PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: Mc 1
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ELE TOMOU O MEU LUGAR






13 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 1,40-45

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado. 43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!”
45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu para ser curado. Jesus, cheio de compaixão, tocou nele e o curou. Mas, lhe pediu para não dizer nada a ninguém. Que fosse logo ao Templo para comprovar que já estava bom e fazer a oferenda necessária, para ser reintegrado na sua comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido. Resultado: Jesus já não podia mais entrar publicamente numa cidade. Tinha que ficar fora, em lugares desertos.

No tempo da Bíblia, lepra era qualquer doença de pele que se apresentasse um tanto repulsiva. Nem tudo era propriamente a hanseníase como nós a conhecemos. Não havia cura para esse mal, diferentemente de hoje. E o leproso era afastado da convivência da família e da sociedade de uma maneira muito dramática. As leis, a um tempo civis e religiosas, estavam codificadas no Livro do Levítico, o terceiro livro da Bíblia. Por essas leis, o leproso tinha que ser excluído da comunidade, andar com as roupas rasgadas e cabelo desgrenhado, o rosto ou a barba cobertos e permanecer sempre fora das áreas de moradia. Leproso era um condenado. Devia ficar fora, excluído, afastado de todos. E ainda mais, ao se aproximar de qualquer um devia gritar que era impuro, pra ninguém chegar perto.

Impureza era um conceito a um tempo religioso e sanitário. Impuro era quem estivesse afastado da bênção de Deus. No tempo de Jesus, impuro, além do leproso, era quem entrasse em contato com estrangeiros, com sangue ou mesmo tivesse tocado num corpo sem vida. A impureza só se resolvia no Templo, oferecendo-se um sacrifício. Quem ficasse bom da lepra devia comparecer no grande Santuário, e comprovada a sua cura, oferecer um cordeiro em reparação expiatória para ser declarado puro e retornar ao convívio familiar. Por isso, Jesus sempre manda os leprosos se apresentarem aos sacerdotes, para serem declarados puros. Mas, claro, não é o Templo quem os purifica, mas sim o próprio Jesus.

O leproso no fundo é um representante do pecador. O pecador, sim, é esse impuro que se distanciou de Deus e está fora da comunhão com o seu Deus e Criador. O pecador é o Adão que foi expulso do paraíso, ficou fora. Ele e Eva, sua mulher e companheira de desobediência. João Batista identificou Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, não é o cordeiro sacrificado no Templo que limpa o pecador, é Jesus quem nos liberta do pecado. Ele, sim, é o cordeiro de Deus que tira o pecado. E como ele fez isso? Tomando o nosso lugar, pagando por nós.


Guardando a mensagem

O leproso é um representante do pecador. São Paulo escreveu com todas as letras: "o salário do pecado é a morte". Essa é a sorte do pecador, sua pena: a morte. Na cruz, Jesus tomou o nosso lugar, morreu por nós, isto é, morreu em nosso lugar. Expiou o nosso pecado. Ele o fez oferecendo-se a si mesmo ao Pai, como humano que era e como Deus verdadeiro que sempre foi. O Pai recebeu essa oferenda expiatória: seu filho, humano e divino, ofereceu sua vida, morreu em nosso lugar. Foi expiada nossa culpa. Note como termina o evangelho de hoje. Jesus já não podia entrar na cidade, tinha que ficar fora, em lugares desertos. Ele assumiu o lugar do leproso. O leproso é quem devia ficar fora, excluído, marginalizado. Jesus tomou o nosso lugar de pecador, de leproso, ficou do lado de fora. Fisicamente, morreu fora da cidade, banido, executado como malfeitor, como pecador. Tomou o nosso lugar. Foi assim que expiou o nosso pecado.

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do leproso é surpreendente. Os leprosos, somos nós os pecadores. O pecador está excluído da comunhão com Deus e com os irmãos. Pôs-se do lado de fora. O pecado nos conduz à morte. Mas, tu, na tua compaixão, nos purificaste, assumindo o nosso lugar de pecadores. Morreste no nosso lugar. Na santa missa, repetimos teus gestos e palavras ao ofereceres tua vida por nós: "Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados". Tua morte - teu sangue derramado como um cordeiro oferecido em sacrifício - expiou nossa culpa, remiu nosso pecado. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Vou pedir pra você ler o texto da Meditação de hoje. Simples, a tarefa: ler o texto da Meditação. É só clicar no link que esto lhe enviando. Lendo, você capta muitos detalhes interessantes da explicação.

Como todas as quintas-feiras, celebro a Santa Missa por todos os ouvintes, associados e internautas, com transmissão pelo rádio e pelas redes sociais, às 11 horas. No formulário, ponha a sua intenção, por favor. Vou rezar por você. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



O EVANGELHO É UMA FORÇA DE MUDANÇA



11 de janeiro de 2022

EVANGELHO


Mc 1,21b-28

21bEstando com seus discípulos em Cafarnaum, Jesus, num dia de sábado, entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.
23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!”
26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “Que é isso? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda parte, em toda a região da Galileia.

MEDITAÇÃO


Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!” (Mc 1, 25)

Sabe o que foi? Jesus estava na sinagoga de Cafarnaum. Era um dia de sábado. O povo estava reunido para a oração e a escuta da palavra de Deus. E Jesus estava ensinando. As pessoas, ali, estavam admiradas com o seu ensinamento. Foi aí que um homem ali presente, possuído por um espírito impuro, começou a gritar e esbravejar contra Jesus. Jesus mandou o espírito calar a boca e sair daquele homem. Dito e feito. O homem foi sacudido com violência pelo espírito mau, que deu um urro assustador e saiu. As pessoas ficaram assustadas, não era pra menos. E admiradas com aquele ensinamento novo de Jesus, com a sua autoridade.

O ensinamento de Jesus é libertador das pessoas de todas as opressões. Seu ensinamento desmascara o mal que está escondido também dentro da comunidade, dominando a vida de algumas pessoas. Como na sinagoga de Cafarnaum, também em nossas comunidades, há sempre alguém que estranha e reage a este ensinamento, dizendo quase a mesma coisa do diabo da sinagoga: “Vieste para nos destruir?!”.

O que será que Jesus dizia e fazia que pudesse incomodar alguém? As pessoas viam uma grande diferença entre o ensinamento de Jesus e o ensinamento dos fariseus. A primeira coisa que marcava uma grande diferença era a atenção que Jesus dava aos sofredores e marginalizados. Estes estavam à margem de tudo, na vida social e na religião. E Jesus os incluía como pessoas importantes no seu anúncio do Reino de Deus. E uma segunda coisa que mexeu demais com as lideranças do seu povo foi a imagem que ele passava de Deus. Ele revelava Deus como pai amoroso, pronto para acolher o filho pecador de volta à sua casa. E essa não era exatamente a imagem de Deus que eles tinham. Eles o percebiam como juiz e retribuidor das boas ações e da prática da Lei.

Esse ensinamento de Jesus - feito de gestos de atenção e proximidade, de parábolas e diálogos sobre o Reino de Deus – despertou muita indignação e ódio nos fariseus, nos sacerdotes do Templo, nos partidários de Herodes. Essa gente estava possuída por preconceitos contra o povo, por interesses de classe, seduzida pelas benesses do poder, tomada de ciúme... e muita coisa ruim. Era como se estivessem possuídos por um espírito mau. Claro, o mal lança seus tentáculos nas estruturas sociais e nas pessoas. O que o diabo disse na sinagoga é o que diriam esses senhores: “Vieste para nos destruir?”.

E ali, na sinagoga e nas ruas, muita gente tomou consciência de que o ensinamento de Jesus era realmente novo, sobretudo quando viu que ele enfrentava essas manifestações do mal, as calava e conseguia libertar pessoas dessa dominação.



Guardando a mensagem

O evangelho é uma força de mudança, anuncia o Reino de Deus começando já aqui na terra. Jesus, com suas atitudes e palavras, instaura o reinado de Deus. Podemos entender esse reinado, como Deus acolhendo, na comunhão de sua casa, todos os seus filhos, a começar pelos que saíram de casa e retornam pela conversão. Jesus partia do que o povo de Deus já conhecia e manifestava mais claramente o amor de Deus que restaura, perdoa, liberta as pessoas. Esse evangelho, essa boa notícia, encontrou oposições também dentro da própria sinagoga, a comunidade de fé que ele frequentava. Essa oposição à novidade do evangelho que Jesus anuncia, ontem como hoje, só pode mesmo ter raízes no maligno. Mas, Jesus é vencedor sobre todo o mal. Com ele, nós também somos vencedores. No Pai Nosso, rezamos: “Livrai-nos do mal”.

Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!” (Mc 1, 25)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
A novidade do evangelho corre sempre o perigo de ser esquecida ou abafada pelas forças que não têm interesse na emancipação das pessoas e no senhorio de Deus. Essas forças atuam dentro e fora da comunidade. Não é à toa que a Igreja tenha tantos mártires. Eles experimentaram a oposição à fé cristã por parte de pessoas maldosas e violentas. Uniram-se, assim, ao teu sacrifício na cruz. Em sua fidelidade, são vitoriosas, contigo. Senhor, te pedimos, livra-nos do mal. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Ao rezar o Pai Nosso hoje, acentue bem essa prece: “Livrai-nos do mal”. Aproveite e diga em prece hoje, muitas vezes, essa palavra.

A Editora Paulinas publicou uma entrevista sobre o livro "Viver a Palavra" de que já lhe falei. Nele, estão os evangelhos comentados de todos os dias do ano. Ele está disponível nas Livrarias Paulinas de todo o país. Mas, você pode também nos solicitar diretamente pelo WhatsApp 81 9 9964-4899.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



A RESPOSTA À PREGAÇÃO DO REINO



10 de janeiro de 2022

EVANGELHO


Mc 1,14-20

14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
16E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus.
19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados, e partiram, seguindo Jesus.

MEDITAÇÃO


E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus (Mc 1, 18)

Houve um momento em que Jesus começou a sua pregação. Ele tinha uma notícia pra dar. Avisou a todo mundo: O Reino de Deus chegou. O fato que empurrou Jesus, por assim dizer, para encarar de vez a sua missão foi a prisão do profeta João Batista pelo violento tetrarca Herodes. A prisão do profeta criou uma grande crise no movimento do Batista, parecia o colapso daquela ebulição religiosa que preparava o povo para a chegada do Messias. Exatamente neste momento, quando o horizonte parecia se fechar, Jesus voltou para a Galileia e começou o seu ministério público.

Na sua pregação, ele começou dizendo quatro coisas: “O tempo já se completou, o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho”. Este é um resumo de tudo o que ele anunciaria com palavras e obras, em todo o seu ministério público. Finalmente, as promessas estavam se cumprindo: chegara a hora do reinado de Deus. Por sua presença de enviado e Messias, o novo tempo estava começando, o tempo da reconciliação, da graça, do perdão.

Essa comunicação de Jesus sobre a chegada o Reino não era apenas uma informação para se tomar conhecimento. Jesus, com essa maravilhosa notícia, estava convocando as pessoas para viverem esse novo momento. A boa notícia, isto é o evangelho, é uma grande convocação. Neste início da primeira parte do tempo comum, a Igreja nos recorda esse começo abençoado do ministério de Jesus, narrado no Evangelho de São Marcos. Ele anunciou a chegada do Reino e obteve uma adesão entusiasta de um grupo de pescadores: Simão e André, Tiago e João.

O bom exemplo dos quatro primeiros discípulos é uma proposta que o evangelho está nos apresentando para nossa imitação. É como se dissesse: “façam assim, respondam desse jeito à pregação de Jesus”. Na resposta deles, podemos destacar três passos.

O primeiro passo foi a conversão. O anúncio do Reino é um convite à mudança de vida, nos pede conversão. ‘Convertam-se e creiam no evangelho’, disse Jesus. Pela conversão, fazemos opção pelo Reino, reorientamos a direção de nossa vida. Converter-se é fazer uma opção radical por Jesus. Isso muda muita coisa na vida de uma pessoa.

O segundo passo dos primeiros discípulos foi o seguimento. A Simão e André, Jesus disse: “Sigam-me”. Eles imediatamente deixaram as redes e o seguiram. Jesus também chamou Tiago e João. Eles deixaram o pai na barca, com os empregados, e partiram, seguindo-o. Seguir Jesus é tornar-se seu discípulo, sua discípula, andando com ele e aprendendo com ele a viver e a realizar a obra de Deus.

O terceiro passo dos primeiros seguidores foi a missão. Jesus disse aos pescadores: ‘Sigam-me e eu farei de vocês pescadores de gente’. Como discípulos, aprendemos com Jesus, andamos com ele. Como missionários, participamos do seu ministério, agimos em seu nome, participamos do seu serviço de profeta, sacerdote e rei no mundo.


Guardando a mensagem

O evangelho de Marcos nos mostra Jesus começando sua pregação. Jesus fala do Tempo da espera que se cumpriu e do Reino que se aproximou. Em resposta, espera a nossa conversão e a nossa adesão ao evangelho. A narração da vocação dos quatro primeiros discípulos – Simão e André, Tiago e João – é uma apresentação de como deve ser nossa resposta à boa nova de Jesus. Nossa resposta deve ser a conversão, o seguimento e a participação na sua missão. Pela conversão, fazemos uma opção por Jesus e pelo Reino de Deus. Pelo seguimento, tornamo-nos discípulos do Senhor. Pela missão, participamos com ele no seu serviço de evangelização, santificação e senhorio no mundo.

E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus (Mc 1, 18)

Rezando a mensagem

Senhor Jesus,
diante de teu convite, os teus primeiros seguidores foram generosos e prontos na resposta. É assim que temos que responder ao teu chamado. Está escrito que André e Simão “imediatamente deixaram as redes e te seguiram”. Os outros deixaram inclusive o pai na barca, com os empregados com quem trabalhavam e partiram te seguindo. Eles foram generosos nas renúncias que fizeram para te seguir. Senhor, pelo teu Santo Espírito, fortalece em nós a resposta ao teu convite para sermos teus discípulos e missionários. Que ela seja igualmente generosa, pronta e fiel. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Conversão, seguimento e missão - é este o programa de adesão ao Reino de Deus pregado por Jesus. Seja o nosso programa também.

Estamos preparando as comemorações do aniversário do nosso programa Tempo de Paz, veiculado em rede, em mais de uma centena de emissoras de rádio. O primeiro objetivo é difundirmos a proposta do programa e seu alcance evangelizador. O segundo é rendermos graças a Deus pela parceira das rádios, da AMA e de todos os ouvintes. Pense aí em que você poderia participar também deste projeto.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



CRER NO EVANGELHO



21 de fevereiro de 2021

1º. Domingo da Quaresma

EVANGELHO


Mc 1,12-15

Naquele tempo, 12o Espírito levou Jesus para o deserto. 13E ele ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por Satanás. Vivia entre os animais selvagens, e os anjos o serviam. 14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

MEDITAÇÃO


Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Chegamos ao primeiro domingo da Quaresma. A Quaresma se inspira nos quarenta anos de peregrinação do povo hebreu pelo deserto em direção à terra prometida. Esta longa peregrinação foi como um grande retiro que ajudou o povo a encontrar a sua identidade de povo de Deus. Jesus também ficou quarenta dias no deserto, como que refazendo a peregrinação do seu povo. Passados esses dias, ele começou a anunciar que o Reino de Deus já estava chegando, como os que antigamente tinham anunciado ao povo a alegria de já se estar avistando a terra prometida.

O Reino de Deus é o novo tempo que está chegando. É a nossa terra prometida. No anúncio de Jesus, ele já nos diz como acolher o Reino que está às portas: “Convertam-se e creiam no evangelho!”. A fé e a conversão são a resposta à pregação do evangelho, ao anúncio do Reino de Deus que vem a nós. E o Reino vem a nós em Jesus e por meio dele. 

No final do evangelho de São Marcos, evangelho que estamos lendo neste ano litúrgico, Jesus entrega a missão aos seus discípulos: anunciar o evangelho a toda criatura. O evangelho é a boa notícia de que o Reino de Deus chegou em Cristo e por meio dele, como salvação para todos. Quem receber essa notícia maravilhosa (que é o conteúdo da evangelização), precisa dar uma resposta. E a melhor resposta é a fé. A fé, a adesão a Cristo. “Quem crer e for batizado, será salvo”. O batismo é o mergulho de quem crê no mistério da morte e ressurreição do Senhor, na sua páscoa.

Para meditar esse grande mistério de nossa aliança com Cristo, pelo batismo, nas águas de sua morte e ressurreição, nos é contada hoje a história de Noé. Do grande dilúvio, nasceu uma humanidade purificada, salva na arca, uma humanidade em aliança com Deus (Gn 9). Na primeira carta de Pedro, nos é dito que esta arca representa o nosso batismo (1 Pd 3). Na purificação das águas da morte redentora do Senhor, nasce um povo em aliança com Deus, nós. Está escrito: “À arca, corresponde o batismo, que hoje é a vossa salvação”. O tema do batismo também está presente no evangelho de hoje (Mc 1). Depois do batismo no Rio Jordão, Jesus foi levado pelo Espírito para o deserto. E lá, ele estava entre os animais selvagens, como Noé em sua barca. 

Neste domingo, podemos identificar mais um passo na subida dos 40 degraus, que podem representar a Quaresma: “Crer no evangelho” - Crer na boa notícia de que o Reino de Deus chegou em Cristo como salvação para nós. É como o aviso de que já se estava avistando a terra prometida, a terra da liberdade e da fartura. Crer é acolher com alegria essa boa notícia. E a boa notícia, no final das contas, é o próprio Jesus, sua presença e sua ação nos purificando com sua morte e nos pondo em aliança com Deus; e nos levando, pelo seu Santo Espírito, a traduzir o Reino neste mundo em fraternidade, solidariedade, justiça, paz, reconciliação. 

Guardando a mensagem

São quarenta dias, o tempo da quaresma. Podemos pensar em quarenta degraus, a serem subidos passo por passo. E já vamos no quinto-dia desta subida. No primeiro degrau, estava escrito: partir com humildade (foi a quarta-feira de cinzas). No segundo, seguir com Cristo. No terceiro, jejuar para crescer. Ontem, quarto passo, na história de Levi: vencer a acomodação. O passo de hoje pode ser este: crer no evangelho. O evangelho é a boa notícia de que o Reino de Deus chegou com Jesus. A fé e a conversão constituem a nossa resposta à pregação do evangelho. No batismo, celebramos a fé que acolhe esta boa notícia. Nele, somos purificados nas águas da morte e da ressurreição do Senhor. É a nossa páscoa com ele. A fé neste evangelho ilumina a nossa vida, nos ajudando a enfrentar e vencer os problemas e as tentações. A fé nos faz anunciadores e construtores de um mundo onde já brilhem os sinais do Reino de Deus: a liberdade, a unidade, o amor. 

Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Quando começamos a quaresma, ouvimos estas tuas palavras, ao recebermos as cinzas: “Convertam-se e creiam no evangelho”. E estamos entendendo que a boa notícia, o evangelho, é que “o tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo”. Crer neste evangelho é a resposta que esperas de nós, a acolhida de tua pessoa divina e humana entre nós. A tua obra redentora nos põe em aliança com Deus e nos reconcilia com todos os seus filhos e suas criaturas. Pela fé e pela conversão, acolhemos o Reino de Deus que nos chega como salvação. Pelo batismo, somos purificados nas águas de tua morte e renovados em tua ressurreição. Viver nessa verdade é viver em páscoa. Neste primeiro domingo da Quaresma, queremos renovar nosso ‘sim’ ao teu chamado, nossa adesão ao teu evangelho, nosso amor à tua Igreja. Nela, nós recebemos o santo batismo, pelo qual estamos em comunhão contigo e, por meio de ti e do Santo Espírito, unidos uns aos outros formando um só corpo. Dá-nos, Senhor, a graça de viver nesta fé e de anunciá-la com palavras e ações que, neste mundo, expressem fraternidade, construam a justiça e edifiquem a paz. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Ouça com atenção as leituras da liturgia de hoje. Estou lhe enviando um link que dá acesso a esta Meditação e também a uma outra reflexão que fiz sobre esse mesmo evangelho, em outra ocasião. A leitura desses dois comentários pode lhe ajudar a compreender melhor a mensagem deste primeiro domingo da Quaresma.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb




MEDITAÇÃO 2


NO FINAL DOS QUARENTAS DIAS, 

UMA MARAVILHOSA NOTÍCIA 


Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Primeiro domingo da Quaresma, 5º dia deste tempo penitencial que iniciamos na quarta-feira de cinzas. A cada dia, um novo passo no caminho da Páscoa. O foco de hoje está no tema da CONVERSÃO. A conversão é a chave para entrarmos no Reino de Deus.

‘O Reino de Deus está chegando!’ Esta é a boa notícia que Jesus anunciou. O evangelista Marcos fez um resumo do programa pastoral de Jesus. Em quatro curtas frases, ele resume toda a sua pregação. “O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”

O texto do evangelho de hoje é bem pequeno e ainda pode ser dividido em duas partes. A primeira parte em torno do DESERTO. A segunda parte em torno do REINO DE DEUS.

Vamos à primeira parte, que realça o tema DESERTO. Depois do batismo no Rio Jordão, o Espírito Santo levou Jesus para o deserto. E, no deserto, ele ficou quarenta dias e aí foi tentado por satanás. Essas poucas palavras evocam coisas muito importantes na história do povo de Deus. Depois de liberado do Egito, o povo peregrinou longamente pelo deserto, até entrar na posse da terra prometida. Foi uma dura peregrinação de quarenta anos. E houve muitos momentos de tentação, em que o povo caiu, revoltou-se contra Deus e contra Moisés. Jesus, membro do povo eleito, simbolicamente refaz a caminhada do seu povo. Ele está no deserto, por quarenta dias e, aí, diferentemente de Israel, ele vence as tentações.

Vamos à segunda parte, em torno do tema REINO DE DEUS. Vencidos os quarenta anos de peregrinação e purificação pelo deserto, o povo de Deus entrou na posse da terra prometida. A terra prometida não era só o território de Canaã, mas um conjunto de sonhos e promessas que, infelizmente, não se realizaram todos na posse da terra. Vencidos os quarenta dias de purificação, Jesus anuncia que estava na hora de entrar no Reino de Deus. O que foi a terra prometida para o povo antigo, agora podia ser experimentado de maneira mais completa e plena no Reino de Deus.

‘O tempo já se completou’, quer dizer ‘a espera terminou’. São João fala da plenitude dos tempos que tinha chegado. ‘O Reino de Deus está próximo’, isto é, aproximou-se, está perto da gente, está acessível. É a terra prometida que já se avistava. Essa é a boa notícia: Deus está reinando sobre o seu povo. Jesus, com suas atitudes e palavras, manifesta o Reino de Deus presente na história. Precisamos acreditar nessa boa notícia (crer no evangelho). E, diante dessa boa notícia, precisamos nos voltar para Deus (conversão). É assim que devemos receber a boa notícia do Reino (o evangelho): pela fé e pela conversão. 

Guardando a Mensagem

O movimento de João, no deserto, preparou o povo para acolher o tempo novo que estava chegando com o Messias. Com a sua prisão, Jesus começa publicamente sua missão. E anuncia o tempo novo que estava chegando. Em suas primeiras palavras, está o programa de todo o seu trabalho: ‘O tempo da espera terminou. O Reino de Deus está próximo de vocês. Creiam nessa boa notícia. E voltem-se para Deus, pela conversão do coração’. Conversão é a grande palavra da Quaresma. E conversão é crer nessa boa notícia, acertar o passo com Jesus e rever seus compromissos, sua vida à luz do reinado de Deus. A sua quaresma são os quarenta dias de Jesus: oração, jejum, resistência às tentações, acolhida do Reino. No fim dessa jornada, celebramos a Páscoa com Jesus.
Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Jesus ficou no deserto durante quarenta dias, e aí foi tentado por satanás (Mc 1, 13)

Vivendo a palavra

É dia de você pegar sua Bíblia e ler nela a passagem de hoje: Marcos 1, 12-15. Aproveite e sublinhe na sua Bíblia, nessa passagem, as palavras DESERTO e REINO DE DEUS. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

UM DOMINGO E DOIS LEPROSOS

 

14 de fevereiro de 2021
6º. Domingo do Tempo Comum


EVANGELHO


Mc 1,40-45

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Neste 6º Domingo do Tempo Comum, temos dois leprosos na liturgia da palavra. Naamã foi purificado pelo profeta Eliseu. Eliseu mandou um recado: "vá se lavar sete vezes no Rio Jordão". O leproso do evangelho foi purificado por Jesus. Nos gestos de Jesus, vemos sua compaixão e sua proximidade dos sofredores. 

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu para ser curado. Jesus, cheio de compaixão, tocou nele e o curou. Mas, lhe pediu para não dizer nada a ninguém. Que fosse logo ao Templo para comprovar que já estava bom e fazer a oferenda necessária, para ser reintegrado em sua comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido. Resultado: Jesus já não podia mais entrar publicamente numa cidade. Tinha que ficar fora, em lugares desertos.

No tempo da Bíblia, lepra era qualquer doença de pele que se apresentasse um tanto repulsiva. Nem tudo era propriamente a hanseníase como nós a conhecemos. Não havia cura para esse mal, diferentemente de hoje. E o leproso era afastado da convivência da família e da sociedade de uma maneira muito dramática. As leis, a um tempo civis e religiosas, estavam codificadas no Livro do Levítico, o terceiro livro da Bíblia. Por essas leis, o leproso tinha que ser excluído da comunidade, andar com as roupas rasgadas e cabelo desgrenhado, o rosto ou a barba cobertos e permanecer sempre fora das áreas de moradia. Leproso era um condenado. Devia ficar fora, excluído, afastado de todos. E ainda mais, ao se aproximar de qualquer um devia gritar que era impuro, pra ninguém chegar perto.

Impureza era um conceito a um tempo religioso e sanitário. Impuro era quem estivesse afastado da bênção de Deus. No tempo de Jesus, impuro, além do leproso, era quem entrasse em contato com estrangeiros, com sangue ou mesmo tivesse tocado num corpo sem vida. A impureza só se resolvia no Templo, oferecendo-se um sacrifício. Quem ficasse bom da lepra devia comparecer no grande Santuário, e comprovada a sua cura, oferecer um cordeiro em reparação expiatória para ser declarado puro e, só então, retornar ao convívio familiar. Por isso, Jesus sempre manda os leprosos se apresentarem aos sacerdotes, para serem declarados puros. Mas, claro, não é o Templo quem os purifica, mas sim o próprio Jesus.

O leproso no fundo é um representante do pecador. O pecador, sim, é esse impuro que se distanciou de Deus e está fora da comunhão com o seu Deus e Criador. O pecador é o Adão que foi expulso do paraíso, ficou fora. Ele e Eva, sua mulher e companheira de desobediência. João Batista identificou Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, não é o cordeiro sacrificado no Templo que limpa o pecador, é Jesus quem nos liberta do pecado. Ele, sim, é o cordeiro de Deus que tira o pecado. E como ele fez isso? Tomando o nosso lugar, pagando por nós.

Guardando a mensagem

O leproso é um representante do pecador. São Paulo escreveu com todas as letras: "o salário do pecado é a morte". Essa é a sorte do pecador, sua pena: a morte. Na cruz, Jesus tomou o nosso lugar, morreu por nós, isto é, morreu em nosso lugar. Expiou o nosso pecado. Ele o fez oferecendo-se a si mesmo ao Pai, como humano que era e como Deus verdadeiro que sempre foi. O Pai recebeu essa oferenda expiatória: seu filho, humano e divino, ofereceu sua vida, morreu em nosso lugar. Foi expiada nossa culpa. Note como termina o evangelho de hoje. Jesus já não podia entrar na cidade, tinha que ficar fora, em lugares desertos. Ele assumiu o lugar do leproso. O leproso é quem devia ficar fora, excluído, marginalizado. Jesus tomou o nosso lugar de pecador, de leproso, ficou do lado de fora. Fisicamente, morreu fora da cidade, banido, executado como malfeitor, como pecador. Tomou o nosso lugar. Foi assim que expiou o nosso pecado.

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do leproso é surpreendente. Os leprosos, somos nós os pecadores. O pecador está excluído da comunhão com Deus e com os irmãos. Pôs-se do lado de fora. O pecado nos conduz à morte. Mas, tu, na tua compaixão, nos purificaste, assumindo o nosso lugar de pecadores. Morreste no nosso lugar. Na santa missa, repetimos teus gestos e palavras ao ofereceres tua vida por nós: "Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados". Tua morte - teu sangue derramado como um cordeiro oferecido em sacrifício - expiou nossa culpa, remiu nosso pecado. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Seria bom você ler a história do leproso Naamã. Isso lhe dará mais compreensão da história do leproso do evangelho de hoje. Então, procure na sua Bíbia: 2 Reis 5, 9-14. 

Um domingo de saúde e de paz pra você e sua família! Sem carnaval e sem coronavírus.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A FEBRE E A MISERICÓRDIA



07 de Fevereiro de 2021

EVANGELHO


Mc 1,29-39

Naquele tempo, 29Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, para a casa de Simão e André. 30A sogra de Simão estava de cama, com febre, e eles logo contaram a Jesus. 31E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los.
32À tarde, depois do pôr do sol, levaram a Jesus todos os doentes e os possuídos pelo demônio. 33A cidade inteira se reuniu em frente da casa. 34Jesus curou muitas pessoas de diversas doenças e expulsou muitos demônios. E não deixava que os demônios falassem, pois sabiam quem ele era.
35De madrugada, quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto. 36Simão e seus companheiros foram à procura de Jesus. 37Quando o encontraram, disseram: “Todos estão te procurando”. 38Jesus respondeu: “Vamos a outros lugares, às aldeias da redondeza! Devo pregar também ali, pois foi para isso que eu vim”. 39E andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios.

MEDITAÇÃO


E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los (Mc 1, 31)

No atual contexto de doença em que estamos vivendo, os textos da liturgia deste quinto domingo do tempo comum têm um sabor muito especial. Chegando na casa de André e Simão, Jesus cura a sogra de Simão que estava acamada, com febre. Ao anoitecer, cura muitas pessoas de diversas doenças, pessoas que se aglomeraram na frente da casa onde ele estava. 

O que será que a Palavra de Deus está nos dizendo neste domingo, a nós marcados por um agravamento da pandemia da coronavírus, tendo ultrapassado a marca de 230.000 óbitos no país, em consequência desse mal?

Mas, o nosso contexto, graças a Deus, não é só de pandemia. É também de experiência da proteção divina, de solidariedade, de confiança em Deus. E neste sentido, na quinta-feira dia 11, vamos celebrar a memória de Nossa Senhora de Lourdes, com o 29º. Dia Mundial do Doente. E para esta data, o Papa Francisco escreveu uma bela mensagem insistindo que, nesta situação, não deixemos que ninguém se sinta sozinho, nem se sinta excluído e abandonado. E apresentou a figura do Senhor Jesus, o bom Samaritano, que, compadecido, se fez próximo de todo ser humano, ferido pelo pecado. 

A grande quantidade de enfermos nos evangelhos revela a condição em que Jesus encontra o seu povo. E você sabe muito bem, quanto mais sofrimento e opressão, mais as pessoas adoecem. O seu povo estava vivendo debaixo de muitas tensões, seja pela violência da dominação romana e seus soberanos aliados, seja pela carga pesada da Lei de Moisés interpretada pelos fariseus. O nosso sofrimento hoje e o adoecimento da população, por causa do vírus e para além dele, é também por medo, solidão, fome, desemprego, apreensão com o futuro e com as contas para pagar. 

Jesus encontrou a humanidade marcada pelo pecado. O pecado desfigura a imagem de Deus nas pessoas. Por isso, Jesus, no evangelho, está cercado de doentes de todo tipo, cegos, coxos, paralíticos, leprosos... Sua missão é restaurar, libertar, purificar. Veio para trazer vida abundante. Na cruz, ele expiou o nosso pecado. Na ressurreição, nos comunicou a vida de Deus.

No caso da doença da sogra de Simão, o evangelho nos diz como Jesus agiu e como devemos agir diante do doente. Ele se aproximou. Segurou sua mão. E ajudou-a a levantar-se. Neste “Ele se aproximou” já está a primeira atitude: proximidade. O Papa escreveu em sua mensagem: “A proximidade é um bálsamo precioso, que dá apoio e consolação a quem sofre na doença”. O bom samaritano viu e aproximou-se do homem caído na estrada, vítima de assaltantes. Proximidade é a superação da indiferença. Indiferença é não ligar para o sofrimento dos outros, não sentir a dor alheia.

Depois de ter se aproximado, ELE SEGUROU A SUA MÃO. Bastaria ter dado uma bênção ou uma ordem para a febre dela passar. Mas, ele segurou sua mão, numa demonstração de consideração e afeto. Mostrou-se misericordioso, solidário. Solidariedade é a segunda atitude. Solidariedade como expressão de afeto e respeito pelo ser humano adoecido. Solidariedade que vence a esmola pela partilha. Solidariedade que é vitória contra o egoísmo que estrutura vidas e a própria sociedade. 

Aproximou-se, segurou a sua mão e AJUDOU-A A LEVANTAR-SE. Não foi um passe de mágica que a ergueu curada. Nem uma palavra poderosa por ele proclamado. Foi o apoio de quem estava ao seu lado, oferecendo o braço, acompanhando o seu esforço. E ela, sentindo-se apoiada e estimulada, aos poucos levanta-se, vencendo a condição de acamada. É o papel do educador na emancipação das pessoas. Apoio é a terceira atitude. 

Guardando a mensagem

Todo o período de Jesus na Galileia, peregrinando pelo interior, pelas vilas e cidades, está marcado, no evangelho, pela presença de muitos doentes. O grande número de doentes no povo de Jesus indica um grave quadro de sofrimento e opressão pelo qual se estava passando. A doença é uma demonstração da fragilidade humana e é lida como desequilíbrio que entrou na criação com o pecado dos nossos primeiros pais. O pecado trouxe sofrimento e morte. Jesus é o vencedor do pecado, do mal e da morte. Como redentor da humanidade, é ele quem tira o pecado do mundo. Na cena da cura da sogra de Simão, aparecem três atitudes de Jesus que devemos imitar no cuidado com os enfermos: proximidade, solidariedade e apoio. Na cura dos doentes, já vemos a sua missão se realizando, como comunicação da vida e da misericórdia de Deus. 

E ele se aproximou, segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se. Então, a febre desapareceu; e ela começou a servi-los (Mc 1, 31)

Rezando a palavra

Rezemos, nos inspirando na mensagem do Papa para o Dia Mundial do Doente deste ano:

Senhor Jesus, 
o mandamento do amor que nos deixaste encontra uma realização concreta no relacionamento com os doentes. Obrigado, Senhor, pelos ensinamentos que nos deste hoje. Queremos imitar tuas atitudes de proximidade, solidariedade e apoio aos doentes e sofredores. Nessa proximidade da festa de N. Sra. de Lourdes, nós queremos confiar à tua e nossa Mãe Maria, Mãe de Misericórdia e Saúde dos Enfermos, todas as pessoas doentes, seus cuidadores e os profissionais da saúde. Que Ela, da Gruta de Lourdes e dos seus inumeráveis santuários espalhados por todo o mundo, sustente a nossa fé e a nossa esperança e nos ajude a cuidar uns dos outros com amor fraterno. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

Faça uma lista de pessoas doentes de sua família e conhecidos seus pelos quais você vai rezar nessa semana. A lista fica bem no seu diário espiritual ou dentro de sua Bíblia.

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb 

LIVRA-NOS DO MAL!


31 de janeiro de 2021

 4º. Domingo do Tempo Comum

EVANGELHO


Mc 1,21-28

21Na cidade de Cafarnaum, num dia de sábado, Jesus entrou na sinagoga e começou a ensinar. 22Todos ficavam admirados com o seu ensinamento, pois ensinava como quem tem autoridade, não como os mestres da Lei.

23Estava então na sinagoga um homem possuído por um espírito mau. Ele gritou: 24“Que queres de nós, Jesus Nazareno? Vieste para nos destruir? Eu sei quem tu és: tu és o Santo de Deus”. 25Jesus o intimou: “Cala-te e sai dele!” 26Então o espírito mau sacudiu o homem com violência, deu um grande grito e saiu. 27E todos ficaram muito espantados e perguntavam uns aos outros: “O que é isto? Um ensinamento novo dado com autoridade: Ele manda até nos espíritos maus, e eles obedecem!” 28E a fama de Jesus logo se espalhou por toda a parte, em toda a região da Galileia.


MEDITAÇÃO


Cala-te e sai dele! (Mc 1, 25)

Sabe o que foi? Jesus estava na sinagoga de Cafarnaum. Era um dia de sábado. O povo estava reunido para a oração e a escuta da palavra de Deus. E Jesus estava ensinando. As pessoas, ali, estavam admiradas com o seu ensinamento. Foi aí que um homem ali presente, possuído por um espírito impuro, começou a gritar e esbravejar contra Jesus. Jesus mandou o espírito calar a boca e sair daquele homem. Dito e feito. O homem foi sacudido com violência pelo espírito mau, que deu um urro assustador e saiu. As pessoas ficaram assustadas, não era pra menos. E admiradas com aquele ensinamento novo de Jesus, com a sua autoridade.  

O Papa Francisco é um bom exemplo da atualidade desse texto.  Ele, com os gestos que faz e com sua pregação, por onde anda, encanta meio mundo de gente. Mas, dentro da própria igreja se levantam alguns indignados com ele, revoltados com seu ensinamento, dizendo quase a mesma coisa do diabo da sinagoga de Cafarnaum: “Vieste par nos destruir?!”. O ensinamento novo de Jesus, que é libertador das pessoas de todas as opressões, esse ensinamento desmascara o mal que está escondido também dentro da comunidade cristã, dominando a vida de algumas pessoas.

O que será que Jesus dizia e fazia que pudesse incomodar alguém? As pessoas viam uma grande diferença entre o ensinamento de Jesus e o ensinamento dos fariseus. Penso que a primeira coisa que marcava uma grande diferença era a atenção que Jesus dava aos sofredores e marginalizados. Estes estavam à margem de tudo, na vida social e na religião. E Jesus os incluía como pessoas importantes no seu anúncio do Reino de Deus. E uma segunda coisa que mexeu demais com as lideranças do seu povo foi a imagem que ele passava de Deus. Ele revelava um Deus como um pai amoroso, pronto para acolher o filho pecador de volta à sua casa. Esse não era exatamente o Deus que eles estavam acostumados a perceber como juiz e retribuidor das boas ações e da prática da Lei.

Esse ensinamento de Jesus - feito de gestos de atenção e proximidade, de parábolas e diálogos sobre o Reino de Deus – despertou muita indignação e ódio nos fariseus, nos sacerdotes do Templo, nos partidários de Herodes. Essa gente estava possuída por preconceitos contra o povo, por interesses de classe, seduzida pelas benesses do poder, tomada de ciúme... e muita coisa ruim. Era como se estivessem possuídos por um espírito mau. Claro, o mal lança seus tentáculos nas estruturas sociais e nas pessoas. O que o diabo disse na sinagoga é o que diriam esses senhores: “Vieste para nos destruir?”.

E ali, na sinagoga e nas ruas, muita gente tomou consciência de que o ensinamento de Jesus era realmente novo, sobretudo quando viu que ele enfrentava essas manifestações do mal, as calava e conseguia libertar pessoas dessa dominação. É só olhar a lista de pessoas que foram resgatadas para o Reino: Mateus, Madalena, Zaqueu, Bartimeu, e, certamente, Nicodemos, José de Arimateia e tantos mais.

Guardando a mensagem

O evangelho é uma força de mudança, anuncia o Reino de Deus aqui na terra. Jesus, com suas atitudes e palavras, estava instaurando o reinado de Deus. Podemos entender esse reinado, como Deus acolhendo, na comunhão de sua casa, todos os seus filhos, a começar pelos que saíram de casa e estavam retornando pela conversão. Jesus partia do que o povo de Deus já conhecia e manifestava mais claramente o amor de Deus que restaura, perdoa, liberta as pessoas. Esse evangelho, essa boa notícia, encontrou oposições também dentro da própria sinagoga, a comunidade de fé que ele frequentava. Essa oposição à novidade do evangelho que Jesus anuncia, ontem e hoje, só pode mesmo ter raízes no maligno. Mas, Jesus é vencedor sobre todo o mal. Com ele, nós também somos vencedores. No Pai Nosso, rezamos: “Livrai-nos do mal”.

Cala-te e sai dele! (Mc 1, 25)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,

A novidade do evangelho corre sempre o perigo de ser esquecida ou abafada pelas forças que não tem interesse na emancipação das pessoas e no senhorio de Deus. Essas forças atuam dentro e fora da comunidade. Não é à toa que a Igreja tenha tantos mártires. Eles experimentaram a oposição à fé cristã por parte de pessoas maldosas e violentas. Uniram-se, assim, ao teu sacrifício na cruz. Em sua fidelidade, são vitoriosas, contigo. Senhor, livra-nos do mal. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Ao rezar o Pai Nosso hoje, acentue bem essa prece: “Livrai-nos do mal”. Aproveite e repita essa prece hoje, muitas vezes.

Mesmo com a pandemia, continua valendo o preceito dominical: participar da Santa Missa no dia de hoje. Na impossibilidade de fazê-lo presencialmente, participe devotamente de uma celebração no rádio, na TV ou nas redes sociais. Desejando, una-se a nós na Rádio Tempo de Paz, na Missa das 17 horas. É só baixar o aplicativo no seu celular. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

O EVANGELHO DE DEUS




24 de janeiro de 2021

EVANGELHO


Mc 1,14-20

14Depois que João Batista foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus e dizendo: 15“O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede no Evangelho!”
16E, passando à beira do mar da Galileia, Jesus viu Simão e André, seu irmão, que lançavam a rede ao mar, pois eram pescadores. 17Jesus lhes disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”. 18E eles, deixando imediatamente as redes, seguiram a Jesus. 19Caminhando mais um pouco, viu também Tiago e João, filhos de Zebedeu. Estavam na barca, consertando as redes; 20e logo os chamou. Eles deixaram seu pai Zebedeu na barca com os empregados e partiram, seguindo Jesus.


MEDITAÇÃO


“Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus (Mc 1, 14)

Este é o terceiro domingo comum. Hoje, celebramos o Domingo da Palavra de Deus. É verdade, todo domingo é da Palavra de Deus. Mas, hoje, de maneira especial, somos chamados a acolher e celebrar o encontro com o Senhor nas Escrituras Sagradas. É com esse olhar que vamos ouvir e meditar as leituras bíblicas de hoje. 

O evangelho nos fala do início da atividade missionária de Jesus. Ele, após a prisão de João, começou a pregar o Evangelho de Deus. E o “Evangelho de Deus”, a boa notícia da qual ele se fez portador, está descrito em duas palavras: O Tempo se cumpriu – O Reino chegou. E a acolhida dessa boa notícia, desse evangelho, está também descrita em duas palavras: Convertam-se – Creiam no Evangelho. Com Jesus, chega o Reino de Deus, cumprem-se as promessas. A esse evangelho, essa notícia maravilhosa, respondemos com a fé e a conversão. 

O evangelho de Deus, como o evangelista falou, é a sua própria comunicação. Deus, de muitos modos e muitas vezes, falou aos pais pelos profetas. Agora, nos fala por meio do seu filho. É assim que começa a carta aos Hebreus. O que Deus quer nos dizer, ele o está dizendo pela boca de Jesus. Na verdade, pela boca e pelas mãos dele, por suas palavras e suas obras. E, como pensou São João, a boa notícia, afinal, é ele mesmo. Jesus é a comunicação completa e amorosa de Deus. Ele é o próprio evangelho. 

Na história do povo antigo, contava-se sobre o profeta Jonas. Ele foi levar uma mensagem de Deus ao povo de Nínive. E, como a cidade era muito grande, precisou de três dias para atravessá-la. A pregação é um convite à conversão e à vida nova. E a mensagem comoveu a cidade pagã. Os ninivitas acreditaram em Deus e fizeram muitas obras de conversão. E Deus suspendeu a ameaça de destruição que fora comunicada pelo profeta. 

A mensagem de Deus que Jesus estava entregando não era de destruição, mas de restauração, de salvação. Ele peregrinou na terra dos judeus por três anos, comunicando-lhes este evangelho. É verdade que não encontrou aquela conversão generosa da história de Jonas. Mas, nos quatro primeiros discípulos, vemos o tipo de resposta positiva que se espera da pregação do evangelho.

Nos quatro primeiros convocados pela palavra, vemos a resposta positiva de todos os seguidores de Jesus. Quatro é um número de totalidade, como os pontos cardeais. Estamos todos representados nos quatro primeiros seguidores: Simão e André, Tiago e João. A pregação é um convite à conversão e à vida nova. Respondendo ao convite de Jesus, eles deixaram de ser pescadores do mar para ser pescadores de gente, com Jesus. Eles logo deixaram as redes, o pai, os empregados. Isto quer dizer: deram novo significado à sua vida, à sua relação com a família, à sua relação com o trabalho. 

Guardando a mensagem

Neste Domingo da Palavra de Deus, vemos Jesus anunciando o evangelho, a boa notícia que o Reino de Deus chegou. Tudo o que coração humano sempre sonhou, tudo que os profetas anunciaram, agora estava se realizando: a proximidade amorosa do Pai que reconcilia seus filhos e filhas e os restaura e liberta. A boa notícia é Jesus entre nós, suscitando um novo momento na história: a presença do Reino de Deus. Ele não é só portador desta notícia, ele mesmo é a boa notícia. A resposta ao anúncio dessa boa notícia, desse evangelho de Deus, é a fé e a conversão. Crer e mudar de vida é dar um novo rumo à própria vida, seguindo Jesus. No seguimento do Mestre, damos um novo significado à nossa vida, à nossa relação com a família, o trabalho e o mundo. E nos tornamos, com ele e como ele, anunciadores deste evangelho de Deus. 

Depois que João foi preso, Jesus foi para a Galileia, pregando o Evangelho de Deus (Mc 1, 14)

Rezando a palavra

Senhor Jesus, 
Estamos todos reunidos ao redor da Mesa de tua Palavra, ouvindo teu evangelho, acolhendo o teu convite para dar novo sentido à nossa vida, como teus seguidores. O casamento, as alegrias, as preocupações, os negócios, tudo precisa ser iluminado e transfigurado pelo evangelho da proximidade amorosa de Deus, como nos explicou São Paulo na primeira carta aos Coríntios. Com este Domingo do Palavra de Deus, queremos aumentar em nosso coração o amor ao livro santo e reafirmar nosso compromisso diário com o conhecimento e a vivência de tua palavra. Ajuda-nos, Senhor, com o teu Santo Espírito, a ouvir sempre com muita atenção tua palavra proclamada na Santa Missa e venerar tua presença nas Escrituras, com o mesmo amor com que honramos tua presença eucarística na comunhão, como nos ensinou o Concílio Vaticano II. Abençoa, Senhor, todos os que, em tua Igreja, estão encarregados da proclamação, do ensino e da pregação de tua palavra. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém. 

Vivendo a palavra

A primeira coisa: ouvir e ler com atenção a Meditação de hoje. Ler ajuda a compreender melhor o que está sendo dito. Para ler a Meditação, basta tocar no link que lhe enviei. Vou deixar também um texto com outras explicações sobre o evangelho de hoje. Podem lhe ser úteis. A segunda coisa: compartilhar a Meditação. Quem compartilha, evangeliza. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb



CHEGOU O REINO DE DEUS 


O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Houve um momento em que Jesus começou a sua pregação. Ele tinha uma notícia pra dar. E quando chegou a hora, ele soltou o verbo. Avisou a todo mundo: O REINO DE DEUS CHEGOU. O marco divisor, o fato que empurrou Jesus, por assim dizer, para encarar de vez a sua missão foi a prisão do profeta João, pelo violento tetrarca Herodes. Esse poderia ser o fim do movimento do Batista, o colapso daquela ebulição religiosa que preparava o povo para a chegada do Messias. Quando o horizonte parecia se fechar, Jesus voltou para a Galileia e começou o seu ministério público.

Na sua pregação, Jesus começou dizendo quatro coisas: “O tempo já se completou, o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no evangelho”. Este é um resumo de tudo o que ele anunciaria com palavras e obras, nos três anos seguintes. Finalmente, as promessas estavam se cumprindo: chegara a hora do reinado de Deus. Por sua presença de enviado e Messias, o novo tempo estava começando. Chegara o tempo da reconciliação, do perdão, da graça.

Diante dessa boa notícia, a liturgia da Palavra deste terceiro domingo do tempo comum, nos recomenda três atitudes: CONVERSÃO, DESINSTALAÇÃO e NOVA DIREÇÃO.

CONVERSÃO. O anúncio do Reino é um convite à mudança de vida. Pede-nos conversão. O livro do profeta Jonas dá o tom. Jonas percorre a cidade de Nínive por três dias, comunicando uma notícia não muito promissora. Deus iria destruir a cidade. A resposta do povo de Nínive foi generosa e radical: jejum, penitência, obras de conversão. Vendo que se afastavam do mau caminho, Deus desistiu da punição. Jesus percorreu o país por três anos, sem ameaças, comunicando a todos o novo tempo de Deus que precisava ser acolhido pela CONVERSÃO.

DESINSTALAÇÃO. O anúncio do Reino é um convite para o seguimento de Jesus. Pede-nos desinstalação. O evangelho de Marcos narra, simbolicamente, os quatro primeiros chamados e as suas respostas. Quatro é um número de totalidade, é a resposta que se espera de todos. Simão e André deixaram imediatamente as redes e seguiram a Jesus. Tiago e João deixaram o pai, na barca com os empregados e partiram, seguindo Jesus. O convite de Jesus para o seu seguimento pede pressa (O tempo se completou). Há uma urgência. Não se pode deixar pra depois. Acolher o convite de Jesus exige desapego, DESINSTALAÇÃO. 

NOVA DIREÇÃO. O anúncio do Reino nos comunica um sentido novo para a nossa vida. Dá-nos uma nova direção naquilo que somos e fazemos. Paulo escreveu aos coríntios, lembrando-lhes que o tempo é breve. O casamento, o trabalho, o lazer, as tarefas do dia-a-dia devem agora estar iluminados pelo Reino de Deus. É nele que encontram sentido e plenitude. Vivemos para Deus. Acolher o evangelho é dar um novo sentido aos nossos compromissos, à nossa vida nesse mundo. É viver agora numa nova direção.

Guardando a mensagem

Jesus, ao começar a pregação do evangelho, comunicou ao povo: “O templo se completou, o Reino de Deus se aproxima. Convertam-se e creiam no evangelho”. Esse é um resumo de todo o evangelho. O anúncio é o do novo tempo que começou com sua presença de enviado e Messias: tempo de manifestação do amor de Deus na reconciliação, no perdão, na vida da graça. O reino de Deus estava próximo das pessoas. Esse anúncio nos pede conversão e fé no evangelho. Como você vai responder a esse anúncio de Jesus, isto é ao seu evangelho? Sua resposta pode ser pensada em três momentos: conversão (mudança de vida), desinstalação (renúncia, disponibilidade), nova direção (dar aos compromissos do dia-a-dia uma nova direção, um novo sentido).

O tempo já se completou e o Reino de Deus está próximo. Convertam-se e creiam no Evangelho! (Mc 1, 15)

Rezando a palavra

Rezemos com as palavras do salmo 24, o salmo de hoje

— Mostrai-me, ó Senhor, vossos caminhos, e fazei-me conhecer a vossa estrada! Vossa verdade me oriente e me conduza, porque sois o Deus da minha salvação.

— Recordai, Senhor meu Deus, vossa ternura e a vossa compaixão que são eternas! De mim lembrai-vos, porque sois misericórdia e sois bondade sem limites, ó Senhor!

- Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Leia o evangelho de hoje, na sua Bíblia (Mc 1, 14-20).

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

A SURPREENDENTE HISTÓRIA DO LEPROSO



EVANGELHO


Mc 1,40-45

Naquele tempo, 40um leproso chegou perto de Jesus, e de joelhos pediu: “Se queres, tens o poder de curar-me”. 41Jesus, cheio de compaixão, estendeu a mão, tocou nele, e disse: “Eu quero: fica curado!” 42No mesmo instante, a lepra desapareceu, e ele ficou curado.
43Então Jesus o mandou logo embora, 44falando com firmeza: “Não contes nada disso a ninguém! Vai, mostra-te ao sacerdote e oferece, pela tua purificação, o que Moisés ordenou, como prova para eles!” 45Ele foi e começou a contar e a divulgar muito o fato. Por isso Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade: ficava fora, em lugares desertos. E de toda parte vinham procurá-lo.

MEDITAÇÃO


Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Um leproso chegou perto de Jesus e pediu para ser curado. Jesus, cheio de compaixão, tocou nele e o curou. Mas, lhe pediu para não dizer nada a ninguém. Que fosse logo ao Templo para comprovar que já estava bom e fazer a oferenda necessária, para ser reintegrado em sua comunidade. Mas, ele saiu divulgando o acontecido. Resultado: Jesus já não podia mais entrar publicamente numa cidade. Tinha que ficar fora, em lugares desertos.

No tempo da Bíblia, lepra era qualquer doença de pele que se apresentasse um tanto repulsiva. Nem tudo era propriamente a hanseníase como nós a conhecemos. Não havia cura para esse mal, diferentemente de hoje. E o leproso era afastado da convivência da família e da sociedade de uma maneira muito dramática. As leis, a um tempo civis e religiosas, estavam codificadas no Livro do Levítico, o terceiro livro da Bíblia. Por essas leis, o leproso tinha que ser excluído da comunidade, andar com as roupas rasgadas e cabelo desgrenhado, o rosto ou a barba cobertos e permanecer sempre fora das áreas de moradia. Leproso era um condenado. Devia ficar fora, excluído, afastado de todos. E ainda mais, ao se aproximar de qualquer um devia gritar que era impuro, pra ninguém chegar perto.

Impureza era um conceito a um tempo religioso e sanitário. Impuro era quem estivesse afastado da bênção de Deus. No tempo de Jesus, impuro, além do leproso, era quem entrasse em contato com estrangeiros, com sangue ou mesmo tivesse tocado num corpo sem vida. A impureza só se resolvia no Templo, oferecendo-se um sacrifício. Quem ficasse bom da lepra devia comparecer no grande Santuário, e comprovada a sua cura, oferecer um cordeiro em reparação expiatória para ser declarado puro e, só então, retornar ao convívio familiar. Por isso, Jesus sempre manda os leprosos se apresentarem aos sacerdotes, para serem declarados puros. Mas, claro, não é o Templo quem os purifica, mas sim o próprio Jesus.

O leproso no fundo é um representante do pecador. O pecador, sim, é esse impuro que se distanciou de Deus e está fora da comunhão com o seu Deus e Criador. O pecador é o Adão que foi expulso do paraíso, ficou fora. Ele e Eva, sua mulher e companheira de desobediência. João Batista identificou Jesus como o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo. Na verdade, não é o cordeiro sacrificado no Templo que limpa o pecador, é Jesus quem nos liberta do pecado. Ele, sim, é o cordeiro de Deus que tira o pecado. E como ele fez isso? Tomando o nosso lugar, pagando por nós.

Guardando a mensagem

O leproso é um representante do pecador. São Paulo escreveu com todas as letras: "o salário do pecado é a morte". Essa é a sorte do pecador, sua pena: a morte. Na cruz, Jesus tomou o nosso lugar, morreu por nós, isto é, morreu em nosso lugar. Expiou o nosso pecado. Ele o fez oferecendo-se a si mesmo ao Pai, como humano que era e como Deus verdadeiro que sempre foi. O Pai recebeu essa oferenda expiatória: seu filho, humano e divino, ofereceu sua vida, morreu em nosso lugar. Foi expiada nossa culpa. Note como termina o evangelho de hoje. Jesus já não podia entrar na cidade, tinha que ficar fora, em lugares desertos. Ele assumiu o lugar do leproso. O leproso é quem devia ficar fora, excluído, marginalizado. Jesus tomou o nosso lugar de pecador, de leproso, ficou do lado de fora. Fisicamente, morreu fora da cidade, banido, executado como malfeitor, como pecador. Tomou o nosso lugar. Foi assim que expiou o nosso pecado.

Jesus não podia mais entrar publicamente numa cidade, ficava fora, em lugares desertos (Mc 1, 45)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história do leproso é surpreendente. Os leprosos, somos nós os pecadores. O pecador está excluído da comunhão com Deus e com os irmãos. Pôs-se do lado de fora. O pecado nos conduz à morte. Mas, tu, na tua compaixão, nos purificaste, assumindo o nosso lugar de pecadores. Morreste no nosso lugar. Na santa missa, repetimos teus gestos e palavras ao ofereceres tua vida por nós: "Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova e eterna aliança que será derramado por vós e por todos para remissão dos pecados". Tua morte - teu sangue derramado como um cordeiro oferecido em sacrifício - expiou nossa culpa, remiu nosso pecado. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Vou pedir pra você ler o texto de hoje na sua Bíblia (Marcos 1, 40-45). Mas, leia substituindo a palavra “leproso” pela palavra “eu”. O leproso é você. Sou eu.

Participe da Santa Missa de Ação de Graças pelo aniversário do nosso programa Tempo de Paz. Transmissão pelo rádio e pelas redes sociais, às 9 horas da manhã de hoje.  

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

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