PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA: ELIAS
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SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES?

MEDITAÇÃO PARA A SEGUNDA-FEIRA 05 DE MARÇO DE 2018.
Em verdade eu lhes digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria (Lc 4, 24)
Jesus disse isso - "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria" - na Sinagoga de Nazaré, diante da má acolhida dos seus conterrâneos. E ele comprovou isso lembrando dois outros profetas: Elias e Eliseu. Num tempo de fome, mesmo com tantas viúvas em Israel, Elias foi acolhido e multiplicou o pão de uma viúva estrangeira, que era de Sarepta. No tempo de Eliseu, mesmo com tantos leprosos em Israel, quem lhe procurou e foi curado foi um pagão, o sírio Naamã.
Isso que Jesus falou "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria" foi uma afirmação, uma reclamação ou uma lamentação? Seus conterrâneos de Nazaré não quiseram lhe dar crédito. Ele estava explicando que as palavras do livro santo estavam se cumprindo naquela ocasião, em sua missão. Começaram a murmurar, achando que Jesus estava indo longe demais. Todos o conheciam, era o filho do carpinteiro. Seus parentes eram todos conhecidos naquela vila de Nazaré. De onde lhe viria tanta sabedoria? E outros comentavam descrentes: "ele anda fazendo milagre por todo canto, vamos ver se ele faz um milagre aqui". E chegaram a expulsá-lo da sinagoga e da Vila.  A acolhida fria, desconfiada e violenta dos seus conterrâneos dava razão ao ditado "nenhum profeta é bem recebido em sua pátria ". Foi uma lamentação o que Jesus disse, não foi uma afirmação. Não é que tem que ser assim. Infelizmente, é assim que acontece.
"Santo de casa não faz milagres" é o ditado que ainda corre o mundo. Mas isto não quer dizer que seja uma coisa correta. Por que é que nós não damos valor à prata da casa? Por que vemos com desconfiança alguém que nós conhecemos que ascendeu na vida, que se tornou um profissional renomado ou assumiu uma posição de liderança na sociedade? Na verdade, quando desqualificamos alguém do nosso grupo, estamos desqualificando a nós mesmos. Não acredito no outro porque não acredito em mim.   Aquele discípulo de Jesus, Natanael, quando ouviu falar de Jesus fez um comentário preconceituoso que representava boa parte da opinião corrente: "Por acaso de Nazaré pode sair alguma coisa boa?". Olha o preconceito! Será que os conterrâneos de Jesus tinham introjetado esse preconceito contra eles mesmos? Ou será que trancaram o coração e a razão por pura inveja? Ou quem sabe agiram como nós continuamos agindo porque não nos valorizamos, não damos valor ao que é da terra, considerando que o melhor é sempre o de fora, o do outro grupo, o da outra rua.  Com certeza, foi  tudo isso junto e muito mais.
"A galinha do vizinho é sempre a mais gorda" é outro ditado que merece uma reflexão. Quando nos desvalorizamos, desqualificando as pessoas que emergem socialmente no nosso meio ou que pleiteiam assumir uma posição de destaque entre nós na verdade, fazemos isso supervalorizando os de fora, os de outro status social. Não acreditando em nós mesmo, em nossa classe, em nossa capela, em nossa família, supervalorizamos os de fora. "Ah, aqui é uma bagunça, uma corrupção generalizada. Bom é nos Estados Unidos". "Nossos artistas são regionais. Celebridades são os do Rio de Janeiro". O de fora é que é o tal. Isso em bom português se chama alienação: deixar de reconhecer o seu valor para curvar-se ao valor de outro supostamente mais forte, mais rico, mais badalado. A galinha do vizinho nem sempre é a mais gorda. Aliás, quase sempre não o é.
Vamos guardar a mensagem
Jesus, pregando na Sinagoga de Nazaré, sentiu fortemente o descrédito dos seus conterrâneos, dos seus amigos de infância, dos seus parentes. Refletiu que isso repetia a história deles mesmos: a desvalorização das pessoas de sua convivência, movidos, quem sabe, pelo preconceito, pela inveja ou pela alienação de seu próprio valor. Nessa lógica humana, mesquinha, alienada, Jesus para ser o salvador enviado por Deus devia ter chegado de fora, com toda pompa e poder, quem sabe arrodeado por um exército luminoso de anjos, sei lá... Que viesse de fora, de outro país, ou pelo menos de Jerusalém, da capital ou fosse membro das elites de Israel. Mas essa não foi a lógica de Deus e não foi assim que Jesus realizou sua missão. São João foi claro: "O verbo se fez carne". Ele abaixou-se, assumiu a nossa fraqueza. Encarnou-se na periferia do mundo, identificou-se com os humildes e nos resgatou desde lá de baixo. Essa é a lógica de Deus. É nessa lógica que podemos reconhecer Jesus e crescer em direção à plenitude. Acreditar em nós mesmos. Valorizar as possibilidades de nossa própria condição. Apostar que santo de casa é que faz milagre.
Em verdade eu lhes digo que nenhum profeta é bem recebido em sua pátria (Lc 4, 24)
Vamos acolher a mensagem
Senhor Jesus,
Na sinagoga de Nazaré, vê-se claramente como o preconceito produz exclusão e violência. Os teus conterrâneos de Nazaré te expulsaram da cidade. E alguns mais exaltados queriam te empurrar no precipício. Verdade, o preconceito produz violência. Ao desclassificar uma pessoa (por razão de cor, de religião, de opção sexual, de opção política,...), deixamos de reconhecer a sua dignidade e ela torna-se alvo fácil do ódio, da discriminação, da violência física. Fortalece, Senhor, com a força do teu Santo Espírito, o nosso caminho de conversão para agirmos sempre com verdadeiro acolhimento das pessoas, com grande respeito à sua dignidade e à sua liberdade. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vamos viver a Palavra
No seu diário espiritual (ou no seu caderno de anotações), faça uma lista de pessoas de sua convivência que você reconhece com gente de grande valor.  

Pe. João Carlos Ribeiro – 04.03.2018

VOCÊ JÁ SUBIU A MONTANHA, HOJE?

MEDITAÇÃO PARA O 2º DOMINGO DA QUARESMA, 
DIA 25 DE FEVEREIRO DE 2018.

Este é o meu filho amado. Escutem o que ele diz! (Mc 9, 7)

Pedro, diante da maravilha da transfiguração de Jesus na montanha, teve uma ideia. Acampar ali mesmo. Fazer três tendas. Uma para Jesus, outra para Moisés e outra para Elias. Será que a ideia de Pedro foi boa?

Jesus foi para a montanha, com três dos seus discípulos. Lá, transfigurou-se diante deles. Apareceu com roupas brancas brilhantes, luminoso. Moisés e Elias, personagens do Antigo Testamento conversavam com ele. Que coisa linda! Que visão deslumbrante! Foi aí que Pedro teve a ideia de acamparem por ali. E logo uma nuvem desceu e os encobriu. E da nuvem, veio uma voz: “Este é o meu filho amado. Escutem o que ele diz”. Tudo desapareceu. E eles só viram Jesus com eles.

Montanha tem um significado muito especial. Para o povo semita, montanha é o lugar do encontro com Deus. Basta lembrar o Monte Sinai, onde Moisés recebeu a Lei, das mãos do próprio Deus. Ou o Monte Carmelo, onde Deus acolheu o sacrifício oferecido por Elias, desmascarando a idolatria no meio do seu povo. Jesus muitas vezes passa a noite em oração... na montanha. O monte é o lugar do encontro com Deus. Então, a experiência dos três discípulos na montanha, com Jesus, é uma experiência de oração.

Precisamos sempre subir a montanha. Lá, em oração, fazemos experiência do encontro com Deus. Na oração, Deus nos revela o seu filho único. “Este é o meu filho amado”. O Pai, que nos revela o filho, nos convida a escutá-lo. A principal oração dos membros do povo de Deus era o Shemá. Shemá Israel. “Ouve, Israel, o Senhor nosso Deus é o único Senhor”. Recitava-se essa passagem do livro do Deuteronômio muitas vezes ao dia. O discípulo precisa ouvir, escutar, acolher o filho único. Na experiência da montanha, ou seja da oração, encontramos Jesus vivo, ressuscitado, glorioso, triunfante sobre o pecado, o mal e a morte. Essa profunda experiência espiritual está descrita nas roupas brancas brilhantes de Jesus. É uma antevisão de sua ressurreição. Mas, também na oração entramos em contato com o Pai. Somos envolvidos por sua presença divina. É o que está representado na nuvem. Ao revelar o filho, reconheçamos quem é o Pai: ‘aquele que não poupou o seu filho único, mas o entregou por todos nós’, no dizer da Carta aos Romanos.

Uma tentação é, diante da maravilhosa experiência do encontro com Deus na montanha, querer ficar por ali mesmo, acampar. Mas, Jesus desce com eles a montanha. A experiência da oração é um momento de reabastecimento das baterias, de animação, de respiro da alma. É luz para iluminar a escuridão da vida. É esperança e força para se enfrentar os dramas de cada dia. É preciso descer a montanha. Voltar à normalidade da vida, reforçados em esperança e confiança em Deus.

Desde o começo, Jesus tinha indicado as condições para segui-lo: ‘Quem quiser me seguir, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz cada dia e me siga”. A tentação é sempre querer a vitória sem luta; a contemplação sem compromisso; a oração sem ação. É preciso descer a montanha, com Jesus, para enfrentar os problemas, os dramas de cada dia. Descer, com a certeza de que Deus caminha conosco, que está ao nosso lado. Ele me ajuda, abençoa, protege. Mas, eu sou sujeito de minha história. Assistido pela graça de Deus, tenho que dar conta da minha vida, temos que dar conta da nossa história. É preciso descer a montanha, com Jesus.

Vamos guardar a mensagem

A montanha é uma representação da experiência da oração. Na oração, o Pai nos revela o seu filho único. E nos indica que o escutemos. Escutar Jesus é acolher sua pessoa e seus ensinamentos. Na experiência de encontro com o Senhor, conhecemos também o Pai que não poupou o seu filho único, mas o entregou em nosso favor. Num segundo momento, se desce da montanha para a planície da vida ordinária, para os empenhos de todo dia e para os compromissos que nos cabem no mundo. A tentação é fixar-se nos louvores, nos aleluias e esquivar-se de enfrentar os dramas de cada dia, com as luzes e as forças que o Senhor nos oferece na oração.

Este é o meu filho amado. Escutem o que ele diz! (Mc 9, 7)

Vamos acolher a mensagem

Senhor Jesus,

Nesta quaresma, continua subindo a montanha conosco. Precisamos muito da oração, do encontro profundo com Deus. No meio das dificuldades e dos problemas dessa vida, a oração nos põe em contato profundo contigo, com o Pai. Nisso, somos conduzidos pelo Santo Espírito.
Nesta quaresma, continua descendo a montanha conosco. Precisamos muito que a nossa ação, os compromissos do dia-a-dia sejam iluminados pela luz de tua presença de ressuscitado. Ajuda-nos, Senhor a vencer a tentação de uma religião desligada da vida, de pretender vitória sem luta, glória sem cruz.
Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. 
Amém.

Vamos viver a palavra

Afinal, a ideia de Pedro de fazer três tendas no alto da montanha, foi uma boa ideia ou não foi? Hoje, fale com alguém sobre isso.  


Pe. João Carlos Ribeiro  25.02.2018

JÁ HOUVE ALGUM ELIAS NA SUA VIDA?


MEDITAÇÃO
PARA O SÁBADO,
16 DE DEZEMBRO
Elias já veio, mas eles não o reconheceram (Mt 17, 12).
Por muito tempo, o povo de Israel cultivou o sentimento da vinda do Messias. Havia uma expectativa muito forte, no tempo de Jesus, de que o Messias chegaria a qualquer momento. É verdade que nem todos coincidiam, em suas esperanças, sobre quem seria e o que ele faria. O Messias era uma promessa de Deus e a sua vinda seria a solução para a sofrida vida daquela gente. Assim, muitos esperavam que fosse um grande líder político e militar. Com certeza, enfrentaria os romanos e acabaria com aquela dominação opressora. Outros apostavam que seria um homem de Deus ‘ultra-santo’, sem nenhuma aproximação com os pecadores e as maldades desse mundo.
Jesus era o Messias que o Pai enviara. Messias é uma palavra que quer dizer “ungido”. Ungir é uma cerimônia em que a pessoa é consagrada com óleo para uma missão. O Messias é aquele que Deus ungiu para a grande missão de restaurar Israel.
Em certo sentido, o estilo de Messias que Jesus exerceu não preencheu as expectativas do povo do seu tempo. Não era um sacerdote do templo, como podiam esperar os saduceus. Era um leigo, carpinteiro de profissão, vindo do interior. Não era um líder político-militar, como os zelotes esperavam. Era um profeta que pregava a mansidão, o perdão e a solidariedade com os pequenos. Não era um ilustrado professor da Lei, levando o povo a praticá-la com rigor, como esperavam os fariseus. Ensinava o povo com parábolas e pregava a lei do amor. Dessa forma, os grandes grupos religiosos de Israel não reconheceram Jesus como Messias.
Os Mestres ensinavam que antes que o Messias viesse, viria Elias. Elias foi um dos maiores profetas do povo de Deus e era sempre lembrado como alguém que restabeleceu a religião de Israel, ameaçada pelos cultos dos estrangeiros. Elias tinha vivido, vários séculos antes. Eles, lendo o livro do profeta Malaquias, entendiam que Elias voltaria antes que o Messias chegasse. Está assim no livro do profeta Malaquias: “Eis que eu envio o profeta Elias, antes que chegue o grandioso e terrível dia do Senhor” (Ml 3, 23). E Jesus explica aos seus discípulos que, de fato, Elias já veio. Foi João Batista, pelo que ele deu a entender. Não que ele tenha voltado em João Batista, isso não.  É que João Batista fez o papel de Elias, aproximando o povo do seu Deus, preparando a chegada de Jesus. Disse Jesus: “Elias já veio, mas eles não o reconheceram”. E falou do modo como maltrataram João. O profeta, coitado, foi degolado na prisão de Herodes. E Jesus avisou que eles, tratariam mal, a ele, o filho do homem.

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