PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: tolerância
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LIÇÃO DE TOLERÂNCIA

Jesus disse-lhe: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50)

30 de setembro de 2019.

Vivemos numa sociedade pluralista: muitas opiniões, muitas visões de mundo, muitas escolhas possíveis. Houve um tempo, no Brasil, em que o pensamento cristão católico era dominante. Todo mundo pensava conforme a tradição da fé católica. Quem pensasse diferente era repreendido e discriminado. Hoje, a coisa já não é mais assim. Sentimos que o pensamento cristão é cada vez mais, na sociedade, um pensamento, ao lado de outros. Sabemos que estamos com a verdade, mas não somos donos da verdade. Há outros que também expressam essa mesma verdade, seja porque são cristãos de outras igrejas, seja porque são pessoas de boa vontade que estão buscando o bem.

Essa nova condição que vivemos hoje nos assusta. Pertencemos a uma instituição bimilenar, que vem guardando fielmente o depósito da fé, desde o tempo dos apóstolos. Mas, agora convivemos com pessoas e instituições que expressam sua fé, suas crenças, independentemente de nós.  Algumas dessas crenças parecem próximas das nossas, outras parecem bem diferentes e até opostas às nossas. Não é que tudo agora seja relativo e esteja todo mundo certo. Isso não. Mas, já não somos os únicos, nem podemos negar que outros possam estar próximos da verdade.

Em outros tempos, essas divergências podiam se resolver facilmente pela negação do diferente, por sua proibição ou pela repressão às novas crenças e atitudes. Hoje, se espera que estejamos em condição de agir de forma diferente.

O evangelho (de hoje – Lucas 9) vem em nosso auxílio. Os apóstolos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Cristo. Mas, esse tal não fazia parte do grupo deles. Então, eles o proibiram. “Quem já se viu, usando o nome de Cristo, expulsando demônios em seu nome e não pertencer ao nosso grupo!”. Jesus não concordou com essa atitude. Jesus disse-lhe: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50).

O que essa cena nos ensina? A missão não estava só no grupo dos discípulos, mesmo eles tendo a presença de Jesus. A missão também estava acontecendo fora do grupo deles. Aquela pessoa não era um inimigo, nem estava usurpando o poder deles.  A mão de Deus operava também lá, mesmo fora do grupo deles. A visão de Jesus é surpreendente: “Quem não está contra vocês, está a seu favor”, isto é, alguém que pode somar conosco.

Guardando a mensagem

Já no Concílio Vaticano II, a Igreja, examinando sua presença no mundo, reconheceu que as sementes do Verbo estão em todas as culturas; e que, mesmo onde não chegaram os nossos missionários, o Espírito Santo já chegou e lá vem atuando para que todos cheguem ao conhecimento da verdade.  Mesmo nos reconhecendo portadores do Evangelho do Senhor ao mundo, cabe-nos sempre uma atitude de humildade, de diálogo, de abertura para com quem não pensa como nós ou que não pertence ao nosso grupo. Moisés não se deixou levar pelo ciúme: “Quem nos dera que todo o povo do Senhor profetizasse!”. Jesus nos deixou o exemplo maior:  “Quem não está contra vocês, está a seu favor”. Humildade, diálogo, tolerância, para sermos significativos no Brasil de hoje e contribuirmos na construção de um mundo melhor.

Jesus disse-lhe: “Não o proíbam, pois quem não está contra vocês, está a seu favor” (Lc 9, 50)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Queremos aprender contigo: dialogar, não eliminar o  adversário; expor a nossa verdade, não impor a nossa verdade; saber conviver com quem pensa diferente, sem deixarmos de ser fiéis aos nossos princípios. Senhor, ajuda-nos, com teu Santo Espírito, a  aprender também com os outros e nos sentirmos aliados de quem luta pela vida, pela justiça e pela paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Sendo hoje o último dia do mês da Bíblia, vou lhe pedir que me comunique se conseguiu realizar o desafio do mês de setembro, ler o Evangelho de São Lucas.

Pe. João Carlos Ribeiro – 30 de setembro de 2019.

PELA ESPIGA, SE SABE QUEM É JOIO

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25). 

27 de julho de 2019.

Jesus contou uma parábola para ensinar a gente a ser paciente, tolerante e deixar o julgamento para Deus. E, certamente, também pra gente ficar mais atento com o que estamos fazendo, com a nossa plantação. Ele contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o homem não deixou. Poderiam confundir trigo com joio. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e tocariam fogo nele. O trigo não, o trigo iria para o celeiro.

Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação dessa parábola. O homem que semeou a boa semente é ele mesmo, o Mestre. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória. 

Você conhece um pé de trigo? O trigo é como um capim crescido com espigas. Quando chega o tempo da colheita, fica tudo amarelinho. Espigas bonitas, os grãos todos arrumadinhos, tudo bem certinho. É bonito de se ver. O trigo era a base alimentar do povo do tempo de Jesus. Com ele, faziam o pão, em casa. Mas, e o joio? O joio, você nunca viu. O joio é uma erva daninha, também chamada de cizânia, que dá no meio de cereais como o trigo. Ele é bem parecido com o trigo. Só quando começa a dar espigas é que se nota a diferença. Umas espigas com uns grãos desengonçados, uns grãozinhos pretos tóxicos. As feiosas espigas ficam logo pendidas para um lado. E tem outro detalhe que os diferencia. O trigo tem raízes não muito profundas, é fácil arrancá-lo. Já o joio tem raízes rasteiras que se entrelaçam nas raízes do trigo. Na história de Jesus, o homem achou melhor não arrancar o joio. O melhor seria aguardar a colheita. Arrancando o joio iria-se prejudicar o trigo, claro, porque suas raízes se misturam com as do trigo. Seria prejuízo para o desenvolvimento da espiga do trigo. 

A grande lição da parábola é a tolerância. Vivemos nesse mundo, junto com todo mundo. Não podemos viver separados. A oração de Jesus na última ceia dizia: “Pai, não peço que os tires do mundo, mas que os livres do maligno”. Trata-se de convivermos, com respeito e tolerância com todos. Não quer dizer que aplaudimos o mal. Não. Trabalhamos para que todos se consertem, todos precisam ter essa chance. Temos que ser pacientes, como Deus é paciente. Somos trigo. Convivemos com o joio. Mas, todo cuidado é pouco para não nos tornamos também joio, permitindo que o mal nos influencie e nos faça à sua imagem. O joio e o trigo se conhecem pelas espigas, pelos frutos. O fruto é que nos diz se é trigo e vai dar um bom pão ou se é joio e está só sugando a terra e atrapalhando o desenvolvimento do trigo.

Guardando a mensagem 

Os fariseus bem que queriam viver separados das outras pessoas, a quem eles chamavam de pecadores. Mas, Jesus agiu de maneira diferente. Procurava estar com todos, mesmo com aqueles que a sociedade discriminava. Vivemos misturados, joio e trigo. O joio não vai ter um bom final. Mas, o trigo tem que ter cuidado para não se deixar assimilar pelo joio e tornar-se estéril ou dar frutos venenosos como ele. Pelo contrário, o trigo precisa trabalhar para ajudar na conversão do joio. A parábola do joio e do trigo é um belo ensinamento sobre a tolerância, a convivência. Mas, também sobre a vigilância. Não deixar que o inimigo semeie o joio na nossa plantação.

Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo, semeou joio no meio do trigo, e foi embora (Mt 13, 25).

Vivendo a palavra

Senhor Jesus, 
Tu nos ensinaste a rezar, no Pai Nosso, “Livrai-nos do mal”. Ajuda-nos, Senhor, a estar vigilantes para que o inimigo não semeie joio na nossa plantação de trigo, na nossa família, na nossa comunidade. Ensina-nos a conviver com quem é joio, sem exclui-lo, mas sem imitá-lo ou deixar-nos cooptar pela desonestidade, pela infidelidade, por suas más ações. Antes, sejamos capazes de ajudá-los a se transformarem em trigo, antes que chegue o dia final da colheita. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra 

Talvez você já esteja identificando algum joio na sua plantação. Que tal rezar por ele, para que se converta enquanto é tempo?

 Pe. João Carlos Ribeiro – 27 de julho de 2019.

HAJA PACIÊNCIA!

O que vocês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)
26 de fevereiro de 2019.
Jesus estava se dedicando à formação dos seus discípulos. Depois de um tempo de muita efervescência, ele foi se afastando daquelas multidões que viviam atrás dele. Era importante preparar os discípulos para os próximos acontecimentos. E para continuarem a missão, depois que ele se fosse. É muito importante perceber esse investimento de Jesus em tempo, atenção e formação das lideranças do seu movimento.
Mas, a perspectiva de Jesus não está sendo compreendida pelos discípulos, naquele momento. Jesus está pensando na sua entrega total, como servidor. Ele se explica dizendo que será entregue, será morto e ressuscitará ao terceiro dia. O auge do seu caminho será a morte e a ressurreição.
Os discípulos estão num pensamento muito diferente do de Jesus. Estão pensando em cargos, em privilégios. O auge do seu caminho não é a morte, a entrega total. O auge do seu caminho é a ascensão ao poder. No caminho, eles estão discutindo sobre quem será o maior, quem terá cargos mais prestigiados e maior participação no poder. Jesus quer ser o menor. Eles disputam sobre quem será o maior. Jesus está fazendo um caminho. Eles querem fazer carreira, não um caminho.
Essa incompreensão dos discípulos – alimentando um projeto bem diferente do de Jesus - fica clara nas palavras que aparecem no texto: eles não compreendiam, tinham medo de perguntar, ficaram calados quando Jesus perguntou sobre o que estavam conversando no caminho.
O evangelista informa que Jesus se sentou (sinal de que iria ensinar, sentado era a posição do Mestre). Sentou-se, chamou os doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e aquele que serve a todos”. Foi quando Jesus pôs uma criança no meio deles e a abraçou. E disse que quem a recebesse em seu nome, o estaria acolhendo.
Além do sentido habitual que já damos a esse episódio, podemos pensar também que acolher Jesus como se acolhe uma criança é aproximar-se dele, desinteressadamente. Nós sempre nos aproximamos dele interessados em alguma coisa. Acolher Jesus é identificar-se com ele, partilhar o seu sonho e o seu compromisso de serviço até à entrega da própria vida.
Guardando a mensagem
Nós, discípulos de hoje, continuamos a pensar e agir como os primeiros discípulos de Jesus. É que estamos mais facilmente de acordo com o espírito do mundo do que com o espírito do evangelho. Nas famílias, nas comunidades, na Igreja, estamos sempre disputando cargos, procurando os privilégios do poder ou alimentando essas disputas em nosso meio. Jesus se colocou, entre nós, como servidor. O seu caminho foi o do serviço, até a entrega de sua vida. Como seus discípulos, nossa vocação é o serviço. Somos servos uns dos outros, não senhores. É assim que devemos acolher Jesus, como servo. É assim que precisamos imitá-lo, como servidores.
O que vocês estavam discutindo pelo caminho? (Mc 9, 33)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nós entendemos bem o que se passava na cabeça daquele teu primeiro grupo de seguidores. Nós vivemos tentados da mesma forma. O poder nos encanta. Não somente queremos ser os tais, mas nos sentimos atraídos por quem é, humanamente, grande e poderoso. Valorizamos, em primeiro lugar, os cargos prestigiados na sociedade e na Igreja. E desprezamos as profissões aparentemente humildes, as funções aos nossos olhos mais simples. Tens que ter muita paciência conosco, Senhor. Nem sempre te acolhemos como servidor, preferimos te aplaudir como rei e dominador. E assim, nos dispensamos de seguir o teu caminho de serviço e entrega amorosa até o fim. Que a tua palavra hoje soe como um forte convite à nossa conversão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vamos viver a palavra
Você já tem o seu caderno espiritual? Seria tão bom tê-lo! Seria um apoio a mais no seu crescimento espiritual. Bom, no seu caderno, responda à pergunta de Jesus: “O que vocês têm discutido pelo caminho?”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 26.02.2019

SOMENTE NÓS E MAIS NINGUÉM

Quem não é contra nós é a nossa favor (Mc 9, 40)
23 de maio de 2018.
Jesus libertava as pessoas da dominação, expulsava demônios. Expulsar demônios era uma forma de visualizar a vitória do Reino de Deus como libertação de todas as forças de opressão. Os discípulos também deviam fazer isso, em nome de Jesus. E com certeza, o faziam. Ultimamente, vimos que eles não o conseguiram no caso do menino que tinha um espírito mudo. Tinha faltado oração da parte deles, maior comunhão com Deus.
Numa certa feita, os discípulos encontraram alguém expulsando demônios em nome de Jesus. ‘O quê? Em nome de Jesus? Não pode.  Nós que andamos com Jesus, nós é que estamos autorizados a invocar a força do seu nome para expulsar demônios. Ninguém mais’. Foram lá e interferiram. Proibiram o sujeito de expulsar demônios no nome de Jesus. ‘Só era o que faltava! Só nós e ninguém mais’.
Pensando no sentido desse texto, a gente identifica logo com assunto de religião, e tem  razão. Mas, podemos abstrair do ambiente religioso e pensar com maior abrangência. Pensemos, por exemplo, na educação, no comércio, na prestação de serviços. Sempre encontramos alguém que está fazendo mais ou menos o que estamos nos propondo a fazer, está atuando na nossa mesma área. E o tomamos logo por inimigo, não é verdade? A sociedade do mercado em que vivemos nos diz logo que se trata de um concorrente que vai nos arruinar. E ‘concorrente’ é um inimigo do qual temos que tomar distância e vigiar atentamente seus movimentos.
A resposta de Jesus foi admirável. Ele censurou os discípulos por terem proibido a pessoa de expulsar demônios em seu nome. E disse a razão: “se essa pessoa faz milagres em meu nome, não vai depois falar mal de mim”. E concluiu: “Quem não é contra nós é a nosso favor”.
Concorrente? Ele já está nos ajudando: sua existência nos estimula a desempenhar melhor nossa tarefa, a caprichar no que fazemos. E mais: se ele for bom mesmo, podemos até aprender com ele. E sabe do que mais? Podemos chegar até a ser parceiros, para prestarmos um serviço ainda melhor.
Jesus nos encarregou de fazer um bocado de coisa, não foi? Mandou a gente anunciar o evangelho a toda criatura. Mandou batizar e ensinar. Mandou perdoar os pecados dos irmãos também. De repente, a gente se dá conta que há outros fazendo isso e não são da nossa Igreja, não estão sob o comando de nossas lideranças. A nossa reação pode ser igualzinha a de João e seus colegas: desautorizar, impedir, bloquear sua atuação, no quanto possível.
O ensinamento do Mestre é claro. Jesus não é propriedade nossa. Outros podem ter acesso a ele. O evangelho não é exclusividade de meu grupo religioso, de minha igreja. Se quem está agindo em seu nome, fora de nossos quadros, estiver agindo por desonestidade ou má intenção - Deus lá é que o julga - com certeza, sua obra não resistirá ao tempo. Se forem verdadeiros os seus propósitos, se estiver procurando a comunhão com Cristo, então será dócil e obediente aos seus desígnios. E mais cedo ou mais tarde pode até se entender conosco. Jesus mesmo disse que tinha outras ovelhas que não eram daquele aprisco. E já avisou que haverá um só rebanho e um só pastor.
Vamos guardar a mensagem
Sabe de uma coisa? Vá treinando ser tolerante como Jesus. Não tome por adversário, por inimigo, quem está empreendo no comércio ao seu lado, ou na sua área de saúde ou educação, ou mesmo na evangelização. Comece dentro de casa a ser paciente e tolerante com quem não reza na sua mesma cartilha. Veja lá se você não tem o que aprender com ele. Aproveite para viver com mais autenticidade e fidelidade as suas opções. E prepare o seu coração, pois quem sabe você possa, em breve, contar com um novo parceiro no caminho do Reino.  Aprenda a viver sua fé com tolerância, com respeito às opções dos outros, com abertura para o ecumenismo e o diálogo religioso. Não feche a porta do seu coração. Deixa-a só encostada.
Quem não é contra nós é a nossa favor (Mc 9, 40)
Vamos rezar a palavra
Rezamos  hoje o terceiro  dia do Tríduo de Nossa Senhora Auxiliadora, cuja festa é amanhã, quinta-feira, dia 24. Saudemos a Virgem, modelo de amor e paciência:
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco. Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre, Jesus. Santa Maria, mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém.
Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós.
Vamos viver a palavra
Você lembra o pedido que fez ontem? Não lembra? Então, não era importante. Lembrando-o, recoloque-o nas mãos da auxiliadora dos cristãos. Faça-o com confiança no Senhor e na nossa intercessora.

Pe. João Carlos Ribeiro – 23.05.2018

FOGO DO CÉU CONTRA OS INIMIGOS


Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)
Jesus estava indo em peregrinação a Jerusalém. Na verdade, estava iniciando uma longa jornada que o levaria à cruz. O clima não era dos melhores, por isso os próprios discípulos estavam com medo e aconselhavam Jesus a desistir, a não enfrentar possíveis hostilidades por parte das lideranças do seu povo. Mas, Jesus estava decidido. E prosseguia a viagem.
Claro, durante a caminhada, precisavam se arranchar em algum lugar. Assim, faziam os romeiros que iam a pé. Paravam em grandes grupos em praças, em bosques perto de cidades, em paradas conhecidas. Todo ano se repetia essa grande romaria da Páscoa. Normalmente, teriam que atravessar o território da Samaria. Muita gente preferia dar uma volta maior, mas não entrar em contato com esse povo considerado impuro, essa terra de gente que não partilhava da mesma religião do povo de Israel. Os samaritanos tinham seu Templo no Monte Garizim e, claro, por nada participavam de uma peregrinação a Jerusalém, a cidade santa dos judeus. Vocês se lembram daquele diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana... só o fato de falar com ela já causou admiração aos próprios discípulos.
Então, a primeira coisa a considerar no texto é que Jesus e os seus discípulos estavam atravessando o território dos samaritanos e pretendiam pernoitar em algum lugar por ali. Esse fato nos faz perceber como Jesus agia livre de preconceitos, sempre com respeito às pessoas que pensavam diferente dele.  Anteriormente, um discípulo queria proibir um cidadão que estava pregando em nome de Jesus, mas não fazia parte do grupo deles. Jesus não permitiu que o proibissem. ‘Quem não está contra, já está a favor’. Olha, que sabedoria!
Bom, mas os samaritanos não gostaram daquela pretensão de Jesus pernoitar em suas terras. Não o receberam. Ficou todo mundo com raiva, menos Jesus.  Vamos respeitar essa posição deles. Tudo bem. Eles estão no direito deles.  A resposta de dois discípulos tão próximos de Jesus mostra que eles não entenderam nada da pregação de Jesus e do seu modo de se conduzir... Pedro e Tiago queriam mandar descer fogo do céu para arrebentar com tudo, queriam amaldiçoar aquela gente que fechou as portas pra Jesus. Jesus, sempre manso e humilde de coração, os repreendeu e seguiu viagem procurando rancho em outro canto.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Os samaritanos negaram hospedagem a Jesus e aos seus discípulos, que estavam indo em peregrinação a Jerusalém. Os discípulos queriam adotar uma atitude de vingança e retaliação. Jesus não permitiu. Tirou por menos. Você já pegou a mensagem de hoje... Nada de intolerância, de acirramento de competição contra quem reza por uma cartilha diferente da nossa. No tempo de Jesus, eram judeus e samaritanos. Hoje, temos evangélicos e católicos; os cristãos e as religiões de matriz africana ou espíritas... E existe até disputas e agressões entre grupos dentro da própria Igreja. A atitude de Jesus, que hoje contemplamos no evangelho, nos fala de tolerância, de respeito a pontos de vista diferentes, de abertura ao diálogo, de convivência respeitosa... Com Jesus, aprendemos a ser mansos e humildes de coração.
Senhor, queres que mandemos descer fogo do céu para destruí-los? (Lc 9, 54)

JOIO TEM CARA DE TRIGO

A boa semente são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao Maligno (Mt 13, 38).
Jesus contou uma parábola para ensinar a gente a ser paciente, tolerante e deixar o julgamento para Deus. E, certamente, também pra gente ficar mais atento com o que estamos fazendo, com a nossa plantação. Ele contou a parábola do joio e do trigo. Um homem semeou boa semente de trigo em seu campo. De noite, veio o inimigo e semeou o joio. Cresceram juntos, trigo e joio. Quando começaram a aparecer as espigas, notou-se que no meio do trigo havia o joio. Os empregados queriam arrancá-lo. Mas, o homem não deixou. Isso afetaria gravemente o trigo. Deixassem chegar o tempo da colheita. Aí, sim, arrancariam primeiro o joio e o colocariam no fogo. O trigo não, o trigo iria para o celeiro.
Jesus, à parte, em casa, com os discípulos deu uma explicação dessa parábola. O homem que semeou a boa semente é ele mesmo, o Mestre. O trigo são os que pertencem ao Reino. O joio são os que pertencem ao maligno. No fim dos tempos, os anjos farão a ceifa. E cada um terá o seu destino: os maus para o fogo eterno, os justos para a glória.
Você conhece um pé de trigo? O trigo é como um capim crescido com espigas. Quando chega o tempo da colheita, fica tudo amarelinho. Espigas bonitas, os grãos todos arrumadinhos, tudo bem certinho. É bonito de se ver. O trigo era a base alimentar do povo do tempo de Jesus. Com ele, faziam o pão, em casa. Mas, e o joio? O joio, você nunca viu. O joio é uma erva daninha, também chamada de cizânia, que dá no meio de cereais como o trigo. Ele é bem parecido com o trigo. Só quando começa a dar espigas é que se nota a diferença. Umas espigas com uns grãos desengonçados, uns grãozinhos pretos tóxicos. As feiosas espigas ficam logo pendidas para um lado.   E tem outro detalhe que os diferencia. O trigo tem raízes não muito profundas, é fácil arrancá-lo. Já o joio tem raízes rasteiras que se entrelaçam nas raízes do trigo. Na história de Jesus, o homem achou melhor não arrancar o joio. O melhor seria aguardar a colheita. Arrancando o joio iria-se prejudicar o trigo, claro, porque suas raízes se misturam com as do trigo. Seria prejuízo para o desenvolvimento da espiga do trigo.  

Gente tolerante para novos tempos

A noite de São Bartolomeu foi um evento vergonhoso de intolerância. Foi um episódio sangrento de repressão aos protestantes na França  pelos reis franceses, que eram católicos. Esse genocídio aconteceu de 23 pra 24 de agosto de 1572, em Paris, no dia de São Bartolomeu.

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