PADRE JOÃO CARLOS - MEDITAÇÃO DA PALAVRA

TEM UM NICODEMOS NO SEU CAMINHO


Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).
30 de abril de 2019.
Nesta terça-feira, Nicodemos ainda está em cena, conversando com Jesus. Nicodemos representa o povo de Israel, na dificuldade que teve de entender e acolher Jesus. Nos anos que se seguiram à ressurreição de Jesus, as comunidades cristãs foram se organizando e se espalhando por toda parte. As comunidades guardavam a memória de Jesus e viviam e difundiam o seu evangelho, com grande fervor. Nas comunidades, além de judeus, começaram a ser acolhidos também os pagãos. E como viviam junto ou dentro das comunidades judaicas, o conflito foi crescendo entre as comunidades cristãs e as sinagogas. Nesse diálogo entre Jesus e Nicodemos, está muito dos debates entre os cristãos e os judeus desse período.
Nicodemos é um mestre da Lei, um fariseu, membro do grande conselho de Jerusalém. E Jesus está lhe dizendo que ele precisa nascer de novo, nascer do alto. ‘Que história é essa – pensa Nicodemos – o Messias que nós estamos esperando vem restaurar Israel, levar nosso povo à vitória contra nossos inimigos, vem elevar nossa nação. E esse Jesus, em vez de anunciar a restauração de Israel, está falando do homem novo, de uma nova humanidade; não de um novo Israel, mas de um novo homem’.
Isso mesmo. Jesus está dizendo que, para entrar no Reino de Deus, é preciso nascer de novo, nascer do alto. Ele está explicando que o que dá acesso ao Reino não é o título de membro do povo de Deus ou a prática da Lei de Moisés, mas ser renovado por obra de Deus. O novo nascimento é obra de Deus, pelo seu Espírito Santo.
A essa altura, podemos nos perguntar: Por que Nicodemos não se tornou abertamente um discípulo de Jesus, depois dessa conversa tão esclarecedora?
Nicodemos, ao que parece, permaneceu apenas um admirador de Jesus. Para tornar-se discípulo, precisava abandonar a segurança que ele encontrava na Lei de Moisés. Para ele, o reino de Deus se ganhava pelo cumprimento fiel do que a Lei mandava. E Jesus explicava que o Reino não é um prêmio aos mais comportados, mas um dom de Deus a quem ele ama. Na verdade, a todos que o amam, reconhecendo nele o enviado do Pai.
Nicodemos, ao que parece, não se tornou abertamente um seguidor de Jesus porque aderir a Jesus significava aderir ao seu evangelho, à sua pregação, aos seus ensinamentos. E Jesus abertamente amava e defendia os mais fracos, os mais sofridos, os discriminados. Isso implicaria ele ter um modo de viver e agir como Jesus, sem a busca de privilégios pessoais e na defesa dos injustiçados e oprimidos. Isso seria uma mudança muito grande para uma pessoa como ele, da elite social e religiosa do seu povo. Certamente, isso pegaria muito mal no Sinédrio. Ele seria mal visto, criticado e, quem sabe, até expulso do grande conselho. Ele não quis correr esse risco.
Guardando a mensagem
Nicodemos, mesmo reconhecendo que Jesus era um homem de Deus, parece que não conseguiu dar o grande passo da conversão. Permaneceu na sua condição de segurança como Mestre da Lei, não percebendo que a novidade estava em Jesus que, por sua morte e ressurreição, comunicava o perdão, a vida de Deus, o Santo Espírito. Pelo Espírito comunicado pelo ressuscitado, renascemos para uma nova vida, a vida da graça e da comunhão com Deus e com os irmãos. O novo ser humano, nascido do Espírito Santo, como o vento, é livre. Não está mais amarrado à letra da Lei, mas se move com liberdade nas suas novas opções.
Se vocês não acreditam, quando lhes falo das coisas da terra, como acreditarão se lhes falar das coisas do céu? (Jo 3, 12).
Rezando a palavra


Senhor Jesus,
O novo nascimento de que falavas, na conversa com Nicodemos, é o batismo. O batismo, o recebem os que creem em ti e aderem à tua pessoa e ao teu evangelho. No batismo, celebramos o derramamento do teu Espírito sobre nós, nos lavando dos pecados e nos comunicando a graça de sermos filhos de Deus. Dá-nos, Senhor, a graça de viver santamente a nossa nova condição de filhos e irmãos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vivendo a palavra
Será que, em você, há alguma coisa de Nicodemos? Em seu momento de oração de hoje, peça a Jesus a graça da conversão; conversão que é adesão fervorosa a Jesus e ao seu estilo de vida.

Pe. João Carlos Ribeiro – 30.04.2019

É PRECISO NASCER DE NOVO, NASCER DO ALTO

Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)
29 de abril de 2019.
Você se lembra de Nicodemos! Foi aquele fariseu, mestre da lei, membro do Sinédrio de Jerusalém, que foi falar com Jesus, de maneira sigilosa, à noite. Ele tinha uma simpatia por Jesus. Mas, como membro do Sinédrio, o grande conselho da capital, tinha medo da reação dos seus colegas e com certeza medo de perder sua posição. Quando Jesus foi preso, ele protestou contra a decisão já tomada, sem ao menos o acusado ter sido ouvido. Quando Jesus morreu na cruz, ele ajudou José de Arimateia a cuidar do seu enterro. Nicodemos é o tipo da pessoa importante, que por causa das conveniências do poder, tem dificuldade em assumir publicamente sua adesão a Jesus e ao seu Evangelho.
As lideranças também precisam ser evangelizadas, claro. É o que Jesus fez com Nicodemos. Jesus lhe disse que ele precisava nascer de novo. Ele era um mestre da lei, com assento no grande conselho de Jerusalém. Isso não lhe fazia cidadão do Reino. Só renunciando a si mesmo, se pode seguir Jesus. Só se fazendo pequeno é que se entra no Reino de Deus. Ele precisava nascer de novo. Passar por uma conversão. Renovar-se pelo batismo. Nascer de Deus.
Jesus disse a Nicodemos que ele tinha que nascer de novo. Essa expressão pode ser traduzida também por nascer do alto. Nicodemos quis tomar a palavra de Jesus ao pé da letra, dizendo que não cabia mais no ventre de sua mãe. Não se trata disso. Alguém pode pensar em reencarnação, também não se trata disso. Trata-se de ser renovado pela graça da redenção alcançada na cruz e celebrada no batismo. O batismo é o novo nascimento. Nele, nascemos de Deus, sendo lavados dos nossos pecados pela ação santificadora do Espírito Santo.  Jesus explicou a Nicodemos: “Quem nasce da carne é carne. Quem nasce do Espírito é espírito”. Nascer na carne é a nossa vida biológica, nossa condição natural. Nascer do Espírito é ser renovado pela graça de Deus. O novo nascimento é o batismo. Foi o que Jesus explicou a Nicodemos: “Quem não nascer da água e do Espírito, não poderá entrar no Reino de Deus”.
Como Nicodemos era profundo conhecedor das Escrituras, Jesus lembrou-lhe o episódio da serpente de bronze, no deserto. Ele, como mestre da Lei, poderia perceber facilmente que Jesus foi enviado pelo Pai para salvar o seu povo. No tempo passado, o povo estava atravessando o deserto, depois da saída da escravidão do Egito. O povo começou a se cansar e se revoltar contra Deus, reclamando do calor do deserto, da comida repetida que era o maná, do cansaço da caminhada. Deu uma peste de serpentes venenosas. Começou a morrer muita gente por causa de sua má vontade, do clima de murmuração e de revolta contra Deus. A haste com uma serpente de bronze foi um sinal. Deus mandou Moisés fazer essa representação. Quem fosse picado pelas serpentes, olhando para aquele sinal era salvo da morte.
Esse símbolo, no Antigo Testamento, preparou o sinal de Jesus na cruz. A verdadeira salvação, a verdadeira cura, a libertação do pecado é Jesus em sua cruz. Fomos salvos por sua vida oferecida naquela haste da cruz. Como o povo antigo no deserto olhando para a haste com a serpente de bronze se curava, assim também nós pecadores temos um sinal de salvação, a cruz de Cristo, isto é a morte redentora de Jesus. Crendo em Jesus que morreu e ressuscitou por nós, encontramos a vida eterna.
Guardando a mensagem
Nicodemos é o representante das pessoas importantes, chamadas também à conversão. Ele, que tinha tanto conhecimento das Escrituras, poderia facilmente entender o que Jesus estava explicando. Deus o mandou para salvar o mundo. O povo está, como aquela gente do tempo do deserto, morrendo por causa dos seus pecados. E como no deserto, agora Deus também está nos dando um sinal de salvação. Crendo em Jesus crucificado e ressuscitado, o pecador encontra a salvação.
Você deve nascer de novo (Jo 3, 7)
Vamos rezar a Palavra
Senhor Jesus,
Vemos em Nicodemos, que para acolher o Reino de Deus, é preciso se desapegar de sua grandeza, de seu poder, de seus grandes conhecimentos. O filho de Deus nasce do alto, do Espírito Santo. A cruz, que é a grande humilhação que te impusemos, Jesus, longe de ser um sinal do teu fracasso, é o sinal de tua vitória e da salvação para todos os que aceitam o teu caminho. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.  
Vivendo a palavra
A cruz nos lembra o sacrifício redentor de Cristo, pelo qual fomos salvos. Você sabe rezar o sinal da cruz? Se não sabe, peça a ajuda de alguém com mais experiência. Faça, hoje, mais de uma vez o sinal da cruz.
Pelo sinal + da santa cruz + livrai-nos Deus + nosso Senhor + dos nossos + inimigos +  Em nome do Pai + e do Filho + e do Espírito Santo. Amém.

Pe. João Carlos Ribeiro – 29.04.2019

A COMUNIDADE DA MISERICÓRDIA


Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja com vocês” (Jo 20, 19)

28 de abril de 2019.

“A paz esteja com vocês!” – foi a saudação de Jesus ao se reencontrar com os discípulos no dia de sua ressurreição.  Já era a noitinha daquele domingo, o primeiro dia da semana. Ele encontrou os discípulos na mesma casa em que celebraram a última ceia, na quinta-feira anterior. Estavam trancados na sala grande, assustados, com medo. Jesus se apresentou no meio deles, nem precisou entrar pela porta. E foi logo mostrando os sinais de sua crucificação: o lugar dos cravos nas mãos e o lado perfurado pela lança do soldado. Foi uma alegria só. Todos ficaram muito felizes. Aí, Jesus falou de novo: “A paz esteja com vocês!”. E comunicou que, como o Pai o tinha enviado, assim agora ele os enviava. E soprou sobre eles, comunicando-lhes o Espírito Santo, e lhes dando a tarefa de perdoar os irmãos: “A quem vocês perdoarem, os seus pecados serão perdoados”.

Tomé, um dos doze apóstolos, não estava nesse encontro do domingo da ressurreição. E não acreditou no testemunho da comunidade de que Jesus estivera na reunião com eles. Disse que só acreditaria se conferisse pessoalmente as suas chagas. No domingo seguinte, o segundo domingo da páscoa, como o de hoje, na mesma hora, estavam todos na sala de reunião e Jesus chegou. Ele fez a mesma saudação: “A paz esteja com vocês!”.  Aí, chamou logo Tomé pra conferir o lugar dos cravos e o lado aberto. Tomé ajoelhou-se aos pés do Senhor, cheio de fé: “Meu Senhor e meu Deus!”.

Você percebeu que a saudação de Jesus ressuscitado se repetiu, na passagem de hoje, por três vezes. “A paz esteja com vocês!”. Essa palavra tem a ver com a saudação com que os membros do povo de Deus se cumprimentavam:  “Shalom!”. Ao saudar com o Shalom, a pessoa estava desejando tudo de bom da parte de Deus para a outra pessoa: saúde, harmonia, felicidade. Shalom ou Paz é como um conjunto de coisas boas  que a pessoa está desejando ou comunicando a outrem. Mas, essa saudação dita por Jesus ressuscitado tem um sabor muito especial, não acha? Ele passou por uma grande tribulação e saiu vencedor. Venceu todo o mal que se abateu sobre ele. E agora está trazendo para a sua comunidade tudo o que conseguiu de bom. E o que será que Jesus está comunicando com esse seu Shalom!?

Em primeiro lugar, Jesus está trazendo e comunicando o perdão de Deus, que ele alcançou por sua morte e ressurreição. Os pecadores foram reconciliados, no seu sacrifício. Voltando da morte, ele é o portador da paz, da reconciliação. Agora, os que crerem nele estão em paz com Deus e em paz uns com os outros. Em segundo lugar, Jesus está trazendo e comunicando o Espírito Santo. Foi o Espírito que o ungiu para a missão de Messias e Salvador, o Espírito que renova a face da terra, como rezavam na oração dos salmos. Lá, na primeira semana da criação, no começo da humanidade, Deus soprou no homem e este recebeu a vida. Agora, na primeira semana da nova criação, Jesus ressuscitado soprou sobre os discípulos para eles receberem a vida nova em Deus. “Recebam o Espírito Santo”. Em terceiro lugar, Jesus está comunicando a sua missão. “Como o Pai me enviou, assim também eu envio vocês”.  É o Espírito Santo quem vai conduzi-los a partir de agora, animando-os para continuarem a sua missão. O perdão que Jesus alcançou, os discípulos vão espalhar, conferindo o perdão aos seus irmãos, comunicando-lhes a paz.

Guardando a mensagem

Que coisa bonita: ali está a comunidade dos seguidores de Jesus. Não precisam mais viver acuados, trancados, temerosos. Jesus está com eles, está no meio deles, ressuscitado, vitorioso.  Ressuscitado, ele lhes comunica o perdão para viverem em paz com Deus e com todos; comunica-lhes o seu Espírito, para viverem a vida nova dos reconciliados; comunica-lhes a sua missão. Em seu nome, vão anunciar a todos o perdão dos pecados, a vida nova de comunhão com Deus  e com os irmãos, a paz. Animados pelo Santo Espírito, darão continuidade à missão de Jesus. A comunidade é o lugar onde Jesus ressuscitado comunica o perdão e a paz. Por meio da comunidade cristã, da Igreja, o Senhor ressuscitado continua agindo, ensinando, perdoando, libertando, salvando.

Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: “A paz esteja com vocês” (Jo 20, 19)

Rezando a palavra

Senhor Jesus Misericordioso,

Sempre que nos reunimos no domingo, como comunidade cristã, como teus discípulos, fazemos memória de tua morte e de tua ressurreição. Em cada domingo, sentimos tua presença de ressuscitado a nos abençoar e a nos enviar em missão. Unidos a ti, somos a comunidade dos reconciliados e reconciliadores. Na celebração de cada domingo, tu nos comunicas vida e esperança pela amizade dos irmãos e irmãs reunidos, pelas orientações de tua palavra e pelo alimento do pão eucarístico. Do teu coração misericordioso, continuam a jorrar sangue e água, em favor de toda a humanidade: a água do batismo e o sangue do sacrifício eucarístico - água da vida nova de reconciliados e sangue redentor ao qual unimos nossas lutas e nossas dores. Foi o que revelaste a Santa Faustina: os raios brancos e vermelhos que partem do teu lado aberto: vida e salvação para todos. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.

Vivendo a palavra

Hoje, não fazer como São Tomé, faltando à celebração no dia da ressurreição e fazendo pouco caso do testemunho de sua comunidade. Hoje, fazer como São Tomé, caindo aos pés do Senhor e manifestando seu amor e sua gratidão: “Meu Senhor e meu Deus!”.

Pe. João Carlos Ribeiro – 28.04.2019

AGORA, É COM A GENTE!


Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)

27 de abril de 2019.
O evangelho de Marcos, que é um pouco menor do que os outros, termina propriamente com a narrativa do túmulo vazio, no capítulo 16. Mas, depois, numa espécie de acréscimo, faz um resumo das aparições de Jesus. É esse o texto de hoje.
Jesus apareceu primeiro a Madalena e ela contou tudo aos discípulos. Mas eles não quiseram acreditar. Apareceu depois a dois deles enquanto estavam indo para o campo, um episódio parecido com o dos discípulos de Emaús ou talvez o mesmo. Eles também narraram tudo ao grupo. Mas, os discípulos também não acreditaram. Por fim, Jesus apareceu a todos eles, os onze, numa refeição. E os repreendeu por sua falta de fé e pela dureza de coração. Ainda assim, os confirmou na missão de anunciar o Evangelho a todo mundo.
A primeira coisa a considerar é como foi difícil para os discípulos acreditarem, assimilarem a ressurreição de Jesus. Certamente, por preconceito, não deram crédito ao testemunho de Madalena e das outras mulheres. Além disso, Jesus parece que estava com outra aparência quando apareceu aos dois no caminho. É que a ressurreição não é a volta de um morto, é uma nova condição de vida. Jesus venceu a morte, com a sua humanidade está agora em Deus, na esfera divina. Seu corpo é um corpo glorioso.
A segunda coisa é admirar como Jesus entrega a missão a um grupo assim de gente incrédula, de coração tão duro. Ele confiou a missão de levar o evangelho até os confins da terra a esse grupo incompleto e descrente. Incompleto, porque já não são mais 12, são 11. O traidor tinha tirado a própria vida. E tão descrente, que o próprio Jesus os repreendeu por sua falta de fé.
E que evangelho é esse a ser levado aos quatro cantos? É a boa notícia que o Pai enviou o Filho e ele entregou-se em sacrifício por todos. A boa notícia é que, por sua ressurreição, as portas do Reino foram abertas para que os que nele crerem, nele encontrem a vida eterna.
Guardando a mensagem
Ao final dessa oitava da páscoa, nos examinemos. Será que ainda não há em nós uma pontinha de incredulidade?! Mesmo diante de tantos testemunhos, cremos vagamente na ressurreição... às vezes, não percebemos que Jesus realmente está vivo e é ele que nos fala, nos guia, nos alimenta. Fala-nos pelas Escrituras. Guia-nos pelos pastores da Igreja. Alimenta-nos com a santa Eucaristia.  É por meio dele, que rezamos e o Pai fala conosco. É em nome dele que nos reunimos em assembleia de louvor. E é ele mesmo, por meio dos seus ministros, que preside a Santa Missa. Ele mesmo que nos perdoa os pecados, no sacramento da Confissão. Jesus está vivo. Jesus está conosco.
Vão pelo mundo inteiro e anunciem o Evangelho a toda criatura! (Mc 16,15)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
A missão que entregaste aos onze, eles a receberam em nome de todos os teus seguidores, em nome de toda a Igreja. Por tua misericórdia, a tua missão é agora de todos nós. Cada um, cada uma que renasceu em ti, pelo batismo, agora é testemunha do amor misericordioso do Pai que te enviou para nossa salvação. Sabemos, Senhor, que só poderemos ser verdadeiros anunciadores deste evangelho, se essa verdade estiver bem presente em nosso coração: Tu, Senhor Jesus, estás vivo, tu estás conosco. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Quantos discípulos estavam na pesca abundante de ontem? Resposta: Sete. Sete é o número das nações pagãs quando os hebreus chegaram em Canaã. Quando Jesus multiplicou os pães em terras pagãs, sobraram sete cestos. Sete é o número do mundo pagão que precisa ser evangelizado. A pesca milagrosa trata da evangelização no mundo.
Amanhã, vamos celebrar o Domingo da Divina Misericórdia. Prepare o seu domingo com a leitura do evangelho de amanhã: João 20, 19-31. O tema da fé e da incredulidade está bem presente também neste texto.

Pe. João Carlos Ribeiro – 27 de abril de 2019

O SEGREDO DE UMA PESCARIA ABUNDANTE

Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21, 6)
26 de abril de 2019.
A cena acontece dias após a ressurreição de Jesus. Os discípulos vão pescar e não conseguem nada naquela noite. Já de manhã, Jesus na praia deu a orientação certa: lancem a rede à direita da barca e acharão. Quase não conseguiram puxar a rede de tanto peixe, cento e cinquenta e três grandes peixes.
Os discípulos elencados no texto eram, seguramente, pescadores experientes. Tinham sido chamados a ser pescadores de pessoas, no início da atividade missionária de Jesus. Trata-se, então, não apenas de uma simples pescaria de peixes, mas da atividade missionária da Igreja, o trabalho de pescar gente que os discípulos deviam realizar após sua convivência com Jesus; trabalho que se mostraria infrutífero, sem a presença e a direção de Jesus ressuscitado. Naquela experiência no lago, sem a orientação de Jesus, não conseguiram pescar nada.
É claro, além da referência à atividade missionária que se seguiria após a ressurreição de Jesus, o texto também nos ajuda a pensar em nossa relação com o ressuscitado em outras áreas de nossa vida. Sem a presença e a orientação de Jesus, nossa pescaria pode também ser infrutífera, mesmo que sejamos experientes pescadores. Entendeu? A pescaria pode ser o seu trabalho, a sua ocupação profissional, as responsabilidades que você tem na vida. Só a presença e a orientação de Jesus ressuscitado garantem o sucesso do nosso trabalho, o êxito de nossas lutas. Muita gente já experimentou isso, talvez você também já o tenha experimentado. Longe de Deus, nossa luta é infrutífera. Há um salmo na Bíblia que deixa isso bem clarinho: “Se o Senhor não constrói a casa, em vão trabalham os construtores”.
Os discípulos, com certeza, já tinham lançado a rede naquele mesmo lugar. Mas o fato de agir em obediência à vontade de Deus, à sua Palavra, é que fez a diferença. Eles deram a direção do seu empenho pastoral ao próprio Jesus. E como seria darmos a Deus a direção do nosso trabalho, de nossa família ou de nossa atividade apostólica? O evangelho já dá uma pista.
No texto de hoje, depois de uma noite de trabalho em vão, ao amanhecer, lá está ele na praia, de pé, perguntando se pescaram alguma coisa. O amanhecer é uma referência à ressurreição. Também o fato de ele estar de pé reforça a ideia da ressurreição. É nessa condição de ressuscitado, que ele nos indica a direção que devemos tomar, o que precisamos realmente fazer. Nós o vemos e o ouvimos particularmente pela oração, pela meditação da Palavra de Deus, pelos ensinamentos da sua Igreja. Precisamos, então, dar ouvidos às suas indicações, obedecer docilmente às suas orientações. Nisto, contamos com a ajuda do Santo Espírito. Ele nos ensina a ouvir e seguir Jesus.
Guardando a mensagem
A barca de Pedro é a Igreja. Os pescadores são os missionários. A pescaria é a atividade apostólica. Sem a presença do ressuscitado e sua orientação, o fracasso é certo. Isso vale também para nossa vida cristã. O trabalho sem Deus é estéril. Eles passaram a noite toda pescando e não conseguiram nada. Bastou Jesus ali na praia indicar: “lancem a rede à direita do barco e acharão”. Que bela orientação para o nosso trabalho: não deixar Jesus de fora. Trabalhar, pastorear, empreender, lutar, casar, formar-se, mas contando sempre com sua presença e em obediência à vontade de Deus. Aí não tem como dar errado.
Lancem a rede à direita da barca e acharão (Jo 21, 6)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Quando os discípulos chegaram à praia encontram o fogo já aceso, pão e peixe assado. E aquela refeição renovou as suas forças, depois de uma noite de trabalho sem fruto e de um alvorecer tão promissor com aquela pescaria abundante. Tu, Senhor Jesus, os alimentaste com pão e peixe. Tomaste o pão e o distribuíste com eles. Essa fração do pão é o sinal da Eucaristia. Fizeste o mesmo com o peixe. Na Eucaristia, nos sentamos à tua mesa e tu nos alimentas com a tua própria vida, vida entregue na cruz e transbordante na ressurreição. Na Eucaristia, tu nos fortaleces, nos renovas as forças. Obrigado, Senhor. Seja bendito o teu santo nome, hoje e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Só para estimular a leitura do texto de hoje (João 21, 1-14), eu tenho uma pergunta pra você: quantos discípulos estavam nessa pescaria?

Pe. João Carlos Ribeiro – 26.04.2019

AS SURPREENDENTES LIÇÕES DA RESSURREIÇÃO

Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)
25 de abril de 2019.
Não foi fácil para os discípulos assimilarem o fato histórico da ressurreição de Jesus. Nem de longe, estavam esperando que isso acontecesse. Mesmo que Jesus tenha falado disto com os doze, explicado várias vezes que ele seria vítima de uma morte dolorosa e ressuscitaria ao terceiro dia, não estava no horizonte deles tudo o que aconteceu. Consideremos também que a ressurreição de Jesus não foi como a de Lázaro, em que o morto ficou vivo de novo e continuou sua vida normal, morrendo no tempo certo. A ressurreição de Jesus foi algo completamente novo e diferente.
O fato de os discípulos estranharem tanto, por um lado, foi bom para alguém não acusar que a ressurreição tenha sido uma saída honrosa que eles arrumaram para o aparente fracasso do seu Mestre. No evangelho lido hoje, vemos Jesus tentando convencê-los de que é ele mesmo. E isso, é claro, está valendo pra nós. Nós também não temos ideia do que seja mesmo a ressurreição de Jesus e a nossa ressurreição com ele.
Quando a comunidade dos discípulos estava reunida, e os discípulos de Emaús estavam contando como eles tinham se encontrado com o Senhor Ressuscitado, ele mesmo apareceu no meio deles e lhes fez a saudação de paz. Eles ficaram assustados, com medo, cheios de dúvida, pensando que era um fantasma. Jesus mostrou-lhes as mãos e os pés. Neles, estavam os sinais da crucificação. “Vejam minhas mãos e meus pés. Eu não sou um fantasma. Toquem em mim. Um fantasma não tem carne, nem osso”. Mesmo assim, eles ainda continuavam duvidando. Então, Jesus pediu algo para comer. Deram-lhe um pedaço de peixe assado e ele comeu à vista de todos.
Essa é a primeira lição da ressurreição. Jesus não é um fantasma. Não é alguém que voltou do mundo dos mortos e está perambulando por aí. É ele mesmo, vivo, saudável, com um corpo glorioso, mas numa nova situação, situação difícil de se entender e de se explicar. E é bom a gente tentar captar alguma coisa porque essa é a nova condição que alcançaremos, se estivermos em comunhão com Cristo. Ele foi o primeiro, é o primogênito de muitos irmãos, como diz São Paulo.  Nós vamos atrás dele.
Jesus venceu definitivamente a morte. Não levantou-se da morte para continuar vivendo biologicamente a mesma vida. Foi elevado a um novo patamar de existência. É a vida plena em Deus. É a existência em Deus. Não é um espírito vagando por aí, como alguém poderia pensar. Ele tem um corpo. Seu corpo está marcado pelas chagas da crucificação, ele pode ser visto, ouvido, tocado e, nessa passagem, mostrou que também pode se alimentar. Tem um corpo, um corpo glorioso com que ele entrou na sala com as portas fechadas. Agora, sim, ele pode estar conosco até à consumação dos séculos, como nos prometeu. A primeira lição é essa: ele não é um fantasma, nem uma aparição de alguém que voltou do mundo dos mortos.
A segunda lição a ser assimilada está na explicação do próprio Jesus nessa cena. Tudo isso é cumprimento do que está escrito nos livros de Moisés, nos Profetas e nos Salmos, isto é, nas Escrituras Sagradas. Sua morte e sua ressurreição são a realização das promessas de Deus, como se pode ler nas Escrituras. O que Deus prometeu? Vida plena, a vitória completa do seu servo. Seu servo não conheceria a corrupção da carne, como diz o salmo 16.
A terceira lição a ser assimilada por nós, como o foi para a primeira geração dos discípulos, é que a força da ressurreição nos faz testemunhas e anunciadores de sua obra. A conversão e o perdão dos pecados serão anunciados a todos os povos, em seu nome, por nós.
Guardando a mensagem
Falamos de ressurreição, mas não entendemos ainda bem o que seja. Ela já aconteceu em Jesus. É uma mudança radical no nosso ser biológico e espiritual.  Pela ressurreição, entraremos na esfera divina, ultrapassando os limites de espaço e tempo. A nossa alma já foi criada imortal, mas faltava essa plenificação em Deus. Pela ressurreição, teremos também um corpo transformado.  Jesus é o primogênito da grande família dos filhos de Deus que vai à nossa frente. Ele não é um fantasma, uma aparição. Ele levou para a esfera de Deus a nossa própria humanidade. Essa novidade que irrompeu na história pela ressurreição ao terceiro dia era já uma promessa na história e nos livros santos do povo de Deus. Nós agora somos testemunhas de tudo isso, levando ao mundo o anúncio da salvação em Cristo, pelo perdão dos pecados que ele alcançou por sua morte e ressurreição.
Vejam minhas mãos e meus pés: sou eu mesmo! (Lc 24, 39)
Rezando a palavra
Rezemos com as palavras do Salmo 8:
— Ó Senhor, nosso Deus, como é grande vosso nome por todo o universo! Perguntamos: “Senhor, que é o homem para dele assim vos lembrardes e o tratardes com tanto carinho?”
— Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor; vós lhe destes poder sobre tudo, vossas obras aos pés lhe pusestes.
—Glória ao Pai e ao Filho e ao Espírito Santo, como era no princípio, agora e sempre. Amém.
Vivendo a palavra
Não deixe de ler o evangelho de hoje em sua Bíblia: Lucas 24,35-48.

Pe. João Carlos Ribeiro – 25.04.2019

ENCONTREI JESUS NO CAMINHO


Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando (Lc 24, 29)

24 de abril de 2019.
Um texto maravilhoso, que eu não me canso de ouvir, ler e explicar. Lucas 24. Os discípulos de Emaús. Numa canção que fiz e vocês conhecem, coloquei no refrão esse convite insistente dos dois discípulos: “Fica conosco, Senhor, é tarde, a noite já vem. Fica conosco, Senhor, somos teus seguidores também”.
Bem no domingo da ressurreição, dois discípulos voltam para casa, desanimados, entristecidos. Tinham todas as informações do que havia acontecido com Jesus na sua paixão e morte em Jerusalém e conheciam inclusive os rumores de sua ressurreição. Mas, estavam como que cegos, sofrendo pela ausência física de Jesus. A ressurreição não era uma nova luz na sua caminhada.

A história dos discípulos de Emaús é uma linda catequese sobre a ressurreição; uma catequese dirigida aos seguidores de Jesus, nas comunidades. O texto tem claramente cinco partes. Poderíamos dar um título a cada parte: Caminho, Palavra, Caridade, Ceia Eucarística, Missão. Em cada parte, faz-se uma catequese sobre a Ressurreição do Senhor.
Na primeira parte, dois discípulos estão voltando de Jerusalém a Emaús, tristes e desanimados. Conversam e discutem entre si. Entra na conversa deles, um peregrino, que se mostra interessado no que está acontecendo. Pergunta o que aconteceu e escuta o relato deles: o profeta Jesus que eles seguiam morreu e não ressuscitou, apesar dos boatos. A catequese aqui é esta: O Senhor ressuscitado caminha conosco, interessado em nossos dramas, em nossos problemas. Ele é nosso companheiro de viagem. No caminho de sua existência humana, você tem um encontro com Jesus ressuscitado.
Na segunda parte, o peregrino é quem fala, ele relembra as Escrituras, mostrando como na vida do Galileu cumpriram-se as promessas e as profecias. A catequese aqui é esta: O Senhor ressuscitado ilumina o nosso caminho, a nossa vida, com a Palavra Deus. Na Palavra de Deus, você tem um encontro com Jesus ressuscitado.
Na terceira parte, o peregrino faz que vai passar adiante e eles insistem e o acolhem em casa. Acolher significa providenciar água, comida e dormida para aquele companheiro de viagem. Acolher o peregrino é um gesto de amor ao irmão que, no evangelho, consta na lista dos serviços ao próprio Jesus. A catequese aqui é esta: O Senhor ressuscitado tem um encontro marcado conosco no necessitado. Na caridade, você tem um encontro com Jesus ressuscitado.
Na quarta parte, eles põem a mesa e ceiam com o peregrino. Ele toma o pão, dá graças, parte o pão e o distribui. Ao partir do pão, gesto próprio da Ceia Pascal, eles se dão conta que o peregrino é o próprio Jesus ressuscitado. Ele desaparece. Claro, se acreditamos na ressurreição, não precisamos ver Jesus. A catequese aqui é esta: O Senhor ressuscitado continua oferecendo sua vida em nosso favor, no memorial de sua paixão, na santa Ceia. Na Eucaristia, você tem um encontro com Jesus ressuscitado.
Na quinta parte, eles voltam a Jerusalém, àquela hora da noite mesmo e se reintegram à comunidade dos discípulos, de onde tinham se destacado. Lá eles recebem o testemunho dos apóstolos de que Jesus ressuscitou. Lá, eles contam a história do seu encontro com Jesus na sua volta para Emaús. A catequese aqui é esta: O Senhor ressuscitado nos faz testemunhas de sua ressurreição. Na Missão, você tem um encontro com Jesus ressuscitado.
Guardando a mensagem

Sem a experiência do encontro com Jesus ressuscitado, nossa vida fica opaca, sem transcendência, sem horizontes. Sem integrar a ressurreição na sua vida ou na sua religião, tudo vira tristeza e desencanto. Mas, você pode encontrar o Senhor ressuscitado, ou melhor ele vem ao seu encontro, no seu caminho existencial, na audição da Palavra de Deus, no serviço da caridade aos sofredores, na Santa Eucaristia e no seu Testemunho missionário.

Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando (Lc 24, 29)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
Nossa prece hoje é a dos discípulos de Emaús: “Fica conosco, Senhor. É tarde, a noite já vem!”. Sem tua presença de ressuscitado em nosso caminho, caminhamos para a noite, para o sem sentido, para o fracasso. Se estiveres conosco, o nosso caminho se ilumina, a Palavra santa que ouvimos enche-se de sentido, o serviço aos pobres enche o nosso coração de alegria. Pela tua ressurreição, por tua presença ao nosso lado, a celebração da Santa Missa é verdadeira comunhão com o teu sacrifício redentor e a Missão sai reforçada pelo nosso testemunho.
Fica conosco, Senhor!
Amém.
Vivendo a palavra
Faça hoje um momento de oração pessoal em favor das pessoas que ainda não encontraram o Senhor Ressuscitado.

Pe. João Carlos Ribeiro – 24.04.2018

OS SETE PASSOS DE UMA COMUNIDADE CHAMADA MADALENA

Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” (Jo 20, 18)
23 de abril de 2019.
Madalena não é só uma personagem da história de Jesus. Ela, com certeza, é uma representante da primeira comunidade cristã. Nesse texto, ela pode estar representando a própria comunidade dos seguidores de Jesus, nos seus inícios. Quem é Madalena? Uma discípula. Uma pessoa resgatada por Jesus. Marcos e Lucas relatam que Jesus a libertou de sete demônios. Lucas relata que um grupo de mulheres andava com Jesus, várias delas libertadas de enfermidades ou de espíritos maus. Afinal, o que era a comunidade cristã, senão um grupo de pessoas resgatadas por Jesus da doença, da opressão da Lei, da exclusão social, do pecado? É isso que é a Igreja, o povo redimido, lavado do pecado no Batismo. Um povo de pecadores restaurados na graça de Deus, uma comunidade chamada Madalena.
A cena mostra sete passos da caminhada que a comunidade fez até descobrir que Jesus havia ressuscitado e anunciá-lo abertamente. Madalena representa a comunidade. Olha os passos... 1º. Ela vai ao túmulo, ainda escuro. 2º. Ela vê que a pedra foi retirada do túmulo. 3º. Ela sai correndo para avisar que tiraram o corpo de Jesus. 4º. Ela vê dois anjos vestidos de branco sentados no lugar do corpo. 5º. Ela vê Jesus de pé, achando que ele era o jardineiro. 6º. Ela reconhece Jesus ao ouvi-lo chamar seu nome. 7º. Ela vai anunciar aos discípulos: Eu vi o Senhor. Sete passos de Madalena, sete passos da comunidade cristã na descoberta de Jesus ressuscitado.
Veja que, no começo, tudo está meio em trevas. São os primeiros passos. Foi ao túmulo, quando ainda estava escuro, diz o texto.  Esse é começo de nossa caminhada de fé, não é verdade? Muita gente hoje só vê a morte de Jesus. Não é à toa que a sexta-feira da paixão reúne mais gente que o sábado de aleluia. Nesse texto, as palavras ‘túmulo’ e ‘choro’ se repetem várias vezes. O começo é ainda a escuridão da noite da dor, do sofrimento. A primeira descoberta é que o túmulo está aberto. Um pouco mais adiante, percebe que o túmulo está vazio. É o segundo passo. Pressente alguma coisa, mas sem entender a sua profundidade. No terceiro passo, ela vai, aflita, comunicar aos discípulos que roubaram o corpo de Jesus. Ainda não tem a visão da fé. Depois, no quarto passo, vem o encontro com a tradição da fé que pode iluminar a compreensão da comunidade. Qual é, no fundo, o drama? Pelo pecado, fomos expulsos do paraíso. Conta o livro do Gênesis, que ficaram dois anjos na porta do Éden para não deixar ninguém entrar. Mas, Jesus veio para reabrir as portas do paraíso, da graça de Deus.  Com ele, chegou o Reino de Deus. Os dois anjos estão ali, perguntando se ainda há razões para chorar. Da escuridão para a luz ... é este o caminho de Madalena, o caminho da comunidade. Bom, até aqui foram quatro passos.
Prosseguindo um pouco mais -  é o quinto passo - ela encontra Jesus. Ela o encontra, mas pensa que é o jardineiro e quer saber onde ele colocou o morto. Está perto de Jesus, mas não o encontrou de verdade. Olha que tem muita gente nesse ponto! Mas, olha o sexto passo: ela voltou-se ao ouvir o seu nome, pronunciado por Jesus. É aqui que o laço se desata: em sentir-se conhecida e amada por Jesus. Aí o coração finalmente encontra o Mestre. E é aí que o discípulo se torna missionário. ‘Vai dizer aos meus irmãos que eu vou subir para o meu Pai e vosso Pai’... disse Jesus, é a missão. E o sétimo passo é esse mesmo: anunciar aos outros “Eu vi o Senhor!”
Guardando a mensagem
Madalena é uma discípula de Jesus. É uma mulher resgatada pelo amor de Cristo, como nós que fomos restaurados como novas criaturas, no batismo. Podemos pensar que, nesse texto, ela esteja representando a comunidade cristã, a de ontem e as de hoje. Podemos ver neste evangelho, os sete passos ou melhor o caminho da comunidade que aos poucos vai assimilando a obra redentora de Jesus, realizada por sua morte e ressurreição. Da escuridão inicial (a não compreensão, a falta de fé), cada discípulo vai progredindo passo a passo, passando pela luz da Palavra de Deus, até chegar a um encontro pessoal com o Senhor e se tornar seu missionário, anunciador de sua vitória sobre o mundo.
Então Maria Madalena foi anunciar aos discípulos: “Eu vi o Senhor!” (Jo 20, 18)
Rezando a palavra
Senhor Jesus,
No evangelho de hoje, contemplamos, em Madalena, a caminhada que cada um de nós vai fazendo para te encontrar e te anunciar aos irmãos. No começo, ela viu que a pedra foi retirada do túmulo. Foi uma primeira descoberta. Depois, ela viu que o túmulo estava vazio. Foi aí que ela viu os anjos de branco, a Palavra de Deus ajudando a enxergar melhor e ver que as portas do paraíso foram reabertas. Finalmente, tendo te encontrado, ela pode ser tua testemunha: Eu vi o Senhor! Ajuda-nos, Jesus, a não ficar marcando o passo, mas progredir no conhecimento da verdade, para que ela nos ilumine e com ela possamos iluminar os outros. Tu és o caminho, a verdade, a vida. Amém.
Vivendo a palavra
No seu caderno espiritual, anote os sete passos de Madalena. Eles são os sete passos do seu próprio crescimento em Cristo.

Pe. João Carlos Ribeiro – 23.04.2019

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