PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

EU SOU PROFETA, EU SOU CRISTÃO




30 de julho de 2022

Sábado da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 14,1-12

1Naquele tempo, a fama de Jesus chegou aos ouvidos do governador Herodes. 2Ele disse a seus servidores: “É João Batista, que ressuscitou dos mortos; e, por isso, os poderes miraculosos atuam nele”.
3De fato, Herodes tinha mandado prender João, amarrá-lo e colocá-lo na prisão, por causa de Herodíades, a mulher de seu irmão Filipe. 4Pois João tinha dito a Herodes: “Não te é permitido tê-la como esposa”. 5Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta. 6Por ocasião do aniversário de Herodes, a filha de Herodíades dançou diante de todos, e agradou tanto a Herodes 7que ele prometeu, com juramento, dar a ela tudo o que pedisse. 8Instigada pela mãe, ela disse: “Dá-me aqui, num prato, a cabeça de João Batista”. 9O rei ficou triste, mas, por causa do juramento diante dos convidados, ordenou que atendessem o pedido dela. 10E mandou cortar a cabeça de João, no cárcere. 11Depois a cabeça foi trazida num prato, entregue à moça e esta a levou para a sua mãe. 12Os discípulos de João foram buscar o corpo e o enterraram. Depois foram contar tudo a Jesus.

MEDITAÇÃO


Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta (Mt 14, 5)

Herodes, que mandara matar o profeta João Batista, ficou sabendo da fama de Jesus e ficou cheio de temores. Pensou logo “é João Batista que voltou, ressuscitou”. O evangelista Mateus aproveita para contar como foi a morte de João Batista e quem era esse mesquinho e violento governante.

Herodes era rei na Galiléia, a região onde Jesus morava. Tinha construído uma cidade para sua capital, à beira do Mar da Galiléia. Era um monarca vassalo de Tibério César, imperador romano. Para agradá-lo, Herodes pôs o nome de sua capital de Tiberíades. Mantinha-se às custas de impostos arrancados da população da Galiléia.

Era o tempo do profeta João Batista. E o Batista andou criticando o rei por suas maldades e por sua vida familiar escandalosa: estava vivendo com a mulher do seu irmão Felipe.

Olhando direitinho o texto, dá pra gente identificar os sete pecados do rei Herodes.

1. Ao ouvir falar de Jesus, imaginou que era João Batista que tivesse voltado. Ficou logo com medo.

2. João Batista bem que tinha razão. O rei devia dar exemplo, não viver maritalmente com a cunhada.

3. Ele mandou prender João Batista por causa das críticas que o profeta lhe fazia, publicamente. E queria mata-lo. Só não o fez logo, com medo da reação do povo. Mandou prender, amarrar, colocar na prisão o profeta inocente e desarmado.

4. Na festa do seu aniversário, no seu palácio, os convidados eram gente graúda que o sustentava no trono, gente que se beneficiava do seu governo.

5. Gostou da dança da mocinha, sua enteada, prometeu-lhe dar qualquer coisa que pedisse. Agiu com grande irresponsabilidade.

6. A mãe mandou a filha pedir a cabeça de João Batista em um prato. Ele ficou triste, mas não teve coragem de negar-se a atender o capricho da amante e voltar atrás diante dos convidados.

7. Mandou degolar João Batista na prisão, sem nenhum processo ou julgamento.

Com a morte de João Batista, não morreu a esperança que ele suscitou com sua pregação e com o batismo de penitência no Rio Jordão. Jesus, visivelmente, tomou o seu lugar no imaginário do povo. Ele que andava pela Judeia, voltou para sua região, a Galileia, se estabeleceu em Cafarnaum e começou o seu trabalho missionário. Por isso, Herodes ficou tão preocupado.


Guardando a mensagem

Por que será que o evangelho conta essa história da morte de João Batista com tantos detalhes, realçando os graves defeitos do governante Herodes? Com certeza, para enaltecer a figura do profeta João e o vigor de sua pregação que convocava todos a se converterem, do pequeno ao grande; também para preparar o leitor para a perseguição que as autoridades de Jerusalém moveriam contra Jesus.

Herodes queria matar João, mas tinha medo do povo, que o considerava como profeta (Mt 14, 5)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
lemos no evangelho, que quando soubeste desta morte cruel do teu primo João Batista, voltaste da Judeia para a Galileia, para a tua região, onde tinham ocorrido esses episódios tão tristes. Não te deixaste intimidar. Pelo contrário, foi a oportunidade para começares a tua missão publicamente, pregando o Reino de Deus. É como quem diz, caiu um profeta, levanta-se outro. Senhor, teu exemplo é um grande ensinamento para nós. Ajuda-nos a não nos deixarmos paralisar pelo medo ou pela omissão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Preparando a sua participação na Missa deste domingo, dê uma olhada no evangelho de amanhã: Lc 12,13-21.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SOFRIMENTO E A FÉ DE MARTA




29 de julho de 2022

Dia dos Santos Marta, Maria e Lázaro, 
discípulos de Jesus

EVANGELHO



Jo 11,19-27


Naquele tempo, 19muitos judeus tinham vindo à casa de Marta e Maria para as consolar por causa do irmão. 20Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele. Maria ficou sentada em casa.

21Então Marta disse a Jesus: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. 22Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. 23Respondeu-lhe Jesus: “Teu irmão ressuscitará”. 24Disse Marta: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”.

25Então Jesus disse: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. 26E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais. Crês isto?” 27Respondeu ela: “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”.


MEDITAÇÃO


Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele (Jo 11, 20).


Na Igreja, hoje estamos festejando os irmãos Marta, Maria e Lázaro, discípulos do Senhor. Marta é a figura de uma cristã cheia de fé, especialmente nos momentos de maior dificuldade e sofrimento. O caminho de fé de Marta é o caminho de fé da comunidade cristã e de cada um de nós.


Marta - você lembra dela - é a irmã de Maria e de Lázaro, amigos de Jesus que moravam em Betânia. Maria é aquela que ficou sentada aos pés de Jesus, escutando seu ensinamento, enquanto Marta ocupava-se dos afazeres da casa, lembra?! Na cena de hoje, Marta foi ao encontro de Jesus quando ele estava chegando e Maria ficou em casa, sentada.


Bom, tinha acontecido uma coisa muito triste. Lázaro tinha morrido. Elas, suas irmãs, tinham mandado chamar Jesus quando ele ainda estava gravemente enfermo. Mas, Jesus não apareceu. Quando ele veio chegar, Lázaro já estava morto há quatro dias. A cena é essa: Jesus está chegando... Marta vai ao encontro dele, antes dele visitar o túmulo do amigo.


Vamos prestar atenção nas quatro coisas que Marta disse a Jesus:


A primeira palavra de Marta foi essa: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido”. Na verdade, isso é uma queixa, porque Jesus demorou a ir ver o seu amigo. Elas contavam que Jesus o curasse da doença. Nós também passamos por momentos de muita dificuldade. Clamamos por Deus. Às vezes, parece que ele não vem nos socorrer. Nossa oração toma então um tom de reclamação.


Vamos à segunda palavra de Marta: “Mas mesmo assim, eu sei que o que pedires a Deus, ele te concederá”. Uma palavra que mostra sua confiança no poder de Deus que opera em Jesus. Seu coração está aberto à ação de Deus. Mesmo não sendo prontamente atendidos como pretendíamos, manifestamos ao Senhor nossa confiança. Confiamos nele. Não entendemos os seus planos, mas confiamos nele.


A terceira palavra de Marta no diálogo com Jesus foi essa: “Eu sei que ele ressuscitará na ressurreição, no último dia”. Ela tem a crença que boa parte do seu povo tem: no último dia, haverá a ressurreição dos mortos. Sabe que Deus agirá no tempo dele. Nós também temos uma fé como a de Marta. Acreditamos que Deus é Senhor de tudo e, lá no fim da história, vai realizar todas as suas promessas.


A quarta e última palavra de Marta foi impressionante. “Sim, Senhor, eu creio firmemente que tu és o Messias, o Filho de Deus, que devia vir ao mundo”. É uma bela afirmação de sua fé. Reconhece que Jesus é o Messias, o Filho de Deus, o prometido. Ela está dizendo que crê em Jesus que está ali presente, a revelação plena do Pai. Jesus tinha lhe dito: “Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, mesmo que morra, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, não morrerá jamais”. Ela confessa sua fé em Jesus, que está ali diante dela. O dom de Deus é não só para o final de nossa jornada. O dom de Deus, em Cristo, é já para hoje. Ele é a ressurreição e a vida.


Marta fez o caminho da fé, os quatro passos. Está pronta para o sinal da ressurreição do seu irmão Lázaro.



Guardando a mensagem


Marta é uma discípula de Jesus. O seu caminho de fé é também o caminho de cada cristão, o nosso caminho. No seu caminho de fé, ela deu quatro passos no seu encontro com Jesus: passou da queixa para a confiança nele; e de uma fé genérica para uma fé pessoal em Jesus Salvador. Que bom que você possa percorrer esse mesmo itinerário: da queixa passar à confiança em Jesus; da fé genérica passar a uma adesão pessoal a Jesus Salvador. Nele, manifestou-se a vida de Deus.


Quando Marta soube que Jesus tinha chegado, foi ao encontro dele (Jo 11, 20).


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

como Marta, que perdeu seu irmão Lázaro, muitos de nós estão passando pela perda de um ente querido. É uma dor profunda, uma tristeza muito grande que se experimenta, sobretudo se se tratar de um pai, de uma mãe ou de um filho ou filha. Em muitas situações, rogou-se ardorosamente pela cura daquela pessoa e o milagre aparentemente não aconteceu. Perdoa, Senhor, se não compreendemos os teus desígnios. Essa vida biológica que nos deste se esgota com o tempo. Mas, a vida que nos deste não termina na morte do corpo. Olhamos para ti, Jesus, e contemplamos a tua ressurreição. Cremos que venceste a morte e estás vivo e ressuscitado. Cremos na ressurreição da carne. Como tu, seremos ressuscitados para vivermos sempre contigo, na comunhão do Pai e do Santo Espírito. Sabemos, na fé, que a ressurreição será plena e total, quando chegar o dia da ressurreição da carne, na tua volta. Queremos viver, Senhor, nessa fé. E acompanhar, na oração, os que partiram. Recebe a todos eles na tua santa morada. E conforta os corações sofridos pela ausência dos seus entes queridos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra


Reze, hoje, pelos seus falecidos. E, aparecendo oportunidade conforte alguém enlutado, com as palavras da fé.


Comunicando


Quando você tiver um tempinho, visite o site da AMA: www.amanhecer.org.br. Assim, você fica conhecendo um pouco mais do nosso serviço missionário.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


A REDE LANÇADA AO MAR




28 de julho de 2022

Quinta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 13,47-53

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 47“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo. 48Quando está cheia, os pescadores puxam a rede para a praia, sentam-se e recolhem os peixes bons em cestos e jogam fora os que não prestam. 49Assim acontecerá no fim dos tempos: os anjos virão para separar os homens maus dos que são justos, 50e lançarão os maus na fornalha de fogo. E aí, haverá choro e ranger de dentes. 51Compreendestes tudo isso?” Eles responderam: “Sim”. 52Então Jesus acrescentou: “Assim, pois, todo mestre da Lei, que se torna discípulo do Reino dos Céus, é como um pai de família que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. 53Quando Jesus terminou de contar essas palavras, partiu dali.


MEDITAÇÃO

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)



Você já pescou alguma vez? Mas, foi de anzol?! Ou já pescou de rede? Bom, você sabe há diversos tipos de rede de pescar: de arrasto, de emalhar, de cerco, de tarrafa.­­­­­.. No tempo de Jesus, na Palestina, havia muitas comunidades de pescadores ao redor do Mar da Galileia. Esse chamado Mar da Galileia era um grande lago de água doce. Pescava-se com uma rede muito longa que era arrastada para a margem por pescadores fortes, usando barcos. O barco tinha, em geral, 8 metros de comprimento e 2 de largura.

No evangelho, aparecem povoados e cidades que estavam às margens do Lago da Galileia, portanto, terra de pescadores: Cafarnaum, Mágdala, Betsaida, entre outros. Os primeiros discípulos eram pescadores. Quando Jesus chamou Pedro e André, eles estavam pescando, lançando as redes. João e Tiago foram convidados para segui-lo quando estavam consertando as redes com seu pai e os empregados.

Com as parábolas, Jesus transmitia sua mensagem sobre o Reino de Deus. Assim, as pessoas, mesmo as mais simples, iam adentrando no grande mistério do Reino, anunciado por ele. Jesus partia de comparações com coisas conhecidas, situações e acontecimentos do cotidiano, as profissões do seu povo: o agricultor plantando a semente, a dona de casa fazendo o pão, o pastor cuidando do rebanho, o comerciante comprando e vendendo, o viajante encontrando uma pessoa assaltada... Claro, que não deixaria de usar essa imagem do mar, da pesca, da rede. Ele disse: “O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo”. Essa atividade da pesca dá uma ideia da dinâmica do Reino de Deus. A comparação evoca várias imagens: os pescadores, a rede, o mar, os peixes.

Os pescadores. A pescaria com rede é uma atividade de equipe, não é trabalho de um só. Lançar a rede ao mar e arrastá-la para a praia é um trabalho coletivo, comunitário, de muitas mãos. Você lembra aquele milagre dos peixes? Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Ao amanhecer, Jesus os mandou lançar a rede em certo ponto. E foi peixe à vontade, que quase a rede se rompeu. Precisou vir outro barco para ajudar a arrastar a rede para a praia. A evangelização (o anúncio do Reino) não é uma atividade solitária. É um trabalho de equipe, um serviço comunitário, de muitas mãos e muitos corações.

A rede. A rede representa a atividade missionária da Igreja. É o instrumento de trabalho do pescador. A rede é formada por vários pontos unidos entre si, bem amarrados uns aos outros, dando a ideia de sistema. Depois da pescaria, eles precisavam lavar a rede e consertar os pontos rompidos... Com a chegada da era digital, o sentido simbólico de ‘rede’ ficou ainda mais forte. Basta pensar nas redes sociais ou na rede mundial de computadores, a internet. A Igreja realiza a sua missão evangelizadora com instrumentos parecidos com a rede, todos integrados em verdadeiros sistemas: a educação, a catequese, a liturgia, a comunicação, o serviço da caridade, a pastoral de conjunto. São as redes da Igreja.

O mar. Você sabe que o mar, para o povo bíblico, é uma representação do mundo, com seus riscos e perigos. O povo hebreu era basicamente formado de agricultores e pecuaristas. Não tinha intimidade com o mar. O mar revolto é a imagem da crise, dos problemas, da perseguição que o mundo move contra o povo de Deus. O mar é o mundo.

Os peixes. A rede pega todo tipo de peixe. É verdade que depois (no fim da pescaria), serão separados peixes bons e peixes ruins. Mas, não durante a pescaria. A salvação é para todos. O evangelho precisa ser proclamado a todas as nações. É a missão universal da Igreja: levar o evangelho a toda criatura. Os peixes são as pessoas. Por isso, Jesus disse aos primeiros discípulos: “Farei de vocês pescadores de gente”.


Guardando a mensagem

Jesus comparou o Reino de Deus com a rede lançada ao mar, que apanha todo tipo de peixe. Todo mundo ali, ao redor do Mar da Galileia, podia entender facilmente essa parábola. A obra de Deus é realizada de maneira comunitária, eclesial, como os pescadores que trabalham juntos na pescaria com rede. O trabalho missionário da Igreja que anuncia o Reino é como uma rede, com instrumentos bem organizados em sistemas. Assim, a Igreja atua com suas redes na educação, no serviço aos pobres, na comunicação, no ensino da fé, na vivência da fé em comunidades. A obra de Deus, por meio de Jesus, foi nos libertar do poder do mal: é o que está representado no mar. E a missão é universal: levar a boa notícia do Reino a toda a criatura. É a rede que pega todo tipo de peixe.

O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que apanha peixes de todo tipo (Mt 13, 47)


Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedro e André, Tiago e João eram pescadores do Mar. Tornaram-se pescadores do Reino, pela graça do teu chamado. Mas, o grande pescador és tu mesmo, embora tua profissão fosse carpinteiro. Naquela noite, Pedro e seus companheiros voltaram de mãos abanando. Mas, tu, divino pescador, orientaste onde pescar direito. E encheram a barca de tanto peixe. Seguindo tua Palavra, realizaremos a missão de uma maneira prodigiosa, como aquela pescaria milagrosa. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Faça a si mesmo, hoje, uma pergunta: Na grande pescaria de rede que Jesus nos deixou como missão, em quê a Igreja pode contar comigo?

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, temos hoje a Missa das 11 horas, rezando pelos associados e ouvintes. Você pode nos acompanhar pelo rádio e pelas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SEGREDO DO TESOURO ESCONDIDO



27 de julho de 2022

Quarta-feira da 17ª Semana do Tempo Comum


EVANGELHO


Mt 13,44-46

Naquele tempo, disse Jesus à multidão: 44“O Reino do Céus é como um tesouro escondido no campo. Um homem o encontra e o mantém escondido. Cheio de alegria, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquele campo.
45O Reino dos Céus também é como um comprador que procura pérolas preciosas. 46Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola”.


MEDITAÇÃO


Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola (Mt 13, 46)

Duas parábolas parecidas, a do tesouro escondido e a da pérola preciosa. Comparações que Jesus fez sobre o Reino de Deus.

O Reino dos Céus é um como um tesouro escondido no campo que o homem encontra. O Reino é um dom de Deus, um tesouro que está escondido em nossa vida, em nossa história. Nós só o encontramos, mas ele já estava lá. Nós nos deparamos com ele, nos surpreendemos com a sua existência. Não o produzimos. Ele é um tesouro que nós não amealhamos. Mas, ele está ali para nós, um grande dom em nossa vida. Assim é o Reino de Deus.

O Reino dos Céus é como um comprador que procura pérolas preciosas e encontra uma de grande valor. O homem procura pérolas preciosas. Em sua busca, encontra algo maravilhoso, a pérola dos seus sonhos. O Reino não deixa de ser dom, uma pedra preciosa de imenso valor que não é obra de nossas mãos. Mas, há uma detalhe nessa parábola. O homem a buscava... ela é a resposta aos seus sonhos, à sua busca. O Reino de Deus é uma resposta aos profundos anseios de nosso coração: o amor, a paz, a unidade, a comunhão, a fraternidade, a justiça... Assim é o Reino de Deus.

As duas parábolas também nos dizem como teremos parte no Reino de Deus. O agricultor que encontrou o tesouro escondido no campo vendeu tudo quanto possuía e comprou o campo. O comerciante também vendeu tudo o que tinha e comprou aquela pérola. Como podemos entender isso? O tesouro vale mais do que todos os bens que o agricultor possui. Será o grande bem de sua vida. A pérola preciosa vale mais do que todos os bens que o comerciante tem. Será o seu maior bem. Quando se encontra o Reino de Deus, que é o maior bem que a gente pode ter, a gente renuncia a qualquer outro valor para colocá-lo em primeiro lugar. Como disse Jesus: “Busquem em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e tudo o mais lhes será dado em acréscimo”. E Paulo apóstolo: “Na verdade, julgo como perda todas as coisas, em comparação com esse bem supremo: o conhecimento de Jesus Cristo, meu Senhor. Por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo” (Filipenses 3,7).

É claro, nós não compramos o Reino de Deus. Não é isto que a parábola está dizendo. Nós damos ao Reino de Deus o lugar mais importante, colocando o resto em segundo plano. Como disse Paulo: “por ele, tudo desprezei e tenho em conta de esterco, a fim de ganhar Cristo”. Na verdade, ao vender tudo para comprar o campo, é o tesouro que agora me tem. Ao vender tudo para comprar a pérola, é a pérola que agora me possui. Paulo não desprezou tudo para ser dono de Jesus. Pelo contrário, para ser completamente de Jesus é que ele renunciou a tudo.


Guardando a mensagem

Na parábola do tesouro, entendemos que o Reino de Deus é, em primeiro lugar, um dom de Deus em nossas vidas. Um dom, um tesouro encontrado pelo agricultor. Na parábola da pérola, entendemos que o Reino de Deus é uma resposta de Deus aos nossos anseios, aos nossos sonhos. É a resposta à busca do comerciante. Mas, não basta encontrar o Reino de Deus. Precisamos redimensionar tudo em nossa própria vida para que ele esteja em primeiro lugar. Para que nós pertençamos a ele.

Quando encontra uma pérola de grande valor, ele vai, vende todos os seus bens e compra aquela pérola (Mt 13, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nós já encontramos o Reino de Deus ou ele nos encontrou. O Reino é a tua presença entre nós, nos comunicando o amor do Pai. Nós te descobrimos, como o agricultor cavando a terra. Nós te encontramos, como o comerciante procurando a pérola mais valiosa. Falta-nos ainda nos empenhar por completo, para colocar o Reino de Deus como valor supremo de nossas vidas, não para possuirmos a ti, mas para pertencermos a ti. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você entendeu essa explicação de hoje? "Agora, eu sou da pérola que eu comprei". Bom, para entender melhor ainda, leia o que escrevi nesta Meditação. Para você que recebe a Meditação no celular, estou deixando um link para você ir direto ao texto desta reflexão.

Comunicando

Em agosto, mês de aniversário da AMA, teremos a seguinte programação: encontro dos ouvintes, no Recife, no dia 08; dia missionário e re-estreia do programa Encontros, no Youtube, no dia 15; Semana de Salesianidade, nos dias 16 a 19; Missa de N. Sra. Auxiliadora, no dia 24 e Show de aniversário, com uma live para todos os associados, no dia 27. 

AMA, 26 anos evangelizando com a comunicação. 

Até amanhã, se Deus quiser. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

SÃO JOAQUIM E SANTA ANA




26 de julho de 2022

Dia de São Joaquim e Santa Ana


EVANGELHO


Mt 13,16-17


Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: 16“Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem. 17Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes, e não viram, desejaram ouvir o que ouvis, e não ouviram”.


MEDITAÇÃO


Felizes são vocês, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem (Mt 13,16)


Esse trecho do evangelho foi lido recentemente. Mas, hoje, ele tem um sabor especial. É que faz referência aos festejados de hoje, São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria e avós de Jesus.


O que será que as pessoas no tempo de Jesus estavam vendo e ouvindo? O que será que profetas e justos tanto desejaram ver e ouvir, e não conseguiram? Reposta: As coisas que estavam acontecendo com a presença de Jesus. O que Jesus estava anunciando: o Reino de Deus. O que eles estavam vendo? O Reino de Deus sendo inaugurado com a presença de Jesus. O que eles estavam ouvindo? A pregação do Evangelho do Reino.


E isso foi esperado por tanta gente, ao longo de séculos. Profetas e justos não conseguiram vê-lo. Mas, aquela gente estava presenciando o Reino de Deus que chegara. A boa notícia, o evangelho, é que o Reino chegou. Foi esse o anúncio de Jesus desde o início de sua atividade missionária: “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. A presença de Jesus salvando, libertando, restaurando é o Reino acontecendo. Suas palavras, confirmadas por suas ações, estavam instaurando o reinado de Deus no meio do seu povo.


Como o povo do tempo de Jesus, nós também estamos tendo a chance de ver o Reino que está entre nós e de ouvir a pregação dessa boa notícia, o evangelho. E essa boa nova do Reino de Deus é uma comunicação que muda nossa vida, que dá novo sentido à realidade. Não é apenas uma notícia entre outras, uma manchete a mais. É a resposta que a humanidade ansiosamente estava esperando. É a presença e atuação do Messias que Israel acalentara em seus sonhos proféticos ao longo de séculos. É a revelação de algo maravilhoso: o Reino está ao nosso alcance, bate à nossa porta. Deus está cumprindo sua promessa: “Eis que faço novas todas as coisas”. É por essa razão que o Evangelho, em confirmação das palavras de Jesus, narra tantos milagres, curas, exorcismos. É o Reino se instalando como luz, saúde, paz, perdão.


Não se pode ficar indiferente diante desse anúncio da chegada do Reino. Essa boa nova nos pede uma resposta, nos propõe adesão, acolhida, conversão. Lembra o que Jesus falou? “O Reino chegou, convertam-se, creiam”. Conversão é mudar o foco e o rumo da própria vida, sintonizando-a com o Reino. Crer é acolher Jesus e o seu anúncio do Reino de Deus. Trata-se, então, de acolher Jesus, porque afinal a Palavra fez-se gente, o verbo se fez carne.


Quem tiver ouvidos para ouvir, ouça. Foi o que Jesus falou. Quem tiver ouvidos para ouvir. Significa que existe alguém que tem ouvidos, mas não escuta. Como ele disse, tem olhos, mas não vê. É que é possível não querer ouvir, não querer ver, rejeitar a boa notícia do Reino que chegou como salvação. Deus, que nos criou livres, respeita a nossa liberdade. O Reino não é uma imposição que nos anula, uma nova ordem que nos é imposta. Resta a liberdade da escolha ou da rejeição. Como diz o livro santo: “Diante de ti estão a vida e a morte. Escolhe!”. Ao amor de Deus manifesto em Cristo, só podemos responder com a fé e o amor. E não existe amor obrigado, adesão compulsória. Só na liberdade, a pessoa humana pode responder adequadamente à pregação do Reino.



Guardando a mensagem


Sendo hoje o dia dos pais da Virgem Maria, São Joaquim e Santa Ana, entende-se que a escolha desse evangelho é uma apreciação positiva da vida dos avós maternos de Jesus. É um elogio a eles. Seus olhos viram. Seus ouvidos ouviram. É que tem muita gente que tem olhos e não enxerga, tem ouvidos e não ouve. O Reino de Deus está acontecendo, hoje, na presença de Jesus evangelizando, consolando, instruindo, libertando as pessoas do mal.


Felizes são vocês, porque seus olhos veem e seus ouvidos ouvem (Mt 13,16)


Rezando a palavra


Senhor Jesus,

que os nossos olhos vejam a tua obra redentora em processo em nossa vida e em nossa história. Que os nossos ouvidos ouçam teu Evangelho a nos anunciar o tempo da graça e da reconciliação. Que, pelo exemplo luminoso dos pais de Maria Santíssima, São Joaquim e Santa Ana, nossos olhos contemplem na fé esse mistério maravilhoso de tua presença redentora entre nós. Senhor, te pedimos uma bênção especial para os nossos avós: o descanso eterno dos que já partiram  e, para os que caminham conosco, concede que, confortados pelo carinho dos filhos, dos netos e amigos, se alegrem na saúde e não se deixem abater na doença; que, revigorados com a tua graça, consagrem o tempo da idade madura a andar nos teus caminhos e a celebrar os teus louvores. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra


Hoje, reze pelos seus avós vivos ou falecidos. Deus conhece as necessidades deles.


Comunicando


Hoje é o dia do Show em Gravatá, PE, na festa da Senhora Santana. Quem estiver por perto, nos encontraremos na praça, ao lado da Matriz, pelas 20 horas.


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


ENTRE VOCÊS, NÃO DEVE SER ASSIM




25 de julho de 2022

Dia de São Tiago Maior, apóstolo


EVANGELHO



Mt 20,20-28

20Naquele tempo, a mãe dos filhos de Zebedeu aproximou-se de Jesus com seus filhos e ajoelhou-se com a intenção de fazer um pedido. 21Jesus perguntou: “O que tu queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”.

22Jesus, então, respondeu-lhes: “Não sabeis o que estais pedindo. Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. 23Então Jesus lhes disse: “De fato, vós bebereis do meu cálice, mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é que dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou”.
24Quando os outros dez discípulos ouviram isso, ficaram irritados contra os dois irmãos. 25Jesus, porém, chamou-os e disse: “Vós sabeis que os chefes das nações têm poder sobre elas e os grandes as oprimem. 26Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser tornar-se grande, torne-se vosso servidor; 27quem quiser ser o primeiro, seja vosso servo. 28Pois, o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate em favor de muitos”.



MEDITAÇÃO


Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de vocês (Mt 20, 27)

A mãe de dois discípulos – Tiago e João – fez um pedido a Jesus: quando ele estivesse no poder, reservasse uma posição de destaque no seu governo para os seus dois filhos. Um à sua direita e outro à sua esquerda. 

Apesar do exemplo de Jesus, os seus colaboradores mais próximos, os apóstolos, estavam também tentados pela sede de poder. E já começavam a disputar cargos, posição, prestígio. Nem eles estavam entendendo a proposta de Jesus, nem a família deles. Pretendiam uma posição privilegiada (um à direita e outro à esquerda) ao lado de Jesus e, claro, acima dos outros.

Logo essa pretensão dos dois discípulos espalhou um mal-estar na comunidade dos apóstolos. O poder como prestígio, irmão gêmeo do enriquecimento duvidoso, semeia logo a discórdia, a desunião, a inveja e a competição doentia. É que ele agride gravemente o espírito comunitário. Essa tentação do poder-prestígio é um perigo para um cristão, pois o faz renunciar ao que aprendeu no Evangelho: o amor solidário, o respeito pela dignidade do outro, o espírito de serviço.

Você pode até pensar: esse negócio de poder não tem nada a ver comigo. É um assunto para quem ocupa altos cargos na Igreja ou para os políticos de Brasília. É aí que você se engana. Todo mundo tem uma relação com o poder. Mesmo que não esteja em uma função de comando, está numa relação com quem comanda. E aí se mostra qual é a sua concepção de poder: o poder-prestígio ou o poder-serviço. O poder no mundo chega a ser um ídolo. Uns se fazem de deuses e outros de seus adoradores. Para cada mandão, há sempre um séquito de pessoas subservientes e bajuladoras.

Os discípulos tinham diante de si o exemplo de Jesus e o modelo da própria sociedade. O mau exemplo vinha dos fariseus, da turma do Templo, do próprio ambiente religioso. E nisso, é claro, imitava-se as disputas de poder da classe dominante, da corte de Herodes, do Sinédrio. Jesus, no jejum do deserto, tinha enfrentado essa tentação. O diabo tinha oferecido o poder sobre todos os reinos do mundo a Jesus, se o adorasse. Jesus reagiu. Submeter-se só à vontade de Deus. Nada de aliança com o mal. O poder-prestígio é sustentado por alianças perigosas e concessões à falcatrua, à propina, à troca de favores.

O exemplo de Jesus foi bem outro. Ele deu exemplo com sua vida, suas escolhas e deixou esse precioso ensinamento: eu não vim para ser servido, mas para servir. O exercício do poder em Jesus não afastava as pessoas de si e nem o isolava dos outros. Como Mestre no seu grupo de discípulos, puxava o diálogo, responsabilizava cada um e, para admiração de todos, chegou a lavar os seus pés como um empregado fazia. Servir - essa palavra deve marcar a vida de um cristão em cargos de liderança ou em postos de comando. Servir. Não ser servido. Colocar-se a serviço dos outros, do bem, da justiça, diferentemente do poder-prestígio que se serve dos outros, que busca o seu benefício pessoal, que quer ser o maior.



Guardando a mensagem

A tentação do poder-prestígio estava presente também no grupo dos discípulos de Jesus. Jesus exerceu o poder-serviço. E o ensinou claramente. Não veio para ser servido, mas para servir. E disse mais: Vejam como o poder é exercido na sociedade, percebam a opressão dos grandes. Entre vocês, não deve ser assim.

Quem quiser ser o primeiro, seja o servo de vocês (Mt 20, 27)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
somos a tua Igreja e nossa presença na sociedade precisa ser pautada pelo espírito de serviço. Animados por teu evangelho, queremos fomentar a fraternidade em nosso ambiente de trabalho, de conivência, em nossas famílias, pois, servir é a marca do cristão. Ajuda-nos, Senhor, a não incorporar na Igreja a tentação do poder-prestígio do mundo. Antes, levemos para a sociedade nossa experiência de poder-serviço vivido na comunidade cristã. Sendo hoje o dia do teu apóstolo Tiago Maior, nós te pedimos, Senhor, por sua intercessão, a tua bênção sobre todos os pastores da Igreja, particularmente sobre o Papa Francisco que está em viagem apostólica no Canadá. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a Palavra

No seu caderno de anotações, registre essa frase de Jesus e escreva o que você entendeu dela: “Entre vocês, não deverá ser assim” (Mt 20, 26).

Comunicando

Amanhã é o dia de São Joaquim e Santa Ana, pais de Maria, avós de Jesus. Amanhã, faço Show na festa da Senhora Santana, padroeira da cidade de Gravatá, PE. 

Uma semana abençoada. Até amanhã, se Deus quiser!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A ORAÇÃO DO DIA DO SENHOR



24 de julho de 2022

17º Domingo do Tempo Comum

2º Dia Mundial dos Avós e dos idosos


EVANGELHO

Anúncio do Evangelho (Lc 11,1-13)

1Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um dos seus discípulos pediu-lhe: “Senhor, ensina-nos a rezar, como também João ensinou a seus discípulos”.
2Jesus respondeu: “Quando rezardes, dizei: ‘Pai, santificado seja o teu nome. Venha o teu Reino. 3Dá-nos a cada dia o pão de que precisamos, 4e perdoa-nos os nossos pecados, pois nós também perdoamos a todos os nossos devedores; e não nos deixes cair em tentação’”.
5E Jesus acrescentou: “Se um de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: ‘Amigo, empresta-me três pães, 6porque um amigo meu chegou de viagem e nada tenho para lhe oferecer’, 7e se o outro responder lá de dentro: ‘Não me incomodes! Já tranquei a porta, e meus filhos e eu já estamos deitados; não me posso levantar para te dar os pães’; 8eu vos declaro: mesmo que o outro não se levante para dá-los porque é seu amigo, vai levantar-se ao menos por causa da impertinência dele e lhe dará quanto for necessário.
9Portanto, eu vos digo: pedi e recebereis; procurai e encontrareis; batei e vos será aberto. 10Pois quem pede, recebe; quem procura, encontra; e, para quem bate, se abrirá.
11Será que algum de vós, que é pai, se o filho lhe pedir um peixe, lhe dará uma cobra? 12Ou ainda, se pedir um ovo, lhe dará um escorpião?
13Ora, se vós, que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do Céu dará o Espírito Santo aos que o pedirem!”



MEDITAÇÃO

Senhor, ensina-nos a rezar (Lc 11, 1)

Quando pensamos na oração, nos lembramos logo de Jesus. Ele é o nosso modelo orante. Foi vendo-o em oração, que os discípulos tiveram vontade de rezar como ele. No Pai Nosso, que ele ensinou aos discípulos, temos o modelo de oração. Nele, estão os sentimentos, os argumentos, o conteúdo da oração dos cristãos. No Pai Nosso de Jesus, aprendemos que a oração cristã é oração de filhos comprometidos com a glória do Pai e com o bem de todos.

E o que a oração dos cristãos tem de especial? Aos menos quatro notas distinguem a nossa oração. A primeira é que ela é ESCUTA DE DEUS. Ela não é uma simples iniciativa de nossa parte. É Deus quem nos fala primeiro. No livro do Gênesis, contando a história da oração de Abraão, Deus toma a inciativa e vem conversar com ele. Lemos assim no capítulo 18: O Senhor disse a Abraão: “O clamor contra Sodoma e Gomorra cresceu, e agravou-se muito o seu pecado. Vou descer para verificar se as suas obras correspondem ou não ao clamor que chegou até mim”.O diálogo com Abraão começou aí. Deus tomou a iniciativa. Confidenciou-lhe essa sua preocupação com Sodoma e Gomorra. A oração cristã é, antes de tudo, escuta. Deus fala. É por essa razão, que sempre se recomenda que, em qualquer celebração nossa, haja um espaço para proclamação da palavra de Deus. Naquele episódio do jovenzinho Samuel, no Templo, o velho sacerdote o orientou: “Quando o Senhor o chamar, diga: Fala, Senhor, que o teu servo escuta”. Escutar é a primeira nota da oração cristã.

Uma segunda característica é, com certeza, a MEMÓRIA DAS OBRAS DE DEUS. A grande festa anual do povo de Deus, no Antigo Testamento, era a páscoa. Na páscoa, fazia-se memória da grande obra de Deus em sua história: a libertação do Egito. Os cristãos continuam celebrando, na Páscoa, a grande obra de Deus: a nossa salvação na morte e ressurreição de Jesus. Na carta de Paulo aos Colossenses está escrito: “Ora, vós estáveis mortos por causa dos vossos pecados, e vossos corpos não tinham recebido a circuncisão, até que Deus vos trouxe para a vida, junto com Cristo, e a todos nós perdoou os pecados”(Col 2, 13). Nossa oração recorda, faz memória das obras de ontem e de hoje do nosso Deus em nosso favor. A Santa Missa é um memorial da paixão e ressurreição do Senhor. Nela, ele continua oferecendo-se em nosso favor. Fazer memória das obras de Deus é uma segunda nota da oração cristã.

Uma terceira característica é o LOUVOR, A AÇÃO DE GRAÇAS, a adoração, a glorificação. O Salmo 137 traz essa oração de louvor: “Ó Senhor, de coração eu vos dou graças, porque ouvistes as palavras dos meus lábios! Perante os vossos anjos vou cantar-vos e ante o vosso templo vou prostrar-me”.O próprio Jesus foi visto numa bela oração de louvor, bendizendo a Deus porque estava revelando o Reino aos pequeninos. A Missa pegou o nome de Eucaristia, porque esta palavra significa ‘ação de graças’. E é isso que a Missa é de maneira especial: louvor, ação de graças. Ali, nos unimos aos anjos e santos para bendizer o Senhor Deus. O LOUVOR, A AÇÃO DE GRAÇAS é uma terceira nota da oração cristã.

A quarta característica é a INTERCESSÃO PERSEVERANTE em favor do mundo, da Igreja e de nossas necessidades particulares. Na história da oração de Abraão, ele intercedeu pelos justos que poderiam existir na cidade de Sodoma. No diálogo, ele alcançou de Deus a promessa de que, se encontrasse 10 justos naquela cidade, ela não seria destruída Na santa Missa, além do momento de preces após o credo, bem no coração da grande oração eucarística, intercedemos pela Igreja, pelos falecidos e pela comunidade reunida. No evangelho (Lc 11), Jesus contou a história do vizinho que precisava do favor de um amigo. E, pela insistência, conseguiu mais do que pediu, mesmo batendo na porta da casa do amigo, depois de meia noite. A intercessão perseverante é uma quarta nota da oração cristã.

Guardando a mensagem

A oração, como aprendemos de Jesus, é, em primeiro lugar, ESCUTA DE DEUS. A nossa oração, que é um diálogo, começa por iniciativa dele. A principal oração do dia no tempo de Jesus era o Shemá: “Ouve, Israel”. A oração é também MEMÓRIA DAS OBRAS DE DEUS: memória dos prodígios pelos quais libertou seu povo da escravidão e da condenação do pecado. A oração dos cristãos é também LOUVOR, AÇÃO DE GRAÇAS pelas obras do Senhor, pela presença de Jesus Cristo anunciando o Reino. E finalmente a oração cristã é marcada também pela INTERCESSÃO PERSEVERANTE. Pedir com humildade, confiança e perseverança.

Senhor, ensina-nos a rezar (Lc 11, 1)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
hoje, te pedimos, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a rezar”. Contigo aprendemos a entrar nesse dialogo amoroso e filial com Deus. Contigo aprendemos a dar a primeira palavra a Deus, colocando-nos em sua escuta; e a fazer memória dos seus feitos maravilhosos – a criação, a redenção, a santificação. Assim, nossas aclamações, nossos louvores, nossos cantos tornam-se ação de graças por seu amor e por sua misericórdia. Contigo aprendemos a interceder pelas necessidades do mundo, da Igreja e das nossas em particular. E ao Pai, que nos deu a ti como amigo, irmão e salvador, imploramos o dom do Espírito Santo, o grande dom do Pai à sua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Neste domingo, ficaria bem você ler, em sua Bíblia, o evangelho de hoje: Lucas 11, 1-13.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A GRANDE LIÇÃO DA TOLERÂNCIA




23 de julho de 2022

Sábado da 16ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mt 13,24-30

Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”.

MEDITAÇÃO

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).
 
Jesus contou uma parábola para ensinar a gente a ser paciente, tolerante e deixar o julgamento para Deus. E, certamente, também pra gente ficar mais atento com o que estamos fazendo, com a nossa plantação. Ele contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o homem não deixou. Poderiam confundir trigo com joio. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e tocariam fogo nele. O trigo não, o trigo iria para o celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação dessa parábola. O homem que semeou a boa semente é ele mesmo, o Mestre. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Você conhece um pé de trigo? O trigo é como um capim crescido com espigas. Quando chega o tempo da colheita, fica tudo amarelinho. Espigas bonitas, os grãos todos arrumadinhos, tudo bem certinho. É bonito de se ver. O trigo era a base alimentar do povo do tempo de Jesus. Com ele, faziam o pão, em casa. Mas, e o joio? O joio, você nunca viu. O joio é uma erva daninha, também chamada de cizânia, que dá no meio de cereais como o trigo. Ele é bem parecido com o trigo. Só quando começa a dar espigas é que se nota a diferença. Umas espigas com uns grãos desengonçados, uns grãozinhos pretos tóxicos. As feiosas espigas ficam logo pendidas para um lado. E tem outro detalhe que os diferencia. O trigo tem raízes não muito profundas, é fácil arrancá-lo. Já o joio tem raízes rasteiras que se entrelaçam nas raízes do trigo. Na história de Jesus, o homem achou melhor não arrancar o joio. O melhor seria aguardar a colheita. Arrancando o joio iria-se prejudicar o trigo, claro, porque suas raízes se misturam com as do trigo. Seria prejuízo para o desenvolvimento da espiga do trigo.

A grande lição da parábola é a tolerância. Vivemos nesse mundo, junto com todo mundo. Não podemos viver separados. A oração de Jesus na última ceia dizia: “Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno”. Trata-se de convivermos, com respeito e tolerância com todos. Não quer dizer que aplaudimos o mal. Não. Trabalhamos para que todos se consertem, todos precisam ter essa chance. Temos que ser pacientes, como Deus é paciente. Somos trigo. Convivemos com o joio. Mas, todo cuidado é pouco para não nos tornamos também joio, permitindo que o mal nos influencie e nos faça à sua imagem. O joio e o trigo se conhecem pelas espigas, pelos frutos. O fruto é que nos diz se é trigo e vai dar um bom pão ou se é joio e está só sugando a terra e atrapalhando o desenvolvimento do trigo.


Guardando a mensagem

Os fariseus bem que queriam viver separados das outras pessoas, a quem eles chamavam de pecadores. Mas, Jesus agiu de maneira diferente. Procurava estar com todos, mesmo com aqueles que a sociedade discriminava. Vivemos misturados, joio e trigo. O joio não vai ter um bom final. Mas, o trigo tem que ter cuidado para não se deixar assimilar pelo joio e tornar-se estéril ou dar frutos venenosos como ele. Pelo contrário, o trigo precisa trabalhar para ajudar na conversão do joio. A parábola do joio e do trigo é um belo ensinamento sobre a tolerância, a convivência. Mas, também sobre a vigilância. Não deixar que o inimigo semeie o joio na nossa plantação.

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).

Vivendo a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a se transformarem em trigo, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra


Talvez você já esteja identificando algum joio na sua plantação. Que tal rezar por ele, para que se converta enquanto é tempo?

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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