PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

JESUS E A SOGRA

A sogra de Simão estava sofrendo com febre alta, e pediram a Jesus em favor dela (Lc 4, 38).
Jesus está num dia memorável de evangelização na cidade de Cafarnaum. Na Sinagoga, ele liberta uma pessoa possuída por um espírito mal. Na casa de Simão, ele socorre a sogra acamada. Na entrada da cidade, um lugar público de reuniões populares, ele acolhe e cura muitos enfermos. Jesus mostra-se libertador no espaço religioso, a sinagoga; no espaço da casa, a família de Simão; no espaço público, às portas da cidade.
No breve relato da presença de Jesus na casa de Simão, observemos três coisas. Membros da família pedem a Jesus em favor dela. E Jesus a visita, tirando-lhe a febre;  e ela, uma vez restabelecida, levanta-se e vai servi-los.
Sempre tem gente doente, precisando da visita de Jesus. Importante é que haja quem apresente essas pessoas a Jesus, quem as recomende à sua atenção. É o papel da oração. Na oração de intercessão, aparece a compaixão que temos pelo nosso próximo, a solidariedade que nos move a pedir em seu favor. É a oração pelo necessitado, por quem está precisando.
Jesus sendo informado, não fica indiferente. Ele visita o doente, liberta a pessoa. E você sabe, ele costuma visitar através de um médico, de um especialista, de um padre que administra o sacramento da unção dos enfermos.
A disposição da sogra nos causa admiração. Estava acamada, com febre. Levanta-se, restabelecida pela visita de Jesus, e vai servir. Com certeza, ajuda a por a mesa para o almoço e outras coisas. Quem recebe a graça da saúde, se estiver no caminho de Jesus, torna-se um servidor, alguém comprometido com o bem dos outros. Esta é uma bela lição.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Saindo da Sinagoga, em Cafarnaum, Jesus vai à casa de Simão. Lá, apresentam-lhe a situação da sogra acamada, com febre alta. Jesus interessou-se pela doente e a curou. Ela, quando se viu com saúde, levantou-se e foi servir a Jesus e ao seu grupo.  Muitas coisas podemos aprender nessa cena: o valor da oração de intercessão pela qual apresentamos nossas necessidades ao Senhor; a misericórdia de Jesus que vem ao nosso encontro em nossas tribulações; e a atitude de serviço própria de quem está no caminho de Jesus.
Vamos acolher a mensagem com uma prece
Senhor Jesus,
Em nossa prece de hoje, queremos te apresentar os doentes, particularmente os de nossa família, as pessoas enfermas que nós conhecemos, em casa ou no hospital. Também pedimos em favor dos seus acompanhantes. Queremos fazer como os que te acompanharam à casa de Simão e André. Queremos falar deles a ti, apresentar-te sua situação e seu sofrimento. E pedir em favor deles. Na casa de Simão, sabendo da situação daquela mulher acamada, com febre, tu te aproximaste, tomaste-a pela mão e a levantaste. Acabou-se a febre, desapareceu a doença. Onde chegas com tua presença bendita, o mal se afasta. É o Reino de Deus que chega com tua bondade e tua misericórdia. Onde tocas, com tuas mãos benditas, renasce a vida, comunicas a graça e a bênção.É isso que te pedimos para os nossos enfermos. Visita-os, abençoa-os, comunica-lhes a saúde.  Confiamos hoje nossos doentes à tua misericórdia, Senhor. Amém.


Pe. João Carlos Ribeiro,sdb

OS 10 ENSINAMENTOS

As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade (Lc 4, 32)
O que será que Jesus ensinava que causava tanta admiração? E o que distinguia a sua pregação do ensinamento dos mestres da Lei? É verdade, ele falava com autoridade. Sua palavra era a palavra do próprio Deus. Não precisava citar os outros. Nem precisava fazer arrodeios, com complicações interpretativas. Era simples, claro e direto.
E o que ele andava ensinando? Bom, está tudo no evangelho. Mas, poderíamos fazer uma síntese. Vamos tentar. Quais seriam os ensinamentos mais importantes da pregação de Jesus? Vamos reuni-los em 10. Dez ensinamentos do Senhor.
1º.   Deus é o pai de vocês. O Deus da Aliança é o criador e pai que ama vocês, como filhos. Amem esse pai maravilhoso, de todo coração.
2º.   Deus me enviou para ajudar vocês. Eu vim da parte do Pai. Ele me enviou para ajudar vocês a reencontrarem o caminho de sua casa. Venham comigo.
3º.   Deus cuida de vocês. Ele cuida de toda a criação. E, de maneira especial, cuida de cada um de vocês, seus filhos. Tenham confiança nele. Ele é providente, ele é um bom pai.
4º.   Vocês são irmãos. São filhos do mesmo Pai. Como vocês amam o Pai, como se amam a si mesmos, amem também seus irmãos. Quanto mais necessitado, mais merece o apoio e o carinho de vocês.
5º.   O Reino de Deus já está no meio de vocês. É como o trabalho do agricultor, é como o serviço do pescador, é como fermento na massa. É uma força de bem, de verdade e de perdão que está tomando corpo no mundo.
6º.   Deus vai ao encontro do pecador com o seu perdão e a sua graça. Deus perdoa a quem quer recomeçar. Levanta pela mão quem caiu. E pede que você também perdoe o seu irmão.
7º.   O importante é fazer a vontade do Pai. Essa é a verdadeira religião, o melhor sacrifício, o maior louvor. Andar segundo o desejo de Deus.
8º.   Eu dou a minha vida por vocês. Vão fazer todo tipo de oposição à boa nova que estou trazendo. Vou morrer e ressuscitar por vocês.
9º.   Eu e o Pai vamos enviar o Espírito Santo. Ele vai ajudar vocês a compreenderem o meu ensinamento e vai dar forças a vocês para permanecerem fieis.
10º. Quero que vocês continuem a minha missão. A minha palavra precisa chegar a todos. Evangelizem, batizem, ensinem o povo a praticar os meus ensinamentos. Eu vou, mas volto logo.
Numa síntese, seriam esses os 10 ensinamentos centrais da pregação de Jesus.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Por que a pregação de Jesus  tão ungida, tão simples, tão ao alcance das pessoas incomodava? Por que será que os fariseus e as lideranças não suportavam Jesus? Porque esse ensinamento era libertador das pessoas. Deus como pai, não como soberano. A religião como amor pelo Pai e pelos irmãos, não como cumprimento de preceitos. Os pobres, humildes e sofredores como cidadãos mais importantes no Reino, não excluídos e condenados.  As pessoas ficavam livres do peso opressor da interpretação que os dirigentes davam à Lei de Moisés. Livres para amar e servir.
As pessoas ficavam admiradas com o seu ensinamento, porque Jesus falava com autoridade (Lc 4, 32)

UM FIEL FREQUENTE

Conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura (Lc 4, 16)
O evangelho dá notícia que Jesus ensinava nas Sinagogas da Galileia e era muito elogiado pelo povo. A Galileia é a região onde estava o povoado de Nazaré, onde ele tinha se criado. E é na Sinagoga de Nazaré que ele está, no evangelho de hoje.
Temos, nesse evangelho, uma cena de uma celebração matinal em uma Sinagoga, a de Nazaré. Jesus está presente, faz a leitura e está pregando. O livro santo é um rolo do profeta Isaías. E Jesus lê uma passagem que se refere à sua missão. A primeira reação das pessoas é de admiração pelas palavras de Jesus. Depois, a atitude de comunidade foi de rejeição, infelizmente.
Está escrito que “conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura”. Prestemos atenção a essa observação: “conforme seu costume”. Era, então, uma prática habitual sua, um costume, ir à Sinagoga aos sábados participar da celebração. Vindo a esse mundo, nascendo no seio do povo judeu, o nosso Jesus aprendeu com os seus pais e sua família a participar com assiduidade do ritmo religioso do seu povo. Templo, para oferecimento de sacrifícios, só existia um, em Jerusalém. E para lá os fieis se dirigiam em peregrinação em três festas durante o ano, sobretudo na festa da páscoa. Nas cidades e povoados maiores, havia as sinagogas, casas de culto onde os judeus se reuniam, sobretudo para ouvir os textos sagrados, cantarem os seus hinos e fazerem suas orações. O dia santo do povo judeu era o sábado, como recordação da criação do mundo, o dia em que Deus contemplou sua obra e viu que tudo estava bem feito.
E eu estou chamando a atenção de vocês para essa observação do evangelista: “Conforme seu costume, Jesus entrou na sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura”. Vemos um jovem comprometido com a sua comunidade de fé, fiel às tradições religiosas do seu povo. E, mesmo sendo o filho de Deus, está integrado numa prática religiosa, valorizando e participando das celebrações de sua comunidade. Claro, nós não somos judeus, embora conservemos no AT os seus livros sagrados. Guardamos o domingo, por causa da ressurreição de Jesus que foi nesse dia, mas conservamos o ritmo de celebrações semanais em nossas igrejas.
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Um bom seguidor de Jesus o imita nesse zelo pela participação semanal em sua comunidade religiosa, para ouvir a Palavra de  Deus e celebrar a Ceia do Senhor. Isso tem que ser um hábito, um compromisso semanal. Sem esse ritmo, nossa vida cristã se alimenta vagamente e ocasionalmente. O resultado é uma vida espiritual fraca, apagada e desligada do ritmo litúrgico da Igreja. E isso é pra você. Aprenda com Jesus. Ele não faltava, aos sábados, à reunião da Sinagoga. Observe ainda como ele não apenas era um fiel presente, mas uma pessoa ativa que assumia tarefas na celebração. É o que lemos hoje: Levanta-se para ler, e, depois, comenta a palavra lida, como era costume os leigos fazerem.
Conforme seu costume, Jesus entrou na Sinagoga, no sábado, e levantou-se para fazer a leitura (Lc 4, 16
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,

VADE RETRO, SATANAS!

Vai para longe, Satanás! Tu és para mim uma pedra de tropeço (Mt 16, 23)

Quando Dom Bosco se ordenou padre, sua mãe Mamãe Margarida lhe disse uma coisa que ele, certamente, na hora, não entendeu. “Meu filho, começar a dizer Missa é começar a sofrer”. Você também não entendeu, não foi? Mas, vai entender. Olha a sabedoria dessa camponesa analfabeta: quando alguém percorre o mesmo caminho de Jesus, encontra também sofrimentos, como ele encontrou.

Olha o que diz o evangelho. Jesus estava explicando aos discípulos que ele devia ir a Jerusalém e sofrer muito. Notou isso? “Sofrer muito”. Seria rejeitado pelos líderes do seu povo que o entregariam à morte, mas ressuscitaria ao terceiro dia. Essa era uma passagem difícil do caminho de Jesus: a rejeição e a morte. E ele não queria fugir desse momento. Estava resolvido a enfrentar esse sofrimento, com a doação de sua vida e com total confiança no Pai.

Se despendesse de Pedro, a história de Jesus teria sido outra. Ele dispensaria o capítulo da paixão e da morte de Jesus. Jesus realizaria toda a sua missão sem sofrimento, sem precisar passar pelo vexame da cruz. O que Pedro queria é o que nós queremos. Não queremos assumir os sofrimentos, as provações que vêm junto com nossa opção por Jesus Cristo e por seu evangelho. Seguir Jesus, tudo bem. Sofrer como ele, não. Triunfo, sim; cruz, não. Na primeira crise, o casamento desagua em divórcio. Numa avaliação mais rigorosa de um professor, abandona-se a faculdade. No meio de uma crise existencial, o reverendo abandona o ministério.  Basta uma cara feia do coordenador de minha pastoral que eu desisto, não estou aqui para sofrer. Fugimos de qualquer sofrimento.

Pedro chamou Jesus à parte e o repreendeu. “Não diga uma coisa dessas. Tire esse negócio de se dar mal em Jerusalém da cabeça. Deus não vai permitir uma desgraça dessa. Isso não vai lhe acontecer”. A reação de Jesus espantou os discípulos: “Vade retro, satanás! Sai daqui, afaste-se! Você não está pensando segundo o que Deus quer, mas segundo a vontade do homem”. Foi um choque para Pedro e para os seus colegas. Em outro momento, Pedro tinha sido elogiado porque tinha reconhecido que Jesus era o Messias, o filho do Deus vivo. E agora, Jesus o estava tratando como satanás, o tentador.  É isso mesmo! Quem proclama que Jesus é o Messias  tem também que subir com ele o calvário.

Todo o evangelho é um convite a nos tornarmos seguidores de Jesus. Seguidor é o que pega a mesma estrada de Jesus, quem faz o seu caminho.  No caminho de Jesus tem a cruz, a rejeição do seu povo, a traição dos amigos, a inveja dos chefes, a violência dos dominadores. Discípulo é quem o segue. E quem o segue, por causa de sua fé, por causa do Reino que Jesus pregou, vai passar também por alguma dificuldade, por algum sofrimento por causa de sua fé e do seu amor a Cristo. Por isso, Jesus disse: “quem quiser me seguir, tome sua cruz e me siga”.

Então, Mamãe Margarida, a mãe de Dom Bosco tinha razão. “Começar a dizer Missa é começar a sofrer”. Isto ela dizia para o seu filho que tinha acabado  de ser ordenado padre. Mas, o que ela disse se estende a nós também: “Fazer opção por Jesus é começar a sofrer”.

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Ninguém quer sofrer. Todo mundo foge do sofrimento. Vivemos a ‘civilização do analgésico’. O evangelho nos faz um convite: seguir Jesus. Jesus nos alerta sobre o sofrimento que existe no seu caminho. Quem o quiser seguir, precisa renunciar a ser o centro de sua vida, para realizar a vontade de Deus. Claro, a vontade de Deus não é que a gente sofra. E não é de qualquer sofrimento que Jesus está falando. Trata-se do sofrimento que é inerente à nossa escolha, à nossa opção de viver como seguidores de Jesus. Quem o quiser seguir, tem que estar pronto para participar também da travessia difícil do sofrimento que vem por causa da fé e do evangelho que se abraça. São as renúncias a se fazer, o peso da fidelidade e da perseverança nas horas difícieis, a incompreensão, a discriminação, até a perseguição... Seguir com Jesus não é estar com ele só no triunfo, é estar com ele também na paixão.

SEU REINALDO

Como tu foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. (Mt 25, 21)
Você já vendeu rifa, alguma vez? Quem não vendeu, não é verdade. No trabalho de comunidade, tem sempre uma rifa... Uma vez, na comunidade onde eu trabalhava, fizemos uma rifa de um carro. Bom, um carro velho, mas um carro. Estávamos construindo uma Capela. E combinamos essa rifa para levantar recursos para a construção. Fizemos os talões. E saímos convencendo as pessoas de boa vontade a nos ajudarem a vender. Alguém se prontificou a passar 100 bilhetes. A maior parte ficou mesmo com um talão de 50 bilhetes. Mas, seu Reinaldo cismou que só tinha tempo para passar 10 bilhetes. ‘Tudo bem, vamos trabalhar!’ Fizemos muita divulgação, conseguimos até um carro de som para circular nas ruas da comunidade.  Afinal, chegou o dia do sorteio do carro. Bom, dia de prestação de contas. Quem pegou 100 bilhetes trouxe o dinheiro que arrecadou. Vendeu todos os bilhetes. ‘Oh irmão, Deus abençoe você, multiplique seus negócios. Muito obrigado’. Quem pegou 50 bilhetes vendeu tudo... cada um contava sua história de persistência, de convencimento, de conquista. ‘Oh irmã que bênção o seu compromisso com a comunidade. Muito obrigado’. Chegou Seu Reinaldo, aquele que só podia vender 10 bilhetes. ‘Traga o dinheirinho pra cá, Seu Reinaldo’. Seu Reinaldo – oh meu Deus! – trouxe os bilhetes de volta. ‘Não deu, não tive tempo, o povo já está enjoado de tanta rifa’. Na comissão, um olhou pro outro, com ar de reprovação e desencanto. Foi Seu Reinaldo sair da sala, começou a ladainha:  ‘Oh sujeito preguiçoso, meu Deus! Oh cara sem compromisso com a comunidade. Oh que raiva desse Seu Reinaldo!”. Cada um desabafou como pode. Se dependesse de Seu Reinaldo, a Capela não tinha saído. Mas, saiu, ficou bonita. Chamamos o bispo pra abençoar. A inauguração foi um dia de festa e de alegria.
A história que Jesus contou, no evangelho de hoje, bem que se parece com a de Seu Reinaldo. Jesus contou que um homem, antes de viajar para o estrangeiro, confiou seus bens a seus empregados.  Cada um recebeu uma parte do seu capital e devia lhe prestar contas na volta de sua viagem. Um recebeu cinco talentos; outro, dois talentos e outro, um talento. Só para lembrar: um talento é uma boa quantidade de dinheiro. O que recebeu cinco arregaçou as mangas e investiu o dinheiro em novos negócios e conseguiu dobrar a quantia. O que recebeu dois, também. Só o que recebeu um, achou que a coisa era difícil, que não iria dar certo, que era arriscado negociar com dinheiro dos outros, preferiu enterrá-lo no chão, por segurança, para devolvê-lo na volta do patrão.
Na hora da prestação de contas, o patrão ficou aborrecido com esse seu empregado.  Chamou-o de servo mau e preguiçoso. Reclamou muito e o pôs pra fora. Mas, ficou muito satisfeito com o que os outros dois conseguiram: eles trabalharam, se mexeram e conseguiram dobrar a quantia recebida. O patrão elogiou o seu procedimento e confiou-lhes muito mais.
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Essa parábola de Jesus é uma representação de nossa vida. Deus nos confiou talentos em quantidades diferentes: qualidades, capacidades, oportunidades. Cabe-nos, com  esforço e fidelidade, investir esses recursos que ele nos disponibilizou,  multiplicar o que recebemos. Afinal, daremos conta do que recebemos. Mesmo que alguém tenha recebido menos que outros, não está certo acomodar-se e enterrar o seu talento. Não fazer como Seu Reinaldo. Ele, com a desculpa de não ter tempo, por medo ou por preguiça, deixou de participar, de oferecer sua parte.

BARRADAS NO BAILE

Chegaram também as outras jovens e disseram: ‘Senhor, Senhor, abre-nos a porta!’ (Mt 25, 11)

Você, me diga uma coisa, já barraram você numa festa? Ah, é uma coisa muito chata. Uma vez, eu fui para a festa de formatura de um colega, uma dessas solenidades feitas à noite em casas de festas chic, com todo aquele glamour e, claro, muita segurança. Meu colega tinha me enviado o convite, e junto mandou a senha de ingresso para a festa. Eu já fui um pouco atrasado, dadas outras ocupações, e nem me lembrei da tal senha. Resultado: fui barrado na entrada da festa. E não tive pra quem apelar. Telefones desligados, seguranças mal humorados... Não deu outra, barrado na festa. Você, já passou por uma situação desta? É muito chato.

A história do evangelho de hoje conta uma história parecida, a história de cinco moças que foram barradas numa festa, numa festa de casamento. E o mais chato, sabe o que foi, é que elas eram pagens do noivo, faziam parte de um grupo que acompanharia o ingresso do noivo na cerimônia. Naquele tempo, as casas de festa não eram tão chics, mas o negócio era organizado. Eram dez moças que iam entrar na cerimônia, acompanhando noivo... olha que história!

Dez moças estavam aguardando a hora de entrar com o noivo na festa de casamento. Cada uma com sua lâmpada de óleo na mão. Lembre que, no tempo de Jesus, não havia luz elétrica. O noivo demorou a chegar. Elas acabaram cochilando e dormindo. Acordaram com alguém gritando: “o noivo está chegando!”. Foi aquele alvoroço. Apareceu logo um problema: cinco lâmpadas estavam já se apagando. E suas donas não tinham levado uma reserva de óleo para reabastecê-las. E agora? Pediram às outras cinco para dividir com elas o óleo de reserva que cada uma tinha levado. ‘Não dá. Assim, no meio da festa, todas as lâmpadas de óleo vão se apagar. É melhor vocês saírem para comprar óleo’. Lá se foram esbaforidas as cinco jovens, atrás de comprar óleo numa hora daquelas. O noivo chegou, entrou todo mundo, as portas se fecharam. Quando voltaram, coitadas, não puderam mais entrar. Até o noivo, mandou dizer que não sabia quem eram elas. Barradas na festa.

Eu esqueci a senha para entrar na festa de formatura do meu amigo. Por que me esqueci? Porque de fato não estava muito ligado no acontecimento. Iria à festa se desse tempo, era apenas um programa possível, não uma prioridade daquele meu dia. Esquecer a senha não foi um detalhe. Foi um sinal de que eu não estava realmente ligado naquele evento de formatura. As cinco moças esqueceram-se de levar um óleo de reserva. Por que esqueceram? Com certeza, porque participar do casamento, mesmo como damas de acompanhamento, não era o seu grande objetivo de vida. Com certeza, tinham sido escolhidas para essa tarefa, mas elas não estavam realmente focadas nisso. Não se preparam adequadamente prevendo uma reserva de óleo, nem tiveram tempo nem cabeça pra isso, com outras tarefas do dia, com certeza. Não entrar na festa do meu amigo não estragou minha vida. Fiquei só chateado. Mas, para as moças foi o fracasso de suas vidas. Sabe por que? Porque elas viviam para esse grande momento, para o encontro com o noivo. Bom, aqui precisava maior explicação, mas vamos assim mesmo. Porque o noivo era o noivo delas. O noivo é Jesus. As moças somos nós, sua Igreja. E vivemos para esse grande encontro com o Senhor que está chegando. Reparou que, na historia, não tem noivas? As noivas são elas. A Igreja é a noiva que aguarda a chegada do seu Senhor, para a celebração das núpcias eternas. As noivas, compreendam, somos nós. Não entrar na festa é perder a eterna salvação.

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O que será que Jesus quis ensinar com essa parábola? A lição está no fim da história. “Portanto, fiquem vigilantes, porque ninguém sabe o dia, nem a hora”. Está no contexto da preocupação de Jesus pra gente não relaxar, enquanto esperamos a sua volta. O noivo está demorando. O noivo é ele. Está demorando, mas chega a qualquer momento. A noiva somos nós, a Igreja. Reparou que cinco se perderam. Ninguém se perde só, já dizia Santa Terezinha. Por isso mesmo, nada de baixar a guarda, de descuidar-se... O tempo de espera é tempo de compromisso, de construção.  Vigilância é a marca desse tempo em que estamos vivendo, enquanto o aguardamos. Vigilância é não deixarmos para depois o que temos que fazer hoje, é fazer bem o que temos que fazer hoje, é estarmos com tudo pronto para o grande encontro. Porque ninguém sabe o dia, nem a hora.

VIGILANTE OU RELAXADO?

Fiquem atentos, porque vocês não sabem que dia virá o Senhor! (Mt 24, 42)

Nós aguardamos a volta de Jesus. Estamos esperando a sua volta. O final do Livro do Apocalipse apresenta a Igreja como uma noiva que aguarda a chegada do noivo para o grande casamento. Será uma grande manifestação de triunfo de Cristo Senhor e do seu povo. A sua vinda será um momento de júbilo para uns e de juízo para outros. Por isso, apesar da alegria da espera, ficamos um tanto temerosos.

Jesus contou uma parábola interessante, a este respeito. Um senhor deixou um empregado cuidando de sua casa e dos seus negócios. E empreendeu uma grande viagem. E como estava demorando a voltar, o tal empregado desandou nas suas responsabilidades. Ficou cada dia mais violento com as pessoas da casa, embrigando-se e promovendo farras. A casa ficou de pernas pra cima, ninguém se entendia mais, um desmantelo. O patrão chegou sem ninguém esperar. E o resultado: o tal empregado deu-se muito mal. Foi duramente castigado.

Todo mundo entende essa parábola de Jesus. E sabe bem que, mesmo ele não voltando logo, precisamos estar sempre preparados, cumprindo bem nossas tarefas, realizando bem a nossa missão. Jesus, com essa história, quis nos incentivar a estar sempre vigilantes. Nós cuidamos de algo de que fomos encarregados. E disso, seremos cobrados, vamos prestar contas. Na parábola, o empregado cuidava da Casa do seu senhor. E é isso que nós precisamos aprender: a coisa principal é cuidar das pessoas, pessoas que podem estar sob nossa responsabilidade, mas não são nossa propriedade. O pai e a mãe de família cuidam de sua casa, das pessoas que estão sob sua dependência. E precisam estar sempre atentos, vigilantes para o mal não penetrar em sua casa, como Jesus falou na parábola. Ele falou: “Se o dono da casa soubesse a que horas viria o ladrão, certamente vigiaria e não deixaria que a sua casa fosse arrombada”.

O fato de Jesus estar demorando, não quer dizer que ele não vem. E não pode ser motivo para relaxamento, despreocupação, abandono da missão. Vigilância é o ensinamento de hoje.
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Jesus alertou sobre a vigilância: estarmos atentos, acordados, despertos... não permitindo que o mal penetre em nossa casa, em nossa família. Casa que é  antes de tudo dele, pois aí estamos como encarregados, investidos de autoridade e de responsabilidade por ele mesmo. E é a ele que daremos conta. Cuidar das pessoas é a nossa missão. Vigilância é a nossa atitude permanente.

Fiquem atentos, porque vocês não sabem que dia virá o Senhor! (Mt 24, 42)

Vamos acolher a Palavra com uma prece

Senhor Jesus,
Na parábola que contaste, tem o administrador fiel que cuidou bem de sua casa, alimentou bem seus dependentes, zelou para que tudo andasse direitinho, estava sempre vigilante, atento. E disseste: “Feliz o empregado que o senhor quando voltar o encontrar assim”. Nós queremos, Senhor, ser zelosos e vigilantes como esse empregado elogiado. Ajuda-nos, Senhor, a cumprir bem nossas obrigações em nossas famílias, ajuda-nos  a providenciar o necessário para vivermos dignamente e dá-nos sabedoria para conduzir bem aqueles que colocastes sob nossa responsabilidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

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Nós amamos Jesus e guardamos a sua palavra.

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