PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O DOMINGO QUE VENCEU O MEDO


As mulheres correram, com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos (Mt 28,8).

22 de abril de 2019.

Segunda-feira da oitava da páscoa. Acabamos de celebrar o domingo da ressurreição e a grande alegria dessa solenidade se estende por oito dias, a oitava de Páscoa.

No evangelho de hoje, Maria Madalena e outra Maria vão ao sepulcro, no domingo, cedinho. E têm uma grande surpresa. O anjo do Senhor remove a pedra do túmulo e lhes diz que Jesus não está mais ali. E que elas avisassem aos discípulos que ele ressuscitou. As duas Marias partem depressa do sepulcro para avisar a Pedro e seus companheiros. Aí, elas têm uma segunda surpresa: o próprio Jesus vem ao encontro delas. “Alegrem-se”, disse ele. E elas se prostram e se abraçam com Jesus. E ele lhes diz que não tenham medo e que vão avisar aos discípulos para eles irem para a Galileia. Lá eles o encontrarão.
Os soldados que montavam guarda no túmulo de Jesus também vêem o anjo que removeu a pedra e ficam com muito medo. Alguns vão logo contar o acontecido às autoridades de Jerusalém. Os chefes do Templo combinam de dar uma grande quantia em dinheiro aos soldados para eles darem outra versão ao ocorrido. Os soldados então espalham que os discípulos de Jesus roubaram o seu corpo.
A ressurreição de Jesus foi uma boa notícia para os discípulos, para as mulheres que o seguiam, para o povo que o amava. A ressurreição de Jesus foi uma má notícia para os sumo-sacerdotes e anciãos do Templo de Jerusalém, para os seus opositores e para as forças militares que o executaram.
No caso das mulheres, a ressurreição foi motivo de encorajamento, alegria e disponibilidade para a Missão. Tanto o anjo, como Jesus, lhes disseram que não tivessem medo. Vencer o medo foi a primeira reação das mulheres. A segunda reação foi a alegria que tomou conta do coração delas. O próprio Jesus as convidou a alegrarem-se. E, diante da missão recebida, de comunicar aos  discípulos a boa nova, elas movimentaram-se com presteza, com disponibilidade. Partiram depressa.
Guardando a mensagem
Estas são as três atitudes que precisamos cultivar nestes dias da Páscoa do Senhor: a coragem, a alegria e a disponibilidade para a missão. Vencer o temor, pela certeza de que Deus está ao lado dos sofredores e lhes dá vitória. Encher o coração de alegria pela nossa participação na vitória de Cristo. E colocarmo-nos à disposição para levar essa boa notícia a outros.
Já das três atitudes dos soldados que guardavam o túmulo, precisamos tomar distância: o medo, o suborno e a mentira. Ao ver o anjo removendo a pedra, os guardas ficaram morrendo de medo. Os chefes resolveram dar-lhes um bom dinheiro em troca do seu silêncio. E eles aceitaram ser subornados.  E deviam espalhar uma mentira, uma fakenews - notícia falsa - tão em moda hoje: dizer que os discípulos roubaram o corpo, enquanto eles dormiam.
As mulheres correram, com grande alegria, para dar a notícia aos discípulos (Mt 28,8).
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Infelizmente, vemos, todo dia, muita gente, longe da vida nova que trouxeste, movendo-se nas sombras para fazer valer seus interesses, semeando medo, promovendo suborno e espalhando mentiras. Que o mal não prevaleça sobre nós, Senhor. Livra-nos do mal.  Dá-nos, sim, imitar, as atitudes das mulheres que te encontraram naquela manhã de domingo: a coragem, a alegria e a disponibilidade para a missão. Assim, poderemos ser testemunhas de tua vitória e de nossa vitória contigo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
No seu caderno espiritual, responda a esta pergunta: Por que a Páscoa é tão importante para você?

Pe. João Carlos Ribeiro – 22.04.2019

OS CINCO PASSOS PARA ENCONTRAR JESUS RESSUSCITADO



Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

21 de abril de 2019.

Gente, que domingo abençoado! É o domingo da páscoa da ressurreição. Fazemos memória da vitória de Jesus sobre a morte e sobre todas as forças que se opuseram a ele. Na vitória de Jesus, reconhecemos a nossa vitória também. Nós ressuscitamos com ele. Sua morte nos trouxe a reconciliação com Deus. Vida nova pra nós, também. A liturgia de hoje está cheia de expressões de júbilo, de exultação.

Mas, tem uma coisa triste, nessa história. É que muita gente não está vibrando com esse domingo de páscoa. Muito cristão não está nem aí. E os que estão aí não parecem tão felizes assim. E por que não? Bom, talvez não percebam que haja uma novidade surpreendente no ar. Não enxergam isso. Estão meio cegos. Não sentem que isso mude muita coisa. ‘É o normal de sempre’, pensam eles. Talvez você esteja nessa. Talvez. Pode ser, pode ser que você esteja nesse grupo dos cegos. Ou dos meio-cegos.

Bom, não vamos nos desesperar. O evangelho da celebração da tarde de hoje trata exatamente disso. Conta que dois discípulos, passados os três dias do sepultamento, voltaram pra casa, tristes e desanimados. Os dois iam conversando pelo caminho, na maior tristeza. Está tudo no evangelho de Lucas, capítulo 24. Eles estavam tão cegos que não reconheceram Jesus ressuscitado que caminhou e conversou com eles. Esse peregrino perguntou o que estava acontecendo. Eles contaram o que tinha acontecido com Jesus de Nazaré em Jerusalém, sua prisão, morte de cruz e sepultamento. E o peregrino foi explicando como, nas Escrituras, estava claro que o Messias iria sofrer muito. Chegaram ao seu povoado de Emaús e convidaram o peregrino para ficar com eles. Como estava ficando tarde, eles o acolheram em casa. Na hora do jantar, o hóspede tomou o pão e fez os mesmos gestos da multiplicação dos pães e da última ceia. Foi aí que seus olhos se abriram. Eles o viram claramente. O peregrino era Jesus e ele estava ali, vivo, ressuscitado. Aí eles retornaram à Jerusalém, de onde tinham vindo. Reencontraram a comunidade dos discípulos e discípulas. Contaram o que tinha acontecido e souberam que Jesus tinha aparecido também a Simão. Estava todo mundo contente, muito feliz mesmo.

Viu só? Os dois estavam como cegos. Desencataram-se com a morte e o sepultamento de Jesus. Naquele domingo (o mesmo da ressurreição), eles largaram a comunidade e voltaram pra casa. E nem reconheceram Jesus, o peregrino que andara com eles pelo caminho. Mas, chegou uma hora em que eles o viram claramente. E voltaram para a comunidade, com o maravilhoso testemunho de que Jesus estava vivo, ressuscitado. Eles o encontraram no caminho. Que caminho foi esse? Como foi esse processo de conversão, de superação da cegueira?


Guardando a mensagem

Podemos perceber cinco passos ou etapas nesse caminho de superação da cegueira. Jesus perguntou o que estava acontecendo. Eles contaram tudo o que aconteceu com Jeus, tim-tim por tim-tim. É o passo do CONHECIMENTO, o primeiro passo. Conhecer. Você precisa saber a  história de Jesus, precisa conhecer o seu evangelho. | Jesus saiu explicando como nas Escrituras aparecia o projeto de Deus de um messias-servo. O coração deles ardia, nesse momento. É o passo da FÉ, o segundo passo. Conhecer e crer. Não basta saber o que aconteceu, é preciso crer no que Deus nos revela, aderir a Jesus de coração. A fé é um dom de Deus. Um catequista, como Jesus, ajuda a compreender a revelação de Deus. |  Quando chegaram ao povoado, estava já tarde, eles o acolheram em casa. Puseram em prática o ensinamento de Jesus: “Eu era peregrino e vocês me acolheram”. Este é o terceiro passo do caminho: a CARIDADE. Conhecer, crer e amar como Jesus amou. Não dá pra chorar na crucificação de Jesus e não sentir a dor do irmão que está ao seu lado. | Em casa, chegou a hora de se sentarem ao redor da mesa para o jantar. Jesus fez igualzinho como na ceia de páscoa (a última ceia): tomou o pão, deu graças, partiu e o entregou a eles. É a EUCARISTIA, o quarto passo. Conhecer, crer, amar, celebrar. Na Santa Missa, como chamamos a Eucaristia, fazemos memória da morte e ressurreição do Senhor Jesus. Ele se torna realmente presente na palavra e no pão. Foi nesse momento que seus olhos se abriram. Experimentaram claramente que o crucificado está vivo e vitorioso. | Aí, mesmo de noite, eles voltaram para Jerusalém, para a comunidade. Lá receberam o testemunho de que o Senhor tinha aparecido a Simão e deram o testemunho de que o encontraram no caminho. É o passo da COMUNIDADE, o quinto  passo. Conhecer, crer, amar, celebrar e integrar-se à comunidade cristã.  

Não estava ardendo o nosso coração quando ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras? (Lc 24, 32)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
se este domingo da páscoa da ressurreição não enche o nosso coração de muita, de muita alegria mesmo, é porque não estamos vendo bem, não estamos enxergando o que Deus está fazendo em nossa vida e na história da humanidade. Na tua ressurreição, ele está fazendo novas todas as coisas. Senhor, cura as nossas cegueiras. Caminha conosco, por meio de teus catequistas e evangelizadores, nos ajudando a compreender as Escrituras e crer em ti. Que eles nos ajudem a amar e servir os sofredores, com quem foste solidário até à morte de cruz. Que eles nos ajudem a te encontrar na celebração da Santa Missa e a te seguir como discípulos membros de uma comunidade cristã concreta. Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

No seu caderno espiritual, anote os cinco passos da descoberta de Jesus Resuscitado. E não deixe de ler, em sua Bíblia, o evangelho de hoje: Lucas 24, 13-35.

Para quem recebe a Meditação pelo celular, estou enviando o áudio do canto FICA CONOSCO, que compus alguns anos atrás, meditando esse evangelho dos discípulos de Emaús. 
Segue a letra do canto.



FICA CONOSCO, SENHOR
Padre Joao Carlos

Andavam pensando tão tristes
De Jerusalém a Emaús
Os dois seguidores de Cristo
Logo após o episódio da cruz
Enquanto assim vão conversando
Jesus se chegou devagar
De que vocês estão palestrando?
E ao Senhor não puderam enxergar

Fica conosco, Senhor!
É tarde e a noite já vem!
Fica conosco Senhor
Somos teus seguidores também 


Não sabes então forasteiro
Aquilo que aconteceu?
Foi preso Jesus Nazareno
Redentor que esperou Israel
Os chefes a morte tramaram
Do santo profeta de Deus
O justo foi crucificado
A esperança do povo morreu

Três dias enfim se passaram
Foi tudo uma doce ilusão
Um susto as mulheres pregaram
Não encontraram seu corpo mais não
Disseram que Ele está vivo
Que disso souberam em visão
Estava o sepulcro vazio
Mas do Mestre ninguém sabe não

Jesus foi então relembrando
Pro Cristo na glória entrar
Profetas já tinham falado
Sofrimentos devia enfrentar
E pelo caminho afora
Ardia-lhes o coração
Falava-lhes das Escrituras
Explicando a sua missão

Chegando afinal ao destino
Jesus fez que ia passar
Mas eles demais insistiram
Vem, Senhor, vem conosco ficar
Sentado com eles à mesa
Deu graças e o pão repartiu
Dos dois foi tão grande a surpreso
Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu

Fica Conosco Senhor 

Padre Joao Carlos

https://www.cifraclub.com.br/padre-joao-carlos/fica-conosco-senhor/

Tom: G
  G                    Bm         G                                                      Am
Andavam pensando tão tristes, de Jerusalém a Emaús
                                         D7                                            G   D
Os dois seguidores de Cristo, logo após o episódio da cruz
   G                                                     G7                               C
Enquanto assim vão conversando, Jesus se chegou devagar
                                             G                   Am                D7                G
De que vocês estão palestrando? E ao Senhor não puderam enxergar

  G             Bm
Fica conosco, Senhor!
                                    Am
É tarde e a noite já vem!
                                 D7
Fica conosco Senhor
                                                 G
Somos teus seguidores também

  G                 Bm                                                      Am
Não sabes então forasteiro, aquilo que aconteceu?
                                     D7                                            G  D
Foi preso Jesus Nazareno, Redentor que esperou Israel
G G7 C Os chefes a morte tramaram, do santo profeta de Deus G Am D7 G O justo foi crucificado, a esperança do povo morreu G Bm Am Três dias enfim se passaram, foi tudo uma doce ilusão D7 G D Um susto as mulheres pregaram, não encontraram seu corpo mais não G G7 C Disseram que Ele está vivo, que disso souberam em visão G Am D7 G Estava o sepulcro vazio, mas do Mestre ninguém sabe não G Bm Am Jesus foi então relembrando, pro Cristo na glória entrar D7 G D Profetas já tinham falado, sofrimentos devia enfrentar G G7 C E pelo caminho afora, ardia-lhes o coração G Am D7 G Falava-lhes das Escrituras, explicando a sua missão G Am Chegando afinal ao destino, Jesus fez que ia passar D7 G D Mas eles demais insistiram, vem, Senhor, vem conosco ficar G G7 C Sentado com eles à mesa, deu graças e o pão repartiu G Am D7 G Dos dois foi tão grande a surpresa, Jesus Cristo, o Senhor, ressurgiu

ELE VENCEU, NÓS VENCEMOS COM ELE


Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? (Lc 24, 5)
20 de abril de 2019.
Neste sábado santo, não estamos num velório. É verdade que estamos num dia de silêncio e recolhimento, em vigília, como que ao lado do sepulcro do Senhor. Estamos, propriamente, em concentração. Preparamo-nos para celebrar, com toda exultação, o mistério da vitória de Jesus sobre a morte. Não porque ele esteja morto e vá ressuscitar hoje à noite, nada disso. Mas, para fazer memória de sua vitória sobre a morte. Ele vive triunfante, ele é o ressuscitado. A morte e a ressurreição do Senhor são o grande mistério no qual vivemos mergulhados. É o que estamos celebrando no Tríduo Pascal: a sua entrega em nosso favor, a sua morte de cruz nos lavando do pecado, a sua ressurreição dos mortos nos comunicando a vida de Deus.
A celebração de hoje é a vigília pascal, à noite. Depois de um dia de recolhimento, vamos celebrar a sua ressurreição. Nós nos damos conta que, com sua ressurreição, começa um novo tempo e que sua vitória é também nossa. Nós mergulhamos neste mistério de morte e ressurreição, particularmente, pelo batismo. No batismo, renascemos nas águas de sua morte. Como disse Paulo, no batismo, fomos sepultados com ele. E, ao sairmos das águas, ressurgimos com ele. Pelo batismo, começamos a viver a vida nova da graça que ele nos alcançou. Foi o que Jesus disse a Pedro: “Seu eu não te lavar, não terás parte comigo”. Somos lavados pelo batismo. Temos parte com ele.
Em vigília, serão lidos diversos textos da Escritura que narram as maravilhosas obras de Deus na criação, na libertação do povo da escravidão do Egito, no retorno do exílio da Babilônia, no batismo dos cristãos. No evangelho, será proclamado que as mulheres foram no domingo, bem cedinho, ao túmulo para ungir o corpo de Jesus com perfumes, mas tiveram uma dupla surpresa: encontram a pedra removida do túmulo e não encontraram mais o seu corpo.
Faltar à celebração da Vigília Pascal de hoje, nem pensar. Ela é a mais importante celebração do ano. A liturgia de hoje se desenvolve em quatro momentos: a celebração da luz (Cristo vence as trevas e ilumina o mundo); a celebração da Palavra (A ressurreição de Cristo é o coroamento das  maravilhosas obras de Deus ao longo da história); a celebração da água (Pelo batismo, participamos da morte e da ressurreição do Senhor); e a celebração do pão eucarístico (Na ceia eucarística, anunciamos a morte do Senhor e proclamamos a sua ressurreição). E a grande notícia da noite santa deste sábado, a Páscoa do Senhor, a sua Ressurreição da morte, se prolonga por todo o domingo de páscoa e por todos os domingos do ano. Faltar à celebração da Vigília Pascal de hoje, nem pensar.
Guardando a mensagem
Podemos pensar que a celebração do sábado santo tem três marcas: a Ressurreição, o Batismo e a Missão. Ressurreição é a boa notícia da madrugada do primeiro dia da semana. Está recomeçando a primeira semana da criação, é o início de uma nova humanidade. O Batismo é a nossa adesão a Cristo e o modo pelo qual participamos de sua morte e de sua ressurreição. Lavados, purificados por sua morte, somos novas criaturas, nascidas do alto, pelo derramamento do seu Espírito. A continuação da missão de Jesus é consequência de sua vitória sobre o pecado, o mal e a morte. Somos seus missionários. A missão continua.
Por que vocês estão procurando entre os mortos aquele que está vivo? (Lc 24, 5)
Rezando a palavra
Rezemos com as palavras do Exultet, a proclamação da páscoa na Vigília Pascal de hoje:
Exulte o céu e os anjos triunfantes, / mensageiros de Deus, desçam cantando, / façam soar trombetas fulgurantes, / a vitória de um Rei anunciando.
Alegre-se também a terra amiga / que em meio a tantas luzes resplandece / e, vendo dissipar-se a treva antiga, / ao sol do eterno Rei brilha e se aquece.
Que a mãe Igreja alegre-se igualmente, / erguendo as velas deste fogo novo. / E escutem reboando de repente, / o Aleluia cantado pelo povo.
Vivendo a palavra
Um modo de sublinhar o valor deste tempo de graça é desejar FELIZ PÁSCOA às pessoas de sua convivência, parentes e amigos. Então, a partir de  hoje, não economize votos de FELIZ PÁSCOA COM CRISTO.

Pe. João Carlos Ribeiro -20.04.2019

EU VI VOCÊ NA CASA DE ANÁS

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 



19 de abril de 2019 



Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo, e de nossa vitória com ele, proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano. 

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas. Uma de minhas tarefas pastorais hoje é o sermão das sete palavras na Catedral da Sé, em São Paulo. 

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso. 

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’. 

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes. 

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente. 

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes. 

Guardando a mensagem 

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”. 

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
O galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém. 

Vivendo a palavra 

Caso você não tenha oportunidade de participar, hoje, da “Celebração da Paixão” às 15 horas, em sua comunidade, ou de uma via sacra ou outra prática de piedade cristã no dia de hoje, sugiro que, pelo menos, reze o terço, contemplando os mistérios dolorosos. No meu site, vou deixar a relação dos mistérios dolorosos, para o caso de você não lembrar bem deles. 

Vou lhe deixar outra dica. Baixe o meu aplicativo no seu celular. No seu celular, vá até à loja play store e baixe o aplicativo PADRE JOÃO CARLOS. Lá você vai encontrar a meditação, o rádio, local para pedidos de oração, redes sociais e muito mais. Válido para celular android. 



Pe. João Carlos Ribeiro – 19.04.2019


TERÇO - MISTÉRIOS DOLOROSOS

No Primeiro Mistério contemplamos a Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. 

No Segundo Mistério contemplamos a Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo 

No Terceiro Mistério contemplamos a Coroação de espinhos de Nosso Senhor. 

No Quarto Mistério contemplamos Nosso Senhor carregando penosamente a Cruz até o Calvário.

No Quinto Mistério contemplamos a Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

AMOR ATÉ O FIM

Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)
18 de abril de 2019.
Uma das cenas da paixão de Cristo que mais chama atenção por sua beleza e por seu clima de intimidade é a Última Ceia, com o lava-pés. A celebração cristã da quinta-feira santa realça a instituição do sacramento da Eucaristia, do sacerdócio ministerial e o mandamento do amor fraterno.
Chama a atenção o fato do evangelista João não narrar a instituição da Eucaristia, como os outros evangelhos. Em seu lugar, ele apresenta o lava-pés. Lavar os pés não foi só um ato na vida de Jesus entre nós. Ele realizou sua missão, como servidor. O lava-pés é uma síntese da vida de Jesus. Entendemos que, com o lava-pés, Jesus quis mostrar que ele veio para servir, e assim nos pede para sermos servidores dos irmãos. Também nós devemos lavar os pés uns dos outros.
É possível que para João, o lava-pés seja muito mais que um sinal do serviço. Não sei se consigo me explicar, mas o lava-pés é o amor de Jesus até o fim. Veja se eu estou pensando certo. João abre esse relato da última ceia, com essa expressão “tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-se até o fim”. O que seria “amar até o fim”? Podemos entender que seria amar até o último momento de sua vida. Mas, também podemos entender que “amar até o fim” é amar intensamente, perfeitamente, até o máximo de amor possível.
Jesus amou os seus e os amou até o fim. Ele nos amou com o máximo amor. E como é que Jesus amou os seus? Bom, Jesus os convidou ao seu seguimento, anunciou-lhes a Palavra, revelando o Pai que o enviou. E o máximo de amor foi a autodoação de si mesmo. Como ele disse: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos”. Nisto estava o amor até o fim, em dar a vida pelos seus. O amor de Jesus o levou a dar a sua vida para que nós fôssemos purificados do nosso pecado.
Por sua vida entregue livremente em nosso favor, Jesus alcançou o perdão dos nossos pecados, nos purificou. Do seu coração aberto na cruz, escorreu sangue e água. Sangue redentor. Água purificadora. Por sua morte, ele nos purificou, nos lavou. Sendo assim, podemos concluir que o lava-pés é uma representação visível do amor de Jesus pelos seus até o fim. Amor que, na sua autodoação amorosa, nos comunicou a vida de Deus, nos lavando da sujeira do pecado.
Vejam que, no texto, o verbo “lavar” aparece 8 vezes. O lava-pés é o amor de Jesus que se manifestou na sua morte redentora, nos lavando, nos purificando do pecado.
Guardando a mensagem
O lava-pés não é um detalhe curioso da vida de Jesus. Foi a vida mesma dele. Ele, por amor, fez-se nosso servo. E a obra maior do seu amor foi nos lavar do pecado, por meio de sua morte. Quando foi que finalmente ele nos purificou dos pecados? Na sua cruz, na sua morte, onde se entregou em nosso favor. A sua morte é o amor maior, o amor até o fim, porque ali realizou de forma suprema o amor pelos seus. O lava-pés é uma representação do amor de Jesus, amor até às últimas consequências.
Tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim (Jo 13,1)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Pedro não queria que tu lavasses os seus pés. Ele viu que aquilo era um trabalho para escravo. E tu eras o Senhor. E ficamos pensando no que tu lhe disseste: “Se eu não te lavar, não terás parte comigo”. Pensando melhor, podemos entender essa palavra. Verdadeiramente tu nos lavaste do nosso pecado, por meio de tua morte. Ali, foi o máximo do teu esvaziamento, do teu abaixamento. Só lavados, purificados, podemos ter parte contigo, podemos estar em comunhão com Deus. Obrigado, Senhor. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz remiste o mundo. Amém.
Vivendo a palavra
Leia o evangelho de hoje na sua Bíblia (João 13, 1-15) e converse com alguém sobre o seu significado.

Pe. João Carlos Ribeiro – 18.04.2019

O PREÇO DE UM ESCRAVO

Combinaram, então, trinta moedas de prata (Mt 26, 15).
17 de abril de 2019.
Judas Iscariotes negociou com as autoridades do Templo. Fechou um preço com os inimigos de Jesus, aquele grupo seleto de anciãos, sumo-sacerdotes e mestres da Lei que estavam no controle do Templo e lideravam o povo de Deus. O serviço era entregar Jesus. Havia uma decisão do Sinédrio de prender e matar Jesus. A dificuldade era que ele estava sempre cercado de multidões que reagiriam a uma eventual prisão. Os soldados do Templo, um corpo militar local  a serviço do Sinédrio, já tinham tentado, mas desistiram. Eles mesmos, ao tentar executar a prisão, ficaram inseguros diante de uma pessoa tão mansa e tão humana quanto Jesus. E além do mais, ele andava sempre com aqueles doze homens, seus apóstolos. E ultimamente não se hospedava na cidade, mas pernoitava fora da cidade, em lugar de acesso difícil e, ao que parece, ao ar livre. Daria certinho, um dos doze o entregaria aos soldados do Templo, à noite. Não haveria reação. O povo nem tomaria conhecimento. Preço ajustado para o serviço: 30 moedas de prata, propriamente 30 ciclos de prata.
Trinta moedas de prata é uma cifra simbólica. No livro do Êxodo, estava previsto o preço de um escravo: 30 moedas. Então, não foi à toa a escolha dessa cifra, Judas vendeu Jesus pelo preço de um escravo. Na carta aos Filipenses, Paulo escreveu que Jesus não se apegou à sua condição divina, mas esvaziou-se tornando-se homem e servo, e fazendo-se obediente até à morte de cruz. Ele abaixou-se à condição de servo, de escravo. O evangelista João, ao narrar a ceia da páscoa, narrou que Jesus lavou os pés dos seus discípulos. Era o escravo, o servo que lavava os pés dos seus senhores e de suas visitas. Judas e os homens do Templo acertaram, mesmo sem querer. Jesus fez-se servo, escravo. E o seu serviço maior seria dar a sua vida por nós.
A negociação de Judas lembra uma figura muito especial da história do povo de Deus, a história de alguém muito parecido com Jesus. Você pode ir  fazendo a comparação. José era o mais novo dos doze filhos de Jacó. Andou sonhando que o seu feixe de trigo ficava em pé, enquanto os feixes dos seus irmãos se inclinavam para ele. Os irmãos entenderam o recado. Ele seria um líder, a quem eles obedeceriam. Começaram a discriminá-lo. Como era o mais jovem, o Pai o amava ainda mais do que os outros filhos. E lhe deu de presente uma túnica bordada, muito bonita. Por isso, os irmãos começaram a odiá-lo. Um dia, o pai mandou José saber como ia o trabalho dos irmãos no campo. Quando os irmãos o viram, quiseram matá-lo. Terminaram por vendê-lo como escravo. O preço da venda: 20 siclos de prata. E mandaram a túnica manchada de sangue para o pai. Anos mais tarde, o jovem escravo José tornou-se o vice-rei do Egito. E salvou seu pai e seus irmãos da fome que castigou Canaã.
Nessa história de José, você notou alguma coisa parecida com Jesus? Os 12 filhos – os 12 discípulos; a sua bela túnica – a túnica sem costura de Jesus;  a traição dos irmãos vendendo-o como escravo – a traição de Judas; a reviravolta na história do escravo que se tornou vice-rei. E o preço da venda como escravo. A venda por 30 moedas, por Judas, está nos dizendo que a ele foi dado o preço de um escravo. E, que, como na história de José, sua humilhação, sua morte serão superadas pela ressurreição. Passando por essa humilhação, esse escravo chegará a ser o Senhor.
Guardando a mensagem
Os discípulos combinaram com Jesus a celebração da Páscoa. Eles falavam de “comer a páscoa”, pois tratava-se da ceia de páscoa em que seu povo fazia memória da libertação do Egito, a refeição em que se comia o carneiro assado. Acertaram a casa de uma pessoa e preparam tudo. À mesa, Jesus anunciou que seria traído por um deles. Ficou todo mundo assustado. O próprio Judas, com cara de santinho, perguntou a Jesus: “Mestre, serei eu?”. Ele tinha combinado com as autoridades do Templo que entregaria Jesus por 30 moedas de prata. Todo mundo fez a mesma pergunta. Você também deveria fazer esta pergunta, porque todos temos culpa no cartório. A morte de Jesus é culpa de todos e de cada um de nós.
Combinaram, então, trinta moedas de prata (Mt 26, 15)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Tu escolheste Judas para ser teu discípulo. Foi uma manifestação de confiança e de amizade muito grande para com ele, como o foi para com os outros onze discípulos. E, mesmo vendo, que aos poucos, Judas estava se afastando de teus ensinamentos, em suas pequenas infidelidades, continuaste prestigiando e estimando teu discípulo. Não o retiraste da função de cuidar da bolsa comum, de ser o tesoureiro do grupo. Não o denunciaste na ceia, como traidor. Ofereceste-lhe um pedaço de pão, como o farias depois com os outros, quando o destes como teu corpo. Até o fim, Jesus, tu foste um amigo fiel. Mas, Judas preferiu guiar-se pelos seus interesses pessoais, e dar-te as costas, aliando-se aos teus inimigos. Livra-nos, Senhor, de agir como Judas Iscariotes. Dá-nos a graça de acolher o teu amor e de imitar a tua paciência e a tua fidelidade para com os pecadores.  Seja o teu santo nome bendito, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Judas Iscariotes vendeu Jesus por 30 moedas de prata. Você poderia, hoje, simbolicamente em reparação, fazer uma lista de 30 frases de  Jesus, no seu caderno espiritual.

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.04.2019

DÊ UM JEITO EM JUDAS ENQUANTO É TEMPO

Então Jesus molhou um pedaço de pão e o deu a Judas (Jo 13, 26)



16 de abril de 2019.

Chegamos à terça-feira da semana santa. No domingo, caminhamos com Jesus que montou o jumentinho. Ficou claro: ele é o rei manso e desarmado que Deus mandou para cuidar de nós. É o que está escrito no Profeta Zacarias. Ontem, segunda-feira santa, estivemos com ele no jantar em Betânia, na casa de Marta, Maria e Lázaro. Maria lavou os pés de Jesus com meio litro de perfume caro. Nesse gesto, Maria mostrou o seu amor pelo Mestre. Mostrou que aprendeu a amar como Jesus amava, de maneira gratuita, generosa e total. Ele ama, dando-se a si mesmo. Judas fez uma cara de desacordo com a ação de Maria. É o tipo do discípulo que não aprendeu a amar como Jesus.

Hoje, já estamos sentados com os discípulos na ceia da páscoa. No evangelho de João, a ceia é o espaço para uma conversa muito longa com os discípulos e para uma longa e bela oração de Jesus pelo seu pequeno rebanho. Jesus está triste, comovido. E revela a razão de sua tristeza: está para ser traído por um deles. Todo mundo quer saber quem é, mas Jesus não o diz claramente. João estava perto dele e perguntou quem seria. A João, Jesus deu uma pista: “É aquele a quem eu der o pedaço de pão passado no molho”. Molhou o pedaço de pão no molho e o deu a Judas. Disse alguma coisa a Judas e este se levantou e saiu. Os discípulos não entenderam que era Judas o traidor. Pensaram que ele tinha saído pra fazer algum mandado de Jesus.

O que é que estava acontecendo com Judas? Há muito tempo, ele estava com o pé atrás. A uma certa altura, começou a agir com desonestidade em relação ao caixa do grupo que ele tomava conta. Você lembra bem como ele reagiu na casa de Marta. Ficou revoltado com o gesto de Maria. Achou um desperdício ela gastar aquele perfume todo com Jesus. Ele não tinha assimilado o jeito de Jesus pensar e fazer as coisas. Não aprendeu a amar como Jesus. Não estava disposto a dar a sua vida, como Jesus estava para fazê-lo. De descontente, ele tinha passado à condição de aliado dos inimigos de Jesus. E já tinha feito um trato com eles. Entregaria Jesus, em troca de dinheiro.

O que é triste em Judas é que ele era um discípulo, uma pessoa que Jesus escolhera, confiava e queria bem. Como diz o salmo que Jesus também citou: “Quem comia comigo, levantou contra mim o calcanhar”. A traição que mais dói é a dos amigos e dos parentes. E, claro, da pessoa que se ama. Essa é a traição mais dolorosa. Até o fim, Jesus o tratou bem, esteve em comunhão com ele, não o denunciou ao grupo. Ali, na ceia, pegou o pão repartido, passou no molho e lhe deu. No final das contas, esse pão repartido, esse pedaço de pão, lembra a Eucaristia. Não era, com certeza, o momento sagrado que conhecemos, mas o contexto é o da Ceia. Parece uma última chance. Jesus está em comunhão com ele, o trata com deferência, come com ele. Ainda assim, Judas o rejeita. Deixa o seu coração ser tomado pelo mal. O evangelista escreveu tristemente: Satanás entrou em Judas. Judas permitiu que o mal o dominasse. João escreveu: Judas saiu. Era noite. Foi concluir as negociações para entregar o seu Mestre, naquela mesma hora.

Guardando a mensagem

O texto de hoje nos apresenta o caso de um discípulo, que tinha andado com Jesus nos seus três anos de ministério, que aos poucos foi se afastando do evangelho. De infidelidade em infidelidade, Judas chegou a romper com o seu Mestre, justo na ceia pascal, onde Jesus consagrou ao Pai a oferta de sua própria vida em resgate pelos pecadores. Pedaço de pão é uma expressão que faz referência ao contexto da Eucaristia. “Fração do pão” foi o nome da celebração da Ceia nas primeiras comunidades. Na mesa da comunhão, celebramos a nossa união com Jesus que se entregou por nós. Uma lição que você poderia tirar, hoje, dessa leitura, seria a necessidade de fazer um bom exame de consciência, para saber quanto de Judas tem dentro do seu coração. E ficar alerta: a traição começa nas coisas pequenas. Dê um jeito em Judas, enquanto é tempo!

Então Jesus molhou um pedaço de pão e o deu a Judas (Jo 13, 26)

Vamos rezar a Palavra

Senhor Jesus,

Pedro pensou que, com ele, a coisa seria diferente. Jurou que te seguiria, para onde quer que fosses. Tu disseste que naquela hora não era possível, mas depois ele seguiria mesmo. Mas, Pedro era mesmo impetuoso, decido. Disse logo que daria a sua vida por ti. Que grandeza de coração, a de Pedro. Mas, coitado, não contava com o galo. Tu o chamaste para a realidade, dizendo que ele te negaria três vezes, antes que o galo da madrugada cantasse. Somos fracos e pecadores, Senhor. Tem misericórdia de nós. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Faça, hoje, um bom exame de consciência. Identifique pequenas ações ou omissões que podem ir, devagarinho, afastando você de Jesus, do seu evangelho e de sua Igreja.

Pe. João Carlos Ribeiro – 16.04.2019

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