PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

POR AMOR, DEUS DEU O SEU FILHO



27 de abril de 2022

Quarta-feira da Segunda Semana da Páscoa


EVANGELHO


Jo 3,16-21

16Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito, para que não morra todo o que nele crer, mas tenha a vida eterna. 17De fato, Deus não enviou o seu Filho ao mundo para condenar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. 18Quem nele crê não é condenado, mas quem não crê já está condenado, porque não acreditou no nome do Filho unigênito.
19Ora, o julgamento é este: a luz veio ao mundo, mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas ações eram más. 20Quem pratica o mal odeia a luz e não se aproxima da luz, para que suas ações não sejam denunciadas. 21Mas quem age conforme a verdade aproxima-se da luz, para que se manifeste que suas ações são realizadas em Deus.


MEDITAÇÃO


Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).

O apóstolo João falou de Deus, em sua primeira carta, de uma maneira maravilhosa: Deus é amor (1Jo 4,7.8). Isso explica a ação de Deus. Na ação, a pessoa se revela. A criação foi um grande ato de amor de Deus. Mas, Deus fez mais ainda. Deus amou o mundo de tal forma que deu o seu filho unigênito para sua salvação. Um amor grande demais...

Deus amou tanto o mundo.... que ‘mundo’? No evangelho de São João, este que estamos lendo, a palavra ‘mundo’ tem um significado muito particular. Mundo é usado no sentido teológico, como cenário do processo de salvação. Mas, não é só o cenário, é também um protagonista do drama. O mundo é a humanidade decaída, afastada de Deus e hostil a Jesus. Pense no sentido dessa palavra: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. Mundo é a humanidade decaída.

Sendo assim, fica claro, o mundo não gosta de Deus. O mundo se opõe a Deus, está possuído pelo pecado. Mas, Deus ama o mundo, isto é, a humanidade decaída, aquela humanidade representada na desobediência de Adão. E Deus quer salvar o mundo, a humanidade pecadora, que dele se afastou. É porque ama, que Deus dá seu filho unigênito para quem nele crer encontre a vida eterna.

“Dar o filho”, poderíamos entender, é mais do que “enviar”. Dar o filho nos lembra a cruz. Foi na cruz que Deus deu seu filho, que morreu em expiação do pecado do mundo. O Pai ama o filho, claro. É o seu filho unigênito, isto é, o único. “Este é o meu filho amado”. Foi assim que Deus apresentou Jesus, no batismo do Jordão. E é este filho amado, o unigênito, que Deus dá para a salvação do mundo. E o dá para que o mundo encontre nele a vida eterna. Não é para o seu julgamento, para sua condenação, mas para sua salvação.




Guardando a mensagem

O amor é que move Deus a dar o seu unigênito ou a enviá-lo, o amor pelo mundo, pela humanidade decaída e o amor pelo filho. A própria criação foi feita à imagem do filho. “Tudo foi feito por meio dele e sem ele nada se fez”, escreveu São João no prólogo do seu Evangelho. O amor pelo filho, que transbordou na criação, agora se excede na redenção. A esse amor tão grande de Deus, que enviou o seu filho, qual será a nossa reação, a resposta da humanidade pecadora? A melhor resposta é crer, acolher o filho amado. Crer é acolher Jesus e o seu serviço libertador. Crer nos liberta da condenação do pecado. Não crer, pelo contrário, é permanecer na condenação.

Deus amou tanto o mundo, que deu o seu Filho unigênito (Jo 3, 16).

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
por que vieste a nós? A resposta está no evangelho de hoje: vieste a nós, enviado pelo Pai, por causa do amor que o Pai tem por nós, humanidade pecadora. O nosso pecado nos condenou a viver longe de Deus, nos desviou de nossa vocação de filhos de Deus. E vieste nos resgatar para a amizade, a comunhão com Deus. Por que aceitaste vir a nós? A resposta está no amor que tens pelo Pai. Fazer a vontade dele é o teu maior empenho. A resposta está no amor que tens por nós, humanidade pecadora. Disseste isto: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pelos seus amigos”. A tua Palavra também nos diz como devemos te acolher. Com amor, claro. Com a acolhida do teu serviço redentor na cruz, com a fé pela qual reconhecemos tua divindade em nossa humanidade, com o seguimento fiel de teus ensinamentos e do teu caminho humano de filho amado do Pai. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a Palavra

Transcreva, em seu caderno espiritual, as palavras de Jesus em João 3, 16-18. Em seguida, faça delas sua oração.

Comunicando

No sábado, 07 de maio, em São Paulo, vou celebrar a Missa de Páscoa com associados da AMA e ouvintes da Meditação e do nosso programa na Rádio 9 de julho. A Missa será na Catedral da Sé, ao meio dia. Tínhamos previsto uma outra data antes, mas precisei fazer um ajuste na agenda e a data confirmada é esta: 07 de maio. Para mais informações, faça contato pelo nosso fone/whatsapp 81 3224-9284.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

AVISA AÍ A NICODEMOS: PÁSCOA É TEMPO DE RENOVAÇÃO!




26 de abril de 2022

Terça-feira da Segunda Semana da Páscoa

EVANGELHO


Jo 3,1-8

1Havia um chefe judaico, membro do grupo dos fariseus, chamado Nicodemos, 2que foi ter com Jesus, de noite, e lhe disse: “Rabi, sabemos que vieste como mestre da parte de Deus. De fato, ninguém pode realizar os sinais que tu fazes, a não ser que Deus esteja com ele”.
3Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce do alto, não pode ver o Reino de Deus”. 4Nicodemos disse: “Como é que alguém pode nascer, se já é velho? Poderá entrar outra vez no ventre de sua mãe?”
5Jesus respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo, se alguém não nasce da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus. 6Quem nasce da carne é carne; quem nasce do Espírito é espírito. 7Não te admires por eu haver dito: Vós deveis nascer do alto. 8O vento sopra onde quer e tu podes ouvir o seu ruído, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai. Assim acontece a todo aquele que nasceu do Espírito”.



MEDITAÇÃO


Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimateia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.

As lideranças também precisam ser evangelizadas, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só se fazendo pequeno é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.

Jesus disse a Nicodemos que ele tinha que nascer de novo. Essa expressão pode ser traduzida também por nascer do alto. Nicodemos quis tomar a palavra de Jesus ao pé da letra, dizendo que não cabia mais no ventre de sua mãe. Não se trata disso. Alguém pode pensar em reencarnação, também não se trata disso. Trata-se de ser renovado pela graça da redenção alcançada na cruz e celebrada no batismo. O batismo é o novo nascimento. Nele, nascemos de Deus, sendo lavados dos nossos pecados pela ação santificadora do Espírito Santo. Jesus explicou a Nicodemos: “Quem nasce da carne é carne. Quem nasce do Espírito é espírito”. Nascer na carne é a nossa vida biológica, nossa condição natural. Nascer do Espírito é ser renovado pela graça de Deus. O novo nascimento é o batismo. Foi o que Jesus explicou a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus”.

Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo. No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal seria salvo da morte.

Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.


Guardando a mensagem

Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas também à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está, como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.

Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação para todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe fazer o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Faça, hoje, mais de uma vez, o sinal da cruz.

Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos + Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Comunicando

Como todas as noites de terça-feira, hoje é dia do Programa Encontros no meu Canal do Youtube. Pe. Sérgio Lúcio, de Porto Velho, RO, é o convidado de hoje. Espero você, no Youtube, às 20 horas.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

HORA DA MISSÃO



25 de abril de 2022

Dia do Evangelista São Marcos

EVANGELHO


Mc 16,15-20

Naquele tempo, Jesus se manifestou aos onze discípulos, 15e disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura! 16Quem crer e for batizado será salvo. Quem não crer será condenado. 17Os sinais que acompanharão aqueles que crerem serão estes: expulsarão demônios em meu nome, falarão novas línguas; 18se pegarem em serpentes ou beberem algum veneno mortal não lhes fará mal algum; quando impuserem as mãos sobre os doentes, eles ficarão curados”.
19Depois de falar com os discípulos, o Senhor Jesus foi levado ao céu, e sentou-se à direita de Deus. 20Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte. O Senhor os ajudava e confirmava sua palavra por meio dos sinais que a acompanhavam.


MEDITAÇÃO


Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte (Mc 16, 20)

Bem no final do seu evangelho, o evangelista Marcos relata que Jesus deixou uma orientação muito clara para os seus discípulos. É quase um coroamento da narração do seu evangelho.

Na despedida de Jesus, uma orientação, um mandato, um envio. Ele volta ao Pai e deixa a sua missão com os seus discípulos. Até aquele momento, durante três anos, aquele pequeno grupo o tinha seguido, ouvido suas pregações, presenciado curas e milagres. E não só. Tinha acompanhado a perseguição à sua pessoa e à boa notícia que ele trazia. Testemunhas de sua morte, mas também testemunhas de sua ressurreição. Agora, o Senhor partia. E lhes deixava uma tarefa: continuar a sua missão.

Eles tinham uma boa notícia para anunciar ao mundo, um evangelho. A boa notícia era a de que o Pai enviou o Filho, Jesus, para a salvação de todos. E que o Filho, cheio do Espírito Santo, comunicou ao mundo, com palavras e ações, o amor libertador do Pai. O anúncio era também uma convocação: Cada um, reconhecendo o amor de Deus, acolha Jesus Cristo como caminho, para encontrar a vida.

Crer é a resposta certa a esta boa notícia, a este evangelho. Crer é acolher a pessoa de Jesus, como o Messias enviado, e acolher sua obra redentora na cruz pela qual nos chega o perdão dos nossos pecados. Crer é a condição para celebrar a graça da restauração no Batismo. Não acolher essa boa notícia, não crer, é negar-se a acolher a salvação. Assim, quem não crer permanece na sua condenação. Mas, quem crer e for batizado, será salvo.

Essa boa notícia, esse evangelho, destina-se a todos, ao mundo inteiro. Por isso, os missionários precisam levar essa notícia boa a todas as pessoas e lugares. Todos precisam tomar conhecimento disso, o evangelho precisa chegar a toda criatura.

Esse mandato missionário foi entregue aos onze, aos líderes da comunidade de Jesus. Eles são os primeiros responsáveis. Mas, não são os únicos responsáveis. A missão é de todos os discípulos do Senhor, de todos os batizados. Os onze representam a comunidade. São onze porque um traiu o Senhor e deixou este mundo. Logo depois, eles elegeram o 12º, Matias. Os doze são representantes do novo Israel, a Igreja, o povo das 12 tribos. A missão é de todos.


Guardando a mensagem

O dia de hoje dedicado a São Marcos, o evangelista, é uma boa oportunidade pra você se perguntar em que medida está realizando o mandato do Senhor, de levar o evangelho a toda criatura. Se em algum momento, você deixou-se ficar de braços cruzados, apenas observando outros realizarem o trabalho missionário, deixe isso no passado. A hora é de mutirão. Todo mundo pode ajudar. Temos que levar ao mundo o conhecimento de Jesus Cristo e do seu Evangelho. Arregace as mangas e encontre o seu espaço nesse grande mutirão.

Os discípulos então saíram e pregaram por toda parte (Mc 16, 20)

Rezando a Palavra

Senhor Jesus,
Obrigado por nos confiares a tua missão, apesar de nossas debilidades. Que ninguém de nós venha com a desculpa de não ter tempo, porque estamos em missão sempre, a toda hora, em qualquer lugar. Que ninguém de nós ache que não tem qualidades especiais para pregar a Palavra, porque a melhor pregação é o exemplo de vida. Que, na missão, ninguém queria ser maior do que os outros, porque o maior mesmo é o que serve com humildade e amor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a Palavra

Eu disse, há pouco, arregace as mangas e encontre o seu espaço nesse grande mutirão. Estou falando do mutirão da evangelização, na qual todos podemos colaborar. Atrevo-me a apresentar-lhe a AMA, a Associação Missionária Amanhecer. Nós que formamos esse grupo católico estamos empenhados na evangelização nos meios de comunicação. E se você estiver conosco, vamos poder fazer muito mais. Vou lhe deixar um link para você se inscrever na AMA. Seja bem-vindo, seja bem-vinda!

Comunicando

No próximo sábado, dia 30, em São Paulo, vou celebrar a Missa de Páscoa com associados da AMA e ouvintes do nosso programa na Rádio 9 de julho. A Missa será na Catedral da Sé, ao meio dia. Para mais informações, faça contato pelo nosso fone/whatsapp 81 3224-9284.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SOMOS MISSIONÁRIOS DA PALAVRA E DO PERDÃO




24 de abril de 2022

2º Domingo da Páscoa

Domingo da Divina Misericórdia

EVANGELHO


Jo 20,19-31

19Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco”.
20Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então os discípulos se alegraram por verem o Senhor. 21Novamente, Jesus disse: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio”.
22E, depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: “Recebei o Espírito Santo. 23A quem perdoardes os pecados, eles lhes serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhes serão retidos”.
24Tomé, chamado Dídimo, que era um dos doze, não estava com eles quando Jesus veio. 25Os outros discípulos contaram-lhe depois: “Vimos o Senhor!” Mas Tomé disse-lhes: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei”.
26Oito dias depois, encontravam-se os discípulos novamente reunidos em casa, e Tomé estava com eles. Estando fechadas as portas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”.
27Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado. E não sejas incrédulo, mas fiel”. 28Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” 29Jesus lhe disse: “Acreditaste, porque me viste? Bem-aventurados os que creram sem terem visto!”
30Jesus realizou muitos outros sinais diante dos discípulos, que não estão escritos neste livro. 31Mas estes foram escritos para que acrediteis que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e, para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

MEDITAÇÃO


Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

O evangelho deste segundo domingo de Páscoa nos conta a história de Tomé que só creu porque tocou nas chagas de Jesus. Assim, assegurou-se que o ressuscitado era mesmo o crucificado. Esta cena nos fala da fé que precisamos ter no Senhor ressuscitado, mesmo sem nunca tê-lo visto. Jesus esteve presente em duas reuniões dos discípulos, em dois domingos seguidos, mostrando-se vivo e enviando-os em missão.

As portas estavam fechadas. E os discípulos estavam trancados em casa. Olha que interessante! Nas duas aparições, Jesus encontra os discípulos reunidos dentro de casa, com as portas trancadas. E por que? Porque estavam com muito medo, medo da perseguição que tinham movido contra Jesus e que, com certeza, os poderia atingir. Com o seu Mestre preso, condenado e executado, eles ficaram malvistos e poderiam sofrer mais do que suspeitas, grosserias e agressões. Assim, para não se exporem, estavam a portas fechadas. E o que eles estavam fazendo? O texto diz que eles estavam reunidos. Com certeza, conversavam e rezavam. Mas, com medo.

Muito interessante que os discípulos estivessem reunidos em casa. Nos primeiros tempos da Igreja, não havia templos. Nem estavam autorizados a construí-los. No livro dos Atos dos Apóstolos, está a informação de que os discípulos e convertidos, em Jerusalém, frequentavam o Templo e partiam o pão pelas casas e unidos, tomavam a refeição com alegria e simplicidade de coração (At 2). ‘Partiam o pão pelas casas’. Partir o pão é um gesto que lembra a última ceia, é um modo de se referir à celebração da Eucaristia nos primeiros tempos. E partiam o pão, em refeição, com alegria e simplicidade. Jesus também tinha valorizado muito a casa das pessoas, visitando os doentes, fazendo refeição ou reunindo as pessoas em casa. Nos primeiros séculos, a casa era o lugar de reunião dos cristãos.

Mesmo com as portas fechadas, Jesus ressuscitado entrou e se apresentou ao grupo reunido. Fez-lhe a saudação de paz. “A paz esteja com vocês!”. A paz é nova situação inaugurada na cruz: perdão para os pecadores, reconciliação com Deus. A paz é remédio para o medo e para a divisão.

Este encontro de Jesus com os discípulos nos deixa três lições maravilhosas. A primeira: Ele está presente. Por sua ressurreição, agora ele está conosco sempre. Ele lhes mostrou as mãos e o lado rasgado pela lança. Eles ficaram muito felizes por vê-lo. Na missa, sempre fazemos a saudação da paz, como ele fez, e o povo de Deus responde: “Ele está no meio de nós”. A segunda lição: Ele nos envia em missão. A morte e ressurreição de Jesus nos reconciliaram com Deus. Jesus soprou comunicando o Espírito Santo e os mandou reconciliar o povo com Deus, perdoar os seus pecados. A terceira lição é esta: Crendo, temos a vida em seu nome. Jesus reclamou com Tomé: “não seja incrédulo, mas fiel”. A fé é a nossa resposta. Trata-se de acolher a verdade que ele está vivo, presente na comunidade, reconciliando os pecadores por meio do ministério dos seus discípulos.



Guardando a mensagem.

A casa sempre foi a igreja dos cristãos, desde o tempo que não tínhamos templos. E mesmo com as igrejas, os cristãos nascem, crescem e vivem em suas igrejas domésticas. Foi assim que Jesus, no domingo da ressurreição e no domingo seguinte, se apresentou aos discípulos que estavam reunidos, numa casa, a portas trancadas. Três lições podemos guardar dessa visita de Jesus ressuscitado. Primeira: Ele está no meio de nós. Sua paz nos faz vencer o medo. Sua presença viva, permanente, entre nós é fruto da ressurreição. Segunda: Ele nos envia em missão, nos comunicando o dom do seu Espírito e dando autoridade à sua Igreja para administrar o perdão aos pecadores. A Reconciliação e o Santo Espírito são dons preciosos que nos chegam pela ressurreição. E a terceira lição: Crendo, temos a vida em seu nome. A fé nos faz reconhecer que ele está presente entre nós e nos faz povo portador da reconciliação para todos. 

Estando fechadas as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja convosco” (Jo 20, 19)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Nós te agradecemos porque estás conosco. Pela tua ressurreição, és de fato o Emanuel, o Deus conosco. O teu Santo Espírito, Senhor, atualiza a tua presença em nossa convivência, na meditação de tua Palavra, na solidariedade com os mais sofridos, em nossas celebrações. Na tua ressurreição, tu nos fazes um povo missionário portador da Palavra e do Perdão de Deus a todos os filhos pródigos. Na tua paz, vencemos o medo. Somos, agora, agentes da vida nova que começou na manhã da ressurreição. Abençoa, Senhor, nossas casas, nossas famílias, a tua Igreja. Jesus, eu confio em vós. Amém.


Vivendo a palavra

Na sua Bíblia, leia João 20,19-31, o evangelho de hoje. Participando da Missa de hoje, ouça com muita atenção e respeito as leituras da Palavra de Deus e a homilia. É Jesus mesmo nos instruindo e nos confortando.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

VÃO EVANGELIZAR O MUNDO!!!





23 de abril de 2022

Sábado da Oitava da Páscoa


EVANGELHO


Mc 16,9-15

9Depois de ressuscitar, na madrugada do primeiro dia após o sábado, Jesus apareceu primeiro a Maria Madalena, da qual havia expulsado sete demônios. 10Ela foi anunciar isso aos seguidores de Jesus, que estavam de luto e chorando.11Quando ouviram que ele estava vivo e fora visto por ela, não quiseram acreditar. 12Em seguida, Jesus apareceu a dois deles, com outra aparência, enquanto estavam indo para o campo. 13Eles também voltaram e anunciaram isso aos outros. Também a estes não deram crédito. 14Por fim, Jesus apareceu aos onze discípulos enquanto estavam comendo, repreendeu-os por causa da falta de fé e pela dureza de coração, porque não tinham acreditado naqueles que o tinham visto ressuscitado. 15E disse-lhes: “Ide pelo mundo inteiro e anunciai o Evangelho a toda criatura!”


MEDITAÇÃO


Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)

O evangelho de Marcos, que é um pouco menor do que os outros, termina propriamente com a narrativa do túmulo vazio, no capítulo 16. Mas, depois, numa espécie de acréscimo, faz um resumo das aparições de Jesus. É esse o texto de hoje.

Jesus apareceu primeiro a Madalena e ela contou tudo aos discípulos. Mas eles não quiseram acreditar. Apareceu depois a dois deles enquanto estavam indo para o campo, um episódio parecido com o dos discípulos de Emaús ou talvez o mesmo. Eles também narraram tudo ao grupo. Mas, os discípulos também não acreditaram. Por fim, Jesus apareceu a todos eles, os onze, numa refeição. E os repreendeu por sua falta de fé e pela dureza de coração. Ainda assim, os confirmou na missão de anunciar o Evangelho a todo mundo.

A primeira coisa a considerar é como foi difícil para os discípulos acreditarem, assimilarem a ressurreição de Jesus. Certamente, por preconceito, não deram crédito ao testemunho de Madalena e das outras mulheres. Além disso, Jesus parece que estava com outra aparência quando apareceu aos dois no caminho. É que a ressurreição não é a volta de um morto, é uma nova condição de vida. Jesus venceu a morte, com a sua humanidade está agora em Deus, na esfera divina. Seu corpo é um corpo glorioso.

A segunda coisa é admirar como Jesus entrega a missão a um grupo assim de gente incrédula, de coração tão duro. Ele confiou a missão de levar o evangelho até os confins da terra a esse grupo incompleto e descrente. Incompleto, porque já não são mais 12, são 11. O traidor tinha tirado a própria vida. E tão descrente, que o próprio Jesus os repreendeu por sua falta de fé.

E que evangelho é esse a ser levado aos quatro cantos? É a boa notícia que o Pai enviou o Filho e ele entregou-se em sacrifício por todos. A boa notícia é que, por sua ressurreição, as portas do Reino foram abertas para que os que nele crerem, nele encontrem a vida eterna.


Guardando a mensagem

Ao final dessa oitava da páscoa, nos examinemos. Será que ainda não há em nós uma pontinha de incredulidade?! Mesmo diante de tantos testemunhos, cremos vagamente na ressurreição... às vezes, não percebemos que Jesus realmente está vivo e é ele que nos fala, nos guia, nos alimenta. Fala-nos pelas Escrituras. Guia-nos pelos pastores da Igreja. Alimenta-nos com a santa Eucaristia. É por meio dele que rezamos e o Pai fala conosco. É em nome dele que nos reunimos em assembleia de louvor. E é ele mesmo, por meio dos seus ministros, que preside a Santa Missa. Ele mesmo que nos perdoa os pecados, no sacramento da Confissão. Jesus está vivo. Jesus está conosco.

Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a missão que entregaste aos onze, eles a receberam em nome de todos os teus seguidores, em nome de toda a Igreja. Por tua misericórdia, a tua missão é agora de todos nós. Cada um, cada uma que renasceu em ti, pelo batismo, agora é testemunha do amor misericordioso do Pai que te enviou para nossa salvação. Sabemos, Senhor, que só poderemos ser verdadeiros anunciadores deste evangelho, se essa verdade estiver bem presente em nosso coração: Tu, Senhor Jesus, estás vivo, tu estás conosco. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Quantos discípulos estavam na pesca abundante de ontem? Resposta: Sete. Sete é o número das nações pagãs quando os hebreus chegaram em Canaã. Quando Jesus multiplicou os pães em terras pagãs, sobraram sete cestos. Sete é o número do mundo pagão que precisa ser evangelizado. A pesca milagrosa trata da evangelização no mundo.

Comunicando

Amanhã, vamos celebrar o Domingo da Divina Misericórdia. Prepare o seu domingo com a leitura do evangelho de amanhã: João 20,19-31.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SEGUINDO AS SUAS ORIENTAÇÕES, NÃO TEM COMO DAR ERRADO



22 de abril de 2022

Sexta-feira da Oitava da Páscoa

EVANGELHO


Jo 21,1-14

Naquele tempo, 1Jesus apareceu de novo aos discípulos, à beira do mar de Tiberíades. A aparição foi assim: 2Estavam juntos Simão Pedro, Tomé, chamado Dídimo, Natanael de Caná da Galileia, os filhos de Zebedeu e outros dois discípulos de Jesus.
3Simão Pedro disse a eles: “Eu vou pescar”. Eles disseram: “Também vamos contigo”. Saíram e entraram na barca, mas não pescaram nada naquela noite. 4Já tinha amanhecido, e Jesus estava de pé na margem. Mas os discípulos não sabiam que era Jesus. 5Então Jesus disse: “Moços, tendes alguma coisa para comer?” Responderam: “Não”.
6Jesus disse-lhes: “Lançai a rede à direita da barca, e achareis”. Lançaram pois a rede e não conseguiam puxá-la para fora, por causa da quantidade de peixes. 7Então, o discípulo a quem Jesus amava disse a Pedro: “É o Senhor!” Simão Pedro, ouvindo dizer que era o Senhor, vestiu sua roupa, pois estava nu, e atirou-se ao mar.
8Os outros discípulos vieram com a barca, arrastando a rede com os peixes. Na verdade, não estavam longe da terra, mas somente a cerca de cem metros. 9Logo que pisaram a terra, viram brasas acesas, com peixe em cima, e pão. 10Jesus disse-lhes: “Trazei alguns dos peixes que apanhastes”.
11Então Simão Pedro subiu ao barco e arrastou a rede para a terra. Estava cheia de cento e cinquenta e três grandes peixes; e, apesar de tantos peixes, a rede não se rompeu. 12Jesus disse-lhes: “Vinde comer”. Nenhum dos discípulos se atrevia a perguntar quem era ele, pois sabiam que era o Senhor.
13Jesus aproximou-se, tomou o pão e distribuiu-o por eles. E fez a mesma coisa com o peixe. 14Esta foi a terceira vez que Jesus, ressuscitado dos mortos, apareceu aos discípulos.

MEDITAÇÃO


Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21,6)

A cena acontece dias após a ressurreição de Jesus. Os discípulos vão pescar e não conseguem nada naquela noite. Já de manhã, Jesus na praia deu a orientação certa: lancem a rede à direita da barca e acharão. Quase não conseguiram puxar a rede de tanto peixe, cento e cinquenta e três grandes peixes.

Os discípulos elencados no texto eram, seguramente, pescadores experientes. Tinham sido chamados a ser pescadores de pessoas, no início da atividade missionária de Jesus. Trata-se, então, não apenas de uma simples pescaria de peixes, mas da atividade missionária da Igreja, o trabalho de pescar gente que os discípulos deviam realizar após sua convivência com Jesus; trabalho que se mostraria infrutífero, sem a presença e a direção de Jesus ressuscitado. Naquela experiência no lago, sem a orientação de Jesus, não conseguiram pescar nada.

É claro, além da referência à atividade missionária que se seguiria após a ressurreição de Jesus, o texto também nos ajuda a pensar em nossa relação com o ressuscitado em outras áreas de nossa vida. Sem a presença e a orientação de Jesus, nossa pescaria pode também ser infrutífera, mesmo que sejamos experientes pescadores. Entendeu? A pescaria pode ser o seu trabalho, a sua ocupação profissional, as responsabilidades que você tem na vida. Só a presença e a orientação de Jesus ressuscitado garantem o sucesso do nosso trabalho, o êxito de nossas lutas. Muita gente já experimentou isso, talvez você também já o tenha experimentado. Longe de Deus, nossa luta é infrutífera. Há um salmo na Bíblia que deixa isso bem clarinho: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalham os construtores” (Salmo 126).

Os discípulos, com certeza, já tinham lançado a rede naquele mesmo lugar. Mas o fato de agir em obediência à vontade de Deus, à sua Palavra, é que fez a diferença. Eles deram a direção do seu empenho pastoral ao próprio Jesus. E como seria darmos a Deus a direção do nosso trabalho, de nossa família ou de nossa atividade apostólica? O evangelho já dá uma pista.

No texto de hoje, depois de uma noite de trabalho em vão, ao amanhecer, lá está ele na praia, de pé, perguntando se pescaram alguma coisa. O amanhecer é uma referência à ressurreição. Também o fato de ele estar de pé reforça a ideia da ressurreição. É nessa condição de ressuscitado, que ele nos indica a direção que devemos tomar, o que precisamos realmente fazer. Nós o vemos e o ouvimos particularmente pela oração, pela meditação da Palavra de Deus, pelos ensinamentos da sua Igreja. Precisamos, então, dar ouvidos às suas indicações, obedecer docilmente às suas orientações. Nisto, contamos com a ajuda do Santo Espírito. Ele nos ensina a ouvir e seguir Jesus.


Guardando a mensagem

A barca de Pedro é a Igreja. Os pescadores são os missionários. A pescaria é a atividade apostólica. Sem a presença do ressuscitado e sua orientação, o fracasso é certo. Isso vale também para nossa vida cristã. O trabalho sem Deus é estéril. Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Bastou Jesus ali na praia indicar: “lancem a rede à direita do barco e acharão”. Que bela orientação para o nosso trabalho: não deixar Jesus de fora. Trabalhar, pastorear, empreender, lutar, casar, formar-se, mas contando sempre com sua presença e em obediência à vontade de Deus. Aí não tem como dar errado.

Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21,6)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Quando os discípulos chegaram à praia encontraram o fogo já aceso, pão e peixe assado. E aquela refeição renovou as suas forças, depois de uma noite de trabalho sem fruto e de um alvorecer tão promissor com aquela pescaria abundante. Tu, Senhor Jesus, os alimentaste com pão e peixe. Tomaste o pão e o distribuíste com eles. Essa fração do pão é o sinal da Eucaristia. Fizeste o mesmo com o peixe. Na Eucaristia, nos sentamos à tua mesa e tu nos alimentas com a tua própria vida, vida entregue na cruz e transbordante na ressurreição. Na Eucaristia, tu nos fortaleces, nos renovas as forças. Obrigado, Senhor. Dá-nos a graça de viver em comunhão contigo, dóceis aos teus ensinamentos, obedientes à vontade do Pai. Só assim, sabemos, teremos sucesso em nossos empreendimentos. Longe dos teus caminhos, nossa pescaria é um fracasso. Seja bendito teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Só para estimular a leitura do texto de hoje (João 21, 1-14), eu tenho uma pergunta pra você: Quantos discípulos estavam nessa pescaria?

Comunicando

Na Missa das 11 horas, de ontem, refletindo sobre o evangelho dos discípulos de Emaús (Lc 24), identifiquei sete experiências da ressurreição, isto é, onde e como encontramos Jesus Ressuscitado. O texto da homilia está no Blog da Meditação (www.padrejoaocarlos.com). 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O SENHOR JESUS VIVE E É SENHOR!


AS SETE EXPERIÊNCIAS DA RESSURREIÇÃO

Onde e como encontramos Jesus Ressuscitado


Os evangelistas e suas comunidades se esforçaram para nos comunicar a sua experiência de encontro com o Senhor Jesus ressuscitado. Lucas, no seu evangelho e nos Atos dos Apóstolos, nos deixou um belo relato desta experiência, nos contando, particularmente, a história dos discípulos de Emaús. Neste episódio, passado com cristãos comuns, discípulos que não eram apóstolos, possivelmente um casal, Cléofas e sua esposa, dá para identificar sete expressões do encontro com o Senhor Ressuscitado. São sete experiências da ressurreição de Cristo.

A primeira experiência é esta: Jesus ressuscitado está vivo e caminha conosco, escutando nossas dores e nossos dramas. Os dois estão voltando, a pé, para Emaús, no domingo da páscoa. Andam cerca de 11 km. Desencantados e tristes: é assim que Jesus os encontra no caminho. E entra na conversa, escutando com atenção toda a sua história. Eles não se dão conta ainda de que o peregrino é o próprio Jesus. Mas, estão fazendo experiência da ressurreição. A Escuta é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A segunda experiência é esta: Jesus ressuscitado caminha conosco, nos ajudando a ler os acontecimentos com a luz das Escrituras. Ele comenta o que a Lei de Moisés, os Profetas e os Salmos falavam sobre o caminho do Messias, servo de Deus, provado no sofrimento. O coração dos dois discípulos como que ‘ardem’ com o vigor que a palavra lhes comunica. A Palavra é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.


E esta é a terceira experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado é acolhido por nós, nos pobres, nos peregrinos. Está entardecendo e eles insistem para que ele fique e se hospede em sua casa. Estão assim exercitando a caridade, a hospitalidade tão recomendada pela tradição do seu povo. “Quando você acolhe o peregrino, está me acolhendo. Quando você dá pão a quem tem fome, está me alimentando”, tinha ensinado o Mestre. A Caridade é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado.

A quarta experiência da ressurreição: Jesus ressuscitado continua oferecendo-se em sacrifício em nosso favor, pela nossa salvação. Sentado à mesa, ele repete os gestos da multiplicação dos pães no deserto e, especialmente, da última ceia. Toma o pão, dá graças, parte o pão e o entrega aos discípulos. É o sinal da Eucaristia. Na Missa, a ceia eucarística, renova-se o sacrifício redentor de Cristo em favor da humanidade. Nesta hora, os discípulos, sentados à mesa da ceia, com os olhos da fé, reconhecem a presença do ressuscitado. A Eucaristia é lugar privilegiado de encontro com o Senhor Ressuscitado.

Mas há uma quinta experiência, onde os discípulos encontram o Senhor: Jesus ressuscitado nos acolhe em nossa volta à comunidade. Os dois discípulos retornaram, às presas, à comunidade com a boa notícia. A comunidade dá testemunho de que o Senhor se apresentou a Pedro e aos apóstolos, confirmando-os na fé e na missão. O próprio Senhor se apresenta na reunião. A Comunidade, a Igreja, é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E há ainda uma sexta experiência: Jesus ressuscitado é anunciado por nós a todas as nações. Ele nos deixa a tarefa de anunciar a todos, em seu nome, a conversão e o perdão dos pecados. No livro dos Atos, vemos Pedro realizando isto, em nome da comunidade: “Deus enviou Jesus ressuscitado para abençoar vocês, na medida em que cada um se converta de suas maldades.” A Evangelização é lugar do encontro com o Senhor Ressuscitado.

E, finalmente, há uma sétima experiência de Jesus ressuscitado: Nós somos as testemunhas de Cristo Jesus ressuscitado. Testemunhamos que Jesus, enviado pelo pai, foi rejeitado e morto, mas, pelo poder de Deus, está vivo e ressuscitado, comunicando-nos a vida de Deus. Na força de sua ressurreição, vidas são restauradas, os paralíticos pulam de alegria, os pobres são evangelizados. Pedro, ao entrar no templo, diz ao coxo: “Ouro e prata não tenho, mas o que tenho te dou: em nome de Jesus Cristo, o Nazareno, levanta-te e anda”. O Testemunho é lugar de encontro com o Senhor Ressuscitado. Somos testemunhas de que a força da ressurreição está fazendo novas todas as coisas.

Recife, 21.04.2022

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SOMOS TESTEMUNHAS DA RESSURREIÇÃO



21 de abril de 2022

Quinta-feira da Oitava da Páscoa

EVANGELHO


Lc 24,35-48

Naquele tempo, 35os discípulos contaram o que tinha acontecido no caminho, e como tinham reconhecido Jesus ao partir o pão. 36Ainda estavam falando, quando o próprio Jesus apareceu no meio deles e lhes disse: “A paz esteja convosco!”
37Eles ficaram assustados e cheios de medo, pensando que estavam vendo um fantasma. 38Mas Jesus disse: “Por que estais preocupados, e por que tendes dúvidas no coração? 39Vede minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! Tocai em mim e vede! Um fantasma não tem carne, nem ossos, como estais vendo que eu tenho”.
40E dizendo isso, Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. 41Mas eles ainda não podiam acreditar, porque estavam muito alegres e surpresos. Então Jesus disse: “Tendes aqui alguma coisa para comer?” 42Deram-lhe um pedaço de peixe assado. 43Ele o tomou e comeu diante deles. 44Depois disse-lhes: “São estas as coisas que vos falei quando ainda estava convosco: era preciso que se cumprisse tudo o que está escrito sobre mim na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”.
45Então Jesus abriu a inteligência dos discípulos para entenderem as Escrituras, 46e lhes disse: “Assim está escrito: o Cristo sofrerá e ressuscitará dos mortos ao terceiro dia 47e no seu nome, serão anunciados a conversão e o perdão dos pecados a todas as nações, começando por Jerusalém. 48Vós sereis testemunhas de tudo isso”.

MEDITAÇÃO


Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)

Não foi fácil para os discípulos assimilarem o fato histórico da ressurreição de Jesus. Nem de longe, estavam esperando que isso acontecesse. Mesmo que Jesus tenha falado disto com os doze, explicado várias vezes que ele seria vítima de uma morte dolorosa e ressuscitaria ao terceiro dia, não estava no horizonte deles tudo o que aconteceu. Consideremos também que a ressurreição de Jesus não foi como a de Lázaro, em que o morto ficou vivo de novo e continuou sua vida normal, morrendo no tempo certo. A ressurreição de Jesus foi algo completamente novo e diferente.

O fato de os discípulos estranharem tanto, por um lado, foi bom para alguém não acusar que a ressurreição tenha sido uma saída honrosa que eles arrumaram para o aparente fracasso do seu Mestre. No evangelho lido hoje, vemos Jesus tentando convencê-los de que é ele mesmo. E isso, é claro, está valendo pra nós. Nós também não temos ideia do que seja mesmo a ressurreição de Jesus e a nossa ressurreição com ele.

Quando a comunidade dos discípulos estava reunida, e os discípulos de Emaús estavam contando como eles tinham se encontrado com o Senhor Ressuscitado, ele mesmo apareceu no meio deles e lhes fez a saudação de paz. Eles ficaram assustados, com medo, cheios de dúvida, pensando que era um fantasma. Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Neles, estavam os sinais da crucificação. “Vejam minhas mãos e meus pés. Eu não sou um fantasma. Toquem em mim. Um fantasma não tem carne, nem osso”. Mesmo assim, eles ainda continuavam duvidando. Então, Jesus pediu algo para comer. Deram-lhe um pedaço de peixe assado e ele comeu à vista de todos.

Essa é a primeira lição da ressurreição. Jesus não é um fantasma. Não é alguém que voltou do mundo dos mortos e está perambulando por aí. É ele mesmo, vivo, saudável, com um corpo glorioso, mas numa nova situação, situação difícil de se entender e de se explicar. E é bom a gente tentar captar alguma coisa porque essa é a nova condição que alcançaremos, se estivermos em comunhão com Cristo. Ele foi o primeiro, é o primogênito de muitos irmãos, como diz São Paulo. Nós vamos atrás dele.

Jesus venceu definitivamente a morte. Não levantou-se da morte para continuar vivendo biologicamente a mesma vida. Foi elevado a um novo patamar de existência. É a vida plena em Deus. É a existência em Deus. Não é um espírito vagando por aí, como alguém poderia pensar. Ele tem um corpo. Seu corpo está marcado pelas chagas da crucificação, ele pode ser visto, ouvido, tocado e, nessa passagem, mostrou que também pode se alimentar. Tem um corpo, um corpo glorioso com que ele entrou na sala com as portas fechadas. Agora, sim, ele pode estar conosco até à consumação dos séculos, como nos prometeu. A primeira lição é essa: ele não é um fantasma, nem uma aparição de alguém que voltou do mundo dos mortos.

A segunda lição a ser assimilada está na explicação do próprio Jesus nessa cena. Tudo isso é cumprimento do que está escrito nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, isto é, nas Escrituras Sagradas. Sua morte e sua ressurreição são a realização das promessas de Deus, como se pode ler nas Escrituras. O que Deus prometeu? Vida plena, a vitória completa do seu servo. Seu servo não conheceria a corrupção da carne, como diz o salmo 16.

A terceira lição a ser assimilada por nós, como o foi para a primeira geração dos discípulos, é que a força da ressurreição nos faz testemunhas e anunciadores de sua obra. A conversão e o perdão dos pecados serão anunciados a todos os povos, em seu nome, por nós.


Guardando a mensagem

Falamos de ressurreição, mas não entendemos ainda bem o que seja. Ela já aconteceu em Jesus. É uma mudança radical no nosso ser biológico e espiritual. Pela ressurreição, entraremos na esfera divina, ultrapassando os limites de espaço e tempo. A nossa alma já foi criada imortal, mas faltava essa plenificação em Deus. Pela ressurreição, teremos também um corpo transformado. Jesus é o primogênito da grande família dos filhos de Deus que vai à nossa frente. Ele não é um fantasma, uma aparição. Ele levou para a esfera de Deus a nossa própria humanidade. Essa novidade que irrompeu na história pela ressurreição ao terceiro dia era já uma promessa na história e nos livros santos do povo de Deus. Nós agora somos testemunhas de tudo isso, levando ao mundo o anúncio da salvação em Cristo, pelo perdão dos pecados que ele alcançou por sua morte e ressurreição.

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
queremos compreender um pouco mais da tua ressurreição e da nossa ressurreição contigo. Não se trata de um jogo de palavras, mas de uma realidade que nos ultrapassa, que só pode ser acolhida na fé. Não nascemos para a morte, nascemos para a vida, para a plenitude. É a nossa vocação de seres criados à imagem e semelhança de Deus. Em ti, Senhor Jesus, já vemos a realização plena do ser humano. Sendo Deus, tu te fizeste humano. Estavas já na glória com o Pai e o Santo Espírito. Mas, agora, estás também como humano. Em ti, contemplamos nossa condição humana glorificada, em Deus. Aspiramos a isso. Sonhamos com isso. Estamos vocacionados para a completa realização, como filhos de Deus. Continua, Senhor, a ser para nós, caminho, verdade e vida. Que em nossos sofrimentos, em nossas pelejas humanas nos sustente a certeza da completa vitória que a tua ressurreição nos assegura. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Recomende, em oração, a Jesus ressuscitado as pessoas suas conhecidas que estejam em situação de aflição e sofrimento, pedindo que a luz da Ressurreição ilumine suas vidas..

Comunicando

Hoje, quinta-feira da oitava pascal, temos a nossa Missa de Páscoa, às 11 horas, com ouvintes e associados. E você nos acompanha pelo rádio e pelas nossas redes sociais.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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