PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: MEDO
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Senhor, salva-me, estou afundando!




   13 de agosto de 2023    

19º Domingo do Tempo Comum

Dia dos Pais


   Evangelho    


Mt 14,22-33

Depois da multiplicação dos pães, 22Jesus mandou que os discípulos entrassem na barca e seguissem, à sua frente, para o outro lado do mar, enquanto ele despediria as multidões. 23Depois de despedi-las, Jesus subiu ao monte, para orar a sós. A noite chegou, e Jesus continuava ali, sozinho.
24A barca, porém, já longe da terra, era agitada pelas ondas, pois o vento era contrário.
25Pelas três horas da manhã, Jesus veio até os discípulos, andando sobre o mar.
26Quando os discípulos o avistaram, andando sobre o mar, ficaram apavorados e disseram: “É um fantasma”. E gritaram de medo.
27Jesus, porém, logo lhes disse: “Coragem! Sou eu. Não tenhais medo!”
28Então Pedro lhe disse: “Senhor, se és tu, manda-me ir ao teu encontro, caminhando sobre a água”.
29E Jesus respondeu: “Vem!” Pedro desceu da barca e começou a andar sobre a água, em direção a Jesus.
30Mas, quando sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!”
31Jesus logo estendeu a mão, segurou Pedro, e lhe disse: “Homem fraco na fé, por que duvidaste?”
32Assim que subiram no barco, o vento se acalmou.
33Os que estavam no barco prostraram-se diante dele, dizendo: “Verdadeiramente, tu és o Filho de Deus!”



   Meditação    


Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

Você já ouviu alguém dizendo assim: “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”. Já ouviu? O que significa isso, “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”? Nesse modo de falar, navegar aqui é viver e o mar está identificado com problemas que se está enfrentando, certo? E se alguém disser: “mas, apesar do mar revolto, nós vamos conseguir atravessá-lo”, você entende? Claro, significa vamos vencer, mesmo passando por todas essas provações.

Bom, se estamos nos entendendo até aqui, vai dar pra gente entender bem o evangelho de hoje. Havia terminado aquela grande refeição com pão e peixe no deserto e Jesus mandara os discípulos atravessar o mar para irem a outra cidade. E ele ficou despedindo o povo. Depois, foi ao monte para rezar. De madrugada, foi ao encontro dos discípulos. Os discípulos estavam com muita dificuldade na travessia, porque os ventos estavam contrários. De madrugada, viram um vulto vindo para o lado deles, andando sobre as águas. Tiveram muito medo, acharam que era um fantasma. Jesus gritou de lá dizendo “Sou eu”, para eles não terem medo. E Pedro pediu para ir ao seu encontro andando sobre as águas. Até conseguiu. Mas, o vento o deixou com medo e ele começou a afundar. Pediu ajuda e Jesus o segurou pela mão. Entraram na barca e os ventos se acalmaram.

Agora, vamos recordar aquele momento da história do povo de Deus, na travessia do mar vermelho. Os soldados do faraó estavam chegando. Diante deles, só o mar. E eles, liderados por Moisés, com a assistência de Deus, entraram no mar e o atravessaram a pé enxuto. Eles venceram as águas. Fizeram a travessia daquele braço de mar, assistidos por Deus que separou as águas, as mesmas águas que acabaram por dificultar a perseguição dos soldados e até afogar cavalos e cavaleiros. Repita comigo: O povo de Deus atravessou o mar a pé enxuto, com a graça de Deus, venceu as águas.

Vamos voltar para o mar da Galileia, o grande lago em que os discípulos estão navegando à noite. Jesus os mandara atravessar o mar, na barca. Os ventos estão fortes e contrários. A vela rudimentar e os remos não estão dando conta. Três horas da manhã e ainda não chegaram nem na metade. Que missão difícil Jesus deu aos discípulos: atravessar o mar numa hora daquela! Que missão difícil Jesus nos deu para atravessar o mar numa hora como essa... Essa qual? Esta hora difícil que a humanidade está vivendo, que a Igreja está atravessando. Um tempo de guerras, de crise climática, de forte migração de populações fugindo da violência e da miséria. Um tempo de crise em nosso modelo de família, de mudança de costumes, de ampla circulação de drogas... Os ventos estão contrários.

Numa hora como essa, tudo passa pela cabeça: ‘Vamos afundar’. ‘É melhor a gente desistir, vamos voltar’. ‘Não tem jeito, não temos força’. ‘Estamos perdidos. Os discípulos pensaram isso mesmo. Com a morte de Jesus, a dificuldade deles estava muito grande, com toda a oposição que sofriam e pela sensação de abandono: ‘Jesus morreu como malfeitor, não está mais com a gente’. Mas, quando tudo parecia perdido, aconteceu o inesperado para eles: Jesus ressuscitou. E lhes apareceu várias vezes. E eles até pensaram que era um fantasma. É isso que a cena de Jesus andando sobre as águas está nos dizendo: Jesus ressuscitado vem ao encontro dos seus discípulos, de sua Igreja. Não é um fantasma. É ele mesmo, vivo, glorioso. Ele manda nos ventos, ele acalma o mar. É ele que nos garante atravessar o mar, vencer as águas. Repita comigo: Os discípulos conseguem atravessar o mar, porque Jesus ressuscitado está com eles. É isso. A Igreja consegue realizar a sua missão, nessa travessia tão dolorosa, porque Jesus que já venceu as forças que se opõem ao Reino, está conosco.




Guardando a mensagem

O povo hebreu, assistido por Deus, atravessou o mar vermelho a pé enxuto. Venceu as águas que pareciam impedir que chegassem ao seu destino, à liberdade. Os discípulos na barca, imagem da Igreja, continuam a experimentar a ação de Deus no meio das dificuldades da travessia em todos os tempos. Jesus ressuscitado é quem garante a vitória sobre os ventos contrários que ameaçam naufragar a barca. É Jesus mesmo que ergue, pela mão, discípulos como Pedro que, com sua pouca fé, estão afundando. Jesus está vivo e vitorioso. E está conosco. A barca de Pedro vai chegar ao seu destino, apesar da oposição dos maus, dos inimigos que semeiam joio na calada da noite e apesar também da nossa fé tão pequena.

Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
neste início da Semana Nacional da Família, nós, nos parecemos com Pedro. São tantas as situações difíceis que enfrentamos na família e no mundo, nesse momento, em nossa travessia, que muita gente se desespera. E, mesmo tua presença, Senhor, nós a vemos muito longínqua, como a de um fantasma, um que já morreu. Senhor, no evangelho de hoje, percebemos tua presença vitoriosa entre nós. Tu és a garantia de que chegaremos ao nosso destino, que realizaremos bem a nossa missão. Senhor, toma-nos pela mão, quando estivermos afundando, em nossa falta de fé. Salva-nos, Senhor! Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Hoje, nos cabe um olhar de esperança sobre este mar de dificuldades que nos cerca. Em vez de se lamentar, acender a luz da fé para clarear a escuridão dessa noite. Particularmente, hoje reze pelos pais de sua família, pedindo a Jesus que segure pela mão os que pareçam estar naufragando.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A NOSSA TEMPESTADE



20 de junho de 2020,
12º Domingo do Tempo Comum 

EVANGELHO


Mc 4,35-41

35Naquele dia, ao cair da tarde, Jesus disse a seus discípulos: “Vamos para a outra margem!”
36Eles despediram a multidão e levaram Jesus consigo, assim como estava, na barca. Havia ainda outras barcas com ele.
37Começou a soprar uma ventania muito forte e as ondas se lançavam dentro da barca, de modo que a barca já começava a se encher. 38Jesus estava na parte de trás, dormindo sobre um travesseiro. Os discípulos o acordaram e disseram: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”
39Ele se levantou e ordenou ao vento e ao mar: “Silêncio! Cala-te!” O vento cessou e houve uma grande calmaria. 40Então Jesus perguntou aos discípulos: “Por que sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?”
41Eles sentiram um grande medo e diziam uns aos outros: “Quem é este, a quem até o vento e o mar obedecem?”

MEDITAÇÃO


Mestre, estamos perecendo e tu não te importas? (Mc 4, 38)

Os discípulos estão numa travessia difícil. Estão navegando em direção da outra margem, como Jesus lhes indicara. E são surpreendidos por uma tempestade no mar, um furacão, coisa que acontecia e acontece no Mar da Galileia. É uma cena cheia de significados, indicando mais que a tempestade de ventania forte e ondas enfurecidas. Vento forte e mar bravio são representações das forças do mal, hostis ao projeto de Deus, ao seu Reino. A barca está já se enchendo de água e os discípulos se desesperam. Acordam Jesus que dormia na popa da barca: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”. Jesus se levanta e ordena ao mar que se cale. É como um exorcismo. “Silêncio. Cala-te”. O mar se aquieta. E ele reclama com os discípulos por serem tão medrosos, parecendo que não têm fé.

Nós, como humanidade, estamos no meio de uma grande tempestade, a pandemia do novo coronavírus. Caminhamos para um ano e meio de sofrimento. E hoje, tristemente, o contador ultrapassou a marca de 500 mil perdas humanas para a Covid-19, em nosso país. Estamos no meio de uma tremenda tempestade. E, como os discípulos da Galileia, nos dirigimos a Jesus, desesperados: “Mestre, estamos perecendo e tu não te importas?”.

Em março do ano passado, numa sexta-feira da quaresma, num entardecer chuvoso, vimos o Papa Francisco sozinho, atravessando a praça de São Pedro vazia, para iniciar um momento de oração. Foi uma cena impressionante que encheu de lágrimas muitos corações. Ele subiu as escadas da Basílica de São Pedro mancando e conduziu uma hora de oração inspirada neste evangelho da tempestade. As ruas de Roma estavam vazias pelo rigoroso lockdown e o vírus varria o mundo fazendo vítimas em todos os países. A barca afundando. Ele leu no evangelho: “Por que vocês são tão medrosos? Vocês ainda não tem fé?”.

No meio dos seus comentários e orações daquele entardecer chuvoso e triste, colho sete ensinamentos para este nosso domingo:

1. A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e nossas falsas seguranças. No meio desse vendaval, caiu a nossa maquiagem de autossuficientes, nossa pose de poderosos e senhores da terra. Um vírus desconhecido mostrou nossa fraqueza e a vaidade de nossa correria.

2. A tempestade provoca o reconhecimento de nossa pertença comum. Somos uma única humanidade. Não há solução fora do apoio mútuo, da ajuda recíproca. Remamos juntos ou não vencemos.

3. A tempestade revela corações generosos que se empenham em salvar vidas, por um lado, e por outro, corações egoístas que se empenham em salvar-se a si mesmos.

4. A tempestade é o tempo da solidariedade, da sensibilidade para com o luto, a fome, o desemprego, a desorientação. Tempo de fazer-se próximo do irmão caído à margem da estrada, tempo de sermos bons samaritanos.

5. A tempestade é o tempo da fé, da oração, da volta ao Senhor, da confiança em Deus. É dele que vem a nossa força. Em sua sabedoria, ele transforma em bem o que nos acontece de mal.

6. A tempestade reavia a nossa fé pascal. Ressuscitado, Jesus vive conosco. Está no nosso barco. Sua ressurreição é penhor de vitória em todas as nossas lutas. Crendo, renovamos a nossa vida: morremos com ele e vivemos para ele.

7. A tempestade é o tempo da Esperança, o tempo do Espírito Santo, energia divina que nos faz criativos e comprometidos com a gestação de um futuro melhor.

Rezando a palavra

Rezemos com as palavras do Papa naquela tarde chuvosa:

Senhor Jesus,
Tu estás nos dizendo: «Porque vocês são tão medrosos? Vocês ainda não têm fé?» A tua Palavra, Senhor, atinge e nos toca a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, recorremos a ti. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Tu nos pedes para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e nos sentimos temerosos. Não nos deixes, Senhor,  à mercê da tempestade. Continua a nos repetir: “Não tenham medo”. “Não tenham medo”. Amém.

Vivendo a palavra

Em sintonia com a Santa Missa deste domingo que você vai participar presencial ou remotamente, reze esta Oração que estou lhe enviando: é a oração da Igreja no Brasil neste momento em que ultrapassamos a marca de 500 mil óbitos, irmãos e irmãs vítimas desta pandemia.

Outra sugestão é você ler a Homilia do Papa Francisco da qual lhe falei há pouco. Ela está junto com o texto da Meditação. É só clicar no link que estou lhe enviando.

Desejando, me acompanhe na Santa Missa, às 17 horas, pela Rádio Tempo de Paz. É só baixar o aplicativo no seu celular.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb





EM TEMPO DE EPIDEMIA

PRESIDIDO PELO PAPA FRANCISCO

Adro da Basílica de São Pedro
Sexta-feira, 27 de março de 2020




«Ao entardecer…» (Mc 4, 35): assim começa o Evangelho, que ouvimos. Desde há semanas que parece o entardecer, parece cair a noite. Densas trevas cobriram as nossas praças, ruas e cidades; apoderaram-se das nossas vidas, enchendo tudo dum silêncio ensurdecedor e um vazio desolador, que paralisa tudo à sua passagem: pressente-se no ar, nota-se nos gestos, dizem-no os olhares. Revemo-nos temerosos e perdidos. À semelhança dos discípulos do Evangelho, fomos surpreendidos por uma tempestade inesperada e furibunda. Demo-nos conta de estar no mesmo barco, todos frágeis e desorientados mas ao mesmo tempo importantes e necessários: todos chamados a remar juntos, todos carecidos de mútuo encorajamento. E, neste barco, estamos todos. Tal como os discípulos que, falando a uma só voz, dizem angustiados «vamos perecer» (cf. 4, 38), assim também nós nos apercebemos de que não podemos continuar estrada cada qual por conta própria, mas só o conseguiremos juntos.

Rever-nos nesta narrativa, é fácil; difícil é entender o comportamento de Jesus. Enquanto os discípulos naturalmente se sentem alarmados e desesperados, Ele está na popa, na parte do barco que se afunda primeiro... E que faz? Não obstante a tempestade, dorme tranquilamente, confiado no Pai (é a única vez no Evangelho que vemos Jesus a dormir). Acordam-No; mas, depois de acalmar o vento e as águas, Ele volta-Se para os discípulos em tom de censura: «Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» (4, 40).

Procuremos compreender. Em que consiste esta falta de fé dos discípulos, que se contrapõe à confiança de Jesus? Não é que deixaram de crer N’Ele, pois invocam-No; mas vejamos como O invocam: «Mestre, não Te importas que pereçamos?» (4, 38) Não Te importas: pensam que Jesus Se tenha desinteressado deles, não cuide deles. Entre nós, nas nossas famílias, uma das coisas que mais dói é ouvirmos dizer: «Não te importas de mim». É uma frase que fere e desencadeia turbulência no coração. Terá abalado também Jesus, pois não há ninguém que se importe mais de nós do que Ele. De facto, uma vez invocado, salva os seus discípulos desalentados.

A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades. Mostra-nos como deixamos adormecido e abandonado aquilo que nutre, sustenta e dá força à nossa vida e à nossa comunidade. A tempestade põe a descoberto todos os propósitos de «empacotar» e esquecer o que alimentou a alma dos nossos povos; todas as tentativas de anestesiar com hábitos aparentemente «salvadores», incapazes de fazer apelo às nossas raízes e evocar a memória dos nossos idosos, privando-nos assim da imunidade necessária para enfrentar as adversidades.

Com a tempestade, caiu a maquilhagem dos estereótipos com que mascaramos o nosso «eu» sempre preocupado com a própria imagem; e ficou a descoberto, uma vez mais, aquela (abençoada) pertença comum a que não nos podemos subtrair: a pertença como irmãos.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Nesta tarde, Senhor, a tua Palavra atinge e toca-nos a todos. Neste nosso mundo, que Tu amas mais do que nós, avançamos a toda velocidade, sentindo-nos em tudo fortes e capazes. Na nossa avidez de lucro, deixamo-nos absorver pelas coisas e transtornar pela pressa. Não nos detivemos perante os teus apelos, não despertamos face a guerras e injustiças planetárias, não ouvimos o grito dos pobres e do nosso planeta gravemente enfermo. Avançamos, destemidos, pensando que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente. Agora nós, sentindo-nos em mar agitado, imploramos-Te: «Acorda, Senhor!»

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Senhor, lanças-nos um apelo, um apelo à fé. Esta não é tanto acreditar que Tu existes, como sobretudo vir a Ti e fiar-se de Ti. Nesta Quaresma, ressoa o teu apelo urgente: «Convertei-vos…». «Convertei-Vos a Mim de todo o vosso coração» (Jl 2, 12). Chamas-nos a aproveitar este tempo de prova como um tempo de decisão. Não é o tempo do teu juízo, mas do nosso juízo: o tempo de decidir o que conta e o que passa, de separar o que é necessário daquilo que não o é. É o tempo de reajustar a rota da vida rumo a Ti, Senhor, e aos outros. E podemos ver tantos companheiros de viagem exemplares, que, no medo, reagiram oferecendo a própria vida. É a força operante do Espírito derramada e plasmada em entregas corajosas e generosas. É a vida do Espírito, capaz de resgatar, valorizar e mostrar como as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiros e enfermeiras, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. Perante o sofrimento, onde se mede o verdadeiro desenvolvimento dos nossos povos, descobrimos e experimentamos a oração sacerdotal de Jesus: «Que todos sejam um só» (Jo 17, 21). Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos! A oração e o serviço silencioso: são as nossas armas vencedoras.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» O início da fé é reconhecer-se necessitado de salvação. Não somos autossuficientes, sozinhos afundamos: precisamos do Senhor como os antigos navegadores, das estrelas. Convidemos Jesus a subir para o barco da nossa vida. Confiemos-Lhe os nossos medos, para que Ele os vença. Com Ele a bordo, experimentaremos – como os discípulos – que não há naufrágio. Porque esta é a força de Deus: fazer resultar em bem tudo o que nos acontece, mesmo as coisas ruins. Ele serena as nossas tempestades, porque, com Deus, a vida não morre jamais.

O Senhor interpela-nos e, no meio da nossa tempestade, convida-nos a despertar e ativar a solidariedade e a esperança, capazes de dar solidez, apoio e significado a estas horas em que tudo parece naufragar. O Senhor desperta, para acordar e reanimar a nossa fé pascal. Temos uma âncora: na sua cruz, fomos salvos. Temos um leme: na sua cruz, fomos resgatados. Temos uma esperança: na sua cruz, fomos curados e abraçados, para que nada e ninguém nos separe do seu amor redentor. No meio deste isolamento que nos faz padecer a limitação de afetos e encontros e experimentar a falta de tantas coisas, ouçamos mais uma vez o anúncio que nos salva: Ele ressuscitou e vive ao nosso lado. Da sua cruz, o Senhor desafia-nos a encontrar a vida que nos espera, a olhar para aqueles que nos reclamam, a reforçar, reconhecer e incentivar a graça que mora em nós. Não apaguemos a mecha que ainda fumega (cf. Is 42, 3), que nunca adoece, e deixemos que reacenda a esperança.

Abraçar a sua cruz significa encontrar a coragem de abraçar todas as contrariedades da hora atual, abandonando por um momento a nossa ânsia de omnipotência e possessão, para dar espaço à criatividade que só o Espírito é capaz de suscitar. Significa encontrar a coragem de abrir espaços onde todos possam sentir-se chamados e permitir novas formas de hospitalidade, de fraternidade e de solidariedade. Na sua cruz, fomos salvos para acolher a esperança e deixar que seja ela a fortalecer e sustentar todas as medidas e estradas que nos possam ajudar a salvaguardar-nos e a salvaguardar. Abraçar o Senhor, para abraçar a esperança. Aqui está a força da fé, que liberta do medo e dá esperança.

«Porque sois tão medrosos? Ainda não tendes fé?» Queridos irmãos e irmãs, deste lugar que atesta a fé rochosa de Pedro, gostaria nesta tarde de vos confiar a todos ao Senhor, pela intercessão de Nossa Senhora, saúde do seu povo, estrela do mar em tempestade. Desta colunata que abraça Roma e o mundo desça sobre vós, como um abraço consolador, a bênção de Deus. Senhor, abençoa o mundo, dá saúde aos corpos e conforto aos corações! Pedes-nos para não ter medo; a nossa fé, porém, é fraca e sentimo-nos temerosos. Mas Tu, Senhor, não nos deixes à mercê da tempestade. Continua a repetir-nos: «Não tenhais medo!» (Mt 14, 27). E nós, juntamente com Pedro, «confiamos-Te todas as nossas preocupações, porque Tu tens cuidado de nós» (cf. 1 Ped 5, 7).

O MAR ESTAVA AGITADO



17 de abril de 2021

EVANGELHO


Jo 6,16-21

16Ao cair da tarde, os discípulos desceram ao mar. 17Entraram na barca e foram em direção a Cafarnaum, do outro lado do mar. Já estava escuro, e Jesus ainda não tinha vindo ao encontro deles.
18Soprava um vento forte e o mar estava agitado. 19Os discípulos tinham remado mais ou menos cinco quilômetros, quando enxergaram Jesus, andando sobre as águas e aproximando-se da barca. E ficaram com medo.
20Mas Jesus disse: “Sou eu. Não tenhais medo”. 21Quiseram, então, recolher Jesus na barca, mas imediatamente a barca chegou à margem para onde estavam indo.

MEDITAÇÃO


Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).

O que aconteceu foi o seguinte. Os discípulos, de tardezinha, pegaram a barca pra voltar para Cafarnaum, que ficava do outro lado do mar. O mar deles, na verdade, era o grande lago da Galileia. Jesus tinha ficado no monte. Tinha se esquivado do povo que o queria proclamar rei, depois da multiplicação dos pães. A travessia estava muito difícil. Escureceu, o vento contrário foi ficando forte e o mar ficou agitado. Já estavam na metade da viagem quando viram aquele vulto andando sobre as águas, vindo na direção deles. Foi um medo só. Jesus de lá gritou: “Sou eu. Tenham medo não”. Puxa, que susto. Eles ficaram esperando que Jesus subisse na barca, mas nem deu tempo. A barca de repente chegou ao destino.

O que essa história está ensinando? Só contando um fato curioso? Certamente que não. O próprio texto (Jo 6, 16-21) já nos dá uma pista de compreensão. A palavra “mar” (ou águas), por exemplo, está repetida quatro vezes. ‘Mar’ é sempre uma representação do mundo a que os discípulos estão enviados como missionários. O ‘mar’ é o mundo onde se realiza a missão. A palavra “barca” está repetida quatro vezes. Não pode ser por acaso. ‘Barca’, você sabe bem, é uma representação da comunidade, da Igreja. A barca de Pedro é a Igreja, a comunidade dos discípulos. O que é que está acontecendo? Eles estão tentando atravessar o mar e estão encontrando muita dificuldade. O que significa a barca dos discípulos atravessando o mar? É a Igreja realizando a sua missão no mundo, no meio de muitas dificuldades. Note as palavras que aparecem: já estava escuro, os ventos eram contrários, o mar ficou agitado. Que dificuldades encontra a Igreja na realização de sua missão? Nem precisamos fazer uma lista, ou precisamos? O Papa acabou de falar, na Exortação sobre a Santidade, de duas correntes muito fortes que enfraquecem a fé. Ele falou do gnosticismo e do pelagianismo. É, o mar continua revolto. E os ventos, contrários. Noite escura nessa travessia. Olha, como esse texto é atual!

Voltemos ao mar da Galileia. O que aconteceu no meio daquela apreensão toda dos discípulos, coitados, no meio daquela tempestade? Eles viram um vulto andando sobre as águas e vindo na direção deles. Ficaram de cabelo em pé. Mas, reconheceram quem era, quando ele se apresentou. Lembra o que foi que Jesus disse? Vou recordar: “Sou eu. Tenham medo não”. E quem é ele? Claro, é Jesus. Mas, ele disse SOU EU. Disse como Deus, o Pai, tinha dito no Monte Sinai a Moisés. EU SOU. Diga ao Faraó que EU SOU mandou dizer que liberte o meu povo. EU SOU é Deus. Podemos pensar assim: no meio daquele vendaval, daquela tormenta, os discípulos fizeram uma experiência maravilhosa: Jesus é Deus. Ele é EU SOU. Você lembra que muitas vezes ele foi se revelando: Eu sou o pão vivo descido do céu. Eu sou o Bom Pastor. Eu sou a Luz do Mundo. Ele é Deus. É Deus quem domina o mar, é Deus quem acalma a tempestade. Por falar em tempestade, cadê a tempestade? Mal os discípulos se prepararam para Jesus entrar na barca, tinham chegado.

Guardando a mensagem

O mar é o mundo, onde os discípulos levam adiante a missão que Jesus lhes confiou. A barca é a comunidade dos discípulos, a Igreja. De vez em quando, a comunidade se encontra cercada de problemas e dificuldades, no meio de uma verdadeira tempestade. Em momentos como esse, faz uma profunda experiência de Deus. Jesus mesmo vem ao seu encontro. Jesus é o Deus vencedor do pecado, do mal e da morte. É ele quem garante o êxito da missão, ele domina a tempestade.

Soprava um vento forte e o mar estava agitado (Jo 6,18).

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Minha família também é como uma barca, navegando no mar. De vez em quando, dá cada tempestade! Pensando bem, nunca nos deixaste sozinhos no meio das tormentas. Nós é que somos distraídos. Tu vens ao nosso encontro, mesmo quando partimos sem ti. É quando experimentamos, com emoção, a força de tua proteção, a grandeza do teu amor. Tua presença acalma a tempestade. Muito obrigado, Senhor. Tu és o nosso Deus e Salvador. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

É possível que, hoje, se apresente uma oportunidade para você dizer uma palavra de fé que ajude a acalmar uma tempestade. Se aparecer essa oportunidade, dê seu testemunho sobre Jesus: testemunhe que é ele quem acalma o mar.

Pe João Carlos Ribeiro, SDB

QUANDO VOCÊ ESTIVER AFUNDANDO


Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

09 de Agosto de 2020

Você já ouviu alguém dizendo assim: “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”. Já ouviu? O que significa isso, “estamos navegando num mar de problemas e dificuldades”? Nesse modo de falar, navegar aqui é viver e o mar está identificado com problemas que se está enfrentando, certo? E se alguém disser: “mas, apesar do mar revolto, nós vamos conseguir atravessá-lo”, você entende? Claro, significa vamos vencer, mesmo passando por todas essas provações.

Bom, se estamos nos entendendo até aqui, vai dar pra gente entender bem o evangelho de hoje. Havia terminado aquela grande refeição com pão e peixe no deserto e Jesus mandara os discípulos atravessar o mar para irem a outra cidade. E ele ficou despedindo o povo. Depois, foi ao monte para rezar. De madrugada, foi ao encontro dos discípulos. Os discípulos estavam com muita dificuldade na travessia, porque os ventos estavam contrários. De madrugada, viram um vulto vindo para o lado deles, andando sobre as águas. Tiveram muito medo, acharam que era um fantasma. Jesus gritou de lá dizendo “Sou eu”, para eles não terem medo. E Pedro pediu para ir ao seu encontro andando sobre as águas. Até conseguiu. Mas, o vento o deixou com medo e ele começou a afundar. Pediu ajuda e Jesus o segurou pela mão. Entraram na barca e os ventos se acalmaram.

Agora, vamos recordar aquele momento da história do povo de Deus, na travessia do mar vermelho. Os soldados do faraó estavam chegando. Diante deles, só o mar. E eles, liderados por Moisés, com a assistência de Deus, entraram no mar e o atravessaram a pé enxuto. Eles venceram as águas. Fizeram a travessia daquele braço de mar, assistidos por Deus que separou as águas, as mesmas águas que acabaram por dificultar a perseguição dos soldados e até afogar cavalos e cavaleiros. Repita comigo: O povo de Deus atravessou o mar a pé enxuto, com a graça de Deus, venceu as águas.

Vamos voltar para o mar da Galileia, o grande lago em que os discípulos estão navegando à noite. Jesus os mandara atravessar o mar, na barca. Os ventos estão fortes e contrários. A vela rudimentar e os remos não estão dando conta. Três horas da manha e ainda não chegaram nem na metade. Que missão difícil Jesus deu aos discípulos: atravessar o mar numa hora daquela! Que missão difícil Jesus nos deu para atravessar o mar numa hora como essa... Essa qual? A hora do novo coronavírus, a hora do desemprego e da fome, a hora do drama dos migrantes e refugiados, da religião sem compromisso, a hora dos desgovernos e da violência. Os ventos estão contrários.

Numa hora como essa, tudo passa pela cabeça: ‘Vamos afundar’. ‘É melhor a gente desistir, vamos voltar’. ‘Não tem jeito, não temos força’. ‘Estamos perdidos. Os discípulos pensaram isso mesmo. Com a morte de Jesus, a dificuldade deles estava muito grande, com toda a oposição que sofriam e pela sensação de abandono: ‘Jesus morreu como malfeitor, não está mais com a gente’. Mas, quando tudo parecia perdido, aconteceu o inesperado para eles: Jesus ressuscitou. E lhes apareceu várias vezes. E eles até pensaram que era um fantasma. É isso que a cena de Jesus andando sobre as águas está nos dizendo: Jesus ressuscitado vem ao encontro dos seus discípulos, de sua Igreja. Não é um fantasma. É ele mesmo, vivo, glorioso. Ele manda nos ventos, ele acalma o mar. É ele que nos garante atravessar o mar, vencer as águas. Repita comigo: Os discípulos conseguem atravessar o mar, porque Jesus ressuscitado está com eles. É isso. A Igreja consegue realizar a sua missão, nessa travessia tão dolorosa, porque Jesus que já venceu as forças que se opõem ao Reino, está conosco.

Guardando a mensagem

O povo hebreu, assistido por Deus, atravessou o mar vermelho a pé enxuto. Venceu as águas que pareciam impedir que chegassem ao seu destino, à liberdade. Os discípulos na barca, imagem da Igreja, continuam a experimentar a ação de Deus no meio das dificuldades da travessia em todos os tempos. Jesus ressuscitado é quem garante a vitória sobre os ventos contrários que ameaçam naufragar a barca. É Jesus mesmo que ergue, pela mão, discípulos como Pedro que, com sua pouca fé, estão afundando. Jesus está vivo e vitorioso. E está conosco. A barca de Pedro vai chegar ao seu destino, apesar da oposição dos maus, dos inimigos que semeiam joio na calada da noite e apesar também da nossa fé tão pequena.

Mas, quando Pedro sentiu o vento, ficou com medo e, começando a afundar, gritou: “Senhor, salva-me!” (Mt 14, 30)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Neste início da Semana Nacional da Família, nós, nos parecemos com Pedro. São tantas as situações difíceis que enfrentamos na família e no mundo, nesse momento, em nossa travessia, que muita gente se desespera. E, mesmo tua presença, Senhor, nós a vemos muito longínqua, como a de um fantasma, um que já morreu. Senhor, no evangelho de hoje, percebemos tua presença vitoriosa entre nós. Tu és a garantia de que chegaremos ao nosso destino, que realizaremos bem a nossa missão. Senhor, toma-nos pela mão, quando estivermos afundando, em nossa falta de fé. Salva-nos, Senhor! Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, nos cabe um olhar de esperança sobre este mar de dificuldades que nos cerca. Em vez de se lamentar, acender a luz da fé para clarear a escuridão dessa noite. Particularmente, hoje reze pelos pais de sua família, pedindo a Jesus que segure pela mão os que parecem estar naufragando.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 




NÃO TENHA MEDO DE CRÍTICAS

O que estou lhes dizendo ao pé do ouvido, proclamem-no sobre os telhados! (Mt 10, 27)
14 de julho de 2018.
Estamos ainda no capítulo 10 de São Mateus, no Sermão de Jesus sobre a Missão. Neste capítulo, ele organiza a comunidade nomeando os doze apóstolos, explica em que consiste a missão, faz várias recomendações aos missionários e alerta sobre possíveis oposições ou perseguições. Na passagem de hoje, ele anima os enviados para que eles não se deixem vencer pelo medo.
Lendo todo o texto, encontramos por três vezes essa expressão de Jesus: “Não tenham medo”.  Olha a exortação dele: ‘É certo que, se tentaram desqualificar o meu trabalho, claro, vão fazer o mesmo com o trabalho missionário de vocês. Mas, não tenham medo. O que está oculto um dia é descoberto. Mesmo da perseguição que pode levar à morte, tenham medo não. Temor só a Deus que tem realmente poder sobre vocês. Um pardal só é morto, com o consentimento do Pai. E vocês valem mais do que os pardais, então, não tenham medo’.
A lição, você já entendeu. O medo não pode paralisar o cristão e a sua comunidade diante das dificuldades. É preciso anunciar, evangelizar. O medo não pode nos deter. Foi o que Jesus disse: “O que lhes digo na escuridão, digam-no à luz do dia; o que vocês escutam ao pé do ouvido, proclamem-no sobre os telhados!”. Nossa missão é dar continuidade à missão de Jesus: amplificar sua palavra, alardear seus ensinamentos, proclamar em alto e bom som o seu evangelho. O receio de incompreensão, de oposição ou perseguição não nos pode deter na realização dessa sagrada missão. São Paulo chegou a escrever: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Isso vale pra gente também.
De fato, o medo é um dos elementos que logo aparece quando um cristão se dá conta que Deus o está convocando para a missão. E, ponhamos isso em nossa cabeça, nós todos estamos sendo convocados para a missão. Quando a gente começa a tomar consciência disso, aparece logo o medo de destoar no meio dos parentes e amigos, de ficar meio esquisito, de não ser mais bem visto, de ser criticado. Muito missionário em embrião já morre aí. A missão morre na sua mudez, na sua vergonha, no seu medo de ser criticado. Não é à toa que a exortação de Jesus termina hoje dizendo o seguinte: “Quem me negar diante dos homens, eu o negarei diante do meu Pai”. Ih, a coisa complicou... Não tem jeito. O negócio é vencer o medo.
Vamos guardar a mensagem
Este Capítulo 10 de São Mateus trata da missão, missão que Jesus entregou à sua comunidade e à cada membro dela, então, a nós também. Na passagem de hoje, há uma recomendação de Jesus que se repete três vezes: Não tenham medo. Não tenha medo das críticas, não tenha medo do que os outros vão achar, não tenha medo de oposição e cara feia. Dê o seu testemunho de adesão a Jesus na frente de qualquer um. Não tenha medo.
O que estou lhes dizendo ao pé do ouvido, proclamem-no sobre os telhados! (Mt 10, 27)
Vamos rezar a palavra
Senhor Jesus,
Tu nos confiaste a missão, apesar de conheceres a nossa fraqueza. Confiaste em nós. Por isso, nos estimulas com esse triplo “Não tenham medo”. E por que não precisamos ter medo? Claro, porque estamos nas mãos de Deus, debaixo do seu poder e de sua proteção; porque é a verdade que nos libertará; porque tu estás conosco. Obrigado, Senhor.  Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a palavra
Você já pensou que suas palavras e suas atitudes influem na vida das pessoas que vivem ao seu lado? Claro, tanto positiva como negativamente. O seu testemunho de fé pode levar alguém do seu convívio a viver com maior convicção a condição de cristão. Hoje, aparecendo uma oportunidade, não se omita, não se faça de indiferente, afirme sua fé em Jesus Cristo. Sem medo nenhum. Não se envergonhe de ser de Cristo.

Pe. João Carlos Ribeiro – 14.07.2017

QUEM TEM MEDO DO FIM DO MUNDO?


MEDITAÇÃO
 PARA A TERÇA-FEIRA, 
DIA 28 DE NOVEMBRO 
Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim (Lc 21, 9).
Quem não tem medo do fim do mundo? Bom, tem gente descrente que não está nem aí... Mas, muita gente, ouvindo as palavras da Bíblia, logo identifica sinais que apontam para a proximidade do fim do mundo. Guerras, terremotos, fome, pestes... o que Jesus fala no evangelho de hoje, é coisa que se vê todo dia.
Que a história tem um fim, entendemos isso nas palavras dos profetas e de Jesus. Que será a conclusão de uma grande crise na civilização humana, deduzimos igualmente.  Quando será, não sabemos. O próprio Jesus disse que não sabia. E como será? Também não temos ideia. A ideia que temos são as imagens que Jesus pegou emprestado dos livros dos profetas que falavam de crises na história do seu povo e entre as nações que eles conheciam.
No texto do evangelho de hoje, podemos recolher três ensinamentos de Jesus sobre esse tema da grande crise que antecederá o final da história humana.
O primeiro ensinamento é este: não confiar na grandiosidade. O Templo de Jerusalém causava admiração por sua beleza, seu esplendor e sua riqueza. Jesus disse claro: não ficará pedra sobre pedra. E olha que ele, com certeza, falava assim com o coração partido. Como judeu piedoso, ele amava o Templo de Deus e o visitava regularmente como peregrino. Mas, tudo seria destruído, como de fato aconteceu quarenta anos mais tarde, na guerra entre judeus e romanos. Aqui nesse mundo, é em vão por a confiança em instituições humanas, por mais sólidas que elas pareçam. Elas passam, caducam, desmoronam. Por a confiança em Deus. Não confiar na grandiosidade.
O segundo ensinamento é este: não se deixar enganar. Jesus alertou que muitos se apresentariam em seu nome. Não devemos segui-los. Sempre existiram falsos profetas e falsos pastores, que se aproveitam da credulidade dos ingênuos ou do medo dos fracos. Seguir Jesus, não se deixar enganar pelos falsos profetas.
O terceiro ensinamento é este: não se apavorar. São sinais, não é o fim ainda. De fato, basta pensar nas guerras mundiais, que fim de mundo não foi... Na hora das crises, manter a calma, a serenidade, não se apavorar. Manter a tranquilidade de quem se sabe orientado e assistido por Deus, mesmo no meio das tormentas.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Há sempre crises na história, situações difíceis, guerras, fome, pestes, terremotos... não é de agora que isso acontece. Mesmo que uma grande crise anteceda o final dos tempos, é preciso, como Jesus nos ensina: não confiar na grandiosidade, não se deixar enganar e não se apavorar.
Quando vocês ouvirem falar de guerras e revoluções, não fiquem apavorados. É preciso que estas coisas aconteçam primeiro, mas não será logo o fim (Lc 21, 9).

NÃO TENHAM MEDO

Não tenham medo deles (Mt 10, 26)
Estamos ainda no capítulo 10 de São Mateus, no Sermão de Jesus sobre a Missão. Neste capítulo, ele organiza a comunidade nomeando os doze apóstolos, explica em que consiste a missão, faz várias recomendações aos missionários e alerta sobre possíveis oposições ou perseguições. Na passagem de hoje, ele anima os enviados para que eles não se deixem vencer pelo medo.
Lendo todo o texto, encontramos por três vezes essa expressão de Jesus: “Não tenham medo”.  Olha a exortação dele: ‘É certo que, se tentaram desqualificar o meu trabalho, claro, vão fazer o mesmo com o trabalho missionário de vocês. Mas, não tenham medo. O que está oculto um dia é descoberto. Mesmo da perseguição que pode levar à morte, tenham medo não. Temor só a Deus que tem realmente poder sobre vocês. Um pardal só é morto, com o consentimento do Pai. E vocês valem mais do que os pardais, então, não tenham medo’.
A lição, você já entendeu. O medo não pode paralisar o cristão e a sua comunidade diante das dificuldades da missão. Superando o medo é preciso, antes, anunciar, evangelizar. Foi o que Jesus disse: “O que lhes digo na escuridão, digam-no à luz do dia; o que vocês escutam ao pé do ouvido, proclamem-no sobre os telhados!”. Nossa missão é dar continuidade à missão de Jesus: amplificar sua palavra, alardear seus ensinamentos, proclamar em alto e bom som o seu evangelho. O receio de incompreensão, de oposição ou perseguição não nos pode deter na realização dessa sagrada missão. São Paulo chegou a escrever: “Ai de mim se eu não evangelizar”. Isso vale pra gente também.
De fato, o medo é um dos elementos que logo aparece quando um cristão se dá conta que Deus o está convocando para a missão. E, ponhamos isso em nossa cabeça, nós todos estamos sendo convocados para a missão. Quando a gente começa a tomar consciência disso, aparece logo o medo de destoar no meio dos parentes e amigos, de ficar meio esquisito, de não ser mais bem visto, de ser criticado. Muito missionário em embrião já morre aí. A missão morre na sua mudez, na sua vergonha, no seu medo de ser criticado. Não é à toa que a exortação de Jesus termina hoje dizendo o seguinte: “Quem me negar diante dos homens, eu o negarei diante do meu Pai”. Ih, a coisa complicou... Não tem jeito. O negócio é vencer o medo.

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