PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: parábola dos talentos
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O QUE O TERCEIRO SERVO ME DISSE

MEDITAÇÃO PARA 
O DOMINGO 
19 DE NOVEMBRO

A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade (Mt 25, 15).
Gente de Deus, não é que eu encontrei o servo que recebeu um talento, aquele da história de Jesus! Encontrei-o numa viagem. Conheci logo pela cara. Aquela cara de tristezas envergonhada... Ele estava acompanhado da esposa, sofrida como ele, coitada. Ah, não perdi a oportunidade. ‘Prazer em conhecê-lo, senhor servo. Tenho muita curiosidade a respeito de alguns fatos de sua vida. Espero não ser inconveniente’... Fui direto ao assunto: ‘Me diga uma coisa, naquele episódio da distribuição dos talentos, o senhor ficou revoltado porque recebeu tão pouco?’
Ele ficou me olhando... ‘Bom, me disse ele depois de pigarrear, você quer saber se eu fiquei revoltado porque só recebi um talento. Você sabe quanto era um talento? Era um bom dinheiro. Um talento era uma soma de 6.000 denários. Um denário era a diária de um trabalhador. Um talento daria a soma do ganho de 16 anos de trabalho ou mais. Era um bom dinheiro. Você sabe que meus dois colegas receberam mais do que eu. Um recebeu dois talentos e o outro, recebeu cinco. Mas, sinceramente, eu não fiquei revoltado. O patrão deu a cada um conforme a sua capacidade. Ele entregou os seus bens pra gente administrar. Como ele tinha muito mais, quando ele voltou de viagem e houve a prestação de contas, ele disse a cada um dos meus colegas: “muito bem, servo bom e fiel, como foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais”. Verdade seja dita, era um bom patrão e confiou em nós’.
Bom, aí, eu fiquei mais curioso ainda... e fiz uma outra pergunta, com cuidado para não ofendê-lo. ‘E por que o senhor não conseguiu render como os outros, por que o senhor enterrou o dinheiro do seu patrão?’ Ele suspirou profundamente.... e respondeu. ‘Sabe o que foi? Eu fiquei com medo de não dar conta, eu sabia que o patrão iria me cobrar, ele era muito exigente, tive medo de arriscar. Achei melhor não mexer naquele dinheiro e guarda-lo para devolvê-lo certinho quando ele voltasse. Vai que ele voltasse logo... Talvez você não saiba, mas naquela época a forma mais segura de guardar dinheiro era debaixo da terra mesmo’. Foi aí que a mulher dele, meio sem paciência, partiu para uma explicação mais clara: ‘Olha, moço, vamos falar a verdade... Meu marido teve medo de se aventurar em negócios que não dessem certo e teve medo do patrão também. Agora, cá pra nós, o medo dele serviu de desculpa, para ele não se mexer, não enfrentar a trabalheira que iria ter’. Cá comigo, me vieram aquelas palavrinhas da história de Jesus ‘servo mau e preguiçoso’. Esse negligente cruzou os braços, na hora que era preciso ir à luta! Foi aí que eu arrisquei um comentário em voz alta: ‘É, os outros dois não perderam tempo, trabalharam duro e chegaram a dobrar o valor que receberam”. E, antes que viesse uma reação, lancei logo a última pergunta.  

Fazendo um pouco de média, eu disse: ‘É, meu irmão, patrão só fica feliz quando tira o coro do empregado. Você foi honesto com ele, devolveu o dinheiro dele certinho... Você não acha que ele foi injusto com você, despediu você sem dor, nem piedade?’  O sujeito, já apanhado da vida, ponderou... ‘É, a gente colhe o que planta. Como empregado dele, minha obrigação era fazer prosperar o seu negócio, esse era o meu trabalho. Se eu me neguei a isso, não merecia mais permanecer na sua casa. Ele estava com a razão. Agora, aqui fora é que eu sei a oportunidade que perdi... E a mulher dele completou: ‘Nós sabemos, meu velho, nós sabemos...’.

 Vamos guardar a mensagem de hoje

Na parábola, o patrão é Deus. Ele nos confia seus bens para administramos. Cada servo recebe segundo sua capacidade. E não recebe pouco. Sua função é trabalhar, é empreender, é fazer render o que recebeu. Com os dons que o senhor nos confia, podemos contribuir para que tudo melhore ao nosso redor: a família, a comunidade, a escola, o bairro, o mundo... Não foram poucos os recursos que Deus nos deu: consciência, inteligência, saúde, família, amigos, oportunidades... E esses dons humanos são pequenos e poucos diante dos bens eternos que ele nos concede: a fé, a intercessão da Virgem Maria, a pertença à Igreja, o dom do Espírito Santo, o perdão dos pecados, a luz de sua Palavra, a presença eucarística de Jesus... Não podemos enterrar esses talentos. Temos que nos empenhar, como servos bons e fiéis, para que haja crescimento, para que apareçam frutos, para que tudo melhore para felicidade nossa, para o bem dos que nos cercam e para a glória do nosso Senhor e Deus.

A um deu cinco talentos, a outro deu dois e ao terceiro, um; a cada qual de acordo com a sua capacidade (Mt 25, 15).
Senhor Jesus,

SEU REINALDO

Como tu foste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei muito mais. (Mt 25, 21)
Você já vendeu rifa, alguma vez? Quem não vendeu, não é verdade. No trabalho de comunidade, tem sempre uma rifa... Uma vez, na comunidade onde eu trabalhava, fizemos uma rifa de um carro. Bom, um carro velho, mas um carro. Estávamos construindo uma Capela. E combinamos essa rifa para levantar recursos para a construção. Fizemos os talões. E saímos convencendo as pessoas de boa vontade a nos ajudarem a vender. Alguém se prontificou a passar 100 bilhetes. A maior parte ficou mesmo com um talão de 50 bilhetes. Mas, seu Reinaldo cismou que só tinha tempo para passar 10 bilhetes. ‘Tudo bem, vamos trabalhar!’ Fizemos muita divulgação, conseguimos até um carro de som para circular nas ruas da comunidade.  Afinal, chegou o dia do sorteio do carro. Bom, dia de prestação de contas. Quem pegou 100 bilhetes trouxe o dinheiro que arrecadou. Vendeu todos os bilhetes. ‘Oh irmão, Deus abençoe você, multiplique seus negócios. Muito obrigado’. Quem pegou 50 bilhetes vendeu tudo... cada um contava sua história de persistência, de convencimento, de conquista. ‘Oh irmã que bênção o seu compromisso com a comunidade. Muito obrigado’. Chegou Seu Reinaldo, aquele que só podia vender 10 bilhetes. ‘Traga o dinheirinho pra cá, Seu Reinaldo’. Seu Reinaldo – oh meu Deus! – trouxe os bilhetes de volta. ‘Não deu, não tive tempo, o povo já está enjoado de tanta rifa’. Na comissão, um olhou pro outro, com ar de reprovação e desencanto. Foi Seu Reinaldo sair da sala, começou a ladainha:  ‘Oh sujeito preguiçoso, meu Deus! Oh cara sem compromisso com a comunidade. Oh que raiva desse Seu Reinaldo!”. Cada um desabafou como pode. Se dependesse de Seu Reinaldo, a Capela não tinha saído. Mas, saiu, ficou bonita. Chamamos o bispo pra abençoar. A inauguração foi um dia de festa e de alegria.
A história que Jesus contou, no evangelho de hoje, bem que se parece com a de Seu Reinaldo. Jesus contou que um homem, antes de viajar para o estrangeiro, confiou seus bens a seus empregados.  Cada um recebeu uma parte do seu capital e devia lhe prestar contas na volta de sua viagem. Um recebeu cinco talentos; outro, dois talentos e outro, um talento. Só para lembrar: um talento é uma boa quantidade de dinheiro. O que recebeu cinco arregaçou as mangas e investiu o dinheiro em novos negócios e conseguiu dobrar a quantia. O que recebeu dois, também. Só o que recebeu um, achou que a coisa era difícil, que não iria dar certo, que era arriscado negociar com dinheiro dos outros, preferiu enterrá-lo no chão, por segurança, para devolvê-lo na volta do patrão.
Na hora da prestação de contas, o patrão ficou aborrecido com esse seu empregado.  Chamou-o de servo mau e preguiçoso. Reclamou muito e o pôs pra fora. Mas, ficou muito satisfeito com o que os outros dois conseguiram: eles trabalharam, se mexeram e conseguiram dobrar a quantia recebida. O patrão elogiou o seu procedimento e confiou-lhes muito mais.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Essa parábola de Jesus é uma representação de nossa vida. Deus nos confiou talentos em quantidades diferentes: qualidades, capacidades, oportunidades. Cabe-nos, com  esforço e fidelidade, investir esses recursos que ele nos disponibilizou,  multiplicar o que recebemos. Afinal, daremos conta do que recebemos. Mesmo que alguém tenha recebido menos que outros, não está certo acomodar-se e enterrar o seu talento. Não fazer como Seu Reinaldo. Ele, com a desculpa de não ter tempo, por medo ou por preguiça, deixou de participar, de oferecer sua parte.

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