PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

O SUSTO DE JOSÉ


José, seu marido, era justo e, não querendo denunciá-la, resolveu abandonar Maria, em segredo (Mt 1,19).
Eles estavam noivos e ela apareceu grávida. Na verdade, já tinham feito as demoradas cerimônias de casamento. Mas, como era costume, não se ia logo morar juntos. Foi nesse tempo, em que ela ainda estava com os pais, que apareceu grávida. Mas, não era dele. Ele ficou desnorteado. Por que ela fez isso comigo? Casamento pronto, tudo arrumado...  Num caso como esse, a Lei previa que ele devia denunciá-la ao conselho dos anciãos de sua vila de Nazaré. Ela seria julgada e sentenciada. Certamente, o caso seria reconhecido como adultério.... e a Lei era rigorosa com esse gravíssimo deslize. Devia ser apedrejada.  José estava triste e confuso. O casamento estava acabado.  E o que ele iria fazer? Denunciá-la? Não, isso não, de jeito nenhum.  Ele amava demais sua noiva para fazer isso. Resolveu fugir... a culpa recairia sobre ele. Iria tentar a vida bem longe. Era melhor. Ela criaria seu filho, com o apoio da família. Ele sairia por mau e irresponsável. Foi dormir, assim, triste, sofrido, com essa decisão na cabeça.
Dormindo, José teve um sonho. O anjo do Senhor veio lhe explicar que o que aconteceu com Maria foi da vontade de Deus, que ela concebeu pela ação do Espírito Santo; que era pra ele se casar com ela e dar ao filho o nome de Jesus. Que estava se realizando a palavra do profeta Isaías: A virgem conceberia e o filho seria o Emanuel, Deus conosco. José acordou assustado, mas decidido. Fez como o anjo do Senhor havia mandado: recebeu Maria como sua esposa.
O que será que o anjo realmente mandou José fazer? Primeiro, receber Maria por esposa. Estar ao lado de Maria, em sua gravidez, na educação do seu filho e em tudo, como esposo, companheiro, apoiando-a, protegendo-a, partilhando com ela as responsabilidades de uma família. E José, que tanto amor tinha por Maria, abraçou essa missão de esposo. Segundo, o anjo mandou que ele desse o nome de Jesus ao menino. E a missão do menino já estava expressa no seu nome:  salvar o seu povo dos seus pecados. Dar o nome ao menino significava reconhecê-lo publicamente como filho, garantir  sua pertença à família de Davi. Por meio de José, o filho de Deus seria também filho de Davi, seu descendente. E foi assim que José assumiu a condição de pai da criança.
Vamos guardar a mensagem
Caminhando para o natal, nos debruçamos hoje sobre uma figura muito especial, o esposo de Maria e pai adotivo de Jesus. José é o homem obediente a Deus. Ele faz a vontade de Deus, assim que a conhece, com toda dedicação e enfrentando qualquer dificuldade. A sua acolhida da vontade de Deus é um grande exemplo para nós.  José é também uma testemunha de Jesus. Com sua vida de pai e de esposo, ele nos diz quem é esse Jesus, que vai aprender com ele a ser um homem justo, um judeu piedoso, um carpinteiro útil na comunidade: ele foi concebido pela ação do Espírito Santo em Maria Virgem, ele veio salvar o seu povo dos seus pecados, ele é o filho de Deus e o filho de Davi.
Vamos acolher a mensagem com uma prece

ACOLHA O TESTEMUNHO PARA RECONHECER JESUS


No meio de vocês, está aquele que vocês não conhecem (Jo 1, 26).

Quando começamos o caminho do advento, eu tentei fazer um pequeno roteiro e o passei pra vocês. Nos quatro domingos do advento, há um programa para o nosso crescimento. No primeiro domingo, foi o tema da vigilância (aguardar Jesus acordados). No segundo domingo, o tema da conversão (esperar Jesus com uma vida santa). Chegamos ao terceiro domingo. O tema é o testemunho (reconhecer Jesus pelo testemunho). Bom, vamos ao texto.

No evangelho deste terceiro domingo do advento – João capítulo 1º  - , é apresentado um personagem central na preparação da vinda de Jesus: João. Esse nome se repete sete vezes neste evangelho. E há uma pergunta que se repete três vezes: “Quem és tu?”. É a pergunta dos enviados dos judeus de Jerusalém. “Quem és tu?” Querem saber quem é João. A dúvida é se ele é o Messias, o Elias ou o Profeta.

O Messias é aquele prometido por Deus de quem o profeta Isaías falou, o “ungido” pelo Espírito do Senhor para anunciar a boa nova aos humildes e a libertação dos oprimidos. João disse claramente: “Eu não sou o Messias”. O Elias era o profeta antigo que chegaria antes do Messias, segundo o profeta Malaquias. Esse converteria o povo para o encontro com o seu Senhor que estaria chegando. O Profeta parece ser também uma expectativa do povo: um grande profeta apareceria antes do Messias. João achou melhor se definir como aquele anunciador da chegada de Deus, descrito pelo profeta Isaías: “Voz que clama no deserto: preparem o caminho do Senhor”.

“Quem és tu?”. O próprio evangelista responde quem é João: Um homem enviado por Deus que veio dar testemunho da luz. Ele é a testemunha do Messias. A palavra “testemunho/testemunha” está repetida quatro vezes nesse evangelho. João é a Testemunha. Ele não é a luz, ele é a testemunha da luz. Ele apontará Jesus. Ele o apresentará ao seu povo, na hora certa.

E onde está Jesus de quem João está dando testemunho? Certamente, já está no meio do grupo que o escuta; daqui a pouco, vai entrar na fila para se batizar também. Os judeus querem saber quem é João. Pronto, já sabem. Ele não é o Messias. Ele é a testemunha da luz. Ele prepara o povo para acolher o Messias, que é a grande luz. Daqui a pouco João o apresentará. Então, é importante se preparar para reconhecer o Messias, acolhendo o testemunho de João. Um dia, mais na frente, João irá apresentar Jesus, quando o vir na fila do batismo: “Eis o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”.

Mas, João adiantou uma coisa muito importante: “No meio de vocês, está aquele que vocês não conhecem”. Dá para entender essa palavra? “No meio de vocês, está aquele que vocês não conhecem”. Claro, o Messias já está no meio deles. Ele já está presente ali no meio daquele povo. Ou mesmo, pode-se entender, já está presente no meio do povo de Israel. Ele já está por ali.. O Messias já está presente. Falta reconhecê-lo, acolhê-lo. E o que fazer para reconhecê-lo? Resposta: acolher o testemunho de João. João nos diz quem é ele. João nos aponta Jesus.

Vamos guardar a mensagem

Estamos na preparação para o natal; e para o encontro com o Senhor que já veio (no natal), vem sempre e virá no último dia. Que passo a Palavra de Deus nos convida hoje a dar, depois de nos ter pedido vigilância e conversão? Acolher o testemunho sobre Jesus. É esse testemunho que nos fará reconhece-lo, pois ele já está entre nós. João é o modelo da testemunha de Jesus. João não é a luz, ele dá testemunho da luz que é Jesus, o Messias. Acolher o testemunho sobre Jesus para reconhecê-lo.

No meio de vocês, está aquele que vocês não conhecem (Jo 1, 26).

Vamos acolher a mensagem com uma prece

Senhor Jesus,
É engraçado que estejamos te esperando, pois tu já estás entre nós. Certo, voltarás glorioso um dia. Mas, hoje já estás conosco. Prometeste isto, ao voltar ao seio do Pai: “Eis que estarei com vocês todos os dias até a consumação dos séculos”. Para reconhecer-te hoje, precisamos acolher o testemunho que dão sobre ti. E quem dá testemunho sobre ti? João Batista, que é o modelo de testemunha; as Escrituras Sagradas; a tua Igreja; a minha comunidade. Eu mesmo dou testemunho de ti. Só acolhendo esse testemunho podemos reconhecer-te e descobrir-te presente no meio de nós. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vamos vivenciar a palavra que meditamos

Fique atento, atenta. Da próxima vez que o ministro da Igreja disser: “O Senhor esteja convosco!”, abra bem a boca pra falar com toda convicção: “Ele está no meio de nós!”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 17.12.2017


JÁ HOUVE ALGUM ELIAS NA SUA VIDA?


MEDITAÇÃO
PARA O SÁBADO,
16 DE DEZEMBRO
Elias já veio, mas eles não o reconheceram (Mt 17, 12).
Por muito tempo, o povo de Israel cultivou o sentimento da vinda do Messias. Havia uma expectativa muito forte, no tempo de Jesus, de que o Messias chegaria a qualquer momento. É verdade que nem todos coincidiam, em suas esperanças, sobre quem seria e o que ele faria. O Messias era uma promessa de Deus e a sua vinda seria a solução para a sofrida vida daquela gente. Assim, muitos esperavam que fosse um grande líder político e militar. Com certeza, enfrentaria os romanos e acabaria com aquela dominação opressora. Outros apostavam que seria um homem de Deus ‘ultra-santo’, sem nenhuma aproximação com os pecadores e as maldades desse mundo.
Jesus era o Messias que o Pai enviara. Messias é uma palavra que quer dizer “ungido”. Ungir é uma cerimônia em que a pessoa é consagrada com óleo para uma missão. O Messias é aquele que Deus ungiu para a grande missão de restaurar Israel.
Em certo sentido, o estilo de Messias que Jesus exerceu não preencheu as expectativas do povo do seu tempo. Não era um sacerdote do templo, como podiam esperar os saduceus. Era um leigo, carpinteiro de profissão, vindo do interior. Não era um líder político-militar, como os zelotes esperavam. Era um profeta que pregava a mansidão, o perdão e a solidariedade com os pequenos. Não era um ilustrado professor da Lei, levando o povo a praticá-la com rigor, como esperavam os fariseus. Ensinava o povo com parábolas e pregava a lei do amor. Dessa forma, os grandes grupos religiosos de Israel não reconheceram Jesus como Messias.
Os Mestres ensinavam que antes que o Messias viesse, viria Elias. Elias foi um dos maiores profetas do povo de Deus e era sempre lembrado como alguém que restabeleceu a religião de Israel, ameaçada pelos cultos dos estrangeiros. Elias tinha vivido, vários séculos antes. Eles, lendo o livro do profeta Malaquias, entendiam que Elias voltaria antes que o Messias chegasse. Está assim no livro do profeta Malaquias: “Eis que eu envio o profeta Elias, antes que chegue o grandioso e terrível dia do Senhor” (Ml 3, 23). E Jesus explica aos seus discípulos que, de fato, Elias já veio. Foi João Batista, pelo que ele deu a entender. Não que ele tenha voltado em João Batista, isso não.  É que João Batista fez o papel de Elias, aproximando o povo do seu Deus, preparando a chegada de Jesus. Disse Jesus: “Elias já veio, mas eles não o reconheceram”. E falou do modo como maltrataram João. O profeta, coitado, foi degolado na prisão de Herodes. E Jesus avisou que eles, tratariam mal, a ele, o filho do homem.

BRINCADEIRA DE CRIANÇA É COISA SÉRIA


MEDITAÇÃO 
PARA A SEXTA-FEIRA, 
DIA 15 DE DEZEMBRO
Com quem vou comparar esta geração? São como crianças sentadas nas praças... (Mt 11, 16)
Brincadeira de criança é coisa séria. Nas brincadeiras, as crianças podem representar e reproduzir sentimentos e atitudes que estão à sua volta. A brincadeira é uma fonte de socialização para as crianças, mas também de elaboração da compreensão do mundo que as rodeia.  Nas brincadeiras, na forma de brincar, vão sendo cultivadas atitudes positivas e generosas como a partilha, o perdão, a alegria pelo êxito do outro, o cuidado, a atenção ao mais frágil. Mas, também nas brincadeiras, aparecem tendências ruins para a violência, o egoísmo, a ganância, o isolamento, a discriminação.
Os adultos precisam estar sempre atentos às brincadeiras das crianças. E, precisam estar por perto especialmente, nos impasses, nas brigas, nos descontentamentos.  É aí que entram a mãe, o pai, os avós, os tios... corrigindo tendências negativas, estimulando os bons sentimentos, reforçando a melhor perspectiva, numa palavra, educando. E mais: evangelizando: levando as crianças a entender a bondade de Deus no sentido da festa, da alegria, do amor e a ver a dignidade do outro coleguinha, imagem também de Deus. Afinal, a brincadeira pode ser um espaço de crescimento na fraternidade, no amor ao próximo.
E por que eu estou dizendo tudo isso? Para valorizar a palavra de Jesus, que partiu da observação das brincadeiras de crianças do tempo dele. Ele comparou o que estava ocorrendo com o seu povo com uma cena que ele já tinha vivido com seus coleguinhas na infância em Nazaré ou visto nas brincadeiras das crianças nas ruas de Cafarnaum, a cidade onde ele estava morando.  A cena era essa: crianças emburradas que não estavam satisfeitas com nada. Olha a palavra dele:  “Com quem vou comparar essa geração? Ah, são como crianças sentadas nas praças, que gritam para os colegas, dizendo: ‘Tocamos flauta e vocês não dançaram. Entoamos lamentações e vocês não bateram no peito!”.
As crianças do tempo de Jesus brincavam com as situações que elas viam: festas de casamento, por exemplo; e até funerais celebrados em família com seus ritos. Crianças brincam imitando a vida ao seu redor. Podemos imaginar as brincadeiras a que Jesus está se referindo... “tocamos flauta e vocês não dançaram”: brincar de festa; “entoamos lamentações e vocês não bateram no peito”: brincar de alguma coisa triste, como enterro, despedidas... As brincadeiras de criança imitam o mundo real.
Sempre acontecia nas brincadeiras, podemos supor, que um grupo emburrado se negava a participar da brincadeira. Uns começavam a brincar de festa e eles não topavam. Então, para contentá-los, tentavam brincar de uma coisa mais parada e eles também se negavam a participar. Olha, não tem coisa pior do que criança emburrada, que não quer brincar e fica pondo mal gosto na brincadeira dos outros, não é verdade?
Jesus aplicou esse impasse nas brincadeiras infantis ao que estava acontecendo ao seu redor. João Batista era um pregador austero, falava do julgamento de Deus. Um grupo ficou contra e falava mal do profeta. Veio Jesus, que pregou o Reino de Deus como uma festa, frequentava a casa do povo e falava do perdão de Deus. O mesmo grupo ficou contra, emburrado. Negou-se a participar.

FORTE NÃO É QUEM BATE, FORTE É QUEM RESISTE


MEDITAÇÃO 
PARA A QUINTA-FEIRA, 
DIA 14 DE DEZEMBRO
Desde o dia de João Batista até aqui, o Reino dos Céus sofre violência e são os violentos que o conquistam (Mt 11,12)
Que palavra estranha! O Reino dos Céus sofre violência e são os violentos que o conquistam. Com certeza, Jesus não está dizendo que devemos conquistar o Reino dos Céus com violência. Isto estaria em contradição com o seu ensinamento, em outras páginas do Evangelho.
Desde o dia de João Batista até aqui, o Reino dos Céus sofre violência. É verdade. João Batista foi preso e sem nem sequer um julgamento, foi barbaramente assassinado a mando do rei Herodes para satisfazer o capricho da amante. Foi degolado na cadeia. Cortaram a sua cabeça e a levaram numa bandeja. O Reino sofrendo violência. Essa parte dá entender, não dá?
Agora, a violência de Herodes, de sua corte, de sua amante, de sua enteada dançarina, de seus soldados… essa grande violência encontrou um homem forte, convicto, coerente, consequente. Ele foi perseguido porque estava incomodando com suas ações, sua pregação seu ministério. Opôs-se aos desmandos do rei, às atrocidades que a sua corte patrocinava e à sua escandalosa situação de vida marital com a cunhada. João Batista mostrou-se forte, resistente, combativo. Um profeta à altura desse nome. Denunciou, reclamou, pediu conversão. E não voltou atrás, não desconversou, mesmo diante da morte.
É verdade que o poder de Herodes e das elites que o sustentavam estavam praticando violência contra o Reino dos Céus.  Mas, o Reino dos Céus não foi conquistado pela violência de Herodes. Entende? Ele cortou a cabeça do profeta, mas não o calou. O Batista não perdeu, o Batista ganhou. O profeta João Batista é quem conquistou o Reino dos Céus com sua firmeza, com sua resistência. À violência e à perseguição, João respondeu com destemor e fidelidade. Cheio da força de Deus, ele foi forte. Assim, ele conquistou o Reino dos Céus.
Vamos guardar a mensagem de hoje
O poder pode se opor ao Reino de Deus, com violência. Mas, só os fortes o conquistam. Como João Batista, têm se comportado os mártires em todos os séculos de cristianismo. Luzia perdeu os olhos, mas não renegou Jesus. Mateus Moreira, mártir do Rio Grande do Norte, teve o coração arrancado pelo soldado, mas morreu gritando de todo coração. “Louvado seja o Santíssimo Sacramento!”. Como eles, comportam-se os cristãos nas horas difíceis de sofrimento e perseguição; e vencem com a força de Deus, sendo fortes e resistentes. Renunciam a si mesmos, como recomendou Jesus, mas não abrem mão da verdade, da justiça, do amor fiel do seu Deus. Neste sentido, são violentos, ou melhor, fortes, muito mais fortes que os seus agressores ou as adversidades e contrariedades da vida.
Desde o dia de João Batista até aqui, o Reino dos Céus sofre violência e são os violentos que o conquistam (Mt 11,12)

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