PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: tolerância
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Escuta, diálogo, tolerância: caminhos da Igreja em Sínodo.

 


   03 de outubro de 2023.   

Santos André de Soveral, Ambrósio Francisco e Companheiros, mártires



   Evangelho.   


Lc 9,51-56


51Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.



   Meditação.   


Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)


Jesus estava indo em peregrinação a Jerusalém. Na verdade, estava iniciando uma longa jornada que o levaria à cruz. O clima não era dos melhores, por isso os próprios discípulos estavam com medo e aconselhavam Jesus a desistir, a não enfrentar possíveis hostilidades por parte das lideranças do seu povo. Mas, Jesus estava decidido. E prosseguia a viagem.

Claro, durante a caminhada, precisavam pousar, a cada noite, em algum lugar. Assim faziam os peregrinos que iam a pé. Paravam em grandes grupos em praças, em bosques perto de cidades, em paradas conhecidas. Todo ano se repetia essa grande romaria da Páscoa. Normalmente, teriam que atravessar o território da Samaria. Muita gente preferia dar uma volta maior, mas não entrar em contato com esse povo considerado impuro, essa terra de gente que não partilhava da mesma religião do povo de Israel. Os samaritanos tinham seu Templo no Monte Garizim e, claro, por nada participavam de uma peregrinação a Jerusalém, a cidade santa dos judeus. Vocês se lembram daquele diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana... só o fato de Jesus falar com ela já causou admiração aos próprios discípulos.

Então, a primeira coisa a considerar no texto é que Jesus e os seus discípulos estavam atravessando o território dos samaritanos e pretendiam pernoitar em algum lugar por ali. Esse fato nos faz perceber como Jesus agia sem preconceitos e sempre com muito respeito em relação às pessoas que pensavam de modo diferente dele. Anteriormente, os discípulos proibiram um cidadão que estava expulsando demônios em seu nome, mas não fazia parte do grupo deles. Jesus não concordou com a atitude dos discípulos. ‘Quem não está contra nós, já está a favor’. Olha, que sabedoria!

Bom, mas os samaritanos não gostaram daquela pretensão de Jesus pernoitar em suas terras. Não o receberam. Ficou todo mundo com raiva, menos Jesus. Vamos respeitar essa posição deles. Tudo bem. A resposta de dois discípulos tão próximos de Jesus mostra que eles tinham entendido pouco da pregação de Jesus até ali. Pedro e Tiago queriam mandar descer fogo do céu para acabar com tudo, queriam amaldiçoar aquela gente que fechou as portas pra Jesus. Jesus, sempre manso e humilde de coração, os repreendeu e seguiu viagem procurando rancho em outro canto.





Guardando a mensagem

Os samaritanos de uma aldeia negaram hospedagem a Jesus e aos seus discípulos, que estavam indo em peregrinação a Jerusalém. Os discípulos queriam adotar uma atitude de vingança e retaliação. Jesus não permitiu. Tirou por menos. Você já pegou a mensagem de hoje... Nada de intolerância, de hostilidade, de sentimento de vingança contra quem não gosta da gente. No tempo de Jesus, eram judeus e samaritanos. Hoje, temos evangélicos e católicos; cristãos e religiões de matriz africana ou espíritas... E existe até disputas e agressões entre grupos dentro da própria Igreja. A atitude de Jesus, que hoje contemplamos no evangelho, nos fala de tolerância, de respeito a pontos de vista diferentes, de abertura ao diálogo, de convivência respeitosa... Com Jesus, aprendemos a ser mansos e humildes de coração. O Sínodo que começa amanhã, dia 04 de outubro, em Roma, toma em consideração exatamente esses temas: escuta, diálogo, tolerância. Esse é o estilo de Jesus. Esse deve ser também o estilo da Igreja. 

Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
que belo exemplo nos deste. Os samaritanos foram abusados. Eles não te receberam, só porque ias com os teus discípulos em peregrinação ao Templo de Jerusalém. Os discípulos queriam mandar descer fogo do céu para destruí-los. Tu não o permitiste. E partiste para outro povoado. Facilmente, nos irritamos com quem não pensa igual a nós e queremos responder na mesma altura a quem nos contraria. Dá-nos, Senhor, a mansidão do teu coração para enfrentarmos com humildade e verdade todas as situações difíceis e para não sermos nunca elementos de discórdia e desunião dentro da tua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Durante o dia de hoje, repita várias vezes essa jaculatória: Oh Jesus, manso e humilde de coração, fazei o meu coração semelhante ao vosso!

Comunicando

Ontem, nós lançamos o desafio de rezar o terço mariano, todos os dias, neste mês de outubro (que é o mês do rosário). Até agora, 1520 pessoas responderam que topam o desafio. Parece que está faltando a sua resposta. Bom, quem recebe a Meditação pelo celular, está recebendo novamente o formulário, pra colocar a sua resposta: se topa ou não o desafio. 

Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Conviver com todo mundo, sem ser todo mundo.

 



   01 de agosto de 2023.   

Memória de Santo Afonso Maria de Ligório

     Evangelho.     


Mt 13,36-43

Naquele tempo, 36Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.

     Meditação.      


Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

O que é que a gente faz com tanta maldade nesse mundo? Não dá pra gente criar um mundo separado. Os fariseus tinham esse complexo. Eles se sentiam os santos e queriam viver apartados dos pecadores. Jesus ensinou que a gente precisa saber conviver com todo mundo, sem ser todo mundo. Precisamos aprender com Deus que é tolerante, paciente, lento em julgar. No livro do Êxodo tem essa apresentação de Deus: “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a misericórdia por mil gerações, e perdoa culpas, rebeldias e pecados, mas não deixa nada impune” (Ex 33).

Jesus contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Na verdade, não é fácil diferenciá-los. O joio tem cara de trigo. Mas, as espigas são diferentes. Os grãos do joio não são bem organizados na espiga como os do trigo e são venenosos. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o proprietário não deixou. Isso afetaria gravemente o trigo. É que as raízes do joio são rasteiras e saem se entrecruzando com as do trigo. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e o queimariam. E recolheriam o trigo no celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação a essa parábola. O homem que semeia a boa semente é ele mesmo, Jesus. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Uma primeira lição é nos precaver, vigiando para que a nossa plantação não seja infectada pelo joio. O inimigo age na calada da noite, "enquanto todos dormem", como Jesus contou na parábola. A semente boa tinha sido plantada durante o dia. Plantar durante o dia, ótimo, mas vigiar também para que, de noite, não venha o inimigo e infiltre o joio na plantação. É preciso estar vigilante também durante a noite. O dia pode representar a clareza e a transparência com que a gente precisa agir. Quando a coisa é pública, é comunicada, é acompanhada por outros, o mal fica com menos chance. Coisas escondidas, conversas à meia voz, segredinhos... são campo fértil para a ação do inimigo. Claro, uma coisa é o direito à privacidade. Outra, a ação às escondidas acobertada pela mentira, pela falsidade, pela impunidade. É aí que o mal se infiltra, que o inimigo semeia o joio em nossa plantação.

Uma segunda lição é, que neste mundo, vivemos misturados joio e trigo. Não é o caso de adotarmos o jeito fariseu de querer viver separados, de formarmos guetos cristãos. Somos fermento na massa. Mesmo vivendo com todo mundo, não podemos ser todo mundo. Os valores do Reino é que nos guiam, não os valores do mundo. Jesus mesmo pediu, em prece, ao Pai, na última ceia, que não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do maligno. O nosso lugar é o mundo mesmo, junto com o joio. Mas, não para nos tornarmos joio, mas antes para ajudar o joio a dar bons frutos, não frutos venenosos. De toda forma, Deus é quem é o juiz. Assim, já sabemos que o fim do joio é muito ruim. Para o celeiro, só vai o trigo.



Guardando a mensagem

O mal existe. O diabo ainda não se aposentou. Nem está de férias. E tem muitos assessores. E aproveita quando o agricultor dorme, para plantar sua semente ruim na sua vida, na vida de sua família, em sua comunidade. É preciso vigilância. O mundo é movido por muitos interesses, nem todos eles legítimos. A parábola do joio e do trigo também nos estimula a tomar distância de coisas escondidas, de situações dúbias, de escolhas duvidosas em situações de pouca clareza. Outra lição desta parábola é a necessidade de, mesmo vivendo próximos joio e trigo, continuarmos a ser trigo, não nos deixando influenciar pelo mal. Como fermento na massa, sejamos nós a influenciar em favor do bem, da justiça, da paz, da fraternidade.

Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a dar frutos bons, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você está conseguindo conviver bem com pessoas que não pensam como você? que não crêem como você? Pense nisso.

Comunicando

Está começando, hoje, o mês vocacional. E o desafio desse mês é rezar, diariamente, pelas vocações. Claro, que você topa o desafio. E o que você vai rezar? Basta oferecer uma Ave-maria pelas vocações. Ou mesmo rezar uma jaculatória, como esta: "A messe é grande, mas os operários são poucos. Envia, Senhor, operários para tua messe". Ou ainda rezar alguma oração vocacional. Vou deixar a oração deste ano vocacional depois do texto da Meditação, no meu blog.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Oração do 


Oração do Ano Vocacional 2023


Senhor Jesus,
enviado do Pai e Ungido do Espírito Santo,
que fazeis os corações arderem e os
pés se colocarem a caminho,
ajudai-nos a discernir a graça do vosso
chamado e a urgência da missão.

Continuai a encantar famílias, crianças,
adolescentes, jovens e adultos,
para que sejam capazes de sonhar e se entregar,
com generosidade e vigor,
a serviço do Reino,
em vossa Igreja e no mundo.

Despertai as novas gerações para a
vocação aos Ministérios Leigos,
ao Matrimônio, à Vida Consagrada
e aos Ministérios Ordenados.
Maria, Mãe, Mestra e Discípula Missionária,
ensinai-nos a ouvir o Evangelho da Vocação
e a responder com alegria.

Amém!

Imitemos Jesus manso e humilde de coração.




27 de setembro de 2022

Dia de São Vicente de Paulo


EVANGELHO


Lc 9,51-56


51Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.



MEDITAÇÃO


Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)


Jesus estava indo em peregrinação a Jerusalém. Na verdade, estava iniciando uma longa jornada que o levaria à cruz. O clima não era dos melhores, por isso os próprios discípulos estavam com medo e aconselhavam Jesus a desistir, a não enfrentar possíveis hostilidades por parte das lideranças do seu povo. Mas, Jesus estava decidido. E prosseguia a viagem.

Claro, durante a caminhada, precisavam pousar, a cada noite, em algum lugar. Assim faziam os peregrinos que iam a pé. Paravam em grandes grupos em praças, em bosques perto de cidades, em paradas conhecidas. Todo ano se repetia essa grande romaria da Páscoa. Normalmente, teriam que atravessar o território da Samaria. Muita gente preferia dar uma volta maior, mas não entrar em contato com esse povo considerado impuro, essa terra de gente que não partilhava da mesma religião do povo de Israel. Os samaritanos tinham seu Templo no Monte Garizim e, claro, por nada participavam de uma peregrinação a Jerusalém, a cidade santa dos judeus. Vocês se lembram daquele diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana... só o fato de Jesus falar com ela já causou admiração aos próprios discípulos.

Então, a primeira coisa a considerar no texto é que Jesus e os seus discípulos estavam atravessando o território dos samaritanos e pretendiam pernoitar em algum lugar por ali. Esse fato nos faz perceber como Jesus agia sem preconceitos e sempre com muito respeito em relação às pessoas que pensavam de modo diferente dele. Anteriormente, os discípulos proibiram um cidadão que estava expulsando demônios em nome dele, mas não fazia parte do grupo deles. Jesus não concordou com a atitude dos discípulos. ‘Quem não está contra nós, já está a favor’. Olha, que sabedoria!

Bom, mas os samaritanos não gostaram daquela pretensão de Jesus pernoitar em suas terras. Não o receberam. Ficou todo mundo com raiva, menos Jesus. Vamos respeitar essa posição deles. Tudo bem. A resposta de dois discípulos tão próximos de Jesus mostra que eles tinham entendido pouco da pregação de Jesus até ali. Pedro e Tiago queriam mandar descer fogo do céu para acabar com tudo, queriam amaldiçoar aquela gente que fechou as portas pra Jesus. Jesus, sempre manso e humilde de coração, os repreendeu e seguiu viagem procurando rancho em outro canto.


Guardando a mensagem

Os samaritanos de uma aldeia negaram hospedagem a Jesus e aos seus discípulos, que estavam indo em peregrinação a Jerusalém. Os discípulos queriam adotar uma atitude de vingança e retaliação. Jesus não permitiu. Tirou por menos. Você já pegou a mensagem de hoje... Nada de intolerância, de hostilidade, de sentimento de vingança contra quem não gosta da gente. No tempo de Jesus, eram judeus e samaritanos. Hoje, temos evangélicos e católicos; cristãos e religiões de matriz africana ou espíritas... E existe até disputas e agressões entre grupos dentro da própria Igreja. A atitude de Jesus, que hoje contemplamos no evangelho, nos fala de tolerância, de respeito a pontos de vista diferentes, de abertura ao diálogo, de convivência respeitosa... Com Jesus, aprendemos a ser mansos e humildes de coração.

Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
que belo exemplo nos deste. Os samaritanos foram abusados. Eles não te receberam, só porque ias com os teus discípulos em peregrinação ao Templo de Jerusalém. Os discípulos queriam mandar descer fogo do céu para destruí-los. Tu não o permitiste. E partiste para outro povoado. Facilmente, nos irritamos com quem não pensa igual a nós e queremos responder na mesma altura a quem nos contraria. Dá-nos, Senhor, a mansidão do teu coração para enfrentarmos com humildade e verdade todas as situações difíceis e para não sermos nunca elementos de discórdia e desunião dentro da tua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

O mês de setembro está terminando. Hora de avaliação do caminho que fizemos. No início deste mês, em nosso programa no rádio e na Meditação, demos uma sugestão e fizemos um desafio. O desafio foi ler o evangelho do dia. Vamos manter nosso compromisso até o último dia do mês. 

Comunicando

Faço show, hoje, em Petrolândia, diocese de Floresta, sertão de Pernambuco, no novenário da festa de São Francisco de Assis. Cumprimento os irmãos e irmãs que recebem e compartilham a Meditação por lá.

Até amanhã, se Deus quiser.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A GRANDE LIÇÃO DA TOLERÂNCIA




23 de julho de 2022

Sábado da 16ª Semana do Tempo Comum

EVANGELHO


Mt 13,24-30

Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”.

MEDITAÇÃO

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).
 
Jesus contou uma parábola para ensinar a gente a ser paciente, tolerante e deixar o julgamento para Deus. E, certamente, também pra gente ficar mais atento com o que estamos fazendo, com a nossa plantação. Ele contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o homem não deixou. Poderiam confundir trigo com joio. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e tocariam fogo nele. O trigo não, o trigo iria para o celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação dessa parábola. O homem que semeou a boa semente é ele mesmo, o Mestre. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Você conhece um pé de trigo? O trigo é como um capim crescido com espigas. Quando chega o tempo da colheita, fica tudo amarelinho. Espigas bonitas, os grãos todos arrumadinhos, tudo bem certinho. É bonito de se ver. O trigo era a base alimentar do povo do tempo de Jesus. Com ele, faziam o pão, em casa. Mas, e o joio? O joio, você nunca viu. O joio é uma erva daninha, também chamada de cizânia, que dá no meio de cereais como o trigo. Ele é bem parecido com o trigo. Só quando começa a dar espigas é que se nota a diferença. Umas espigas com uns grãos desengonçados, uns grãozinhos pretos tóxicos. As feiosas espigas ficam logo pendidas para um lado. E tem outro detalhe que os diferencia. O trigo tem raízes não muito profundas, é fácil arrancá-lo. Já o joio tem raízes rasteiras que se entrelaçam nas raízes do trigo. Na história de Jesus, o homem achou melhor não arrancar o joio. O melhor seria aguardar a colheita. Arrancando o joio iria-se prejudicar o trigo, claro, porque suas raízes se misturam com as do trigo. Seria prejuízo para o desenvolvimento da espiga do trigo.

A grande lição da parábola é a tolerância. Vivemos nesse mundo, junto com todo mundo. Não podemos viver separados. A oração de Jesus na última ceia dizia: “Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno”. Trata-se de convivermos, com respeito e tolerância com todos. Não quer dizer que aplaudimos o mal. Não. Trabalhamos para que todos se consertem, todos precisam ter essa chance. Temos que ser pacientes, como Deus é paciente. Somos trigo. Convivemos com o joio. Mas, todo cuidado é pouco para não nos tornamos também joio, permitindo que o mal nos influencie e nos faça à sua imagem. O joio e o trigo se conhecem pelas espigas, pelos frutos. O fruto é que nos diz se é trigo e vai dar um bom pão ou se é joio e está só sugando a terra e atrapalhando o desenvolvimento do trigo.


Guardando a mensagem

Os fariseus bem que queriam viver separados das outras pessoas, a quem eles chamavam de pecadores. Mas, Jesus agiu de maneira diferente. Procurava estar com todos, mesmo com aqueles que a sociedade discriminava. Vivemos misturados, joio e trigo. O joio não vai ter um bom final. Mas, o trigo tem que ter cuidado para não se deixar assimilar pelo joio e tornar-se estéril ou dar frutos venenosos como ele. Pelo contrário, o trigo precisa trabalhar para ajudar na conversão do joio. A parábola do joio e do trigo é um belo ensinamento sobre a tolerância, a convivência. Mas, também sobre a vigilância. Não deixar que o inimigo semeie o joio na nossa plantação.

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).

Vivendo a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a se transformarem em trigo, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra


Talvez você já esteja identificando algum joio na sua plantação. Que tal rezar por ele, para que se converta enquanto é tempo?

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

LIÇÃO DE TOLERÂNCIA


 

28 de setembro de 2021

EVANGELHO


Lc 9,51-56

51Estava chegando o tempo de Jesus ser levado para o céu. Então ele tomou a firme decisão de partir para Jerusalém 52e enviou mensageiros à sua frente. Estes puseram-se a caminho e entraram num povoado de samaritanos, a fim de preparar hospedagem para Jesus. 53Mas os samaritanos não o receberam, pois Jesus dava a impressão de que ia a Jerusalém. 54Vendo isso, os discípulos Tiago e João disseram: “Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los?” 55Jesus, porém, voltou-se e repreendeu-os. 56E partiram para outro povoado.

MEDITAÇÃO


Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)

Jesus estava indo em peregrinação a Jerusalém. Na verdade, estava iniciando uma longa jornada que o levaria à cruz. O clima não era dos melhores, por isso os próprios discípulos estavam com medo e aconselhavam Jesus a desistir, a não enfrentar possíveis hostilidades por parte das lideranças do seu povo. Mas, Jesus estava decidido. E prosseguia a viagem.

Claro, durante a caminhada, precisavam pousar, a cada noite, em algum lugar. Assim faziam os peregrinos que iam a pé. Paravam em grandes grupos em praças, em bosques perto de cidades, em paradas conhecidas. Todo ano se repetia essa grande romaria da Páscoa. Normalmente, teriam que atravessar o território da Samaria. Muita gente preferia dar uma volta maior, mas não entrar em contato com esse povo considerado impuro, essa terra de gente que não partilhava da mesma religião do povo de Israel. Os samaritanos tinham seu Templo no Monte Garizim e, claro, por nada participavam de uma peregrinação a Jerusalém, a cidade santa dos judeus. Vocês se lembram daquele diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana... só o fato de Jesus falar com ela já causou admiração aos próprios discípulos.

Então, a primeira coisa a considerar no texto é que Jesus e os seus discípulos estavam atravessando o território dos samaritanos e pretendiam pernoitar em algum lugar por ali. Esse fato nos faz perceber como Jesus agia sem preconceitos e sempre com muito respeito em relação às pessoas que pensavam de modo diferente dele. Anteriormente, os discípulos proibiram um cidadão que estava expulsando demônios em nome dele, mas não fazia parte do grupo deles. Jesus não concordou com a atitude dos discípulos. ‘Quem não está contra nós, já está a favor’. Olha, que sabedoria!

Bom, mas os samaritanos não gostaram daquela pretensão de Jesus pernoitar em suas terras. Não o receberam. Ficou todo mundo com raiva, menos Jesus. Vamos respeitar essa posição deles. Tudo bem. A resposta de dois discípulos tão próximos de Jesus mostra que eles tinham entendido pouco da pregação de Jesus até ali. Pedro e Tiago queriam mandar descer fogo do céu para acabar com tudo, queriam amaldiçoar aquela gente que fechou as portas pra Jesus. Jesus, sempre manso e humilde de coração, os repreendeu e seguiu viagem procurando rancho em outro canto.

Guardando a mensagem

Os samaritanos de uma aldeia negaram hospedagem a Jesus e aos seus discípulos, que estavam indo em peregrinação a Jerusalém. Os discípulos queriam adotar uma atitude de vingança e retaliação. Jesus não permitiu. Tirou por menos. Você já pegou a mensagem de hoje... Nada de intolerância, de hostilidade, de sentimento de vingança contra quem não gosta da gente. No tempo de Jesus, eram judeus e samaritanos. Hoje, temos evangélicos e católicos; cristãos e religiões de matriz africana ou espíritas... E existe até disputas e agressões entre grupos dentro da própria Igreja. A atitude de Jesus, que hoje contemplamos no evangelho, nos fala de tolerância, de respeito a pontos de vista diferentes, de abertura ao diálogo, de convivência respeitosa... Com Jesus, aprendemos a ser mansos e humildes de coração.

Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Que belo exemplo nos deste. Os samaritanos foram abusados. Eles não te receberam, só porque ias com os teus discípulos em peregrinação ao Templo de Jerusalém. Os discípulos queriam mandar descer fogo do céu para destruí-los. Tu não o permitiste. E partiste para outro povoado. Facilmente, nos irritamos com quem não pensa igual a nós e queremos responder na mesma altura a quem nos contraria. Dá-nos, Senhor, a mansidão do teu coração para enfrentarmos com humildade e verdade todas as situações difíceis e para não sermos nunca elementos de discórdia e desunião dentro da tua Igreja. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O mês de setembro está terminando. Hora de avaliação do caminho que fizemos. No início deste mês, em nosso programa no rádio e na Meditação, demos uma sugestão e fizemos um desafio. A sugestão: colocar a Bíblia em destaque em sua casa ou no seu local de trabalho. O desafio: ler a Carta de São Paulo aos Gálatas. 

VOCÊ CONSEGUIU REALIZAR O DESAFIO DO MÊS, A LEITURA DA CARTA DE SÃO PAULO AOS GÁLATAS? E A SUGESTÃO DE COLOCAR SUA BÍBLIA EM DESTAQUE?

Por favor, responda essas duas perguntas neste formulário que estou lhe enviando:  CLIQUE AQUI


Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



COMPANHEIROS NA MESMA VIAGEM



26 de setembro de 2021

26º Domingo do Tempo Comum

Dia da Bíblia

EVANGELHO 



Mc 9,38-43.45.47-48

Naquele tempo, 38João disse a Jesus: “Mestre, vimos um homem expulsar demônios em teu nome. Mas nós o proibimos, porque ele não nos segue”.
39Jesus disse: “Não o proibais, pois ninguém faz milagres em meu nome para depois falar mal de mim. 40Quem não é contra nós é a nosso favor.
41Em verdade eu vos digo: quem vos der a beber um copo de água, porque sois de Cristo, não ficará sem receber a sua recompensa.
42E, se alguém escandalizar um destes pequeninos que creem, melhor seria que fosse jogado no mar com uma pedra de moinho amarrada ao pescoço.
43Se tua mão te leva a pecar, corta-a! É melhor entrar na Vida sem uma das mãos, do que, tendo as duas, ir para o inferno, para o fogo que nunca se apaga.
45Se teu pé te leva a pecar, corta-o! É melhor entrar na Vida sem um dos pés, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno.
47Se teu olho te leva a pecar, arranca-o! É melhor entrar no Reino de Deus com um olho só, do que, tendo os dois, ser jogado no inferno, 48‘onde o verme deles não morre, e o fogo não se apaga’”.

MEDITAÇÃO

Quem não é contra nós é a nosso favor (Mc 9, 40)

Vivemos numa sociedade pluralista: muitas opiniões, muitas visões de mundo, muitas escolhas possíveis. Houve um tempo, no Brasil, em que o pensamento cristão católico era dominante. Todo mundo pensava conforme a tradição da fé católica. Quem pensasse diferente era repreendido e discriminado. Hoje, a coisa já não é mais assim. Sentimos que o pensamento cristão é cada vez mais, na sociedade, um pensamento, ao lado de outros. Sabemos que estamos com a verdade, mas não somos donos da verdade. Há outros que também expressam essa mesma verdade, seja porque são cristãos de outras igrejas, seja porque são pessoas de boa vontade que estão buscando o bem.

Essa nova condição que vivemos hoje nos assusta. Pertencemos a uma instituição bimilenar, que vem guardando fielmente o depósito da fé, desde o tempo dos apóstolos. Mas, agora convivemos com pessoas e instituições que expressam sua fé, suas crenças, independentemente de nós. Algumas dessas crenças parecem próximas das nossas, outras parecem bem diferentes e até opostas às nossas. Não é que tudo agora seja relativo e esteja todo mundo certo. Isso não. Mas, já não somos os únicos, nem podemos negar que outros possam estar próximos da verdade.

Em outros tempos, essas divergências podiam se resolver facilmente pela negação do diferente, por sua proibição ou pela repressão às novas crenças e atitudes. Hoje, se espera que estejamos em condição de agir de forma diferente.

O evangelho de hoje (Marcos 9) vem em nosso auxílio. Os apóstolos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Cristo. Mas, esse tal não fazia parte do grupo deles. Então, eles o proibiram. 'Quem já se viu, usando o nome de Cristo, expulsando demônios em seu nome e não pertencer ao nosso grupo!'. Jesus não concordou com essa atitude. Jesus lhes disse: "Quem não é contra nós é a nosso favor"

O que essa cena nos ensina? A missão não estava só no grupo dos discípulos, mesmo eles tendo a presença de Jesus. A missão também estava acontecendo fora do grupo deles. Aquela pessoa não era um inimigo, nem estava usurpando o poder deles. A mão de Deus operava também lá, mesmo fora do grupo deles. A visão de Jesus é surpreendente: "Quem não é contra nós é a nosso favor", isto é, alguém que pode somar conosco.

Guardando a mensagem

Já no Concílio Vaticano II, a Igreja, examinando sua presença no mundo, reconheceu que as sementes do Verbo estão em todas as culturas; e que, mesmo onde não chegaram os nossos missionários, o Espírito Santo já chegou e lá vem atuando para que todos cheguem ao conhecimento da verdade. Mesmo nos reconhecendo portadores do Evangelho do Senhor ao mundo, cabe-nos sempre uma atitude de humildade, de diálogo, de abertura para com quem não pensa como nós ou que não pertence ao nosso grupo. Moisés não se deixou levar pelo ciúme: “Quem nos dera que todo o povo do Senhor profetizasse!”. Jesus nos deixou o exemplo maior: "Quem não é contra nós é a nosso favor". Humildade, diálogo, tolerância, para sermos significativos no Brasil de hoje e contribuirmos na construção de um mundo melhor.

Quem não é contra nós é a nosso favor (Mc 9, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Queremos aprender contigo: dialogar, não eliminar o adversário; expor a nossa verdade, não impor a nossa verdade; saber conviver com quem pensa diferente, sem deixarmos de ser fiéis aos nossos princípios. Senhor, ajuda-nos, com teu Santo Espírito, a aprender também com os outros e nos sentirmos aliados de quem luta pela vida, pela justiça e pela paz. Ajuda-nos a construir pontes de diálogo e respeito num mundo tentado pela polarização e pela intolerância. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Este final de semana está marcado pelo Dia da Bíblia e pelo Dia Mundial do Migrante e do Refugiado. Sobre a data, o Papa Francisco divulgou em vídeo a seguinte mensagem: "Somos chamados a sonhar juntos, sem medo de sonhar, a sonhar juntos como uma única humanidade, como companheiros na mesma viagem, como filhos e filhas desta mesma terra que é a nossa Casa Comum, todos irmãs e irmãos".

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O DIABO AINDA NÃO SE APOSENTOU



27 de julho de 2021

EVANGELHO


Mt 13,36-43

Naquele tempo, 36Jesus deixou as multidões e foi para casa. Seus discípulos aproximaram-se dele e disseram: “Explica-nos a parábola do joio!” 37Jesus respondeu: “Aquele que semeia a boa semente é o Filho do Homem. 38O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno. 39O inimigo que semeou o joio é o diabo. A colheita é o fim dos tempos. Os ceifadores são os anjos. 40Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos: 41O Filho do Homem enviará os seus anjos e eles retirarão do seu Reino todos os que fazem outros pecar e os que praticam o mal; 42e depois os lançarão na fornalha de fogo. Ali haverá choro e ranger de dentes. 43Então os justos brilharão como o sol no Reino de seu Pai. Quem tem ouvidos, ouça”.

MEDITAÇÃO


Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

O que é que a gente faz com tanta maldade nesse mundo? Não dá pra gente criar um mundo separado. Os fariseus tinham esse complexo. Eles se sentiam os santos e queriam viver apartados dos pecadores. Jesus ensinou que a gente precisa saber conviver com todo mundo, sem ser todo mundo. Precisamos aprender com Deus que é tolerante, paciente, lento em julgar. No livro do Êxodo tem essa apresentação de Deus: “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a misericórdia por mil gerações, e perdoa culpas, rebeldias e pecados, mas não deixa nada impune” (Ex 33).

Jesus contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Na verdade, não é fácil diferenciá-los. O joio tem cara de trigo. Mas, as espigas são diferentes. Os grãos do joio não são bem organizados na espiga como os do trigo e são venenosos. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o proprietário não deixou. Isso afetaria gravemente o trigo. É que as raízes do joio são rasteiras e saem se entrecruzando com as do trigo. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e o queimariam. E recolheriam o trigo no celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação a essa parábola. O homem que semeia a boa semente é ele mesmo, Jesus. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Uma primeira lição é nos precaver, vigiando para que a nossa plantação não seja infectada pelo joio. O inimigo age na calada da noite, "enquanto todos dormem", como Jesus contou na parábola. A semente boa tinha sido plantada durante o dia. Plantar durante o dia, ótimo, mas vigiar também para que, de noite, não venha o inimigo e infiltre o joio na plantação. É preciso estar vigilante também durante a noite. O dia pode representar a clareza e a transparência com que a gente precisa agir. Quando a coisa é pública, é comunicada, é acompanhada por outros, o mal fica com menos chance. Coisas escondidas, conversas à meia voz, segredinhos... são campo fértil para a ação do inimigo. Claro, uma coisa é o direito à privacidade. Outra, a ação às escondidas acobertada pela mentira, pela falsidade, pela impunidade. É aí que o mal se infiltra, que o inimigo semeia o joio em nossa plantação.

Uma segunda lição é, que neste mundo, vivemos misturados joio e trigo. Não é o caso de adotarmos o jeito fariseu de querer viver separados, de formarmos guetos cristãos. Somos fermento na massa. Mesmo vivendo com todo mundo, não podemos ser todo mundo. Os valores do Reino é que nos guiam, não os valores do mundo. Jesus mesmo pediu, em prece, ao Pai, na última ceia, que não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do maligno. O nosso lugar é o mundo mesmo, junto com o joio. Mas, não para nos tornarmos joio, mas antes para ajudar o joio a dar bons frutos, não frutos venenosos. De toda forma, Deus é quem é o juiz. Assim, já sabemos que o fim do joio é muito ruim. Para o celeiro, só vai o trigo.

Guardando a mensagem

O mal existe. O diabo ainda não se aposentou. Nem está de férias. E tem muitos assessores. E aproveita quando o agricultor dorme, para plantar sua semente ruim na sua vida, na vida de sua família, em sua comunidade, em nosso país. É preciso vigilância. O mundo é movido por muitos interesses, nem todos eles legítimos. A parábola do joio e do trigo também nos estimula a tomar distância de coisas escondidas, de situações dúbias, de escolhas duvidosas em situações de pouca clareza. Outra lição desta parábola é a necessidade de, mesmo vivendo próximos joio e trigo, continuarmos a ser trigo, não nos deixando influenciar pelo mal. Como fermento na massa, sejamos nós a influenciar em favor do bem, da justiça, da paz, da fraternidade.

Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a dar frutos bons, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você está conseguindo conviver bem com pessoas que não pensam como você? que não crêem como você? Pense nisso.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O JOIO, O TRIGO E A TOLERÂNCIA



24 de julho de 2021


EVANGELHO


Mt 13,24-30

Naquele tempo, 24Jesus contou outra parábola à multidão: “O Reino dos Céus é como um homem que semeou boa semente no seu campo. 25Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora. 26Quando o trigo cresceu e as espigas começaram a se formar, apareceu também o joio. 27Os empregados foram procurar o dono e lhe disseram: ‘Senhor, não semeaste boa semente no teu campo? Donde veio então o joio?’ 28O dono respondeu: ‘Foi algum inimigo que fez isso’. Os empregados lhe perguntaram: ‘Queres que vamos arrancar o joio?’ 29O dono respondeu: ‘Não! pode acontecer que, arrancando o joio, arranqueis também o trigo. 30Deixai crescer um e outro até a colheita! E, no tempo da colheita, direi aos que cortam o trigo: arrancai primeiro o joio e o amarrai em feixes para ser queimado! Recolhei, porém, o trigo no meu celeiro’”.

MEDITAÇÃO


Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).

Jesus contou uma parábola para ensinar a gente a ser paciente, tolerante e deixar o julgamento para Deus. E, certamente, também pra gente ficar mais atento com o que estamos fazendo, com a nossa plantação. Ele contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o homem não deixou. Poderiam confundir trigo com joio. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e tocariam fogo nele. O trigo não, o trigo iria para o celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação dessa parábola. O homem que semeou a boa semente é ele mesmo, o Mestre. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Você conhece um pé de trigo? O trigo é como um capim crescido com espigas. Quando chega o tempo da colheita, fica tudo amarelinho. Espigas bonitas, os grãos todos arrumadinhos, tudo bem certinho. É bonito de se ver. O trigo era a base alimentar do povo do tempo de Jesus. Com ele, faziam o pão, em casa. Mas, e o joio? O joio, você nunca viu. O joio é uma erva daninha, também chamada de cizânia, que dá no meio de cereais como o trigo. Ele é bem parecido com o trigo. Só quando começa a dar espigas é que se nota a diferença. Umas espigas com uns grãos desengonçados, uns grãozinhos pretos tóxicos. As feiosas espigas ficam logo pendidas para um lado. E tem outro detalhe que os diferencia. O trigo tem raízes não muito profundas, é fácil arrancá-lo. Já o joio tem raízes rasteiras que se entrelaçam nas raízes do trigo. Na história de Jesus, o homem achou melhor não arrancar o joio. O melhor seria aguardar a colheita. Arrancando o joio iria-se prejudicar o trigo, claro, porque suas raízes se misturam com as do trigo. Seria prejuízo para o desenvolvimento da espiga do trigo.

A grande lição da parábola é a tolerância. Vivemos nesse mundo, junto com todo mundo. Não podemos viver separados. A oração de Jesus na última ceia dizia: “Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno”. Trata-se de convivermos, com respeito e tolerância com todos. Não quer dizer que aplaudimos o mal. Não. Trabalhamos para que todos se consertem, todos precisam ter essa chance. Temos que ser pacientes, como Deus é paciente. Somos trigo. Convivemos com o joio. Mas, todo cuidado é pouco para não nos tornamos também joio, permitindo que o mal nos influencie e nos faça à sua imagem. O joio e o trigo se conhecem pelas espigas, pelos frutos. O fruto é que nos diz se é trigo e vai dar um bom pão ou se é joio e está só sugando a terra e atrapalhando o desenvolvimento do trigo.

Guardando a mensagem

Os fariseus bem que queriam viver separados das outras pessoas, a quem eles chamavam de pecadores. Mas, Jesus agiu de maneira diferente. Procurava estar com todos, mesmo com aqueles que a sociedade discriminava. Vivemos misturados, joio e trigo. O joio não vai ter um bom final. Mas, o trigo tem que ter cuidado para não se deixar assimilar pelo joio e tornar-se estéril ou dar frutos venenosos como ele. Pelo contrário, o trigo precisa trabalhar para ajudar na conversão do joio. A parábola do joio e do trigo é um belo ensinamento sobre a tolerância, a convivência. Mas, também sobre a vigilância. Não deixar que o inimigo semeie o joio na nossa plantação.

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).

Vivendo a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a se transformarem em trigo, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Nesta comemoração mensal de N. Sra. Auxiliadora, rezemos a oração com que Dom Bosco a saudava:


Ó Maria, Virgem poderosa,

Tu, grande e ilustre defensora da Igreja.

Tu, Auxílio maravilhoso dos cristãos,

Tu, terrível como exército ordenado em batalha.

Tu, que, só, destruíste toda heresia em todo o mundo:

 nas nossas angústias, nas nossas lutas, nas nossas aflições,

 defende-nos do inimigo;

 e, na hora da morte,

 acolhe a nossa alma no Paraíso. Amém.

  
Vivendo a palavra

Talvez você já esteja identificando algum joio na sua plantação. Que tal rezar por ele, para que se converta enquanto é tempo?

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

LIÇÃO DE TOLERÂNCIA


Jesus disse-lhe: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50)

28 de setembro de 2020

Vivemos numa sociedade pluralista: muitas opiniões, muitas visões de mundo, muitas escolhas possíveis. Houve um tempo, no Brasil, em que o pensamento cristão católico era dominante. Todo mundo pensava conforme a tradição da fé católica. Quem pensasse diferente era repreendido e discriminado. Hoje, a coisa já não é mais assim. Sentimos que o pensamento cristão é cada vez mais, na sociedade, um pensamento, ao lado de outros. Sabemos que estamos com a verdade, mas não somos donos da verdade. Há outros que também expressam essa mesma verdade, seja porque são cristãos de outras igrejas, seja porque são pessoas de boa vontade que estão buscando o bem.

Essa nova condição que vivemos hoje nos assusta. Pertencemos a uma instituição bimilenar, que vem guardando fielmente o depósito da fé, desde o tempo dos apóstolos. Mas, agora convivemos com pessoas e instituições que expressam sua fé, suas crenças, independentemente de nós. Algumas dessas crenças parecem próximas das nossas, outras parecem bem diferentes e até opostas às nossas. Não é que tudo agora seja relativo e esteja todo mundo certo. Isso não. Mas, já não somos os únicos, nem podemos negar que outros possam estar próximos da verdade.

Em outros tempos, essas divergências podiam se resolver facilmente pela negação do diferente, por sua proibição ou pela repressão às novas crenças e atitudes. Hoje, se espera que estejamos em condição de agir de forma diferente.

O evangelho de hoje (Lucas 9) vem em nosso auxílio. Os apóstolos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Cristo. Mas, esse tal não fazia parte do grupo deles. Então, eles o proibiram. 'Quem já se viu, usando o nome de Cristo, expulsando demônios em seu nome e não pertencer ao nosso grupo!'. Jesus não concordou com essa atitude. Jesus lhes disse: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50).

O que essa cena nos ensina? A missão não estava só no grupo dos discípulos, mesmo eles tendo a presença de Jesus. A missão também estava acontecendo fora do grupo deles. Aquela pessoa não era um inimigo, nem estava usurpando o poder deles. A mão de Deus operava também lá, mesmo fora do grupo deles. A visão de Jesus é surpreendente: “Quem não está contra vocês, está a seu favor”, isto é, alguém que pode somar conosco.

Guardando a mensagem

Já no Concílio Vaticano II, a Igreja, examinando sua presença no mundo, reconheceu que as sementes do Verbo estão em todas as culturas; e que, mesmo onde não chegaram os nossos missionários, o Espírito Santo já chegou e lá vem atuando para que todos cheguem ao conhecimento da verdade. Mesmo nos reconhecendo portadores do Evangelho do Senhor ao mundo, cabe-nos sempre uma atitude de humildade, de diálogo, de abertura para com quem não pensa como nós ou que não pertence ao nosso grupo. Moisés não se deixou levar pelo ciúme: “Quem nos dera que todo o povo do Senhor profetizasse!”. Jesus nos deixou o exemplo maior: “Quem não está contra vocês, está a seu favor”. Humildade, diálogo, tolerância, para sermos significativos no Brasil de hoje e contribuirmos na construção de um mundo melhor.

Jesus disse-lhe: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Queremos aprender contigo: dialogar, não eliminar o adversário; expor a nossa verdade, não impor a nossa verdade; saber conviver com quem pensa diferente, sem deixarmos de ser fiéis aos nossos princípios. Senhor, ajuda-nos, com teu Santo Espírito, a aprender também com os outros e nos sentirmos aliados de quem luta pela vida, pela justiça e pela paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você lembra que o desafio desse mês de setembro é ler o Evangelho de São Marcos. Bom, ainda temos três dias... Na quarta-feira, vamos saber quem conseguiu realizar esta santa tarefa.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AUTENTICIDADE E TOLERÂNCIA


Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

28 de julho de 2019

O que é que a gente faz com tanta maldade nesse mundo? Não dá pra gente criar um mundo separado. Os fariseus tinham esse complexo. Eles se sentiam os santos e queriam viver apartados dos pecadores. Jesus ensinou que a gente precisa saber conviver com todo mundo, sem ser todo mundo. Precisamos aprender com Deus que é tolerante, paciente, lento em julgar. No livro do Êxodo tem essa apresentação de Deus: “Deus misericordioso e clemente, paciente, rico em bondade e fiel, que conserva a misericórdia por mil gerações, e perdoa culpas, rebeldias e pecados, mas não deixa nada impune” (Ex 33). 

Jesus contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Na verdade, não é fácil diferenciá-los. O joio tem cara de trigo. Mas, as espigas são diferentes. Os grãos do joio não são bem organizados na espiga como os do trigo e são venenosos. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o proprietário não deixou. Isso afetaria gravemente o trigo. É que as raízes do joio são rasteiras e saem se entrecruzando com as do trigo. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e o queimariam. E recolheriam o trigo no celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação a essa parábola. O homem que semeia a boa semente é ele mesmo, Jesus. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.

Uma primeira lição é nos precaver, vigiando para que a nossa plantação não seja infectada pelo joio. O inimigo age na calada da noite, "enquanto todos dormem", como Jesus contou na parábola. A semente boa tinha sido plantada durante o dia. Plantar durante o dia, ótimo, mas vigiar também para que, de noite, não venha o inimigo e infiltre o joio na plantação. É preciso estar vigilante também durante a noite. O dia pode representar a clareza e a transparência com que a gente precisa agir. Quando a coisa é pública, é comunicada, é acompanhada por outros, o mal fica com menos chance. Coisas escondidas, conversas à meia voz, segredinhos... são campo fértil para a ação do inimigo. Claro, uma coisa é o direito à privacidade. Outra, a ação às escondidas acobertada pela mentira, pela falsidade, pela impunidade. É aí que o mal se infiltra, que o inimigo semeia o joio em nossa plantação.

Uma segunda lição é, que neste mundo, vivemos misturados joio e trigo. Não é o caso de adotarmos o jeito fariseu de querer viver separados, de formarmos guetos cristãos. Somos fermento na massa. Mesmo vivendo com todo mundo, não podemos ser todo mundo. Os valores do Reino é que nos guiam, não os valores do mundo. Jesus mesmo pediu, em prece, ao Pai, na última ceia, que não nos tirasse do mundo, mas nos livrasse do maligno. O nosso lugar é o mundo mesmo, junto com o joio. Mas, não para nos tornarmos joio, mas antes para ajudar o joio a dar bons frutos, não frutos venenosos. De toda forma, Deus é quem é o juiz. Assim, já sabemos que o fim do joio é muito ruim. Para o celeiro, só vai o trigo.

Guardando a mensagem

O mal existe. O diabo ainda não se aposentou. Nem está de férias. E tem muitos assessores. E aproveita quando o agricultor dorme, para plantar sua semente ruim na sua vida, na vida de sua família, em sua comunidade, em nosso país. É preciso vigilância. O mundo é movido por muitos interesses, nem todos eles legítimos. A parábola do joio e do trigo também nos estimula a tomar distância de coisas escondidas, de situações dúbias, de escolhas duvidosas em situações de pouca clareza. Outra lição desta parábola é a necessidade de, mesmo vivendo próximos joio e trigo, continuarmos a ser trigo, não nos deixando influenciar pelo mal. Como fermento na massa, sejamos nós a influenciar em favor do bem, da justiça, da paz, da fraternidade.

Como o joio é recolhido e queimado ao fogo, assim também acontecerá no fim dos tempos (Mt 13, 40)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a dar frutos bons, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você está conseguindo conviver bem com pessoas que não pensam como você? que não crêem como você? Pense nisso. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

TEM JOIO NO MEU ROÇADO


O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno (Mt 13, 38).


19 de julho de 2020.

Nós formamos famílias cristãs, zelando para que elas cresçam na unidade da fé. Organizamo-nos em comunidades cristãs, procurando trilhar os caminhos da santidade. Respiramos ainda um clima religioso em nosso país, sentindo-nos todos um povo abençoado por Deus.

Mas, sabemos que nem tudo são flores. Em nossa terra, há processos e estruturas responsáveis por desigualdade, injustiça, desemprego. Em nossas comunidades cristãs, também se abrigam pessoas preconceituosas, egoístas e violentas. Em nossa casa, também moram infidelidade e violência doméstica. Tem joio no nosso roçado.

Jesus nos conta, hoje, uma parábola superinteressante, a do joio e do trigo. Na plantação, só entrou a boa semente de trigo. Mas, o inimigo veio de noite e semeou também o joio. Quando cresceram e o trigo começou a dar espigas, notou-se que uma parte da plantação era joio. E o joio é parecido com o trigo, com a diferença de que dá um fruto venenoso. Além de difícil de distinguir, suas raízes se misturam com as do trigo.

Ao descobrirmos o mal e os seus responsáveis em nossas famílias, em nossos grupos, em nosso convívio social, achamos logo a solução: arrancá-los de nossa convivência, extirpando o mal pela raiz. Foi o que os trabalhadores quiserem fazer com o joio. Mas, o agricultor não permitiu. Iria prejudicar o trigo. O melhor era ter paciência e aguardar o tempo da colheita. Aí, sim, o trigo seria recolhido e guardado no celeiro. E o joio queimado no fogo.

O que Jesus está nos ensinando, com esta parábola?

A primeira lição é renunciarmos à presunção de sermos gente santa e pura, em contraste com os maus e pecadores. Santos, nós somos pela graça de Cristo que nos redimiu. Mas, igualmente somos pecadores. Os fariseus se julgavam justos, praticantes, separados. Assim, cometeram muita injustiça com o povo pobre ou sem conhecimento da Lei. E rejeitaram Jesus, que vivia misturado com os pecadores. Em nome da pureza da raça, cometeu-se a tragédia do holocausto, particularmente contra os judeus. Somos santos e pecadores. Não devemos ceder à tentação de querer viver separados, como um trigo santo. Há sementes de joio em nosso coração e joio crescido em nossa própria comunidade. Mais humildade.

A segunda lição é não nos arvorarmos em juízes dos outros. Só Deus julga e condena, mas só o fará no final de tudo, na colheita. Ele dá toda chance, age com grande paciência e aguarda a conversão para sanar o mal com o seu perdão e a sua misericórdia. Assim, não tomemos o lugar de Deus. Espelhemo-nos nele, em sua paciência e em sua compaixão. Devemos apontar os erros e as estratégias que nos pareçam equivocadas, mas não desrespeitemos a dignidade humana de quem quer que seja.  Não coloquemos ninguém no inferno. Não julguemos para não sermos julgados.

A terceira lição é continuarmos a ser bons e cada vez mais amorosos com Deus e com o nosso próximo, apesar de estarmos rodeados de tentações e convivendo com o joio. O mal me obriga a ser bom com maior consciência, com maior responsabilidade e com sempre maior capacidade de resistência e perseverança. O mal nos obriga a assumir mais claramente a nossa condição de filhos amados e de irmãos servidores. Que o mal não nos faça maus. Ao contrário, como fermento na massa, trabalhemos para melhorar as pessoas e o mundo.

Guardando a mensagem

Na parábola do joio e do trigo, descobriram que havia joio junto com o trigo, que não dava para arrancar logo o joio e que o final do joio e do trigo seria bem diferente. Três lições podemos recolher desta parábola: renunciar à presunção de querermos viver no gueto dos santos; ser tolerantes, evitando julgar e condenar os outros; e reafirmar, com clareza, nossa adesão ao bem e à verdade, exatamente onde a mentira e a desonestidade querem ter a última palavra.

O campo é o mundo. A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno (Mt 13, 38).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Vivemos num mundo complicado, em meio a um grande pluralismo cultural e religioso e a uma polarização política empobrecedora. Tua palavra hoje nos ajuda a nos colocarmos melhor nessa situação. Tu nos ensinas a não nos isolarmos do mundo, pensando que estaremos a salvo em nossos grupos afins nas redes sociais ou em nosso ambiente religioso exclusivo. O joio está em toda parte. Nesse contexto, precisamos ser bons e muitos bons, com frutos de solidariedade, de santidade, de amor a Deus e ao próximo; Não só não nos deixarmos contagiar pelo vírus do mal, mas sermos fermento na massa. Ensina-nos, Senhor, a ser tolerantes, sem cairmos no relativismo de que tudo está certo e no fatalismo, de que isso não tem jeito. Na colheita, terás a palavra final. Até lá, queremos ser trigo e dos bons. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Comente com alguém o evangelho de hoje.

Rezemos pelo bispo da Diocese de Palmares, Dom Henrique Soares, de 54 anos, que faleceu ontem à noite, vítima da covid-19. Unamo-nos ao povo de Deus de sua Diocese que recebeu essa notícia com grande tristeza.

Para entender melhor a mensagem de hoje, sugiro que leia o texto da Meditação. É só seguir o link que lhe enviei.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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