PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: sexta-feira da paixão
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Você também é discípulo(a) dele?

  



29 de março de 2024

   Sexta-feira da Paixão do Senhor.   


  Evangelho.  


Jo 18,1–19,42 (Confira o texto no final da Meditação)


  Meditação.  


Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo e de nossa vitória com ele proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano.

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas.

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso.

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de Última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para prender Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’.

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes.

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente.

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes.




Guardando a mensagem

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”.

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, você sabe, é dia de penitência e solidariedade. Praticamos o jejum (moderando a própria alimentação) e a partilha (reservando uma doação de alimentos para os mais necessitados). Às três da tarde, una-se à Igreja que está aos pés da cruz do Senhor, celebrando a sua Paixão e Morte.

Pe. João Carlos Ribeiro,sdb




Anúncio da Paixão de Cristo

Jo 18,1 – 19,42


Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João.

Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: 5Responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: Ele disse:

Pres.: “Sou eu”.

Narrador 1: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: Eles responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: 8Jesus respondeu:

Pres.: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”.

Narrador 1: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito:

Pres.: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”.

Narrador 2: 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:

Pres.: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?”

Narrador 1: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho:

Leitor 1: “É preferível que um só morra pelo povo”.

Narrador 2: 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:

Ass.: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?”

Narrador 2: Ele respondeu:

Leitor 2: “Não”.

Narrador 2: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu:

Pres.: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”.

Narrador 2: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:

Leitor 1: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?”

Narrador 2: 23Respondeu-lhe Jesus:

Pres.: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?”

Narrador 1: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:

Leitor 2: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?”

Narrador 1: Pedro negou:

Leitor 1: “Não!”

Narrador 1: 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:

Leitor 2: “Será que não te vi no jardim com ele?”

Narrador 2: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:

Leitor 1: “Que acusação apresentais contra este homem?”

Narrador 2: 30Eles responderam:

Ass.: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!”

Narrador 2: 31Pilatos disse:

Leitor 2: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”.

Narrador 2: Os judeus lhe responderam:

Ass.: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”.

Narrador 1: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:

Leitor 1: “Tu és o rei dos judeus?”

Narrador 1: 34Jesus respondeu:

Pres.: “Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”

Narrador 1: 35Pilatos falou:

Leitor 2: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”.

Narrador 1: 36Jesus respondeu:

Pres.: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.

Narrador 1: 37Pilatos disse a Jesus:

Leitor 1: “Então, tu és rei?”

Narrador 1: Jesus respondeu:

Pres.: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.

Narrador 1: 38Pilatos disse a Jesus:

Leitor 2: “O que é a verdade?”

Narrador 2: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes:

Leitor 1: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?”

Narrador 2: 40Então, começaram a gritar de novo:

Ass.: “Este não, mas Barrabás!”

Narrador 2: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus.

Ass.: 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus.

Narrador 2: Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:

Ass.: “Viva o rei dos judeus!”

Narrador 2: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:

Leitor 1: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:

Leitor 1: “Eis o homem!”

Narrador 1: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:

Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos respondeu:

Leitor 1: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 7Os judeus responderam:

Ass.: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”.

Narrador 2: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:

Leitor 1: “De onde és tu?”

Narrador 2: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:

Leitor 1: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?”

Narrador 2: 11Jesus respondeu:

Pres.: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”.

Narrador 2: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:

Ass.: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.

Narrador 1: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:

Leitor 2: “Eis o vosso rei!”

Narrador 1: 15Eles, porém, gritavam:

Ass.: “Fora! Fora! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos disse:

Leitor 1: “Hei de crucificar o vosso rei?”

Narrador 1: Os sumos sacerdotes responderam:

Ass.: “Não temos outro rei senão César”.

Narrador 2: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito:

Ass.: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.

Narrador 2: 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:

Ass.: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”.

Narrador 2: 22Pilatos respondeu:

Ass.: “O que escrevi, está escrito”.

Narrador 2: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo. 24Disseram então entre si:

Ass.: “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”.

Narrador 2: Assim se cumpria a Escritura que diz:

Ass.: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”.

Narrador 1: Assim procederam os soldados. 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:

Pres.: “Mulher, este é o teu filho”.

Narrador 1: 27Depois disse ao discípulo:

Pres.: “Esta é a tua mãe”.

Narrador 1: Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse:

Pres.: “Tenho sede”.

Narrador 1: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:

Pres.: “Tudo está consumado”.

Narrador 1: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

(Todos se ajoelham - Silêncio.)

Narrador 2: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz:

Ass.: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”.

Narrador 2: 37E outra Escritura ainda diz:

Ass.: “Olharão para aquele que transpassaram”.

Narrador 1: 38Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus —, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.

Narrador 2: 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.

Jejum e Solidariedade nesta Sexta-feira da Paixão.

 




07 de abril de 2023

Sexta-feira da Paixão do Senhor


EVANGELHO


Jo 18,1–19,42 (Confira o texto no final da Meditação)


MEDITAÇÃO


Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo e de nossa vitória com ele proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano.

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas.

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso.

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de Última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para prender Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’.

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes.

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente.

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes.


Guardando a mensagem

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”.

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, você sabe, é dia de penitência e solidariedade. Praticamos o jejum (ficando uma boa parte do dia sem comer) e a partilha (reservando uma doação de alimentos para os mais necessitados). Às três da tarde, una-se à Igreja que está aos pés da cruz do Senhor, celebrando a Paixão e Morte do Senhor.

Comunicando

Neste dias do Tríduo PASCAL, eu e uma equipe de missionários da AMA estamos no Município de São João da Varjota, no PI, na comunidade São Miguel. Nesta sexta da Paixão, vamos reunir a comunidade para a celebração da Morte do Senhor à tarde e para a caminhada da Via Sacra à noite. 




Anúncio da Paixão de Cristo

Jo 18,1 – 19,42


Narrador 1: Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo, segundo João.

Naquele tempo, 1Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cedron. Havia aí um jardim, onde ele entrou com os discípulos. 2Também Judas, o traidor, conhecia o lugar, porque Jesus costumava reunir-se aí com os seus discípulos. 3Judas levou consigo um destacamento de soldados e alguns guardas dos sumos sacerdotes e fariseus, e chegou ali com lanternas, tochas e armas. 4Então Jesus, consciente de tudo o que ia acontecer, saiu ao encontro deles e disse:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: 5Responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: Ele disse:

Pres.: “Sou eu”.

Narrador 1: Judas, o traidor, estava junto com eles. 6Quando Jesus disse: “Sou eu”, eles recuaram e caíram por terra. 7De novo lhes perguntou:

Pres.: “A quem procurais?”

Narrador 1: Eles responderam:

Ass.: “A Jesus, o Nazareno”.

Narrador 1: 8Jesus respondeu:

Pres.: “Já vos disse que sou eu. Se é a mim que procurais, então deixai que estes se retirem”.

Narrador 1: 9Assim se realizava a palavra que Jesus tinha dito:

Pres.: “Não perdi nenhum daqueles que me confiaste”.

Narrador 2: 10Simão Pedro, que trazia uma espada consigo, puxou dela e feriu o servo do sumo sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O nome do servo era Malco. 11Então Jesus disse a Pedro:

Pres.: “Guarda a tua espada na bainha. Não vou beber o cálice que o Pai me deu?”

Narrador 1: 12Então, os soldados, o comandante e os guardas dos judeus prenderam Jesus e o amarraram. 13Conduziram-no primeiro a Anás, que era o sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. 14Foi Caifás que deu aos judeus o conselho:

Leitor 1: “É preferível que um só morra pelo povo”.

Narrador 2: 15Simão Pedro e um outro discípulo seguiam Jesus. Esse discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e entrou com Jesus no pátio do Sumo Sacerdote. 16Pedro ficou fora, perto da porta. Então o outro discípulo, que era conhecido do Sumo Sacerdote, saiu, conversou com a encarregada da porta e levou Pedro para dentro. 17A criada que guardava a porta disse a Pedro:

Ass.: “Não pertences também tu aos discípulos desse homem?”

Narrador 2: Ele respondeu:

Leitor 2: “Não”.

Narrador 2: 18Os empregados e os guardas fizeram uma fogueira e estavam se aquecendo, pois fazia frio. Pedro ficou com eles, aquecendo-se. 19Entretanto, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus a respeito de seus discípulos e de seu ensinamento. 20Jesus lhe respondeu:

Pres.: “Eu falei às claras ao mundo. Ensinei sempre na sinagoga e no Templo, onde todos os judeus se reúnem. Nada falei às escondidas. 21Por que me interrogas? Pergunta aos que ouviram o que falei; eles sabem o que eu disse”.

Narrador 2: 22Quando Jesus falou isso, um dos guardas que ali estava deu-lhe uma bofetada, dizendo:

Leitor 1: “É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?”

Narrador 2: 23Respondeu-lhe Jesus:

Pres.: “Se respondi mal, mostra em quê; mas, se falei bem, por que me bates?”

Narrador 1: 24Então, Anás enviou Jesus amarrado para Caifás, o Sumo Sacerdote. 25Simão Pedro continuava lá, em pé, aquecendo-se. Disseram-lhe:

Leitor 2: “Não és tu, também, um dos discípulos dele?”

Narrador 1: Pedro negou:

Leitor 1: “Não!”

Narrador 1: 26Então um dos empregados do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro tinha cortado a orelha, disse:

Leitor 2: “Será que não te vi no jardim com ele?”

Narrador 2: 27Novamente Pedro negou. E na mesma hora, o galo cantou. 28De Caifás, levaram Jesus ao palácio do governador. Era de manhã cedo. Eles mesmos não entraram no palácio, para não ficarem impuros e poderem comer a páscoa. 29Então Pilatos saiu ao encontro deles e disse:

Leitor 1: “Que acusação apresentais contra este homem?”

Narrador 2: 30Eles responderam:

Ass.: “Se não fosse malfeitor, não o teríamos entregue a ti!”

Narrador 2: 31Pilatos disse:

Leitor 2: “Tomai-o vós mesmos e julgai-o de acordo com a vossa lei”.

Narrador 2: Os judeus lhe responderam:

Ass.: “Nós não podemos condenar ninguém à morte”.

Narrador 1: 32Assim se realizava o que Jesus tinha dito, significando de que morte havia de morrer. 33Então Pilatos entrou de novo no palácio, chamou Jesus e perguntou-lhe:

Leitor 1: “Tu és o rei dos judeus?”

Narrador 1: 34Jesus respondeu:

Pres.: “Estás dizendo isso por ti mesmo ou outros te disseram isto de mim?”

Narrador 1: 35Pilatos falou:

Leitor 2: “Por acaso, sou judeu? O teu povo e os sumos sacerdotes te entregaram a mim. Que fizeste?”.

Narrador 1: 36Jesus respondeu:

Pres.: “O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas o meu reino não é daqui”.

Narrador 1: 37Pilatos disse a Jesus:

Leitor 1: “Então, tu és rei?”

Narrador 1: Jesus respondeu:

Pres.: “Tu o dizes: eu sou rei. Eu nasci e vim ao mundo para isto: para dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade escuta a minha voz”.

Narrador 1: 38Pilatos disse a Jesus:

Leitor 2: “O que é a verdade?”

Narrador 2: Ao dizer isso, Pilatos saiu ao encontro dos judeus, e disse-lhes:

Leitor 1: “Eu não encontro nenhuma culpa nele. 39Mas existe entre vós um costume, que pela Páscoa eu vos solte um preso. Quereis que vos solte o rei dos Judeus?”

Narrador 2: 40Então, começaram a gritar de novo:

Ass.: “Este não, mas Barrabás!”

Narrador 2: Barrabás era um bandido. 19,1Então Pilatos mandou flagelar Jesus.

Ass.: 2Os soldados teceram uma coroa de espinhos e a colocaram na cabeça de Jesus.

Narrador 2: Vestiram-no com um manto vermelho, 3aproximavam-se dele e diziam:

Ass.: “Viva o rei dos judeus!”

Narrador 2: E davam-lhe bofetadas. 4Pilatos saiu de novo e disse aos judeus:

Leitor 1: “Olhai, eu o trago aqui fora, diante de vós, para que saibais que não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 5Então Jesus veio para fora, trazendo a coroa de espinhos e o manto vermelho. Pilatos disse-lhes:

Leitor 1: “Eis o homem!”

Narrador 1: 6Quando viram Jesus, os sumos sacerdotes e os guardas começaram a gritar:

Ass.: “Crucifica-o! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos respondeu:

Leitor 1: “Levai-o vós mesmos para o crucificar, pois eu não encontro nele crime algum”.

Narrador 1: 7Os judeus responderam:

Ass.: “Nós temos uma Lei, e, segundo esta Lei, ele deve morrer, porque se fez Filho de Deus”.

Narrador 2: 8Ao ouvir estas palavras, Pilatos ficou com mais medo ainda. 9Entrou outra vez no palácio e perguntou a Jesus:

Leitor 1: “De onde és tu?”

Narrador 2: Jesus ficou calado. 10Então Pilatos disse:

Leitor 1: “Não me respondes? Não sabes que tenho autoridade para te soltar e autoridade para te crucificar?”

Narrador 2: 11Jesus respondeu:

Pres.: “Tu não terias autoridade alguma sobre mim, se ela não te fosse dada do alto. Quem me entregou a ti, portanto, tem culpa maior”.

Narrador 2: 12Por causa disso, Pilatos procurava soltar Jesus. Mas os judeus gritavam:

Ass.: “Se soltas este homem, não és amigo de César. Todo aquele que se faz rei, declara-se contra César”.

Narrador 1: 13Ouvindo essas palavras, Pilatos levou Jesus para fora e sentou-se no tribunal, no lugar chamado “Pavimento”, em hebraico Gábata”. 14Era o dia da preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Pilatos disse aos judeus:

Leitor 2: “Eis o vosso rei!”

Narrador 1: 15Eles, porém, gritavam:

Ass.: “Fora! Fora! Crucifica-o!”

Narrador 1: Pilatos disse:

Leitor 1: “Hei de crucificar o vosso rei?”

Narrador 1: Os sumos sacerdotes responderam:

Ass.: “Não temos outro rei senão César”.

Narrador 2: 16Então Pilatos entregou Jesus para ser crucificado, e eles o levaram. 17Jesus tomou a cruz sobre si e saiu para o lugar chamado Calvário”, em hebraico “Gólgota”. 18Ali o crucificaram, com outros dois: um de cada lado, e Jesus no meio. 19Pilatos mandou ainda escrever um letreiro e colocá-lo na cruz; nele estava escrito:

Ass.: “Jesus Nazareno, o Rei dos Judeus”.

Narrador 2: 20Muitos judeus puderam ver o letreiro, porque o lugar em que Jesus foi crucificado ficava perto da cidade. O letreiro estava escrito em hebraico, latim e grego. 21Então os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos:

Ass.: “Não escrevas ‘O Rei dos Judeus’, mas sim o que ele disse: ‘Eu sou o Rei dos judeus’”.

Narrador 2: 22Pilatos respondeu:

Ass.: “O que escrevi, está escrito”.

Narrador 2: 23Depois que crucificaram Jesus, os soldados repartiram a sua roupa em quatro partes, uma parte para cada soldado. Quanto à túnica, esta era tecida sem costura, em peça única de alto abaixo. 24Disseram então entre si:

Ass.: “Não vamos dividir a túnica. Tiremos a sorte para ver de quem será”.

Narrador 2: Assim se cumpria a Escritura que diz:

Ass.: “Repartiram entre si as minhas vestes e lançaram sorte sobre a minha túnica”.

Narrador 1: Assim procederam os soldados. 25Perto da cruz de Jesus, estavam de pé a sua mãe, a irmã da sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. 26Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe:

Pres.: “Mulher, este é o teu filho”.

Narrador 1: 27Depois disse ao discípulo:

Pres.: “Esta é a tua mãe”.

Narrador 1: Daquela hora em diante, o discípulo a acolheu consigo. 28Depois disso, Jesus, sabendo que tudo estava consumado, e para que a Escritura se cumprisse até o fim, disse:

Pres.: “Tenho sede”.

Narrador 1: 29Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram numa vara uma esponja embebida de vinagre e levaram-na à boca de Jesus. 30Ele tomou o vinagre e disse:

Pres.: “Tudo está consumado”.

Narrador 1: E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.

(Todos se ajoelham - Silêncio.)

Narrador 2: 31Era o dia da preparação para a Páscoa. Os judeus queriam evitar que os corpos ficassem na cruz durante o sábado, porque aquele sábado era dia de festa solene. Então pediram a Pilatos que mandasse quebrar as pernas aos crucificados e os tirasse da cruz. 32Os soldados foram e quebraram as pernas de um e, depois, do outro que foram crucificados com Jesus. 33Ao se aproximarem de Jesus, e vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas; 34mas um soldado abriu-lhe o lado com uma lança, e logo saiu sangue e água. 35Aquele que viu, dá testemunho e seu testemunho é verdadeiro; e ele sabe que fala a verdade, para que vós também acrediteis. 36Isso aconteceu para que se cumprisse a Escritura, que diz:

Ass.: “Não quebrarão nenhum dos seus ossos”.

Narrador 2: 37E outra Escritura ainda diz:

Ass.: “Olharão para aquele que transpassaram”.

Narrador 1: 38Depois disso, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus — mas às escondidas, por medo dos judeus —, pediu a Pilatos para tirar o corpo de Jesus. Pilatos consentiu. Então José veio tirar o corpo de Jesus. 39Chegou também Nicodemos, o mesmo que tinha ido de noite encontrar-se com Jesus. Levou uns trinta quilos de perfume feito de mirra e aloés. 40Então tomaram o corpo de Jesus e envolveram-no, com os aromas, em faixas de linho, como os judeus costumam sepultar.

Narrador 2: 41No lugar onde Jesus foi crucificado, havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. 42Por causa da preparação da Páscoa, e como o túmulo estava perto, foi ali que colocaram Jesus.


SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO DO SENHOR




15 de abril de 2022

Sexta-feira da Paixão do Senhor


EVANGELHO


Jo 18,1–19,42


MEDITAÇÃO


Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo e de nossa vitória com ele proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano.

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas.

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso.

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para prender
Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’.

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes.

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente.

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes.


Guardando a mensagem

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”.

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
o galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, você sabe, é dia de penitência e solidariedade. Praticamos o jejum (ficando uma boa parte do dia sem comer) e a partilha (reservando uma doação de alimentos para os mais necessitados). Às três da tarde, una-se à Igreja que está aos pés da cruz do Senhor, celebrando a Paixão e Morte do Senhor.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NÓS TAMBÉM ANDAMOS COM ELE


02 de abril de 2021

MEDITAÇÃO


Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo e de nossa vitória com ele proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano. 

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas. 

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso. 

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para prender 
Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’. 

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes. 

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente. 

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes. 

Guardando a mensagem 

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”. 

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
O galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém. 

Vivendo a palavra 

Hoje, você sabe, é dia de penitência e solidariedade. Praticamos o jejum (ficando uma boa parte do dia sem comer) e a partilha (reservando uma doação de alimentos para os mais necessitados).

Às três da tarde, una-se à Igreja que está aos pés da cruz do Senhor, na celebração transmitida em todas as redes sociais e nos meios de comunicação. Dê preferência à transmissão de sua comunidade. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

NA CASA DE ANÁS

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

10 de abril de 2020

Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo, e de nossa vitória com ele, proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano. 

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas. Uma de minhas tarefas pastorais no ano passado, neste dia, foi o sermão das sete palavras na Catedral da Sé, em São Paulo. 

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso. 

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’. 

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes. 

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente. 

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes. 

Guardando a mensagem 

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”. 

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 

O galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém. 

Vivendo a palavra 

Hoje, você sabe, é dia de penitência e solidariedade. Praticamos o jejum (ficando uma boa parte do dia sem comer) e a partilha (reservando uma doação de alimentos para os mais necessitados).

Às três da tarde, una-se à Igreja que está aos pés da cruz do Senhor, na celebração transmitida em todas as redes sociais e nos meios de comunicação. Dê preferência à transmissão de sua comunidade.  

Uma sugestão a mais: aproveite o dia de hoje para rezar o terço com calma, contemplando os mistérios. Pra você que recebe a Meditação pelas redes sociais, já vou incluindo um link para você ver os mistérios dolorosos, no caso de você não lembrar bem deles. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 



TERÇO - MISTÉRIOS DOLOROSOS 


No Primeiro Mistério contemplamos a Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. 

No Segundo Mistério contemplamos a Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo 

No Terceiro Mistério contemplamos a Coroação de espinhos de Nosso Senhor. 

No Quarto Mistério contemplamos Nosso Senhor carregando penosamente a Cruz até o Calvário. 

No Quinto Mistério contemplamos a Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

EU VI VOCÊ NA CASA DE ANÁS

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 



19 de abril de 2019 



Estamos na sexta-feira da paixão. Hoje, fazemos memória do julgamento, condenação, execução e sepultamento de Jesus. Estamos celebrando o Tríduo Pascal. O Tríduo é como um único dia, com três momentos: a entrega que Jesus fez de sua vida ao Pai e aos seus (a última ceia com o lava-pés da quinta-feira santa), sua paixão e morte na cruz (a celebração da Paixão do Senhor no dia de hoje) e sua ressurreição dos mortos (a Vigília Pascal do sábado santo). A alegria da vitória de Cristo, e de nossa vitória com ele, proclamada na Vigília continua no domingo da páscoa e em todos os domingos do ano. 

Para meditação do grande mistério da paixão, nesta sexta-feira, além da solene celebração das três da tarde, hora da morte do redentor, as comunidades realizam também vias sacras, procissão do Senhor Morto, sermão das sete palavras, encenações da paixão de Cristo, sermão do descimento e várias outras práticas piedosas. Uma de minhas tarefas pastorais hoje é o sermão das sete palavras na Catedral da Sé, em São Paulo. 

Na narração da paixão, lendo João capítulos 18 e 19, há muita coisa a meditar. Vou meditar com vocês sobre um elemento apenas. Jesus assumiu sua identidade. Pedro escondeu sua identidade. Talvez você esteja fazendo como Pedro. Todos já passamos por isso. 

Depois da ceia de páscoa com os discípulos, o que chamamos de última ceia, Jesus foi para o Jardim das Oliveiras, com os discípulos. Como estava sendo perseguido e sob ameaça de prisão, ele se refugiava fora da cidade. Em lugares como aqueles, com árvores, era comum muitos romeiros acamparem durante a grande festa da páscoa. Judas tinha saído da ceia e não voltara mais. Mas, já tarde da noite, reapareceu ali no Jardim com soldados e guardas do Templo para Jesus. Ele já estava esperando e foi ao encontro deles. ‘Quem é que vocês estão procurando?'. ‘Jesus, o nazareno’. Jesus se identificou: ‘Sou eu’. Esse ‘sou eu’ deu um susto neles, que recuaram e caíram por terra. Jesus voltou a perguntar quem estavam procurando e a afirmar: ‘Sou eu’. 

Jesus não esconde sua identidade. Não se esconde. Pede para não fazerem nada com os discípulos. Mas, se apresenta: ‘Sou eu’. O susto deles certamente se refere ao conteúdo bíblico dessa afirmação de Jesus. ‘Sou eu’ é a forma como Deus se apresentou a Moisés no Monte Sinai. ‘Diga ao Faraó que ‘Eu sou’ mandou libertar o seu povo’. Essa é a identidade de Deus. Ele é. E ponto. Jesus já tinha se apresentado assim muitas vezes: Eu sou a luz do mundo; eu sou o pão descido do céu; eu sou a ressurreição e a vida; eu sou a porta das ovelhas; eu sou o bom pastor. Esse ‘eu sou’ ressoa como manifestação do próprio Deus. Certamente, por isso, a tropa recua e cai. Diante de Pilatos, Jesus também disse: ‘Eu sou’- ‘Eu sou rei’. Não se esconde, nem camufla sua identidade. Assume quem ele é, identifica-se aos soldados e à tropa do Templo: ‘Sou eu’. Enfrenta a traição e a injustiça da prisão com sua própria verdade: ‘Sou eu’. E o afirma por três vezes. 

Neste evangelho de São João, o interrogatório de Jesus na casa de Anás vem junto com o interrogatório de Pedro. Jesus está dentro da mansão do sumo-sacerdote. Pedro está no pátio da mansão, junto com serviçais e guardas. Lá dentro, Jesus assume sua identidade e sua missão. Lá fora, Pedro age bem diferente. 

Pedro, mesmo que ficasse exposto à perseguição, poderia ter confirmado: “Sou eu”. Primeiro, foi na porta do palacete de Anás. A empregada o reconheceu e perguntou se ele não era um discípulo do homem que chegara preso. Pedro respondeu: “Não sou”. Enquanto Jesus estava sendo interrogado e maltratado na mansão de Anás, Pedro, meio por fora, se esquentava na fogueira com guardas e criados. Fizeram-lhe a mesma pergunta. E ele, quase fazendo eco à bofetada que Jesus recebera dentro da mansão naquele momento, respondeu: “Sou não”. E Pedro ainda teve uma terceira chance. Um parente daquele que ele tinha cortado a orelha, lá no Jardim das Oliveiras, o identificou. ‘Eu vi você lá no Jardim.” ‘Eu? De jeito nenhum”. Por medo, para fugir da perseguição, Pedro negou sua identidade. Era discípulo. Mas, disse que não era. Andava com Jesus. Mas, disse que não o conhecia. Pedro o negou por três vezes. 

Guardando a mensagem 

Neste dia de jejum e oração, acompanhamos a paixão do nosso Redentor. Na narração da paixão, podemos contemplar a sua fidelidade, a sua obediência ao Pai, o seu amor misericordioso pelos pecadores pelos quais está entregando a vida. Não fugiu, não jogou culpa nos outros, não desconversou. Ele assumiu corajosamente a sua identidade: “Sou eu”. Disse isso por três vezes. Nesta sexta-feira da paixão, contemplemo-nos também nesse drama que marcou a história e deve marcar nossa vida igualmente. Nós somos Pedro. Na hora da provação, escondemos nossa identidade. Quando surgem críticas e oposições, tiramos o time de campo. Imitamos Pedro. “Sou não”. 

Não és tu, também, um dos discípulos dele? (Jo 18, 25) 

Rezando a palavra 

Senhor Jesus, 
O galo da madrugada alertou Pedro de sua infidelidade, de sua traição. Essa sua falta lhe trouxe um grande sofrimento, um grande arrependimento. Caiu num choro de dias. Chorava pela humilhação que tu estavas padecendo, chorava pela infidelidade do seu “Sou não”. Nesta sexta-feira da paixão, dá-nos, Senhor, verdadeira contrição dos nossos pecados, de nossas infidelidades. Dá-nos a conversão de Pedro. Queremos imitar-te em tua fidelidade, na firmeza de tua entrega à vontade de Deus. E assumir com destemor nossa identidade de discípulos teus. E sustentá-la abertamente nas horas difíceis, na hora da provação. Nós te adoramos, Senhor Jesus Cristo, e te bendizemos, porque pela tua santa cruz, remiste o mundo. Amém. 

Vivendo a palavra 

Caso você não tenha oportunidade de participar, hoje, da “Celebração da Paixão” às 15 horas, em sua comunidade, ou de uma via sacra ou outra prática de piedade cristã no dia de hoje, sugiro que, pelo menos, reze o terço, contemplando os mistérios dolorosos. No meu site, vou deixar a relação dos mistérios dolorosos, para o caso de você não lembrar bem deles. 

Vou lhe deixar outra dica. Baixe o meu aplicativo no seu celular. No seu celular, vá até à loja play store e baixe o aplicativo PADRE JOÃO CARLOS. Lá você vai encontrar a meditação, o rádio, local para pedidos de oração, redes sociais e muito mais. Válido para celular android. 



Pe. João Carlos Ribeiro – 19.04.2019


TERÇO - MISTÉRIOS DOLOROSOS

No Primeiro Mistério contemplamos a Agonia de Jesus no Horto das Oliveiras. 

No Segundo Mistério contemplamos a Flagelação de Nosso Senhor Jesus Cristo 

No Terceiro Mistério contemplamos a Coroação de espinhos de Nosso Senhor. 

No Quarto Mistério contemplamos Nosso Senhor carregando penosamente a Cruz até o Calvário.

No Quinto Mistério contemplamos a Crucifixão e morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.

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