá-lo em suas andanças, andar atrás dele, literalmente. O convite dele era sempre “Vem e segue-me”.

Mas, é claro, hoje como ontem, o verdadeiro seguimento de Jesus não é andar atrás dele. Não é seguir com os passos, do ponto de vista da geografia. É seguir com a vida, do ponto de vista da história. Sou seguidor de Jesus, sou seu discípulo, porque minha vida está iluminada por sua palavra, porque procedo segundo os seus ensinamentos, porque ele é o meu guia.

No evangelho de hoje, o nosso Mestre nos chama a atenção para nossa condição de discípulos e suas exigências. Não dá para segui-lo sem renunciar alguma coisa. Renunciar a si mesmo, isto é, já não ser eu o centro da minha vida. Renunciar a outro guia, renunciar a outro caminho, renunciar a qualquer amarra que possa nos prender ou nos reter no caminho.

E o que é pode nos prender ou nos reter no caminho, e nos impedir de seguir a Cristo? Outro dia, nós ouvimos Jesus contando a parábola da festa. As três desculpas para não aceitar o convite para o banquete foram: o apego aos bens materiais, a falta de tempo pelo trabalho, as responsabilidades com a família. O amor exige liberdade. As coisas não podem tomar o lugar de Deus. O trabalho não pode consumir todo o nosso tempo. Dependemos de Deus. A família não é desculpa para não acolhermos o convite do Senhor. E ele nos convida a seguir Jesus.

Uma coisa que, particularmente, pode nos afastar do seguimento de Cristo é o apego às pessoas. É o que está no evangelho de hoje. Pode acontecer que o amor ao pai, à mãe, à esposa ou esposo, aos filhos esteja acima do amor a Deus. Nesse caso, no mínimo, ficamos divididos. E, como Jesus ensinou, não dá para servir a dois senhores. Assim, não podemos seguir Jesus. Sem ter Jesus como o primeiro amor, o amor acima de qualquer outro, não dá para ser discípulo dele.

Guardando a mensagem

A grandeza de nossa vida está em sermos filhos de Deus, seguidores de Jesus, salvador. Como seus discípulos, nós o colocamos em primeiro lugar na nossa vida. Nosso amor por ele está acima das coisas e das pessoas deste mundo. É claro, possuímos bens, mas nosso amor maior está reservado a ele, nosso Senhor e Salvador. Por ele, podemos até renunciar aos bens deste mundo, se isto ele nos pedir. Amamos nossos parentes e familiares, mas nosso amor maior está reservado a ele, nosso Deus e Senhor. Por ele, podemos até renunciar a um amor neste mundo, se isto ele nos pedir. Jesus, o nosso Mestre, não quer apenas entrar no rol das pessoas que você ama. Ele merece ser o amor maior de sua vida.

Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo (Lc 14, 26)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos chamas ao teu seguimento. É uma escolha de amor de tua parte. Tu nos dizes hoje: “Não foram vocês que me escolheram, fui eu que escolhi vocês”. A primeira resposta que podemos dar ao teu chamado de amor é amar-te. Amar-te acima de tudo e de todos. Hoje, tu nos lembras que não podemos seguir-te se não carregamos a nossa cruz contigo e se não te amamos acima de qualquer bem deste mundo e de qualquer criatura humana desta terra. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quando se ama, respira-se esse amor. Ele está em tudo na nossa vida: no pensamento, na fala, nos sonhos, nas fotos, no celular... Jesus é mesmo amado por você acima de tudo e de todos? Ele está mesmo presente em tudo na sua vida? Anote alguma resposta no seu caderno espiritual.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SENHOR É O MEU PASTOR



02 de novembro de 2021

Dia de Finados

EVANGELHO


Jo 6,37-40

Naquele tempo, disse Jesus às multidões: 37“Todos os que o Pai me confia virão a mim, e quando vierem, não os afastarei. 38Pois eu desci do céu não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou. 39E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia. 40Pois esta é a vontade do meu Pai: que toda pessoa que vê o Filho e nele crê tenha a vida eterna. E eu o ressuscitarei no último dia”.

MEDITAÇÃO


E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia (Jo 6, 39)

Jesus disse ao povo que o Pai tinha lhe confiado muita gente. E que ele tinha vindo exatamente para fazer a vontade do Pai que o enviou. Ele descreveu a vontade do Pai de três formas: que ele, o Filho, não perca nenhum dos que o Pai lhe deu; que aquele que crê no Filho receba a vida eterna; e que o Filho o ressuscite no último dia.

Esse evangelho vem mesmo a propósito deste dia de finados que estamos celebrando, pois nos recorda verdades maravilhosas. O Pai enviou Jesus com uma tarefa precisa: cuidar de nós, dar-nos a vida eterna e ressuscitar-nos no último dia. “O Pai não quer que eu perca nenhum daqueles que ele me deu”, disse Jesus.

Nós existimos porque Deus pensou em nós, nos chamou à existência. Nossa vida tem um propósito. Não nascemos por acaso. E foi o Pai que nos aproximou de Jesus, seu Filho. O Pai nos confiou a Jesus. É nele que encontramos o modelo acabado do ser humano, em sintonia perfeita com o Pai e em comunhão solidária com seus irmãos de humanidade. E não só nos deu Jesus como modelo-caminho-exemplo, mas no-lo deu também como guia de nossa humanidade. Pela ressurreição, Jesus tornou-se o nosso líder, o nosso mestre. Pedro, no dia de Pentecostes, disse à multidão: “Deus constituiu Senhor e Cristo a este Jesus que vocês crucificaram”.

Não estamos sozinhos neste mundo. Não estamos abandonados aos nossos próprios limites biológicos ou sociais. Deus nos deu um pastor, para nos acompanhar, para cuidar de nós. Ele vai buscar a ovelha perdida e trazê-la de volta ao redil, carregando-a nos ombros. Ele nos defende do lobo voraz, pondo em risco a própria vida. Ele dá a vida por suas ovelhas.

Em nossa breve vida humana, acolhamos este pastor a quem o Pai nos confiou e o reconheçamos como nosso modelo e guia, como Senhor e Cristo. É a nossa resposta de fé e de obediência.

Guardando a mensagem

Deus nos aproximou de Cristo. Ele cuida de nós, com muito carinho, pois essa é a vontade do Pai. Ele é para nós o exemplo perfeito de ser humano na sua relação transversal com Deus, seu Pai e na relação horizontal com seus irmãos e irmãs de humanidade. Jesus nos reconciliou com o Pai, abrindo o caminho para nossa participação na herança da vida eterna e garantindo a nossa ressurreição. Além de caminho, Deus nos deu em Jesus um líder, um mestre. Viver bem é crer nele, amá-lo e segui-lo. Deus o constituiu Senhor e Cristo.

E esta é a vontade daquele que me enviou: que eu não perca nenhum daqueles que ele me deu, mas os ressuscite no último dia (Jo 6, 39)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, nós te recomendamos hoje os nossos falecidos. Tu que és o bom pastor de nossas almas, ilumina-os com a luz de tua misericórdia. Que, em ti, eles encontrem a ressurreição e a vida. Particularmente, te entregamos cada um dos nossos entes queridos que já partiram desta vida (lembre agora o nome de alguns deles). Reúne-os todos em tua santa Casa, na paz dos justos e na alegria dos eleitos. E a nós, Senhor, que caminhamos nesta terra, tu que és nosso Mestre e Senhor, conduze-nos com a luz de tua Palavra e o zelo dos pastores que colocaste à frente do teu rebanho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, ao rezar pelo descanso eterno dos seus parentes falecidos, peça também que Jesus seja o pastor a conduzir sua vida.

E eu quero convidar você para um encontro de oração pelos falecidos, hoje, às 20 horas, no meu Canal do Youtube. Vou lhe enviar o link. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NÃO SE ESQUEÇA DOS POBRES


Papa almoça com necessitados - Foto: REUTERS/Guglielmo Mangiapane

01 de novembro de 2021

EVANGELHO


Lc 14,12-14

Naquele tempo, 12dizia Jesus ao chefe dos fariseus que o tinha convidado: “Quando deres um almoço ou um jantar, não convides teus amigos nem teus irmãos nem teus parentes nem teus vizinhos ricos. Pois estes poderiam também convidar-te e isto já seria a tua recompensa. 13Pelo contrário, quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos. 14Então serás feliz! Porque eles não te podem retribuir. Tu receberás a recompensa na ressurreição dos justos”.

MEDITAÇÃO


Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos (Lc 14, 13)

Quando o argentino Cardeal Jorge Bergoglio foi eleito Papa, o seu amigo brasileiro Cardeal Claudio Hummes, ao cumprimentá-lo com um abraço, lhe disse ao ouvido: “Não se esqueça dos pobres”. Este é precisamente o recado do evangelho de hoje. Não nos esqueçamos dos pobres.

Jesus foi a uma refeição festiva, na casa de alguém importante. Ele viu os convidados escolhendo os primeiros lugares. Nós também vemos isso todos os dias. O espírito do mundo é exatamente esse: a busca dos primeiros lugares. É o mundo da concorrência, um querendo derrubar o outro; o mundo da competição, um querendo deixar o outro pra trás. O espírito do mundo nos ensina a querer ser mais importantes que os outros, a cobiçar os cargos mais altos, a querer estar sempre em evidência. E essa mentalidade acaba por incentivar a violência, a vaidade, a presunção, o orgulho.

Jesus está ensinando uma coisa muito diferente: Não queira ser mais do que ninguém. O espírito do evangelho é a fraternidade, o acolhimento e valorização de cada um, a cooperação. Foi isso que Jesus ensinou: somos irmãos, dependemos uns dos outros.

Naquela refeição festiva, Jesus viu que os convidados eram gente importante, gente do alto nível social, amigos do dono da casa. Então ele disse a quem o convidou: Quando for fazer uma festa, não convide só seus parentes, seus vizinhos ricos, seus amigos, seus irmãos. Convide os pobres, os coxos, os aleijados, os cegos.

O espírito do mundo pratica a exclusão social (deixar de fora quem não tem recursos) e a segregação social (separar de um lado os privilegiados e de outros, os desamparados; isso nos locais de moradia, nos elevadores, nos shoppings, nas casas de festa, nas escolas, nos hospitais, em todo canto). O espírito do evangelho é outro: é a inclusão, a fraternidade, a comunhão, o oferecimento de oportunidades a quem é mais frágil e necessitado.

O cardeal Jorge Bergoglio, agora Papa Francisco, não esqueceu o conselho do seu amigo brasileiro cardeal Cláudio Hummes. Agora é ele quem nos diz, com suas palavras, suas atitudes, suas viagens, seus escritos: “Não se esqueçam dos pobres”. Para ninguém esquecer mesmo, ele até criou o dia do pobre, que ocorre nesse mês de novembro. O 5º dia mundial do pobre vai acontecer no próximo dia 14 de novembro, com o tema «Sempre tereis pobres entre vós» (Mc 14, 7).

Guardando a mensagem

Jesus notou, naquela refeição na casa do fariseu, que os convidados eram os irmãos e parentes do dono da casa, seus amigos e vizinhos ricos. Isso mostra uma mentalidade: a comemoração do seu próprio status, a bajulação dos privilegiados, a exclusão social. É o espírito do mundo. O espírito do Reino é outro: a busca de inclusão dos pobres, dos mais sofridos, a valorização dos pequenos.

Quando deres uma festa, convida os pobres, os aleijados, os coxos, os cegos (Lc 14, 13)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A refeição, que é um ato sagrado para o teu povo, foi palco de belos ensinamentos de tua parte. Obrigado, Senhor. Concede-nos que nossas mesas sejam lugares de fraternidade, de diálogo, de inclusão, onde se manifeste o espírito do Reino, não o espírito do mundo. Concede que nossas refeições em família preparem a sagrada refeição da Eucaristia, mesa da comunhão e da unidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, comente essa palavra de Jesus que meditamos (Lc 14, 13).

Amanhã, no meu canal do Youtube, um encontro especial para rezar pelos falecidos, às 20 horas.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

TU NÃO ESTÁS LONGE DO REINO DE DEUS!




 
31 de outubro de 2021


31º Domingo do Tempo Comum

Encerramento do Mês das Missões e do Mês do Rosário

EVANGELHO


Mc 12,28b-34

Naquele tempo, 28b um mestre da Lei aproximou-se de Jesus e perguntou: “Qual é o primeiro de todos os mandamentos?”
29Jesus respondeu: “O primeiro é este: Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. 30Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força! 31O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo! Não existe outro mandamento maior do que estes”. 32O mestre da Lei disse a Jesus: “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: Ele é o único Deus e não existe outro além dele. 33Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios”.
34Jesus viu que ele tinha respondido com inteligência e disse: “Tu não estás longe do Reino de Deus”. E ninguém mais tinha coragem de fazer perguntas a Jesus.

MEDITAÇÃO


Tu não estás longe do Reino de Deus (Mc 12, 34)

Nem todas as perguntas feitas a Jesus vinham de gente maldosa e mal intencionada. Dessa vez, parece que o mestre da Lei estava querendo, de verdade, uma opinião de Jesus. O que ele queria saber era o seguinte: Qual era o primeiro de todos os mandamentos? Os mestres da Lei tinham uma lista de centenas de mandamentos, era coisa que não se acabava mais. Era comum, naquele período, círculos de discussão sobre a Lei, ao redor de algum ilustre mestre. Basta você lembrar que Jesus, quando tinha doze anos, acabou ficando no Templo, e não seguiu com a família na volta da peregrinação da Páscoa. Claro, ficou entretido nas rodas de discussão com os mestres da Lei. Ele mesmo fazia perguntas.

Bom, a pergunta do escriba era sobre o primeiro dos mandamentos. Vamos ver o que Jesus respondeu. Jesus, como bom judeu, recitou um texto do livro do Deuteronômio. ‘O primeiro mandamento é este: “Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força”. É a oração do Shemá que todo judeu recitava diariamente. E Jesus acrescentou: ‘O segundo mandamento é: Amarás o teu próximo como a ti mesmo!’ Também este mandamento estava na Escritura. ‘Não existe outro mandamento maior do que estes’, disse Jesus.

O que será que o mestre da Lei achou da resposta de Jesus? Antes de considerar a reação dele, vamos pensar mais no que Jesus falou. A pergunta, qual era? Qual o primeiro dos mandamentos, o mais importante. E Jesus respondeu com dois mandamentos. O primeiro e o segundo, notou? Amar a Deus e amar o próximo. Aproximou os dois, juntou os dois. Uma coisa não pode ser desligada da outra. Como escreveu São João na sua primeira carta: “Quem diz que ama a Deus que não vê e não ama o seu irmão que vê, é um mentiroso”. Podemos dizer que o fundamento disso é que Deus nos ama, infinitamente. É o que explica o seu relacionamento com Israel. Deus ama o seu povo, o protege, o livra dos inimigos, o guia. Ele fez uma aliança com o seu povo, uma aliança de amor.

Agora, vamos ver a reação do mestre da lei que fez a pergunta. Ele ficou satisfeito com a resposta de Jesus. “Muito bem, Mestre! Na verdade, é como disseste: Ele é o único Deus e não existe outro além dele. Amá-lo de todo o coração, de toda a mente, e com toda a força, e amar o próximo como a si mesmo é melhor do que todos os holocaustos e sacrifícios”. Ele estava de acordo com a resposta de Jesus. E tirou logo uma conclusão: Quem ama assim a Deus e ao próximo faz uma coisa maior do que o culto feito com os sacrifícios no Templo.

Jesus ficou admirado com o mestre da Lei. “Tu não estás longe do Reino de Deus”. Reconheceu que ele estava no caminho do Reino, do evangelho que ele estava anunciando. De fato, a pregação de Jesus era sobre o amor de Deus pelos seus filhos. O verdadeiro culto a Deus tem a ver também com o amor aos irmãos. Na história que Jesus contou do ‘bom samaritano’, os homens que oficiavam o culto do Templo, oferecendo os sacrifícios e holocaustos de animais passaram ao largo quando viram o homem necessitado caído na estrada. O samaritano, alguém que não frequentava o Templo, realizou o maior culto a Deus, amando o seu próximo, acudindo o homem assaltado.

Guardando a mensagem

O mestre da Lei queria saber qual era o maior mandamento. Amar a Deus e amar o próximo. Um leva ao outro. Deus nos ama. Nós, em resposta, o amamos e amamos o nosso semelhante. O mestre da Lei pensava igual a Jesus. Os dois mandamentos se completam, são interfaces da mesma realidade. O culto no Templo e o serviço na rua. A oração e a caridade.

Tu não estás longe do Reino de Deus (Mc 12, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Hoje vamos recitar contigo, o Shemá, a oração diária do teu povo: “Ouve, ó Israel! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todo o teu entendimento e com toda a tua força”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

No seu diário espiritual (o seu caderno de anotações) responda a esta pergunta: O que, na sua vida, mostra que você está amando a Deus de todo o coração e amando o seu próximo como a si mesmo, como a si mesma?

Como você hoje tem mais tempo, estou lhe enviando a primeira faixa do meu novo álbum musical: Um certo galileu. No novo CD, interpreto canções do Pe. Zezinho. No dia 04 de dezembro, vamos fazer o lançamento com um show que você pode acompanhar presencialmente ou on-line. Ingressos no site www.amanhecer.org.br. Informações e Inscrições AQUI.



http://www.amanhecer.org.br/

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


A CORRIDA PELOS PRIMEIROS LUGARES

 



30 de outubro de 2021

EVANGELHO


Lc 14,1.7-11

1Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 7Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. Então contou-lhes uma parábola: 8“Quando fores convidado para uma festa de casamento, não ocupes o primeiro lugar. Pode ser que tenha sido convidado alguém mais importante do que tu, 9e o dono da casa, que convidou os dois, venha te dizer: ‘Dá o lugar a ele’. Então ficarás envergonhado e irás ocupar o último lugar. 10Mas, quando fores convidado, vai sentar-te no último lugar. Assim, quando chegar quem te convidou, te dirá: ‘Amigo, vem mais para cima’. E isto vai ser uma honra para ti diante de todos os convidados. 11Porque quem se eleva será humilhado e quem se humilha será elevado”.

MEDITAÇÃO


Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares (Lc 14, 7)


Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. Notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares. E deu um conselho: ”você sendo convidado para uma festa de casamento, não ocupe os lugares reservados a pessoas importantes. Você pode passar uma grande vergonha. De repente, chega alguém mais importante do que você e o dono da casa vai pedir que você ceda aquele lugar... é melhor, sentando-se mais atrás, ser convidado para ocupar um lugar mais à frente, do que ser humilhado na frente de todo mundo”.

O que Jesus observou naquele jantar é o retrato do que nós vivemos hoje: a busca pelos primeiros lugares; pessoas achando-se importantes, gente procurando regalias, cobrando tratamento VIP, diferenciado. Quando alguém se sente importante, superior, especial, está, na verdade, cultivando a própria projeção, inflacionando o próprio egoísmo. Assim, passa a exigir a atenção dos outros, a admiração, a homenagem, a obediência... e condições diferenciadas dos outros, em seu modo de viver.

Nem sempre a imagem que se tem de si mesmo corresponde ao que de fato se é. E uma imagem inflada pelo sentimento de superioridade falseia a realidade. Além de atentar contra si mesmo, expondo-se a comportamentos e atitudes vaidosas, presunçosas, arrogantes..., essa busca de privilégios ofende as pessoas que estão ao seu redor. Quem se julga superior, tenta reduzir os outros a inferiores, servidores, capachos.

O ensinamento de Jesus é o contrário disso. Nada de arrogância, julgando-se superior por sua condição social, pela cor de sua pele, pelo bairro onde mora ou pelo dinheiro e influência que tenha. Modéstia. Humildade. Não querer ocupar os primeiros lugares, numa afirmação de superioridade sobre os outros. Sentar-se modestamente ao lado dos outros. Valorizar todo mundo, a partir dos aparentemente mais frágeis. Se vier algum reconhecimento, sendo chamado mais para frente, será uma honra bem-vinda. Porque, como disse o nosso Mestre, quem se eleva será humilhado; e quem se humilha, será exaltado.

Guardando a mensagem

Esta é uma tentação permanente em nossa vida, na sociedade e na Igreja: a busca de privilégios e de reconhecimento social. Os fariseus eram mestres nisso. O espírito do evangelho é a fraternidade, um modo de se conviver em sociedade e na Igreja em estilo de acolhimento, cooperação e valorização de cada um. O mundo ensina diferente: seja o primeiro, o mais importante, o mais sabido, o mais poderoso; tem valor quem tem mais dinheiro, quem tem mais estudo, quem tem melhor aparência. O espírito do evangelho, ensinado por Jesus, diz diferente: somos irmãos, cada um tem seu valor, dependemos uns dos outros. Humildade, nada de arrogância.

Jesus notou como os convidados escolhiam os primeiros lugares (Lc 14, 7)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
naquela refeição, observaste o que simbolicamente é a busca dos primeiros lugares: as disputas de poder, a busca de privilégios. O teu evangelho é a proclamação da fraternidade, todos somos irmãos. A boa nova que pregaste é afirmação da prioridade dos pequenos, os últimos serão os primeiros. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Não fique triste se não lhe fizerem aquela homenagem que você acha que merece. Não sinta inveja de quem parece ter se dado melhor do que você. Tome o conselho de Jesus: “não fique correndo atrás dos primeiros lugares”. Isso é loucura, vaidade, arrogância. Somos todos irmãos, estamos todos no mesmo barco.

Para facilitar o seu acesso diário à Palavra de Deus, você que recebe pessoalmente a Meditação tem visto que estamos enviando sempre um link pra você ler o texto bíblico e também a Meditação. É só clicar nesse link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O HIDRÓPICO É A PROVA DOS NOVE

 



29 de outubro de 2021


EVANGELHO


Lc 14,1-6

Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” 4Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” 6E eles não foram capazes de responder a isso.

MEDITAÇÃO


Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

A gente sempre vê o evangelho falando mal dos fariseus. Mas, na cena de hoje, a gente descobre um pouco mais. Era um dia de sábado e Jesus estava numa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Olha que surpresa! Um líder fariseu convidou Jesus para ir comer na casa dele. Um gesto bonito! E Jesus aceitou. Está lá comendo com eles: mestres da lei e fariseus. E você sabe que comer juntos era uma coisa muito forte na cultura do povo de Jesus! Comer juntos é sinal de comunhão. Lembre que eles não comiam junto com pagãos.

Então, podemos pensar que havia certa aproximação entre Jesus e os fariseus. Ao menos, alguns tinham certa simpatia por Jesus e Jesus os acolhia com muito boa vontade. Essa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus está nos dizendo isso.

E você lembra que era um dia de sábado. Esse detalhe de ser num ‘sábado’ deve ser importante, porque essa informação se repete por três vezes nesse pequeno texto. Sábado era uma marca muito forte na religião deles. Os fariseus matavam e morriam pra todo mundo respeitar o sábado. Era o dia do descanso, nada de trabalho. E, você sabe, isso é maravilhoso, porque é uma afirmação da dignidade do trabalhador. O ser humano, como o Senhor Deus, pára para contemplar a sua obra. É senhor do seu trabalho, não é escravo. O sábado era também o dia do culto a Deus. Todo mundo se encontrava na sinagoga, para cantar os salmos e ouvir as Escrituras. Nisso tudo, Jesus, que era um bom judeu, estava também de acordo.

A refeição, talvez fosse um jantar, estava indo bem. Jesus e os fariseus cordialmente à mesa. Maravilha! Honrando o sábado. Tudo certo. Estranhamente, ali na frente de Jesus tem um hidrópico, um doente do barrigão, coitado. Aqui mostra-se a diferença entre Jesus e os religiosos do seu tempo. Está ali um filho de Deus sofrendo, um desgraçado estendendo a mão, pedindo ajuda a Jesus. E aí? Dia de sábado é dia de socorrer o irmão ou não? Foi a pergunta de Jesus. Ficaram calados. E se fosse um filho de vocês que caísse num poço, sendo sábado, vocês iriam ou não socorrê-lo logo? Ficaram confusos. E Jesus curou o hidrópico. Tomou-o pela mão, curou-o e o despediu.

Nós católicos temos muitas diferenças com outras igrejas, outros grupos religiosos e mesmo com pessoas que não têm fé. Mas, podemos e devemos ser amigos, parceiros, convivendo com respeito, diálogo, amizade, não é verdade? O que, de verdade, vai por a prova nossa amizade e nossa comunhão não será a doutrina, que tem, claro, diferenças. Mas a verdadeira prova, como foi para Jesus e os fariseus, é o hidrópico. Diante do colossal sofrimento do irmão marginalizado, explorado, excluído, o nosso sábado nos compromete com ele, ou, em seu nome, lavamos as mãos e nos omitimos. O sábado pode representar nossas práticas religiosas, nossas tradições. Nossa religiosidade (o sábado) nos impulsiona a retirar o filho que caiu no poço ou nos faz omissos diante do irmão que caiu à beira da estrada, como foi o caso do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano?

Guardando a mensagem

Jesus aceitou o convite para uma refeição na casa de um líder fariseu, num dia de sábado. Os fariseus foram gentis ao convidar Jesus. Isso mostra uma certa aproximação desse grupo com o grupo de Jesus. Comer juntos era um gesto de comunhão e amizade. Ia tudo bem, mas eis que apareceu um irmão doente, precisando de ajuda: um hidrópico. Jesus perguntou se o sábado, onde era proibido fazer qualquer trabalho, permitia que se desse socorro a ele. Eles não souberam responder. E Jesus o curou. Pelo ecumenismo com outras igrejas, nos sentamos à mesma mesa de refeição. O que vai marcar a diferença, vai ser a prova dos nove, para eles e para nós, é se o nosso sábado ou seja nossa religiosidade nos faz comprometidos ou omissos diante do sofrimento dos irmãos.

Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu também respeitavas o sábado dos judeus. E, como se tratava do dia de dar glória a Deus, mostravas como a fé se manifesta na louvação a Deus e na restauração dos humilhados. Assim, vivias e ensinavas o amor a Deus e ao próximo. Obrigado, Senhor, por tuas lições de fé e de vida. Impactados por tua ressurreição na manhã do primeiro dia da semana, nós teus seguidores guardamos o domingo, como o Dia do Senhor, o dia de nossa páscoa, de nossa libertação. Dá-nos, Senhor, que façamos desse dia uma afirmação de nossa adesão ao teu evangelho, que nos ensina a acolher o amor do Pai e a praticar esse amor como solidariedade e compromisso com o bem e a vida de todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Para estimular o entendimento e a prática da palavra, sugiro que você leia em sua Bíblia o evangelho de hoje (Lc 14, 1-6). Para facilitar este acesso diário à Palavra de Deus, você que recebe pessoalmente a Meditação tem visto que estamos enviando sempre um link pra você ler o texto bíblico e também a Meditação. É só clicar no link.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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