PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

Liberte-se dos preconceitos.



   12 de fevereiro de 2025  

Quarta-feira da 5ª Semana do Tempo Comum



   Evangelho   


Mc 7,14-23

Naquele tempo, 14Jesus chamou a multidão para perto de si e disse: “Escutai todos e compreendei: 15o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior. 16Quem tem ouvidos para ouvir ouça”.
17Quando Jesus entrou em casa, longe da multidão, os discípulos lhe perguntaram sobre essa parábola. 18Jesus lhes disse: “Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, 19porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?” Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros.
20Ele disse: “O que sai do homem, isso é que o torna impuro. 21Pois é de dentro do coração humano que saem as más intenções, imoralidades, roubos, assassínios, 22adultérios, ambições desmedidas, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho, falta de juízo. 23Todas estas coisas más saem de dentro e são elas que tornam impuro o homem”.




   Meditação   


O que torna a pessoa impura não é o que vem de fora, mas o que sai do seu interior (Mc 7, 15).

No tempo de Jesus, havia uma preocupação exagerada com a pureza ritual. A pureza era a condição de quem estava limpo, de quem não foi contaminado por alguma coisa externa. Muita coisa podia contaminar uma pessoa e torná-la impura. E uma vez impura, a pessoa tinha que passar por muitos rituais para se limpar: quarentena, banho, abluções, sacrifícios de animais e outras coisas mais. A pessoa impura ficava afastada das coisas de Deus, não podia praticar a religião publicamente, não estava em condições de se apresentar a Deus. Nem podia estar junto dos outros, para não contaminá-los.

E o que causava impureza para uma pessoa? A lista é longa. O sangue era o elemento mais perturbador da harmonia religiosa do povo de Deus. Nisto, a mulher saía muito prejudicada pela menstruação mensal e pelo parto. Muitos alimentos estavam proibidos, pois transmitiam impureza, por exemplo, carne de porco e de outros animais. Também se tornava impuro quem tocasse num morto, quem tivesse qualquer aproximação com pagãos, quem tivesse qualquer contato com um leproso. Era um crime um impuro se aproximar de uma pessoa e, impensável, que viesse a tocá-la. Isto contaminaria gravemente a pessoa que fosse tocada.

Você já percebeu que as leis da pureza no tempo de Jesus representavam uma grande opressão para as pessoas, impedindo que se cuidasse melhor dos doentes, discriminando os pobres e marginalizando ainda mais a mulher. Os fariseus, que formavam uma numerosa confraria de homens praticantes da Lei, ficavam antenados para recriminar ou denunciar qualquer um que não andasse segundo essas leis da pureza. E Jesus, você sabe, não estava muito preocupado com essas leis, fruto de uma religiosidade feita de coisas exteriores e fomentadora de discriminação entre as pessoas.

O grave era que Jesus era tocado por pessoas impuras. A mulher do fluxo de sangue tocou na franja do seu manto. Ele tocou no leproso para curá-lo. Pegou no caixão do morto em Naim, e mandou o rapaz se levantar. Desculpou os discípulos que estavam comendo sem terem lavado as mãos... Jesus não era um bom cumpridor das leis da pureza ritual do seu tempo. E os fariseus ficavam revoltados com isso. O raciocínio de Jesus era simples: não é o que entra pela boca que suja o homem, que o torna impuro. O que torna impura uma pessoa é o que sai dela, as coisas ruins que vêm do seu coração. O coração, para o povo da Bíblia, é onde se tomam as decisões. Aí ele fez uma lista: más intenções, imoralidades, roubos, assassinatos, adultérios, ambições, maldades, fraudes, devassidão, inveja, calúnia, orgulho,... Tudo isso sai do coração de uma pessoa, disse Jesus. Isso, sim, torna a pessoa impura.




Guardando a mensagem

O que faz impura uma pessoa não é o que vem de fora, mas o que sai de dentro do seu coração. Foi esse o ensinamento de Jesus. O que vamos guardar da palavra dele, hoje? Uma lição pode ser essa: se uma prática, religiosa ou não, servir de alguma forma para desprezar, discriminar, afastar, cercear a liberdade, com certeza não é uma coisa de Deus. Outra lição: Com certeza, há muitos preconceitos que nós introjetamos durante a vida de que deveríamos nos libertar. Jesus era uma pessoa livre e libertadora. Por amor a Deus e aos irmãos, procure libertar-se dos preconceitos.

O que torna a pessoa impura não é o que vem de fora, mas o que sai do seu interior (Mc 7, 15).

Acolhendo a mensagem

Senhor Jesus,
ficamos olhando, com curiosidade e admiração, para tua pessoa, vivendo na Galileia, naqueles anos 30. Eras um judeu piedoso, conhecedor das Escrituras como muitos outros, fiel às celebrações da sinagoga e às peregrinações anuais, respeitoso da bela história de fé do teu povo. Quando falavas do Reino, do amor misericordioso de Deus, revelando-o como pai amoroso dos seus filhos e filhas, o povo ficava encantado. Essa verdade de um Deus próximo e amoroso mexia com a religião de Israel, ou melhor, punha em xeque aquela religiosidade marcada por normas e ritos externos. Foi por isso que os fariseus e os mestres da lei reagiram tão ferozmente. Eles saíram em defesa da tradição como eles a entendiam e de sua posição de liderança ameaçada. Dá-nos, Senhor, que essa novidade, que é o teu evangelho, seja sempre um fermento para nos libertar de qualquer farisaísmo e de toda opressão. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Como estamos na Semana Mundial do Enfermo, estou lhe sugerindo que você deixe o nome dos doentes de sua família nos comentários, após o texto da Meditação. Vou lhe explicar: clicando no link que eu lhe lhe envio, você chega no meu Blog, onde está o texto do Evangelho e da Meditação. No final do texto, tem onde você colocar seus comentários. Pronto, ponha ali o nome dos seus doentes. Vamos rezar por eles. .

Comunicando

Hoje, em Fortaleza, teremos um Encontro de Espiritualidade, organizado pela FM Dom Bosco. Reflexão, música e oração: esse será o clima do nosso encontro que começa às 19 horas, no Auditório do Colégio Salesiano Dom Bosco. 

Um convite pra você sócio da AMA da grande Fortaleza. Venha participar da Missa de amanhã (quinta-feira), que vou presidir ao meio dia, na Paróquia da Piedade. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Não basta ser religioso.



   11 de fevereiro de 2025.   

Memória da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lourdes

33º Dia Mundial dos Enfermos



   Evangelho.   


Mc 7,1-13

Naquele tempo, 1os fariseus e alguns mestres da Lei vieram de Jerusalém e se reuniram em torno de Jesus. 2Eles viam que alguns dos seus discípulos comiam o pão com as mãos impuras, isto é, sem as terem lavado.
3Com efeito, os fariseus e todos os judeus só comem depois de lavar bem as mãos, seguindo a tradição recebida dos antigos. 4Ao voltar da praça, eles não comem sem tomar banho. E seguem muitos outros costumes que receberam por tradição: a maneira certa de lavar copos, jarras e vasilhas de cobre.
5Os fariseus e os mestres da Lei perguntaram então a Jesus: “Por que os teus discípulos não seguem a tradição dos antigos, mas comem o pão sem lavar as mãos?” 6Jesus respondeu: “Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, como está escrito: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. 7De nada adianta o culto que me prestam, pois as doutrinas que ensinam são preceitos humanos’. 8Vós abandonais o mandamento de Deus para seguir a tradição dos homens”.
9E dizia-lhes: “Vós sabeis muito bem como anular o mandamento de Deus, a fim de guardar as vossas tradições. 10Com efeito, Moisés ordenou: ‘Honra teu pai e tua mãe’. E ainda: ‘Quem amaldiçoa o pai ou a mãe deve morrer’.
11Mas vós ensinais que é lícito alguém dizer a seu pai e à sua mãe: ‘O sustento que vós poderíeis receber de mim é Corban, isto é, Consagrado a Deus’. 12E essa pessoa fica dispensada de ajudar seu pai ou sua mãe. 13Assim vós esvaziais a Palavra de Deus com a tradição que vós transmitis. E vós fazeis muitas outras coisas como estas”.

   Meditação.   


Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mc 7, 6)

O que Jesus está fazendo na Galileia chama a atenção das autoridades religiosas da capital Jerusalém. Assim, de lá vem gente para fiscalizar o que está acontecendo e, claro, para por sob controle esse novo fenômeno. Uma comissão de fariseus e mestres da Lei chegou de Jerusalém e foi logo encontrando defeito naquela movimentação em torno de Jesus. Identificaram logo um perigo naquele movimento: ‘Jesus não segue à risca os costumes e os rituais da tradição’. Que tradição é essa? Vamos ver se descobrimos.

Vamos dar um jeito de entrar na roda da conversa que está se formando, em torno de Jesus. É bom a gente chegar mais perto para ouvir bem o que estão dizendo. Chega mais! Olha a cara de sonsos dessa turma de Jerusalém! Estão se queixando que os discípulos de Jesus comem sem lavar as mãos. Parece uma bobagem. Não ria! Isso pra eles é uma coisa muito séria. O que é que eles estão dizendo? Dá para escutar alguma coisa? Ah, estão dizendo que os discípulos comem com as mãos impuras... Vamos escutar. “Isso é um desrespeito à nossa religião. Comer o pão sem lavar as mãos, onde já se viu uma coisa dessa? A religião manda lavar as mãos antes de tomar o alimento, isso é que é o certo. Para estarmos bem com Deus, não podemos nos contaminar com coisas impuras. E nós fariseus levamos isso muito a sério e cobramos isso de nossa gente. Ao voltar da praça, deve-se tomar banho. E, em casa, tomar cuidado com o alimento que se come, lavar direito as vasilhas e os copos. Nós somos um povo santo. Precisamos estar atentos para não nos contaminarmos com a impureza em relação a alimentos, doenças de pele, sangue, estrangeiros... A pessoa impura está afastada de Deus que é santo e não pode frequentar o culto até se purificar”.

Puxa! Você ouviu isso? Pra eles, Jesus está acabando com a religião deles, desconsiderando as normas religiosas da pureza. Veja que eles fazem uma separação rígida entre o puro e o impuro. Contraindo uma impureza, a pessoa se afasta da presença de Deus e de sua bênção. Para se purificar, há vários ritos previstos, conforme a impureza contraída: abluções (lavar as coisas ou parte do corpo), tomar banho, oferecer sacrifícios depois de sete dias, etc. Opa, parece que Jesus vai falar. Presta bem atenção. “O que o profeta Isaías escreveu, nas Escrituras Sagradas, foi mesmo pra vocês, hipócritas: ‘Este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim”. Uma coisa é o ensinamento de Deus, outra coisa são os costumes que vocês criaram. Vocês estão confundindo o mandamento de Deus com as tradições humanas. Vocês estão esvaziando a Palavra de Deus, com essa preocupação exagerada com coisas externas”. Nossa! Essa lição que Jesus deu aos fariseus serve direitinho pra gente.



Guardando a mensagem

A preocupação dos fariseus com a pureza legal levava as pessoas a viverem uma religião de práticas externas, de ritos, deixando de lado coisas mais importantes da fé como o amor a Deus e ao próximo. Esse perigo de se ficar no ritualismo estéril é de toda religião. No cristianismo católico, também podemos incorrer nesse engano. As práticas externas nos ajudam a viver na fé e na comunhão com o Senhor nosso Deus. Mas, cuidemos para que elas não esvaziem a Palavra de Deus e acabem nos fazendo servidores apenas de tradições humanas.

Este povo me honra com os lábios, mas o seu coração está longe de mim (Mc 7, 6)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
encanta-nos Senhor, a liberdade com que anunciavas o Reino de Deus, sem aquela preocupação exagerada com os rituais de purificação que os fariseus tanto prezavam. Não estavas preocupado com o exterior, com o que se vê, com a aparência. O interno, o que está no coração, é isso que realmente tem valor. Senhor, nós vivemos, hoje, sob a ditadura da aparência. Em nosso mundo, importa mais a embalagem, o externo. Assim, é na roupa que se veste, no corpo que se quer ter, na idade que se disfarça, na foto sorridente das redes sociais. Importante é parecer que se está bem, vitorioso, feliz. Até na liturgia, chega essa preocupação excessiva com a exterioridade. Liberta-nos, Senhor, com o teu evangelho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Os ritos são importantes pelo que eles representam, pela compreensão que está por trás deles. Se os ritos não forem sinais de algo mais profundo, eles se esvaziam. Lavar as mãos era um rito religioso no tempo de Jesus. Benzer-se é um rito religioso cristão. Benzer-se pode ter um grande significado ou pode ser apenas um gesto vazio e supersticioso. No seu caderno espiritual, responda: quando você se benze (traça a cruz sobre si mesmo), o que isso significa?

Comunicando

11 de fevereiro, memória da Bem-Aventurada Virgem Maria de Lourdes, 33º Dia Munidal do Doente. O tema da mensagem do Papa Francisco para esta data é: «A esperança não engana» (Rm 5, 5) e fortalece-nos nas tribulações".

Hoje, em Fortaleza, presido a Santa Missa do Centenário de ordenação episcopal de Dom Antonio Lustosa, santo bispo de Fortaleza, já declarado Venerável. 11 de fevereiro é a data do seu nascimento e também a data de sua ordenação episcopal. Em Fortaleza, entre outros, Dom Lustosa criou postos de saúde diocesanos para os pobres, cozinha comunitária e o hospital São José. Como disse São João Paulo II, em sua visita a Fortaleza: 'um bispo sábio e santo. A Missa será na Paróquia da Piedade, às 17 horas. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Preparando o Dia Mundial do Enfermo.


   10 de Fevereiro de 2025.   

Memória de Santa Escolástica, virgem



   Evangelho.   


Mc 6,53-56

Naquele tempo, 53tendo Jesus e seus discípulos acabado de atravessar o mar da Galileia, chegaram a Genesaré e amarraram a barca. 54Logo que desceram da barca, as pessoas imediatamente reconheceram Jesus. 55Percorrendo toda aquela região, levavam os doentes deitados em suas camas para o lugar onde ouviam falar que Jesus estava.
56E, nos povoados, cidades e campos onde chegavam, colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste. E todos quantos o tocavam ficavam curados.




   Meditação.   



Colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste (Mc 6, 56)

No clima da Semana Mundial do Enfermo, a palavra do evangelho de hoje nos fala da atenção de Jesus aos doentes.
A Jornada Mundial do Enfermo é amanhã, dia 11, Dia de N. Sra. de Lourdes. Bom, Jesus desembarcou com os discípulos em Genesaré, um povoado à beira do mar da Galileia e começou a percorrer aquela região. E logo se espalhou a notícia de sua presença. Mal Jesus chegava num lugar (um povoado, um sítio, uma cidade), chegava o povo com seus doentes, pedindo para tocar nele, nem que fosse na barra de sua veste. E os que tocavam nele ficavam curados.

Impressiona a quantidade de doentes citados nos evangelhos. No texto de hoje, eles são trazidos em seus leitos ou colocados nas praças, onde Jesus estivesse. E Jesus, cuja missão principal era anunciar a chegada do Reino, não parece se incomodar com tanto doente. Pelo contrário, mostra-se sempre atencioso, próximo, toca neles. Ficamos, assim, admirados com a bondade de Jesus, com sua paciência, com sua compaixão pelos sofredores.

E por que Jesus tem estes sentimentos? O Papa Francisco responde a essa pergunta em uma de suas mensagens para o Dia Mundial do Enfermo: porque Ele próprio se tornou frágil, experimentando o sofrimento humano e recebendo, por sua vez, alívio do Pai. Na verdade, só quem passa pessoalmente por esta experiência poderá ser de conforto para o outro.

Nós também nos damos conta da condição em que Jesus encontra o seu povo. E você sabe muito bem, quanto mais sofrimento e opressão, mais as pessoas adoecem. O povo da terra de Jesus estava vivendo debaixo de muitas tensões, seja pela violência e exploração da dominação romana e seus impostos, seja pelo clima interno de exigência das leis religiosas que asfixiavam o seu dia-a-dia.

Uma coisa que não podemos deixar de considerar é o significado da doença na vida humana. A doença expõe a nossa fragilidade. O ser humano que Deus criou, infelizmente, pega doença, e em muitos casos, aquele mal físico o leva a óbito. Como o povo da Bíblia e nós entendemos isso? Na fé, recordamos que, no começo, não foi assim. O pecado que entrou no mundo é que nos puxa para baixo. Depois da desobediência de Adão, o Senhor Deus sentenciou: “Lembra-te que és pó e em pó te hás de tornar”. O pecado introduziu a destruição. O pecado abriu as portas para a doença e a morte. São Paulo escreveu bem clarinho: “O salário do pecado é a morte”. Entendendo isso, entendemos os doentes do evangelho.

A pessoa não está doente porque pecou. Isso não. Perguntaram a Jesus, no episódio do cego de nascença, se foi o pecado dele ou dos pais que o levou à cegueira. Jesus explicou: nem de um, nem de outro. Estamos falando da condição de pecadores em que todos nos encontramos, como filhos de Adão, como membros da humanidade. Sendo assim, podemos já ir percebendo que a atenção de Jesus aos doentes tem a ver diretamente com a sua missão. Olha como João Batista o apresentou: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. O perdão dos pecados e a cura da doença estão muito próximos. Naquela cena do paralítico, Jesus perdoou os seus pecados. E depois o curou de sua paralisia.

Jesus encontrou a humanidade marcada pelo pecado. O pecado desfigura a imagem de Deus nas pessoas. Por isso, Jesus, no evangelho, está cercado de doentes de todo tipo, cegos, coxos, paralíticos, leprosos... Sua missão é restaurar, libertar, purificar. Veio para trazer vida abundante.





Guardando a mensagem

Todo o período de Jesus na Galileia, peregrinando pelo interior, pelas vilas e cidades, está marcado, no evangelho, pela presença de muitos doentes. As famílias levavam seus doentes e queriam que, pelo menos, eles pudessem tocar na sua veste. O grande número de doentes no povo de Jesus indica um grave quadro de sofrimento e opressão pelo qual estava passando. A doença é uma demonstração da fragilidade humana e é lida como resultado do desequilíbrio que entrou na criação com o pecado dos nossos primeiros pais. O pecado trouxe sofrimento e morte. Jesus é o vencedor do pecado, do mal e da morte. Como redentor da humanidade, é ele quem tira o pecado do mundo. Na cura dos doentes, já vemos a sua missão se realizando, como comunicação da vida e do perdão de Deus.

Colocavam os doentes nas praças e pediam-lhe para tocar, ao menos, a barra de sua veste (Mc 6, 56)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
queremos te recomendar os nossos doentes, os que estão em nossas casas, os que se acham em hospitais e todos os que precisam de maior cuidado e atenção. Nós os colocamos sob a proteção da Virgem Maria, tua mãe, Saúde dos Enfermos. Que ela nos ajude a partilhar com espírito de diálogo e mútuo acolhimento; a viver como irmãos e irmãs, atentos às necessidades uns dos outros; a sermos solidários com coração generoso e a aprendermos do serviço voluntário de tantos irmãos e irmãs. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Atualize a lista de pessoas doentes de sua família e conhecidos seus pelos quais você vai rezar nessa Semana Mundial dos Enfermos.

Comunicando
 
Hoje é dia de Encontro dos Ouvintes. O encontro será na cidade de Barreiros, Diocese de Palmares, Pernambuco, onde nos transmite a Rádio Cultura FM. O encontro começa às 18 horas, na Igreja Matriz, com o Terço Mariano rezado em rede com diversas emissoras, seguido da Santa Missa, Adoração Eucarística e Entrega de Brindes. Tudo transmitido pelo Rádio e pelo Canal do Youtube. Seria muito bom você estar em comunhão conosco nesse momento tão especial, vigília do Dia Mundial do Enfermo. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O Domingo das Águas mais profundas.




  09 de fevereiro de 2025.  

5º Domingo do Tempo Comum

  Evangelho.  


Lc 5, 1-11

Naquele tempo, 1Jesus estava na margem do lago de Genesaré, e a multidão apertava-se ao seu redor para ouvir a palavra de Deus.
2Jesus viu duas barcas paradas na margem do lago. Os pescadores haviam desembarcado e lavavam as redes.
3Subindo numa das barcas, que era de Simão, pediu que se afastasse um pouco da margem. Depois sentou-se e, da barca, ensinava as multidões.
4Quando acabou de falar, disse a Simão: “Avança para águas mais profundas, e lançai vossas redes para a pesca”.
5Simão respondeu: “Mestre, nós trabalhamos a noite inteira e nada pescamos. Mas, em atenção à tua palavra, vou lançar as redes”.
6Assim fizeram, e apanharam tamanha quantidade de peixes que as redes se rompiam. 7Então fizeram sinal aos companheiros da outra barca, para que viessem ajudá-los. Eles vieram, e encheram as duas barcas, a ponto de quase afundarem.
8Ao ver aquilo, Simão Pedro atirou-se aos pés de Jesus, dizendo: “Senhor, afasta-te de mim, porque sou um pecador!”
9É que o espanto se apoderara de Simão e de todos os seus companheiros, por causa da pesca que acabavam de fazer.
10Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram sócios de Simão, também ficaram espantados. Jesus, porém, disse a Simão: “Não tenhas medo! De hoje em diante tu serás pescador de homens”.
11Então levaram as barcas para a margem, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

  Meditação.  


Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Domingo, dia do Senhor. Em Angola, na missão salesiana de Calulo, final da Missa das sete horas da manhã (missa campal, porque o povo não cabe na Igreja), o povo sentado em banquinhos ou pelas encostas do morro. A comunhão tinha terminado. Crianças e jovens ainda chegariam para a Missa das dez horas. Ali, estavam só adultos e idosos. O povo estava cantando, em ação de graças, ao som de batuques e palmas, em tom moderado, numa participação muito boa, para o nosso padrão. Levantou-se um catequista, um senhor de meia idade, pegou o microfone e não esperou que o canto terminasse. “O que é que está havendo, meu povo? Hoje é domingo. Hoje é o dia do Senhor, o dia da ressurreição. Hoje é o nosso dia! Júbilo, meu povo!”. Menino, aquilo deu um gás naquela assembleia de gente simples, trajada de roupas coloridas, pelas oito e meia da manhã... Os tambores alçaram o tom, o ritmo das palmas se fez marcante, o povo cantou e dançou com um entusiasmo surpreendente... A poeira subiu no terreiro da Igreja. A Missa virou uma festa.

Domingo, o nosso dia! Um dia de festa, de júbilo. Dia em que nos sentamos à mesa da casa de Deus, para ouvir as coisas lindas de nossa fé. E encher o nosso coração de alegria no encontro com o próprio Jesus ressuscitado. E festejar, pois estamos ressuscitados com ele.

Escute só a linda palavra de hoje. Jesus estava na margem do Mar da Galileia, o grande lago de água doce também chamado Mar de Genesaré. E muita gente tinha se juntado para escutar a Palavra de Deus, como conta o evangelista Lucas. Jesus viu duas barcas e subiu na de Simão, para falar ao povo. Como os mestres do seu tempo, sentou-se e começou a ensinar. Quando terminou, mandou os pescadores pescarem em águas mais profundas, isto é, lançar as redes num lugar mais afastado e mais fundo. Simão explicou que tinham passado a noite toda pescando, sem conseguir nada. Mas, em atenção à sua palavra, iria assim mesmo. E foi. A barca de Pedro pegou tanto peixe que já estava afundando. Pediram ajuda do outro barco. Diante dessa maravilha de pescaria, Simão Pedro, diante de Jesus, se achou um grande pecador. Mas, Jesus disse que, daí pra frente, ele seria pescador de gente. Eles levaram as barcas para a praia, deixaram tudo e seguiram a Jesus.

Uma linda história que aparentemente tem pouco a ver com você. Mas, tem tudo a ver com a sua vida, com a minha, com a nossa vida. A narração tem quatro etapas: vida fracassada - palavra de Deus - vida abundante - missão. Os pescadores tinham passado a noite toda trabalhando, sem conseguir nada (vida fracassada). Naquela manhã, estão ouvindo a pregação de Jesus que está anunciando o Reino (Palavra de Deus). Obedecendo à palavra de Jesus, alcançam o grande êxito de uma pescaria surpreendente (vida abundante). Reconhecem sua condição de pecadores diante de Jesus e recebem dele a missão de participar de sua missão, serem pescadores de gente (missão).

Jesus nos encontra em nossa condição de fragilidade, fracasso, infertilidade. Resultado do pecado que está em nós ou cristalizado nas estruturas sociais. Estamos de mãos vazias, depois de uma noite de trabalho em alto mar. Jesus vem ao nosso encontro e nos fala do amor de Deus, do seu reinado no mundo, do sentido de nossas vidas em Deus, da grandeza de nossa dignidade de filhos de Deus. Essa palavra nos impulsiona a realizar a nossa vida com uma nova qualidade, com nova energia, com novo sentido. Em adesão a esta Palavra, à ação do Espírito Santo que torna a palavra viva e eficaz, voltamos ao nosso dia-a-dia, à nossa família, ao nosso trabalho, às nossas práticas religiosas, aos nossos compromissos. Viver e trabalhar orientados por Deus dá um novo sabor à nossa pescaria. Os resultados são outros, são surpreendentes. Pescamos não mais nas beiradas, nas partes rasas, mas em águas profundas. Deixamos uma existência superficial, medíocre, sob a ditadura da aparência, para um mergulho mais profundo: na vida de família, no trabalho, em nossa vivência religiosa, em todos os nossos compromissos. Nesta altura, o Senhor nos faz participantes de sua própria missão, nos fazendo missionários, pescadores com ele.




Guardando a mensagem

Os pescadores de duas barcas estavam na praia lavando as redes, depois de uma noite de pescaria fracassada. Jesus, sentado na barca de Simão, anuncia a boa notícia do amor de Deus, prega a Palavra. Depois, os manda pescar em águas mais profundas. Eles, em obediência à sua palavra, vão e trazem as barcas cheinhas de peixes. A Simão que mostra reconhecimento de sua condição de pecador, Jesus convida para o seu seguimento e para ser pescador de gente. Eles são os primeiros discípulos. Deixaram tudo e seguiram a Jesus. De pescaria fracassada, você entende bem. Uma vida sem profundidade não gera felicidade. Só em Deus, podemos viver bem o casamento, o trabalho, o tempo do lazer, a nossa vida toda. Só guiados por Deus, pescando em águas profundas, podemos encontrar uma vida abundante, cheia de sentido e de luz. A quem vive essa experiência de comunhão com o Senhor, ele dá a graça de participar com ele de sua missão, de ser pescador também, de ajudar outras pessoas a encontrarem sentido para sua vida.

Avance para águas mais profundas (Lc 5, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Aquela comunidade da missão de Calulo, em Angola, em cada manhã de domingo, reencontra-se, na margem do Mar da Galileia, com Jesus, sentado na barca de Pedro. Lá, eles ouvem a Palavra que revela a sua grandeza de filhos de Deus, o sentido de sua vida vivida na profundidade da comunhão com Deus, a beleza da solidariedade que os faz levar o peso um dos outros em sua vida tão difícil. Assim, se alegram tanto, cantam e dançam com tanto fervor. Sentem que, mesmo enfrentando uma pobreza tão grande, já estão ressuscitados, vitoriosos com Cristo. Senhor, hoje, queremos nos unir espiritualmente a esta comunidade, ou melhor, queremos nos unir à tua Igreja, que em qualquer terreno, capela ou catedral hoje canta de alegria porque o encontro com o Senhor enche nossa vida de esperança e alegria e voltamos para nossa pescaria com outro ânimo, com outro espírito. Obrigado, Senhor, pelo dom de tua Palavra, pela graça que nos alcança em nossa pequenez, em nossa condição de pecadores. E obrigado por nos fazeres pescadores, contigo. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

O fruto mais precioso dessa Palavra, você já captou: a sua participação na Santa Missa dominical.

Comunicando

Nesta segunda, temos o Encontro dos Ouvintes na cidade de Barreiros, Diocese de Palmares, em Pernambuco. 
Na terça, estarei em Fortaleza, para presidir a Missa no centenário de ordenação episcopal do santo bispo Dom Antonio Lustosa. 
Na quarta, ainda em Fortaleza, vou participar do Encontro de Espiritualidade organizado pela FM Dom Bosco.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb







Tudo começa na compaixão.

 



   08 de fevereiro de 2025   

Sábado da 4ª Semana do Tempo Comum



   Evangelho.   


Mc 6,30-34

Naquele tempo, 30os apóstolos reuniram-se com Jesus e contaram tudo o que haviam feito e ensinado. 31Ele lhes disse: “Vinde sozinhos para um lugar deserto e descansai um pouco”. Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer. 32Então foram sozinhos, de barco, para um lugar deserto e afastado. 33Muitos os viram partir e reconheceram que eram eles. Saindo de todas as cidades, correram a pé, e chegaram lá antes deles.
34Ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor. Começou, pois, a ensinar-lhes muitas coisas.


   Meditação   


Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

A pregação da palavra de Deus é uma coisa maravilhosa. Ninguém duvida. A celebração ou liturgia, outra coisa fantástica. Mas, nem a pregação, nem a celebração se explicam sem a compaixão, a caridade. A evangelização e a celebração começam e terminam na caridade. Está tudo no evangelho de hoje.

“Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. Aí começa tudo, na compaixão. Jesus viu aquele povo que o procurava e lhe doeu o coração vê-lo tão necessitado, tão fragilizado. Para uma pessoa do interior como Jesus, dava pena ver um rebanho sem pastor: as ovelhas se dispersam, os carneirinhos viram presas fáceis para as feras e os ladrões, não têm quem guie a um bom pasto. E olha que Jesus estava levando os discípulos para um lugar afastado para eles descansarem um pouco, pois estavam voltando, muito cansados, de uma missão. Diante daquela cena – ovelhas sem pastor – esqueceu-se o descanso e Jesus começou a “ensinar-lhes muitas coisas”, diz o evangelho.

O que será que Jesus ensinou àquela gente? Podemos imaginar, pois o que ele disse ao povo, certamente, é o que está no evangelho. Ele explicava, contando parábolas, como Deus ama os seus filhos, como fica feliz quando um filho ou uma filha escolhe o bom caminho; como o Pai cuida das aves e das plantas e mais ainda cuida de cada filho. E ainda: como são felizes aqueles que Deus ama. E Deus preza antes de tudo os mais pobres e os mais sofridos. Aí, ele lhes falava do Reino de Deus. Ah, esse mundo fica melhor se Deus for obedecido como bom pai que é e se cada filho for fraterno e bom com seu irmão, com sua irmã. Quanta coisa Jesus tinha para dizer àquele povo maltratado pela violência, pela doença, pela pobreza! E aqueles corações amargurados iam se enchendo de paz, de esperança. Riam com as histórias de Jesus (‘Imagine, o filho disse que ia, mas não foi, mas que malandro!’ - ‘E a festa que o Pai fez pra receber o filho que saiu de casa, ô festão!’ –‘ ‘Mas aquelas moças que foram para o casamento e esqueceram o óleo, que povo sem juízo!). Gente, olha a hora!

Quem falou “olha a hora!”? Os discípulos. Já está ficando tarde. Isso aqui é um lugar deserto. Esse povo precisa voltar pra casa. Já está tudo com cara de fome. Tenha paciência Jesus, a conversa está muito boa, mas está na hora de mandar o povo embora. ‘Mandar o povo embora, como assim? Sem comer nada? Vocês providenciem alguma coisa’. Aí a coisa esquentou... Providenciar, nós? Aí, eles foram pragmáticos, como muitos administradores de hoje. Gastar dinheiro para alimentar essa gente? Não tem dinheiro que chegue. Mande esse povo embora enquanto é tempo. Eles se viram por aí... Olha a mentalidade deles: gastar dinheiro, despedir, mandar embora, não se sentir responsável por ninguém. E Jesus acalmou o grupo. Pera aí... O que vocês têm aí pra comer? Vão, vão ver... Cinco pães e dois peixes? Tragam pra cá. Aí Jesus mandou todo mundo se sentar, formaram grandes grupos, ele pegou aqueles poucos pães e peixes, deu graças a Deus, fez a oração da bênção dos alimentos, partiu (preste atenção a este “partiu”) e ia dando os pedaços aos discípulos para que eles distribuíssem com o povo. Depois, dividiu também os peixes. O resultado, você já sabe: pela graça de Deus, o pão e o peixe deram pra todo mundo. Falamos de multiplicação. E até a sobra recolhida foi grandiosa. Olha a mentalidade de Jesus: alimentar, por em comum, partilhar, repartir... somos responsáveis uns pelos outros.





Guardando a mensagem

Antes de tudo, a compaixão. Jesus viu o povo e sentiu seu coração amargurado por vê-lo tão sofrido, tão fragilizado. Ele deixou de lado outro projeto e dedicou-se a “ensinar-lhe muitas coisas”. Isto é a evangelização. A evangelização é o anúncio do amor do Pai pelo seu povo, que nos mandou Jesus como pastor e salvador. A evangelização nasce da compaixão. E gera compaixão, caridade, amor a Deus e ao próximo.

Antes de tudo, a compaixão. Era tarde, o lugar deserto, o povo faminto. Jesus envolveu os discípulos numa linda celebração. Pode ver que todos os detalhes lembram a última ceia, como se fosse uma preparação para a Santa Missa. A celebração nasce da compaixão de Deus pelo seu povo e de nossa compaixão pelo próximo. E gera compaixão, solidariedade, caridade, novas relações.

Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor (Mc 6, 34)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
hás de nos desculpar. Nós continuamos a pensar igualzinho aos discípulos naquela cena da multiplicação dos pães. Vemos as situações de sofrimento e abandono e cruzamos os braços. Ficamos paralisados por nossa mentalidade pragmática: não temos dinheiro, não temos condições, nem é responsabilidade nossa. 
A solução que temos é mandar embora, cada um se virar. Senhor, ajuda-nos em nossa conversão. Na evangelização e na celebração, aprendemos contigo outra forma de ver e agir: sermos responsáveis uns pelos outros, fazer alguma coisa com o que temos e, sobretudo, confiar na providência de Deus que se manifesta na partilha e na solidariedade. Sê para todos força, conforto e luz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Leia o texto do evangelho de hoje: Marcos 6,30-34. Anote alguma frase desse evangelho no seu caderno espiritual.

Comunicando

No próximo mês de outubro, em Roma, ocorrerá o Jubileu Mariano: grandes celebrações do ano santo, com o Papa Francisco e os movimentos marianos de todo o mundo. E nós da AMA e da Obra de Maria estamos nos programando para estar por lá, nessa ocasião. Nossa peregrinação também vai visitar santuários marianos em Portugal, França e Itália. Você gostaria de participar conosco? Desejando se informar melhor, mande uma mensagem para o WhatsApp 81 99964-4899. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

João Batista: uma história de perseguição e fidelidade



  07 de fevereiro de 2025.   

4ª Semana do Tempo Comum 

Primeira sexta-feira do mês



   Evangelho.   



Mc 6,14-29

Naquele tempo, 14o rei Herodes ouviu falar de Jesus, cujo nome se tinha tornado muito conhecido. Alguns diziam: “João Batista ressuscitou dos mortos. Por isso os poderes agem nesse homem”. 15Outros diziam: “É Elias”. Outros ainda diziam: “É um profeta como um dos profetas”.
16Ouvindo isto, Herodes disse: “Ele é João Batista. Eu mandei cortar a cabeça dele, mas ele ressuscitou!” 17Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão. Fez isso por causa de Herodíades, mulher do seu irmão Filipe, com quem se tinha casado.
18João dizia a Herodes: “Não te é permitido ficar com a mulher do teu irmão”. 19Por isso Herodíades o odiava e queria matá-lo, mas não podia. 20Com efeito, Herodes tinha medo de João, pois sabia que ele era justo e santo, e por isso o protegia. Gostava de ouvi-lo, embora ficasse embaraçado quando o escutava.
21Finalmente, chegou o dia oportuno. Era o aniversário de Herodes, e ele fez um grande banquete para os grandes da corte, os oficiais e os cidadãos importantes da Galileia. 22A filha de Herodíades entrou e dançou, agradando a Herodes e seus convidados. Então o rei disse à moça: “Pede-me o que quiseres e eu te darei”. 23E lhe jurou dizendo: “Eu te darei qualquer coisa que me pedires, ainda que seja a metade do meu reino”.
24Ela saiu e perguntou à mãe: “Que vou pedir?” A mãe respondeu: “A cabeça de João Batista”. 25E, voltando depressa para junto do rei, pediu: “Quero que me dês agora, num prato, a cabeça de João Batista”.
26O rei ficou muito triste, mas não pôde recusar. Ele tinha feito o juramento diante dos convidados. 27Imediatamente, o rei mandou que um soldado fosse buscar a cabeça de João. O soldado saiu, degolou-o na prisão, 28trouxe a cabeça num prato e a deu à moça. Ela a entregou à sua mãe. 29Ao saberem disso, os discípulos de João foram lá, levaram o cadáver e o sepultaram.



  Meditação.   


Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão (Mc 6, 14).

No aniversário de Herodes, certamente no palácio de sua capital Tiberíades, oferece-se um banquete aos grandes da Galileia: a corte, os oficiais, os cidadãos importantes. Herodes se casara com a cunhada, Herodíades, mulher do seu irmão Filipe. A filha dela, enteada do rei, boa dançarina, apresentou-se dançando na festa. A dança e os gingados da moça agradaram em cheio os convidados e o rei. Este lhe prometeu um presente, o que ela pedisse, mesmo que fosse metade do seu reino. A mãe combinou com ela que pedisse a cabeça de João Batista. O rei, mesmo entristecido com o pedido, cumpriu sua promessa. É a triste história do martírio de João Batista.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história tão triste? Uma primeira razão é ir preparando o nosso coração para a morte de Jesus. Na história de João Batista, o ódio da mulher do rei desencadeou a morte do profeta. Na história de Jesus, foi o ódio das lideranças do seu povo que o levaram à morte. Herodes mostrou-se fraco, reticente, objeto de manipulação de Herodíades. Na história de Jesus, foi Pilatos, o governante fraco e manipulado pelo Sinédrio dos hebreus.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de tanta violência? Um segunda razão: para podermos fazer uma comparação entre o banquete da morte e a multiplicação dos pães, o banquete da vida, que vem logo em seguida. No banquete de Herodes, o prato é a violência, a cabeça decapitada de João Batista. No banquete de Jesus, o prato é a partilha, a providência divina, a própria vida de Jesus entregue. Cinco mil homens se alimentaram com o que seria cinco pães e dois peixes.

Por que o evangelho de Marcos nos conta essa história de final tão desalentador? Uma terceira razão: para aprendermos o caminho da fidelidade com o profeta João Batista. No anúncio, ele foi claro e forte, denunciando os desmandos e o mau exemplo da vida irregular do rei e sua concubina. João foi fiel até o fim, sem se acovardar, nem recuar na palavra que devia proclamar.

Por que o evangelista Marcos nos conta essa história? Uma quarta razão: para nos indicar que o caminho de João Batista continua no caminho de Jesus. Exatamente depois que João foi preso, Jesus voltou para a Galileia e começou a pregação, proclamando o evangelho do Reino de Deus.




Guardando a mensagem

Em todos os tempos, os profetas são perseguidos. Jesus disse que, em contraponto, os falsos profetas são aplaudidos. Lendo o fim de João Batista, nos preparamos para a paixão de Jesus. Ele tomará o caminho dos profetas, homens da verdade de Deus, que terminam incompreendidos pelo povo e perseguidos pelas autoridades. Também nos ajuda a entender a graça da multiplicação dos pães que prepara a Eucaristia: Jesus comunica vida, dando-se a si mesmo. Herodes comunica morte, poupando-se a si mesmo. João Batista foi fiel à sua missão, denunciando o erro e perseverando na provação. Esse é o caminho do cristão. Não desistir, não se intimidar diante das dificuldades. Jesus continua o caminho de João. Nós continuamos o caminho de Jesus.

Herodes tinha mandado prender João, e colocá-lo acorrentado na prisão (Mc 6, 14).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
a atuação do governante Herodes, violento no exercício do poder e escandaloso em sua vida pessoal, produziu morte na história do seu povo: exploração, fome, perseguição política. É o que nos diz essa cena do martírio de João Batista. Já a tua atuação, Jesus, a atenção às necessidades daquela gente e o compromisso com Deus produziram vida na história do teu povo: acolhimento, partilha, fartura. É o que nos diz a cena da multiplicação dos pães que vem logo em seguida. Dá-nos, Senhor, tomar distância dos banquetes dos Herodes de hoje e pautarmos nossa vida e nossas opções pelo teu banquete no deserto. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.


Vivendo a palavra

Hoje é um dia bom pra você fazer um exame de consciência. Pergunte-se, em um momento de recolhimento do seu dia, se está sendo fiel ao que Deus tem lhe confiado como missão.

Comunicando

No próximo mês de outubro, em Roma, ocorrerá o Jubileu Mariano: grandes celebrações do ano santo, com o Papa Francisco e os movimentos marianos de todo o mundo. E nós da AMA e da Obra de Maria estamos nos programando para estar por lá, nessa ocasião. Nossa peregrinação também vai visitar santuários marianos em Portugal, França e Itália. Você gostaria de participar conosco? Desejando se informar melhor, mande uma mensagem para o WhatsApp 81 99964-4899. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


O segredo do cajado.



  06 de fevereiro de 2025.   

Memória dos mártires japoneses São Paulo Miki 
e companheiros


   Evangelho.   


Mc 6,7-13

Naquele tempo, 7Jesus chamou os doze e começou a enviá-los dois a dois, dando-lhes poder sobre os espíritos impuros. 8Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado; nem pão, nem sacola, nem dinheiro na cintura.
9Mandou que andassem de sandálias e que não levassem duas túnicas. 10E Jesus disse ainda: “Quando entrardes numa casa, ficai ali até vossa partida. 11Se em algum lugar não vos receberem, nem quiserem vos escutar, quando sairdes, sacudi a poeira dos pés, como testemunho contra eles!” 12Então os doze partiram e pregaram que todos se convertessem. 13Expulsavam muitos demônios e curavam numerosos doentes, ungindo-os com óleo.

   Meditação.  


Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).

Jesus está enviando os doze em missão. Só isso, já vale uma meditação. Toda a Igreja é missionária. Bom, Jesus está enviando os doze e lhes faz algumas recomendações, sobretudo que eles partam em missão, em grande despojamento. Não levem pão, nem sacola, nem dinheiro. Só com a túnica do corpo, sandálias nos pés e um cajado. Um cajado. Por que deviam levar um cajado?

Cada evangelista, mesmo narrando a mesma cena, deixa seu toque especial. Cada pessoa, mesmo contando a mesma história, marca sua diferença num detalhe, não é assim? O evangelista Marcos diz que Jesus mandou levar um cajado. Mateus e Lucas dão outros pormenores, e incluem o cajado na lista do que Jesus disse que não levasse. E agora? Agora, é ver qual é o sentido desse cajado na história.

Bom, vamos deixar o evangelho de Marcos de molho e vamos para o livro dos Salmos. O Salmo 23, que você conhece bem, diz assim: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz repousar... Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim. Teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Viu que entrou o cajado nessa oração? O Senhor é o meu pastor. Deus é o nosso pastor. Nós somos as ovelhas do seu rebanho. Ele nos conduz para boas pastagens e para águas correntes. E mesmo que você esteja numa situação muito difícil, como é ele que o(a) conduz, você não tem o que temer. O bastão e o cajado dele são a sua segurança, a nossa segurança. Bom, bastão e cajado são a mesma coisa. É a vara com uma haste arredondada que o pastor tem sempre na mão. E por que o cajado de Deus, nosso pastor, é a sua segurança?

Bom, aí eu preciso lhe dizer para que servia o cajado ou bastão, na mão do pastor. Você não tem ideia como a profissão de pastor era trabalhosa, no tempo da Bíblia! O pastor tinha que levar as ovelhas, todo dia, para pastar, num lugar que tivesse também água, coisa difícil naquela terra seca (grande parte da Palestina) e complicada, se encontrasse pela frente um roçado, uma plantação. E você pode imaginar, ovelha é bicho obediente, mas em grande número, é um quebra-cabeça pra manter o rebanho junto ou no caminho certo. Aí o cajado é importante para tanger ou conter ovelhas afoitas. Já tem uma haste arredondada própria para segurar as ovelhas que estiverem se afastando, por exemplo. E mais, no campo havia muitas feras doidas pra comer uma ovelha gordinha: lobos, ienas, leões... Aí o cajado era a arma para enfrentar as feras e defender as ovelhas. E, de noite, tinha-se que ficar vigilante... não faltava ladrão querendo carregar as ovelhas. Aí o cajado era a arma do pastor. Ele partia com tudo pra cima do ladrão e o bandido saía todo machucado. Os pastores eram quase sempre jovens, fortes e briguentos. Ninguém se metesse com eles, não. Percebeu? Eram três os usos do cajado: organizar a marcha das ovelhas, afugentar as feras do campo e lutar contra os assaltantes.

Voltemos ao Salmo 23: “O Senhor é o meu pastor, nada me falta. Em verdes pastagens, me faz repousar.... Ainda que eu caminhe por vale tenebroso nenhum mal temerei, pois estás junto a mim. Teu bastão e teu cajado me deixam tranquilo”. Deus defende você. Ele enfrenta o lobo ou o ladrão e não permite que lhe façam mal. O seu cajado é a sua segurança. Deus toma a sua defesa. Ele cuida de você. Jesus disse, no evangelho de João: “Eu sou o bom pastor. O mercenário, quando o lobo ataca, corre e larga as ovelhas. Eu dou a vida pelas minhas ovelhas”.




Guardando a mensagem

Jesus enviou os doze em missão. A recomendação foi que não levassem nada, a não ser um cajado. Cajado é coisa de pastor. O pastor é Jesus. Os doze participam da missão de Jesus, de cuidar do rebanho. O cajado representa a responsabilidade do pastor de cuidar das ovelhas (com o cajado, ele tange as mais lentas e segura as mais apressadas). Mas representa também o zelo que eles devem ter na defesa do rebanho (com o cajado, o pastor afugenta as feras do mato e enfrenta os larápios). Os doze são, então, os pastores do rebanho de Deus, nossos líderes religiosos. É por isso que os nossos bispos têm um báculo, imitando o cajado dos pastores. O báculo representa a responsabilidade que eles receberam de cuidar do povo de Deus como bons pastores e de defendê-lo de todas as ameaças (heresias, ideologias totalitárias, divisões, etc.).

Recomendou-lhes que não levassem nada para o caminho, a não ser um cajado (Mc 6, 8).

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
está dito no evangelho de hoje, que os doze partiram e fizeram três coisas: pregaram que todos se convertessem, expulsaram muitos demônios e curaram numerosos doentes. Realmente, tinham mesmo que levar o cajado, assim começaram a entender que são pastores do teu povo: organizam o rebanho, expulsam o mal e derrotam as doenças. Senhor, nós te bendizemos porque somos ovelhas do teu rebanho. E te pedimos que, com o teu Santo Espírito, sustentes os teus ministros em sua missão de ensino, de pastoreio e de santificação do rebanho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Reze, hoje, pelo padre de sua comunidade. Faça uma prece pelo seu bispo, também.

Comunicando

Como todas as quintas-feiras, hoje, temos a Santa Missa em que rezamos por você e por suas intenções. Segunda-feira, teremos o Encontro dos Ouvintes na cidade de Barreiros, Pernambuco. Lá, nos transmite a Rádio Cultura FM.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



Eu creio em Jesus Cristo, enviado do Pai.


   05 de fevereiro de 2025

Memória de Santa Águeda, virgem e mártir 



   Evangelho.  


Mc 6,1-6

Naquele tempo: 1Jesus foi a Nazaré, sua terra, e seus discípulos o acompanharam. 2Quando chegou o sábado, começou a ensinar na sinagoga. Muitos que o escutavam ficavam admirados e diziam: 'De onde recebeu ele tudo isto? Como conseguiu tanta sabedoria? E esses grandes milagres que são realizados por suas mãos? 3Este homem não é o carpinteiro, filho de Maria e irmão de Tiago, de Joset, de Judas e de Simão? Suas irmãs não moram aqui conosco?' E ficaram escandalizados por causa dele. 4Jesus lhes dizia: 'Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares'. 5E ali não pôde fazer milagre algum. Apenas curou alguns doentes, impondo-lhes as mãos. 6E admirou-se com a falta de fé deles. Jesus percorria os povoados das redondezas, ensinando.


   Meditação.   


Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)

Diga-me uma coisa: a sua família é numerosa ou é bem pequena? ... O pessoal de outra geração tinha família muito grande, não é verdade? No tempo de Jesus, na Palestina, as famílias eram numerosas. Todos os aparentados com o chefe da casa ou que morassem juntos pertenciam à mesma família. Os parentes moravam na mesma casa ou eram vizinhos. E os filhos, claro, se criavam juntos, convivendo com os parentes da mesma idade. No hebraico, não há palavras específicas para parentes próximos. Todos são chamados de irmãos. Irmãos podem ser primos, tios, sobrinhos, etc. Irmãos são todos os que pertencem à grande família.

No evangelho de hoje, aparece uma lista de irmãos de Jesus. Seriam irmãos mesmo ou é uma forma de designar os parentes próximos? 

Vamos à sinagoga de Nazaré pra ver o que está acontecendo. Jesus está pregando. É um dia de sábado. As pessoas dali mais ou menos devem ser conhecidas dele. É verdade que ele ficou um tempo fora, mas foi ali que se criou. As pessoas estão admiradas com sua pregação. Mas, já começa um burburinho, gente que está estranhando ou querendo desqualificar a presença de Jesus. Vamos ouvir... “Oi, este homem não é o carpinteiro? É ele mesmo. Oi, e ele não é o filho de dona Maria? Não é irmão de Tiago, de José, de Judas e de Simão? E as irmãs dele não vivem todas por aqui? Onde é que arrumou tanta sabedoria? E esses milagres que dizem que ele anda fazendo por aí? Como é isso?”.

Vamos sair um pouquinho da sinagoga, para eu lhe dar uma explicação. Venha aqui fora... Escute só: “Irmãos” é uma forma de nomear os parentes próximos, possivelmente seus primos, aqueles com quem ele tinha se criado. Esses supostos irmãos Tiago, José, Simão e Judas aparecem em outras partes do evangelho, como filhos de outros pais e outras mães. A Igreja sempre entendeu, lendo a Bíblia Sagrada e escutando a Tradição desde o tempo dos apóstolos, que Maria teve apenas Jesus. Ele é o seu primeiro e único filho. 

Ser primogênito no povo de Deus era uma coisa muito especial, porque tinha uma relação especial com Deus, era consagrado ao Senhor. Jesus era um primogênito. Mas, isso não quer dizer que depois dele, vieram outros filhos. Tira qualquer dúvida o fato de Jesus, antes de sua morte na cruz, ter entregue sua mãe aos cuidados do seu discípulo João, este era filho de Zebedeu. Se Maria não ficou com nenhum filho é porque não os tinha, como não tinha mais o seu esposo José, àquela altura.

Bom, o importante é notar que ter conhecido Jesus, tê-lo visto crescer entre os seus muitos parentes, foi uma razão para muita gente em Nazaré não acolher a sua pregação. Tinham um conhecimento superficial da pessoa de Jesus. Julgavam conhecê-lo. E isso foi para eles um motivo para fechar o coração para a mensagem de Deus da qual ele era portador, para a pessoa divina que ele era e para sua mensagem sobre o Reino de Deus.




Guardando a mensagem

O povo de Nazaré, por ter acompanhado superficialmente a infância e a juventude de Jesus, por conhecer seus pais e seus parentes, negaram-se a crer na sua pregação. Fecharam o coração às maravilhas de Deus que ele testemunhava com suas palavras, suas atitudes e seus milagres. Que grande oportunidade eles perderam para reconhecer e acolher a manifestação de Deus na pessoa do seu filho humanado! Eles fecharam-se no sentimento mesquinho da inveja e do preconceito. Isso pode acontecer com você, com todos nós. Podemos permanecer com uma vaga ideia sobre a pessoa de Jesus, perdendo a chance de nos deixar evangelizar com maior profundidade. Ou nos deixar iludir por discussões inúteis que nos tiram do foco a pessoa do filho de Deus e seu anúncio sobre o Reino. Não faça como o povo de Nazaré, pelo amor de Deus.

Um profeta só não é estimado em sua pátria, entre seus parentes e familiares (Mc 6, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
ficaste triste em Nazaré, decepcionado. Não te acolheram. Então, não acolheram o Pai que te enviou. Deram as costas ao anúncio do Reino de Deus. Foi quando disseste, com certo amargor: “É, um profeta só não é estimado em sua própria pátria, entre seus parentes e familiares”. Senhor, longe de nós, hoje, te decepcionar. Não queremos que nenhum preconceito ou opiniões duvidosas nos impeçam de acolher o evangelho do Reino que tu nos trazes. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Sabe quem conhece bem Jesus, em sua humanidade? A mãe dele. Ela pode lhe dizer muita coisa sobre ele. Faça hoje uma prece a essa nossa boa mãe: “Mãe, me diz quem é Jesus, me fala sobre ele”.

Comunicando

Em Fortaleza, na próxima terça-feira, dia 11, presidirei a Santa Missa na passagem do centenário de ordenação episcopal do Venerável Dom Antonio de Almeida Lustosa. A Missa será na Paróquia da Piedade, às 17 horas. Haverá exposição sobre sua vida na quadra da Paróquia, a partir das 15 horas. Dom Antonio Lustosa, bispo sábio e santo, pelo seu adiantado processo de beatificação e canonização, tem já o título de Venerável.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




Tem sangue nessas histórias.



  04 de fevereiro de 2025.  

Terça-feira da 4ª Semana do Tempo Comum

  Evangelho.  


Mc 5,21-43

Naquele tempo, 21Jesus atravessou de novo, numa barca, para outra margem. Uma numerosa multidão se reuniu junto dele, e Jesus ficou na praia. 22Aproximou-se, então, um dos chefes da sinagoga, chamado Jairo. Quando viu Jesus, caiu a seus pés, 23e pediu com insistência: “Minha filhinha está nas últimas. Vem e põe as mãos sobre ela, para que ela sare e viva!”
24Jesus então o acompanhou. Numerosa multidão o seguia e comprimia. 25Ora, achava-se ali uma mulher que, há doze anos, estava com hemorragia; 26tinha sofrido nas mãos de muitos médicos, gastou tudo o que possuía, e, em vez de melhorar, piorava cada vez mais.
27Tendo ouvido falar de Jesus, aproximou-se dele por detrás, no meio da multidão, e tocou na sua roupa. 28Ela pensava: “Se eu ao menos tocar na roupa dele, ficarei curada”. 29A hemorragia parou imediatamente, e a mulher sentiu dentro de si que estava curada da doença. 30Jesus logo percebeu que uma força tinha saído dele. E, voltando-se no meio da multidão, perguntou: “Quem tocou na minha roupa?” 31Os discípulos disseram: “Estás vendo a multidão que te comprime e ainda perguntas: ‘Quem me tocou’?”
32Ele, porém, olhava ao redor para ver quem havia feito aquilo. 33A mulher, cheia de medo e tremendo, percebendo o que lhe havia acontecido, veio e caiu aos pés de Jesus, e contou-lhe toda a verdade. 34Ele lhe disse: “Filha, a tua fé te curou. Vai em paz e fica curada dessa doença”.
35Ele estava ainda falando, quando chegaram alguns da casa do chefe da sinagoga, e disseram: “Tua filha morreu. Por que ainda incomodar o mestre?” 36Jesus ouviu a notícia e disse ao chefe da sinagoga: “Não tenhas medo. Basta ter fé!” 37E não deixou que ninguém o acompanhasse, a não ser Pedro, Tiago e seu irmão João. 38Quando chegaram à casa do chefe da sinagoga, Jesus viu a confusão e como estavam chorando e gritando.
39Então, ele entrou e disse: “Por que essa confusão e esse choro? A criança não morreu, mas está dormindo”. 40Começaram então a caçoar dele. Mas, ele mandou que todos saíssem, menos o pai e a mãe da menina, e os três discípulos que o acompanhavam. Depois entraram no quarto onde estava a criança. 41Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” — que quer dizer: “Menina, levanta-te!” 42Ela levantou-se imediatamente e começou a andar, pois tinha doze anos. E todos ficaram admirados. 43Ele recomendou com insistência que ninguém ficasse sabendo daquilo. E mandou dar de comer à menina.

  Meditação.  


Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” — que quer dizer: “Menina, levanta-te!”  (Mc 5, 41)

Você recorda o evangelho de ontem? Naquela cena, Jesus estava em terras pagãs. Naquela região, ele encontrou um homem possuído por uma legião de espíritos maus que o mantinham morando no cemitério. O homem possuído pode muito bem ser uma representação do povo pagão. A cena ficou marcada pela presença dos porcos. O porco era sinal de impureza. Para os hebreus, os pagãos eram uma gente sem a bênção de Deus.

Hoje, Jesus volta à terra de Israel. Uma mulher e uma menina estão dolorosamente enfermas. A menina e a mulher podem estar representando o povo de Deus. E sabe por quê? As duas estão ligadas ao número 12. Doze é o número do povo de Deus, o povo das doze tribos. A comunidade de Jesus, a sua Igreja, está em torno dos doze apóstolos.

Uma menina de doze anos estava morrendo. Ela era filha do chefe da sinagoga, Jairo. Uma mulher estava sofrendo de uma hemorragia há doze anos. O sangue era um problema grave na vida e na religião do povo da Bíblia. Qualquer contato com sangue gerava impureza nas pessoas. O impuro estava excluído do contato com os outros e das bênçãos de Deus. As mulheres eram as maiores prejudicadas por este sistema religioso da pureza legal, que vigorava no tempo de Jesus. E vou lhe dizer o porquê: por causa da menstruação e do parto. Mensalmente, a mulher enfrenta a perda de sangue, na menstruação. Ficava impura. No parto, a mulher tinha que se purificar, com uma quarentena e sacrifícios no Templo. Sangue, que era sinal da vida, não podia ser desperdiçado, nem tocado. Gerava impureza. A impureza afastava a pessoa da bênção de Deus.

Então, no fundo, no fundo, o problema no texto de hoje é com o sangue, isto é com a impureza. Podemos imaginar, pensando um pouco ou seguindo os comentadores do evangelho, que a menina aos doze anos poderia estar na sua primeira menstruação. Poderia ser esse o seu problema, associado a alguma doença. E a mulher também sofria com uma hemorragia (de sangue) há muito tempo e já tinha gasto o que possuía com médicos e tratamentos. Pode-se pensar numa menstruação desordenada dessa senhora, um drama sem tamanho para sua vida religiosa.

Veja que imagem vai surgindo.... O povo de Deus está representado pela menina de 12 anos e pela mulher que sofria há 12 anos. O povo de Deus, em sua vivência religiosa, estava marcado pela lei da pureza legal, que acabava marginalizando muita gente, sobretudo as mulheres. A menina e a mulher estão em grande sofrimento por causa do sangue, por causa das leis de pureza. É em Jesus, que este povo encontrará vida, saúde, purificação. Jesus nos salvou assumindo nossos pecados, tomando nosso lugar. De certo modo, ao ser tocado pela mulher impura, ele assume a sua impureza. O mesmo se diga, tocando na menina como o fez, tomando-a pela mão.




Guardando a mensagem

Na terra dos pagãos, Jesus libertou o homem que vivia no cemitério, limpando simbolicamente toda aquela terra da impureza dos porcos. Na história do homem do cemitério, Jesus está libertando o povo pagão daquela região. Jesus purificou aquela terra vencendo e expulsando o maligno. Na terra do povo de Deus, Jesus liberta as duas mulheres, devolvendo-lhe a saúde e incluindo-as na família e na comunidade, libertando-as da impureza da sua perda de sangue. Nesta história das duas mulheres, Jesus está libertando todo o povo de Deus. Claro que o evangelho tem muitas mensagens maravilhosas para nossa vida, mas elas precisam partir de uma compreensão dos elementos do texto.

Jesus pegou na mão da menina e disse: “Talitá cum” — que quer dizer: “Menina, levanta-te!”  (Mc 5, 41)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
tu és o redentor da humanidade. Redentor dos de longe, os pagãos, e dos de perto, os membros do povo eleito. Lá, na região dos pagãos, encontraste a opressão do mal sobre o ser humano. E o venceste, atraindo para ti a ira daquela gente que te expulsou de suas terras. Na terra do povo santo, também encontraste a opressão da lei religiosa da pureza, que causava exclusão e sofrimento, sobretudo das mulheres e dos doentes. E, pela fé, comunicaste vida e saúde, tomando o lugar dos pecadores, carregando-te de suas dores. Tu és o nosso redentor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Aparecendo uma oportunidade hoje, ajude alguma pessoa doente a viver o seu momento de enfermidade como verdadeiro encontro com o Senhor.

Comunicando

Segunda-feira que vem, dia 10, teremos o Encontro dos Ouvintes na cidade de Barreiros, PE. Lá nos transmite a Rádio Cultura FM. Na terça-feira, dia 11, estarei em Fortaleza. Vou presidir a Missa do jubileu de ordenação episcopal do servo de Deus Dom Antonio Lustosa. Dom Lustosa está a caminho dos altares. Na quarta-feira, dia 12, ainda em Fortaleza, realizaremos um "Encontro de Espiritualidade em prol da Campanha FM Dom Bosco de cara nova". 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

Postagem em destaque

Tem vaga pra você também.

   20 de agosto de 2025.    Memória de São Bernardo de Claraval    Evangelho.    Mt 20,1-16a Naquele tempo, Jesus contou esta parábola a seu...

POSTAGENS MAIS VISTAS