01 de novembro de 2024
Sexta-feira da 30ª Semana do Tempo Comum
Evangelho
Lc 14,1-6
Aconteceu que, num dia de sábado, Jesus foi comer na casa de um dos chefes dos fariseus. E eles o observavam. 2Diante de Jesus, havia um hidrópico. 3Tomando a palavra, Jesus falou aos mestres da Lei e aos fariseus: “A Lei permite curar em dia de sábado, ou não?” 4Mas eles ficaram em silêncio. Então Jesus tomou o homem pela mão, curou-o e despediu-o. 5Depois lhes disse: “Se algum de vós tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado?” 6E eles não foram capazes de responder a isso.
Meditação.
Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)
A gente sempre vê o evangelho falando mal dos fariseus. Mas, na cena de hoje, a gente descobre um pouco mais. Era um dia de sábado e Jesus estava numa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus. Olha que surpresa! Um líder fariseu convidou Jesus para ir comer na casa dele. Um gesto bonito! E Jesus aceitou. Está lá comendo com eles: mestres da lei e fariseus. E você sabe que comer juntos era uma coisa muito forte na cultura do povo de Jesus! Comer juntos é sinal de comunhão. Lembre que eles não comiam junto com pagãos.
Então, podemos pensar que havia certa aproximação entre Jesus e os fariseus. Ao menos, alguns tinham certa simpatia por Jesus e Jesus os acolhia com muito boa vontade. Essa refeição na casa de um dos chefes dos fariseus está nos dizendo isso.
E você lembra que era um dia de sábado. Esse detalhe de ser num ‘sábado’ deve ser importante, porque essa informação se repete por três vezes nesse pequeno texto. Sábado era uma marca muito forte na religião deles. Os fariseus matavam e morriam pra todo mundo respeitar o sábado. Era o dia do descanso, nada de trabalho. E, você sabe, isso é maravilhoso, porque é uma afirmação da dignidade do trabalhador. O ser humano, como o Senhor Deus, pára para contemplar a sua obra. É senhor do seu trabalho, não é escravo. O sábado era também o dia do culto a Deus. Todo mundo se encontrava na sinagoga, para cantar os salmos e ouvir as Escrituras. Nisso tudo, Jesus, que era um bom judeu, estava também de acordo.
A refeição, talvez fosse um jantar, estava indo bem. Jesus e os fariseus cordialmente à mesa. Maravilha! Honrando o sábado. Tudo certo. Estranhamente, ali na frente de Jesus tem um hidrópico, um doente do barrigão, coitado. Aqui mostra-se a diferença entre Jesus e os religiosos do seu tempo. Está ali um filho de Deus sofrendo, um desgraçado estendendo a mão, pedindo ajuda a Jesus. E aí? Dia de sábado é dia de socorrer o irmão ou não? Foi a pergunta de Jesus. Ficaram calados. E se fosse um filho de vocês que caísse num poço, sendo sábado, vocês iriam ou não socorrê-lo logo? Ficaram confusos. E Jesus curou o hidrópico. Tomou-o pela mão, curou-o e o despediu.
Nós católicos temos muitas diferenças com outras igrejas, outros grupos religiosos e mesmo com pessoas que não têm fé. Mas, podemos e devemos ser amigos, parceiros, convivendo com respeito, diálogo, amizade, não é verdade? O que, de verdade, vai por a prova nossa amizade e nossa comunhão não será a doutrina, que tem, claro, diferenças. Mas a verdadeira prova, como foi para Jesus e os fariseus, é o hidrópico. Diante do colossal sofrimento do irmão marginalizado, explorado, excluído, o nosso sábado nos compromete com ele, ou, em seu nome, lavamos as mãos e nos omitimos. O sábado pode representar nossas práticas religiosas, nossas tradições. Nossa religiosidade (o sábado) nos impulsiona a retirar o filho que caiu no poço ou nos faz omissos diante do irmão que caiu à beira da estrada, como foi o caso do sacerdote e do levita na parábola do bom samaritano?
Guardando a mensagem
Jesus aceitou o convite para uma refeição na casa de um líder fariseu, num dia de sábado. Os fariseus foram gentis ao convidar Jesus. Isso mostra uma certa aproximação desse grupo com o grupo de Jesus. Comer juntos era um gesto de comunhão e amizade. Ia tudo bem, mas eis que apareceu um irmão doente, precisando de ajuda: um hidrópico. Jesus perguntou se o sábado, onde era proibido fazer qualquer trabalho, permitia que se desse socorro a ele. Eles não souberam responder. E Jesus o curou. Pelo ecumenismo com outras igrejas, nos sentamos à mesma mesa de refeição. O que vai marcar a diferença, vai ser a prova dos nove, para eles e para nós, é se o nosso sábado ou seja nossa religiosidade nos faz comprometidos ou omissos diante do sofrimento dos irmãos.
Se algum de vocês tem um filho ou um boi que caiu num poço, não o tira logo, mesmo em dia de sábado? (Lc 14, 5)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
tu também respeitavas o sábado dos judeus. E, como se tratava do dia de dar glória a Deus, mostravas como a fé se manifesta na louvação a Deus e na restauração dos humilhados. Assim, vivias e ensinavas o amor a Deus e ao próximo. Obrigado, Senhor, por tuas lições de fé e de vida. Impactados por tua ressurreição na manhã do primeiro dia da semana, nós teus seguidores guardamos o domingo, como o Dia do Senhor, o dia de nossa páscoa, de nossa libertação. Dá-nos, Senhor, que façamos desse dia uma afirmação de nossa adesão ao teu evangelho, que nos ensina a acolher o amor do Pai e a praticar esse amor como solidariedade e compromisso com o bem e a vida de todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Para estimular o entendimento e a prática da palavra, sugiro que você leia em sua Bíblia o evangelho de hoje (Lc 14, 1-6). Para facilitar este acesso diário à Palavra de Deus, você que recebe pessoalmente a Meditação tem visto que estamos enviando sempre um link pra você ler o texto bíblico e também a Meditação. É só clicar no link.
A intenção geral de oração desse mês de novembro, em toda a Igreja, é por quem perde um filho. Rezemos para que todos os pais que choram a morte de um filho ou filha encontrem apoio na comunidade e obtenham do Espírito consolador a paz de coração.
Pe. João Carlos Ribeiro, sdb