PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O PECADO SEM PERDÃO


Quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (Lc 12, 11)


Pecar contra o Filho tem perdão. Mas, pecar contra o Espírito Santo não tem perdão. Como entender isso?



Jesus nos salvou por sua morte e ressurreição. Mas, a sua salvação nos chega por meio do Espírito Santo. É o Espírito Santo, que recebemos no batismo, que nos comunica o dom da filiação divina. Somos filhos, porque estamos habitados pelo Espírito Santo, que é Deus em nós. Mas, ele não é o Pai, nem o Filho. É uma terceira pessoa, com sua própria missão.



É o Espírito Santo que atua em nós, nos permitindo estar em comunicação com o Pai. É o Espírito Santo quem atualiza a palavra de Jesus. É ele quem, pela oração de consagração, torna presente o Senhor Jesus no sacramento do pão e do vinho. É ele quem atua nos outros sacramentos, santificando a nossa vida: nos lavando do pecado no batismo, nos perdoando os pecados na confissão, abençoando o amor conjugal no matrimônio, conferindo alívio e cura ao doente na unção dos enfermos, consagrando os ministros para o serviço sacerdotal. Em tudo isso, age decisivamente o Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho.



Sempre rezamos ao Pai, por meio do filho, no Santo Espírito. Não há oração sem o Espírito Santo. É ele quem ora em nós, com gemidos inexprimíveis. O Filho nos alcançou a reconciliação, a comunhão com o Pai. E isso nos é possível, no Espírito Santo. Nossa comunhão é com Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo.



Pecar contra o Espírito Santo é fechar nossa comunicação com o Pai. Apagar em nós o fogo do Espírito é extinguir a relação de filhos com o Pai. Não somos filhos, se não tivermos o Espírito do Pai. Sem o Espírito, não entendemos Jesus e não podemos ser seus discípulos. Para seguir Jesus, como discípulos e missionários, precisamos do Espírito do Filho.



Vamos guardar a mensagem de hoje



Pecar contra o Espírito Santo é fechar as portas para a atuação do Santo Espírito em nós. É como desligar a tomada. Ficamos no completo apagão. A graça não chega, a oração não sobe, a moção interior desaparece. Já não somos mais conduzidos pelo Espírito. Já não estamos conectados com o Pai, por meio do Filho, no seu Espírito. Voltamos ao Adão do pecado, expulso do Paraíso.



Quem blasfemar contra o Espírito Santo não será perdoado (Lc 12, 11)


ME ENGANA, QUE EU GOSTO


Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia (Lc 12, 1).


A hipocrisia é o ato de fingir ter crenças, virtudes, ideais e sentimentos que a pessoa na verdade não possui. Hipocrisia significa fingimento, falsidade. Gente falando bonito, mas, por trás, fazendo feio. É o que acontecia com os fariseus.

Jesus até admirava os fariseus. Eram pessoas muito religiosas, muito praticantes, muito apegadas aos textos da Lei de Deus e às suas tradições. O povo também gostava dos fariseus e lhe tinham uma grande admiração. Achavam que era gente muito santa, muito de Deus. Mas Jesus observava bem e via que eles mais aparentavam do que de fato eram de verdade. Havia mais aparência do que realidade. Exibiam-se como muito devotos, mas viviam disputando cargos, visibilidade e buscando suas vantagens. Jesus também censurava os fariseus porque eles viviam preocupados com o secundário, com os detalhes da Lei. Preocupados com coisas miúdas, esqueciam-se do principal: o amor e o respeito pelos outros; a compreensão com as fraquezas dos outros; o amor a Deus de todo coração e não só da boca pra fora. Por tudo isso, Jesus está nos dizendo hoje: ‘tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia’.

Nossa cultura privilegia a aparência. Vivemos a sociedade da imagem. Vale o que parece ser. Na foto, todo muito sai sorrindo, já notou? Tem cada sorriso forçado, que dá até medo. Vamos caminhando para um mundo do faz-de-conta. É a ditadura da hipocrisia. A verdade passa longe. O nosso é o mundos dos fariseus. Jesus disse claro: “Não há nada de escondido, que não venha a ser revelado, e não há nada de oculto que não venha a ser conhecido”. Isso quer dizer que um dia a máscara cai e a verdade aparece.

Jesus está chamando a atenção da hipocrisia dos fariseus pra gente não cair no conto do vigário dos fariseus de hoje. E também pra gente não imitá-los, não ser hipócritas como eles. Ao contrário, como ele disse: “o seu sim, seja sim; o seu não, seja não. O mais vem do maligno’. Nada de fazer cara de santinho e nos bastidores proceder de maneira diabólica. Bonzinho e gentil fora de casa, rabugento com a família. Nada de farisaísmo. Bons e verdadeiros, sempre.

Vamos guardar a mensagem de hoje

Jesus aproveitou que chegou muita gente para ouvi-lo e chamou a atenção dos discípulos e do povo para a hipocrisia dos fariseus. Eles pareciam santos, praticantes e dedicados a Deus para impressionar, para manterem sua influência sobre o povo, para segurarem a liderança. Mas, era jogo de cena, aparência, fachada. E Jesus nos dizendo isso, pra ninguém se deixar enrolar por esses tipos e pra gente não permitir que dentro da comunidade cristã prosperem comportamentos deste tipo.

Tomem cuidado com o fermento dos fariseus, que é a hipocrisia (Lc 12, 1).

SABER PARA VIVER E AJUDAR


Ai de vocês, mestres da Lei, porque tomaram a chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e ainda impediram os que queriam entrar (Lc 11, 52)
Uma acusação muito forte, esta, feita por Jesus. Uma acusação contra os mestres da Lei. Quem eram os mestres da lei do tempo de Jesus? Gente que tinha estudado muito as Escrituras Sagradas. Pessoas que tinham frequentado grandes mestres, como Paulo que estudou com um professor muito famoso, Gamaliel. No meio daquela grande confraria que eram os fariseus e também entre os saduceus (duas alas religiosas muito influentes), um grupo tinha muito conhecimento das Escrituras e as explicavam ao povo. Eram os mestres da Lei. Eles tinham muita influência sobre as pessoas, pois conheciam bem os textos sagrados e instruíam o povo sobre como se devia praticar as tradições religiosas.
Jesus logo percebeu que aquela sabedoria toda daqueles homens era usada em vantagem própria: era fonte de muito prestígio para eles e de muito poder sobre o povo. Por isso, teceu muitas críticas sobre eles. Denunciou que eles exibiam santidade, mas por dentro eram violentos e interesseiros. Mais de uma vez, Jesus os chamou de sepulcros caiados. Jesus igualmente chamou a atenção dos seus discípulos para a vaidade e o exibicionismo de suas esmolas, de suas orações em público, de seus jejuns. Eles impunham um grande peso nas costas do povo, com tantas normas a serem cumpridas. Mas, eles mesmos nem de longe as praticavam.
Tanto conhecimento, tanta ciência.... mas, não em vantagem do Reino de Deus, do crescimento do povo, mas, sim, utilizados para manterem-se como uma elite, desfrutando privilégios e desclassificando os mais pobres de iletrados e ignorantes.
Vamos guardar a mensagem de hoje
Jesus bateu de frente com os mestres da Lei do seu tempo. Denunciou que, com o seu grande saber religioso, eles estavam não só se esquivando do anúncio do Reino de Deus, mas também obstruindo a adesão do povo. É necessário que os nossos ministros estudem e estudem muito para servir ao povo de Deus, com qualidade, com conhecimento, com a segurança da doutrina e a pedagogia de mestres de espírito. Mas, há sempre o perigo desse muito estudo acabar por constituir uma elite apartada da comunidade, disputando privilégios e fazendo desse conhecimento uma fonte de opressão sobre as pessoas. Pior ainda se, pelos títulos acadêmicos conseguidos, o evangelizador chegar a desprezar a fé dos simples e suas expressões religiosas. Aí realmente fica valendo esse “ai de vós” profético de Jesus.
Ai de vocês, mestres da Lei, porque tomaram a chave da ciência. Vocês mesmos não entraram, e ainda impediram os que queriam entrar (Lc 11, 52)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece
Senhor Jesus,
O teu compromisso com a boa notícia do amor de Deus e com os destinatários dessa boa nova te levaram a anunciar o Reino de Deus especialmente pela proximidade das pessoas. Esse é o mistério da tua encarnação. Tu és o verbo de Deus que se abaixou para nos encontrar em nossa condição frágil e pecadora. Por isso, não querias que os teus missionários confiassem mais nas estratégias do que na força da mensagem. E denunciaste os pregadores que usavam de sua ciência e de seus muitos conhecimentos para reforçarem seus privilégios e destituírem o povo de sua condição de povo amado de Deus. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vamos procurar praticar a palavra de hoje
O conhecimento da fé é um direito sagrado de todo cristão, não é só competência de um pequeno grupo.  Para vencer uma certa passividade em relação ao conhecimento da fé, deixo-lhe aqui uma sugestão: procure hoje ler ou ouvir alguma coisa a mais sobre a fé cristã.

Pe. João Carlos Ribeiro – 16.10.2016/19.10.2017

HORA DE MUTIRÃO


A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Por isso, peçam ao dono da messe que mande trabalhadores para a colheita (Lc 10, 2).

Jesus estava enviando setenta e dois discípulos, dois a dois, na sua frente, aos lugares por onde ele iria passar. E fez-lhe diversas recomendações, para se manterem focados no anúncio do Reino, com proximidade junto ao povo (partilhando pousada e alimentos em suas casas) e em simplicidade e despojamento (sem cargas para levar). Fez a este grupo de 72 enviados também a recomendação de orar ao Pai, pedindo-lhe que mande mais operários para a sua messe.

Messe é colheita, a hora em que a grande plantação de trigo ou cevada, exige um mutirão. É o tempo da safra, como na área da cana de açúcar. ‘A messe é grande. Mas, os trabalhadores são poucos’. Isto Jesus, em seu fervor missionário, está sentindo na pele. Os 72 irão experimentar isso, descolocando-se por vilas, povoados e cidades. Há muito o que fazer e é urgente que se faça. Mas, a mão de obra disponível é pequena. Agora, a Messe tem um dono, o Pai, que enviou o filho como seu missionário. E o Pai pode enviar mais trabalhadores para a colheita. Então, é preciso rezar, pedir-lhe mais missionários.

A oração pelas vocações tem sido uma recomendação da Igreja a todos nós. Diante de tantas necessidades, da fome de Deus que tem esse mundo, das periferias existenciais desassistidas (como gostar de falar o nosso Papa), sentimos a falta de missionários, de animadores cristãos, de agentes de pastoral, de religiosos, diáconos e padres que continuem a anunciar o Reino e de apresentar Jesus salvador a todas as pessoas.

E por que Jesus mandou em missão setenta e dois discípulos? Numa certa ocasião, ele enviou os 12, os doze apóstolos. Doze é o número do povo de Deus organizado nas tribos. Doze é o número da Igreja, o povo de Deus liderado pelos 12 apóstolos. Mas, nessa cena aqui ele mandou 72. Setenta e dois é um múltiplo de 12, é 12 x 6. Então, a mensagem de Jesus é clara. Todo o povo de Deus é missionário. Não são enviados apenas alguns. Todos estamos sendo enviados. E enviados como Igreja, como povo organizado ao redor dos apóstolos. E a missão não é uma aventura isolada de alguém. Eles vão de dois em dois. Dois é o número do testemunho. O testemunho coincidente de duas pessoas era o suficiente num processo em Israel. Além disso, ir assim, em dupla, indica também que a missão é algo partilhado, tarefa de Igreja, assumida em corresponsabilidade.

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JESUS NÃO LAVOU AS MÃOS


O Senhor disse ao fariseu: “Vocês, fariseus, limpam o copo e o prato por fora, mas o seu interior está cheio de roubos e maldades” (Lc 11, 39)


Um fariseu convidou Jesus para jantar em sua casa. Lá foi Jesus. Sentou-se à mesa na casa dele e começou a fazer a refeição. O fariseu ficou passado: o quê?! Ele come sem lavar as mãos antes da refeição! Ficou escandalizado.

Por que o fariseu ficou assim tão escandalizado? Porque Jesus estava descumprindo uma de suas normas religiosas. Eles viviam doentiamente focados na ideia de pureza. Para estar em comunhão com Deus, achavam que tinham que evitar tudo o que pudesse torna-los impuros, no contato com pessoas de má reputação, sobretudo estrangeiros, ou com coisas que consideravam impuras, como o sangue, e seguiam muitas regras em relação à alimentação. Na comida, vários alimentos eram terminantemente proibidos, como por exemplo a carne de porco e outros tipos de animais de casco fendido. E, para se manterem rigorosamente limpos, puros, havia maneiras corretas de se limpar os pratos e os copos e ações externas de purificação como era o caso de lavar as mãos ou banhar-se antes da refeição. Lavar as mãos não era apenas um hábito higiênico, era um ítem das leis de pureza. Sem isso, a pessoa ficava contaminada, suja, impura religiosamente. Eles viviam uma excessiva preocupação com o exterior.

Imagine se Jesus estava ligando pra isso. Nem ele, nem os discípulos dele. O problema não é o que está fora, pensava Jesus. Problema é o que está dentro. Ali mesmo, no jantar, ele disse ao fariseu: ‘vocês fariseus limpam o copo e o prato por fora. O interior de vocês é que está sujo, podre, cheio de roubos e maldades’.

A gente honra a Deus com os lábios, com a boca, quando reza, quando louva, quando canta um hino; quando dizemos que o amamos, que o reconhecemos como nosso Criador e Pai. Honrar a Deus com a boca é uma coisa muito boa, muito bonita. Honrar a Deus com os lábios, com a boca, é uma coisa santa. Mas, lamentou Jesus em certa ocasião, ‘este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim’. O problema, então, está no coração: se ele está longe ou perto de Deus; se é uma coisa que está saindo do coração mesmo. E o coração pode ser que esteja cheio de coisas ruins, de maldades, de violência, de mágoas. Assim, as palavras emitidas pela boca não nascem do coração. Nesse sentido, é bom você avaliar se a sua oração está nascendo mesmo no seu coração, ou se é apenas uma formalidade que você está cumprindo.

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O fariseu ficou escandalizado porque Jesus foi comer sem lavar as mãos. Isso só mostrou claramente a sua excessiva preocupação com o exterior, com a ideia fixa da pureza legal. A religião que eles praticavam era especialmente de cumprimento de mandamentos e normas. Escandalizado porque Jesus não lavou as mãos, mas olhe só!... Eles eram cumpridores de centenas de normas e leis, mas não cumpriam o principal da Aliança: a justiça, a misericórdia, a piedade. Cuidavam da limpeza exterior, mas o interior é que estava sujo.

NÍNIVE VAI JULGAR A GENTE

No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. (Lc 11, 32)
Jonas, tendo desobedecido às ordens de Deus e tomando o rumo contrário do seu campo de missão, terminou sendo jogado para fora do navio. Passou três dias no ventre de um grande peixe e depois foi vomitado vivo, na praia. Jesus, mesmo obedecendo à vontade de Deus, terminou sendo executado fora da cidade. Também ele permaneceu no ventre da terra, tendo sido devolvido vivo, ao terceiro dia.
Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Ele, a mando de Deus, pregou por três dias na grande cidade de Nínive, anunciando o castigo de Deus sobre todo aquele povo. Castigo por conta de sua impenitência, de sua vida de maldade e violência. Mas, o povo, diante daquela pregação de Jonas, tomou consciência de sua condição e implorou a misericórdia de Deus. Acolheu a pregação de Jonas como um convite urgente à penitência e à conversão. Do pequeno ao grande, do pobre ao rei, todos se sentaram em cinzas e pediram perdão de seus pecados. Jonas foi um sinal para o povo de Nínive. Uma convocação à conversão. Mas, também um sinal da misericórdia de Deus, pois Deus, tendo desistido do seu intento de destruir tudo, mostrou a sua misericórdia, dando o seu perdão.
Esse sinal de Jonas para o povo do seu tempo estava sendo reeditado na presença de Jesus, na sua pregação. Como Jonas foi um sinal para o povo de Nínive, assim Jesus seria para o povo do seu tempo. Jonas pregou por três dias, cobrindo toda aquela cidade pagã. Jesus pregou por três anos, percorrendo todo o país. Ele também trazia um convite urgente à conversão. Jesus começou sua missão, convidando todos a acolherem o Reino que estava se aproximando: convertam-se e creiam no evangelho. O convite à conversão, na verdade, é um convite à acolhida da misericórdia de Deus. Jesus estava lembrando que o povo de Nínive recebeu melhor o profeta Jonas do que a ele. Converteu-se à pregação de Jonas. E ali, Jesus não estava encontrando a mesma acolhida, nem a mesma disposição para a conversão. O povo de Nínive iria ser juiz do povo de Deus do tempo de Jesus. E iria condená-lo.
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O povo pagão de Nínive converteu-se à pregação de Jonas. O povo de Deus do tempo de Jesus respondeu com indiferença à sua pregação que anunciava o Reino de Deus. E um bom grupo reagiu com violência à boa notícia anunciada por Jesus. A pregação do Evangelho, que anuncia o Reino de Deus, continua hoje e chega até você e sua família. Como é que vocês estão reagindo a esse anúncio que pede conversão e acolhida do amor de Deus? Como o povo de Nínive? Como o povo do tempo de Jesus?
No dia do julgamento, os ninivitas se levantarão juntamente com esta geração e a condenarão. (Lc 11, 32)
Vamos acolher a mensagem de hoje com uma prece

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