PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

QUEM AMA, CORRIGE



Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo. Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão (Mt 18, 15)

12 de agosto de 2020.

A comunidade cristã é o lugar da experiência do amor mútuo. Ela é constituída por pessoas amadas pelo Pai, renascidas em Cristo, santificadas pelo Espírito Santo. A comunidade é o lugar do amor, da unidade. É já um reflexo do amor e da comunhão da Santíssima Trindade. Comunidade cristã é a família, a comunidade eclesial da qual você participa, a comunidade paroquial, a Igreja.
Na comunidade, na família, buscamos viver o ideal do amor em Deus, amor que nos gerou como filhos pela evangelização e pelo batismo. Deus nos ama, nós o amamos e procuramos viver em fraternidade, em comunhão. Vivendo em unidade, Jesus está presente conosco. “Onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estou aí, no meio deles”, nos disse o Senhor. 

Acontece que esse ideal de amor em família, em comunidade, na paróquia, na Igreja muitas vezes é ferido por atitudes egoístas, deslealdades, ofensas. São pecados contra a fraternidade, a comunhão, contrários ao amor que devemos uns aos outros. E todo mundo tem experiência disso… Gente que, por espírito de orgulho e soberba, humilha o irmão ou a irmã, desconsidera, trapaceia, difama o seu próximo. Gente movida pela inveja, por interesses escusos, por sede de poder.... tem de tudo. Estamos mergulhados na grande experiência do amor de Deus na comunidade, mas somos ainda fracos e pecadores.


Diante disso, vem o ensinamento de Jesus no sermão da comunidade, no capítulo 18 de São Mateus. Jesus oferece um passo a passo sobre como reagir no caso de um irmão, na comunidade, pecar contra você. Somos responsáveis uns pelos outros. Devemos corrigir o nosso irmão. Não podemos deixá-lo no erro e fazer de conta que não temos nada a ver com isso. É o que chamamos de correção fraterna.

Guardando a mensagem.


A correção fraterna é a resposta amorosa e responsável de quem se sente ofendido pelo outro ou na obrigação de ajudar o outro a se conduzir melhor. A maioria das pessoas quando se sente ofendida, na comunidade, parte para a murmuração contra aquele irmão ou irmã e procura isolar aquela pessoa dos seus amigos, dos seus grupos de influência. Errado. O caminho para o restabelecimento da fraternidade é o da correção fraterna. Começa quando você, tendo sofrido uma ofensa, procura o seu agressor para resolver a situação. “Se teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo”, ensinou Jesus. Não dando certo, voltar a conversar na presença de duas ou três testemunhas. Se essas pessoas forem amigos em comum, tanto melhor. Assim, a pessoa se sentirá num ambiente seguro, não de ameaça. Se ainda não se resolver, levar o assunto à própria comunidade ou às suas lideranças. A Igreja deve chamar a atenção daquela pessoa, recordando-lhe o caminho dos discípulos de Jesus, os apelos do Reino de Deus. Não tendo jeito mesmo, então, reconhecer que essa pessoa se excluiu da comunidade, que está fora do caminho do evangelho. Pode, então, tratá-lo como um estranho, não mais como um irmão de comunidade.

Se o teu irmão pecar contra ti, vai corrigi-lo, mas em particular, a sós contigo. Se ele te ouvir, tu ganhaste o teu irmão (Mt 18, 15)

Rezando a mensagem

Senhor Jesus,
Não é fácil corrigir o outro. Mas, isso é necessário para o seu crescimento no evangelho. É um sinal de responsabilidade de nossa parte para com ele e para com a comunidade. Como ensinaste, a correção fraterna deve ser feita com caridade e com respeito e percorrendo os passos que nos indicaste. Senhor, também não é fácil receber a correção fraterna. É preciso humildade para reconhecer os nossos próprios erros e espírito de conversão para acolher a graça de Deus e o apoio fraterno na superação de nossas infidelidades. Sustenta-nos, Senhor, no caminho do verdadeiro amor pelos nossos parentes e pelos irmãos e irmãs de comunidade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No clima da Semana Nacional da Família, pense em que você poderia colaborar para o crescimento cristão de sua família. A indiferença é o contrário do ensinamento de Jesus. Somos responsáveis uns pelos outros.

Na novena de Dom Bosco que estamos fazendo em nossos programas de rádio, o tema de hoje é o amor à Igreja de Cristo. Você encontra a novena no final da Meditação de hoje no meu blog padrejoaocarlos.com. Quem recebe a meditação no celular, é só clicar no link que enviei.

Contagem regressiva para a nossa próxima live musical solidária. Faltando 04 dias. É sábado próximo. É bom se inscrever ainda hoje no meu canal do youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb









NOVENA DE DOM BOSCO 

Terceiro dia

Tema: O amor à Igreja de Cristo

Escreveu São João Bosco: “Todo sacrifício é pouco quando se trata da Igreja e do papado”

Oh! Dom Bosco Santo! Pelo amor filial que tiveste à Santa Igreja e ao Sumo Pontífice, a quem defendeste constantemente; alcança-nos a graça de ser sempre dignos filhos da Igreja Católica, e de amar o Papa, acolher os seus ensinamentos e viver na unidade da Santa Igreja.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo. Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

São João Bosco – rogai por nós.

O MAIOR NO REINO DE DEUS



Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus (Mt 18, 4) 

11 de agosto de 2020. 

A pergunta foi esta: quem é o maior no Reino de Deus? A essa indagação dos discípulos, Jesus responde com o exemplo da criança. É preciso se converter e se tornar como criança. Não se trata de chegar à elite, ser o maior. Trata-se de assumir a identidade de filho, ou como Jesus disse: fazer-se pequeno. 

O Reino de Deus é lá onde o senhorio de Deus é acolhido, lá onde Deus é reconhecido e amado como pai, lá onde os filhos de Deus se reconhecem como irmãos. Não é um reino de súditos e senhores, é uma grande casa de família, onde somos todos amados como filhos. O Reino também não é fruto de nosso merecimento, é bondade de Deus, amor imenso dele por nós. Quanto mais nos reconhecemos amados e necessitados desse amor, mais nos integramos na sua casa, no seu Reino. Somos filhos amados e isso não é uma conquista nossa, mas pura misericórdia de Deus. Sendo assim, não podemos invocar grandezas ou nos imaginar acima dos outros. 

Quem é o maior no Reino de Deus? Para a mentalidade do mundo, o maior é o que tem poder, dinheiro, prestígio, fama. O maior é o que manda, o aplaudido e servido pelos outros. Mas, o Reino de Deus não é uma cópia do nosso mundo, na esfera espiritual. Assim, nós anularíamos a Palavra de Deus e a ação transformadora do seu Espírito. Precisamos captar a novidade que vem da Palavra de Jesus, novidade que é um princípio de mudança em nossa sociedade. 

Então, quem é o maior no Reino de Deus? Jesus falou claro: “Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus”. Assim, no Reino de Deus, não há lugar para a soberba, o orgulho, a presunção de ser grande e de querer mandar nos outros. Grande é só Deus, imenso é o seu amor. Nós só temos uma grandeza: sermos seus filhos amados. 

E por que essa comparação com a criança? Porque a criança é filho; porque a criança aprende, exemplificando bem nossa condição de discípulos; porque a criança confia inteiramente nos seus pais. 

Guardando a mensagem 

O Reino de Deus não é cópia desse nosso mundo injusto e desigual. O Evangelho do Reino é anúncio de uma novidade, fermento de transformação de nossa sociedade. O pequeno é o mais importante, ensinou Jesus. Os filhos mais frágeis e sofredores, estes, sim, são os cidadãos mais importantes do Reino. O menor é o maior. Fazer parte do Reino é renunciar à mania de querer ser mais do que os outros. Todos somos filhos amados do Pai. Somos todos irmãos. Jesus continua nos dizendo que não entraremos no Reino se não nos convertermos, nos tornando como crianças. Nas crianças, nos vemos como filhos amados de Deus e como irmãos, chamados a viver a fraternidade. 

Quem se faz pequeno como esta criança, este é o maior no Reino dos Céus (Mt 18, 4) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
O convite que hoje nos fazes é pra gente deixar de pensar ou de querer ser grande, forte, poderoso, desejando estar acima dos outros. Assim, a gente não entra o Reino dos Céus, não recebe o abraço amoroso do pai. O teu convite, Senhor, é pra gente renunciar a essa pose de gente importante e independente, que não precisa de ninguém. No Reino de Deus, só tem lugar pra gente humilde, que reconhece que só Deus é grande e, nele, somos irmãos uns dos outros. Abençoa, Senhor, os que hoje se sentem desprotegidos e desorientados nessa vida, no meio de seus dramas e dificuldades. Sobre todos, seja a tua bênção e a tua paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra 



Nesta Semana Nacional da Família, identifique, na sua cabeça, quem são os pequeninos de sua família (crianças, idosos, doentes, os mais sofridos). Na dinâmica do Reino de Deus, eles são os mais importantes, os que têm prioridade sobre todos; eles são os maiores. 


Na novena de Dom Bosco que estamos fazendo em nossos programas de rádio, o tema de hoje é o amor à Mãe do Senhor. Você encontra a novena no final da Meditação de hoje no meu blog padrejoaocarlos.com . Quem recebe a meditação no celular, é só clicar no link que enviei.

Contagem regressiva para a nossa próxima live musical solidária. Faltando 05 dias. É sábado próximo. É bom se inscrever ainda hoje no meu canal do youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb





NOVENA DE DOM BOSCO 

Segundo dia


Tema: O amor à Mãe do Senhor

Escreveu São João Bosco: “Amai, honrai e servi a Maria”.



Oh! Dom Bosco Santo! Pelo amor terníssimo que tiveste a Maria Auxiliadora, tua mãe e mestra, alcança-nos uma verdadeira e constante devoção a tão dulcíssima mãe, a fim de que, como filhos seus devotíssimos, possamos merecer seu valioso patrocínio nesta vida e de um modo especial na hora de nossa morte.


Faça aqui o seu pedido....

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

São João Bosco – rogai por nós.

GRÃO DE TRIGO, COMO JESUS


Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo (Jo 12, 24)

10 de agosto de 2020 – Dia de São Lourenço, mártir.

Neste 10 de agosto, as leituras bíblicas apontam o exemplo de um mártir do século III da era cristã: São Lourenço. Ele era diácono da Igreja de Roma, coordenava um amplo atendimento aos pobres da cidade e assistia o Papa nas celebrações, junto com outros diáconos. Era o tempo do Papa Sisto II, tempo do Imperador Valeriano, feroz perseguidor da Igreja. O Papa estava celebrando nas catacumbas, com alguns diáconos, quando foi surpreendido pela polícia do império romano. Foi preso e martirizado. Em seguida, veio a prisão do diácono Lourenço. O prefeito da cidade exigiu os tesouros da Igreja. Lourenço prometeu apresentar-lhes toda a riqueza da Igreja. No dia combinado, reuniu uma multidão de assistidos (viúvas, pobres, cegos, aleijados, órfãos, idosos) e os apresentou ao prefeito ”Está aí o tesouro da Igreja”. Seu fim, depois de muitas torturas, foi a morte numa grelha de ferro sobre um braseiro. O tempo todo, Lourenço ficou rezando pela conversão do povo romano. Numa certa hora, chamou os algozes e sugeriu que o virassem de lado, pois já estava bem assado daquela parte. Um homem forte, cheio de fé, bem humorado, oferecendo sua vida por Cristo, como Cristo o fez por ele. 

No evangelho de hoje, Jesus diz: ”Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto” (Jo 12). Olha a dinâmica maravilhosa da obra de Deus no exemplo da germinação da semente de trigo. Da morte, nasce a vida. O grão de trigo enterrado na terra morre, se arrebenta de dentro pra fora. É assim que gera a plantinha, o pé de trigo. Só morrendo, dando-se a si mesmo, pode produzir uma planta que vai crescer e produzir espigas e chegar à nossa mesa como alimento para saciar a fome.

Jesus falava de si mesmo. Em sua paixão, ele foi o grão de trigo que caiu na terra e morreu para gerar muito fruto. Não se poupou a si mesmo, deu-se por completo. Não procurou salvar a sua pele, mas entregou-se sem reservas pelo bem dos outros. Jerus, assim, estava falando de sua morte, propriamente do sentido de sua vida e de sua morte. Sua morte não seria o fim. Seria o coroamento de sua missão, o ápice do seu serviço. Como escreveu São Paulo: “Quem semeia pouco colherá também pouco e quem semeia com largueza colherá também com largueza” (2 Cor 9).

Esse exemplo de Jesus, o grão de trigo, o próprio Jesus o aplicou aos seus seguidores. Disse ele: “Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna”. Se o grãozinho de trigo semeado nega-se a se entregar, a abrir-se à terra, a dar-se por completo, permanecerá apenas um grãozinho estéril, e daí a pouco será assimilado pela terra. Nada sobrará. Mas, se generosamente se entregar, se se abrir de dentro pra fora, morrendo na sua condição de grão, vai gerar uma nova planta que vai dar muitas espigas, multiplicar-se, alimentar muita gente. A morte da semente é a geração de uma nova vida, é o milagre do renascimento. Olha que sábia comparação essa de Jesus. A morte já contém a vida, se a vida for vivida com sentido.

Guardando a mensagem

Aos discípulos, Jesus fala de si como grão de trigo que morre para gerar muitos frutos. E fala que quem quiser servi-lo, precisa segui-lo pelos seus caminhos, imitá-lo em sua entrega pelos outros. Isso que Jesus disse ecoa de uma maneira muito especial nos dias de hoje. Estamos mergulhados em uma cultura que supervaloriza o sucesso individual, a busca do bem-estar e do prazer. O ideal, em nosso mundo, é ‘eu me dar bem’, fugindo de qualquer sacrifício ou sofrimento, pouco me importando com o sofrimento dos outros. Por que muita gente não quer ter filhos? Porque ter filho obriga os pais a viverem voltados para um outro, não para si mesmos. Por que muitos jovens refutam a vocação de consagração na Igreja? Porque este é o estilo de vida onde se vive para os outros, não para si mesmos. Por que boa parte dos matrimônios entra em crise? Porque um não quer sacrificar-se pelo bem do outro. Ainda somos grãos de trigo que, caindo na terra, negamo-nos a nos entregar, a nos sacrificar, a morrer para gerar vida.

Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo (Jo 12, 24)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Vemos hoje, na figura do diácono Lourenço, alguém que viveu esta tua palavra sobre o grão de trigo. O Papa São Leão Magno disse sobre ele que “as chamas não puderam vencer a caridade de Cristo; e o fogo que o queimava fora era mais fraco do que aquele que ardia dentro dele”. Contigo, Senhor, e com teu diácono Lourenço, recolhemos muitas lições para a nossa vida. Não é nos guardando, nos poupando que vamos gerar vida. Uma família não se constrói com gente comprometida apenas pela metade, poupando-se, fazendo o mínimo. Na verdade, nenhuma vocação – a do casamento, a do serviço do altar, a da consagração – nenhuma vocação é fecunda sem entrega, sem dedicação, sem renúncia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Dentro desta semana nacional da família, é bom você fazer, hoje, um exame de consciência. Que tipo de grão de trigo você está sendo em sua casa?

Na novena de Dom Bosco que estamos fazendo em nossos programas de rádio, o tema de hoje é o amor a Jesus Cristo. Você encontra a novena no final da Meditação de hoje no meu blog padrejoaocarlos.com . Quem recebe a meditação no celular, é só clicar no link que enviei.

Contagem regressiva para a nossa próxima live musical solidária. Faltando 06 dias. É sábado próximo. É bom se inscrever ainda hoje no meu canal do youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


NOVENA DE DOM BOSCO 

Primeiro dia


Tema: O amor a Jesus Cristo Salvador

Escreveu São João Bosco: “A nossa regra viva é Jesus Cristo”

ORAÇÃO
Oh! Dom Bosco Santo! Pelo amor ardente que tiveste a Jesus Sacramentado e pelo zelo com que propagaste seu culto, sobretudo com a assistência à Santa Missa, com a comunhão frequente e com a Visita cotidiana; alcança-nos a graça de crescer cada vez mais no amor e prática de tão santas devoções e de terminar nossos dias fortalecidos e confortados pelo celestial alimento da Santa Eucaristia.

Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

São João Bosco – rogai por nós.

QUANDO VOCÊ ESTIVER AFUNDANDO


Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

09 de Agosto de 2020

Você já ouviu alguém dizendo assim: “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”. Já ouviu? O que significa isso, “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”? Nesse modo de falar, navegar aqui é viver e o mar está identificado com problemas que se está enfrentando, certo? E se alguém disser: “mas, apesar do mar revolto, nós vamos conseguir atravessá-lo”, você entende? Claro, significa vamos vencer, mesmo passando por todas essas provações.

Bom, se estamos nos entendendo até aqui, vai dar pra gente entender bem o evangelho de hoje. Havia terminado aquela grande refeição com pão e peixe no deserto e Jesus mandara os discípulos atravessar o mar para irem a outra cidade. E ele ficou despedindo o povo. Depois, foi ao monte para rezar. De madrugada, foi ao encontro dos discípulos. Os discípulos estavam com muita dificuldade na travessia, porque os ventos estavam contrários. De madrugada, viram um vulto vindo para o lado deles, andando sobre as águas. Tiveram muito medo, acharam que era um fantasma. Jesus gritou de lá dizendo “Sou eu”, para eles não terem medo. E Pedro pediu para ir ao seu encontro andando sobre as águas. Até conseguiu. Mas, o vento o deixou com medo e ele começou a afundar. Pediu ajuda e Jesus o segurou pela mão. Entraram na barca e os ventos se acalmaram.

Agora, vamos recordar aquele momento da história do povo de Deus, na travessia do mar vermelho. Os soldados do faraó estavam chegando. Diante deles, só o mar. E eles, liderados por Moisés, com a assistência de Deus, entraram no mar e o atravessaram a pé enxuto. Eles venceram as águas. Fizeram a travessia daquele braço de mar, assistidos por Deus que separou as águas, as mesmas águas que acabaram por dificultar a perseguição dos soldados e até afogar cavalos e cavaleiros. Repita comigo: O povo de Deus atravessou o mar a pé enxuto, com a graça de Deus, venceu as águas.

Vamos voltar para o mar da Galileia, o grande lago em que os discípulos estão navegando à noite. Jesus os mandara atravessar o mar, na barca. Os ventos estão fortes e contrários. A vela rudimentar e os remos não estão dando conta. Três horas da manha e ainda não chegaram nem na metade. Que missão difícil Jesus deu aos discípulos: atravessar o mar numa hora daquela! Que missão difícil Jesus nos deu para atravessar o mar numa hora como essa... Essa qual? A hora do novo coronavírus, a hora do desemprego e da fome, a hora do drama dos migrantes e refugiados, da religião sem compromisso, a hora dos desgovernos e da violência. Os ventos estão contrários.

Numa hora como essa, tudo passa pela cabeça: ‘Vamos afundar’. ‘É melhor a gente desistir, vamos voltar’. ‘Não tem jeito, não temos força’. ‘Estamos perdidos. Os discípulos pensaram isso mesmo. Com a morte de Jesus, a dificuldade deles estava muito grande, com toda a oposição que sofriam e pela sensação de abandono: ‘Jesus morreu como malfeitor, não está mais com a gente’. Mas, quando tudo parecia perdido, aconteceu o inesperado para eles: Jesus ressuscitou. E lhes apareceu várias vezes. E eles até pensaram que era um fantasma. É isso que a cena de Jesus andando sobre as águas está nos dizendo: Jesus ressuscitado vem ao encontro dos seus discípulos, de sua Igreja. Não é um fantasma. É ele mesmo, vivo, glorioso. Ele manda nos ventos, ele acalma o mar. É ele que nos garante atravessar o mar, vencer as águas. Repita comigo: Os discípulos conseguem atravessar o mar, porque Jesus ressuscitado está com eles. É isso. A Igreja consegue realizar a sua missão, nessa travessia tão dolorosa, porque Jesus que já venceu as forças que se opõem ao Reino, está conosco.

Guardando a mensagem

O povo hebreu, assistido por Deus, atravessou o mar vermelho a pé enxuto. Venceu as águas que pareciam impedir que chegassem ao seu destino, à liberdade. Os discípulos na barca, imagem da Igreja, continuam a experimentar a ação de Deus no meio das dificuldades da travessia em todos os tempos. Jesus ressuscitado é quem garante a vitória sobre os ventos contrários que ameaçam naufragar a barca. É Jesus mesmo que ergue, pela mão, discípulos como Pedro que, com sua pouca fé, estão afundando. Jesus está vivo e vitorioso. E está conosco. A barca de Pedro vai chegar ao seu destino, apesar da oposição dos maus, dos inimigos que semeiam joio na calada da noite e apesar também da nossa fé tão pequena.

Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Neste início da Semana Nacional da Família, nós, nos parecemos com Pedro. São tantas as situações difíceis que enfrentamos na família e no mundo, nesse momento, em nossa travessia, que muita gente se desespera. E, mesmo tua presença, Senhor, nós a vemos muito longínqua, como a de um fantasma, um que já morreu. Senhor, no evangelho de hoje, percebemos tua presença vitoriosa entre nós. Tu és a garantia de que chegaremos ao nosso destino, que realizaremos bem a nossa missão. Senhor, toma-nos pela mão, quando estivermos afundando, em nossa falta de fé. Salva-nos, Senhor! Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, nos cabe um olhar de esperança sobre este mar de dificuldades que nos cerca. Em vez de se lamentar, acender a luz da fé para clarear a escuridão dessa noite. Particularmente, hoje reze pelos pais de sua família, pedindo a Jesus que segure pela mão os que parecem estar naufragando.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 




UM PAI INTERCEDENDO PELO FILHO DOENTE


Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)


08 de agosto de 2020.

Todo pai pede a Deus para que o seu filho venha com saúde. Às vezes, a natureza traz o filho com problemas. Não se pode colocar a culpa em Deus, de jeito nenhum. Deus faz tudo bem feito. O homem ou a natureza é que embaralham as coisas. Muita coisa a ciência ainda não sabe, está pesquisando. O certo é que, venha como vier, os pais recebam a sua criança com todo carinho. E Deus que é pai de todos está sempre por perto para socorrer, abençoar, providenciar o melhor para aquela família. Tenho visto que muitas vezes, por ter um filho com alguma deficiência (autismo, síndrome de down, uma grave alergia e tanta coisa mais...), exatamente por causa da fragilidade do filho, os pais terminam por se aproximar mais de Deus.

Bem na véspera do dia dos pais, nos vem esse belo texto do evangelho de São Mateus. Na cena do evangelho, “um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e disse: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Jesus estava no meio de uma multidão. Mas, aquele pai, vencendo qualquer respeito humano, apresenta seu pedido desesperado ao Mestre. Já tinha tentado que os discípulos resolvessem, mas eles não tinham conseguido ajudar. Aproximou-se de Jesus... Aproximar-se de Deus é a atitude número um de um pai. Aproximar-se do Senhor, ficar perto dele. O pai e a mãe, na verdade, já têm uma aproximação com Deus, porque eles participam do seu poder criador. Uma pessoa de fé sabe disso. O nascimento de uma criança é um dom maravilhoso de Deus, pela mediação de um pai e de uma mãe. A paternidade e a maternidade já deixam pai e mãe mais achegados a Deus.

Relendo o texto: Um homem aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se... Ajoelhar-se é a atitude de quem está diante de Deus. É uma atitude de adoração, de reconhecimento de sua dependência de Deus. A gente se ajoelha para acompanhar respeitosamente a consagração na Santa Missa ou diante de Jesus Eucarístico, em adoração. Ajoelhar-se é estar diante de Deus, com respeito e em reconhecimento de sua grandeza. Foi ajoelhado diante de Jesus que o pai pediu: “Senhor, tem piedade do meu filho”. Também esta palavra “Senhor” na boca desse pai tem sabor de reconhecimento de que está diante de Deus. Reconhecer que Jesus é o Senhor é uma profunda atitude de fé. A oração desse pai é uma oração de intercessão. E esta é uma das atribuições da missão paterna ou materna: interceder diante de Deus pelos seus filhos, pedir a Deus que os abençoe, os proteja dos perigos, os guarde, livre-os do mal.

“Senhor, tem piedade do meu filho. Ele é epiléptico, e sofre ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água”, disse o pai. Ainda hoje quem tem epilepsia é alvo de preconceito. Imaginemos o que não era há mais de 2.000 anos atrás, ainda mais naquele povo antigo que explicava qualquer doença como sendo uma possessão do demônio. Olha a aflição desse pai: seu filho epilético está tendo ataques tão fortes que muitas vezes cai no fogo ou na água. Imagine o cuidado permanente daquela família com esse filho.

Jesus mandou que trouxessem o menino, ou quem sabe já um adolescente. Dentro da lógica de sua gente, Jesus exorcizou o demônio da doença e o menino ficou bom, naquela mesma hora.

Guardando a mensagem.

Um pai aproximou-se de Jesus, ajoelhou-se e pediu em favor do seu filho epilético. Pela paternidade e pela maternidade, pai e mãe já estão mais próximos de Deus. Ajoelhar-se é um reconhecimento da divindade de Jesus. O pai não foi com dúvidas se Jesus podia ajudar ou não. O pai mostrou, por ter tratado o Mestre de ‘Senhor’ e por ter se ajoelhado, a sua completa confiança em Jesus. Ele pediu clemência para o filho epilético. E Jesus o curou, exorcizando o mal que estava nele. O pai quer sempre o melhor para o seu filho. E nunca pode esquecer de que ele, na obra da geração humana e na obra da educação, é parceiro de Deus.

Senhor, tem piedade do meu filho (Mt 17, 15)

Rezando a palavra.

Senhor Jesus,
No Evangelho, de vez em quando um pai vem ao teu encontro, pedindo em favor de um filho que está em situação desesperadora. Jairo, por exemplo, veio te contar a situação de sua filha adolescente, que havia morrido e pediu tua intervenção. Esse pai do evangelho de hoje, com um filho epilético, implorou a tua misericórdia. A todos, Senhor, tu atendias segundo a sua fé, não segundo os seus merecimentos. Continua, Senhor, ouvindo as preces dos pais e mães de hoje que te apresentam continuamente seus rogos em favor de seus filhos, sobretudo de quem está em perigo na alma e no corpo. Derrama, Senhor, tuas bênçãos sobre os pais, amanhã vamos festeja-los, no seu dia. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O melhor presente que você pode dar ao seu pai vivo ou falecido é rezar por ele. O maior presente é, com certeza, oferecer a Santa Missa em favor dele. Então, programe-se para, amanhã, participar da celebração em sua comunidade e oferecer a Santa Missa por seu pai.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




PARA SEGUIR JESUS




De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? (Mt 16, 26)

07 de agosto de 2020.



O chamado de Jesus é para que o sigamos. “Se alguém quer me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”. Começa-se por renunciar a si mesmo, já não ser mais o centro e a medida de tudo. Trata-se de você acolher Jesus como Guia de sua existência, escolhendo o seu caminho. Caminhar com ele, nos caminhos dele. Não andar atrás de outro que não seja Jesus, nem ficar dando voltas em torno de si mesmo. Renunciar a ser o centro de sua própria vida. E carregar a própria cruz: o peso de suas responsabilidades, as dificuldades e os problemas que lhe tocam. Não fugir dos problemas próprios da existência. E não deixar que eles nos desviem do caminho do Mestre. Somos seguidores dele. Ele nos leva ao Pai. É para lá que a gente está indo. Com ele.
O que no final vai mesmo valer a pena? No fim do caminho, estaremos frente à frente com Deus ou teremos nos desviado tanto dele durante a vida, que poderemos estar irremediavelmente distantes, perdidos. É uma possibilidade, porque Deus nos criou dotados de liberdade.

É que a gente corre tanto, desgasta-se na luta pela sobrevivência, procurando dar conta das responsabilidades inerentes à existência humana (ou dos fardos que arrumamos pra carregar por nossa própria conta)... Corremos tanto que podemos até esquecer para onde nós estamos indo. Deus não nos chamou à vida apenas para passar de fase: ser criança, jovem, adulto, velho... velho não, idoso. E terminar o nosso tempo bem velhinhos. Deus tem um projeto maior, mais nobre: chegarmos à plenitude e à felicidade de filhos, herdeiros de sua glória. Essa é a meta.

Como é triste vermos uma pessoa viver agarrada exclusivamente às coisas desta terra, coisas que passam, que ninguém leva quando morre. É claro, a gente tem que lutar, tem que se empenhar pra ter as coisas, para melhorar sua qualidade de vida. Mas, aqui não é tudo, nem isso é o mais importante. Deus é que é o nosso endereço, a nossa meta. Estamos aqui vivendo, por iniciativa dele. Saímos dele. Voltamos a ele. O caminho que é Jesus nos leva a ele. É em Deus, a nossa completa realização.

Guardando a mensagem

Jesus nos convida ao seu seguimento. Ele sabe para onde nos levar. Ele nos leva para nossa completa felicidade, nos leva ao Pai. Toda a nossa vida é uma grande caminhada. Seguindo Jesus, acertamos o caminho. Jesus colocou duas condições para quem aceita o convite para segui-lo: renunciar a si mesmo e carregar a própria cruz. Foi o caminho que ele também tomou: esvaziou-se a si mesmo, na sua encarnação; e carregou com fidelidade a cruz da rejeição, do nosso pecado. Foi assim que ele venceu. Ele é o caminho. Valerá a pena a vida que trilhar esse caminho.

De que adianta ao homem ganhar o mundo inteiro mas perder a sua vida? (Mt 16, 26)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
O risco é nós sermos seguidores de nós mesmos. Esse sentimento de autonomia é uma coisa positiva, claro. Mas, Senhor, quando leva a pessoa a excluir Deus de sua existência, aí a pessoa fica dando voltas sobre si mesma, sem rumo, nem direção. Sem Deus, que é nossa meta última, nós acabamos endeusando os bens dessa terra ou pessoas que nos pareçam maravilhosas. No fim, os bens passam e as pessoas decepcionam. Senhor, como cristãos, escolhemos um caminho pra seguir. Renunciando a nós mesmos e carregando o peso dessa vida, nós seguimos contigo. Tu és o caminho, a verdade e a vida. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, faça uma lista de situações difíceis que você está enfrentando atualmente. Depois, escreva uma breve oração, inspirando-se no que Jesus nos disse: “Se alguém quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome sua cruz e me siga”.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




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