PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

A VONTADE DE DEUS E A TENTAÇÃO



Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga. (Mt 16, 24).

30 de agosto de 2020 – 22º. Domingo do Tempo Comum

Em princípio, todos nós queremos fazer a vontade de Deus. E a vontade de Deus é que nós sejamos bons, justos, honestos, trabalhadores, fieis, piedosos, santos. Acontece que há muita coisa que pode nos desviar da vontade de Deus. São as tentações.

Jesus veio para fazer a vontade de Deus. Aos poucos, ele foi entendendo o alcance da vontade do Pai em sua vida. Em mais de uma ocasião, conversou com os discípulos, comunicando-lhes que “deveria ir a Jerusalém, sofrer muito e que deveria ser morto e ressuscitar ao terceiro dia”. A perseguição era o desfecho da rejeição que a sua presença, sua pregação e seus milagres provocaram nas lideranças do seu povo, representadas pelos anciãos, sumos sacerdotes e mestres da Lei. A vontade de Deus era que Jesus seguisse fiel até o fim, até às últimas consequências.

Quadro parecido de dificuldades e perseguição, viveu também o profeta Jeremias. A vontade de Deus era que ele anunciasse a sua Palavra, reprovando as ações do seu povo e de suas lideranças e lembrando-lhes qual seria o resultado de suas más ações. Pela reação, no dizer do profeta, a palavra do Senhor tornou-se para ele fonte de vergonha e de chacota.

Nós, seguidores de Jesus, também queremos conhecer e realizar a vontade de Deus. São Paulo, na carta aos Romanos, nos exortou a nos transformar, renovando a nossa maneira de pensar e de julgar, para podermos distinguir o que é da vontade de Deus, isto é, o que é bom, o que é justo, o que lhe agrada, o que é perfeito.

Diante da realização da vontade de Deus, que pode nos trazer algum incômodo e sofrimento, vem a tentação de nos esquivarmos do que é difícil, do que exige sacrifício, do que pode nos trazer problemas. Jesus sentiu a posição de Pedro como uma tentação. Pedro repreendeu o Mestre com essas palavras: “Deus não permita tal coisa, Senhor! Que isso nunca te aconteça”. Pedro só queria o melhor para Jesus. Mas, estava agindo como o tentador, afastando Jesus da vontade de Deus, da fidelidade à sua missão. A reação de Jesus foi surpreendente, comparou essa tentação com a que tinha sofrido no deserto, no início de sua missão. “Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas sim as coisas dos homens”.

Jeremias também teve sua tentação. Não queria mais falar em nome de Deus. Mas, um fogo ardente o devorava, impelindo-o a continuar a missão. Nós também, nos lembra São Paulo na carta aos Romanos, temos a nossa tentação: conformarmo-nos ao mundo, não à vontade de Deus.

O caminho do seguimento de Jesus nos pede uma cota de renúncia, de sacrifício para sermos fieis à vontade de Deus. Jesus foi claro: “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga”.

Guardando a mensagem

Jesus comunicou aos discípulos o que Deus queria dele: que fosse fiel até o fim, mesmo que tivesse que enfrentar a perseguição. Por isso, tomou a decisão de ir a Jerusalém e não fugir dos sofrimentos da morte que lhe seria imposta. Mas, não ficaria na morte, ressuscitaria. Pedro agiu como o tentador, repreendendo Jesus por essa decisão e assegurando que Deus não permitiria uma coisa daquela.  Jesus está nos dizendo bem claro: para segui-lo, precisamos renunciar a nós mesmos e carregar a cruz de nossas dificuldades e sofrimentos, também.

Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e me siga (Mt 16, 24).

Rezando a palavra


Senhor Jesus, 

na oração do Pai Nosso, tu nos ensinaste a rezar, nos comprometendo com a vontade do Pai e pedindo-lhe que não nos deixe cair em tentação. São Paulo nos lembrou que não podemos ceder à tentação, nos conformando ao mundo, mas transformando-nos, oferecendo-nos em sacrifício espiritual a Deus. No monte das Oliveiras, em grande angústia, tu pediste ao Pai para afastar o cálice da paixão, mas, ao mesmo tempo, reafirmaste: “faça-se antes a tua vontade do que a minha”. Dá-nos, Senhor, a graça de vencermos a tentação que nos afasta da realização da vontade de Deus. Sendo, hoje, o Dia dos Catequistas, nós pedimos, Senhor, uma bênção para esses irmãos e irmãs que acompanham crianças, jovens e adultos no conhecimento e na experiência da fé. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Leia o evangelho de hoje, na sua Bíblia (Mateus 16, 21-27).

Gostaria que você conhecesse duas de minhas canções religiosas que têm a ver com esse evangelho: Seduziste-me (palavras do profeta Jeremias) e Sem Deus (sobre as palavras de Jesus). Estou lhe enviando o link para você, depois de ler a Meditação, ouvir essas canções. Coloquei lá também a letra dessas duas músicas. Se não identificar o link, acesse www.padrejoaocarlos.com.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb





SEDUZISTE-ME  (Jr 20)
Pe João Carlos

Seduziste-me, Senhor,
E eu me deixei seduzir (bis).
Por tua causa e por teu nome,
Estão todos contra mim (bis).

Por que sempre que abro a boca
Devo gritar forte contra a opressão?
Por que denunciar me mandas
Tanta violência e exploração?

Quando eu comigo pensava:
"Dele nunca mais quero me lembrar",
A força de sua palavra
Era uma fogueira a me devorar.

Calúnias eu ouvi de muitos
Tramando o fracasso da minha missão.
Javé é quem está comigo,
E esses inimigos se envergonharão

Javé, justo e poderoso,
A ti confiada minha causa foi.
E todos ao Senhor celebrem,
Pois da mão perversa já me libertou



SEM DEUS (Mt 16)
Pe. João Carlos

Nada vale nessa vida
Se a vida for vivida
Sem Deus
Do que adianta boa vida
Seguranças e conquistas
Sem Deus

O sentido de uma vida
Na chegada ou na partida
É Deus
Apenas vale o caminho
Que nos leve sem desvio
A Deus

Do que adianta
Ter o mundo aos pés
Se aos pés de Deus
Eu não me encontro mais
Do que adianta se eu me perder
Somente Deus é que me satisfaz

Do que adianta
ter o mundo aos pés
Se aos pés de Deus
eu não me encontro mais
Do que adianta se eu me perder
Somente em Deus é que eu encontro a paz.

Só posso ser feliz
Só posso ter a paz
Se Deus for o meu abrigo
Se Deus estiver comigo
Se ele em minha vida

for Deus



Só podes ser feliz
Só podes ter a paz
Se Deus for o teu abrigo
Se Deus estiver contigo
Se ele em tua vida

for Deus



O CAMINHO DA FIDELIDADE


Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista (Mc 6, 24).


29 de agosto de 2020 – Memória do Martírio de São João Batista

No aniversário de Herodes, certamente no palácio de sua capital Tiberíades, oferece-se um banquete aos grandes da Galileia: a corte, os oficiais, os cidadãos importantes. Herodes se casara com a cunhada, Herodíades, mulher do seu irmão Filipe. Além de cunhada, a mulher era sua sobrinha. A filha dela, enteada do rei, portanto sua sobrinha-neta, boa dançarina, apresentou-se dançando na festa. A dança e os gingados da moça agradaram em cheio os convidados e o rei. Este lhe prometeu um presente, o que ela pedisse, mesmo que fosse metade do seu reino. A mãe combinou com ela que pedisse a cabeça de João Batista. O rei, mesmo entristecido com o pedido, cumpriu sua promessa. Mandou degolar o profeta em sua prisão. É a triste história do martírio de João Batista.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história tão triste? Primeira resposta. Uma razão é preparar o terreno, nos seus leitores, para a morte de Jesus. Na história de João Batista, o ódio da mulher do rei desencadeou a morte do profeta. Na história de Jesus, foi o ódio das lideranças do seu povo que o levaram à morte. Herodes mostrou-se fraco, reticente, objeto de manipulação de Herodíades. Na história de Jesus, foi Pilatos, o governante fraco e manipulado pelo Sinédrio dos hebreus. 

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de tanta violência? Segunda resposta. Para podermos fazer uma comparação entre o banquete da morte e a multiplicação dos pães, o banquete da vida, que vem logo em seguida. No banquete de Herodes, o prato é a violência, a cabeça decapitada de João Batista. No banquete de Jesus, o prato é a partilha, a providência divina, a própria vida de Jesus entregue. Cinco mil homens se alimentaram com o que seria cinco pães e dois peixes.


Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de final tão desalentador? Terceira resposta. Para aprendermos o caminho da fidelidade com o profeta João Batista. No anúncio, ele foi claro e forte, denunciando os desmandos e o mau exemplo da vida irregular do rei e sua concubina. João foi fiel até o fim, sem se acovardar, nem recuar na palavra que devia proclamar.

Por que, afinal, o evangelista Marcos nos conta essa história? Quarta resposta. Para nos indicar que o caminho de João Batista continua no caminho de Jesus. Exatamente depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a pregação, proclamando o evangelho do Reino de Deus.

Guardando a Mensagem

Em todos os tempos, os profetas são perseguidos. Jesus disse que, em contraponto, os falsos profetas são aplaudidos. Lendo o fim de João Batista, voltamos nosso olhar para a paixão de Jesus. Ele tomará o caminho dos profetas, homens da verdade de Deus, que terminam incompreendidos pelo povo e perseguidos pelas autoridades. Também nos ajuda a entender a graça da multiplicação dos pães que prepara a Eucaristia: Jesus comunica vida, dando-se a si mesmo. Herodes comunica morte, poupando-se a si mesmo. João Batista foi fiel à sua missão, denunciando o erro e perseverando na provação. Esse é o caminho do cristão. Não desistir, não se intimidar diante das dificuldades. Jesus continua o caminho de João. Nós continuamos o caminho de Jesus.

Ela saiu e perguntou à mãe: “O que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista (Mc 6, 24).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

A atuação do governante Herodes, violento no exercício do poder e escandaloso em sua vida pessoal, produziu morte na história do seu povo: exploração, fome, perseguição política. É o que nos diz essa cena do martírio de João Batista. Já a tua atuação, Jesus, a atenção às necessidades daquela gente e o compromisso com Deus produziram vida na história do teu povo: acolhimento, partilha, fartura. É o que nos diz a cena da multiplicação dos pães que vem logo em seguida. Dá-nos, Senhor, tomar distância dos banquetes dos Herodes de hoje e pautarmos nossa vida e nossas opções pelo teu banquete no deserto. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje é um dia bom pra você fazer um exame de consciência. Pergunte-se, em um momento de recolhimento do seu dia, se está sendo fiel ao que Deus tem lhe confiado como missão.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb






A HISTÓRIA DAS MOÇAS QUE PERDERAM O CASAMENTO


O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo (Mt 25,1)


28 de agosto de 2020, Dia de Santo Agostinho

O evangelho de hoje conta a história de cinco moças que foram barradas numa festa, numa festa de casamento. E o mais chato, sabe o que foi, é que elas eram pajens do noivo, faziam parte de um grupo que acompanharia o ingresso do noivo na cerimônia. Eram dez moças que iriam acompanhar a entrada do noivo... olha que história!

Bom, dez jovens estavam aguardando a hora de entrar com o noivo na festa do casamento. Cada uma com sua lâmpada de óleo na mão. O noivo demorou a chegar. Elas acabaram cochilando e dormindo. Acordaram com alguém gritando: “o noivo está chegando!”. Foi aquele alvoroço. Apareceu logo um problema: cinco lâmpadas estavam já se apagando. E suas donas não tinham levado uma reserva de óleo para reabastecê-las. E agora? Pediram às outras cinco para dividir com elas o óleo de reserva que cada uma tinha levado. ‘Não dá. Assim, no meio da festa, todas as lâmpadas de óleo vão se apagar. É melhor vocês saírem para comprar óleo’. Lá se foram esbaforidas as cinco jovens, atrás de comprar óleo numa hora daquelas. O noivo chegou, entrou todo mundo, as portas se fecharam. Quando voltaram, coitadas, não puderam mais entrar. Até o noivo mandou dizer que não sabia quem eram elas.

As cinco moças esqueceram-se de levar um óleo de reserva. Por que esqueceram? Com certeza, porque participar do casamento, mesmo como damas de acompanhamento, não estava entre suas maiores preocupações. Com certeza, tinham sido escolhidas para essa tarefa, mas elas não estavam realmente focadas nisso. Não se prepararam adequadamente prevendo uma reserva de óleo, nem tiveram tempo nem cabeça pra isso, com outras tarefas do dia ou mesmo por distração, sei lá.

Para aquelas moças, terem ficado do lado de fora foi o fracasso de suas vidas. Sabe por quê? Porque elas viviam para esse grande momento, para o encontro com o noivo. Bom, aqui precisaria maior explicação, mas vamos assim mesmo. Porque o noivo era o noivo delas. O noivo é Jesus. As moças somos nós, sua Igreja. E vivemos para esse grande encontro com o Senhor que está chegando. Reparou que, na história, não tem noiva? As noivas são elas. A Igreja é a noiva que aguarda a chegada do seu Senhor, para a celebração das núpcias eternas. As noivas, compreendam, somos nós. Não entrar na festa é perder a salvação eterna.

Guardando a mensagem

O que será que Jesus quis ensinar com essa parábola? A lição está no fim da história. “Portanto, fiquem vigilantes, porque ninguém sabe o dia, nem a hora”. Está no contexto da preocupação de Jesus pra gente não relaxar, enquanto esperamos a sua volta. O noivo está demorando. O noivo é ele. Está demorando, mas chega a qualquer momento. A noiva somos nós, a Igreja. Reparou que cinco se perderam? Ninguém se perde sozinho, já dizia Santa Terezinha. Por isso mesmo, nada de baixar a guarda, de descuidar-se... O tempo de espera é tempo de compromisso, de construção. Vigilância é a marca desse tempo, enquanto estamos aguardando a sua volta. Vigilância é não deixarmos para depois o que temos que fazer hoje, é fazer bem o que temos que fazer, e é estarmos com tudo pronto para o grande encontro. Porque ninguém sabe o dia, nem a hora.

O Reino dos Céus é como a história das dez jovens que pegaram suas lâmpadas de óleo e saíram ao encontro do noivo (Mt 25, 1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Como são bonitas as tuas histórias. Nesta parábola de hoje, tu és o noivo e estás sendo aguardado. Essse tempo de espera é tempo de vigilância, lâmpadas acesas, sustentadas pelo óleo da fé, da esperança e da caridade para clarear a grande festa que se aproxima, o casamento profetizado no final do livro do Apocalipse. A Igreja trajada de noiva, a nova Jerusalém, aguarda ansiosamente a tua volta. Como diz o livro santo: “A Igreja e o Espírito dizem: Maranatha! Vem, Senhor Jesus”. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Estar vigilante é como não deixar o óleo faltar para manter a lamparina acesa. Identifique, na sua vida, que óleo não pode faltar pra você se manter vigilante à espera do encontro com o Senhor.

E como hoje é o aniversário de minha ordenação presbiteral, fico à vontade para recomendar-me às suas orações. Rendo graças a Deus por essa tão elevada graça de ser padre e estar a serviço do evangelho, como Salesiano de Dom bosco. Desde já, muito obrigado.

Se puder, dê um pulinho no youtube ou facebook pra gente rezar a oração da noite e comentar a Meditação de hoje. É o nosso encontro diário, de segunda a sexta, às 21:30. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



ESPERANDO O SENHOR





Vigiem, porque vocês não sabem a hora em que virá o Senhor! (Mt 24, 42)

27 de agosto de 2020.

Nós aguardamos Jesus. Estamos esperando a sua volta. O final do Livro do Apocalipse apresenta a Igreja como uma noiva que anseia pela chegada do noivo para o grande casamento. Será uma grande manifestação de triunfo do Cristo Senhor e do seu povo. A sua vinda será um momento de júbilo para uns e de juízo para outros. Por isso, apesar da alegria da espera, ficamos um tanto temerosos. Ele, ao partir, nos entregou a tarefa de cuidar de sua casa. E disso nos pedirá conta.

Vigilância é a palavra-chave do evangelho de hoje. As comunidades, depois de Jesus, deram muita ênfase a essa recomendação de Jesus para o tempo da espera, o tempo em que ele estaria fora. Eu disse ‘fora’, mas ele está sempre conosco, você sabe. “Vigiem, porque vocês não sabem a hora em que virá o Senhor!” Jesus contou pequenas parábolas para isso ficar bem clarinho. Falou do pai de família que, se soubesse que o ladrão viria naquela noite, ficaria vigiando e não deixaria que sua casa fosse arrombada. Falou do servo que o Senhor deixou tomando conta de sua casa, cuidando de sua família. O servo vigilante está atento e alimenta bem a família. O servo relaxado espanca os empregados e cai na farra e na bebida, descuidando-se de suas obrigações. O servo fiel e prudente vai ser muito bem recompensado. O mau servo vai ser despedido e castigado. 

Todo mundo entende essas parábolas de Jesus. E sabe bem que, mesmo ele não voltando logo, precisamos estar sempre preparados, cumprindo bem nossas tarefas, realizando bem a nossa missão. Nós cuidamos de algo de que fomos encarregados. E disso, seremos cobrados, vamos prestar contas. Na parábola, o empregado cuidava da casa do seu senhor. E é isso que nós precisamos aprender: a coisa principal é cuidar das pessoas, pessoas que podem estar sob nossa responsabilidade, mas não são nossa propriedade. O pai e a mãe de família cuidam de sua casa, das pessoas que estão sob sua dependência. E precisam estar sempre atentos, vigilantes para o mal não penetrar em sua casa, como Jesus falou na parábola.

Precisamos viver aquela mesma tensão das primeiras comunidades, na espera do Senhor que partiu e volta a qualquer momento. Viver com compromisso, em santidade, dando o primeiro lugar a Deus em nossa vida. Nada de relaxamento, de preguiça, de estado de sonolência e indiferença. Aguardar acordados é estar realizando bem a tarefa que recebemos, cuidando bem da família, da comunidade, do mundo – isso tudo é a casa dele. Não queremos que ele chegue e nos pegue desprevenidos, ociosos, cochilando no serviço. Queremos aguardá-lo em vigília, acordados. Foi o que ele nos pediu.

Guardando a mensagem

Jesus alertou sobre a vigilância: estarmos atentos, acordados, despertos... não permitindo que o mal, como um ladrão, penetre em nossa casa, em nossa família. Fomos encarregados de cuidar de sua casa. Para isso, ele nos deu autoridade e nos pede responsabilidade. E é a ele que daremos conta. Cuidar das pessoas é a nossa missão. A qualquer momento, poderemos ser cobrados. Vigilância é a nossa atitude permanente.

Vigiem, porque vocês não sabem a hora em que virá o Senhor! (Mt 24, 42)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Na parábola que contaste, tem o administrador fiel que cuidou bem da casa do seu senhor, alimentou bem seus dependentes, zelou para que tudo andasse direito, estando sempre vigilante, atento. E disseste: “Feliz o empregado que o senhor quando voltar o encontrar assim”. Nós queremos, Senhor, ser zelosos e vigilantes como esse empregado elogiado. Ajuda-nos, Senhor, a cumprir bem nossas obrigações na família, na Igreja, na sociedade. Dá-nos sabedoria para conduzir bem aqueles que colocaste sob nossa responsabilidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje é Dia de Santa Mônica, uma cristã do século IV que alcançou, por sua perseverante oração, a conversão do esposo pagão e do filho Agostinho. Inspirando-se nela, reze pelos seus, pedindo ao Bom Deus especialmente a conversão, a fé, a vida de santidade para os de sua casa. 

Toda noite, às 21:30h, eu estou no Youtube e no Facebook comentando a Meditação do dia. Então, quando quiser, apareça por lá. 



Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




SEPULCROS CAIADOS


Vocês, por fora, parecem justos, diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça (Mt 23, 28).

26 de agosto de 2020.


Jesus foi muito duro com os fariseus. Desmascarou neles a presunção de serem santos e fiéis diante do povo, mas na verdade serem movidos por sentimentos e interesses reprováveis: o desprezo pelos mais pobres ou menos praticantes, o sentimento de superioridade sobre os outros, o exibicionismo de sua piedade, a hipocrisia de suas ações. No evangelho de hoje, os chamou de sepulcros caiados, bonitos por fora, mas podres por dentro. Olha a palavra de hoje: “Vocês, por fora, parecem justos, diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça” (Mt 23, 28).

Nesse confronto com os fariseus, Jesus usa a fórmula dos “ais” dos antigos profetas. É uma forma de denúncia e condenação. O capítulo 23 do evangelho de São Mateus registra sete “ais” que ele dirigiu contra os fariseus. O texto de hoje nos reporta dois deles. E a denúncia é clara: aparentam uma coisa e são outra (são como sepulcros caiados); e são coniventes com a violência, disfarçando homenagem às vítimas (ficam enfeitando os túmulos dos justos).

Bom, essa palavra de Jesus não é mais para reprovar os antigos fariseus que já não existem. Hoje, essa palavra vem para nos corrigir no que exista, em nós ou entre nós, de farisaísmo, de hipocrisia, de culto à aparência. Sim, porque o mundo presta culto à aparência, como eu digo naquela música “Profetas”. Vale mais a fachada, do que o interior. Vale mais a aparência do que a realidade. E é isso que Jesus está recriminando.

E onde a gente precisa se corrigir? Bom, por fora, a coisa já está bonita. É por dentro que precisamos mudar, para sermos tão cordiais com os de casa como o somos com as pessoas de fora; para que o nosso sorriso corresponda aos verdadeiros sentimentos do nosso coração. É um convite, então, para limparmos nosso coração de tanta coisa ruim, de tantos sentimentos negativos, preconceitos, desejos de vingança... Sermos bons por dentro e por fora, sem segundas intenções, nem mascaramentos. E o remédio, qual é? A conversão. Nada de farisaísmo. Nada de máscaras, de mentiras, de faz de conta. Verdadeiros e bons, por dentro e por fora. É assim que Jesus nos quer.

Guardando a mensagem

São sete “ais” que Jesus dirige aos fariseus, usando a fórmula clássica de condenação usada pelos antigos profetas. Nos dois “ais” do evangelho de hoje, Jesus denuncia a falsidade deles. São sepulcros caiados: cara bonita, aparência de santidade, mas movidos a ambições, maldades e a preconceito. Enfeitam os túmulos dos justos: é apenas um disfarce de sua conivência com a violência e a exclusão. Isso tudo Jesus está dizendo, hoje, não mais para os antigos fariseus, mas para o que existir de ‘fariseu’ dentro de nós e em nossa convivência social.

Vocês, por fora, parecem justos, diante dos outros, mas por dentro estão cheios de hipocrisia e injustiça (Mt 23, 28).

Vamos rezar a palavra

Senhor Jesus, 
a palavra, hoje, é uma chamada de atenção para nós. Como cristãos, precisamos ser coerentes com o que professamos. Não podemos ser pessoas que parecem uma coisa e são outra, que defendem uma coisa e vivem outra. Ah, Senhor, vivemos numa sociedade que valoriza mais a embalagem que o conteúdo. Assim, somos permanentemente tentados a parecer mais do que ser. Ensina-nos, Senhor, a ser verdadeiros, a cultivar uma consciência reta, um coração puro como o teu. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça um exame de consciência. O evangelho de hoje pede pra você corrigir alguma coisa em sua vida?

Amanhã, quinta-feira, vamos rezar pelos desempregados na Missa das 11 horas, com transmissão em meu Canal do Youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




ONDE O CAMELO ENTRA NESSA HISTÓRIA?

Vocês deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mt 23, 23)


25 de agosto de 2020


A gente até acha engraçado. O navio está afundando, mas a grande preocupação daquele capitão era pintar o mastro da embarcação. Engraçado e desesperador. O navio está afundando, mas ele está preocupado com a pintura do mastro do navio. Pode ser que a obsessão pela apresentação externa das coisas ou por alguns detalhes seja tão grande, que a pessoa perca o senso do real. E fique escravo de uma visão mesquinha e limitada.

É o que estava acontecendo no tempo de Jesus. Os fariseus viviam tão obcecados pelo fiel cumprimento da Lei de Moisés que esqueciam as coisas mais importantes da própria Lei. A Lei era uma expressão da aliança de Deus com o seu povo. A chamada Lei era um contrato de amizade e mútua pertença entre Deus e o povo hebreu. Mas, aos poucos foi se transformando num fardo pesado para as pessoas, pela quantidade de novos preceitos escritos e orais que foram sendo incorporados. Assim, com tanta preocupação com os detalhes, o principal ficava esquecido ou relegado ao segundo plano.

E esse assunto, Jesus não deixou por menos. Todo o capítulo 23 do evangelho de São Mateus é uma denúncia contra a visão míope daqueles homens tão apegados à Lei, os fariseus. Olha o que está no evangelho de hoje: “Vocês pagam o dízimo da hortelã, da erva-doce e do cominho, e deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade“. A justiça, a misericórdia e a fidelidade – segundo disse Jesus – são os ensinamentos mais importantes da Lei. Mas, eles estavam preocupados com picuinhas.

O sábado, por exemplo, era uma coisa importante. Tratava-se de guardar um dia na semana para honrar o Deus criador e libertador e afirmar a dignidade de pessoas livres e donas de sua capacidade de trabalho. O sábado ou o domingo é uma instituição maravilhosa, divina. Mas, os fariseus ficavam com tanta exigência, inflaciondo o preceito do sábado de tantas normas e proibições que, no final das contas, o sábado tornou-se mais uma opressão do que um respiro de liberdade. A legislação previa até a quantidade de passos que podiam ser dados em dia de sábado, uma coisa sufocante. Diante disso, Jesus se insurgiu, ensinando: ‘O sábado foi feito para o homem, não o homem para o sábado’.

Há sempre um risco de a gente ficar tão focado numa coisa, agarrando-se a pormenores, que termine perdendo a visão de conjunto, como no caso daquele capitão do navio, que, com o barco afundando, estava preocupado mesmo com a pintura do mastro. Os fariseus repetiam a mesma coisa na religião. Aferravam-se a picuinhas, coisas em si corretas, mas esquecendo-se do principal. E, assim, na sua miopia oprimiam o povo e descaracterizavam a religião. Jesus os chamou de ‘guias cegos’. “Vocês filtram o mosquito e engolem o camelo”. 

Guardando a mensagem

Os fariseus estavam tão preocupados com coisinhas secundárias, que se esqueciam do principal: a fidelidade, a misericórdia, a justiça. É importante a gente notar que esse defeito dos fariseus é sempre uma tentação em nossas instituições, na vida das comunidades e das famílias, na vida da Igreja. Não podemos esquecer o principal, desviando-nos para coisas secundárias e marginais. Às vezes, se briga por uma bobagem, um detalhe, uma coisa pequena. Às vezes, se julga uma pessoa por um deslize, esquecendo-se toda uma vida de doação e serviço. Está na hora de a gente parar de “coar mosquito e engolir camelo”.

Vocês deixam de lado os ensinamentos mais importantes da Lei, como a justiça, a misericórdia e a fidelidade (Mt 23, 23)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Está escrito na Carta do teu apóstolo Pedro: “Acima de tudo, cultivem, com todo o ardor, o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados” (1 Pr 4,8). É isso mesmo, Senhor. Precisamos viver com confiança, com esperança. A graça de Deus é tão grande e nos abraça de maneira tão generosa... Não precisamos ficar agarrados a picuinhas e casuísmos que nos desviem do principal, do fundamental. Como tu disseste, fundamental na Lei é a justiça, a misericórdia, a fidelidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em seu momento de oração, peça ao Senhor que lhe dê um coração, como o de Jesus, misericordioso com os pecadores, compreensivo com os que erram, centrado na caridade que é o centro da Lei de Deus. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



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