PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

PORQUE A IMACULADA ESTÁ PISANDO NA SERPENTE


MEDITAÇÃO PARA O DIA 
DA IMACULADA CONCEIÇÃO, O8 DE DEZEMBRO

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,  28)

Olha que cena bonita: uma mulher e um anjo. Um anjo de Deus vem falar com Maria. “Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!” Foi a saudação do anjo Gabriel. Ele a chamou de ‘cheia de graça’, cheia da graça de Deus, habitada completamente pela graça do Altíssimo. Não tinha lugar para o pecado nela. Estava cheia da graça de Deus. Esta passagem, de maneira especial, deu razão à percepção que tinham os cristãos desde o primeiro século do cristianismo de que Maria era uma criatura muito especial, de que Deus a tinha cumulado de bênçãos de maneira absolutamente inédita. O anjo de Deus disse que Deus estava com ela, estava ao lado dela, queria-lhe todo bem. Ele disse “O Senhor está contigo”. Ela, coitada, ficou toda confusa e preocupada, sem entender o que estava acontecendo.

Bom, congela essa imagem do anjo bom falando com Maria. E vamos evocar outra cena. Nessa segunda cena, também tem uma mulher e um anjo. Um anjo mal veio falar com a Eva. “É verdade que Deus proibiu vocês de comer os frutos das árvores do pomar?”. ‘Não’, Eva lhe disse. ‘Ele só não quer que a gente toque naquela árvore está no meio do jardim. É um fruto venenoso, mata a gente”. Você está entranhando... e não era a serpente? Tudo bem, e quem era a serpente? Claro, o anjo mal, o demônio. Podemos prosseguir?  Ele, o anjo mal, a serpente, disse a Eva: “Hum hum... vou dizer uma coisa a você. Deus sabe que se vocês comerem aquela fruta, vocês vão conhecer o bem e o mal. Vocês serão deuses, como ele”. E a mulher já começou a ver aquela fruta de outra forma... que fruta bonita e vai nos dar entendimento! Foi lá e comeu. E deu também a Adão, que também participou do mesmo sentimento de desconfiança sobre o Criador. O que vemos nessa cena? Vemos que a humanidade afastou-se de Deus. O pecado entrou no mundo. A mulher, representando a humanidade, disse ‘não’ a Deus.

Congela aí essa imagem de Eva e do anjo mal. Voltemos à cena do anjo bom falando com Maria. Ele está lhe dizendo que ela encontrou graça diante de Deus. Que ela não tenha medo. Que vai ficar grávida e ter um filho. Ele será o filho de Deus, a quem será dado o trono de Davi. Será o rei. Essa é a vontade de Deus que o anjo está comunicando a Maria. Ela fica preocupada. Nem é casada ainda, como pode ser isso? O anjo bom explica que o Espírito vai gerar no seu ventre o filho de Deus. Mesmo sem compreender tudo, Maria confirma que quer realizar a vontade de Deus, que tudo aconteça como ele mandou dizer. Maria diz “sim” a Deus. “Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim, segundo a tua palavra”. O que vemos nessa cena? A mulher, representando a humanidade, disse ‘sim’ a Deus.

Congela aí a cena de Maria. Vamos voltar para o livro do Gênesis, capítulo 3. O Senhor Deus está frente a frente com Adão e Eva. Eles romperam a confiança e a amizade que tinham com Deus. O seu pecado os distanciou dele. Aquele ‘não’ destruiu aquela aproximação que havia com o Criador, desequilibrou tudo e trouxe muito sofrimento. O homem pôs a culpa na mulher. A mulher pôs a culpa na serpente. E Deus fez um anúncio para o futuro: “Porei inimizade entre ti e a mulher, entre a tua descendência e a descendência dela. Esta te esmagará a cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar”. O que vemos nessa cena? A promessa de Deus que um dia a humanidade venceria a serpente.

Nessa promessa de Deus, bem no começo da história, está a promessa da vinda do Salvador. Ele é a descendência da mulher que esmaga a cabeça da serpente, que vence o maligno, que tira o pecado do mundo. Jesus é o salvador. Na vitória de Cristo, a humanidade também venceu o pecado, esmagou a cabeça da serpente. A humanidade redimida venceu o maligno, embora este ainda continue tentando morder-lhe o calcanhar.

Vamos guardar a mensagem de hoje

Maria é a nova Eva. Eva representa a humanidade decaída pelo pecado. Maria representa a humanidade redimida do pecado. Eva disse ‘não’ a Deus. Maria disse ‘sim’ a Deus. No batismo, pelos merecimentos de Cristo, fomos lavados dos nossos pecados. Os merecimentos de Cristo, a redenção que ele nos alcançou na sua paixão, também foram aplicados à Maria. E foram aplicados antes que ela nascesse. Assim, ela já veio sem o pecado, já veio imaculada. Nessa condição, de cheia de graça, de não ter o pecado original nem nenhum pecado, é que ela foi a mãe do Redentor. Quem pisa a cabeça da serpente? A humanidade redimida por Cristo, da qual Maria é a primeira representante.

Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1,  28)

Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

Senhor Jesus,
A Igreja repete, com muito amor, a saudação do anjo bom à tua santa mãe, acrescenta o louvor que lhe fez Izabel, arrematando a prece com o reconhecimento de sua maternidade divina. Vamos fazer isso agora também.

Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.

Vamos vivenciar a palavra que meditamos hoje

Se não puder rezar o terço hoje, recite pelo menos o pai nosso e 10 ave-marias. É uma maneira de meditar na Imaculada Conceição de Maria.

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.12.2017

ESSA CASA, NINGUÉM DERRUBA

MEDITAÇÃO 
PARA A QUINTA-FEIRA, 
DIA 07 DE DEZEMBRO

Quem ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo que construiu sua casa sobre a areia (Mt 7,26).

Você está construindo sua casa sobre a areia ou sobre a rocha? Sua casa é o que você constrói na vida: sua educação, sua profissão, o seu casamento, a educação dos seus filhos... Qual é o alicerce de sua vida?

Eu vou lhe dizer uma coisa: construir em cima de um terreno firme, como uma rocha, é uma coisa muito trabalhosa. É trabalhoso e demorado. Exige muito esforço e perseverança. Você gasta muito e demora mais. Mas tem uma vantagem: ninguém derruba. 

Pense no que é construir um casamento feliz, uma família à prova de vendavais e tempestades; ou uma profissão bem sucedida; ou ainda a educação dos filhos. Tem-se que por um alicerce firme, como quem constrói em cima de uma rocha. E alicerce firme quer dizer: preparar o futuro com seriedade: estudo sério, educação para o trabalho honesto; fidelidade aos compromissos assumidos, pontualidade no desempenho dos próprios deveres, capacidade de renúncia e disciplina... E isso exige esforço, persistência, sacrifício. 

O alicerce não se vê, mas é ele que sustenta a casa. É ele que garante a construção nos dias adversos das chuvas torrenciais e das ventanias fortes, como disse Jesus no evangelho. 

E nem vou falar do contrário. Quanta fachada bonita, com graves falhas nos alicerces! Casamentos que vão fracassar na primeira crise. Rostos jovens e bonitos que serão presas fáceis do consumismo ou até das drogas. Profissionais despreparados e mercenários. Casas sem alicerce. Vidas edificadas sobre o mais fácil e prazeroso, seguindo a lei do menor esforço. 

Vamos guardar a mensagem de hoje

Acolher e praticar a Palavra de Deus, com dedicação e perseverança, é construir o alicerce de sua própria vida sobre uma rocha firme. Ouvir a palavra e não pô-la em prática é construir sua casa sobre terreno sem consistência, é expor-se ao fracasso. A diferença está, então, em praticar a palavra, isto é, em fazer da vivência do evangelho o alicerce da própria vida. 

Quem ouve as minhas palavras e não as põe em prática é como um homem sem juízo que construiu sua casa sobre a areia (Mt 7,26).

Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

Senhor Jesus, 
Cada dia mais, tua Palavra nos encanta. Mas, é claro, não basta ouvi-la e conhecê-la. É preciso praticá-la. A prática de tua Palavra é o alicerce firme que pomos na construção de nossa vida. Exige esforço, decisão, perseverança. A tua graça nos faz novas criaturas. A tua palavra nos vai edificando como pessoas renascidas na fé, libertas do pecado e de todos os vícios do homem velho. É uma construção que nos pede renúncia, conversão, empenho diário. A prática de tua palavra, isto é, viver segundo a boa notícia do amor do nosso Deus, é uma parceria entre nosso esforço e a tua graça, entre a nossa luta diária para vencer o mal e praticar o bem e a ação do Santo Espírito que nos purifica, nos renova e nos edifica como filhos de Deus. Obrigado, Senhor. Bendito seja o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vamos vivenciar a palavra que meditamos

Você, com certeza, conhece alguma família que esteja passando por um momento de tempestade. Hoje, reze por essa família. 

Pe. João Carlos Ribeiro – 07.12.2017

PASSAR DA CURA PARA A SALVAÇÃO

MEDITAÇÃO
 PARA A QUARTA-FEIRA, 
DIA 06 DE DEZEMBRO
Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes (Mt 12, 30)
Coxos, aleijados, cegos, mudos. Quatro situações de deficiência, vulnerabilidade e miséria no tempo de Jesus. Quatro é um número simbólico, indica totalidade. De fato, os pontos cardeais são quatro e indicam todas as direções. Coxos, aleijados, cegos, mudos indicam a condição de toda a humanidade. Jesus encontrou as pessoas do seu tempo, e nos encontra hoje, na condição de necessitados, expostos em nossa fragilidade, marcados pelo pecado.
O pecado é o que desmantelou a obra da Criação. Tudo foi bem feito pelo Criador, mas o homem não correspondeu ao amor e à confiança dele. E assim, introduziu o desequilíbrio na obra divina. Como escreveu o apóstolo Paulo, na carta aos Romanos, o salário do pecado é a morte. A decisão do homem contra o amor de Deus, a sua desobediência, arrastou a criação para esse desmantelo. Então, coxos, aleijados, cegos e mudos são uma representação de todas as pessoas, de toda a humanidade. É a humanidade toda clamando solução para sua situação. É o povo ferido pelo pecado, desfigurado em sua condição de expulsos do paraíso.
O pecado, que traz desarmonia e morte à obra de Deus, não é só o pecado das origens. É também a desobediência desta geração, o pecado pessoal e social, aquele que se estrutura como violência contra a dignidade da pessoa, que humilha e desfigura o ser humano pela fome, pela injustiça, pela desigualdade de oportunidades.
A missão de Jesus é restaurar a obra de Deus desfigurada pelo pecado. Por isso, a salvação que ele nos traz tem implicações também em nossa vida social, nas estruturas de nossa vida em sociedade. Nesse texto, a ação de Jesus está representada pela restauração das pessoas. Olha como está descrita no texto de hoje: “O povo ficou admirado, quando viu os mudos falando, os aleijados sendo curados, os coxos andando e os cegos enxergando. E glorificaram o Deus de Israel”.
Textos como estes que falam de curas precisam ser olhados no conjunto do Evangelho. O que é o evangelho? O evangelho é a boa notícia de nossa salvação em Cristo. A boa notícia não é que Jesus cura nossas doenças. Curar as doenças é um sinal que nos aponta para a sua ação redentora.  A boa notícia é que ele nos resgata para a vida plena, nos reconcilia com Deus, nos tira do pecado, nos salva.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Curar os doentes, purificar os leprosos ou expulsar demônios são representações plásticas da realização da missão de Jesus que está acontecendo como inclusão, resgate, iluminação, vitória sobre o mal. Ele está sendo mostrado como aquele que está nos salvando, nos resgatando, nos libertando de todas as opressões. João Batista apresentou Jesus como aquele que tira o pecado do mundo. Passemos da cura para a salvação. Esse é um passo importante e necessário para nosso crescimento na fé. Jesus não é um carandeiro. É o salvador de  nossa humanidade decaída.
Numerosas multidões aproximaram-se dele, levando consigo coxos, aleijados, cegos, mudos, e muitos outros doentes (Mt 12, 30)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,
Vivemos mergulhados em meio a muitos limites e dificuldades. Nossa vida está marcada pelas provações, pela doença, pelo sofrimento. São sintomas, sinalização de nossa condição de pecadores. Por isso, Senhor, colocamos nossa vida aos teus pés. E te apresentamos a nossa pobreza, seguros que não apenas vens ao encontro de nossas fraquezas, mas nos comunicas a vida de Deus, partilhas conosco a vida eterna. Tu nos libertas, Senhor, de todas as amarras, de todas as prisões. És tu que tiras o pecado do mundo. Bendito seja o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos vivenciar a palavra que meditamos
Veja se, hoje, você tem oportunidade de ajudar um pobre, um sofredor. Mas, guarde na sua lembrança que a obra de Jesus é a restauração do ser humano, como filho de Deus.

Pe. João Carlos Ribeiro – 05.12.2017

A LÓGICA DE DEUS


MEDITAÇÃO
PARA A TERÇA-FEIRA,
DIA 05 DE DEZEMBRO
Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos. (Lc 10, 21).
Alguém pode até ficar com raiva. Mas, Deus escolhe os pequenos. Escolheu o adolescente Davi, pastor de ovelhas. Escolheu José, um jovem carpinteiro de um lugarejo de nada. Escolheu Maria, uma moça humilde de Nazaré. Não escolhe os que o mundo seleciona. Escolhe os que o mundo escanteia. Escolhe os pequenos para lhes revelar o Reino. Jesus, imitando o Pai, escolheu Mateus, colaborador dos romanos. Escolheu Pedro, pescador do grande lago. Escolheu Paulo, perseguidor dos cristãos. Como o Pai, escolhe o fraco para confundir o forte.
No evangelho de hoje, Jesus está em oração. Ele louva o Pai porque o Reino está sendo revelado aos pequeninos. Igualmente o louva porque, revelando o Reino a uns, o Pai o esconde a outros, os sábios e entendidos. E o que é que está havendo com os sábios e entendidos, isto é, com os estudados, os professores da Lei, os que se sentiam conhecedores da Palavra de Deus? Estes fecharam o coração. Não conseguiram ler em Jesus de Nazaré a revelação do Pai amoroso e fiel que fez aliança com Israel. Encheram o peito de presunção de que já sabiam tudo e de inveja, sentindo-se ameçados pela fama de Jesus, de seus ensinamentos e de seus milagres.
Jesus louvou o Pai, em alta voz. Embora ele pregasse pra todo mundo, a todos procurasse iniciar no Reino, via-se cercado de gente simples e pobre, pecadores, sofredores de todo tipo. Os grandes também se aproximavam, mas para censurar, para tentar coibir a sua palavra, para desafiá-lo... Estes tentavam desmoralizar o seu ministério ou encontrar motivo para denúncias e perseguições. Os grandes fecharam o coração. Os pequenos abriram-se à obra de Deus. É o que Jesus está vendo. E por isso está louvando o Pai.  
A acolhida do Reino pelos pequenos não é só resultado da rejeição dos grandes à pregação do Evangelho. É que Deus age numa outra lógica. Ele se compadece do humilde, do fraco, do pecador. Essa é a lógica dele. E Jesus que nos revela o Pai, age com a mesma lógica. Proclama no monte: Felizes os pobres, felizes os que choram, felizes os perseguidos.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Jesus rezou, publicamente, louvando o Pai porque ele estava revelando o Reino aos pequenos. E ele o estava revelando por meio do Filho. E o Filho revelando o Pai, por meio de suas palavras, suas opções e seus milagres. Em Jesus, reconhecemos a bondade e a misericórdia do nosso Deus, atuando em favor do seu povo. Os grandes fecharam o coração. As elites rejeitaram Jesus. Os pobres e os pecadores aproximaram-se dele, acolhendo o Reino que ele anunciava. A lógica de Jesus é a lógica do Pai. Ele escolhe os pequenos. A lógica de Jesus deve ser a nossa. Valorizemos os pequenos. O Reino é deles. Tornemo-nos pequenos, se quisermos ter parte no Reino.
Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e inteligentes, e as revelaste aos pequeninos (Lc 10, 21)

LIÇÕES DE UM PAGÃO


MEDITAÇÃO
PARA A SEGUNDA-FEIRA,
DIA 04 DE DEZEMBRO
Senhor, eu não sou digno de que entres em minha casa (Mt 8, 8)
Foi isso que o oficial romano disse a Jesus, lá em Cafarnaum. Ele foi falar sobre o seu empregado que estava de cama, na casa dele, sofrendo com uma paralisia. Olha a resposta de Jesus: “Vou curá-lo”. Foi quando o oficial disse que não era digno que Jesus entrasse em sua casa. Bastaria que dissesse uma só palavra e o seu empregado ficaria curado. Jesus se admirou e comentou com os discípulos que ainda não tinha encontrado alguém com tanta fé no meio do seu povo.
A fé demonstrada pelo oficial chamou a atenção de Jesus, que o apontou como exemplo. Ele veio ao seu encontro, contou-lhe a situação do seu servo e não se achou digno que o Mestre fosse à sua casa. Achou que era suficiente uma palavra de Jesus para a cura do seu empregado. Como ele estava acostumado a dar ordens a seus soldados e a seus servos e ser prontamente atendido, assim sabia que Jesus mandando, a doença obedeceria. Uma fé que não precisava de gestos especiais junto ao leito do doente, só uma palavra e à distância.
Agora, olha a humildade deste homem: uma pessoa importante, um centurião romano, com soldados às suas ordens e escravos lhe servindo em casa. E, mesmo sendo um estrangeiro, estando em posição de poder, no comando de forças de ocupação, está pedindo com humildade a Jesus. Nesta narração de Mateus, ele não manda chamar Jesus. Ele vai pessoalmente pedir a Jesus. E ainda reconhece que não é digno de recebê-lo em sua casa.
Jesus admirou-se com a sua fé. E certamente também com a sua humildade. Como romano, ele era um pagão, servia aos deuses do império. Pelas normas religiosas de então, um judeu contraía uma impureza muito séria ao entrar na casa de um pagão. Ele reconheceu, então, nessa atitude, sua condição de pagão, de alguém longe da santidade do Deus de Israel.
“Eu não sou digno que entres em minha casa”. Esta palavra do pagão, nós a repetimos na Santa Missa. Estando para receber a sagrada comunhão - Jesus mesmo presente no sacramento do pão, nos damos conta, como o romano, que não somos dignos, que é grande demais a graça de recebê-lo em nossa própria morada... Com essa oração, manifestamos nossa fé na presença real de Jesus que vem a nós e imitamos o centurião também na sua humildade.
Além da fé e da humildade, com certeza, outra coisa chamou a atenção de Jesus: a compaixão do chefe militar pelo servo doente. Ele foi interceder por seu empregado acamado, sofrendo terrivelmente com uma paralisia. Compaixão era o que Jesus sempre demonstrava pelos sofredores. Foi o que o oficial romano demonstrou também pelo seu servo. Certamente, foi diante dessa solidariedade com o doente, que Jesus se prontificou a acompanhá-lo à sua casa.
Vamos guardar a mensagem de hoje
No encontro do oficial romano com Jesus, admiramos três coisas que devemos imitar e praticar no nosso encontro com o Senhor: a compaixão que ele demonstrou pelo seu servo; a humildade, com que ele reconheceu sua condição de pagão diante da santidade do Deus de Israel; e a fé, pela qual confiava na autoridade de Jesus para curar o seu servo com uma simples ordem. Nos nossos encontros com o Senhor, na oração, seremos atendidos se nos apresentamos com os mesmos sentimentos do oficial: compaixão pelos sofredores por quem intercedemos; humildade, reconhecendo nossa condição de pecadores diante da misericórdia de Deus; e fé pela qual reconhecemos que Jesus é o Senhor e nosso Salvador.

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