PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

ANA ACOLHE A CRIANÇA DE BELÉM




30 de dezembro de 2021

EVANGELHO


Lc 2,36-40

Naquele tempo, 36havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada; quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido.
37Depois ficara viúva, e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações. 38Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém. 39Depois de cumprirem tudo, conforme a Lei do Senhor, voltaram à Galileia, para Nazaré, sua cidade. 40O menino crescia e tornava-se forte, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele.

MEDITAÇÃO


Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém (Lc 2, 38)


A passagem do evangelho de São Lucas em que aparecem dois profetas idosos – Simeão e Ana – é uma verdadeira surpresa. Há, no início da história de Jesus, uma valorização clara dos idosos, das gerações mais velhas. A passagem de hoje concentra-se, particularmente, em Ana. 


Primeiro, apresenta essa idosa. E depois, diz o que ela fez de tão especial, no dia em que José e Maria levaram seu bebê para apresentá-lo no Templo. Vamos à apresentação de quem era Ana: “Havia também uma profetisa, chamada Ana, filha de Fanuel, da tribo de Aser. Era de idade muito avançada. Quando jovem, tinha sido casada e vivera sete anos com o marido. Depois, ficara viúva e agora já estava com oitenta e quatro anos. Não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações”. 

Esta breve biografia de Ana está construída com sete informações. Como numa moldura, estão duas informações sobre seu papel religioso: uma profetisa judia que não saía do Templo, dia e noite servindo a Deus, com jejuns e orações. Coisa rara se encontrar na Bíblia a figura de uma mulher profetisa. Bom, tem muitas outras, tudo bem. Mas, convenhamos, são raras. E essa - maravilhemo-nos - vivia no Templo, servindo a Deus.

Outras duas informações são sobre sua idade: idosa de oitenta e quatro anos. Um número altamente simbólico. Dividindo oitenta e quatro por dois, resulta 42. 40 anos é o tempo da peregrinação no deserto que precedeu a entrada na terra prometida. Ao se referir ao número 40 ou aproximado, todo membro do povo de Deus estremecia numa só sintonia: a caminhada não fora em vão, já se estava avistando a terra da promessa. É como se dissesse: chegamos ao final de nossa viagem tão sofrida; agora, é a hora da posse dos bens que Deus nos prometeu. Ao dizer que ela estava com oitenta e quatro anos, o leitor da Bíblia fica avisado: depois de ter atravessado o deserto de tantas incertezas e sofrimentos, agora ela vai conhecer a realização das promessas de Deus. 

Duas outras informações são sobre seu estado de vida: quando jovem tinha sido casada e depois ficara viúva. Casamento é um tema frequente também no Novo Testamento. O evangelho de São João começa com o casamento de Caná. A imagem do casamento remete ao tema da Aliança. Deus fez uma aliança com Israel, do jeito de um casamento. A informação foi que quando jovem, tinha sido casada – claro, Israel celebrou seu casamento com Deus, bem nos inícios. Mas, depois ficara viúva. Verdade, a aliança foi enfraquecida e esquecida pela infidelidade de Israel. É bom lembrar que a missão de Jesus seria restaurar esses laços, reconstruir o casamento, celebrar uma nova e eterna aliança de Deus com o seu povo. 

A sétima informação é como a cereja no bolo: ela vivera sete anos com o marido. O que é que o leitor da Bíblia entende com essa informação? Vamos testar: que viveu bem ou viveu mal?... Claro, viveu bem. Sete é número perfeito. Ela foi muito feliz com seu esposo, viveu intensamente feliz aquele tempo. E o que houve? Ficou viúva, ficou sem marido. A infidelidade à aliança afastou Israel do seu Deus, do seu marido. Foi assim que Jesus encontrou o seu povo: ovelhas sem pastor, bodas sem vinho, convidados ausentes da festa do casamento. 


Guardando a mensagem

Ana, a idosa profetisa viúva pode estar representando o próprio povo de Deus. A aliança com Deus, o seu casamento feliz, se perdeu por causa de sua infidelidade. Mas, a idade de Ana, 84 anos, sugere que depois de uma longa peregrinação no deserto, chegara a hora de ingressar na terra prometida; chegara a hora da realização das promessas de Deus. E Deus tinha prometido um Salvador, alguém que restauraria definitivamente a aliança. O próprio texto nos ajuda a entender essa novidade: “Ana chegou nesse momento e põe-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém”. Como Simeão, ela também reconheceu, naquela criança, a realização das promessas de Deus, a chegada do prometido. E assim, louvou muito a Deus e saiu evangelizando seu povo, comunicando-lhe essa boa notícia.


Ana chegou nesse momento e pôs-se a louvar a Deus e a falar do menino a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém (Lc 2, 38)

Vivendo a palavra

Senhor Jesus, 
Ficamos felizes de compreender, em tua palavra de hoje, o sentido de tua vinda ao mundo. Em Simeão e Ana, vemos o teu povo abrindo os braços para te acolher. Ele, reconhecendo que Deus tinha te enviado como Luz para as Nações. Ela, reconhecendo que Deus te enviou para restaurar a aliança. És o salvador prometido a Israel, teu povo. És o salvador deste mundo que se afastou de Deus e nem mais o conhece e ama. Vieste para nos reconciliar com o nosso Criador e Pai, para nos reintegrar em nosso lugar de filhos amados, exilados daí pelo pecado. Obrigado, Senhor. Que este tempo de natal nos ajude a compreender o sentido de tua vinda. E a te acolher de todo coração. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Para você entender melhor a explicação de hoje, peço que , além de ouvir, você l-e-i-a esta Meditação, atentamente. Quando lhe envio a meditação, sempre faço uma pequena apresentação indicando o link para o texto. É só você clicar no link e já estará em meu blog www.padrejoaocarlos.com. É lá que está o texto. Bom proveito. 

E eu tenho um convite especial para você, neste penúltimo dia do ano velho: participe conosco da Santa Missa que celebraremos hoje, às 11 horas da manhã, pelas redes sociais. Será a Santa Missa da Gratidão. Toda Missa é de ação de graças, claro, mas nesta queremos louvar o Senhor particularmente por todas as bênçãos e graças recebidas neste ano. Mesmo se não for possível acompanhar a Santa Missa, apresente os seus motivos de ação de graças neste formulário que estamos lhe enviando.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



JOSÉ, MARIA E SUA CRIANÇA ESTÃO CHEGANDO AO TEMPLO



29 de dezembro de 2021

EVANGELHO


Lc 2,22-35

22Quando se completaram os dias para a purificação da mãe e do filho, conforme a Lei de Moisés, Maria e José levaram Jesus a Jerusalém, a fim de apresentá-lo ao Senhor. 23Conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito do sexo masculino deve ser consagrado ao Senhor”. 24Foram também oferecer o sacrifício – um par de rolas ou dois pombinhos – como está ordenado na Lei do Senhor. 25Em Jerusalém, havia um homem chamado Simeão, o qual era justo e piedoso, 26e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor.
27Movido pelo Espírito, Simeão veio ao Templo. Quando os pais trouxeram o menino Jesus para cumprir o que a Lei ordenava, 28Simeão tomou o menino nos braços e bendisse a Deus: 29 “Agora, Senhor, conforme a tua promessa, podes deixar teu servo partir em paz; 30porque meus olhos viram a tua salvação, 31que preparaste diante de todos os povos: 32luz para iluminar as nações e glória do teu povo Israel”.
33O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele. 34Simeão os abençoou e disse a Maria, a mãe de Jesus: “Este menino vai ser causa tanto de queda como de reerguimento para muitos em Israel. Ele será um sinal de contradição. 35Assim serão revelados os pensamentos de muitos corações. Quanto a ti uma espada te transpassará a alma”.

MEDITAÇÃO


Senhor, meus olhos viram a tua salvação (Lc 2, 30)

Vamos acompanhar, hoje, a família de Jesus, em Jerusalém. Está tudo no evangelho de Lucas. Maria e José, com o filho nos braços, estão chegando ao Templo. O que será que eles vieram fazer?

O livro do Levítico (capítulo 12) prescrevia tudo com detalhes. Dando à luz uma criança de sexo masculino, a mulher devia passar um resguardo de 40 dias. Depois desta quarentena, devia ir à Tenda de reunião da comunidade para purificar-se. A lei do AT era muito rigorosa em relação a tudo que envolvesse sangue: menstruação, parto, morte violenta, etc. Tudo isso tornava a pessoa impura e levava a rituais de purificação com holocaustos e oferendas no Templo. Então, uma das razões da vinda da família de Nazaré ao Templo de Jerusalém é a purificação de Maria.

A vinda ao Templo se explica ainda por uma segunda tradição. São normas codificadas no Livro do Êxodo, capítulo 13. Era um costume que visava manter viva a memória da libertação do Egito, onde Deus puniu os egípcios com a morte dos primogênitos. Assim, todo primogênito era consagrado a Deus. Primogênito é o primeiro filho, de gente ou de animal. Fosse animal – um carneiro, um bezerro, um jumentinho – seria sacrificado a Deus, como oferenda. Fosse gente, o primogênito seria resgatado, isso é, em lugar dele os pais ofereciam um carneirinho ou pássaros. E é isso que vieram fazer em Jerusalém: a purificação da mãe e o resgate do filho primogênito.

Observando esse jovem casal que está chegando ao Templo, com a criança nos braços, ficamos admirados como eles estão profundamente integrados na cultura religiosa do seu povo, como são cumpridores das regras da lei judaica. Por esses ritos, a sua gente reconhecia a vinda de uma criança ao mundo como uma coisa sagrada. Uma coisa que tinha a ver com Deus. E ainda reforçava a sua pertença ao povo da aliança, lembrando o compromisso da consagração do primogênito, como memória da libertação do Egito. Essa peregrinação deles à cidade santa de Jerusalém é uma forma concreta de reconhecer Deus como senhor da história e fonte da vida.

O certo é que em Jerusalém, José e Maria reconhecem sinais de Deus que os confirmam na missão que assumiram, desde a anunciação do anjo. Um homem idoso muito santo, de nome Simeão, vem também ao Templo e toma o menino Jesus nos braços. E reza com todo o coração e cheio do Espírito Santo: "Agora, Soberano Senhor, podes despedir em paz o teu servo, segundo a tua palavra, porque os meus olhos viram tua salvação, que preparastes em face de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória de teu povo, Israel".

Guardando a palavra

Maria e José estão no Templo de Jerusalém. E eles vieram fazer duas coisas muito importantes: a purificação da mãe e o resgate do filho primogênito. Como judeus piedosos, eles estão cumprindo a Lei de Moisés, com muito zelo. No Templo, têm uma surpresa. Um ancião venerável, Simeão, pede para segurar um pouco o menino e faz um impressionante louvor a Deus. Ele reconhece Jesus, como a luz que Deus mandou para iluminar o povo do mundo. E diz a Maria que uma espada irá transpassar o seu coração de mãe. De verdade, o Senhor Jesus, com a sua graça e com sua Palavra, enche nossa vida de luz. E, nós iluminados por ele, somos chamados a difundir a sua luz ao nosso redor: em casa, na vizinhança, no nosso local de trabalho, na sociedade toda.

Senhor, meus olhos viram a tua salvação (Lc 2, 30)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Quando eras uma criancinha e foste levado ao Templo para a consagração dos primogênitos, o profeta Simeão te tomou nos braços e disse que tu eras a luz para iluminar as nações do mundo. Tu mesmo admitiste na presença dos teus discípulos: ‘Eu sou a luz do mundo, quem me segue não anda nas trevas’. Uma vez iluminados com a tua luz, chamaste a nossa atenção para sermos também iluminadores dos outros. Hoje, te pedimos, Senhor, que a tua luz não se apague em nossos corações e em nossa vida. E que essa luz que vem de tua Palavra, de tua presença através da Igreja e na Eucaristia seja a luz que nós refletimos para os que conosco convivem ou conosco se encontram. Seja o bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Quando nos batizamos, fomos iluminados por Cristo. A Igreja nos deu uma vela acesa para nos lembrarmos: ‘Jesus te iluminou. Com ele, serás uma luz para os outros’. O que você poderia fazer, hoje, para mergulhar mais ainda nessa verdade: ‘Jesus me iluminou. Com sua luz, ilumino os outros’? Posso oferecer-lhe algumas sugestões. Escolha uma. Acenda uma vela (pode ser uma vela virtual). Poste uma foto do seu batizado ou do batizado do seu afilhado ou afilhada. Ilumine o seu presépio de maneira especial. Leia o evangelho de hoje. Compartilhe esta meditação. Ou invente outra coisa. Tudo para reforçar sua adesão a Cristo, a luz que Deus mandou para iluminar o mundo.

Hoje, à noite, a Rede Vida exibe um especial com Padre João Carlos. Neste show de final de ano, eu canto canções do Padre Zezinho, que gravei recentemente. Vai me acompanhar? Rede Vida, 22 horas. Podendo, compartilhe a notícia. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




OS SANTOS INOCENTES DE BELÉM



28 de dezembro de 2021

Dia dos Santos Inocentes

EVANGELHO


Mt 2,13-18

13Depois que os magos partiram, o Anjo do Senhor apareceu em sonho a José e lhe disse: “Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! Fica lá até que eu te avise! Porque Herodes vai procurar o menino para matá-lo”. 14José levantou-se de noite, pegou o menino e sua mãe, e partiu para o Egito. 15Ali ficou até a morte de Herodes, para se cumprir o que o Senhor havia dito pelo profeta: “Do Egito chamei o meu Filho”. 16Quando Herodes percebeu que os magos o haviam enganado, ficou muito furioso. Mandou matar todos os meninos de Belém e de todo o território vizinho, de dois anos para baixo, exatamente conforme o tempo indicado pelos magos. 17Então se cumpriu o que foi dito pelo profeta Jeremias: 18“Ouviu-se um grito em Ramá, choro e grande lamento: é Raquel que chora seus filhos, e não quer ser consolada, porque eles não existem mais”.

MEDITAÇÃO


Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! (Mt 2, 13)

Era pra toda essa oitava do natal ser de festa e de alegria. Afinal, é o natal do Senhor. Só que o nascimento de Jesus, em Belém, foi num ambiente de muitos problemas e conflitos. Parece que, nesta nossa vida, não há, assim, uma alegria pura, isenta de dificuldades. E isso se deve ao nosso contexto social, à maldade, à violência, à opressão que ameaçam nossa vida. O próprio nascimento do Salvador se deu numa estrebaria de animais, porque, como diz o livro santo “não havia lugar para eles”. E logo logo a pobre família teve de migrar para outras terras, fugindo da ameaça de morte decretada por Herodes.

A criança recém-nascida é um ser inteiramente dependente e indefeso. Ela precisa dos pais para tudo: o alimento, o agasalho, as necessidades fisiológicas, a proteção... Por causa dessa condição tão frágil da criança, Deus colocou no pai e na mãe um forte instinto de proteção dos seus filhos. A mesma sociedade, quando se trata de uma sociedade sadia, guiada por princípios de justiça social, ao legislar em relação à criança, toma-a como prioridade. Quando a sociedade se afasta de Deus, ela deixa de proteger, na prática, a vida dos cidadãos mais frágeis, as crianças, os doentes, os idosos, os que têm alguma deficiência. Em vez de proteger, penaliza, pune, explora, decreta a morte. É o aborto, o desemprego, a fome, o abandono, a exclusão, ...

Na história do nascimento de Jesus, houve esse fato triste: Herodes mandou matar as criancinhas de Belém e arredores de até dois anos de vida. Muitos pais se sentem como José e Maria, nos dias de hoje, porque parece pesar uma ameaça de morte contra sua criança. São muitas as ameaças contra a vida da criança e o seu crescimento sadio: o alcoolismo, o desemprego, o ambiente insalubre de moradia, as brigas dentro de casa, a falta de atendimento médico adequado,...

Mas, os pais não estão sozinhos. No evangelho de hoje, o anjo do Senhor orienta José a fugir com a família. Avisa do mal que está para acontecer. E dirá a hora certa de voltar. É uma grande lição. Os pais não estão sozinhos na luta pelo bem dos seus filhos. Deus está com eles. Deus é o nosso protetor. Com a orientação de Deus, é preciso “fugir”, isto é, não se acomodar à situação, mas buscar uma saída, ir para o Egito. Para o Egito, migraram Jacó e seus filhos, no início do povo de Deus, durante uma grande fome em Canaã. ... “Fugir” pode ser mudar de profissão, mudar de endereço, buscar melhorias em outra região. O certo é não se acomodar... e fugir do mal, sob a orientação de Deus.

Guardando a mensagem

Quando Herodes viu que os magos foram embora, sem lhe entregar o endereço do menino Jesus, como ele lhes havia solicitado, ficou furioso e mandou matar as criancinhas de Belém e arredores. A essa altura, José, Maria e a criança já estavam longe, rumando para as bandas do Egito. Herodes continua condenando as crianças na fome, na desnutrição, no desemprego dos pais, no abuso sexual de menores, no desvio da merenda escolar... José foi instruído a fugir para o Egito com a família. Fugir pode ser uma boa estratégia. Cair fora enquanto é tempo: das más companhias, do trabalho escravo, da rede de prostituição infanto-juvenil, do tráfico de drogas, das novelas que pregam ideologia de gênero... fugir do Herodes. Fugir do mal, sob a proteção de Deus.

Levanta-te, pega o menino e sua mãe e foge para o Egito! (Mt 2, 13)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Pedimos hoje tua bênção para os recém-nascidos e suas famílias. Protege, Senhor, com tua santa bênção suas vidas, concedendo aos seus pais a assistência dos teus anjos para conduzi-los na luta diária pela sobrevivência e, quando preciso, buscarem refúgio no Egito contra os Herodes de hoje e suas políticas de morte. Abençoa, também, os profissionais da saúde e da educação que são uma bênção na vida de nossas crianças. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Nosso muito obrigado a você que, ontem, manifestou apoio ao nosso trabalho missionário na AMA com sua doação. A você, nossos agradecimentos sinceros e nossos votos de um ano novo de paz e bênçãos de Deus. 

No programa ENCONTROS de hoje você acompanha uma entrevista que fizemos com o Pe. Zezinho, depois do lançamento do álbum musical em que interpreto algumas de suas canções. O programa será exibido hoje às 20 horas, no meu Canal do Youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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ELE ACREDITOU





27 de dezembro de 2021

Oitava do Natal

Dia de São João, apóstolo e evangelista


EVANGELHO


Jo 20,2-8

No primeiro dia da semana, 2Maria Madalena saiu correndo e foi encontrar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava, e lhes disse: “Tiraram o Senhor do túmulo, e não sabemos onde o colocaram”. 3Saíram, então, Pedro e o outro discípulo e foram ao túmulo. 4Os dois corriam juntos, mas o outro discípulo correu mais depressa que Pedro e chegou primeiro ao túmulo. 5Olhando para dentro, viu as faixas de linho no chão, mas não entrou. 6Chegou também Simão Pedro, que vinha correndo atrás, e entrou no túmulo. Viu as faixas de linho deitadas no chão 7e o pano que tinha estado sobre a cabeça de Jesus, não posto com as faixas, mas enrolado num lugar à parte. 8Então entrou também o outro discípulo, que tinha chegado primeiro ao túmulo. Ele viu e acreditou.

MEDITAÇÃO


Ele viu e acreditou (Jo 20, 8).

No dia em que celebramos o apóstolo João, lemos o trecho do seu evangelho que fala do túmulo de Jesus. O que tem João com esse tempo do Natal? E o que essa cena do túmulo nos inspira neste final de ano? Um pouco de paciência e a gente chega lá...

O evangelho que São João escreveu é um livro maravilhoso, inspirado pelo Espírito Santo como os outros evangelhos, claro, mas que tem uma contribuição muito original. Mais do que contar episódios da vida de Jesus, ele faz uma leitura do significado de sua missão. O prólogo, por exemplo, que nós lemos no dia de natal, nos diz, de uma maneira poética, que a vinda de Jesus é a realização da promessa que Deus fez, desde o início na criação. Lá, ele prometeu um salvador para a humanidade que se afastou da amizade com o Criador, pelo pecado. O filho, que já existia em Deus, como sua palavra criadora, fez-se carne e habitou entre nós. Jesus é a descendência da mulher que vai esmagar a cabeça da serpente, isto é, que veio vencer o mal, o pecado e a morte. Essa pregação de São João, portanto, tem tudo a ver com o natal do Senhor, meditando sobre o significado de sua encarnação.

Na cena do evangelho de hoje, ele e Pedro foram correndo ao túmulo, onde Jesus fora sepultado. Era a madrugada do domingo. E Madalena viera correndo avisar que tinham roubado o corpo do Senhor. Ele chegou primeiro do que Pedro ao túmulo, claro, corria mais rápido, era mais jovem. Mas, não entrou, esperou Pedro chegar. Nesse gesto, ele está reconhecendo o papel de liderança de Pedro. Ele viu o túmulo vazio, as faixas de linho no chão. As faixas enrolavam todo o corpo do morto. Pedro, entrando no túmulo, viu também o pano que cobria a cabeça do morto dobrado num canto. Os dois entraram... Pedro não sabia o que pensar... Mas, João não teve dúvida: viu e creu. Viu e acreditou: Jesus havia ressuscitado como tinha anunciado.

Nesse primeiro momento, eles não viram Jesus ressuscitado. Madalena imaginou que tinham roubado o corpo. Pedro ficou sem saber o que pensar... Mas, João, diante dos sinais, acreditou: Jesus está vivo, ressuscitou. Os sinais estavam ali... João é que captou o significado deles. O túmulo vazio, as faixas de linho no chão, o pano do rosto dobrado num canto... sinais a indicar uma realidade surpreendente: a ressurreição do Senhor, a sua vitória sobre a morte e sobre o pecado e o mal.


Guardando a mensagem

Olha que lição especial o jovem apóstolo João está nos deixando hoje... há tanta crise nesse mundo, tanto sonho sepultado, tantos dramas na vida das pessoas, pode ser até o seu caso... Nessa situação, as lágrimas, a dor podem enuviar, embaçar nossos olhos... e sermos levados a enxergar apenas o fim, a destruição, o túnel sem saída. Madalena e Pedro estavam assim... na sua dor, no seu desalento, não enxergaram o que os sinais estavam indicando. O túmulo vazio, as faixas pelo chão, o pano dobrado num canto estavam indicando uma virada, uma revolução, a vitória de Jesus, a sua ressurreição. João viu aquilo e acreditou. Encheu seu coração de esperança.

Ele viu e acreditou (Jo 20, 8).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Como Pedro e Maria Madalena, muitas vezes ficamos como cegos diante dos sinais de Deus que age em nossa vida e em nossa história. Dá-nos, Senhor, a fé do teu jovem apóstolo João, que viu no túmulo vazio um indício claro de que tu não estavas mais na morte, mas tinhas ressuscitado. A vitória da justiça, da paz, da verdade, da honestidade está sinalizada em pequenos gestos e atitudes do nosso dia-a-dia. Dá-nos, Senhor, olhos para ver que a criança na manjedoura é, na verdade, o rei no seu trono, reinando a partir dos humildes e desprezados, na surpreendente lógica do amor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu diário espiritual, aquele caderno que você ficou de adquirir, escreva uma pequena oração a Jesus no seu presépio.

Estou lhe encaminhando uma mensagem em vídeo, em nome da AMA-Associação Missionária Amanhecer, de quem eu já lhe falei, em outras ocasiões. Nossa Associação responde por um volumoso serviço de evangelização nos meios de comunicação, que inclui a Meditação enviada diariamente, programas religiosos em 128 emissoras de rádio e muito mais. O convite é para você nos apoiar na evangelização.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb






DOMINGO DA SAGRADA FAMÍLIA



26 de dezembro de 2021

Domingo da Sagrada Família: Jesus, Maria e José


EVANGELHO


Lc 2,41-52

41Os pais de Jesus iam todos os anos a Jerusalém, para a festa da Páscoa. 42Quando ele completou doze anos, subiram para a festa, como de costume. 43Passados os dias da Páscoa, começaram a viagem de volta, mas o menino Jesus ficou em Jerusalém, sem que seus pais o notassem. 44Pensando que ele estivesse na caravana, caminharam um dia inteiro. Depois começaram a procurá-lo entre os parentes e conhecidos. 45Não o tendo encontrado, voltaram para Jerusalém à sua procura. 46Três dias depois, o encontraram no Templo. Estava sentado no meio dos mestres, escutando e fazendo perguntas. 47Todos os que ouviam o menino estavam maravilhados com sua inteligência e suas respostas. 48Ao vê-lo, seus pais ficaram muito admirados e sua mãe lhe disse: “Meu filho, por que agiste assim conosco? Olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura”.
49Jesus respondeu: “Por que me procuráveis? Não sabeis que devo estar na casa de meu Pai?” 50Eles, porém, não compreenderam as palavras que lhes dissera.
51Jesus desceu então com seus pais para Nazaré, e era-lhes obediente. Sua mãe, porém, conservava no coração todas estas coisas. 52E Jesus crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e diante dos homens.

MEDITAÇÃO


Jesus desceu então com os seus pais para Nazaré e era-lhes obediente (Lc 2, 49)

Dentro da oitava do natal, celebramos, hoje, o Domingo da Sagrada Família, a família de Jesus, Maria e José. Celebrando a família de Nazaré, celebramos a nossa própria família, que é também sagrada, berço da fé, igreja doméstica. O evangelho de hoje dá notícia da angústia de José e Maria que se desencontraram do filho na volta da romaria da páscoa, em Jerusalém e só o encontraram três dias depois. Que susto grande eles passaram! É verdade que o garoto já tinha doze anos, idade na qual o judeuzinho era integrado na comunidade judaica com os direitos e deveres de um adulto. Mas, desaparecer assim, sem aviso... Poderia, pelo menos, ter mandado um recado pelos colegas ou vizinhos que estavam na mesma caravana. Bom, o garoto ficou no Templo e foi encontrado, três dias depois, sentado no meio dos doutores, ouvindo e fazendo perguntas. “Mas, meu filho, olha que teu pai e eu estávamos, angustiados, à tua procura. Por que você fez isso com a gente?”. O menino procurou se explicar e voltou pra casa com eles.

Então, mesmo na Sagrada Família, há desencontros. O adolescente Jesus, num gesto de independência próprio de sua idade, deu um susto nos pais que depois de um dia de viagem tiveram que voltar procurando-o, cheios de preocupação. Outra situação difícil da sagrada família, lembramos recentemente, foi a fuga para o Egito, por causa da perseguição de Herodes. É, problemas não faltam na vida de uma sagrada família, como a de Jesus e como a nossa também.

A palavra de Deus, hoje, proclamada em nossas celebrações, traz conselhos preciosos para toda a família: pais, mães e filhos. Um conselho muito especial é para os pais: NÃO SE AFASTAR DE DEUS. O salmo 127(128) é todo para os pais: “Feliz és tu, se temes o Senhor e trilhas os seus caminhos”. Esse é o homem abençoado: o que teme e anda com Deus. Sua esposa, seus filhos, seu trabalho, tudo vai andar bem. A carta aos Colossenses também tem um conselho para o esposo: amar sua mulher, não ser grosseiro com ela. Pais, acolham este conselho: não se afastem de Deus!

O conselho especial para as mães está no evangelho, é fazer como Maria: GUARDAR AS COISAS BOAS NO CORAÇÃO. Foi isto que Maria fez depois que encontrou seu filho no Templo e o levou pra casa. O menino deu uma resposta inesperada: “Por que estavam me procurando? Não sabem que devo estar na casa de meu Pai?”. Tanta coisa vinha acontecendo desde que o anjo tinha falado com ela. Coisas de Deus, maravilhosas, surpreendentes... E Maria guarda, medita tudo isso no coração. Ela toca o mistério de Deus, com respeito e admiração. Guardar é conservar memória, fotos, cartas, as histórias de cada um, e conservar todos em oração. A mãe toca o mistério de Deus muito de perto, no seio de sua família, na gravidez, no nascimento, em cada passo de crescimento ou de crise dos seus filhos. Ela é a memória viva da família, a memória grata a Deus, guarda tudo no coração. Ela é o coração da família. Mas, procura guardar as coisas boas, os bons momentos, as inspirações de Deus. Guarda tudo no cofre do seu coração. Quando alguém precisa, já sabe onde encontrar. Mães, fiquem com esse conselho: guardem as coisas boas de sua família no seu coração.

O conselho especial para os filhos está no gesto de Jesus: HONRAR E OBEDECER OS SEUS PAIS. É o que aconteceu com ele: “desceu então com os seus pais para Nazaré e era-lhes obediente”. O livro do Eclesiástico (Eclo 3) comenta o mandamento de Deus de honrar pai e mãe: “Quem honra o seu pai alcança o perdão dos pecados; evita cometê-los e será ouvido na oração quotidiana. Quem respeita a sua mãe é como alguém que ajunta tesouros”. Também aí no livro do Eclesiástico há uma preocupação com os pais idosos. Aliás, o Papa Francisco, em nome da Igreja, tem manifestado preocupação com a situação de desrespeito e abandono de muitos idosos. Então, é muito atual, o que está escrito nesse livro bíblico: “Meu filho, ampara o teu pai na velhice e não lhe causes desgosto enquanto ele vive. Mesmo que ele esteja perdendo a lucidez, procura ser compreensivo com ele; não o humilhes em nenhum dos dias de sua vida”. Filhos, este conselho é pra vocês: honrem e obedeçam os seus pais!



Guardando a mensagem

Neste domingo da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, recolhemos conselhos para os pais e para os filhos. Para o pai e esposo: não se afastar de Deus; Para as mães e esposas: guardar as coisas boas no coração; Para os filhos: honrar e obedecer seus pais. E toda atenção com os pais idosos: amor, amparo, compreensão e respeito.

Jesus desceu então com os seus pais para Nazaré e era-lhes obediente (Lc 2, 49)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
nasceste e cresceste numa família humana tão especial! Nossas famílias também são especiais, porque nasceram do amor e são sustentadas pela tua graça. Elas são comunidades de fé, berço da vida, igrejas domésticas. Abençoa, Senhor, os pais, as mães, filhos e filhas, os avós, os tios e primos. Que a teu exemplo, os filhos vivam o mandamento de honrar e obedecer a seus pais. Que a exemplo de Maria, tua mãe, as mães guardem tudo no seu coração, em profunda comunhão contigo. Que a exemplo de José, teu pai adotivo, os pais nunca se afastem de Deus e honrem suas esposas com um amor fiel. Abençoa, hoje, de maneira especial, os idosos de nossas famílias. Que eles se sintam amados e valorizados. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Você viu que eu lhe enviei um ebook para uma celebração de natal de família? Muita coisa você pode fazer, hoje, por sua família, especialmente rezar por todos de sua casa. Mas, posso lhe dar mais uma sugestão. Procure, hoje, sem pressa, tomar ao menos uma refeição na companhia de seus familiares.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VAMOS TODOS A BELÉM




25 de dezembro de 2021

EVANGELHO


Jo 1,1-18

1No princípio era a Palavra, e a Palavra estava com Deus; e a Palavra era Deus. 2No princípio estava ela com Deus. 3Tudo foi feito por ela, e sem ela nada se fez de tudo que foi feito.
4Nela estava a vida, e a vida era a luz dos homens. 5E a luz brilha nas trevas, e as trevas não conseguiram dominá-la. 6Surgiu um homem enviado por Deus; seu nome era João. 7Ele veio como testemunha, para dar testemunho da luz, para que todos chegassem à fé por meio dele. 8Ele não era a luz, mas veio para dar testemunho da luz: 9daquele que era a luz de verdade, que, vindo ao mundo, ilumina todo ser humano.
10A Palavra estava no mundo — e o mundo foi feito por meio dela — mas o mundo não quis conhecê-la. 11Veio para o que era seu, e os seus não a acolheram.
12Mas, a todos que a receberam, deu-lhes capacidade de se tornarem filhos de Deus, isto é, aos que acreditam em seu nome, 13pois estes não nasceram do sangue nem da vontade da carne nem da vontade do varão, mas de Deus mesmo.
14E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade. 15Dele, João dá testemunho, clamando: “Este é aquele de quem eu disse: O que vem depois de mim passou à minha frente, porque ele existia antes de mim”. 16De sua plenitude todos nós recebemos graça por graça. 17Pois por meio de Moisés foi dada a Lei, mas a graça e a verdade nos chegaram através de Jesus Cristo. 18A Deus, ninguém jamais viu. Mas o Unigênito de Deus, que está na intimidade do Pai, ele no-lo deu a conhecer.

MEDITAÇÃO


E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14)

Há pouco mais de dois mil anos, a história da humanidade foi marcada por um evento absolutamente revolucionário. Deus mesmo veio morar com a gente. É esta a boa notícia que impactou a aventura humana na terra. Deus mesmo veio morar com a gente.

E em que isso faz a diferença? É que se há um ideal a ser seguido, ele não está mais nas nuvens, no além, nos livros, nas promessas. O ideal de humanidade ética, solidária, espiritualizada não é apenas um projeto. É uma pessoa. Os ideais de bondade, comunhão, fraternidade, justiça, verdade podem ser vistos, tocados na vida e na experiência de uma pessoa humana: Jesus de Nazaré, Deus e Homem a um só tempo. O verbo eterno que estava desde sempre ao lado do Pai entrou na história humana, solidário com todo ser humano, particularmente com o mais sofrido e desprezado.

E isso faz toda a diferença. No evangelho de hoje, lido em São João, está escrito: “E a Palavra se fez carne e habitou entre nós. E nós contemplamos a sua glória, glória que recebe do Pai como Filho unigênito, cheio de graça e de verdade”. Jesus é essa verdade maravilhosa de Deus ao nosso alcance, Deus que veio a nós. O inefável que se deixou tocar. Isso é o natal. Dom Antônio Lustosa, bispo santo e sábio, salesiano, a caminho dos altares, escreveu assim, sobre o natal:

Vamos em espírito até Belém
contemplar a maior maravilha de todos os séculos:
o Verbo feito carne.
Deus em forma humana no meio dos homens.
O ser Infinito reduzido às dimensões de uma criancinha.
A Onipotência que nada pode fazer.
A Sabedoria que só sabe chorar.
O Rei dos Reis em uma manjedoura a servir-lhe de berço.
Quem tudo fez no mais completo desconforto.
O Altíssimo no maior abatimento.
É tudo mistério de amor.

O prólogo, essa abertura do evangelho de São João que estamos lendo hoje, começa com as mesmas palavras do início da Bíblia: “No princípio, era a Palavra”. A Bíblia, no livro do Gênesis, começa assim: “No princípio, Deus criou o céu e a terra”. Então, está nos dizendo o apóstolo João em seu evangelho, com Jesus está começando um novo tempo. A criação, obra perfeita de Deus, teve seu ponto alto na criação do homem e da mulher. Mas, veio o pecado que desfigurou essa obra divina. Agora, chegou Jesus para levar a obra do Criador à perfeição.



Guardando a mensagem

A novidade que revolucionou a história é a presença de Jesus entre nós. Deus se fez humano, entrou em nossa história. Agora, temos um modelo, um guia, um caminho para seguir. A certa altura de sua vida humana, Jesus disse: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida". Podemos segui-lo, crer nele, experimentar a vida eterna que ele nos comunica porque ele é de nossa raça humana, anda pelos nossos caminhos, sente as nossas dores, atravessa o nosso mesmo vale de lágrimas. Agora, podemos saber como é que um filho de Deus nessa terra pode manter-se em comunhão com o Pai e com os seus irmãos, ser-lhes fiel, encontrar realização e felicidade em sintonia com a vontade divina. “Vem e segue-me”. É assim que ele continua nos convidando a viver como ele, a tê-lo como regra de vida, a imitá-lo em sua vida humana de filho de Deus.

E a Palavra se fez carne e habitou entre nós (Jo 1, 14)
 
Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Neste natal nos encontramos como família ao redor de tua manjedoura. Ao lado de Maria, de José e de toda a criação representada pelos animais, nós te contemplamos em tua encarnação. Viemos, como os pastores de Belém, te visitar. Queremos, Senhor, que este natal nos anime a viver na fé e na esperança do teu evangelho. Com certeza, este é o maior presente que podemos te oferecer: renovar hoje nossa adesão a ti, ao teu evangelho e à tua Igreja. Derrama, Senhor, tuas santas bênçãos sobre cada um de nós e ajuda-nos a ser famílias segundo o modelo de tua santa família. Cuida, Senhor, de todos nós. Amém.

Receba, agora, a bênção do natal.

Incline sua cabeça e responda ‘amém’, no final das três orações.

O Deus de infinita bondade que, pela encarnação de seu filho, expulsou as trevas do mundo e, com seu glorioso nascimento transfigurou este dia, expulse do teu coração as trevas dos vícios e te transfigure com a luz das virtudes. Amém.

Aquele que anunciou aos pastores, pelo anjo, a grande alegria do nascimento do salvador derrame em teu coração a sua alegria e te torne testemunha do evangelho. Amém.

Aquele que pela encarnação do seu filho, uniu a terra ao céu, te conceda sua paz e seu amor e te faça membro comprometido com a missão de sua Igreja. Amém.

Vivendo a palavra

Dias atrás, eu convidei você a se preparar para dar um presente ao menino Jesus, no seu nascimento. Jesus vem a nós hoje (e todo dia) nos mais sofridos e nos mais pobres. Uma cesta básica, um almoço bem embalado, uma roupinha nova, um trocado generoso... veja o que pode dar. Neste natal, dê um presente ao menino Jesus.

Pra você e sua família, um santo e abençoado Natal!

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AS LIÇÕES DO NASCIMENTO DE UMA CRIANÇA



24 de dezembro de 2021

EVANGELHO


Lc 1,67-79

Naquele tempo, 67Zacarias, o pai de João, repleto do Espírito Santo, profetizou, dizendo: 68“Bendito seja o Senhor, Deus de Israel, porque visitou e redimiu o seu povo. 69Fez aparecer para nós uma força de salvação na casa de seu servo Davi, 70como tinha prometido desde outrora, pela boca de seus santos profetas, 71para nos salvar dos nossos inimigos e da mão de todos os que nos odeiam.
72Ele usou de misericórdia para com nossos pais, recordando-se de sua santa aliança 73e do juramento que fez a nosso pai Abraão, para conceder-nos, 74que, sem temor e libertos das mãos dos inimigos, nós o sirvamos, 75com santidade e justiça, em sua presença, todos os nossos dias.
76E tu, Menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar-lhe os caminhos, 77anunciando ao seu povo a salvação, pelo perdão dos seus pecados. 78Graças à misericordiosa compaixão do nosso Deus, o sol que nasce do alto nos visitará, 79para iluminar os que jazem nas trevas e nas sombras da morte, e dirigir nossos passos no caminho da paz”.


MEDITAÇÃO



E tu, Menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar-lhe os caminhos (Lc 1, 76)

Nesta véspera do Natal, antes da celebração da Vigília e da Noite do Natal, somos convidados a renovar nosso compromisso com a defesa e a proteção da vida que nasce. Hoje, lemos e rezamos o louvor do pai da criança que veio com a missão de preparar os caminhos de Jesus. Estamos falando de Zacarias, o pai e de João Batista, seu filho.

Uma criança não é obra do acaso, a vida humana é obra de Deus. Na chegada de uma criança, há algo de especial, de inesperado, por mais que os pais se preparem. A criança não é o fruto de um planejamento. Os pais podem, responsavelmente, planejar-se para acolher do melhor modo possível a vida que vai chegar. Mas, não a produzem, a acolhem. E o ser humano que chega, gerado pelos pais, já estava no pensamento de Deus, antes de existir. O jovem Jeremias ouviu Deus lhe dizer: “Antes de te formar no seio materno, eu te conheci; antes de saíres do ventre de tua mãe, eu te consagrei”. O servo de Javé do Livro do profeta Isaías declarou: “O Senhor chamou-me antes de eu nascer, desde o ventre de minha mãe ele tinha na mente o meu nome”. O ser humano é obra do Deus criador, no milagre da geração humana e na criação de sua alma.

Os parentes e vizinhos de Izabel alegram-se com ela. Surpreendem-se com a ação misericordiosa de Deus na vida daquele casal idoso e estéril. Reconhecem a obra de Deus na vinda daquele menino ao mundo. Intuem que aquela criança está destinada a uma missão muito especial. Dos fatos do nascimento e circuncisão do filho de Isabel, podemos recolher lições importantes para nós, hoje. Recolhamos, ao menos, três lições.

Primeira lição: desejar e acolher o filho. Aqueles pais idosos, sem filhos pela esterilidade da mãe, desejavam o filho. Pediram muito a Deus por isso. O anjo disse a Zacarias, quando este oficiava no Templo: “Deus ouviu tua súplica”. O Senhor, no seu tempo, lhes concedeu esse dom tão precioso. Desejar o filho é a primeira atitude dos que constituem família. Ser pai e mãe é responder a uma vocação, a um chamado especial de Deus. Filho dá trabalho, altera a vida do casal. Mas, ao desejar e acolher um filho, os pais realizam a sua vocação, fonte de felicidade e realização.

Segunda lição: dar-lhe um nome. Os judeus circuncidavam o menino no oitavo dia e lhe davam o nome nessa cerimônia familiar, pela qual inseriam a criança na aliança com Deus. Dar um nome é dar uma identidade, assegurar-lhe um lugar na família e no seu povo. A vida de um ser humano é um mistério de possibilidades abertas ao futuro. Não é apenas uma continuação dos pais. Na casa de Isabel, os parentes ficaram confusos. O menino recebeu um nome em desacordo com a tradição familiar, não recebeu o nome do pai. “João é o seu nome”, escreveu o pai numa tabuinha. Foi um gesto de obediência a Deus que tinha mandado dar esse nome, em vista da missão que o menino desempenharia. A criança precisa ter um nome, um sobrenome, uma identidade, um lugar na família, na sociedade. As famílias cristãs dão nomes cristãos aos seus filhos, providenciam seu registro de nascimento, integram-nos na comunidade dos discípulos pelo batismo e os educam para serem úteis e significativos na sociedade. Dão-lhe um nome.

Terceira lição: Sermos solidários com as famílias. Foi essa a atitude dos parentes e vizinhos do abençoado casal. Eles alegraram-se com Izabel, na gravidez e no nascimento da criança, ao perceber como o Senhor tinha sido misericordioso para com ela. Uma atitude de fé e de exultação interior. Uma parenta de Izabel mostrou-se particularmente solidária: Maria. Ela esteve presente, ajudando sua prima nos últimos três meses da gestação. Maria e outros parentes e vizinhos mostraram-se próximos, solidários, interessados no bem daquela família.

Guardando a mensagem

No dia de hoje, em que nos preparamos para o Natal de Jesus, ouvimos o pai de um recém-nascido, Zacarias, louvando a Deus, no oitavo dia do seu nascimento, no dia em que lhe deu o nome de João. Recolhamos as lições do evangelho no cuidado e na defesa da vida das crianças. Primeira lição: desejar e acolher o filho; Segunda lição: dar-lhe um nome; Terceira lição: Sermos solidários com as famílias e suas crianças. Cuidar bem dos próprios filhos e nos sentirmos todos responsáveis pela defesa e proteção das crianças.

E tu, Menino, serás chamado profeta do Altíssimo, pois irás adiante do Senhor para preparar-lhe os caminhos (Lc 1, 76)

Rezando a palavra

Façamos nossas as palavras do Canto de Zacarias, o pai da criança:

Serás profeta do Altíssimo, ó menino,
pois irás andando à frente do Senhor
para aplainar e preparar os seus caminhos,
anunciando ao seu povo a salvação,
que está na remissão de seus pecados;
pelo amor do coração de nosso Deus,
sol nascente que nos veio visitar lá do alto
como luz resplandecente a iluminar
a quantos jazem entre as trevas
e na sombra da morte estão sentados
e para dirigir os nossos passos,
guiando-nos no caminho da paz.

Vivendo a palavra

Havendo uma oportunidade, neste natal, faça um gesto de atenção em relação a uma família pobre e suas crianças.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A ALEGRIA DO NASCIMENTO DE JOÃO



23 de dezembro de 2021

EVANGELHO


Lc 1,57-66

57Completou-se o tempo da gravidez de Isabel, e ela deu à luz um filho. 58Os vizinhos e parentes ouviram dizer como o Senhor tinha sido misericordioso para com Isabel, e alegraram-se com ela. 59No oitavo dia, foram circuncidar o menino, e queriam dar-lhe o nome de seu pai, Zacarias. 60A mãe porém disse: “Não! Ele vai chamar-se João”. 61Os outros disseram: “Não existe nenhum parente teu com esse nome!” 62Então fizeram sinais ao pai, perguntando como ele queria que o menino se chamasse.
63Zacarias pediu uma tabuinha, e escreveu: “João é o seu nome”. 64No mesmo instante, a boca de Zacarias se abriu, sua língua se soltou, e ele começou a louvar a Deus. 65Todos os vizinhos ficaram com medo, e a notícia espalhou-se por toda a região montanhosa da Judeia. 66E todos os que ouviam a notícia, ficavam pensando: “O que virá a ser este menino?” De fato, a mão do Senhor estava com ele.

MEDITAÇÃO


Todos os vizinhos ficaram maravilhados e a notícia espalhou-se por toda a região (Lc 1, 65).

Bem no dia do vizinho, um texto maravilhoso nos preparando para o natal do Senhor. E falando dos vizinhos. É a cena do nascimento de João, o que se tornou depois o Batista. E esse nascimento de João é contado em preparação do nascimento de Jesus. Não foi só a pregação de João que preparou a sua vinda. O seu próprio nascimento, em condições semelhantes de intervenção divina, é já é uma espécie de prévia do nascimento do Messias. O mesmo anjo Gabriel anunciou o seu nascimento, a mãe também concebeu em condições extraordinárias, a mesma atenção à colocação do nome dado ao recém-nascido na cerimônia de circuncisão...

O clima do nascimento é de alegria e contentamento. Isabel deu à luz o seu filho e parentes e vizinhos mostram-se próximos e solidários. Mas, houve mais uma surpresa no dia da circuncisão do menino. A circuncisão era um rito pelo qual o menino era incorporado ao povo de Deus. Era a hora de impor o nome da criança. A surpresa foi o nome escolhido pelos pais: não havia ninguém na família com aquele nome. A mãe queria assim. E o pai, também. Os parentes não estavam de acordo. Como o pai estivesse mudo, escreveu numa tabuinha: “O nome dele é João”. Foi como o anjo Gabriel o tinha instruído. Esse ato de obediência encerrou o castigo de Zacarias que antes não tinha acreditado nas palavras do anjo. E ele começou a falar e a louvar a Deus. Parentes e vizinhos ficaram pasmos, maravilhados. E a notícia correu por toda a região.

“O nome dele é João”. O menino, que acabou de nascer, não iria apenas dar continuidade à sua família ou repetir a história dos seus ascendentes. Ele iria escrever um novo capítulo na história de seu povo. João, não Zacarias. Um nome novo para uma nova missão. Ele encerraria o capítulo da paciente espera do Messias, abrindo o novo tempo. Apontaria o Messias já presente no meio do povo.

O texto de hoje sublinha a solidariedade dos vizinhos e parentes com aquele casal idoso. Eles não somente ficaram sabendo da gravidez prodigiosa de Isabel, mas também a consideraram uma obra misericordiosa de Deus na vida daquela família e se alegraram com ela. Ficaram maravilhados com o que aconteceu no dia da circuncisão da criança. E espalharam por todo canto a boa notícia do que Deus estava realizando no meio do seu povo.


Guardando a Mensagem

O nascimento de uma criança é sempre um recomeço. Não vem para repetir o passado, embora não possa prescindir dele. É um novo ponto de partida. O futuro está começando naquela criança, é o novo entrando na história. O nascimento de uma criança, como o nascimento de João Batista, é um testemunho sobre Jesus. Ele veio assim. Uma criança frágil, chorando no frio daquela noite, ao abrigo de uma gruta e de seus animais, amparada somente pelo amor de uma mãe e de um pai abençoados. Um mistério de vida e de luz, o natal, só compreensível no clima do nascimento de uma criança, de uma mãe que dá a luz.

Todos os vizinhos ficaram maravilhados e a notícia espalhou-se por toda a região (Lc 1, 65).

Rezando a palavra

Vamos rezar com as palavras do pai do menino João, ao ficar bom de sua mudez:

Bendito seja o Senhor Deus de Israel, que a seu povo visitou e libertou; e fez surgir um poderoso Salvador na casa de Davi, seu servidor, como falara pela boca de seus santos, os profetas desde os tempos mais antigos, para salvar-nos do poder dos inimigos e da mão de todos quantos nos odeiam.

Vivendo a palavra

Reze, hoje, pelos seus vizinhos. E ao apresentar-lhes votos de boas festas, não fale só da ceia, dos presentes, do especial de natal... aproveite para falar-lhes de Jesus.

Não deixe de rezar conosco o 9º e último encontro da Novena de Natal, intercedendo, hoje, pelas famílias. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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