PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

CONFIAR EM DEUS



23 de março de 2021

EVANGELHO


Jo 8,21-30

Naquele tempo, disse Jesus aos fariseus: 21“Eu parto e vós me procurareis, mas morrereis no vosso pecado. Para onde eu vou, vós não podeis ir”. 22Os judeus comentavam: “Por acaso, vai-se matar? Pois ele diz: ‘Para onde eu vou, vós não podeis ir’?”
23Jesus continuou: “Vós sois daqui debaixo, eu sou do alto. Vós sois deste mundo, eu não sou deste mundo. 24Disse-vos que morrereis nos vossos pecados, porque, se não acreditais que eu sou, morrereis nos vossos pecados”.
25Perguntaram-lhe pois: “Quem és tu, então?” Jesus respondeu: “O que vos digo, desde o começo. 26Tenho muitas coisas a dizer a vosso respeito, e a julgar também. Mas aquele que me enviou é fidedigno, e o que ouvi da parte dele é o que falo para o mundo”. 27Eles não compreenderam que lhes estava falando do Pai. 28Por isso, Jesus continuou: “Quando tiverdes elevado o Filho do Homem, então sabereis que eu sou, e que nada faço por mim mesmo, mas apenas falo aquilo que o Pai me ensinou. 29Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. 30Enquanto Jesus assim falava, muitos acreditaram nele.

MEDITAÇÃO


Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho (Jo 8, 29).

É, está difícil. Por mais que Jesus explique, eles não querem entender, não querem aceitá-lo. O clima de resistência e rejeição está crescendo em torno de Jesus. Está chegando a hora da paixão. No fim, os seus próprios discípulos estarão em dúvida e o deixarão só.

Na passagem de hoje, no evangelho de São João, mesmo num clima tão adverso, Jesus afirma sua confiança no Pai que o enviou, que o sustenta, que estará sempre ao seu lado. “Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho, porque sempre faço o que é de seu agrado”. E Jesus está certo do apoio do Pai, porque ele está sempre em comunicação com ele pela oração e porque está sempre fazendo a sua vontade.

Ainda assim, você pode pensar: mesmo com toda confiança em Deus, na cruz, Jesus se sentiu só e abandonado. Na cruz, pelas três da tarde, ele gritou em alta voz: “Meu Deus, meu Deus, porque me abandonaste?”. É uma palavra que impressiona, uma oração no meio da agonia da asfixia e das dores lacerantes naquela cruz, depois de uma noite de flagelação e maus tratos e de um dia de humilhações e sofrimento físico. Também ali na cruz, ele está em oração. É uma oração que brota de sua dor e de seu sentimento humano de quem se sente traído, evitado, execrado. Sofre pelas dores físicas, sofre ainda mais pelo que a crucifixão representa: a condenação de sua vida, o abandono dos seus amigos, o medo que dispersa o seu pequeno rebanho. Ele se sente só e abandonado. Mas, ali, ao pé da cruz, está um grupo de mulheres fiéis e o discípulo mais jovem. Ali está também a sua mãe. O Pai o assiste, silencioso, ele sabe disso, num silêncio doloroso.

A oração de Jesus não é uma oração de revolta, mas uma oração de confiança. Reclama ao Pai, porque o sabe presente. Ainda mais que essas suas palavras brotam do Salmo 21 (22). E, apesar desse refrão tão forte – Meu Deus, porque me abandonaste – este salmo celebra a defesa que Deus faz do seu servo e a confiança nele.

Guardando a mensagem

Nós - seguidores de Jesus, seus irmãos e irmãs - também passamos por muitas dificuldades, problemas, fracassos, perseguições. Nós nos encontramos, por vezes, na mesma condição de Jesus, que foi incompreendido e perseguido. Se nossas provações forem vividas em comunhão com Deus e se estivermos de fato fazendo a vontade de Deus, então essa confiança de Jesus no Pai pode ser também a nossa. E de onde vem essa confiança de Jesus? Jesus faz referência permanente a Deus, o seu Pai. Ele confere o seu caminho, permanentemente, pela oração. Conhece o Pai, sabe que ele é fiel, que o ama, que sempre estará ao seu lado. Nestes dias difíceis da pandemia, renove a sua confiança em Deus. Fortaleça, no seu coração, a convicção que Deus, na sua imensa misericórdia, ama você. Ele é fiel e sempre estará ao seu lado. Esta certeza nos ajuda a atravessar essa tempestade com serenidade, fortalecidos na fé e em condições de ajudar os outros a caminharem na esperança.

Aquele que me enviou está comigo. Ele não me deixou sozinho (Jo 8, 29).

Rezando a palavra

Rezemos com as palavras do salmo 21(22):

Meu Deus! Meu Deus!
Por que me abandonaste?

Por que estás tão longe de salvar-me,
tão longe dos meus gritos de angústia?
Meu Deus!
Eu clamo de dia, mas não respondes;
de noite, e não recebo alívio!
Tu, porém, és o Santo,
és rei, és o louvor de Israel.
Em ti, os nossos antepassados
puseram a sua confiança;
confiaram, e os livraste.
Clamaram a ti, e foram libertos;
em ti confiaram, e não se decepcionaram.
Tu, porém, Senhor, não fiques distante!
Ó minha força, vem logo em meu socorro!
Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo.
Como era no princípio, agora e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Peça ao Senhor que, nestes dias de quarentena, não lhe falte a certeza de sua presença ao seu lado. Que, em meio às dificuldades do momento, a sua paz habite o nosso coração, para atravessarmos esses dias difíceis com serenidade, com solidariedade e na esperança que não decepciona. 

Em nossa escadaria quaresmal, subimos hoje o 35º degrau. O evangelho de hoje nos inspira a dar esse passo: Confiar em Deus. E, hoje, rezaremos o 9º dia da Novena de Nossa Senhora Auxiliadora pela proteção de nossas famílias contra o coronavírus. Amanhã, 24 de março, comemoração mensal da Senhora Auxiliadora, faremos a consagração de nossas famílias à sua proteção. A recomendação é cada família organizar o seu altarzinho com uma imagem de N. Senhora, flores e fotos de seus familiares. A novena está acontecendo todas as tardes, às 14:30, pelo meu canal no Youtube. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

RENOVAR A ALIANÇA BATISMAL



22 de março de 2021

EVANGELHO

Jo 8,1-11

Naquele tempo, 1Jesus foi para o monte das Oliveiras. 2De madrugada, voltou de novo ao Templo. Todo o povo se reuniu em volta dele. Sentando-se, começou a ensiná-los. 3Entretanto, os mestres da Lei e os fariseus trouxeram uma mulher surpreendida em adultério. Levando-a para o meio deles, 4disseram a Jesus: “Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério. 5Moisés na Lei mandou apedrejar tais mulheres. Que dizes tu?”
6Perguntavam isso para experimentar Jesus e para terem motivo de o acusar. Mas Jesus, inclinando-se, começou a escrever com o dedo no chão. 7Como persistissem em interrogá-lo, Jesus ergueu-se e disse: “Quem dentre vós não tiver pecado, seja o primeiro a atirar-lhe uma pedra”. 8E tornando a inclinar-se, continuou a escrever no chão.
9E eles, ouvindo o que Jesus falou, foram saindo um a um, a começar pelos mais velhos; e Jesus ficou sozinho, com a mulher que estava lá, no meio, em pé. 10Então Jesus se levantou e disse: “Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?” 11Ela respondeu: “Ninguém, Senhor”. Então Jesus lhe disse: “Eu, também, não te condeno. Podes ir, e de agora em diante não peques mais”.

MEDITAÇÃO


Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério (Jo 8, 4)

Para a meditação do evangelho de hoje, vamos começar com uma pergunta. Não se espante. O que é adultério? Ih, o padre começou pesado. Tranquilo. Adultério é quando alguém é infiel no seu casamento. Certo? Adultério tem a ver com infidelidade.

Estando de acordo, vamos a um segundo ponto. Deus fez aliança com o povo que ele tirou da escravidão do Egito. Você se lembra disso? No monte Sinai, Deus deu uma Lei ao seu povo, através de Moisés, uma Lei que ele mesmo escreveu com o dedo. Escreveu a lei nas tábuas de pedra. Com o dedo, diz o livro santo. Baseado nessa Lei, o povo celebrou uma aliança com Deus. A fórmula da aliança foi assim: “Eu serei o seu Deus. Vocês serão o meu povo”. A aliança é como um casamento. No casamento, um diz ao outro: “Ela: Eu te recebo como meu marido – Ele: Eu te recebo como minha mulher”. E juram amor e fidelidade, não é assim? Então, a aliança de Deus com o seu povo é como um casamento. Um promete ser para o outro e viver no amor e na fidelidade.

Então, adultério é a infidelidade no casamento. Bom, no caso da aliança de Deus com o seu povo, Deus nunca foi infiel. Mas, a comunidade do povo de Deus, muitas vezes, traiu a aliança. Os profetas reclamaram muito da infidelidade de Israel ao seu Deus. Mas, Deus foi sempre paciente. O Profeta Oseias chegou a fazer uma comparação: Deus seria como o marido traído que levou a mulher para o deserto para dar-lhe uma nova chance.

Mais uma coisa. É bom a gente se perguntar sobre o que Jesus veio fazer: qual foi a sua missão? Se olharmos por esse lado da aliança, podemos dizer que Jesus veio para reconciliar a comunidade pecadora com Deus. Veio para restaurar a aliança rompida pela infidelidade de Israel.

Bom, essas são bases para o entendimento do evangelho de hoje. Jesus estava no Templo, ensinando ao povo. Havia uma enorme roda de gente ouvindo-o. Nisso, chegaram os mestres da lei e os fariseus arrastando uma mulher e a jogaram aos pés de Jesus. Um metido a brabo foi logo dizendo: ‘Moisés manda apedrejar a mulher que for pega em adultério. E pegamos essa sujeita cometendo adultério. O que o senhor diz? É para cumprir a lei ou não?”. Era uma armadilha. Queriam incriminar Jesus. Dizendo que não, estaria contra a Lei. Dizendo que sim, negaria o seu ensinamento sobre o amor e o perdão. Jesus ficou calado. Abaixou-se e começou a escrever no chão, com o dedo. Ficou todo mundo calado, aguardando. Um deles perdeu a paciência e cobrou a resposta. Jesus se levantou com calma: “Quem de vocês não tiver pecado, atire a primeira pedra”. E abaixou-se de novo e continuou a escrever no chão. Um saiu, outro saiu... a começar pelos mais velhos, foram-se embora, um a um. Jesus ficou sozinho com a mulher, ali no meio do povo. Jesus lhe disse que não iria condená-la, que ela podia ir embora, mas não pecasse mais. 

Diante desse texto, eu fico com três perguntas na cabeça: 1. Quem é essa mulher? 2. Onde está o marido traído? 3. Por que Jesus fica escrevendo no chão, com o dedo? Vamos tentar reponder. Essa mulher pode muito bem estar representando a comunidade de Israel. Israel é como essa mulher pecadora. E o pecado de Israel é, no final das contas, sua infidelidade à aliança, representada no adultério. E quem é o marido traído? Essa você responde. Quem é o marido traído? Respondeu ‘Deus’? Acertou. Deus é quem foi traído pelo povo infiel à aliança. E Jesus o representa. E por que Jesus está escrevendo com o dedo, no chão? Deixa que essa eu respondo. Você se lembra da lei da Aliança que Deus deu a Moisés? Deus a escreveu com o próprio dedo nas tábuas de pedra. Com esse gesto, Jesus está chamando atenção para a aliança, aliança que foi rompida e que precisa ser restaurada. 

Guardando a mensagem

A cena da mulher adúltera nos diz como estava sendo vivida a aliança que Israel fez com Deus. Israel estava vivendo em grande infidelidade, em adultério. Adultério é a infidelidade no casamento. A aliança é como um casamento. E o documento do casamento, o contrato, é a lei da aliança, que Deus pessoalmente entregou a Moisés, depois de tê-la escrito com o dedo, em tábuas de pedra. A mulher está representando todo aquele povo pecador, que se afastou da aliança com Deus. Os homens não puderam apedrejar a mulher, pois eles eram pecadores também. Aliás, a mulher está ali diante de Jesus representado toda a comunidade pecadora. Deus é o marido traído. Em vez de aniquilar a mulher (ou seja o povo infiel), Jesus quer restaurar a aliança, pela conversão e pelo perdão.

Mestre, esta mulher foi surpreendida em flagrante adultério (Jo 8, 4)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Essa história da mulher adúltera nos fala da tua missão entre nós. Vieste para restaurar a aliança rompida pela nossa infidelidade. Na tua cruz, nos reconciliaste com Deus. No teu sangue, restauraste a nossa aliança com ele. Na Missa, ao renovarmos o teu sacrifício redentor, ouvimos as tuas palavras: “Este é o meu sangue. O sangue da nova e eterna aliança, que será derramado por vós e por todos para a remissão dos pecados”. A mulher não foi condenada à morte, como parecia merecer pela lei. Tu, o justo, sem pecado, morreste no seu lugar. Obrigado, Senhor. Essa aliança com Deus cada um de nós a celebrou, com vestes brancas, como em núpcias, no batismo. No batismo, mergulhamos na tua morte e participamos de tua ressurreição. Somos a Igreja, a comunidade da nova aliança. Por isso o apóstolo Paulo falou da Igreja como tua esposa, santificada na tua páscoa. Ajuda-nos, Senhor, a responder com a conversão de nossas vidas, para vivermos esse tempo novo da reconciliação que nos alcançaste. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em nossa escadaria quaresmal, hoje, vamos subir o 34º degrau. Estamos quase chegando, a escadaria tem 40 degraus. O passo de hoje é este: Renovar a aliança batismal. É a resposta da conversão. Somos a comunidade da nova aliança.  

E eu tenho um convite pra você. Partipe da novena de Nossa Senhora Auxiliadora, pela proteção de nossas famílias contra o coronavírus. No 8º encontro da novena, rezaremos, hoje, pelos estudantes e professores tão prejudicados por esta pandemia. A novena começa às duas e meia da tarde em meu canal do Youtube e ainda no Facebook e no aplicativo da Rádio Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

SACRIFICAR-SE PELOS OUTROS



21 de março de 2021
5° Domingo da Quaresma

EVANGELHO


Jo 12,20-33

Naquele tempo, 20havia alguns gregos entre os que tinham subido a Jerusalém, para adorar durante a festa. 21Aproximaram-se de Filipe, que era de Betsaida da Galileia, e disseram: “Senhor, gostaríamos de ver Jesus”.
22Filipe combinou com André, e os dois foram falar com Jesus. 23Jesus respondeu-lhes: “Chegou a hora em que o Filho do Homem vai ser glorificado. 24Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas, se morre, então produz muito fruto. 25Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. 26Se alguém me quer servir, siga-me, e onde eu estou estará também o meu servo. Se alguém me serve, meu Pai o honrará. 27Agora sinto-me angustiado. E que direi? ‘Pai, livra-me desta hora?’ Mas foi precisamente para esta hora que eu vim. 28Pai, glorifica o teu nome!” Então, veio uma voz do céu: “Eu o glorifiquei e o glorificarei de novo!”
29A multidão que aí estava e ouviu, dizia que tinha sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que falou com ele”. 30Jesus respondeu e disse: “Essa voz que ouvistes não foi por causa de mim, mas por causa de vós. 31É agora o julgamento deste mundo. Agora o chefe deste mundo vai ser expulso, 32e eu, quando for elevado da terra, atrairei todos a mim”. 33Jesus falava assim para indicar de que morte iria morrer. 
Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto (Jo 12, 24).

MEDITAÇÃO 


Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto (Jo 12, 24).

O pão é um alimento universal. Quase todo mundo gosta de pão e de tudo o que se faz com a farinha de trigo: macarrão, bolo, bolachas, biscoitos. Tudo começa com o grão de trigo plantado na terra. O grãozinho, dentro da terra, em temperatura adequada, encontrando água, vai se umedecendo até que se rompe a sua casca, de dentro pra fora. Entrando oxigênio e água nas suas células, vai brotando um início de raiz que vai buscar água e minerais na terra para se desenvolver. Vai nascendo, então, um caulezinho e a plantinha começa a crescer. Essa planta, o trigo, vai dar muitas espigas. E as espigas maduras serão colhidas e trituradas para fazer a farinha de trigo. Da farinha, sairá o pão e tudo o mais.

Olha a dinâmica maravilhosa da obra de Deus, neste exemplo da germinação da semente de trigo. Da morte, nasce a vida. O grão de trigo enterrado na terra morre, se arrebenta de dentro pra fora. É assim que gera a plantinha, o pé de trigo. Só morrendo, dando-se a si mesmo, pode produzir fruto, chegar à nossa mesa como alimento para saciar a fome.

Foi o que Jesus disse: ‘Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto’ (Jo 12, 24). Ele é o grão de trigo que cai na terra e morre para gerar muito fruto. Não se poupa a si mesmo, dá-se por completo. Não está procurando salvar a sua pele, está dando-se sem reservas pelo bem dos outros. E é isso que o seu servidor precisa saber. É isso que o seu seguidor precisa imitar.

Na festa de Jerusalém, apareceram alguns gregos que falaram com dois dos discípulos, querendo conhecer Jesus. “Queremos ver Jesus”. Felipe e André foram falar com o mestre. Esse modo de dizer que eles eram “gregos” quer dizer que eles não eram judeus, eram de outra nacionalidade. Estavam também naquela festa religiosa, certamente, porque eram simpatizantes do judaísmo. E se sentiram atraídos por Jesus, queriam ser apresentados a ele. O que Jesus disse aos discípulos é o que todos precisamos saber: os que lhe têm simpatia e os que pertencemos a ele, como membros de sua Igreja.

E o que Jesus disse? Que ele era o grão de trigo que cai na terra e morre, e assim gera vida; que aqueles que o servem, o seguem na imitação desta dinâmica de entrega de sua vida; que quando fosse elevado, atrairia todos a si. Elevado, se entende em primeiro lugar na sua morte de cruz. É por sua morte que trará vida. Não é à toa que o símbolo de nossa fé católica é a cruz. Jesus é o grão de trigo que cai na terra e morre para nos dar a vida.

Guardando a mensagem

Aos discípulos e aos gregos, simpatizantes do judaísmo, que estavam querendo conhecê-lo, Jesus falou de si como grão de trigo que morre para gerar muitos frutos. E falou que quem quiser servi-lo, precisa segui-lo pelos caminhos dele, imitá-lo em sua entrega pelos outros. Isso que Jesus disse ecoa de uma maneira muito especial nos dias de hoje. Estamos mergulhados em uma cultura que supervaloriza o sucesso individual, a busca do bem-estar e do prazer. Estamos bem longe do evangelho. O ideal, em nosso mundo, é eu me dar bem, fugindo de qualquer sacrifício ou sofrimento, pouco me importando com o sofrimento dos outros. Por que muita gente não quer ter filhos? Porque ter filho obriga os pais a viverem voltados para um outro, não para si mesmos. Por que muitos jovens refutam a vocação de consagração na Igreja? Porque este é o estilo de vida onde se vive para os outros, não para si mesmos. Por que boa parte dos matrimônios entra em crise? Porque um não quer sacrificar-se pelo bem do outro. Ainda somos grãos de trigo que, caindo na terra, negamo-nos a nos entregar, a nos sacrificar, a morrer para gerar vida.

Se o grão de trigo que cai na terra não morre, ele continua só um grão de trigo; mas se morre, então produz muito fruto (Jo 12, 24).

Rezando a Palavra

Vamos rezar com as palavras da Carta aos Hebreus.

Senhor Jesus,
“Mesmo sendo filho, aprendeste o que significa a obediência a Deus por aquilo que sofreste. Mas, na consumação de tua vida, te tornaste causa de salvação eterna para todos os que te obedecem” (Hb 5, 8-9). Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a Palavra

Em nossa escadaria quaresmal, hoje, vamos subir o 33º degrau. Estamos quase chegando, a escadaria tem 40 degraus. O passo de hoje é este: Sacrificar-se pelos outros. Assim, imitamos o grão de trigo que gera vida, Jesus, que a si mesmo não se poupou em nosso favor. Sacrificar-se pelos outros.

Dois convites pra tarde de hoje. A novena de Nossa Senhora Auxilidora, às 14:30, pelas redes sociais, e a Santa Missa às 17 horas. No 7º encontro da novena, rezaremos pelos que perderam seu emprego, nesta pandemia. A Santa Missa do 5º Domingo da Quaresma começa às cinco da tarde. Para acompanhar, baixe o aplicativo da Rádio Tempo de Paz, no seu celular. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

RENOVAR A ADESÃO A JESUS CRISTO



20 de março de 2021

EVANGELHO


Jo 7,40-53

Naquele tempo, 40ao ouvirem as palavras de Jesus, algumas pessoas da multidão diziam: “Este é, verdadeiramente, o Profeta”. 41Outros diziam: “Ele é o Messias”. Mas alguns objetavam: “Porventura o Messias virá da Galileia? 42Não diz a Escritura que o Messias será da descendência de Davi e virá de Belém, povoado de onde era Davi?”
43Assim, houve divisão no meio do povo por causa de Jesus. 44Alguns queriam prendê-lo, mas ninguém pôs as mãos nele. 45Então, os guardas do Templo voltaram para os sumos sacerdotes e os fariseus, e estes lhes perguntaram: “Por que não o trouxestes?”
46Os guardas responderam: “Ninguém jamais falou como este homem”. 47Então os fariseus disseram-lhes: “Também vós vos deixastes enganar? 48Por acaso algum dos chefes ou dos fariseus acreditou nele? 49Mas esta gente que não conhece a Lei, é maldita!”
50Nicodemos, porém, um dos fariseus, aquele que se tinha encontrado com Jesus anteriormente, disse: 51“Será que a nossa Lei julga alguém, antes de o ouvir e saber o que ele fez?” 52Eles responderam: “Também tu és galileu, porventura? Vai estudar e verás que da Galileia não surge profeta”. 53E cada um voltou para sua casa.

MEDITAÇÃO 


Ninguém jamais falou como este homem (Jo 7, 46)

Uns, contra. Outros, a favor. Uns diziam que ele era um profeta, o messias, quem sabe. Outros duvidavam: o Messias não viria da Galileia, mas de Belém. Os guardas foram prendê-lo a mando dos sumo-sacerdotes. Não tiveram coragem. Nicodemos pediu calma no Sinédrio. Os contra xingaram o povo de ignorante e maldito. E mandaram Nicodemos estudar mais as Escrituras. Uns, contra. Outros a favor de Jesus.

O velho profeta Simeão tinha dito a Maria que o seu filho seria um sinal de contradição, quando os pais levaram a criança para o resgate do primogênito no Templo. “Eis que este menino foi posto para queda e para o soerguimento de muitos em Israel e como um sinal de contradição” (Lc 2, 34). 

Os guardas, ao explicar às autoridades o fracasso de sua missão de prender Jesus, disseram uma coisa impressionante: “Ninguém jamais falou como esse homem”. De fato, as reações narradas nesse texto foram reações depois de ouvirem as suas palavras. E que palavras foram essas? Elas estão um pouco antes e um pouco depois desse texto de hoje.

O que Jesus estava pregando tem a ver com a festa que eles estavam celebrando, a festa das Tendas (o mesmo que festa das Cabanas). A festa das Tendas era uma das três grandes peregrinações do ano (Páscoa, Tendas e Pentecostes). Essa festa celebrava o cuidado de Deus com o seu povo, manifesto de maneira especial quando ele peregrinava no deserto e morava em tendas. A festa é celebrada em sete dias de preparação, com a grande festa no oitavo dia. Nessa festa, havia importantes ritos da água, do pão e da luz. Deus que cuidou do seu povo no deserto providenciou-lhe água tirada da rocha, o maná que caía do céu e o acompanhamento da coluna luminosa.

As palavras de Jesus nesse contexto da festa das Tendas foram: “Quem tiver sede, venha a mim e beba”. Ele é a água da vida. “Eu sou a luz do mundo”. Quem o segue, não anda nas trevas. “Eu sou o bom pastor. Dou a vida pelas minhas ovelhas”. Jesus é o pastor enviado pelo Pai para cuidar do seu rebanho. São palavras que atualizam a proximidade de Deus que cuida com carinho do seu povo, nos momentos difíceis de sua história. Palavras que encantam.

E por que temos pessoas que se posicionam contra Jesus? Os do contra – os grupos que controlavam o Templo (fariseus, saduceus e anciãos) estavam movidos pela defesa dos seus interesses de controle da religião, do templo e do povo. Junte-se a isso o ciúme, a inveja e o preconceito. Preconceito contra a região da Galileia, preconceito contra o povo, taxado de ignorante da Lei e raça maldita. Contra também estavam elementos do povo influenciados pelos fariseus ou pelos poderosos senhores de terra, os anciãos. Esses fecharam o coração para Jesus e para suas palavras reveladoras da proximidade de Deus.

Guardando a mensagem

Hoje, é difícil alguém falar contra Jesus, em nosso mundo ocidental. Mas, ninguém se engane. Não falam mal de Jesus, mas atacam a sua Igreja, desprezam seus ministros, ridicularizam a fé dos mais simples. Hoje também somos chamados a tomar uma decisão sobre Jesus. Somos seus discípulos e discípulas. Deixemo-nos encantar por suas palavras. Convertamo-nos à grande verdade que elas revelam: Deus nos ama e cuida de nós. Jesus é Deus mesmo cuidando da gente.

Ninguém jamais falou como este homem (Jo 7, 46)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Quase não dá para acreditar que houvesse gente que não te admirasse, não te quisesse bem. Mas, pensando bem, vivemos num mundo onde tuas palavras e teus ensinamentos contam pouco e muita gente, mesmo batizada, vive longe dos teus caminhos. Neste sentido, ser cristão é uma decisão que se toma em resposta ao teu amor e às verdades que nos revelaste. Sendo assim, queremos hoje renovar nossa adesão à tua pessoa, ao teu evangelho, à tua Igreja. Com o teu Santo Espírito, ajuda-nos a caminhar com fidelidade nos teus caminhos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Já estamos, hoje, no 32º da Quaresma. Em nossa escadaria quaresmal, vamos subir hoje mais um degrau: Renovar a adesão a Jesus Cristo. Não deixar que nada, nem ninguém nos afaste de Jesus e de sua Igreja. 

Neste sábado, rezamos o 6º Dia da Novena de Nossa Senhora Auxiliadora pela proteção de nossas famílias contra o coronavírus. Participe conosco. A novena começa às 14:30 pelo Youtube, Facebook e Rádio Tempo de Paz. 

E você está aproveitando bem este tempo de penitência, oração e caridade? Amanhã, vamos celebrar o 5º Domingo da Quaresma. Faça um propósito: não sendo possível participar da Missa na igreja, por causa da quarentena, identifique onde vai ser transmitida a Missa de sua comunidade e participe dela, devotamente, mesmo à distância. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb

IMITAR SÃO JOSÉ


19 de março de 2021

Dia de São José, 
esposo da bem-aventurada Virgem Maria 
e padroeiro da Igreja

EVANGELHO


Mt 1,16.18-21.24a

16Jacó gerou José, o esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo. 18A origem de Jesus Cristo foi assim: Maria, sua mãe, estava prometida em casamento a José, e, antes de viverem juntos, ela ficou grávida pela ação do Espírito Santo. 19José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria em segredo. 20Enquanto José pensava nisso, eis que o anjo do Senhor apareceu-lhe, em sonho, e lhe disse: “José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. 21Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo dos seus pecados”. 24aQuando acordou, José fez conforme o anjo do Senhor havia mandado.


MEDITAÇÃO


José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. (Mt 1,20)

Eles estavam noivos e ela apareceu grávida. Na verdade, já tinham feito as demoradas cerimônias de casamento. Mas, como era costume, não se ia logo morar juntos. Foi nesse tempo, em que ela ainda estava com os pais, que apareceu grávida. Mas, não era dele. Ele ficou desnorteado. Por que ela fez isso comigo? Casamento pronto, tudo arrumado... Num caso como esse, a Lei previa que ele devia denunciá-la ao conselho dos anciãos de sua vila, no caso Nazaré. Ela seria julgada e sentenciada. Certamente, o caso seria reconhecido como adultério.... e a Lei era rigorosa com esse gravíssimo deslize. Devia ser apedrejada. José estava triste e confuso. O casamento estava acabado. E o que ele iria fazer? Denunciá-la? Não, isso não, de jeito nenhum. Ele amava demais sua noiva para fazer isso. Resolveu fugir... a culpa recairia sobre ele. Iria tentar a vida bem longe. Era melhor. Ela criaria seu filho, com o apoio da família. Ele sairia por mau e irresponsável. Foi dormir, assim, triste, sofrido, com essa decisão na cabeça.

Dormindo, José teve um sonho. O anjo do Senhor veio lhe explicar que o que aconteceu com Maria foi da vontade de Deus, que ela concebeu pela ação do Espírito Santo; que ele não tivesse medo de recebê-la como esposa; e que desse ao filho o nome de Jesus. José acordou assustado, mas decidido. Fez como o anjo do Senhor havia mandado.

O que será que o anjo realmente mandou José fazer? Primeiro, receber Maria por esposa. Estar ao lado de Maria, em sua gravidez, na educação do seu filho e em tudo, como esposo, companheiro, apoiando-a, protegendo-a, partilhando com ela as responsabilidades de uma família. E José, que tanto amor tinha por Maria, abraçou essa missão de esposo. Segundo, o anjo mandou que ele desse o nome de Jesus ao menino. E a missão do menino já estava expressa no seu nome: salvar o seu povo dos seus pecados. Dar o nome ao menino significava reconhecê-lo publicamente como filho, garantir sua pertença à família de Davi. Por meio de José, o filho de Deus seria também filho de Davi, seu descendente. E foi assim que José assumiu a condição de pai da criança.

Estamos no ano de São José, convocado pelo Papa Francisco para celebrar 150 anos de sua proclamação como padroeiro universal da Igreja. Podemos crescer mais no amor e na imitação do pai que Jesus conheceu aqui na terra.

Guardando a mensagem

Festejamos, hoje, uma figura muito especial, o esposo de Maria, pai legal de Jesus, patrono da Santa Igreja. José é o homem obediente a Deus. Ele faz a vontade de Deus, assim que a conhece, com toda dedicação e enfrentando qualquer dificuldade. A sua acolhida da vontade de Deus é um grande exemplo para nós. José é também uma testemunha de Jesus. Com sua vida de pai e de esposo, ele nos diz quem é esse Jesus, que vai aprender com ele a ser um homem justo, um judeu piedoso, um carpinteiro útil na comunidade: ele foi concebido pela ação do Espírito Santo em Maria Virgem, ele veio salvar o seu povo dos seus pecados, ele é o filho de Deus e o filho de Davi.

José, Filho de Davi, não tenhas medo de receber Maria como tua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo. (Mt 1,20)

Rezando a Palavra

No final da carta apostólica sobre São José, o Papa lhe dedicou uma breve oração, que rezamos agora:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amen.

Vivendo a Palavra

Em nossa escadaria quaresma, hoje subimos o 31º degrau, E o passo de hoje é: Imitar São José. Conhecê-lo, imitá-lo e pedir a sua intercessão em nossas dificuldades. 

Que tal dar uma olhada na carta apostólica que o Papa escreveu sobre São José?! Ela se intitula PATRIS CORDE (Com coração de pai). E fala de São José, para nos animar a amá-lo, imitá-lo e pedir a sua proteção. Para você que recebe a Meditação pelo celular, vou deixar um link pra você ler essa carta do Papa Francisco. 

 Pe. João Carlos Ribeiro, sdb


CARTA APOSTÓLICA
PATRIS CORDE

DO PAPA FRANCISCO


POR OCASIÃO DO 150º ANIVERSÁRIO
DA DECLARAÇÃO DE SÃO JOSÉ
COMO PADROEIRO UNIVERSAL DA IGREJA


Com coração de pai: assim José amou a Jesus, designado nos quatro Evangelhos como «o filho de José».[1]

Os dois evangelistas que puseram em relevo a sua figura, Mateus e Lucas, narram pouco, mas o suficiente para fazer compreender o género de pai que era e a missão que a Providência lhe confiou.

Sabemos que era um humilde carpinteiro (cf. Mt 13, 55), desposado com Maria (cf. Mt 1, 18; Lc 1, 27); um «homem justo» (Mt 1, 19), sempre pronto a cumprir a vontade de Deus manifestada na sua Lei (cf. Lc 2, 22.27.39) e através de quatro sonhos (cf. Mt 1, 20; 2, 13.19.22). Depois duma viagem longa e cansativa de Nazaré a Belém, viu o Messias nascer num estábulo, «por não haver lugar para eles» (Lc 2, 7) noutro sítio. Foi testemunha da adoração dos pastores (cf. Lc 2, 8-20) e dos Magos (cf. Mt 2, 1-12), que representavam respetivamente o povo de Israel e os povos pagãos.

Teve a coragem de assumir a paternidade legal de Jesus, a quem deu o nome revelado pelo anjo: dar-Lhe-ás «o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 21). Entre os povos antigos, como se sabe, dar o nome a uma pessoa ou a uma coisa significava conseguir um título de pertença, como fez Adão na narração do Génesis (cf. 2, 19-20).

No Templo, quarenta dias depois do nascimento, José – juntamente com a mãe – ofereceu o Menino ao Senhor e ouviu, surpreendido, a profecia que Simeão fez a respeito de Jesus e Maria (cf. Lc 2, 22-35). Para defender Jesus de Herodes, residiu como forasteiro no Egito (cf. Mt 2, 13-18). Regressado à pátria, viveu no recôndito da pequena e ignorada cidade de Nazaré, na Galileia – donde (dizia-se) «não sairá nenhum profeta» (Jo 7, 52), nem «poderá vir alguma coisa boa» (Jo 1, 46) –, longe de Belém, a sua cidade natal, e de Jerusalém, onde se erguia o Templo. Foi precisamente durante uma peregrinação a Jerusalém que perderam Jesus (tinha ele doze anos) e José e Maria, angustiados, andaram à sua procura, acabando por encontrá-Lo três dias mais tarde no Templo discutindo com os doutores da Lei (cf. Lc 2, 41-50).

Depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo. Os meus antecessores aprofundaram a mensagem contida nos poucos dados transmitidos pelos Evangelhos para realçar ainda mais o seu papel central na história da salvação: o Beato Pio IX declarou-o «Padroeiro da Igreja Católica»,[2] o Venerável Pio XII apresentou-o como «Padroeiro dos operários»;[3] e São João Paulo II, como «Guardião do Redentor».[4] O povo invoca-o como «padroeiro da boa morte».[5]

Assim ao completarem-se 150 anos da sua declaração como Padroeiro da Igreja Católica, feita pelo Beato Pio IX a 8 de dezembro de 1870, gostaria de deixar «a boca – como diz Jesus – falar da abundância do coração» (Mt 12, 34), para partilhar convosco algumas reflexões pessoais sobre esta figura extraordinária, tão próxima da condição humana de cada um de nós. Tal desejo foi crescendo ao longo destes meses de pandemia em que pudemos experimentar, no meio da crise que nos afeta, que «as nossas vidas são tecidas e sustentadas por pessoas comuns (habitualmente esquecidas), que não aparecem nas manchetes dos jornais e revistas, nem nas grandes passarelas do último espetáculo, mas que hoje estão, sem dúvida, a escrever os acontecimentos decisivos da nossa história: médicos, enfermeiras e enfermeiros, trabalhadores dos supermercados, pessoal da limpeza, curadores, transportadores, forças policiais, voluntários, sacerdotes, religiosas e muitos – mas muitos – outros que compreenderam que ninguém se salva sozinho. (…) Quantas pessoas dia a dia exercitam a paciência e infundem esperança, tendo a peito não semear pânico, mas corresponsabilidade! Quantos pais, mães, avôs e avós, professores mostram às nossas crianças, com pequenos gestos do dia a dia, como enfrentar e atravessar uma crise, readaptando hábitos, levantando o olhar e estimulando a oração! Quantas pessoas rezam, se imolam e intercedem pelo bem de todos».[6] Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade. São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão.

1. Pai amado

A grandeza de São José consiste no facto de ter sido o esposo de Maria e o pai de Jesus. Como tal, afirma São João Crisóstomo, «colocou-se inteiramente ao serviço do plano salvífico».[7]

São Paulo VI faz notar que a sua paternidade se exprimiu, concretamente, «em ter feito da sua vida um serviço, um sacrifício, ao mistério da encarnação e à conjunta missão redentora; em ter usado da autoridade legal que detinha sobre a Sagrada Família para lhe fazer dom total de si mesmo, da sua vida, do seu trabalho; em ter convertido a sua vocação humana ao amor doméstico na oblação sobre-humana de si mesmo, do seu coração e de todas as capacidades no amor colocado ao serviço do Messias nascido na sua casa».[8]

Por este seu papel na história da salvação, São José é um pai que foi sempre amado pelo povo cristão, como prova o facto de lhe terem sido dedicadas numerosas igrejas por todo o mundo; de muitos institutos religiosos, confrarias e grupos eclesiais se terem inspirado na sua espiritualidade e adotado o seu nome; e de, há séculos, se realizarem em sua honra várias representações sacras. Muitos Santos e Santas foram seus devotos apaixonados, entre os quais se conta Teresa de Ávila que o adotou como advogado e intercessor, recomendando-se instantemente a São José e recebendo todas as graças que lhe pedia; animada pela própria experiência, a Santa persuadia os outros a serem igualmente devotos dele.[9]

Em todo o manual de orações, há sempre alguma a São José. São-lhe dirigidas invocações especiais todas as quartas-feiras e, de forma particular, durante o mês de março inteiro, tradicionalmente dedicado a ele.[10]

A confiança do povo em São José está contida na expressão «ite ad Joseph», que faz referência ao período de carestia no Egito, quando o povo pedia pão ao Faraó e ele respondia: «Ide ter com José; fazei o que ele vos disser» (Gn 41, 55). Tratava-se de José, filho de Jacob, que acabara vendido, vítima da inveja dos seus irmãos (cf. Gn 37, 11-28); e posteriormente – segundo a narração bíblica – tornou-se vice-rei do Egito (cf. Gn 41, 41-44).

Enquanto descendente de David (cf. Mt 1, 16.20), de cuja raiz deveria nascer Jesus segundo a promessa feita ao rei pelo profeta Natan (cf. 2 Sam 7), e como esposo de Maria de Nazaré, São José constitui a dobradiça que une o Antigo e o Novo Testamento.

2. Pai na ternura

Dia após dia, José via Jesus crescer «em sabedoria, em estatura e em graça, diante de Deus e dos homens» (Lc 2, 52). Como o Senhor fez com Israel, assim ele ensinou Jesus a andar, segurando-O pela mão: era para Ele como o pai que levanta o filho contra o seu rosto, inclinava-se para Ele a fim de Lhe dar de comer (cf. Os 11, 3-4).

Jesus viu a ternura de Deus em José: «Como um pai se compadece dos filhos, assim o Senhor Se compadece dos que O temem» (Sal 103, 13).

Com certeza, José terá ouvido ressoar na sinagoga, durante a oração dos Salmos, que o Deus de Israel é um Deus de ternura,[11] que é bom para com todos e «a sua ternura repassa todas as suas obras» (Sal 145, 9).

A história da salvação realiza-se, «na esperança para além do que se podia esperar» (Rm 4, 18), através das nossas fraquezas. Muitas vezes pensamos que Deus conta apenas com a nossa parte boa e vitoriosa, quando, na verdade, a maior parte dos seus desígnios se cumpre através e apesar da nossa fraqueza. Isto mesmo permite a São Paulo dizer: «Para que não me enchesse de orgulho, foi-me dado um espinho na carne, um anjo de Satanás, para me ferir, a fim de que não me orgulhasse. A esse respeito, três vezes pedi ao Senhor que o afastasse de mim. Mas Ele respondeu-me: “Basta-te a minha graça, porque a força manifesta-se na fraqueza”» (2 Cor 12, 7-9).

Se esta é a perspetiva da economia da salvação, devemos aprender a aceitar, com profunda ternura, a nossa fraqueza.[12]

O Maligno faz-nos olhar para a nossa fragilidade com um juízo negativo, ao passo que o Espírito trá-la à luz com ternura. A ternura é a melhor forma para tocar o que há de frágil em nós. Muitas vezes o dedo em riste e o juízo que fazemos a respeito dos outros são sinal da incapacidade de acolher dentro de nós mesmos a nossa própria fraqueza, a nossa fragilidade. Só a ternura nos salvará da obra do Acusador (cf. Ap 12, 10). Por isso, é importante encontrar a Misericórdia de Deus, especialmente no sacramento da Reconciliação, fazendo uma experiência de verdade e ternura. Paradoxalmente, também o Maligno pode dizer-nos a verdade, mas, se o faz, é para nos condenar. Entretanto nós sabemos que a Verdade vinda de Deus não nos condena, mas acolhe-nos, abraça-nos, ampara-nos, perdoa-nos. A Verdade apresenta-se-nos sempre como o Pai misericordioso da parábola (cf. Lc 15, 11-32): vem ao nosso encontro, devolve-nos a dignidade, levanta-nos, ordena uma festa para nós, dando como motivo que «este meu filho estava morto e reviveu, estava perdido e foi encontrado» (Lc 15, 24).

A vontade de Deus, a sua história e o seu projeto passam também através da angústia de José. Assim ele ensina-nos que ter fé em Deus inclui também acreditar que Ele pode intervir inclusive através dos nossos medos, das nossas fragilidades, da nossa fraqueza. E ensina-nos que, no meio das tempestades da vida, não devemos ter medo de deixar a Deus o timão da nossa barca. Por vezes queremos controlar tudo, mas o olhar d’Ele vê sempre mais longe.

3. Pai na obediência

De forma análoga a quanto fez Deus com Maria, manifestando-Lhe o seu plano de salvação, também revelou a José os seus desígnios por meio de sonhos, que na Bíblia, como em todos os povos antigos, eram considerados um dos meios pelos quais Deus manifesta a sua vontade.[13]

José sente uma angústia imensa com a gravidez incompreensível de Maria: mas não quer «difamá-la»,[14] e decide «deixá-la secretamente» (Mt 1, 19). No primeiro sonho, o anjo ajuda-o a resolver o seu grave dilema: «Não temas receber Maria, tua esposa, pois o que Ela concebeu é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus, porque Ele salvará o povo dos seus pecados» (Mt 1, 20-21). A sua resposta foi imediata: «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo» (Mt 1, 24). Com a obediência, superou o seu drama e salvou Maria.

No segundo sonho, o anjo dá esta ordem a José: «Levanta-te, toma o menino e sua mãe, foge para o Egito e fica lá até que eu te avise, pois Herodes procurará o menino para o matar» (Mt 2, 13). José não hesitou em obedecer, sem se questionar sobre as dificuldades que encontraria: «E ele levantou-se de noite, tomou o menino e sua mãe e partiu para o Egito, permanecendo ali até à morte de Herodes» (Mt 2, 14-15).

No Egito, com confiança e paciência, José esperou do anjo o aviso prometido para voltar ao seu país. Logo que o mensageiro divino, num terceiro sonho – depois de o informar que tinham morrido aqueles que procuravam matar o menino –, lhe ordena que se levante, tome consigo o menino e sua mãe e regresse à terra de Israel (cf. Mt 2, 19-20), de novo obedece sem hesitar: «Levantando-se, ele tomou o menino e sua mãe e voltou para a terra de Israel» (Mt 2, 21).

Durante a viagem de regresso, porém, «tendo ouvido dizer que Arquelau reinava na Judeia, em lugar de Herodes, seu pai, teve medo de ir para lá. Então advertido em sonhos – e é a quarta vez que acontece – retirou-se para a região da Galileia e foi morar numa cidade chamada Nazaré» (Mt 2, 22-23).

Por sua vez, o evangelista Lucas refere que José enfrentou a longa e incómoda viagem de Nazaré a Belém, devido à lei do imperador César Augusto relativa ao recenseamento, que impunha a cada um registar-se na própria cidade de origem. E foi precisamente nesta circunstância que nasceu Jesus (cf. 2, 1-7), sendo inscrito no registo do Império, como todos os outros meninos.

São Lucas, de modo particular, tem o cuidado de assinalar que os pais de Jesus observavam todas as prescrições da Lei: os ritos da circuncisão de Jesus, da purificação de Maria depois do parto, da oferta do primogénito a Deus (cf. 2, 21-24).[15]

Em todas as circunstâncias da sua vida, José soube pronunciar o seu «fiat», como Maria na Anunciação e Jesus no Getsémani.

Na sua função de chefe de família, José ensinou Jesus a ser submisso aos pais (cf. Lc 2, 51), segundo o mandamento de Deus (cf. Ex 20, 12).

Ao longo da vida oculta em Nazaré, na escola de José, Ele aprendeu a fazer a vontade do Pai. Tal vontade torna-se o seu alimento diário (cf. Jo 4, 34). Mesmo no momento mais difícil da sua vida, vivido no Getsémani, preferiu que se cumprisse a vontade do Pai, e não a sua,[16] fazendo-Se «obediente até à morte (…) de cruz» (Flp 2, 8). Por isso, o autor da Carta aos Hebreus conclui que Jesus «aprendeu a obediência por aquilo que sofreu» (5, 8).

Vê-se, a partir de todas estas vicissitudes, que «José foi chamado por Deus para servir diretamente a Pessoa e a missão de Jesus, mediante o exercício da sua paternidade: desse modo, precisamente, ele coopera no grande mistério da Redenção, quando chega a plenitude dos tempos, e é verdadeiramente ministro da salvação».[17]

4. Pai no acolhimento

José acolhe Maria, sem colocar condições prévias. Confia nas palavras do anjo. «Anobreza do seu coração fá-lo subordinar à caridade aquilo que aprendera com a lei; e hoje, neste mundo onde é patente a violência psicológica, verbal e física contra a mulher, José apresenta-se como figura de homem respeitoso, delicado que, mesmo não dispondo de todas as informações, se decide pela honra, dignidade e vida de Maria. E, na sua dúvida sobre o melhor a fazer, Deus ajudou-o a escolher iluminando o seu discernimento».[18]

Na nossa vida, muitas vezes sucedem coisas, cujo significado não entendemos. E a nossa primeira reação, frequentemente, é de desilusão e revolta. Diversamente, José deixa de lado os seus raciocínios para dar lugar ao que sucede e, por mais misterioso que possa aparecer a seus olhos, acolhe-o, assume a sua responsabilidade e reconcilia-se com a própria história. Se não nos reconciliarmos com a nossa história, não conseguiremos dar nem mais um passo, porque ficaremos sempre reféns das nossas expectativas e consequentes desilusões.

A vida espiritual que José nos mostra, não é um caminho que explica, mas um caminho que acolhe. Só a partir deste acolhimento, desta reconciliação, é possível intuir também uma história mais excelsa, um significado mais profundo. Parecem ecoar as palavras inflamadas de Job, quando, desafiado pela esposa a rebelar-se contra todo o mal que lhe está a acontecer, responde: «Se recebemos os bens da mão de Deus, não aceitaremos também os males?» (Job 2, 10).

José não é um homem resignado passivamente. O seu protagonismo é corajoso e forte. O acolhimento é um modo pelo qual se manifesta, na nossa vida, o dom da fortaleza que nos vem do Espírito Santo. Só o Senhor nos pode dar força para acolher a vida como ela é, aceitando até mesmo as suas contradições, imprevistos e desilusões.

A vinda de Jesus ao nosso meio é um dom do Pai, para que cada um se reconcilie com a carne da sua história, mesmo quando não a compreende totalmente.

O que Deus disse ao nosso Santo – «José, Filho de David, não temas…» (Mt 1, 20) –, parece repeti-lo a nós também: «Não tenhais medo!» É necessário deixar de lado a ira e a desilusão para – movidos não por qualquer resignação mundana, mas com uma fortaleza cheia de esperança – dar lugar àquilo que não escolhemos e, todavia, existe. Acolher a vida desta maneira introduz-nos num significado oculto. A vida de cada um de nós pode recomeçar miraculosamente, se encontrarmos a coragem de a viver segundo aquilo que nos indica o Evangelho. E não importa se tudo parece ter tomado já uma direção errada, e se algumas coisas já são irreversíveis. Deus pode fazer brotar flores no meio das rochas. E mesmo que o nosso coração nos censure de qualquer coisa, Ele «é maior que o nosso coração e conhece tudo» (1 Jo 3, 20).

Reaparece aqui o realismo cristão, que não deita fora nada do que existe. A realidade, na sua misteriosa persistência e complexidade, é portadora dum sentido da existência com as suas luzes e sombras. É isto que leva o apóstolo Paulo a dizer: «Sabemos que tudo contribui para o bem daqueles que amam a Deus» (Rm 8, 28). E Santo Agostinho acrescenta: tudo, «incluindo aquilo que é chamado mal».[19] Nesta perspetiva global, a fé dá significado a todos os acontecimentos, sejam eles felizes ou tristes.

Assim, longe de nós pensar que crer signifique encontrar fáceis soluções consoladoras. Antes, pelo contrário, a fé que Cristo nos ensinou é a que vemos em São José, que não procura atalhos, mas enfrenta de olhos abertos aquilo que lhe acontece, assumindo pessoalmente a responsabilidade por isso.

O acolhimento de José convida-nos a receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis, porque Deus escolhe o que é frágil (cf. 1 Cor 1, 27), é «pai dos órfãos e defensor das viúvas» (Sal 68, 6) e manda amar o forasteiro.[20] Posso imaginar ter sido do procedimento de José que Jesus tirou inspiração para a parábola do filho pródigo e do pai misericordioso (cf. Lc 15, 11-32).

5. Pai com coragem criativa

Se a primeira etapa de toda a verdadeira cura interior é acolher a própria história, ou seja, dar espaço no nosso íntimo até mesmo àquilo que não escolhemos na nossa vida, convém acrescentar outra caraterística importante: a coragem criativa. Esta vem ao de cima sobretudo quando se encontram dificuldades. Com efeito, perante uma dificuldade, pode-se estacar e abandonar o campo, ou tentar vencê-la de algum modo. Às vezes, são precisamente as dificuldades que fazem sair de cada um de nós recursos que nem pensávamos ter.

Frequentemente, ao ler os «Evangelhos da Infância», apetece-nos perguntar por que motivo Deus não interveio de forma direta e clara. Porque Deus intervém por meio de acontecimentos e pessoas: José é o homem por meio de quem Deus cuida dos primórdios da história da redenção; é o verdadeiro «milagre», pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe. O Céu intervém, confiando na coragem criativa deste homem que, tendo chegado a Belém e não encontrando alojamento onde Maria possa dar à luz, arranja um estábulo e prepara-o de modo a tornar-se o lugar mais acolhedor possível para o Filho de Deus, que vem ao mundo (cf. Lc 2, 6-7). Face ao perigo iminente de Herodes, que quer matar o Menino, de novo em sonhos José é alertado para O defender e, no coração da noite, organiza a fuga para o Egito (cf. Mt 2, 13-14).

Numa leitura superficial destas narrações, a impressão que se tem é a de que o mundo está à mercê dos fortes e poderosos, mas a «boa notícia» do Evangelho consiste precisamente em mostrar como, não obstante a arrogância e a violência dos dominadores terrenos, Deus encontra sempre a forma de realizar o seu plano de salvação. Às vezes também a nossa vida parece à mercê dos poderes fortes, mas o Evangelho diz-nos que Deus consegue sempre salvar aquilo que conta, desde que usemos a mesma coragem criativa do carpinteiro de Nazaré, o qual sabe transformar um problema numa oportunidade, antepondo sempre a sua confiança na Providência.

Se, em determinadas situações, parece que Deus não nos ajuda, isso não significa que nos tenha abandonado, mas que confia em nós com aquilo que podemos projetar, inventar, encontrar.

Trata-se da mesma coragem criativa demonstrada pelos amigos do paralítico que, desejando levá-lo à presença de Jesus, fizeram-no descer pelo teto (cf. Lc 5, 17-26). A dificuldade não deteve a audácia e obstinação daqueles amigos. Estavam convencidos de que Jesus podia curar o doente e, «não achando por onde introduzi-lo, devido à multidão, subiram ao teto e, através das telhas, desceram-no com a enxerga, para o meio, em frente de Jesus. Vendo a fé daqueles homens, disse: “Homem, os teus pecados estão perdoados”» (5, 19-20). Jesus reconhece a fé criativa com que aqueles homens procuram trazer-Lhe o seu amigo doente.

O Evangelho não dá informações relativas ao tempo que Maria, José e o Menino permaneceram no Egito. Mas certamente tiveram de comer, encontrar uma casa, um emprego. Não é preciso muita imaginação para colmatar o silêncio do Evangelho a tal respeito. A Sagrada Família teve que enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José seja verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm que deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria.

No fim de cada acontecimento que tem José como protagonista, o Evangelho observa que ele se levanta, toma consigo o Menino e sua mãe e faz o que Deus lhe ordenou (cf. Mt 1, 24; 2, 14.21). Com efeito, Jesus e Maria, sua mãe, são o tesouro mais precioso da nossa fé.[21]

No plano da salvação, o Filho não pode ser separado da Mãe, d’Aquela que «avançou pelo caminho da fé, mantendo fielmente a união com seu Filho até à cruz».[22]

Sempre nos devemos interrogar se estamos a proteger com todas as nossas forças Jesus e Maria, que misteriosamente estão confiados à nossa responsabilidade, ao nosso cuidado, à nossa guarda. O Filho do Todo-Poderoso vem ao mundo, assumindo uma condição de grande fragilidade. Necessita de José para ser defendido, protegido, cuidado e criado. Deus confia neste homem, e o mesmo faz Maria que encontra em José aquele que não só Lhe quer salvar a vida, mas sempre A sustentará a Ela e ao Menino. Neste sentido, São José não pode deixar de ser o Guardião da Igreja, porque a Igreja é o prolongamento do Corpo de Cristo na história e ao mesmo tempo, na maternidade da Igreja, espelha-se a maternidade de Maria.[23] José, continuando a proteger a Igreja, continua a proteger o Menino e sua mãe; e também nós, amando a Igreja, continuamos a amar o Menino e sua mãe.

Este Menino é Aquele que dirá: «Sempre que fizestes isto a um destes meus irmãos mais pequeninos, a Mim mesmo o fizestes» (Mt 25, 40). Assim, todo o necessitado, pobre, atribulado, moribundo, forasteiro, recluso, doente são «o Menino» que José continua a guardar. Por isso mesmo, São José é invocado como protetor dos miseráveis, necessitados, exilados, aflitos, pobres, moribundos. E pela mesma razão a Igreja não pode deixar de amar em primeiro lugar os últimos, porque Jesus conferiu-lhes a preferência ao identificar-Se pessoalmente com eles. De José, devemos aprender o mesmo cuidado e responsabilidade: amar o Menino e sua mãe; amar os Sacramentos e a caridade; amar a Igreja e os pobres. Cada uma destas realidades é sempre o Menino e sua mãe.

6. Pai trabalhador

Um aspeto que carateriza São José – e tem sido evidenciado desde os dias da primeira encíclica social, a Rerum novarum de Leão XIII – é a sua relação com o trabalho. São José era um carpinteiro que trabalhou honestamente para garantir o sustento da sua família. Com ele, Jesus aprendeu o valor, a dignidade e a alegria do que significa comer o pão fruto do próprio trabalho.

Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo.

O trabalho torna-se participação na própria obra da salvação, oportunidade para apressar a vinda do Reino, desenvolver as próprias potencialidades e qualidades, colocando-as ao serviço da sociedade e da comunhão; o trabalho torna-se uma oportunidade de realização não só para o próprio trabalhador, mas sobretudo para aquele núcleo originário da sociedade que é a família. Uma família onde falte o trabalho está mais exposta a dificuldades, tensões, fraturas e até mesmo à desesperada e desesperadora tentação da dissolução. Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos para que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?

A pessoa que trabalha, seja qual for a sua tarefa, colabora com o próprio Deus, torna-se em certa medida criadora do mundo que a rodeia. A crise do nosso tempo, que é económica, social, cultural e espiritual, pode constituir para todos um apelo a redescobrir o valor, a importância e a necessidade do trabalho para dar origem a uma nova «normalidade», em que ninguém seja excluído. O trabalho de São José lembra-nos que o próprio Deus feito homem não desdenhou o trabalho. A perda de trabalho que afeta tantos irmãos e irmãs e tem aumentado nos últimos meses devido à pandemia de Covid-19, deve ser um apelo a revermos as nossas prioridades. Peçamos a São José Operário que encontremos vias onde nos possamos comprometer até se dizer: nenhum jovem, nenhuma pessoa, nenhuma família sem trabalho!

7. Pai na sombra

O escritor polaco Jan Dobraczyński, no seu livro A Sombra do Pai,[24] narrou a vida de São José em forma de romance. Com a sugestiva imagem da sombra, apresenta a figura de José, que é, para Jesus, a sombra na terra do Pai celeste: guarda-O, protege-O, segue os seus passos sem nunca se afastar d’Ele. Lembra o que Moisés dizia a Israel: «Neste deserto (…) vistes o Senhor, vosso Deus, conduzir-vos como um pai conduz o seu filho, durante toda a caminhada que fizeste até chegar a este lugar» (Dt 1, 31). Assim José exerceu a paternidade durante toda a sua vida.[25]

Não se nasce pai, torna-se tal... E não se torna pai, apenas porque se colocou no mundo um filho, mas porque se cuida responsavelmente dele. Sempre que alguém assume a responsabilidade pela vida de outrem, em certo sentido exercita a paternidade a seu respeito.

Na sociedade atual, muitas vezes os filhos parecem ser órfãos de pai. A própria Igreja de hoje precisa de pais. Continua atual a advertência dirigida por São Paulo aos Coríntios: «Ainda que tivésseis dez mil pedagogos em Cristo, não teríeis muitos pais» (1 Cor 4, 15); e cada sacerdote ou bispo deveria poder acrescentar como o Apóstolo: «Fui eu que vos gerei em Cristo Jesus, pelo Evangelho» (4, 15). E aos Gálatas diz: «Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós!» (Gl 4, 19).

Ser pai significa introduzir o filho na experiência da vida, na realidade. Não segurá-lo, nem prendê-lo, nem subjugá-lo, mas torná-lo capaz de opções, de liberdade, de partir. Talvez seja por isso que a tradição, referindo-se a José, ao lado do apelido de pai colocou também o de «castíssimo». Não se trata duma indicação meramente afetiva, mas é a síntese duma atitude que exprime o contrário da posse. A castidade é a liberdade da posse em todos os campos da vida. Um amor só é verdadeiramente tal, quando é casto. O amor que quer possuir, acaba sempre por se tornar perigoso: prende, sufoca, torna infeliz. O próprio Deus amou o homem com amor casto, deixando-o livre inclusive de errar e opor-se a Ele. A lógica do amor é sempre uma lógica de liberdade, e José soube amar de maneira extraordinariamente livre. Nunca se colocou a si mesmo no centro; soube descentralizar-se, colocar Maria e Jesus no centro da sua vida.

A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança. O seu silêncio persistente não inclui lamentações, mas sempre gestos concretos de confiança. O mundo precisa de pais, rejeita os dominadores, isto é, rejeita quem quer usar a posse do outro para preencher o seu próprio vazio; rejeita aqueles que confundem autoridade com autoritarismo, serviço com servilismo, confronto com opressão, caridade com assistencialismo, força com destruição. Toda a verdadeira vocação nasce do dom de si mesmo, que é a maturação do simples sacrifício. Mesmo no sacerdócio e na vida consagrada, requer-se este género de maturidade. Quando uma vocação matrimonial, celibatária ou virginal não chega à maturação do dom de si mesmo, detendo-se apenas na lógica do sacrifício, então, em vez de significar a beleza e a alegria do amor, corre o risco de exprimir infelicidade, tristeza e frustração.

A paternidade, que renuncia à tentação de decidir a vida dos filhos, sempre abre espaços para o inédito. Cada filho traz sempre consigo um mistério, algo de inédito que só pode ser revelado com a ajuda dum pai que respeite a sua liberdade. Um pai sente que completou a sua ação educativa e viveu plenamente a paternidade, apenas quando se tornou «inútil», quando vê que o filho se torna autónomo e caminha sozinho pelas sendas da vida, quando se coloca na situação de José, que sempre soube que aquele Menino não era seu: fora simplesmente confiado aos seus cuidados. No fundo, é isto mesmo que dá a entender Jesus quando afirma: «Na terra, a ninguém chameis “Pai”, porque um só é o vosso “Pai”, aquele que está no Céu» (Mt 23, 9).

Todas as vezes que nos encontramos na condição de exercitar a paternidade, devemos lembrar-nos que nunca é exercício de posse, mas «sinal» que remete para uma paternidade mais alta. Em certo sentido, estamos sempre todos na condição de José: sombra do único Pai celeste, que «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus, e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (Mt 5, 45); e sombra que acompanha o Filho.



* * *

«Levanta-te, toma o menino e sua mãe» (Mt 2, 13): diz o anjo da parte de Deus a são José.

O objetivo desta carta apostólica é aumentar o amor por este grande Santo, para nos sentirmos impelidos a implorar a sua intercessão e para imitarmos as suas virtudes e o seu desvelo.

Com efeito, a missão específica dos Santos não é apenas a de conceder milagres e graças, mas de interceder por nós diante de Deus, como fizeram Abraão[26] e Moisés,[27] como faz Jesus, «único mediador» (1 Tm 2, 5), que junto de Deus Pai é o nosso «advogado» (1 Jo 2, 1), «vivo para sempre, a fim de interceder por [nós]» (Heb 7, 25; cf. Rm 8, 34).

Os Santos ajudam todos os fiéis «a tender à santidade e perfeição do próprio estado».[28] A sua vida é uma prova concreta de que é possível viver o Evangelho.

À semelhança de Jesus que disse: «Aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração» (Mt 11, 29), também os Santos são exemplos de vida que havemos de imitar. A isto nos exorta explicitamente São Paulo: «Rogo-vos, pois, que sejais meus imitadores» (1 Cor 4, 16).[29] O mesmo nos diz São José através do seu silêncio eloquente.

Estimulado com o exemplo de tantos Santos e Santas diante dos olhos, Santo Agostinho interrogava-se: «Então não poderás fazer o que estes e estas fizeram?» E, assim, chegou à conversão definitiva exclamando: «Tarde Vos amei, ó Beleza tão antiga e tão nova, tarde Vos amei!»[30]

Só nos resta implorar, de São José, a graça das graças: a nossa conversão.

Dirijamos-lhe a nossa oração:

Salve, guardião do Redentor
e esposo da Virgem Maria!
A vós, Deus confiou o seu Filho;
em vós, Maria depositou a sua confiança;
convosco, Cristo tornou-Se homem.

Ó Bem-aventurado José, mostrai-vos pai também para nós
e guiai-nos no caminho da vida.
Alcançai-nos graça, misericórdia e coragem,
e defendei-nos de todo o mal. Amen.

Roma, em São João de Latrão, na Solenidade da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria, 8 de dezembro do ano de 2020, oitavo do meu pontificado.

Francisco

DAR TESTEMUNHO DE JESUS



18 de março de 2021

EVANGELHO


Jo 5,31-47

Naquele tempo, disse Jesus aos judeus: 31“Se eu der testemunho de mim mesmo, meu testemunho não vale. 32Mas há um outro que dá testemunho de mim, e eu sei que o testemunho que ele dá de mim é verdadeiro. 33Vós mandastes mensageiros a João, e ele deu testemunho da verdade. 34Eu, porém, não dependo do testemunho de um ser humano. Mas falo assim para a vossa salvação. 35João era uma lâmpada que estava acesa e a brilhar, e vós com prazer vos alegrastes por um tempo com a sua luz.
36Mas eu tenho um testemunho maior que o de João; as obras que o Pai me concedeu realizar. As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou. 37E também o Pai que me enviou dá testemunho a meu favor. Vós nunca ouvistes sua voz, nem vistes sua face, 38e sua palavra não encontrou morada em vós, pois não acreditais naquele que ele enviou.
39Vós examinais as Escrituras, pensando que nelas possuís a vida eterna. No entanto, as Escrituras dão testemunho de mim, 40mas não quereis vir a mim para ter a vida eterna! 41Eu não recebo a glória que vem dos homens. 42Mas eu sei que não tendes em vós o amor de Deus. 43Eu vim em nome do meu Pai, e vós não me recebeis. Mas, se um outro viesse em seu próprio nome, a este vós o receberíeis.
44Como podereis acreditar, vós que recebeis glória uns dos outros e não buscais a glória que vem do único Deus? 45Não penseis que eu vos acusarei diante do Pai. Há alguém que vos acusa: Moisés, no qual colocais a vossa esperança. 46Se acreditásseis em Moisés, também acreditaríeis em mim, pois foi a respeito de mim que ele escreveu. 47Mas se não acreditais nos seus escritos, como acreditareis então nas minhas palavras?”

MEDITAÇÃO 


As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou (Jo 5, 36)

Certamente, alguém apresentou Jesus a você. Disse que Jesus é o filho de Deus; que ele foi enviado pelo Pai para nos salvar; que ele, por sua morte e ressurreição, nos alcançou a reconciliação com o Pai, o perdão dos nossos pecados. Quem foi que lhe disse isso? Quem lhe deu esse testemunho sobre Jesus? Você vai pensar um pouco ou já tem uma resposta? Ah, já tem a resposta. Ótimo. Então, quem foi que lhe deu esse testemunho sobre Jesus?

Em primeiro lugar, tenho quase certeza, foram seus pais os primeiros a lhe dar um testemunho sobre Jesus. Depois, vieram seus catequistas, seus educadores e a comunidade cristã onde você participava. É isso mesmo. É a Igreja quem nos diz quem é Jesus através dos nossos pais, catequistas, missionários, padres, religiosos. Claro, não podemos esquecer, a Palavra de Deus dá testemunho sobre Jesus. Verdade. Mas, é a Igreja quem nos apresenta e nos explica as Escrituras que dão testemunho sobre Jesus.

O importante é lembrar que esse testemunho que nos foi dado sobre Jesus nos pede uma resposta. Não foi uma informação histórica sobre um personagem do passado. Foi um testemunho sobre algo vital em nossa vida: a nossa felicidade, a nossa salvação; sobre algo e sobre alguém que tem a ver conosco, que continua falando conosco, nos sustentando e nos conduzindo nos caminhos do Reino de Deus. Esse testemunho pede uma resposta. Essa resposta pode ser chamada de fé, de conversão, de seguimento de Cristo.

Num certo momento de sua vida humana, Jesus fez uma forte reclamação contra o seu povo. Notou que o testemunho dado sobre ele não estava sendo acolhido, não estava sendo levado a sério. Então, ele elencou quatro testemunhos que estavam sendo dados sobre ele. Quatro, você sabe, é um número de totalidade, um número completo. É só pensar nos pontos cardeais. E quais são os quatro testemunhos dados sobre Jesus?

Em primeiro lugar, o testemunho sobre Jesus foi dado por João Batista. João deu testemunho de Jesus. Ele o apresentou ao povo como o enviado de Deus, o Messias anunciado pelos profetas. Um testemunho valioso. Os judeus tinham enviado mensageiros a João para se informarem sobre isso. E João confirmou. Deu testemunho da verdade.

Em segundo lugar, o testemunho sobre Jesus foi dado por suas próprias Obras. Como ele disse, “as obras que o Pai me concedeu realizar”. Quais são as obras de Jesus? As obras de Cristo estão descritas nos evangelhos: ele abre os olhos do cego, purifica o leproso, faz andar o paralítico, ressuscita o morto, evangeliza os pobres. São as obras anunciadas pelo profeta Isaías. Ele liberta o sofredor, reconcilia os pecadores, evangeliza o povo. São as obras de Jesus. Mas, a sua maior obra é a redenção pela morte na cruz.

Em terceiro lugar, o testemunho sobre Jesus foi dado pelo Pai, que o enviou. O tempo todo, o Pai confirmou o seu filho nas suas palavras e nas suas obras. No batismo, ele o apresentou como seu filho amado. Na transfiguração, de novo se ouviu o Pai recomendando seu filho. Foi o Pai que o ressuscitou, confirmando-o como salvador e guia da humanidade.

Em quarto lugar, o testemunho sobre Jesus foi dado pelas Escrituras. Toda a história da salvação no Antigo Testamento aponta para Jesus. O Novo Testamento é o testemunho sobre sua vida e sua obra redentora. Nos Evangelhos, está a própria palavra de Jesus viva e atual.

Guardando a mensagem

Recebemos o testemunho sobre Jesus dos nossos pais e catequistas, que nos comunicaram a fé da Igreja. No tempo de Jesus, ele mesmo chamou a atenção para quatro testemunhos dados sobre ele: o testemunho de João, o testemunho de suas obras, o testemunho do Pai e o testemunho das Escrituras. A reclamação de Jesus bem que pode ser para nós hoje. O que esses testemunhos têm produzido em nós? Como temos respondido a eles? A boa resposta seria a fé, a conversão, a vida de santidade. O que se pode esperar de nós que temos tido a chance de receber abundantemente o testemunho sobre Jesus? A vida de união com Deus e o compromisso de um mundo renovado pelo evangelho de Cristo.

As obras que eu faço dão testemunho de mim, mostrando que o Pai me enviou (Jo 5, 36)

Rezando a palavra

Senhor Jesus,
Tivemos a graça de receber, desde cedo, diversos testemunhos sobre a tua pessoa. Isso nos lembra o que disseste uma vez: a quem muito foi dado, muito será cobrado. Ajuda-nos, Senhor, pela assistência do teu Santo Espírito, a decididamente te escolher como caminho, verdade e vida. E te anunciar a outros, oferecendo também nós um testemunho forte sobre tua pessoa e tua obra redentora. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Em nossa escadaria quaresmal, hora de subir o 30º degrau: Dar testemunho de Jesus. Aderir seriamente a ele e ao seu Evangelho. Com sua vida, suas atitudes, suas palavras anunciá-lo a outros. 
Dar testemunho de Jesus.

Neste quarto dia da novena de N. Sra. Auxiliadora pela proteção de nossas famílias contra o coronavírus, estamos rezando pelas pessoas que estão lutando contra a COVID em casa ou em leitos de hospitais. Nosso quarto encontro é hoje, às 14:30, pelas redes sociais. No último dia da novena, faremos a consagração das famílias. As orações da novena estão no final do texto da Meditação.

E, hoje, como todas as quintas, você pode nos acompanhar na celebração da Santa Missa às 11 horas, pelas redes sociais ou pelo aplicativo Tempo de Paz. 

Pe. João Carlos Ribeiro, sdb





NOVENA EXTRAORDINÁRIA
A NOSSA SENHORA AUXILIADORA

Estamos rezando a novena extraordinária de 15 a 23 de março e vamos concluí-la no dia 24, comemoração mensal de Maria Auxiliadora, com a consagração de nossas famílias.

NOVENA E ENTREGA A MARIA AUXILIADORA


Recitar durante nove dias consecutivos:

- Pai-nosso, Ave-maria e Glória ao Santíssimo Sacramento, com a prece:
Graças e louvores se deem a todo o momento ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento;

- Salve-Rainha a Maria SS. Auxiliadora, com a invocação:

Nossa Senhora Auxiliadora, rogai por nós.

ORAÇÃO

Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que nunca se ouviu dizer que algum daqueles que tivesse recorrido à vossa proteção, implorado a vossa assistência, reclamado o vosso socorro, fosse por Vós desamparado. Animado eu, pois, de igual confiança, a Vós, ó Virgem entre todas singular, como Mãe recorro; de Vós me valho, gemendo sob o peso dos meus pecados, e me prostro a vossos pés. Não desprezeis minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus humanado, mas dignai-Vos de as ouvir propícia, e de me alcançar o que vos rogo. Amém.

Oração para livrar-nos do ‘coronavírus’

Deus todo-poderoso e eterno, de quem todo o universo recebe força, existência e vida, vimos até vós para invocar a vossa misericórdia, pois que também hoje experimentamos a fragilidade da condição humana na experiência de uma nova pandemia.

Cremos que sois Vós a guiar o curso da história humana e que o vosso Amor pode mudar para melhor o nosso destino, qualquer que seja a nossa condição humana. Por isso vos confiamos os doentes e suas famílias: pelo Mistério Pascal do vosso Filho, dai salvação e alívio a seu corpo e espírito.

Ajudai cada membro da sociedade a cumprir sua tarefa, fortalecendo o espírito de mútua solidariedade. Amparai os médicos e os agentes sanitários, os educadores e os assistentes sociais na prestação do seu serviço.

Vós que na fadiga sois conforto e apoio na fraqueza, por intercessão da Virgem Maria e de todos os santos médicos e patronos da saúde, afastai de nós todo o mal e contaminação.

Livrai-nos desta epidemia que nos aflige, a fim de que possamos voltar serenamente às nossas ocupações habituais e vos louvar agradecidos com sempre renovado coração.

Em Vós confiamos, ó Pai, e a Vós elevamos a nossa súplica, por Jesus Cristo vosso Filho e Nosso Senhor. Amém.

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